Hidrologia Urbana Precipitação RODRIGO F. JUNQUEIRA FEITEP Precipitação Definição: água da atmosfera depositada na superfície terrestre. Formas: chuvas; granizo; neve; orvalho; neblina; geada. Variabilidade temporal e espacial. Precipitação Mecanismo de formação: massa de ar úmido se eleva, a temperatura diminui, mais vapor se condensa, gotas crescem e se precipitam. Do ponto de vista do hidrólogo a chuva tem três mecanismos fundamentais de formação: • chuva frontais ou ciclônicas; • chuvas orográficas; • chuvas convectivas térmicas. Precipitação Precipitação OROGRÁFICA Precipitação CONVECTIVA Precipitação FRONTAL Medição de chuva • Benedetto Castelli, século XVII • Quanto deve aumentar o nível da água de um lago com a chuva? Medição de chuva Pluviômetros: Pluviômetro Fonte : Sabesp Pluviômetro Precipitação: Medida com : • Pluviômetros – leitura diária às 7 horas; • Pluviógrafos. Estação Pluviográfica Estação Pluviográfica Estação Pluviográfica com Telemetria Fonte : Sabesp Pluviógrafo Pluviógrafo Fonte : Sabesp Precipitação: Precipitação: Radar Meteorológico Estimativa por Satélite • Estimativas baseadas em temperatura de brilho do topo de nuvem (Lei de Planck): 2h c2 1 B(T) 5 hc / kT e 1 • Quanto mais quente a nuvem “parece”, mais água ela contém. Testes Preliminares 90 Precipitação diária (mm) 80 Chuva média interpolada dos postos 70 Chuva média do TRMM 60 50 40 30 20 10 0 1/1/1998 2/3/1998 1/5/1998 30/6/1998 29/8/1998 28/10/1998 27/12/1998 Testes Preliminares 50 Chuva média interpolada dos postos 45 Precipitação diária (mm) 35 Diferença nas magnitudes Chuva média do TRMM 40 Satélite “atrasa” 30 25 Satélite “adianta” 20 15 10 Estiagem bem representada 5 0 4/6/1998 4/7/1998 3/8/1998 2/9/1998 2/10/1998 1/11/1998 Resumo medição de chuvas • Pluviômetros • Pluviógrafos • Radar • Satélite Grandezas características da precipitação • Altura ou lâmina de chuva – medida normalmente em milímetros • 1 mm de chuva = 1 litro de água distribuído em 1 m2 • Intensidade da chuva é a razão entre a altura precipitada e o tempo de duração da chuva [mm h-1]. • Grandezas: – Duração – Intensidade – Freqüência Exemplo de Registro de Chuva Tempo Chuva 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 0 0 0 3 0 4 8 12 5 9 7 7 5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Duração da Chuva • Tempo transcorrido entre o início e o fim do evento chuvoso. Duração da Chuva • Tempo transcorrido entre o início e o fim do evento chuvoso. Início 03:00 Fim: 13:00 Duração = 10 horas Chuva Acumulada Tempo Chuva 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 0 0 0 3 0 4 8 12 5 9 7 7 5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Chuva Acumulada 0 0 0 3 3 7 15 27 32 41 48 55 60 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 Intensidade média • Total precipitado = 61 mm • Duração da chuva = 10 horas • Intensidade média = 6,1 mm/hora • Intensidade máxima = 12 mm/hora entre 6 e 7 horas • Intensidade média do dia = 61/24 = 2,5 mm/hora Freqüência • Chuvas fracas são mais freqüentes • Chuvas intensas são mais raras • Por exemplo: − Todos os anos ocorrem alguns eventos de 10 mm em 1 dia em Porto Alegre. − Chuvas de 180 mm em 1 dia ocorrem uma vez a cada 10 ou 20 anos, em média. Série de dados de chuva de um posto pluviométrico na Região Sul Bloco Freqüência P = zero P < 10 mm 10 < P < 20 mm 20 < P < 30 mm 30 < P < 40 mm 40 < P < 50 mm 50 < P < 60 mm 60 < P < 70 mm 70 < P < 80 mm 80 < P < 90 mm 90 < P < 100 mm 100 < P < 110 mm 110 < P < 120 mm 120 < P < 130 mm 130 < P < 140 mm 140 < P < 150 mm 150 < P < 160 mm 160 < P < 170 mm 170 < P < 180 mm 180 < P < 190 mm 190 < P < 200 mm P < 200 mm 5597 1464 459 289 177 111 66 38 28 20 8 7 2 5 2 1 1 1 2 1 0 0 Total 8279 Freqüência Chuva média anual Chuvas anuais • Distribuição das chuvas se aproxima de uma distribuição normal (exceto em regiões áridas). • Distribuição normal tabelada para Z = (x-)/ • Conhecendo a média e o desvio padrão das chuvas anuais é possível associar uma chuva a uma probabilidade. Chuvas anuais em Blumenau - SC Ano Chuva (mm) 1945 1352 1946 1829 1947 1516 1948 1493 1949 1301 1950 1403 1951 1230 1952 1322 1953 1290 1954 1652 1955 1290 1956 1266 1957 1941 1958 1844 Chuva média mensal Em Porto Alegre de 1961 a 1990 Chuvas médias mensais Belém Cuiabá Porto Alegre Florianópolis Chuvas médias mensais Porto Alegre Cuiabá Chuvas intensas • As chuvas intensas são as causas das cheias e as cheias são causas de grandes prejuízos quando os rios transbordam e inundam casas, ruas, estradas, escolas, podendo destruir plantações, edifícios, pontes etc. e interrompendo o tráfego. • As cheias também podem trazer sérios prejuízos à saúde pública ao disseminar doenças de veiculação hídrica. Chuvas intensas • Por estes motivos existe o interesse pelo conhecimento detalhado de chuvas máximas no projeto de estruturas hidráulicas como bueiros, pontes, canais e vertedores. • O problema da análise de freqüência de chuvas máximas é calcular a precipitação P que atinge uma área A em uma duração D com uma dada probabilidade de ocorrência em um ano qualquer. A forma de relacionar quase todas estas variáveis é a curva de Intensidade – Duração – Freqüência (curva IDF). Chuvas intensas • Obtida por análise estatística de séries longas de dados de um pluviógrafo (mais de 15 anos, pelo menos). • Seleção das maiores chuvas de uma duração escolhida (por exemplo 15 minutos) em cada ano da série de dados. • Ajuste de uma distribuição de freqüências que melhor represente a distribuição dos valores observados. • Procedimento repetido para diferentes durações de chuva (5 minutos; 10 minutos; 1 hora; 12 horas; 24 horas; 2 dias; 5 dias). • Resultados resumidos na forma de um gráfico, ou equação, com a relação das três variáveis: Intensidade, Duração e Freqüência (ou tempo de retorno). Chuva máxima anual • Tomar o valor máximo de chuva diária de cada ano de um período de N anos. • Organizar N valores de chuva máxima em ordem decrescente. • A cada um dos valores pode ser associada uma probabilidade de que este valor seja atingido ou excedido em um ano qualquer. • Fórmula empírica: P i (N 1) Probabilidade x tempo de retorno • Uma chuva que é igualada ou superada 10 vezes em 100 anos tem um período de retorno de 10 anos. A probabilidade de acontecer esta chuva em um ano qualquer é de 1/10 (ou 10 %). • TR = 1/Prob Tempos de retorno adotados Dispositivo considerado Microdrenagem urbana Drenagem urbana Tempo de retorno (anos) 2 a 5 anos 5 a 25 anos Pontes e bueiros com pouco trânsito 10 a 100 anos Pontes e bueiros com muito trânsito 100 a 1.000 anos Grandes obras hidráulicas 10.000 anos Exemplo de uso da curva IDF • Qual é a precipitação máxima de 1 hora de duração em Porto Alegre? • Qual é a precipitação máxima de 1 hora de duração em Porto Alegre com 1% de probabilidade de ser excedida em um ano qualquer? • ps: IDF = intensidade, duração e freqüência. Mapas de chuva Linhas de mesma precipitação são chamadas ISOIETAS Isoietas • Apresentação em mapas • Utiliza dados de postos pluviométricos • Interpolação Precipitação média numa bacia • Precipitação = variável com grande heterogeneidade espacial Precipitação média numa bacia • Média aritmética (método mais simples) • 66+50+44+40= 200 mm • 200/4 = 50 mm 66 mm 44 mm • Pmédia = 50 mm 50 mm 40 mm 42 mm Precipitação média numa bacia • Problemas da média • 50+70= 120 mm • 120/2 = 60 mm • Pmédia = 60 mm Obs.: Forte precipitação junto ao divisor não está sendo considerada 120 mm 50 mm 70 mm Precipitação média na bacia Posto 2 1400 mm Posto 1 1600 mm Posto 3 900 mm Precipitação média na bacia 1700 1600 Posto 2 1400 mm 1500 1300 Posto 1 1600 mm 1200 1000 Posto 3 900 mm 1700 1400 1200 1100 900 SIG Precipitação média por Thiessen • Polígonos de Thiessen Áreas de influência de cada um dos postos n P a i Pi i 1 120 mm 50 mm ai = fração da área da bacia sob influencia do posto I Pi = precipitação do posto i 70 mm Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 1 – Linha que une dois postos pluviométricos próximos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 2 – Linha que divide ao meio a linha anterior Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 2 – Linha que divide ao meio a linha anterior 120 mm Região de dos postos 70 mm 75 mm 82 mm influência Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 3 – Linhas que unem todos os postos pluviométricos vizinhos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 4 – Linhas que dividem ao meios todas as anteriores Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen P 0,15.120 0,4.70 0,3.50 0,05.75 0,1.82 50 mm 30% 120 mm 70 mm 15% 40% 5% 10% 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Precipitação média 50 mm • Média aritmética = 60 mm 120 mm 70 mm • Média aritmética com postos de fora da bacia = 79,4 mm • Média por polígonos de Thiessen = 73 mm 75 mm 82 mm Falhas nos dados observados • Preenchimento de falhas (intervalo mensal; intervalo anual) Y X1 X2 X3 120 74 85 122 83 70 67 93 55 34 60 50 - 80 97 130 89 67 94 125 100 78 111 105 Correlação entre chuvas anuais Correlação entre chuvas anuais Correção de falhas • Se a correlação entre as chuvas de dois postos próximos é alta, eventuais falhas podem ser corrigidas por uma correlação simples. • O ideal é utilizar mais postos para isto. – Método da ponderação regional Correção de falhas • Posto Y apresenta falha • Postos X1, X2 e X3 tem dados. • Ym é a precipitação média do posto Y PY 1 PX1 PX2 PX3 Ym 3 Xm1 Xm 2 Xm 3 • Xm1 a Xm3 são as médias dos postos X • PX1 a PX3 são as precipitações nos postos X1 a X3 no intervalo de tempo em que Y apresenta falha. • PY é a precipitação estimada em Y no intervalo que apresenta falha. Análise de consistência de dados • Erros grosseiros • Erros de transcrição • "Férias" do observador • Crescimento de árvores em torno do pluviômetro • Mudança de posição • O método Dupla Massa Método Dupla Massa Método Dupla Massa Exercício Precipitação A = 78 mm B = 84 mm C = 64 mm Exercício Ano 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Posto A 1658 1158 1161 1301 926 1784 1854 1233 1494 1411 1709 1258 1348 1350 Posto B 1672 1104 1264 1484 1000 1720 1850 1250 1396 1600 1649 1862 1329 1358 1602 1278 Posto C 1685 1226 1213 1392 1330 1771 1852 1751 1382 1850 1887 2014 1399 1369 1681 1153 Exercício • Um balde com formato cônico foi deixado na chuva durante um evento de 80 minutos de duração. Ao final do evento o balde, que estava inicialmente vazio, apresentava o nível d’água h = 6 cm. Qual foi a intensidade da chuva durante este evento (em mm/hora)? A altura do balde é de 40 cm. O diâmetro maior do balde é de 40 cm e o diâmetro menor de 25 cm. Volume de tronco de cone Exercício Considerando a curva IDF do DMAE para o posto pluviográfico do Parque da Redenção, qual é a intensidade da chuva com duração de 60 minutos que tem 1% de probabilidade de ser igualada ou superada em um ano qualquer em Porto Alegre? E qual a intensidade com Td = 20 minutos e probabilidade de 10%? • Exercício • Uma análise de 40 anos de dados revelou que a chuva média anual em um local na bacia do rio Uruguai é de 1800 mm e o desvio padrão é de 350 mm. Considerando que a chuva anual neste local tem uma distribuição normal, qual é o valor de chuva anual de um ano muito seco, com tempo de recorrência de 40 anos?