UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA ESTRATÉGIAS ANALÍTICAS PARA DETERMINAÇÃO DE ARSÊNIO E SELÊNIO EM AMOSTRAS DE ALIMENTOS EMPREGANDO A ESPECTROMETRIA DE FLUORÊSCENCIA ATÔMICA COM GERAÇÃO DE HIDRETOS DANNUZA DIAS CAVALCANTE Salvador ABRIL DE 2014 DANNUZA DIAS CAVALCANTE ESTRATÉGIAS ANALÍTICAS PARA DETERMINAÇÃO DE ARSÊNIO E SELÊNIO EM AMOSTRAS DE ALIMENTOS UTILIZANDO A ESPECTROMETRIA DE FLUORÊSCENCIA ATÔMICA COM GERAÇÃO DE HIDRETOS – HG AFS Tese submetida ao Colegiado de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Química (Química Analítica). Orientador: Prof. Dr. Walter Nei Lopes dos Santos Salvador Abril de 2014 Este trabalho é dedicado em primeiro lugar a Deus, que esteve sempre me guiando durante essa jornada, me dando forças quando eu achava que não tinha mais e me mostrando que posso todas as coisas nAquele que me fortalece. A Ele toda honra, toda gloria e toda gratidão!!! Aos meus amados Pais (Jesus e Dionei) pela dedicação, amor, e por jamais medirem esforços, ajudandome na concretização dessa etapa da minha vida. Não tenho palavras para agradecer tanto amor e dedicação. A meu esposo Thiago pelo amor, apoio e paciência e a minha filha Eloah, razão de minha felicidade. Te amo muito filha!!!! AGRADECIMENTOS A todos meus familiares, em especial a meus irmãos (Layane e Danilo) pelo incentivo. Ao professor Dr. Walter Nei Lopes dos Santos pela orientação, confiança, liberdade, incentivo e amizade. E por ter sido sempre mais que um orientador. Muito obrigada!!! Ao professor Dr. Sergio Luís Costa Ferreira, pelas boas contribuições no decorrer desses quatro anos. A professora Drª Maria das Graças Korn e sua aluna Isa pela ajuda nas digestões no forno de micro ondas. A professora e amiga Drª Danielle Muniz pela ajuda em vários momentos desse trabalho. A amiga Luciana Bittencourt pelas coletas no arrozal e por tantos outros auxílios. Ao professor e amigo Dr. Samuel Marques Macêdo, por me passar todo seu conhecimento e experiência sobre a geração de hidretos. Aos colegas do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Química Analítica (GPDQA): Gerfersom, Eduardo, Luciana, Celeste, Daniel, Meire, Bruna, Leonardo, Mauricio e Paula. Aos alunos de Iniciação científica que me ajudaram nesse trabalho: Jéssica, Paula e Leonardo. Ao programa de pós-graduação em química da UFBA, pela oportunidade de realizar esse trabalho e seus professores e funcionários; Ao programa de Pós-graduação em Química Aplicada da Universidade do Estado da Bahia e todos os seus Discentes e funcionários. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa de estudo. A todos meus amigos, por compartilhar todos os momentos, difíceis e felizes; A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho RESUMO Neste trabalho que está no âmbito do PRONEX, foram desenvolvidas estratégias analíticas para a determinação de arsênio e selênio em amostras de alimentos por HG AFS. Foram realizados três trabalhos distintos. O primeiro consistiu no emprego da amostragem em suspenção para determinação de arsênio em amostras de arroz. Procedimentos de amostragem de suspensão foram avaliados para determinação de As por geração de hidreto acoplado a AFS, usando HNO3 e sonicação por 30 min. As amostras foram preparadas com KI em ácido ascórbico e com HCl 6 mol L-1, para determinação As total. A exatidão foi confirmada por análise do material de referência certificado NIES SRM 10b de farinha de arroz, a precisão foi confirma com valores de RSD abaixo de 5,9 % e limites de detecção e quantificação de 0,91 e 3,04 ng L-1, respectivamente. Este método foi utilizado para determinar o teor de arsênio em 24 amostras de arroz que foram adquiridas em supermercados da cidade de Salvador, Bahia, Brasil. O conteúdo de arsênio nos três tipos de arroz (branco, parbolizado e integral) variou de 0,12 a 0,47 µg g-1. O segundo trabalho foi o desenvolvimento de método analítico para determinação de selênio em ovos. Três tipos de ovos foram adquiridos (codorna, galinha e pata) em feiras e supermercados de Salvador. A digestão foi realizada mediante adição de HNO3, H2O2 30% v v-1 e HCl 6 mol L-1, utilizando o bloco digestor com dedo frio. As condições para a pré-redução e geração do hidreto de selênio foram otimizadas empregando o planejamento fatorial e a matriz de Doehlert. As condições ótimas foram: concentração de HCL 5,3 mol L-1, concentração do borohidreto de sódio 2,6 % (m/v), volume de KBr 10% 1,0 mL e tempo de pré-redução de 30 min. O método apresentou limites de detecção e quantificação de 0,22 e 0,77 ng L-1, respectivamente. O RSD ficou abaixo de 4,7 % demonstrando boa repetibilidade. A exatidão foi comprovada através da análise do CRM de tecido de ostra e também através de comparação com resultados obtidos em análise no ICP-MS. O método foi aplicado em quatro diferentes grupos de amostras, na clara e na gema separadas e na mistura dos dois, sendo que as concentrações mínimas e máximas foram de 0,35 ± 0,01 a 0,88 ± 0,03 µg g -1. O terceiro trabalho foi o desenvolvimento de método para determinação de arsênio em atum e sardinha enlatados. As amostras foram submetidas a 3 procedimentos de preparo de amostra (bloco digestor, forno de micro-ondas e forno mufla). As condições para a pré-redução e geração do hidreto de arsênio foram otimizadas empregando o planejamento fatorial e a matrix de Doehlert e as condições encontradas foram: tempo de pré-redução de 21 min, volume de pré-redutor KI 10 % (m v-1) em ácido ascórbico 2% (m v-1) de 1,0 mL, concentração de HCl 4,7 mol L-1 e concentração de NaBH4 de 2% (m v-1). O método mostrou-se preciso, com valores de RSD abaixo de 7,0 %. Um material de referência certificado de tecido de ostra (NIST SRM 1566b) foi analisado para avaliar a exatidão do método. O material foi submetido a três procedimentos de digestão. Através da análise dos resultados pode-se observar que o valor obtido no forno de micro-ondas e no bloco digestor foi cerca de metade do valor certificado, pois a arsenobetaina só é convertida a arsênio inorgânico a temperaturas acima de 300 º C. O método foi aplicado para 20 amostras de atum e sardinha enlatados e os valores de concentração variaram de: 0,63 ± 0,10 a 3,28 ± 0,20 µg g-1. Palavras Chave: Arsênio, selênio, arroz, ovos, pescados enlatados, HG AFS. ABSTRACT In this work is under PRONEX, strategies for analytical determination of arsenic and selenium in food samples by HG AFS were developed. Three diferent studies were conducted. The first one consisted in the use of sampling in suspension for determination of arsenic in rice procedures were evaluated to As by hydride generation coupled to AFS using HNO3 and sonication for 30 min. The samples were prepared with KI in ascorbic acid and 6 mol L-1 HCl to determine total As. The accuracy was confirmed by analysis of certified reference material NIES SRM 10b rice flour, precision was confirmed with% RSD values lower than 5.9% and limits of detection and quantification of 0.91 and 3.04 ng L -1, respectively. This method was used to determine the content of arsenic in 24 rice samples purchased at supermarkets in the city of Salvador, Bahia, Brazil. The content of arsenic in the three types of rice (white, parboiled and integral) ranged from 0.12 to 0.47 µg g-1. In the second study we developed a method for determination of selenium in eggs. Three types of eggs were purchased (quail, chicken and paw) at fairs and supermarkets of Salvador. The digestion was performed by adding HNO3, 30% H2O2 (v v-1), 6 mol L-1 HCI and, using the block digester cold finger. The conditions for the pre-reduction and hydride generation of selenium were optimized using factorial design and Doehlert matrix, the optimal conditions were: HCl concentration of 5.3 mol L-1, the 2.6% (w v-1) sodium borohydride concentration, 1.0 mL volume of 10% (w v-1) KBr and pre-reduction time 30 min. The method has limits of detection and quantification of 0.22 and 0.77 ng L -1, respectively. The% RSD was below 4.7 showing good repeatability. The accuracy was confirmed by analysis of CRM oyster tissue and also by comparison with results obtained for analysis by ICP-MS. The method was applied to four different groups of samples, in clear and separate yolk and mix of the two, the minimum and maximum concentrations were 0.35 ± 0.01 to 0.88 ± 0.03 mg g-1. The third work was the development of a method for determination of arsenic in canned tuna and sardines. The samples were subjected to three procedures for sample preparation (digestion block, microwave and oven muffle). The conditions for the pre-reduction and hydride generation of arsenic were optimized using factorial design matrix and Doehlert, the conditions were: pre-reduction time of 21 min, volume of 1.0 mL of 10% KI (w v-1) (prereducing) in 2% ascorbic acid, HCl concentration of 4.7 mol L-1 and NaBH4- in 2% (v m1 ). The method was precise, with RSD values below 7.0%. A certified reference material of oyster tissue (NIST SRM 1566b) was analyzed to assess the accuracy of the method. The material was subjected to the three digestion procedure. From the analysis of the results it can be seen that the value obtained in the microwave oven and the digester block was about half the value of the certificate, as the only arsenobetaine is converted to inorganic arsenic at temperatures above 300 °C. The method was applied to 20 samples of canned tuna and sardines and concentration values ranged from 0.63 ± 0.10 to 3.28 ± 0.20 mg g-1. Key-words: Arsenic, selenium, rice, eggs, canned fish, HG AFS LISTA DE TABELAS Páginas Tabela 1: Algumas formas orgânicas e inorgânicas de arsênio 21 Tabela 2: Principais formas químicas do selênio 22 Tabela 3: Limites máximos de arsênio em alimentos definidos pela 25 ANVISA Tabela 4: Ingestão diária recomendada de selênio – ANVISA 26 Tabela 5- Matriz de Doehlert para duas variáveis (A e B) com um ponto central Tabela 6: Parâmetros operacionais do HG AFS empregados na 48 54 determinação do arsênio Tabela 7: Seleção do extrator/solvente para preparação das 58 suspensões das amostras de arroz Tabela 8: Comparação entre amostragem em suspensão e 58 extração das amostras de arroz para quantificação de arsênio Tabela 9: Comparação entre a amostragem em suspenção e 60 digestão ácida para determinação de arsênio nas amostras de arroz Tabela 10: Determinação de As total em amostras de arroz 61 utilizando a amostragem em suspensão Tabela 11: Parâmetros operacionais do HG AFS para determinação 66 de Selênio Tabela 12: Parâmetros operacionais do ICP-MS para determinação 67 de Selênio Tabela 13: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização 72 do processo de geração do hidreto de selênio. Tabela 14: Matrix Doehlert para otimização da geração de hidreto 74 de selênio. Tabela 15: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes á Tabela 14. 75 Tabela 16: Resultados para determinação de Se no CRM de tecido 77 de ostra empregando o método proposto (mg kg-1, n=3). Tabela 17: Concentração de Se nas amostras de ovos por HG AFS 78 e ICP-MS Tabela 18. Programa de aquecimento em forno de micro-ondas 86 com cavidade Tabela 19: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização 89 do processo de geração do hidreto de arsênio. Tabela 20: Matrix Doehlert para otimização da geração do hidreto 91 de arsênio Tabela 21: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes 92 á Tabela 20 Tabela 22: Resultados para determinação de As no CRM de tecido 94 de ostra utilizando os dois métodos de preparo de amostra. Tabela 23: Concentração de arsênio em sardinha e atum enlatados, após digestão em bloco digestor com dedo frio e em forno de microondas com cavidade. 96 LISTA DE FIGURAS Páginas Figura 1: Representação esquemática do AFS 37 Figura 2: Diagrama esquemático. a) dedo frio, b) tudo de digestão e 44 c) dedo frio acoplado ao tubo de digestão. Figura 3: Distribuição dos pontos experimentais da matriz Doehlert representado por um hexágono regular com as coordenadas normalizadas, para otimização de duas variáveis. Figura 4: Porcentagem de extração do arsênio no arroz em função 47 57 do tempo de sonicação. Figura 5: Gráfico de pareto da otimização da geração de hidreto de 73 selênio Figura 6: Superfície de resposta da otimização de hidreto de selênio. 75 Figura 7: Gráfico dos valores preditos X valores observados para 76 geração do hidreto de selênio Figura 7: Gráfico de pareto da otimização da geração de hidreto de 90 arsênio Figura 8: Superfície de resposta para otimização da geração de 92 hidreto do arsênio Figura 9: Gráfico dos valores preditos X valores observados para otimização da geração de hidreto do arsênio 93 LISTA DE SIGLAS e ABREVIAÇÕES ANVISA: Agência Nacional de vigilância sanitária WHO: World Health Organization EU:União Europeia ( do ingles: European Union) US EPA: Agência proteção ambiental dos Estados Unidos ( do inglês: United States Environmental Protection Agency) IDR: Ingestão Diária Recomendada MMAA: ácido monometilarsônico DMAA: ácido dimetilarsônico AsB: arsenobetaína AsC: arsenocolina SeCys: Selenocisteína SeMet: Selenometionina SeCM: Selenometilcisteína CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente HG AFS: Espectrometria de Fluorescência atômica com geração de hidretos (do inglês: Hydride generation atomic fluorescence spectrometry) HG AAS: Espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos (do inglês: Hydride generation atomic absorption spectrometry) FAAS: Espectrometria de absorção atômica com chama (do inglês: Flame atomic absorption spectrometry) AES: Espectrometria de emissão atômica ICP OES: Espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (do inglês: Inductively coupled plasma optical emission spectrometry.) CV AFS: Espectrometria de fluorescência atômica com vapor frio (do inglês: atomic fluorescence spectrometry HR CS FAAS: Espectrometria de absorção atômica com chama de alta resolução com fonte contínua GFAAS: Espectrometria de absorção atômica com forno de grafite (do inglês: Graphite furnace atomic absorption spectrometry) ICP-MS: Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (do inglês: Inductively coupled plasma mass spectrometry) CV AAS: Espectrometria de absorção atômica com vapor frio ETAAS: Espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica (do inglês: Electrothermal atomic absorption spectrometry) EVOP: Plano evolucionário de otimização MSR: Metodologia de superfície de resposta HPLC: Cromatografia líquida de alta resolução HCL: Lâmpada de cátodo oco CRM: Material de referência certificado IUPAC: União internacional de química pura e aplicada RSD: Desvio padrão relativo LD: Limite de detecção LQ: Limite de quantificação ANOVA: Análise de variânci 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................ 16 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................ 19 1. O Elemento químico Arsênio ........................................................................ 19 2. O elemento químico Selênio ......................................................................... 21 3. Arsênio e Selênio nos alimentos .................................................................. 24 3.1 Arsênio ............................................................................................................................................................................................24 3.2 4. Selênio ...................................................................................................................................................................................26 Geração de Hidretos ...................................................................................... 27 4.1 Sistema de Redução NaBH4/Ácido ...................................................................................................................28 4.2 Mecanismos de Geração de Hidreto utilizando o NaBH4 ..........................................................29 4.3. Transporte dos hidretos voláteis ......................................................................................................................30 4.5 Interferências ............................................................................................................................................................................33 5. A Espectrometria de Fluorescência Atômica ............................................... 35 6. Métodos de preparo de amostra ................................................................... 37 6.1 Amostragem por suspensão ....................................................................................................................................38 6.1.1 Preparo das suspensões ........................................................................................................................................39 6.2 Decomposição da Matéria orgânica.................................................................................................................41 6.2.1. Digestão por via úmida utilizando radiação micro-ondas ..................................................41 6.2.2. Decomposição por via úmida utilizando bloco digestor com “dedo frio” ...........42 7. Otimização Multivariada ................................................................................ 44 7.1 Planejamento Fatorial Completo ...........................................................................................................45 7.2 Metodologia da Superfície de Resposta (MSR) ...........................................................................46 7.3 Matriz de Doehlert ............................................................................................................................................................46 OBJETIVOS ............................................................................... 49 Objetivos Específicos .............................................................................................. 49 CAPITULO I ............................................................................... 50 Amostragem em suspensão e HG AFS para determinação de arsênio total em amostras de arroz. .. 50 INTRODUÇÃO ............................................................................ 51 13 EXPERIMENTAL ......................................................................... 53 1. Instrumentação .............................................................................................. 53 2. Reagentes e soluções.................................................................................... 54 3. Amostras ........................................................................................................ 55 4. Preparação das Suspensões e determinação de As por HG AFS .............. 55 5. Digestão das amostras utilizando bloco digestor com “dedo frio” ........................................56 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... 57 1. Otimização das condições experimentais .................................................... 57 2. Escolha do extrator/solvente para determinação de arsênio utilizando amostragem em suspensão. ................................................................................ 57 3. Investigação da necessidade de introdução das partículas da suspensão no HG AFS ............................................................................................................. 58 4. Comparação entre o método proposto (amostragem em suspensão) e digestão ácida utilizando o sistema bloco digestor/dedo frio. .......................... 59 5. Estudos de validação..................................................................................... 60 6. Aplicação ........................................................................................................ 61 CONSIDERAÇOES FINAIS ........................................................ 62 CAPITULO II .............................................................................. 63 Desenvolvimento de método analítico para determinação de selênio em amostras de ovos (clara e gema) por HG AFS ................................................................ 63 INTRODUÇÃO ........................................................................... 64 EXPERIMENTAL ........................................................................ 66 1. Instrumental.................................................................................................... 66 2. Reagentes e soluções.................................................................................... 67 3. Amostras ........................................................................................................ 68 3.1 Digestão das amostras ..........................................................................................................................................68 4. Otimização Multivariada da pré-redução e geração do hidreto de selênio 69 5. Etapa de pré-redução..................................................................................... 69 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... 71 1. Otimização multivariada do sistema proposto para a geração de hidreto ............ 71 1.1. Planejamento Fatorial .............................................................................................................................................71 1.2 Planejamento Doehlert...............................................................................................................................................73 14 2. Validação do Método ..................................................................................... 76 3. Aplicação do método desenvolvido ............................................................. 77 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 79 CAPITULO III ............................................................................. 80 Determinação de arsênio total em amostras de atum e sardinha enlatados por HG AFS ........................................ 80 INTRODUÇÃO ............................................................................ 81 EXPERIMENTAL .........................................................................83 1. Instrumentação .............................................................................................. 83 2. Reagentes e soluções.................................................................................... 83 3. Amostras e material de referência certificado ................................................... 84 4. Procedimentos para digestão das amostras................................................ 85 4.2 Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em bloco digestor com dedo frio .........................................................................................................................................................85 4.2. Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em forno de micro ondas ..........................................................................................................................................................................................................86 5. Otimização Multivariada da pré-redução e geração do hidreto de arsênio ... 86 6. Etapa de pré-redução..................................................................................... 87 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................. 88 1. Otimização multivariada do sistema proposto para a geração de hidreto ......... 88 1.1. Planejamento Fatorial .............................................................................................................................................88 1.2. Planejamento Doehlert.......................................................................................................................................90 2. Validação do Método ..................................................................................... 93 3. Aplicação ........................................................................................................ 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................ 98 15 INTRODUÇÃO A determinação de elementos químicos em amostras complexas sempre se mostrou com um dos principais problemas da química analítica. Sendo assim, diversos procedimentos têm sido desenvolvidos com o intuito de minimizar os efeitos de matriz e ampliar a faixa de aplicação das técnicas mais comumente empregadas. Nesse contexto a geração de hidretos apresenta uma grande vantagem, pois o analito é separado da matriz e convertido a um composto volátil, sendo, em seguida, transportado ao atomizador, onde ocorre a atomização para a quantificação. Nos primeiros trabalhos, a atomização era feita utilizando-se a chama comum, que logo foi substituída por atomizadores de tubo de quartzo. Atualmente, devido ao desenvolvimento de métodos analíticos e o surgimento de diversas técnicas instrumentais de análise, vários sistemas de atomização vêm sendo amplamente utilizados [1]. Considerações importantes sobre o potencial do método de geração de hidreto acoplada às técnicas de espectrometria de absorção atômica (AAS) foram descritas detalhadamente por Dedina e Tsalev [2]. Algumas Revisões [345] também fizeram importantes considerações sobre o método de geração de hidretos em espectrometria atômica. Sem dúvida, a determinação por geração de hidreto tem sido empregada preferencialmente em AAS, entretanto, interesse crescente pelo método é reportado empregando-se a espectrometria de fluorescência atômica (AFS) [6-789]. Geralmente, a introdução de um analito na forma de hidretos aumenta a sensibilidade e seletividade, e permite obter limites de detecção com valores muito abaixo das técnicas convencionais. Para a determinação de espécies voláteis, empregando-se a geração de vapor químico, várias considerações devem ser feitas a respeito da reação de formação de vapor, por cada espécie. A concentração do NaBH4, e o tipo e concentração do ácido são os fatores mais estudados. Entretanto, cada espécie formadora de hidreto apresenta particularidades para a reação com o NaBH4 em meio ácido, podendo depender do seu estado de oxidação, do pH da solução, do ambiente redutor ou oxidante, dentre outros [10, 11]. 16 A geração de hidreto acoplado às técnicas espectroanalíticas (AAS, AFS, ICP OES, ICP-MS), exige uma decomposição completa ou dissolução das amostras antes da análise quantitativa, o que aumenta tanto o tempo de análise como risco de contaminação da amostra além de perdas de analito por volatilização [12]. A etapa de pré-tratamento da amostra é reconhecidamente a mais demorada e trabalhosa do que a análise propriamente dita, sendo os procedimentos de preparação de amostra para determinação de As e Se críticos devido à alta volatilidade destes elementos. Esta realidade tem levado pesquisadores a buscar alternativas mais simples e rápidas de tratamento da amostra, particularmente para análise de rotina. Uma alternativa simples para minimização do preparo da amostra é o emprego da amostragem na forma de suspensão, diminuindo o tempo de preparo da amostra, reduzindo o risco de contaminação e evitando perdas do analito por volatilização, além de possibilitar, em muitos casos, utilizar a técnica de calibração com padrões aquosos [13, 14]. É bem conhecida à toxicidade de arsênio e selênio e outros elementos que formam hidretos, por isso o interesse no monitoramento desses elementos em amostras biológicas, ambientais e de alimentos, a fim de controlar suas concentrações abaixo dos níveis de segurança. Além disso, o selênio também é considerado essencial, apresentando uma faixa de concentração muito estreita entre os níveis de essencialidade e toxicidade [15]. O solo, pesticidas, inseticidas e a água utilizada no cultivo agrícola são as principais fontes de introdução de minerais, tanto essencial quanto tóxico, em alimentos [16]. Processos antrópicos e eventos naturais como erosão de solos, erupções vulcânicas, podem causar aumento dos níveis de elementos tóxicos em águas, alimentos e na atmosfera. Dessa forma, a ingestão de água e alimentos representam fontes de introdução de elementos no organismo humano. Dentre as várias técnicas existentes para a determinação desses elementos em amostras ambientais e de alimentos, as espectroanalíticas se baseiam na introdução da amostra por nebulização pneumática. Apesar da simplicidade do processo de introdução da amostra e de sua boa estabilidade, somente 5% da amostra chega até a chama ou plasma, sendo o restante descartado no dreno devido à baixa eficiência de nebulização [17]. Assim, 17 esforços têm sido feitos como alternativa para introdução do analito para ampliar a faixa de aplicação dessas técnicas. No presente trabalho, foram desenvolvidos procedimentos para a determinação de As e Se total, empregando a amostragem de suspensão e decomposição por via úmida em bloco digestor com sistema de refluxo (dedo frio) como estratégias analíticas para o preparo de amostra e quantificação empregando o HG AFS. 18 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. O Elemento químico Arsênio Elemento químico de símbolo As e número atômico 33, é considerado um semi-metal ou metaloide por possuir características físicas e químicas pertencentes tanto aos metais quanto aos não metais. Possui massa atômica 75 u e apresenta-se nas condições ambiente como um sólido, pertence ao grupo 15 A da tabela periódica. Foi descoberto em 1250 por Alberto Magno e sua aparência varia de acordo com o estado alotrópico em que se encontra: cinza ou metálico, amarelo e negro. O arsênio cinza metálico é a forma mais estável nas condições normais [18,19]. Uma de suas principais aplicações é como conservante do couro e da madeira, uso que representa, cerca de 70 % do consumo mundial. O arsenato de gálio é um importante semicondutor empregado em circuitos integrados que são mais rápidos e caros do que os de silício. É utilizado também como aditivo em ligas metálicas de chumbo e latão. Possui também uma grande aplicação como herbicidas (arsenito de sódio), inseticida (arsenato de chumbo) e venenos. Outras aplicações deste elemento são na indústria farmacêutica, do vidro, cerâmica e metalúrgica. Recentemente voltou-se o interesse principalmente pelo uso do tri óxido de arsênio para o tratamento de pacientes com leucemia. O arsênio e alguns de seus compostos são considerados umas das substâncias mais tóxicas da história da humanidade. No século V a.C. o arsênio foi considerado um veneno sendo responsável pelo envenenamento de várias personalidades como Napoleão Bonaparte e George III da Inglaterra [20]. O arsênio existe na natureza de diversas formas químicas incluindo espécies orgânicas e inorgânicas, está presente em mais de 200 minerais, sendo mais comum nas piritas. Ele é encontrado em 4 estados de oxidação diferentes: -3, 0, +3 e +5 e está vastamente distribuído na natureza, 19 representando uma preocupação para a saúde humana quando se concentra no meio ambiente tanto por processos naturais como antropogênicos. [21]. Compostos contendo arsênio são utilizados no tratamento de algumas doenças e na agricultura sendo encontrados nos herbicidas e inseticidas [22]. A flora e a fauna marinha contêm compostos de arsênio, pois nas vias metabólicas o nitrogênio e o fósforo podem ser substituídos facilmente por ele [21]. É o vigésimo elemento mais abundante na crosta terrestre. Devido a fatores como a dieta humana, a exposição ocupacional e ambiental, a média de consumo diário de arsênio por um adulto pode variar no intervalo de 0,025 a 0,033 mg Kg-1dia-1. A maior fonte de exposição ocupacional do arsênio pelo ser humano é na produção de pesticidas, herbicidas e outros produtos agrícolas. Já as maiores fontes de exposição não ocupacional são a ingestão de água e alimentos contaminados [23]. O arsênio possui altos níveis de toxicidade devida sua facilidade em ser absorvido tanto oralmente quanto por inalação, sendo a extensão da absorção dependente da solubilidade do composto [ 24 ]. Uma longa exposição aos compostos inorgânicos do arsênio pode acarretar diversas doenças tais como: conjuntivite, hiperpigmentação, hiperqueratose, doenças cardiovasculares, distúrbios no sistema nervoso central e vascular periférico, câncer de pele e gangrena nos membros [25, 26]. Quase todo arsênio absorvido localiza-se inicialmente na fração eritrócito do sangue. O elemento deixa rapidamente a corrente sanguínea e deposita-se nos tecidos, armazenando-se principalmente no fígado, rins e pulmões. É depositado nos cabelos, sendo que esta deposição ocorre cerca de duas semanas após a administração, permanecendo neste local durante anos. Também é depositado nos ossos onde ficam longos períodos [27]. Na Tabela 1 são apresentadas as principais espécies de arsênio. [25]. A urina é a principal via de eliminação dos compostos de arsênio, sendo cerca de 50% da dose ingerida eliminada por esta via. Além disso, pequenas porções são eliminadas através da pele, cabelos, fezes, unhas e pulmão [24, 28]. O principal interesse em determinar diferentes espécies de arsênio está relacionado à diferente toxicidade das espécies. O As (III) é 60 vezes mais 20 tóxico do que o As (V) e as espécies inorgânicas são aproximadamente 100 vezes mais tóxicas que as orgânicas. O grau de toxidade das espécies mais importantes de As segue essa ordem de toxidade: arsenito (III) > arsenato (V) > monometilarsenato (MMA) > dimetilarsenato (DMA) (V) [25, 29]. A maior fonte não ocupacional de exposição a arsênio é através da ingestão de água [24] e alimentos, sendo que os alimentos de origem marinha possuem uma das mais altas taxas de arsênio, mas praticamente todo ele está na forma orgânica, principalmente como arsenobetaína, que é essencialmente não tóxica e excretada na urina, sem modificação e com um tempo de residência curto [30, 31]. O nível de arsênio inorgânico nesses alimentos é inferior a 1%, sendo que na carne, cereais e outros alimentos ingeridos diariamente esse nível é superior [30]. Tabela 1: Algumas formas orgânicas e inorgânicas de arsênio [25]. Composto Abreviatura Fórmula Arsenito As (III) AsO33- Arsenato As (V) AsO43- Ácido monometilarsônico MMAA (V) CH3AsO(OH)2 Ácido dimetilarsínico DMAA (V) (CH3)2AsOH Arsenobetaina AsB (CH3)3As+CH2COO- Arsenocolina AsC (CH3)3As+CH2CH2OH 2. O elemento químico Selênio O selênio é um metaloide, que foi identificado em 1817 pelo químico sueco Jons Jacob Berzelius. Pertence ao grupo 16 da tabela periódica, possuindo símbolo Se, número atômico 34 e massa atômica 78 u. Está localizado entre o enxofre e o telúrio, possuindo propriedades químicas e físicas semelhantes aos mesmos [18]. É encontrados na natureza em 5 estados de oxidação (-2, 0, +2, +4 e +6), todos eles comumente encontrados na natureza, exceto o +2. Na Tabela 2 são mostrados as principais formas químicas do selênio no ambiente. 21 Tabela 2: Principais formas químicas do selênio [32]. Composto Abreviatura Fórmula Selenito Se (IV) SeO4-2 Selenato Se (VI) SeO3-2 Selenocisteína SeCys HOOCCH(NH2)CH2–Se–H Selenometionina SeMet HOOCCH(NH2)CH2CH2–Se–CH3 Selenometilcisteína SeCM HOOCCH(NH2)CH2–Se–CH3 Selenocistina HOOCCH(NH2)CH2–Se–Se– CH2CH(NH2)COOH O selênio elementar é relativamente pouco tóxico. No entanto, alguns de seus compostos são extremamente perigosos. Concentrações de seleneto de hidrogênio, superiores a 0,1 miligramas por metro cúbico de ar, podem ser bastante prejudiciais ou mesmo letais. A exposição a vapores que contenham selênio pode provocar irritações dos olhos, nariz e garganta. A inalação desses vapores pode ser muito perigosa devido à sua elevada toxicidade [33] É um elemento-traço essencial para os seres humanos e animais, envolvendo diversas ações fisiológicas. A essencialidade nutricional do selênio foi relatada pela primeira vez para impedir a necrose hepática em animais de laboratório, depois disso vários estudos indicaram que o selênio desempenha um importante papel em muitos aspectos da saúde. Além disso, ele é parte integrante do sítio catalítico de várias enzimas, inclusive a glutationa peroxidase [32, 34], É um micronutriente encontrado no pão, nos cereais, nos pescados, nas carnes, nas plantas e ovos [35]. Um alimento tipicamente brasileiro e rico em selênio é a castanha do Pará. Ele é um poderoso antioxidante que ajuda a neutralizar os radicais livres, estimula o sistema imunológico e intervém no funcionamento da glândula tireóide [36, 40]. O conteúdo de selênio nas plantas varia de acordo com a sua concentração no solo, que varia regionalmente. Em todo o mundo há regiões em que a concentração de selênio no solo é muito baixa, como por exemplo, regiões do da Austrália, nordeste da China, norte da Correia do Sul, Centro-sul 22 da China, Nepal, Tibet e entre outras. Essa deficiência se agrava mais quando a dieta é derivada inteiramente dos alimentos locais com pouco ou nenhuma importação de alimentos, essas pessoas que vivem nessas regiões pobres em selênio tem uma ingestão diária desse elemento muito baixa. Por exemplo, no Nepal a ingestão é de 23 mg/dia, na China cerca de 26 mg/dia, sendo que o recomendado é cerca de 55 mg/dia [37]. Existe uma elevada incidência de doenças relacionadas à deficiência em selênio entre as pessoas que vivem nessas regiões, inclusive o câncer, devido a isso há uma busca elevada de agentes naturais como o selênio que possam inibir o desenvolvimento do câncer, incentivando vários estudos utilizando o selênio para prevenir o câncer realizado em todo mundo [37, 38]. A deficiência de selênio pode causar: mialgia, degeneração pancreática, sensibilidade muscular, maior suscetibilidade ao câncer. Por outro lado, o excesso de selênio pode causar fadiga muscular, colapso vascular periférico, congestão vascular interna, unhas fracas, queda de cabelo, dermatite, alteração do esmalte dos dentes e vômito [39]. É muito utilizado em retificadores que convertem corrente alternadas em contínua. Como sua condutividade aumenta em presença da luz e, porque pode converter a luz diretamente em eletricidade, é empregado em células fotoelétricas, em fotômetros e células solares. Quando introduzido em pequenas quantidades no vidro, o selênio serve como descorante, mas em grandes quantidades dá ao vidro uma coloração vermelha, útil em sinais luminosos. É também usado na manufatura de esmaltes para cerâmicas e derivados do aço, assim como na fabricação da borracha para aumentar a resistência à abrasão. Os sulfetos de selênio são utilizados em medicina veterinária e em shampoos anticaspa [35]. O selênio encontrado no meio ambiente é proveniente de fontes naturais (processos geofísicos e biológicos) e fontes antropogênicas (processos industriais e agricultura). As primeiras fontes são responsáveis pela presença do selênio no ambiente, enquanto que as demais, pela redistribuição deste no ambiente, isto é pela liberação de selênio das fontes geológicas e pela disponibilização deste para os organismos do ecossistema terrestres e aquáticos [40]. 23 No ambiente aquático, o selênio pode existir nas formar inorgânicas (selenito, selenato, selênio elementar, selenetos metálicos) e orgânicas e seu estado de oxidação vai depender das condições ambientais [38]. A RESOLUÇÃO do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Nº 396, de 03 de abril de 2008, que estabelece uma classificação das águas subterrâneas quanto ao uso e também determina os limites de contaminantes, estabeleceu o limite máximo de 0,01 mg L-1 para água para consumo humano [41]. 3. Arsênio e Selênio nos alimentos O monitoramento de contaminantes inorgânicos é de grande relevância em análises de amostras de alimentos, como também em outras amostras que necessitam do controle desses contaminantes. Assim sendo, a determinação de elemento traço de interesse toxicológico é de relevância no contexto econômico e na saúde pública [36]. Em geral, a concentração de metais e metaloides nos alimentos é influenciada por fatores ambientais, pois estão presentes na atmosfera, na água, em solos, sedimentos e pela ação de vulcões, no caso do arsênio. O processamento desses alimentos com o uso de fertilizantes, pesticidas, herbicidas, água de irrigação contaminada, contaminação do ar e outros, podem levar esses metais aos alimentos. 3.1 Arsênio O arsênio ocorre naturalmente nos alimentos, embora certas quantidades devam ser somadas como resultado da contaminação devido sua presença no ambiente. Alimentos de origem animal e vegetal possuem geralmente teores de arsênio menores que 1mg Kg-1, exceto produtos de origem marinha que podem possuir teores mais elevados. A ingestão de arsênio total vai depender da quantidade desses alimentos na dieta humana. Na tabela 3, estão os limites máximos de arsênio para algumas classes de alimentos definidos pela Agência 24 Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na portaria nº 685, de 27 de agosto de 1998 [42]. Tabela 3: Limites máximos de arsênio em alimentos definidos pela ANVISA. Alimentos Limites (mg Kg-1) Gorduras vegetais 0,1 Gorduras e emulsões refinadas 0,1 Gorduras hidrogenadas 0,1 Açúcares 1,0 Caramelos e balas 1,0 Bebidas alcoólicas fermentadas 0,1 Bebidas alcoólicas fermento-destiladas 0,1 Cereais e produtos a base de cereais 1,0 Gelados Comestíveis 1,0 Ovos e produtos de ovos 1,0 Leite fluído pronto para o consumo 0,1 Mel 1,0 Peixe e produtos de peixe 1,0 Produto de cacau e derivados 1,0 Chá, mate, café e derivados. 1,0 La Guardia e colaboradores desenvolveram um método simples e sensível para determinação de arsênio total por Espectrometria de Fluorescência Atômica com Geração de Hidretos (HG AFS) em amostras de bebidas refrescantes como refrigerantes, chás e suco de frutas, obtendo limites de detecção que variaram de 0,01 a 0,03 ng mL-1 [43]. Já Capar et al. propôs um método para determinação de arsênio, selênio, antimônio e telúrio em tecidos de peixe utilizando a Espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos (HG AAS), obtendo limites de detecção de 10 a 20 ng g-1 [44]. Montorro e colaboradores propuseram um método para determinação de arsênio total e suas espécies inorgânicas no arroz cru e cozido, visando 25 determinar sua biodisponibilidade, para tanto eles simularam uma digestão gastrointestinal, o As (V) foi à espécie mais encontrada [45]. 3.2 Selênio O selênio está presente na maioria dos alimentos, sendo que podemos encontrar boas fontes deste elemento nos frutos secos (especialmente na castanha do Brasil), peixe, marisco, vísceras (rins ou fígado) e nas carnes. Os cereais, verduras e outros alimentos vegetais também contêm selênio, contudo, o seu teor varia de acordo com o tipo de solo a partir do qual se desenvolvem [46]. A quantidade dietética recomendada de selênio para homens e mulheres é 55 µg dia-1, para mulheres grávidas e em lactação esse valor aumenta para 60 e 70 µg dia-1, respectivamente, ver tabela 4 [47]. A deficiência de selênio pode causar doenças como a de Keshan que provoca o aumento do coração e seu mau funcionamento, essa doença tem ocorrido na China onde o consumo de selênio é inferior a 19 µg dia-1 para os homens e 13 µg dia-1para as mulheres. A deficiência de selênio também pode afetar a função da tireoide porque o selênio é essencial para síntese do hormônio ativo [48]. Tabela 4: Ingestão diária de selênio recomendada pela ANVISA Ingestão diária recomendada (µg dia-1) Lactente 0 - 0,5 anos 10 Crianças (anos) 0,5 - 1 15 1-3 20 4-6 20 Adultos Gestantes 7 - 10 30 70 65 Lactantes até 1 ano 75 Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA Portaria n.33/1998 Por outro lado, um consumo demasiado de alimentos ricos em selênio pode levar a uma condição chamada de selenoses, na qual os sintomas são: queimação no estômago, perda de cabelo, unhas marcadas de brancas, e alguns danos no nervo, por isso que Instituto de Medicina dos Estados Unidos estabeleceu o limite máximo de ingestão de selênio de 400 µg/dia para adultos [47, 49]. 26 Inúmeras pesquisas mostram que a concentração de selênio nos alimentos pode apresentar grande variação, dependendo dos teores presentes no solo. Em função da importância do selênio, é necessário conhecer a composição nutritiva dos alimentos, de forma a garantir um consumo adequado desse elemento por parte da população [50]. Jordão e colaboradores determinaram os teores de selênio em alguns alimentos consumidos no Brasil, dentre eles feijão, arroz, farinha, abacate, abacaxi e banana da terra. Os teores mais elevados de selênio foram encontrados nos produtos de origem animal, sobretudo nos pescados, e nos produtos derivados do trigo [36]. Muller et al. determinaram selênio em água e leite de cocô utilizando a espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica em forno de grafite, eles concluíram que esses alimentos podem ser úteis como fontes de selênio facilmente disponíveis à população [51]. 4. Geração de Hidretos A geração de hidretos compreende um processo de derivatização química no qual são produzidos hidretos voláteis, a partir do tratamento da amostra com um agente redutor, que pode ser um metal ou um reagente específico que na maioria das vezes é o tetrahidroborato de sódio (NaBH 4), em meio acidificado [52,53 ]. Nos primeiros trabalhos, os sistemas de redução metal/ácido eram os mais comumente utilizados. Embora melhorassem o sinal analítico, o uso desses sistemas foi associado com algumas limitações como: elevado tempo requerido para formação do hidreto, o sistema de coleta era susceptível à interferência e perda, e a sensibilidade era limitada devido ao amplo fator de diluição do hidreto durante a etapa de introdução na chama de difusão argônio/hidrogênio [53, 54]. Está técnica vem sendo abordada como uma excelente alternativa de introdução de amostra em determinações espectrométricas, uma vez que separa o analito da matriz, aumenta a eficiência de transporte do analito em relação aos nebulizadores comumente empregados para introdução de amostra, melhora a sensibilidade e o limite de detecção [55]. 27 O acoplamento da espectrometria com a geração de hidretos para determinação de elementos traço se difundiu rapidamente em virtude das várias vantagens apresentadas e de sua simplicidade. Ela se baseia na geração de hidretos voláteis à temperatura ambiente após reação do tetrahidroborato de sódio com um determinado elemento em meio ácido. Em geral, esta técnica se aplica aos elementos: arsênio [ 56 ], bismuto [ 57 ], germânio [58], chumbo [58], antimônio [59], selênio [60], telúrio [57] e estanho [61], os quais nestas condições formam hidretos covalente estáveis [62, 63]. O primeiro trabalho utilizando a geração de hidretos foi o trabalho de Holak [64], onde o zinco metálico foi utilizado como redutor para produzir a arsina, pela redução do arsênio presente na amostra acidificada, sendo a arsina transportada para a atomização por um espectrômetro de absorção atômica com chama (FAAS). A técnica baseia-se na conversão da espécie de interesse em um hidreto covalente gasoso que, por meio de um gás de arraste, é transportado ao atomizador, onde ocorre sua atomização. O processo de determinação espectrométrica por geração química de hidreto pode ser dividido em três partes: a geração do hidreto volátil, o transporte do hidreto volátil para o atomizador (que inclui também sua liberação da solução) e a atomização/quantificação dos hidretos. 4.1 Sistema de Redução NaBH4/Ácido Em 1972 foi proposta uma nova abordagem para geração de hidretos utilizando soluções redutoras de tetrahidroborato de sódio (NaBH4) (que precisam ser estabilizadas em meio alcalino) para geração de hidretos de arsênio e antimônio [65]. Com o emprego do NaBH4, o número de elementos determináveis por geração de hidretos aumentou, passando a incluir elementos como bismuto, germânio, chumbo, estanho e telúrio [66]. O sistema que utiliza do NaBH4 em meio alcalino como agente redutor para formação dos hidretos voláteis se mostra o mais eficiente com maior reprodutibilidade nas medidas e cinética de reação mais definida do que outros sistemas, além de possibilitar automação [53, 67]. O NaBH4 ao longo do tempo 28 se degrada, por isso deve ser preparado em meio alcalino, pouco antes do uso. [ 68 ]. Mas, a concentração da base deve ser adequada para não causar supressão no sinal analítico. Geralmente, a concentração de NaBH4 depende da espécie analítica a ser determinada e do sistema proposto para geração de hidretos. Os trabalhos na literatura recomendam o uso da solução de NaBH4 na faixa de 0,5 – 10 % (m/v), em solução aquosa estabilizada por 0,1 – 2,0 % (m/v) de KOH ou NaOH. No sistema NaBH4/ácido, o HCl é o mais utilizado, embora H2SO4 e HNO3 também possam ser usados. O NaBH4 é o agente redutor mais empregado em geração de hidreto por mostrar-se mais eficiente e versátil, podendo ser empregado tanto por sistemas em batelada quanto por sistemas em fluxo, visto sua rápida cinética de reação e maior reprodutibilidade, qualquer que seja o método de detecção empregado [53]. 4.2 Mecanismos de Geração de Hidreto utilizando o NaBH4 O primeiro mecanismo descrito para a geração de hidreto [69] indica que o processo ocorre a partir da evolução de hidrogênio atômico, também chamado de hidrogênio nascente, que é formado pela hidrólise ácida do agente redutor, a qual pode ser representada pela equação 1, do ponto de vista global e estequiométrico sem envolver o mecanismo complexo e a cinética de reação [53]. Equação 1: BH4- + H+ + 3H2O H3BO3 + 8H Após a formação do hidrogênio nascente, há a derivatização do elemento para o hidreto equivalente, conforme representado pela equação 2. O hidrogênio atômico em excesso, que não reagiu, forma hidrogênio molecular, que é um dos produtos finais da hidrólise ácida do tetraborato de sódio. Equação 2: Am+ + (m+n)H AHn + mH+ 29 Onde, ‘A’ é o analito de interesse, ‘m’ o estado de oxidação do analito e ‘n’ o número de coordenação do hidreto. Outro mecanismo vem sendo proposto por autores que discordam com a hipótese de formação do hidreto a partir do hidrogênio nascente D’ULIVO [70, 71 ] e seus colaboradores propõem a transferência gradual de átomos de hidrogênio do borano para o substrato analito após formação de complexos intermediários analito-borano. Segundo essa hipótese, o mecanismo pode ser escrito pelas equações 3 e 4 [66, 72]: Equação 3: NaBH4 + H3O+ + 2H2O → intermediários → H3BO3 + H2 Equação 4: NaBH4/intermediários + A → AHn O uso de reagentes deuterados em vários trabalhos tem demonstrado que o hidrogênio ligado diretamente ao boro é o responsável pela formação do hidreto. Em um destes estudos com reagentes deuterados [73], foi observado que a reação de As (III) e As (V) com NaBD4 em HCl 3 mol L-1 e H2O foi obtida como principal produto AsD3 e quando se utilizou NaBH4 em DCl e D2O, foi obtido como principal produto o AsH3. Assim, os autores puderam afirmar que a arsina foi produzida a partir da transferência do hidrogênio ligado diretamente ao boro. Segundo os autores, caso o hidrogênio nascente estivesse envolvido no processo de geração do hidreto, o principal produto seria AsHnD3-n. 4.3. Transporte dos hidretos voláteis O transporte do hidreto ao sistema de detecção pode ser feito de duas maneiras: transferência direta ou coleta. Na transferência direta o hidreto é transportado para o atomizador com o auxílio do fluxo de um gás inerte, conhecido como gás carreador, e também com o auxílio do gás hidrogênio formado durante a geração do hidreto. Os gases inertes empregados são o nitrogênio e o argônio [74, 53]. Já na coleta, as espécies voláteis formadas são coletadas em armadilhas localizadas entre o frasco reacional e o atomizador, para posteriormente serem transportadas. Procedimentos envolvendo a coleta do hidreto foram muito utilizados quando os agentes redutores metal/ácido eram empregados. Estas reações 30 eram relativamente lentas, podendo levar alguns minutos. Assim, a coleta do hidreto e sua liberação ao sistema de medida produziam sinais maiores, devido à pré-concentração, e aumentando a reprodutibilidade [75]. 4.4 Atomização e mecanismo de atomização de hidretos Os atomizadores de hidreto têm como finalidade converter o hidreto do analito a seu átomo livre com o máximo de eficiência. Muitas técnicas de espectrometria atômica são acopladas a geração de hidretos, o que gera uma gama de possibilidades de atomizadores empregados. Dentre as técnicas, a mais amplamente acoplada à geração de hidretos é a Espectrometria de Absorção Atômica (AAS), a qual apresenta como possibilidades de atomizadores: a chama, o tubo de quartzo aquecido externamente, o tubo de quartzo com chama interna e o forno de grafite. A atomização em chama foi amplamente empregada quando se trabalhava com geração de hidretos. O hidreto gerado era diretamente introduzido em uma chama de ar-hidrogênio-argônio/nitrogênio, mas isso resultava em uma menor sensibilidade devido à diluição do hidreto nos gases da chama e em maiores limites de detecção devido à alta absorção de fundo e ruídos [53]. Desde sua introdução em 1972 por Chu e colaboradores [ 76 ], os atomizadores de tubo de quartzo tornaram-se os mais utilizados para determinação de metais por geração de hidreto. Estes tubos são confeccionados em forma de T, os quais são alinhados ao caminho óptico do aparelho [53,54]. Os tubos de quartzo podem ter aquecimento externo realizado por uma chama ou uma manta resistora e interno por uma chama de oxigênio-hidrogênio ou ar-hidrogênio gerada próxima à junção do braço central com a parte principal do tubo. Este sistema de atomização apresenta uma série de vantagens como alta sensibilidade, baixo ruído de fundo e limites de detecção adequados para determinação de diferentes espécies que geram hidreto [53, 77]. A atomização do hidreto em forno de grafite pode ser dividida em dois tipos: atomização direta, na qual o hidreto é transportado do frasco reacional para o forno de grafite, onde é imediatamente atomizado, e a atomização após 31 captura in situ do hidreto no forno. O sistema de atomização direta no forno de grafite apresenta uma menor sensibilidade quando comparado com a atomização após coleta in situ e a atomização com tubo de quartzo [54]. Elevadas temperaturas de plasmas e chamas permitem um mecanismo de atomização via decomposição térmica. Em tubos de quartzo, as temperaturas são relativamente baixas, menores que 1000 °C, assim, a atomização não deve ser provocada devido à decomposição térmica [53]. Acredita-se que a atomização dos hidretos gasosos no tubo de quartzo aquecido ocorre devido aos átomos de hidrogênio livres. Foi observado que o As não produz sinal de atomização quando a arsina é introduzida em uma célula de quartzo aquecida, em uma atmosfera contendo apenas o gás inerte [78]. O fato da influência do hidrogênio, na atomização do hidreto de As ser menor em temperaturas maiores no forno de grafite sugere que o mecanismo de atomização por decomposição térmica desempenha a principal função. Os mecanismos envolvidos na atomização da arsina, em atomizadores de tubo de quartzo, são dependentes da reação do hidreto com radical hidrogênio presente no interior do tubo, sendo necessário um suprimento de oxigênio [79]. Para a formação dos radicais hidrogênio, traços de oxigênio desempenham um papel fundamental, conforme é apresentado nas reações abaixo, descritas pelas equações 5 a 7. Equação 5: H + O2 OH + O Equação 6: O + H2 OH + H Equação 7: OH + H2 H2O + H Assim, a decomposição da arsina pela ação da temperatura e colisão com radicais hidrogênio, resultando em átomos livres em fase gasosa, pode ser descrito pela equação 8: Equação 8: AsH3 H AsH2 + H2 H H As + H AsH + H2 2 32 São diversas as vantagens atribuídas à geração química de vapor. O fato de, geralmente, apenas o analito formar a espécie volátil, previne possíveis interferências que poderiam ser causadas pela presença de concomitantes. Além disso, por ser um sistema de introdução mais eficiente do que aqueles baseados na nebulização pneumática convencional, sendo que o transporte da espécie volátil formada, embora dependendo do rendimento da reação, da eficiência da purga e do transporte ao atomizador, pode alcançar 100%. A elevada eficiência no transporte do analito proporciona uma maior sensibilidade, implicando em melhores limites de detecção, a níveis de µg/Kg a ng/Kg. O confinamento do vapor atômico no volume definido pela célula de quartzo aumenta a densidade de átomos no caminho óptico, assim como o tempo de residência, podendo a eficiência de atomização chegar a 100% [54, 80]. 4.5 Interferências Embora a geração de hidretos seja uma técnica na qual, diversas interferências de análise são eliminadas e/ou minimizadas, em alguns casos, algumas interferências podem ocorrer, podendo estar relacionadas a diferentes fases do processo (fase líquida, fase gasosa e interferências espectrais.). O primeiro grupo ocorre na fase líquida, durante a formação do hidreto ou durante a transferência do hidreto da solução, devido às mudanças de velocidade de formação do hidreto e/ou diminuição na eficiência de formação do hidreto [53]. A interferência na fase líquida pode ser causada pelo efeito da matriz ou por elementos de diferentes estados de oxidação. Neste último caso, a interferência acontece porque ocorre uma competição para a redução das diferentes espécies químicas, resultando numa baixa formação do hidreto. Neste caso, existe a necessidade de decompor completamente o material orgânico durante pré-tratamento da amostra que contém a espécie analítica de interesse. Uma decomposição incompleta da matéria orgânica resulta na formação de um excesso de espuma que pode reter algum hidreto formado [52, 53, 66]. 33 A interferência devido ao efeito da matriz ocorre quando a matriz afeta a eficiência da formação do hidreto. Neste caso, alguns ácidos inorgânicos (ácido nítrico e sulfúrico), usados em procedimentos de digestão da amostra, afetam drasticamente a formação do hidreto de interesse. A interferência destes ácidos é maior em atomizadores de tubos fechados do que em tubos de quartzo abertos. Para controle destas interferências na fase líquida, muitas propostas já foram e ainda estão sendo sugeridas. Dentre elas têm-se: a busca de uma condição que permita o mínimo de tempo de residência do hidreto formado na mistura reacional (matriz), o uso de agentes mascarantes, utilização de procedimentos de separação para remover os interferentes inorgânicos e otimização das condições críticas da concentração do ácido e do agente redutor, a fim de obter condições experimentais que permitam maiores razões interferente/analito nas determinações [53]. As interferências da fase gasosa podem ocorrer no volume morto do frasco de reação, na linha de transporte ou no atomizador. As interferências que ocorrem ao longo do transporte do hidreto, já liberado da solução para o atomizador, pode causar atraso e/ou perdas; as que ocorrem no processo de atomização estão relacionadas ao excesso de outro elemento formador de hidreto, o que traz como consequência, a diminuição do sinal analítico. Este tipo de interferência pode ser interpretado de duas maneiras: o interferente pode promover o declínio da concentração dos radicais H no interior do atomizador, ou acelerar o decaimento dos átomos livres do analito no atomizador, via reação analito-interferente, que podem resultar na formação de moléculas diatômicas estáveis [54]. As interferências espectrais promovem aumento do sinal analítico. Elas ocorrem quando o detector interpreta um sinal, que não o do analito, como se dele fosse. Podem ser causados pela presença de espécies atômicas que absorvam ou emitam radiação no mesmo comprimento de onda que o analito. Este tipo de interferência é muito raro na absorção e fluorescência atômica. Outra possibilidade de interferência é a presença de espécies moleculares ou partículas no caminho óptico que atenuem a radiação primária. Em se tratando de geração de hidretos, essas interferências são usualmente insignificantes, devido à separação do analito da matriz [54]. 34 Muitos procedimentos são utilizados para eliminar ou minimizar a interferência dos elementos tanto na fase líquida quanto na fase gasosa. O procedimento mais simples é aumentar a acidez do meio reacional. Outro procedimento é alterar a quantidade de NaBH4 [81]. Além disso, vários reagentes são usados para minimizar e eliminar o efeito dos interferentes. Na maioria dos casos são utilizados bases de Lewis, que podem funcionar como ligantes, sendo que alguns são agentes redutores ou complexantes, tais como: EDTA, KI [82], tiuréia [83], ácido ascórbico, KCN, 1,10-fenantrolina e L-cisteína. Outra maneira bastante eficiente para eliminar ou minimizar o efeito de interferentes é o uso de métodos de separação e pré-concentração. Gurkan e colaboradores empregaram a metodologia do ponto nuvem para separar e préconcentrar espécies de arsênio em amostras de água, para posterior quantificação por HG AAS [84]. Já Turker et al., utilizou a pré-concentração em fase sólida, usando um adsorvente hibrido de nano partículas de dióxido de zircônio e óxido de boro para especiação e determinação de As (III), As (V) e As total em amostras de água por HG AAS [85]. 5. A Espectrometria de Fluorescência Atômica A espectrometria de fluorescência atômica é amplamente empregada com a geração de hidretos. Este acoplamento constitui uma técnica analítica de relativa simplicidade e baixo custo. É muito sensível, seletiva para alguns elementos como: mercúrio, arsênio, selênio, bismuto, antimônio, telúrio, chumbo e cádmio, por isso o seu acoplamento com a geração de hidretos vem crescendo bastante nos últimos anos [86]. É uma técnica de análise elementar que envolve o uso de uma fonte de radiação com comprimento de onda característico para excitar átomos livres na forma de vapor a um nível de energia mais alto que o nível fundamental. A excitação dos átomos do analito é seguida por um processo de relaxamento, que envolve a emissão de radiação de fluorescência, de comprimento de onda igual ao fornecido pela fonte, portanto, a energia emitida como radiação 35 fluorescente pela amostra é proporcional à radiação ressonante absorvida por ela [86]. Na espectrometria de fluorescência atômica com geração de hidretos, o atomizador utilizado na decomposição do hidreto é uma chama de difusão, rica em radicais H, que atua facilitando o processo de atomização dos hidretos [86]. A instrumentação básica de um AFS é semelhante aos de AAS e AES, exceto que a fonte de luz e o detector são localizados em um ângulo reto, como mostra a figura 1. Consiste de uma fonte de radiação, um atomizador, um seletor de comprimento de onda e um detector [86]. A radiação emitida pela lâmpada de cátodo oco não deve alcançar o detector, pois este interpretaria a radiação emitida pela lâmpada como sinal analítico. O uso de filtros adequados, associado ao arranjo do equipamento, no qual a fonte emissora se encontra a 90º do detector, minimizam o espalhamento da radiação na célula de atomização [86]. O AFS oferece grandes vantagens em termos de linearidade e níveis de detecção, o que tem melhorado em função da qualidade das lâmpadas empregadas como fontes de excitação. Suas limitações, como espalhamento, supressão da fluorescência e emissão de fundo, dependem dos níveis de impurezas das amostras, mas a separação analito-matriz, inerente à geração de hidretos, favorece sua associação à detecção por fluorescência atômica [54, 86]. La Guardia e colaboradores (2011) desenvolveram um sistema não cromatográfico para determinação de Sb (III), Sb (V), Te (IV) e Te (VI) em amostras de cereais. O procedimento baseia-se na extração assistida por ultrassom e na determinação por espectrometria de fluorescência atômica acoplada com geração de hidretos (HG AFS) [87]. Wang and Zhang determinaram arsênio, bismuto, telúrio e selênio em amostras de solo utilizando um HG MC AFS (Espectrômetro de fluorescência atômica multi canal com geração de hidretos). Esse equipamento permitiu a determinação simultânea de todos esses analitos com boa precisão e baixos limites de detecção [88]. Campos et al. determinou arsênio total em água do mar, utilizando o HG AFS, eles conseguiram limite de detecção de 36 ng L -1, comprovando assim mais uma vez a sensibilidade da técnica [89]. 36 Leal e colaboradores acoplaram um sistema de injeção em fluxo ao HG AFS para determinação online de dimetilarsênio (DMA) e arsênio inorgânico total, a utilização de uma lâmpada UV permitiu a foto-oxidação online do DMA para posterior quantificação no HG AFS, o método proposto foi aplicado em diversas amostras de águas mostrando-se preciso, sensível e exato [90]. Figura 1: Representação esquemática do AFS (AURORA INSTRUMENTS) 6. Métodos de preparo de amostra O preparo de amostra é uma das etapas mais importantes de toda a sequência analítica, pois ela é responsável pelo maior custo e constituem a maior fonte de erros na sequência analítica [91]. Grande parte das técnicas analíticas requer que a amostra seja convertida em uma solução, devendo ser submetida a um tratamento adequado visando a determinação do(s) analito (s). Este tratamento pode variar desde um simples polimento da superfície de uma amostra, até a 37 completa transformação da amostra sólida em uma solução compatível com o método de determinação. A maneira de se decompor a amostra para a análise depende da sua natureza, do elemento a ser determinado e sua concentração, do método de determinação, e da precisão e exatidão desejada [91]. 6.1 Amostragem por suspensão Suspensão é um fluido heterogêneo contendo partículas dispersas com diâmetro maior que 1 µm. A fase sólida é dispersa no fluido por agitação mecânica. Nas suspensões, geralmente, ocorre a sedimentação das partículas quando o meio está em repouso e quando não são usados agentes estabilizantes [91] A amostragem por suspensão tem sido proposta como uma boa alternativa para o preparo de amostra quando comparada aos métodos de decomposição. Ela apresenta diversas vantagens, dentre as quais pode-se destacar: Diminuição do tempo de preparo das amostras; Menor consumo de ácidos concentrados; Menor possibilidade de perdas do analito pela formação de resíduos insolúveis ou por volatilização; Menor possibilidade de contaminação É bastante aplicável à determinação de elementos voláteis por abordagens de geração de vapor químico [91, 92]. Considerando as vantagens citadas, a amostragem de suspensão tem sido objeto de pesquisa para determinação de vários elementos acoplada à geração de vapor químico [93, 94, 95]. Entretanto, a precisão dos métodos analíticos envolvendo a amostragem de suspensão está intimamente relacionada com a homogeneidade da amostra analisada. Considerações sobre a homogeneidade da amostra é crucial para emprego desta técnica, porque a quantidade de amostra suspensa pode não ser representativa da composição real da amostra global [91,92] Vários métodos têm sido propostos para a determinação de arsênio considerando o método de amostragem de suspensão em matrizes sólidas 38 após uma etapa de geração de hidreto [92]. Essa abordagem foi aplicada com sucesso para a determinação de arsênio em diversas amostras sólidas por HG AAS. Desde então, vários métodos, usando amostragem de suspensão e geração de vapor químico, têm sido propostos [96], como a determinação de As, Sb, Se, Te, e Bi em leite por HG AFS [97], determinação de chumbo em sedimento e lodo de esgoto por HG-ICP OES [98] e determinação de arsênio em amostras de arroz integral, branco e parboilizado [99]. 6.1.1 Preparo das suspensões Vários fatores devem ser considerados quando se emprega a amostragem de suspensão, como: método de moagem; granulometria; solvente; particionamento do analito; massa da amostra e proporção de volume de diluente; reagentes estabilizantes e sistema de homogeneização da suspensão [92]. Vários métodos de moagem mecânica têm sido utilizados para o preparo de suspensões. A escolha do equipamento adequado depende das características da matriz, principalmente da sua dureza. Geralmente, as técnicas de moagem podem ser aplicadas a uma grande variedade de materiais, principalmente se a amostra for previamente submetida a uma etapa de secagem [91]. Em geral, os procedimentos de moagem convencional são apropriados para o preparo de suspensões de amostras de alimento que estejam na forma de pó ou que tenham sido secas antes da moagem, mas não são eficazes para redução do tamanho de partículas de alimentos com elevador teores de água, fibras e gorduras. Para essas matrizes o procedimento de moagem mais indicado é a moagem criogênica [91]. O tamanho das partículas tem papel decisivo na estabilidade das suspensões durante a aspiração, transporte ou introdução da amostra, assim como na eficiência da atomização. Os solventes empregados para o preparo das suspensões são componentes importantes, pois podem funcionar como diluentes extratores do elemento de interesse para a fase líquida, de modo que a eficiência da 39 transferência influencia para melhorar a exatidão e precisão do método [92, 100]. A quantidade de analito extraído das partículas para o solvente pode ser influenciado pela matriz da amostra, a natureza do analito, a interação entre o analito e a matriz, o tamanho das partículas, o tipo e a concentração do solvente e o tempo de exposição ao solvente. A seleção do solvente é comumente feita com base na matriz da amostra, características do analito e a técnica de detecção [92, 100]. A quantidade de amostra sólida e volume de diluente devem ser selecionados tendo em conta tanto a homogeneidade da amostra como o nível de concentração final do analito que possa ser quantificado. Com uma proporção adequada, entre massa e volume de diluente, para um determinado método analítico, uma relação linear da quantidade de suspensão da amostra contra o sinal analítico deve ser esperada. Entretanto, é importante afirmar que as suspensões com proporções diferentes entre massas de amostra e volumes de diluentes, podem fornecer resultados analíticos completamente diferentes [101, 102]. A amostragem em suspensão pode ser combinada com a maioria das técnicas espectroanalíticas, como FAAS, GFAAS, ICP OES, ICP-MS [103], HR CS FAAS, HG AFS [104] e CV AFS [105]. Lin e Jiang propuseram um método utilizando a amostragem em suspensão para determinação de As, Cd, Hg e Pb em ervas por ICP-MS [ 106 ]. Já Souza et al, utilizou a amostragem em suspensão como preparo para a amostra de adoçantes sólidos e determinaram Ca, Cd, Cu, Co, Fe, Mg, Mn, Na, Ni, Pb, Se e Zn, por ICP OES [107]. Bezerra e colaboradores desenvolveram a amostragem em suspenção para determinação de manganês e zinco em folhas de chá por FAAS [108]. Brandão et al propuseram um método baseado na amostragem em suspensão para determinação de ferro em leite em pó fortificado por HR CS FASS [109]. Já Aranda e colaboradores utilizaram a amostragem em suspensão para determinação de um elemento volátil (mercúrio) que é facilmente perdido nos procedimentos de preparo de amostras convencionais, em sangue humano e quantificação por CV AFS [110]. Um fator muito importante quando se fala de amostragem em suspenção é a avaliação das estratégias de calibração. 40 Em vários trabalhos utilizando amostragem de suspensão e empregando a geração de hidreto como estratégia para a introdução do analito no sistema de detecção, a técnica de calibração com padrões aquosos pôde ser empregada com êxito [111, 112, 113]. Em alguns trabalhos, padrões aquosos não puderam ser empregados para a calibração devido à interferência da matriz. Esta interferência é verificada pela diferença entre as inclinações das curvas com padrões aquosos e a técnica de adição de analito. Neste contexto, estratégias como calibração com adição de analito [114, 115], adição de analito e diluição isotópica [95], calibração com adição de padrão interno [116], foram empregadas para a quantificação de As por amostragem de suspensão e geração de hidreto, utilizando técnicas espectroanalíticas. 6.2 Decomposição da Matéria orgânica A maioria das técnicas analíticas empregadas para determinação elementar utiliza a introdução da amostra na forma de solução, na qual o analito esteja numa forma disponível para a determinação. Assim, em geral, devem-se utilizar procedimentos de preparo de amostra que levem a total ou parcial destruição da matéria orgânica existente em grandes proporções na maioria das matrizes de alimentos [117]. A decomposição pode ocorrer por via seca ou úmida, sendo a primeira também chamada de calcinação ou incineração e a segunda, comumente chamada de digestão. A digestão por via úmida pode ser realizada em sistemas fechados (forno de micro-ondas, bombas de digestão) e/ou em sistemas abertos (placa de aquecimento, bloco digestor) por um ácido ou pelas misturas de ácidos [118]. A digestão da amostra por via úmida em sistema aberto (à pressão atmosférica) é uma das técnicas mais antigas e usadas para a decomposição de matéria orgânica e inorgânica [119]. 6.2.1. Digestão por via úmida utilizando radiação micro-ondas A decomposição de matérias orgânicas por via úmida implica em aquecimento da amostra na presença de um ácido mineral oxidante 41 concentrado, de misturas de ácidos oxidantes, ou mistura de um ácido oxidante com peróxido de hidrogênio. Torna-se possível oxidar completamente a maioria das amostras, deixando os elementos a serem determinados na solução ácida em formas inorgânicas simples e apropriados para análise, se os ácidos forem suficientemente oxidantes, e se o aquecimento for feito a temperaturas elevadas durante um período de tempo adequado. A digestão assistida por micro-ondas em sistema fechado tem sido um dos métodos de preparo de amostra mais utilizados, principalmente quando se quer determinar elementos voláteis. Essa técnica apresenta diversas vantagens como: o tempo de digestão é reduzido, a quantidade de reagente utilizado é pequena, menor risco de contaminação da amostra. Dentre suas principais limitações estão: o tempo necessário para se resfriar os fracos, que podem levar horas, a limitação na quantidade de amostra a ser digerida [91]. 6.2.2. Decomposição por via úmida utilizando bloco digestor com “dedo frio” O preparo de amostra envolvendo o sistema de refluxo com “dedo frio” permite digerir amostras em bloco digestor para determinação de elementos voláteis, pois a perda dos elementos por volatilização é evitada devido a condensação provocada pelo sistema de refluxo formado pelo “dedo frio”. Essa técnica combina vantagens como: massas de amostras e volumes dos reagentes que não são críticos, ou seja, pode utilizar uma quantidade maior de amostra ou de reagentes sem risco de explosão e pode-se trabalhar com diversos tipos de amostras, tanto orgânicas como inorgânicas [120]. Os primeiros métodos de preparo de amostra envolvendo sistema de refluxo para condensação de espécies voláteis foram utilizando condensadores convencionais, apesar de altamente eficazes, mas não são práticos quando se tem um grande número de amostras para digerir. O dedo frio é um tubo de vidro em forma de dedo que é colocado sob o tubo de digestão (Figura 2). Água fria é colocada dentro do dedo frio para resfriar a parte superior do tubo digestor, provocando assim o refluxo e condensação das espécies voláteis evitando a perda por evaporação. Os ácidos utilizados na digestão, também são condensados, isso pode gerar uma 42 vantagem ou uma desvantagem, a vantagem é que poucos reagentes precisam ser adicionados porque é pouco consumido o que diminui o risco de contaminação e a desvantagem é que a solução resultante da digestão normalmente tem uma concentração elevada de ácidos. Esse inconveniente pode ser resolvido através de uma diluição da amostra quando possível, ou preparar a curva na mesma concentração das amostras [120]. Vários autores já utilizaram o sistema de refluxo com dedo frio para determinação de elementos voláteis e comprovando a eficiência do método. Como Ribeiro e colaboradores que utilizaram o dedo frio para preparar amostras biológicas e determinar mercúrio por CV AAS, ele atingiram uma temperatura máxima de 120º C, material de referência certificado foi analisado comprovando assim a exatidão e precisão do método proposto [121]. Ferreira et al., utilizou do sistema de refluxo com dedo frio para digerir amostras de vegetais e determinar chumbo por ETAAS, foi utilizado um material de referencia certificado de folhas de espinafre e o valor encontrado foi compatível ao do certificado. O método também se mostrou preciso com valores de RSD % abaixo de 4,27 [122]. Ribeiro et al., utilizou três procedimentos para preparar amostras de carne e quantificar Cd, Pb e Sn por GFAAS. Os procedimentos foram: digestão ácida utilizando o dedo frio, solubilização com hidróxido tetrametilamônio e ácido fórmico. Teste de adição e recuperação foi realizado assim também como análise de vários materiais de referência certificados de carne, e foi observado que os melhores resultados foram obtidos com as amostras submetidas à digestão ácida [123]. Ferreira e colaboradores propuseram um método direto para determinação de cádmio em vinho por GFAAS. Durante o processo de validação outro método de preparo de amostra foi utilizado, o sistema bloco digestor com dedo frio. O método de regressão linear foi utilizado para comparar os resultados obtidos com os dois métodos, os resultados demonstraram que não havia diferença significativa [124]. 43 Figura 2: Diagrama esquemático. a) dedo frio, b) tudo de digestão e c) dedo frio acoplado ao tubo de digestão [120]. 7. Otimização Multivariada A quimiometria é um ramo da Química que consiste na aplicação de métodos matemáticos e estatísticos em planejamento e otimização de procedimentos analíticos e na obtenção de resultados que sejam relevantes a partir das informações químicas obtidas. Um bom planejamento consiste em projetar um experimento de forma a obter-se exatamente o tipo de informação que se procura sobre o sistema estudado. Um planejamento fatorial completo pode ser utilizado quando se deseja avaliar (de maneira qualitativa ou quantitativa) a influência de variáveis sobre o sistema, enquanto que um planejamento fatorial fracionário pode ser usado apenas para uma triagem de variáveis em sistemas com muitas variáveis. Por isso é necessário, ao iniciar-se um planejamento, ter conhecimento preliminar das variáveis ou fatores e as respostas de interesse para o sistema que se deseja estudar [125]. O experimentado quando não tem noção de qual região experimental poderá fornecer os valores ótimos para as variáveis estudadas, o mesmo 44 poderá recorrer aos desenhos sequenciais que serão úteis para indicar a direção para futuros experimentos. Dentre os desenhos sequência podem ser usados o método simplex [126,127], o método da subida mais íngreme e o plano evolucionário de otimização (EVOP) [127]. Já os desenhos simultâneos fornecem a relação entre fatores e respostas por meio de combinação do desenho experimental, construção do modelo matemático e aplicação da metodologia da superfície de resposta (MSR) [128]. Nesta etapa de otimização, as técnicas mais utilizadas incluem o planejamento Doehlert [ 129 , 130 ], desenho composto central [131] e desenho Box-behnken [132]. 7.1 Planejamento Fatorial Completo O objetivo de um planejamento fatorial completo é identificar quais os fatores tem influência ou não sobre a resposta. Os fatores são as variáveis independentes a serem controladas no processo, podendo ser quantitativas ou qualitativas, e a resposta é a variável dependente que, em uma análise química, corresponde ao valor medido nos experimentos. Um planejamento fatorial completo realiza experimentos em todas as possíveis combinações dos níveis dos fatores. O mais simples envolve apenas dois níveis para cada fator e, nesse caso, são realizados 2k ensaios, onde k corresponde ao número de fatores [125]. Para a realização dos ensaios utiliza-se uma matriz de planejamento que descreve todas as combinações a serem estudadas. Nos planejamentos de dois níveis representam-se os níveis superiores e inferiores por sinais (+) e (-), respectivamente [125]. Um ponto central pode ser incluído com o valor médio dos níveis, sendo representado por zero (0). Assim, replicatas dos pontos centrais podem ser usadas para identificar relações não lineares no intervalo estudado e fornecer uma estimativa do erro experimental sem a necessidade de replicata de todo o experimento [133]. 45 7.2 Metodologia da Superfície de Resposta (MSR) A metodologia da superfície de resposta (MSR) é um conjunto de técnicas de otimização de experimentos que foi desenvolvida por G.E.P. Box na década de 1950 [134]. Esta metodologia consiste em um grupo de técnicas matemático-estatísticas utilizadas para análise e modelagem de problemas, no qual uma resposta particular é função de diversas variáveis objetivando otimizar esta resposta. Pode ser de duas etapas distintas: modelagem e deslocamento. Estas etapas podem ser repetidas quantas vezes forem necessárias, com o objetivo de atingir uma região ótima da superfície investigada [125]. A modelagem pode ser feita por ajuste de modelos simples (lineares ou quadráticos) às respostas obtidas com planejamentos fatoriais. O deslocamento segue o caminho da máxima inclinação de um determinado modelo, onde há um maior pronunciamento da resposta. 7.3 Matriz de Doehlert O planejamento por matriz de Doehlert foi aplicado em Química Analítica pela primeira vez para avaliação das melhores condições experimentais numa técnica de separação que envolvia uso de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Desde então há vários registros de sua aplicação para otimização envolvendo métodos espectrométricos, cromatográficos, eletroanalíticos, entre outras [135,136]. O planejamento utilizando matriz de Doehlert é um sistema de otimização de experimentos de segunda ordem que possui seus pontos distribuídos uniformemente por todo espaço experimental. Para duas variáveis, o desenho Doehlert consiste em um ponto central e seis pontos formando um hexágono regular. Neste tipo de desenho, o número de níveis não é o mesmo para todas as variáveis. Uma variável é estudada em cinco níveis enquanto a outra em apenas três níveis, como é mostrada na Figura 3. Vale ressaltar que nesse planejamento, as variáveis podem vim a ser estudadas em até sete níveis. Critérios diferentes podem ser usados para a escolha das variáveis, 46 como regra geral, escolhe-se a variável de maior efeito como o fator de cinco níveis para obtenção de maiores informações sobre o sistema [125, 127]. Figura 3: Distribuição dos pontos experimentais da matriz Doehlert representado por um hexágono regular com as coordenadas normalizadas, para otimização de duas variáveis. O desenho é definido considerando-se o número de variáveis e os valores codificados (Ci) da matriz experimental. A relação entre o valor codificado e o valor real é dada pela expressão: 𝐶𝑖 = | 𝑋𝑖 − 𝑋𝑖0 |𝐾 𝐶𝑋𝑖 Ci é o valor codificado para o fator i, Xi é o valor real no experimento, Xi0 é p valor real no ponto central no domínio experimental, ΔX i é o passo de variação (valor central – valor mínimo), e K é o limite do valor codificado para cada fator (1 e 0,866 para o primeiro e segundo fator, respectivamente). O 47 número de experimentos (N) é determinado por N= k2 + k + Co, onde k é o número de variáveis e Co é o número de pontos centrais [125]. A Tabela 5 apresenta uma matriz de Doehlert para dois fatores. Tabela 5: Matriz de Doehlert para duas variáveis (A e B) com um ponto central 1 2 3 4 5 6 7 A 0 1 0,5 -1 -0,5 0,5 -0,5 Variáveis Experimentais B 0 0 0,866 0 -0,866 -0,866 0,866 48 OBJETIVOS ____________________________________________________________ Desenvolver estratégias analíticas para a determinação de arsênio e selênio em amostras de alimentos empregando diferentes procedimentos de preparo de amostra com posterior determinação por HG AFS. Objetivos Específicos Desenvolver e validar procedimento analítico de preparo de amostra, empregando amostragem em suspensão, visando determinação de arsênio utilizando HG AFS em diversas amostras de arroz. Desenvolver e validar procedimento analítico de preparo de amostras de ovos utilizando bloco digestor com dedo frio visando à determinação de selênio por HG AFS. Desenvolver e validar procedimento analítico de preparo de amostra empregando bloco digestor com dedo frio para determinação de arsênio em amostras de atum e sardinha enlatados por HG AFS Avaliar as concentrações de arsênio e selênio em alimentos de consumo diário visando contribuir para tabela de composição de alimentos e segurança alimentar. Mostrar a eficiência e aplicabilidade da otimização multivariada na otimização das condições de pré-redução e geração dos hidretos de arsênio e selênio. 49 CAPITULO I ___________________________ Amostragem em suspensão e HG AFS para determinação de arsênio total em amostras de arroz. 50 INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) é uma planta da família das gramíneas que alimenta mais da metade da polução mundial. É a terceira maior cultura cerealífera do mundo, apenas ultrapassada pelo milho e trigo. É um cereal rico em hidratos de carbono. Para ser cultivado o arroz necessita de água em abundância, para manter a temperatura ambiente dentro de intervalos adequados [137]. O arroz é um importante componente da dieta básica brasileira, sendo o Brasil o mais importante produtor não asiático, com consumo da população de 32 kg de arroz por ano. Ele pode acumular quantidades consideráveis de elementos essenciais, mas também de elementos tóxicos, como arsênio (As) [138]. É mais eficiente na acumulação de metais do que outros cereais [139] devido às condições anaeróbias nos solos das plantações de arroz e da captação inadvertida e eficiente de arsênio através da via do ácido silícico do arroz. Por esta razão, o arroz é uma fonte importante de substâncias inorgânicas. O uso de água contaminada com arsênio leva ao acúmulo desse metal no solo e nos grãos de arroz. Em solos aeróbicos, a mobilidade do o As (V) é facilitada aumentando a absorção dessa espécie pelos grãos de arroz. O arroz contem tanto as formas inorgânicas de arsênio (III e o V) como as orgânicas, principalmente o ácido dimetilarsínico (DMA) [140, 141]. A depender da região de produção o arroz pode ter predominância maior de uma espécie ou outra de arsênio. Por exemplo, no arroz produzido na região asiática a predominância é de espécies inorgânicas, enquanto que no arroz produzido na Europa e nos EUA, as espécies orgânicas são as que predominam [142]. As formas de arsênio presentes em alimentos de origem terrestre, geralmente de origem inorgânica, não estão bem caracterizadas devido a sua ocorrência em concentrações muito baixas, da ordem de µg Kg -1. Na Índia, desde 1983, vêm sendo relatados casos de contaminação da água por arsênio. Em Bangladesh, estima-se que 300 000 pessoas de um total de 36 milhões já morreram de câncer devido à contaminação das águas por arsênio, cuja 51 concentração é superior a 2000 µg L-1. As águas contaminadas são usadas para consumo humano e para irrigar plantações; particularmente os arrozais. A concentração de arsênio encontrada em amostras de arroz foi de 4 a 8 mg Kg -1 e, nas áreas mais contaminadas, a concentração chegou a 83 mg Kg-1[143] . Nos Estados Unidos também têm ocorrido problemas de contaminação da água e de alimentos por arsênio. Como o caso que aconteceu em algumas regiões de Wisconsin, onde foi constatada a contaminação de plantações de arroz, sendo que as concentrações encontradas nestas plantações variaram em torno de 2 a 5 mg Kg-1 [144]. Dados os argumentos aqui apresentados, este trabalho pretendeu investigar a concentração total de arsênio em amostras de arroz (branco, integral e parboilizado) de diversas marcas comercializadas na cidade de Salvador, empregando a amostragem em suspensão como alternativa para simplificar o preparo de amostra e quantificação empregando o HG AFS. 52 EXPERIMENTAL ___________________________________________ 1. Instrumentação A intensidade de fluorescência do arsênio foi medida por um espectrômetro fluorescência Atômica (Modelo 3300 Lumina Aurora Biomed Inc - Canadá) com um forno de tubo de quartzo, como atomizador, e ignição automática. Argônio foi utilizado como gás de transporte. Lâmpadas de cátodo oco (HCL), de elevada intensidade, foram usadas como uma fonte de luz. As condições experimentais encontram-se resumidos na Tabela 6. As amostras foram trituradas em um moinho de facas (A-11 da IKA) e tamisadas em malha de 300 mesch. As suspensões foram sonicadas em um banho ultrassônico modelo USC -1850 (UNIQUE-Indaiatuba, SP - Brasil) com controlador de temperatura em frequência de 25 kHz e potência de 154 W. A digestão completa das amostras de arroz foi realizada utilizando-se um bloco digestor de 40 canais (Tecnal-Brasil), com termostato para controle da temperatura. 53 Tabela 6: Parâmetros operacionais do HG AFS empregados na determinação do arsênio. Parâmetros Corrente da Lâmpada (mA) 80 Comprimento de onda (nm) 193,7 Voltagem (V) Gás 400 argônio Pressão (psi) 30 Vazão do gás auxiliar (mL min-1) 800 Vazão do gás de arraste (mL min-1) 400 Rotação da bomba (rpm) 50 Fluxo da solução redutora (NaBH4) (mL min-1) 4 Altura do queimador (mm) 8 Tempo de integração do sinal (s) 10 2. Reagentes e soluções Todas as soluções foram preparadas usando água ultra pura, com resistência de 18,2 mohms cm-1. A água foi obtida a partir de um sistema de purificação de água Milli-Q da Millipore (Bedford, MA, EUA). Ácido nítrico e clorídrico de grau analítico da Merck (Darmstadt, Alemanha). As soluções padrão de arsênio III (1000 mg mL-1) foram obtidas por dissolução de quantidades apropriadas de Na3AsO3 (Sigma - St. Loius, MO, EUA) em ácido nítrico a 0,05 % (m v-1). Soluções de trabalho (0,5 a 10,0 µg L-1 de As (III)) foram preparadas diariamente nas mesmas condições das amostras. Uma solução de ácido clorídrico (6,0 mol L-1) foi preparada a partir de HCl concentrado (37%, v/v, Merck). O agente redutor utilizado foi uma solução de borohidreto de sódio 2 % (m v-1), que foi estabilizado com 0,5 % (m v-1) de hidróxido de sódio, que era preparada diariamente utilizando reagentes de grau analítico da Merck. O pré-redutor utilizado foi o iodeto de potássio, uma solução a 10 % (m v-1) em ácido ascórbico a 2% (m v-1) foi preparada por diluição do reagente da 54 Merck com água ultra pura. O material de referência certificado usado na avaliação de precisão foi NIES, farinha de arroz 10b SRM, que foi fornecido pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, Gaitersburgh, MD, EUA. Cada recipiente de plástico foi lavado com água da torneira e detergente extran e embebido numa solução de ácido nítrico a 10 % (v / v) durante 24 horas, e lavada três vezes com água deionizada antes de ser usado. 3. Amostras As amostras foram adquiridas em supermercados da cidade de salvador no mês de janeiro de 2011. Três tipos foram analisados: arroz branco, parboilizado e integral de diversas marcas. Também foram coletadas amostras de um arrozal na cidade de Propriá-Sergipe, duas de arroz branco (com casca e sem casca) e uma de arroz integral. As amostras foram trituras utilizando-se um liquidificador, tamisadas em malha de 300 mech e armazenadas em frascos de PVC previamente descontaminados e guardadas em dessecador. 4. Preparação das Suspensões e determinação de As por HG AFS As suspensões das amostras de arroz foram preparadas pela combinação de 200 mg de amostra, 5,0 mL de HNO3 2 mol L-1 em balões de 25,0 mL, imergindo em um banho de ultrassom por 30 minutos antes de se diluir para 25,0 mL com água Milli-Q. As soluções do branco analítico foram preparadas exatamente da mesma maneira. Uma alíquota de 5,0 ml da suspensão foi transferida para um balão volumétrico de 10 ml no qual foi adicionado 3 ml de ácido clorídrico 6 mol L-1 e 1,5 mL da solução de iodeto de potássio 10% (m v-1) em ácido ascórbico a 2%. A solução ficou em repouso durante 30 minutos e em seguida avolumada com água ultra pura. Esta suspensão levada para análise no HG AFS utilizando a solução de borohidreto de sódio NaBH4 2% (m v-1) como redutor. As curvas de calibração foram preparadas diariamente, com padrões aquosos (3,0 mL de HCl 6,0 mol L-1 e 1,5 mL da solução de pré-redução). 55 5. Digestão das amostras utilizando bloco digestor com “dedo frio” Cerca de 200 mg das amostras de arroz foram transferidas para tubos digestores de vidro, seguido da adição de 2,0 mL de HNO3 concentrado e 1 mL de peróxido de hidrogênio 30% (v/v). Os tubos foram tampados, usando o dedo frio contendo água em temperatura ambiente. Os tubos foram aquecidos até o ponto de ebulição do HNO3 (120 ° C) por 3 h. As soluções finais foram transferidas para balões volumétricos de 10,0 mL e os volumes completados com água ultra pura. O procedimento de análise para amostras digeridas foi o mesmo das suspensões, com a única diferença que foi tomada uma alíquota de 3 ml do digerido. 56 RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. Otimização das condições experimentais A otimização das condições experimentais se deu de forma univariada. Primeiro, foi estudado o efeito do tempo de sonicação, que foi variado entre 0 a 40 min. Houve a influência deste parâmetro sobre o sinal analítico obtido. Pode-se observar na Figura 4 que no tempo de 30 min obteve quase 100 % de extração do arsênio. Foi realizada comparação do extraído com os valores obtidos com as amostras digeridas. 120,0 % EXTRAÇÃO 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 0 10 20 30 40 50 TEMPO (min) Figura 4: Porcentagem de extração do arsênio no arroz branco em função do tempo de sonicação. 2. Escolha do extrator/solvente para determinação de arsênio utilizando amostragem em suspensão. O estudo foi realizado com três tipos de extratores: água, ácido nítrico e ácido clorídrico, os ácidos foram estudados em três diferentes concentrações e água à temperatura ambiente e aquecida a 70 º C. A resposta foi avaliada pela 57 intensidade gerada pelo equipamento. O extrator que se mostrou mais eficiente foi HNO3 na concentração de 2 mol L-1. Os resultados estão apresentados na Tabela 7. A porcentagem de extração foi calculada em comparação com os resultados das amostras digeridas. Tabela 7: Seleção do extrator/solvente para preparação das suspensões de amostras de arroz. Extrator Concentração (mol L-1) % Extração ou temperatura Ácido clorídrico Ácido nítrico Água 3. Investigação da 1 38 2 61 3 62 1 48 2 98 3 96 25º C 51 70º C 49 necessidade de introdução das partículas da suspensão no HG AFS Este estudo foi realizado para investigar a necessidade ou não de introdução das partículas no HG AFS. Primeiro, foram analisadas as amostras em suspensão. Em seguida, a mesma amostra após ser submetida ao procedimento de sonicação foi centrifugada e apenas o sobrenadante foi analisado. Os valores obtidos para a amostragem de suspensão foram mais elevados do que o valor obtido quando apenas a fase líquida, depois da centrifugação, foi introduzida no HG AFS, demonstrando assim que o processo de extração, nestas condições, não foi completo e por isso foi necessário utilizar a suspensão para a recuperação completa. Os resultados são mostrados na Tabela 8. 58 Tabela 8: Comparação entre amostragem em suspensão e extração das amostras de arroz para quantificação de arsênio (n=3) Amostras Amostragem RSD % Extração RSD % (µg g-1) suspensão (µg g-1) P1 0,20 ± 0,03 5,8 0,16 ± 0,03 8,6 B1 0,22 ± 0,04 4,8 0,20 ± 0,03 6,5 I3 0,34 ± 0,06 5,8 0,32 ± 0,05 5,8 I4 0,22 ± 0,02 4,1 0,17 ± 0,01 2,8 I5 0,20 ± 0,01 4,1 0,16 ± 0,01 1,1 P3 0,20 ± 0,01 2,4 0,21 ± 0,02 4,4 B6 0,27 ± 0,03 4,4 0,23 ± 0,01 4,0 4. Comparação entre o método proposto (amostragem em suspensão) e digestão ácida utilizando o sistema bloco digestor/dedo frio. Três amostras aleatórias foram submetidas aos dois procedimentos, a amostragem em suspensão e a digestão ácida utilizando o bloco digestor e o dedo frio. Todo o procedimento foi realizado no mesmo dia nas mesmas condições descritas na parte experimental. As amostras selecionadas foram uma de cada tipo de arroz (arroz branco, integral e parboilizado) e o material de referencia certificado de farinha de arroz (NIES 10b). Na Tabela 9 estão apresentados os resultados. A comparação estatística usando teste t pareado [145] (95% de confiança) não apresentou diferenças significativas entre os resultados obtidos pelos dois métodos, mostrando a concordância dos métodos de preparo de amostra utilizados neste trabalho. 59 Tabela 9: Comparação entre a amostragem em suspensão e digestão ácida para determinação de arsênio nas amostras de arroz (n=3). Amostras Suspenção RSD % Bloco digestor (µg g-1) RSD% (µg g-1) Arroz branco 0,26 ± 0,03 5,0 0,26 ± 0,02 3,8 Arroz 0,28 ± 0,03 4,5 0,23 ± 0,03 5,0 Arroz Integral 0,23 ± 0,01 2,2 0,24 ± 0,01 0,3 CRM 0,11 ± 0,01 2,7 0,12 ± 0,01 4,9 Parbolizado 5. Estudos de validação Para a determinação de arsênio por amostragem em suspensão usando cerca de 0,200 g de amostras de arroz, os limites de detecção e de quantificação (calculado de acordo com as recomendações da IUPAC) [165] foram de 0,0005 e 0,0017 µg g - 1, respectivamente. A precisão foi avaliada através da determinação do desvio padrão relativo (RSD %), foram de 0,3 e 5,9% para amostras de arroz que tinham conteúdos de arsênico de 0,12 e 0,47 µg g -1, respectivamente. A equação de calibração foi y = 109,71 [As µg L- 1] – 6,687 com um coeficiente de correlação (R) de 0,9995. A técnica de adição de analito foi utilizada para avaliar a exatidão do método e os efeitos da matriz. Esta técnica foi realizada por adição de arsênio em três amostras: arroz branco, parboilizado e integral, foram adicionados à concentração de 0,2 μg g-1 de arsênio. Os valores de recuperação variaram de 95 a 105%, mostrando assim que a calibração externa poderia ser utilizada. Também se confirmou a exatidão da análise empregando-se material de referência certificada de farinha de arroz (CRM NIES 10b). A concentração de arsênio no certificado foi de 0,11 µg g-1, e a concentração determinada pelo método proposto de: 0,12 ± 0,009 µg g -1, comprovando assim a exatidão do método proposto. 60 6. Aplicação O método proposto foi aplicado para determinar o teor de arsênio em vinte amostras de três tipos de arroz (branco, parboilizado e integral) de diversas marcas, adquiridas na cidade de Salvador-Ba. O teor de arsênio encontrado nas amostras variaram de 0,12 e 0,47 µg g-1. Foram realizado teste de adição/recuperação para cinco amostras e os valores de recuperação ficaram na faixa de 95 a 105%. Estes resultados, expressos com intervalos de 95% de confiança, são apresentados na Tabela 11. Tabela 10: Determinação de As total em amostras de arroz utilizando a amostragem em suspensão. (n = 3). Amostras B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 I1 I2 I3 I4 I5 BP* BPC* IP* Concentração (µg g-1) 0,19 ± 0,02 0,21 ± 0,02 0,28 ± 0,03 0,47 ± 0,04 0,31 ± 0,04 0,29 ± 0,02 0,13 ± 0,02 0,26 ± 0,02 0,12 ± 0,01 0,25 ± 0,01 0,23 ± 0,005 0,20 ± 0,003 0,28 ± 0,004 0,24 ± 0,002 0,23 ± 0,01 0,13 ± 0,01 0,23 ± 0,03 0,20 ± 0,02 0,22 ± 0,02 0,20 ± 0,01 0,16 ± 0,02 0,19 ± 0,03 0,27 ± 0,04 RSD % 4,5 3,4 3,8 0,4 4,7 3,3 5,9 3,8 3,3 2 0,8 0,7 0,5 0,3 2,3 3,7 5 3,5 4,1 4,1 3,9 4,2 4,9 *B: arroz branco; P: arroz parboilizado; I: arroz integral; BP: arroz branco de Propriá; BPC: arroz branco de Propriá com casca; IP: arroz integral de Propriá. 61 CONSIDERAÇOES FINAIS ______________________________________________ Neste trabalho a amostragem por suspensão demonstrou ser um procedimento de extração útil, especialmente dada à volatilidade das espécies de arsênio. Os três tipos de arroz (branco, parboilizado e marrom) analisados não apresentaram grande diferença nas concentrações de arsênico. O método proposto é preciso, exato e sensível para a determinação de arsênio em arroz. É oportuno, considerando a alta toxicidade deste metal e o grande consumo deste cereal na dieta humana. 62 CAPITULO II Desenvolvimento de método analítico para determinação de selênio em amostras de ovos (clara e gema) por HG AFS 63 INTRODUÇÃO A dieta é a principal fonte de selênio para o organismo, logo pode ser encontrado em alimentos como grãos (trigo integral e arroz integral), vísceras, peixes, frango, ovos e como principal fonte a castanha do Pará [146, 150]. Em muitos países, os níveis de selênio nos alimentos não são adequados e a deficiência deste na nutrição humana é um problema global. Estudos realizados ao longo dos últimos anos indicaram que o enriquecimento de alimentos de origem animal (principalmente leite, carne e ovos) com selênio, via suplementação de rações para animais, pode ser uma forma eficaz de aumentar a ingestão de selênio em países onde o consumo deste elemento está abaixo da dose diária recomendada (RDA) [147, 148]. O ovo é conhecido como um dos alimentos mais completos, pois possui uma rica fonte de nutrientes, ou seja, um excelente balanço de gorduras, carboidratos, minerais e vitaminas, e principalmente proteínas. Desse modo, ele é a segunda melhor fonte de proteína disponível para alimentação humana, perdendo somente para o leite materno. No entanto, é um meio ideal para o desenvolvimento de microrganismos patogênicos e por se tratar de um produto de origem animal, assim como a carne e seus derivados, é um alimento altamente perecível e que pode perder sua qualidade rapidamente [149]. Além de ser um alimento completo e equilibrado em nutrientes é uma fonte de proteína de baixo valor econômico, logo é um produto de fácil acesso para população podendo contribuir para melhorar a dieta de famílias de baixa renda. Além de ser um ingrediente de alta importância na culinária brasileira [150]. No Brasil, dados do IBGE apontam para um consumo per capita anual de 4,3 kg de ovos demonstrando que este alimento é amplamente consumido pela população [151]. Na otimização de um procedimento analítico há necessidade de ajustar as variáveis para estabelecer as melhores condições para a realização das análises. Este processo pode ser demorado e trabalhoso quando uma otimização univariada convencional é executada, outra desvantagem também é 64 não considerar as interações entre as variáveis, o que torna improvável a condição ideal [152]. O desenho experimental é uma importante ferramenta estatística e devido a sua simplicidade esta sendo cada vez mais utilizada pelos químicos analíticos para as diferentes amostras. Entre as suas vantagens, está a redução do número de experimentos necessários, o que resulta em menor consumo de reagentes e significativamente menos trabalho de laboratório [153,154]. Neste trabalho, o planejamento fatorial completo e a matriz Doehlert foram aplicadas para otimizar o processo de pré-redução e geração de hidretos para determinar selênio total em amostras de ovos por HG AFS. 65 EXPERIMENTAL _______________________________________________________ 1. Instrumental Balança analítica Liofilizador Modulyo D, Thermo Scientific, USA. Milli-Q System, Millipore, Bedford, MD, USA Espectrômetro de Fluorescência Atômica acoplado ao gerador de hidretos, Aurora Instruments, Mod. Lumina 3300, USA; Bloco digestor, Tecnal, Brasil, mod. TE-007 MP; Capela de fluxo laminar Espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) Os parâmetros operacionais do espectrômetro de fluorescência atômica para a determinação de selênio total são apresentados na Tabela 11 e do ICP MS na Tabela 12. Tabela 11: Parâmetros operacionais do HG AFS para determinação de Selênio Parâmetros Corrente da Lâmpada (mA) 100 Voltagem (V) 420 Comprimento de onda da lâmpada (nm) 196 Gás argônio Pressão (psi) 30 Vazão do gás auxiliar (mL min-1) 800 Vazão do gás de arraste (mL min-1) 400 Rotação da bomba (rpm) 50 Fluxo da solução redutora (NaBH4) (mL min-1) 4 Altura do queimador (mm) 8 Tempo de integração do sinal (s) 10 66 Tabela 12: Parâmetros operacionais do ICP-MS para determinação de Selênio Parâmetros Valores Potencia incidente (W) 1310 Fluxo argônio nebulizador (L min-1) 0,87 Fluxo argônio plasma (L min-1) 13,0 Fluxo argônio auxiliar (L min-1) 0,7 Modo de análise Peak jump Sweeps 100 Dwell Time (ms) 10 Fluxo gás CCT (mL min-1) 6,5 Isótopos 78 e 80 LD 0,036 LQ 0,119 2. Reagentes e soluções Brometo de potássio Ácido nítrico 65 % (m/m) Peróxido de hidrogênio 30 % (v/v) Ácido clorídrico 12 mol L-1 Borohidreto de sódio Hidróxido de sódio Água ultra pura Solução padrão de Se (IV) 1000 mg L-1 Todos os reagentes utilizados nesse trabalho foram de grau analítico, da marca Merck, e todas as soluções foram preparadas em água ultra pura, obtido através de um sistema ultra purificador (Milli-Q System, Millipore, Bedford, MD, USA). Todas as vidrarias utilizadas no preparo das amostras foram inicialmente lavadas com detergente Extran, e, em seguida, mantidos em banho de HNO3 10% (v v-1) por um período mínimo de 24 horas. 67 A solução padrão estoque de selênio (IV) 1000 mg L-1, utilizada no preparo da curva de calibração e dos testes de adição e recuperação, foi preparada utilizando NaSeO3 e água ultrapura. Soluções de trabalho (0,5 a 10,0 µg L-1 de Se (IV) foram preparadas diariamente nas mesmas condições das amostras. A solução de HCl 6,0 mol L-1 foi preparada a partir de solução de HCl 12,0 mol L-1 e água ultra pura. As soluções de KBr 10% (m v-1) e de NaBH4 2% (m v-1) em NaOH 0,5% (m v-1) também foram preparadas após da diluição em água ultra pura. 3. Amostras As amostras foram adquiridas em feiras e supermercados da cidade de Salvador em outubro de 2011. Foram escolhidos quatro tipos de ovos, ovos de galinha (vermelho e branco), ovos de codorna e ovos de pata. As amostras foram separadas em três categorias: gema, clara e mistura (gema e clara). Foram acondicionadas em recipientes plásticos e levadas ao freezer por dois dias, após esse período foram liofilizadas por 3 dias. A moagem foi realizada utilizando-se grau e pistilo, não sendo necessária a utilização de moinho. As amostras foram peneirados em malha de 300 mesh e acondicionados em dessecador até o momento da análise. 3.1 Digestão das amostras Após a etapa de pré-tratamento, pesou-se em triplicata cerca de 0,200 g das amostras em tubos de digestão, sendo em seguida adicionado 2 mL de ácido nítrico 14 mol L-1. A cada tubo de digestão, foi acoplado um condensador, denominado “dedo-frio”, acoplado na parte superior do tubo de digestão. Nesse condensador é adicionado água ultra-pura, e durante o processo de digestão da amostra, esse sistema de refluxo impede a perda de espécies voláteis de selênio. A digestão foi realizada em um período de aproximadamente 3 horas, numa faixa de temperatura compreendida entre 120-140° C, aumentada de forma gradual. Após o início da ebulição, foram adicionados 0,5 mL de H2O2, de maneira vagarosa, mais 0,5 mL de H2O2, trinta minutos após, visando, 68 dessa maneira, potencializar a degradação da matéria-orgânica. Ao final da digestão 1 mL de HCl 6 mol L-1 foi adicionado, para obtenção de melhores resultados na geração de hidretos. Após a etapa de digestão, os digeridos foram transferidos para balões volumétricos de 10 mL, sendo posteriormente aferidos com água ultra-pura e acondicionados em geladeira até o momento da análise. 4. Otimização Multivariada da pré-redução e geração do hidreto de selênio Planejamento fatorial e desenho Doehlert foram aplicados para otimizar a pré-redução e a geração de hidreto para determinação de selênio em ovos. O planejamento fatorial completo em dois níveis foi utilizado para avaliar os efeitos de quatro variáveis. O software Statistic 7.0 foi utilizado para processar os resultados. As variáveis estudadas foram: tempo de pré-redução (10 e 30 min.), volume do pré-redutor KBr 10 % (m v-1) (1,0 e 2,0 mL), concentração do HCl (3,0 e 6,0 mol L-1) e concentração do NaBH4 (1 e 4 % m/v). O número total de experimentos exigidos por este método foi dado pela equação: nK=24=16. Para avaliar o erro experimental, as medições do ponto central foram repetidas três vezes, aumentando o número total de experimentos para dezenove. Os resultados obtidos através do planejamento fatorial foram avaliados, e as variáveis estatisticamente significativas bem como as interações com maior influência no sistema foram determinadas e otimizadas pela metodologia de superfície de resposta, aplicando-se a matriz de Doehlert. As variáveis estudadas foram: concentração de ácido clorídrico em cinco níveis e concentração de borohidreto de sódio em três níveis. 5. Etapa de pré-redução Após a digestão das amostras, estas foram submetidas a uma etapa de pré-redução, tendo em vista que após o processo de digestão toda espécie de Se contida na amostra é oxidada a Se6+, espécie esta que não gera hidreto, havendo a necessidade, portanto, da redução do Se6+ a Se4+. 69 Para a pré-redução do Se, foi adicionado 1,0 mL do digerido em um balão volumétrico de 10 mL, adicionando em seguida 3,0 mL de HCl 6,0 mol L-1 e 1,0 mL de KBr a 10% (m v-1). Após a adição dos reagentes, a solução permaneceu em repouso por um período de 10 minutos, tempo necessário para a conversão do Se6+ em Se4+, aferindo o balão volumétrico com água ultra-pura, e submetendo em seguida a amostra à análise. 70 RESULTADOS E DISCUSSÃO _____________________________________________________ 1. Otimização multivariada do sistema proposto para a geração de hidreto A otimização foi conduzida utilizando-se 10,0 mL de uma solução 5,0 µg L-1 de Se (IV) e os experimentos foram realizados em ordem aleatória. 1.1. Planejamento Fatorial Um planejamento fatorial completo (24) foi empregado para avaliar o nível de significância dos fatores. Os domínios experimentais para cada fator foram definidos com base em dados da literatura. Valores codificados e sinais analíticos (intensidade) estão apresentados na Tabela 13. Através do gráfico de pareto observou-se que a interação entre concentração de ácido clorídrico e concentração de borohidreto de sódio foram significativa (p <0,05) para o processo de pré-redução e geração de hidreto do selênio (Figura 5). Esses fatores foram investigados usando a matriz Doehlert. Os níveis em que foi estudado cada variável foram baseados nos experimentos realizados para o planejamento fatorial. 71 Tabela 13: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização do processo de geração do hidreto de selênio Experimentos TR* (min) 1 - [HCl]* (mol L-1) - [NaBH4]* (%) - V. KBr* (mL) - Int. sinal* 2 + - - - 42,5 3 - + - - 35,6 4 + + - - 38, 2 5 - - + - 15,1 6 + - + - 12,6 7 - + + - 55,0 8 + + + - 64,6 9 - - - + 59,7 10 + - - + 36,2 11 _ + - + 25,1 12 + + - + 33,4 13 - - + + 27,1 14 + - + + 34,4 15 - + + + 40,6 16 + + + + 57,1 17 0 0 0 0 67,9 18 0 0 0 0 61,1 19 0 0 0 0 65,6 50,6 *TR: tempo de pré-redução; Vol KI: volume de pré-redutos; [HCl]: concentração de HCl e [NaBH4]: concentração de borohidreto de sódio. 72 2e3 3,01 2e4 - 1,12 (2) [HCl] 1,16 1e2 1,03 1e3 0,84 3e4 (3) [NaBH4] (1) T R 0,40 - 0,24 0,16 1e4 0,11 (4) KBr -0,009 p = 0,05 Estimativa dos Efeitos Figura 5: Gráfico de pareto da otimização da geração de hidreto de selênio. 1.2 Planejamento Doehlert Com base nos resultados do planejamento fatorial a matriz Doehlert foi realizada a fim de ajustar um modelo quadrático para os dados e identificar as condições ótimas para o procedimento [155]. A matriz é apresentada na Tabela 14, que inclui as três repetições do ponto central para avaliar o erro experimental, resultando em nove experimentos no total. A concentração de ácido clorídrico foi estudada em cinco níveis, enquanto que a concentração de borohidreto de sódio foi estudada em três níveis. 73 Tabela 14: Matrix Doehlert para otimização da geração de hidreto de selênio. Exp. [HCl]* (mol L-1) [NaBH4]* (%) Int. sinal* 1 - 0.5 (4.5)* 0.866 (4.0)* 35,4 2 0.5 (5.5) 0.866 (4.0) 12,8 3 1.0 (6.0) 0 (3.0) 122,6 4 0.5 (5.5) - 0.866 (2.0) 97,6 5 - 0.5 (4.5) - 0.866 (2.0) 90,8 6 -1.0 (4.0) 0 (3.0) 83,8 7 0 (5.0) 0 (3.0) 113,8 8 0 (5.0) 0 (3.0) 132,9 9 0 (5.0) 0 (3.0) 128,1 * Valores reais Os resultados deste planejamento também foram avaliados e um modelo quadrático foi obtido (Equação 4) usando os valores codificados para as variáveis: concentração de ácido clorídrico ([HCl]) e a concentração de borohidreto de sódio ([NaBH4]) Equação 4: R= 1128.40 + 271.73[HCl] – 21,73[HCl]2 + 400,55[NaBH4] – 60.35[NaBH4]2 – 14.71[HCl][NaBH4] Os valores críticos encontrados através da equação 4 foram: concentração de ácido clorídrico 5,3 mol L-1 e concentração de borohidreto de sódio 2,6 % (m v-1). Esses valores foram calculados conforme descritos na literatura [155]. A superfície de resposta está apresentada na Figura 6, onde pode observar uma região de máximo. A avaliação do modelo quadrático ajustado aos dados experimentais foi feito por meio do teste de falta de ajuste. Se o valor de p for maior que 0,05 significa que o modelo matemático de segunda ordem descreve perfeitamente o domínio experimental estudado. Na Tabela 15 é apresentado a ANOVA para os dados obtidos pela aplicação da matriz de Doehlert na otimização da 74 concentração do ácido clorídrico e do borohidreto de sódio. O valor de p para a falta de ajuste é igual a 0,347819, o que significa que os dados obtidos estão sendo satisfatoriamente descritos. Através da análise do gráfico dos valores preditos versus os valores observados pode-se verificar que houve concordância dos valores observados em relação aos valores que o modelo quadrático prevê (Figura 7). Tabela 15: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes á tabela 14. Fator (1) HCl (L) SS 318,27 HCl (Q) 566,81 (2)NaBH4 (L) 4914,01 NaBH4 (Q) 7769,86 1L x 2L 216,09 Falta de ajuste 694,31 SQ Total 13952,30 df 1 1 1 1 1 3 8 MS 318,270 566,805 4914,010 7769,861 216,090 231,436 F 1,37520 2,44908 21,23274 33,57246 0,93369 P 0,325564 0,215558 0,019223 0,010228 0,405182 0,347819 Figura 6: Superfície de resposta da otimização da geração de hidreto do selênio. 75 140 120 Valores preditos 100 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Valores Observados Figura 7: Gráfico dos valores preditos X valores observados para geração do hidreto de selênio 2. Validação do Método Os pontos da curva de calibração foram preparados a partir de uma solução padrão de Se4+ 1000 mg L-1. A curva de calibração foi construída utilizando-se 7 pontos, cujas concentrações variaram de 0,5 μg L -1 a 10 μg L-1. A curva de calibração analítica apresentou boa linearidade com valor de R 2 = 0,9994 e inclinação da curva representada pela equação y = 206,09x + 12,494. Os limites de detecção (3 sd/S) e de quantificação (10 sd/S) calculados como recomendado pela IUPAC [ 156 ] e foram: 0,03 e 0,1 ng g-1, respectivamente, para Se total, mostrando-se adequado para a determinação de selênio em amostras de ovos. A precisão (RSD) do método proposto foi avaliada em termos de reprodutibilidade dos resultados analíticos. O RSD variou de 0,9 a 4,7% demonstrando boa repetibilidade. Um material de referência padrão do tecido de ostra (NIST SRM 1566b) foi analisado para avaliar a exatidão do método. As concentrações médias dos analitos são apresentadas na Tabela 16. O teste estatístico não apresentou 76 diferenças significativas ao nível de confiança de 95% entre os valores médios de selênio. A exatidão do método proposto também foi verificada por meio de testes de adição e de recuperação em duas concentrações: 10 e 40 µg L-1e os resultados variaram entre 96 a 107%. Tabela 16: Resultados para determinação de Se no material de referência certificado de tecido de ostra empregando o método proposto (mg kg-1, n=3). Amostra CRM – Tecido de Ostra Valor Certificado 2,06 ± 0,15 Valor Encontrado 2,10 ± 0,20 RSD (%) 4,0 NIST® 1566b As amostras também foram analisadas no Espectrômetro de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), mostrando a concordância de resultados (Tabela 18), confirmado pelo teste t a 95% de confiança, atestando a confiabilidade do método proposto. 3. Aplicação do método desenvolvido O método proposto foi utilizado para determinar o Se em amostras de ovos e os resultados para as quatro amostras, separados em três categorias (clara, gema e inteiro), são apresentadas na Tabela 17. As concentrações mínimas e máximas foram de 0,35 ± 0,01 e 0,88 ± 0,03 mg g-1, para clara do ovo de codorna e gema de ovo vermelho, respectivamente. Na maioria das amostras se observou que as concentrações mais elevadas de selênio são na gema. 77 Tabela 17: Concentração de Se nas amostras de ovos por HG AFS e ICP-MS. Amostras HG AFS ([µg g-1] ± IC* ) RSD (%) ICP-MS ([µg g-1] ± IC ) RSD (%) Clara 0,42 ± 0,04 4,3 0,43 ± 0,07 3,8 Gema 0,72 ± 0,03 1,5 0,70 ± 0,09 4,2 Inteiro 0,48 ± 0,01 1,1 0,49 ± 0,08 3,2 Clara 0,47 ± 0,04 3,9 0,45 ± 0,09 4,3 Gema 0,88 ± 0,03 1,1 0,87 ± 0,07 2,1 Inteiro 0,73 ± 0,08 4,7 0,74 ± 0,02 1,3 Clara 0,43 ± 0,07 3,9 0,40 ± 0,07 1,0 Gema 0,64 ± 0,01 0,9 0,66 ± 0,09 4,5 Inteiro 0,57 ± 0,05 3,7 0,55 ± 0,08 3,7 Clara 0,35 ± 0,01 1,6 0,34 ± 0,06 2,4 Gema 0,84 ± 0,01 0,3 0,82 ± 0,09 5,0 Inteiro 0,67 ± 0,04 2,2 0,65 ± 0,03 3,8 Ovo branco Ovo vermelho Ovo de Pata Ovo de codorna * Intervalo de confiança (n=3) 78 CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________________________________ O método de digestão em bloco, com a utilização do sistema de refluxo “dedo-frio” apresentou-se eficiente, prevenindo contaminação externa e impedindo a perda de espécies voláteis de selênio durante o processo de digestão, o que pôde ser evidenciado com a validação do método. A otimização multivariada demonstrou ser um instrumento adequado para a otimização do processo de pré-redução e geração de hidretos de selênio para determinação em ovos. A alta sensibilidade, faixa linear, velocidade analítica, facilidade de manuseio do equipamento e custo relativamente baixo, demonstrou a viabilidade da determinação de selênio total em amostras de ovos pela espectrometria de fluorescência atômica com geração de hidretos (HG-AFS). 79 CAPITULO III ____________________________________________________________________________ Determinação de arsênio total em amostras de atum e sardinha enlatados por HG AFS 80 INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________________ Os organismos marinhos tendem a acumular mais arsênio do que aqueles que vivem em ambientes de água doce ou terrestres, pois absorvem arsenato da água do mar, devido sua similaridade estrutural ao fosfato essencial [ 157 ]. No ambiente marinho, as principais formas de arsênio inorgânico encontradas são arsênito (As3+) e arsenato (As5+). Dentre as formas orgânicas presentes monometilarsônico estão (MMA), a arsenobetaína, ácido dimetilarsênico, arsenocolina, ácido dimetil-arsinl-ribosídeo, dentre outras[158]. Os organismos marinhos apresentam grandes quantidades deste elemento na forma orgânica, sendo a arsenobetaina a mais abundante em peixes, carangueijos, lagosta e camarões [159]. Li e colaboradores verificaram as concentrações de As total e de outras formas químicas desse elemento em peixes da China e observaram que a arsenobetaína representou a maior fração do As total extraído. Estudos mostram que esta forma orgânica do arsênio é relativamente estável, não apresentando toxicidade aos seres humanos, sendo excretado através da urina [160]. Desconsiderando o eventual consumo de água contaminada com arsênio, a principal forma de ingestão desse elemento pelos seres humanos é pelo consumo de produtos de origem marinha, principalmente peixes, que compõem cerca de 90 % de todo o arsênio consumido [161, 162]. De acordo com WHO, 2000, a ingestão de arsênio pela população japonesa é maior do que na Europa e nos Estudos Unidos, por exemplo, devido ao fato da dieta oriental ser rica em alimentos de origem marinha. Olmedo e colaboradores determinaram arsênio em diversos alimentos de origem marinha, como: peixes frescos, enlatados e congelados, e em mariscos. As amostras foram mineralizadas em forno de micro-ondas e quantificadas por GF AAS, sendo que a maior concentração de arsênio foi encontrado em camarões frescos e congelado. Eles concluíram que o consumo de peixe e crustáceos é seguro, mas que se esse consumo for excessivo, pode 81 acarretar contaminação. Foram encontradas concentrações de 0,561 µg g-1 de arsênio na sardinha [163]. Alguns organoarsênicos (como a arsenobetaina) mostram uma extraordinária estabilidade química, pois nesses compostos o arsênio está ligado ao carbono, o que impede a formação de hidretos voláteis. Para converter todo o arsênio dessas espécies em arsênio livre para a formação de hidretos voláteis é necessário se fazer a quebra da ligação C-As, e para isso a eficiência do preparo de amostra é de grande importância para a determinação precisa de arsênio nas amostras [160,162]. Em função dos argumentos apresentados, este trabalho buscou estabelecer condições adequadas para determinação de arsênio total em amostras de atum e sardinha enlatados por HG AFS. Os estudos envolveram sistemas por geração de hidreto após preparo das amostras empregando decomposição em bloco digestor e em forno de micro-ondas. 82 EXPERIMENTAL _____________________________________________________________________________ 1. Instrumentação As digestões das amostras usando sistemas condutivos abertos foram efetuadas empregando-se bloco digestor (TECNAL, São Paulo, Brasil), modelo TE-040/25 com controlador de temperatura analógico e capacidade para 40 tubos micro em borossilicato com dimensões de 25 x 250 mm. Os procedimentos de digestão em fornos de micro-ondas foram conduzidos em um forno com cavidade modelo Ethos EZ (Milestone, Sorisole, Itália), que possui rotor para 10 frascos de 100 mL confeccionados em TFM ® (PTFE modificado) e opera sob altas temperaturas e pressões. Esse sistema permite o acoplamento de sensores de temperatura e pressão que possibilitam o acompanhamento do sistema de digestão e promovem maior segurança operacional. As soluções obtidas após digestão, para todos os procedimentos de preparo de amostra utilizados, foram transferidas para frascos de polietileno de 50,0 ou 15,0 mL. Para a determinação do analito foi empregado Espectrômetro de fluorescência atômica com geração de hidretos (HG AFS) Aurora modelo AI 3300 (Vancouver, British Columbia, Canadá) com Software (AI 3300 control). Uma lâmpada de catodo oco foi usada como fonte de radiação. Os parâmetros operacionais do espectrômetro de fluorescência atômica para a determinação de arsênio total são apresentados na Tabela 12. 2. Reagentes e soluções As soluções padrão de arsênio III (1000 mg mL -1) foram obtidas por diluição de quantidades apropriadas de Na3AsO3 (Sigma - St. Loius, MO, EUA) em ácido nítrico a 0,05 % (m v-1). Soluções de trabalho (0,5 a 10,0 µg L-1 de As (III)) foram preparadas diariamente nas mesmas condições das amostras. Uma 83 solução de ácido clorídrico (6,0 mol L-1) foi preparada a partir de HCl concentrado (37%, (v v-1), Merck). O agente redutor utilizado foi uma solução de borohidreto de sódio 2 % (m v-1), que foi estabilizado com 0,5 % (m v-1) de hidróxido de sódio, que foi preparada diariamente utilizando-se reagentes de grau analítico da Merck. O pré-redutor utilizado foi o iodeto de potássio, uma solução a 10 % (m v-1) em ácido ascórbico 2% (m v-1) preparada por diluição do reagente da Merck com água ultra-pura. Todas as soluções foram preparadas com reagentes de grau analítico e água ultrapura, com resistividade específica de 18,2 MΩ cm-1, de um sistema de purificação Milli-Q® (Millipore, Bedford, MA, USA). Foram utilizados os seguintes reagentes: ácido nítrico 65% (m m-1) (Merck, Alemanha), ácido sulfúrico 98% (Merck, Alemanha) e peróxido de hidrogênio 30% v v-1 (Merck, Alemanha). A descontaminação de vidrarias, frascos plásticos e materiais em geral, foi realizada em banho ácido contendo HNO3 10% v v-1, por no mínimo 12 h. Posteriormente, os materiais foram lavados abundantemente com água deionizada. Quando necessário, os frascos de TFM®, utilizados no forno de micro-ondas com cavidade, eram submetidos à descontaminação em estufa a 180 º C por 3 h. 3. Amostras e material de referência certificado As amostras foram adquiridas em supermercados da cidade de Salvador em abril de 2013. Apesar de comercializadas em Salvador a origem das amostras é variada, sendo proveniente de outros estados do país. Foram adquiridas 21 amostras de sardinha e atum enlatados de 10 marcas diferentes e três tipos de conservas (óleo, molho de tomate e molho de ervas). O peixe foi separado da conserva utilizando peneiras plásticas devidamente descontaminadas e armazenado em recipientes plásticos e congelados por 2 dias para serem submetidos à liofilização por mais 3 dias e tamisadas em malha de 300 mesh. As amostras foram mantidas em dessecador até o momento da análise. As conservas foram armazenas em 84 recipientes devidamente descontaminados e mantidos no freezer até o momento da análise. Foi utilizado um material de referência certificado de tecido de ostra NIST 1566 b (Gaithersburg, Maryland, USA), para avaliar a exatidão dos procedimentos analíticos propostos. 4. Procedimentos para digestão das amostras 4.2 Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em bloco digestor com dedo frio Após a etapa de pré-tratamento, pesou-se em triplicata 0,2 g das amostras em tubos de digestão, sendo em seguida adicionado 2 mL de ácido nítrico 14 mol L-1. A cada tubo de digestão, foi acoplado um condensador, denominado “dedo-frio”, acoplado na parte superior do tubo de digestão. Nesse condensador é adicionado água, e durante o processo de digestão da amostra, esse sistema de refluxo impede a perda de espécies voláteis de arsênio e potencializa o processo de decomposição da matéria orgânica. A digestão foi realizada por um período de aproximadamente 3 horas, numa faixa de temperatura compreendida entre 120-140° C, aumentada de forma gradual. Após o início da ebulição, foi adicionado 0,5 mL de H2O2, de maneira vagarosa, sendo adicionado mais 0,5 mL de H2O2, 30 minutos após a primeira adição, visando, dessa maneira, potencializar a degradação da matéria-orgânica. Ao final da digestão 1 mL de HCl 6 mol L -1 foi adicionado, para obtenção de melhores resultados na geração de hidretos. A digestão das conservas procedeu da mesma forma, sendo utilizado 1 mL da amostra na digestão. Conservas mais oleosas demoravam mais a serem digeridas, cerca de 4 horas. Após a etapa de digestão, os digeridos foram transferidos para balões volumétricos de 10 mL, sendo posteriormente aferidos com água ultra-pura e acondicionados em geladeira até o momento da análise. 85 4.2. Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em forno de micro ondas Foram pesadas cerca de 200 mg de amostra diretamente nos frascos de PTFE do forno de micro-ondas com cavidade. Antes de iniciar o programa de aquecimento foram adicionados 4,0 mL de HNO3 concentrado, 1 mL de peróxido de hidrogênio 30% v v-1. e 3,0 mL de água ultra-pura. Os frascos foram selados e colocados dentro da cavidade e o programa de aquecimento usado está descrito na Tabela 18. Os digeridos foram aferidos com água ultrapura até 20,0 mL. Tabela 18. Programa de aquecimento em forno de micro-ondas com cavidade Etapa t (min) P (W) Texterna (°C) 1 4 750 90 2 2 750 90 3 6 1000 180 4 10 1000 180 Ventilação 10 - - 5. Otimização Multivariada da pré-redução e geração do hidreto de arsênio Planejamento fatorial e desenho Doehlert foram aplicados para otimizar a pré-redução e a geração de hidreto para determinação de arsênio nas amostras de atum e sardinha. O planejamento fatorial foi utilizado para avaliar os efeitos de quatro variáveis, em dois níveis, o software Statistic 7.0 foi utilizado para processar os resultados. As variáveis estudadas foram: tempo de pré-redução (10 e 40 min.), volume do pré-redutor KI (1,0 e 2,0 mL), concentração do HCl (3,0 e 6,0 mol L-1) e concentração do NaBH4 (1 e 4 % m v1). O número total de experimentos exigidos por este método foi dado pela equação: nK=24=16. Para avaliar o erro experimental, as medições do ponto central foram repetidas três vezes, aumentando o número total de experimentos para 19. 86 Os resultados obtidos pelo planejamento fatorial foram avaliados, e as variáveis com maior influencia no sistema foram investigadas através da metodologia de superfície de resposta, matrix de Doehlert. As variáveis estudas foram: concentração de ácido clorídrico em cinco níveis e tempo de préredução em três níveis. Foram estudados os efeitos estatisticamente significativos das variáveis e interações entre eles foram avaliados através da aplicação de análise de variância (ANOVA) utilizando o software Statistica 7.0. Todos os experimentos foram realizados em sequência aleatória. 6. Etapa de pré-redução Após a digestão das amostras, estas foram submetidas a uma etapa de pré-redução, tendo em vista que após o processo de digestão toda espécie de As contida na amostra é oxidada a As5+, espécie esta que só gera hidreto em pH específico. Para a pré-redução do As, foi adicionado 2,0 mL do digerido em um balão volumétrico de 10 mL, adicionando em seguida 3,0 mL de HCl 4,7 mol L-1 e 1,0 mL de KI a 10% (m v-1). Após a adição dos reagentes, a solução permaneceu em repouso por 21 minutos, aferindo o balão volumétrico com água ultra-pura, e submetendo em seguida a amostra à análise. 87 RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. Otimização multivariada do sistema proposto para a geração de hidreto A otimização foi conduzida utilizando 10,0 mL de uma solução 5,0 µg L -1 de As (III) e os experimentos foram realizados em ordem aleatória. 1.1. Planejamento Fatorial Um planejamento fatorial completo (24) foi empregado para avaliar o nível de significância dos fatores. Os domínios experimentais para cada fator foram definidos com base em dados da literatura. Valores codificados e valores reais, bem como sinais analíticos (intensidade), estão apresentados na Tabela 19. Através do gráfico de pareto observou-se que a interação entre concentração de ácido clorídrico e concentração de borohidreto de sódio foi significativa (p <0,05) para o processo de pré-redução e geração de hidreto do arsênio (Figura 8). Esses fatores foram investigados utilizando a matriz Doehlert. Os níveis em que foi estudada cada variável foi baseado nos experimentos realizados para o planejamento fatorial. 88 Tabela 19: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização do processo de HG de arsênio Experimentos [HCl]* (mol L-1) - TR* (min.) 1 Vol. KI* (mL) - Int. sinal* - NaBH4]* (%)) - 2 + - - - 521,70 3 - + - - 494,10 4 + + - - 518,90 5 - - + - 629,30 6 + - + - 698,90 7 - + + - 527,30 8 + + + - 554,80 9 - - - + 530,30 10 + - - + 555,00 11 _ + - + 589,00 12 + + - + 576,40 13 - - + + 563,10 14 + - + + 582,00 15 - + + + 494,90 16 + + + + 482,00 17 0 0 0 0 597,00 18 0 0 0 0 537,30 19 0 0 0 0 521,00 489,50 *TR: tempo de pré-redução; Vol KI: volume de pré-redutos; [HCl]: concentração de HCl e [NaBH4]: concentração de borohidreto de sódio. 89 Figura 8: Gráfico de Pareto para otimização das condições experimentais da geração do hidreto de arsênio -6,14 3e4 -5,92 2e3 -3,96 (2)[HCl] 3,07 3,07 (3)TR 2,05 2,05 (1)[KI] 1,86 1,86 2e4 -1,63 -1,63 1e4 - 1,41 - 1,41 1e2 (4)[NaBH4] 1e3 - 0,73 - 0,73 0,40 0,40 p=,05 Efeito Estimado (valor absoluto) 1.2. Planejamento Doehlert Com base nos resultados do planejamento fatorial a matriz Doehlert foi realizada a fim de ajustar um modelo quadrático para os dados e identificar as condições ótimas para o procedimento [164]. A matriz é apresentada na Tabela 20, que inclui três repetições do ponto central para avaliar o erro experimental, resultando em nove experimentos no total. A concentração de ácido clorídrico foi estudada em cinco níveis, enquanto que o tempo de pré-redução foi estudado em três níveis. 90 Tabela 20: Matrix Doehlert para otimização da pré-redução e geração do hidreto de arsênio Exp. [HCl]* (mol L-1) TR* (min.) Int. signal* 1 - 0.5 (4.5)* 0.866 (30)* 275,20 2 0.5 (5.5) 0.866 (30) 298,20 3 1.0 (6.0) 0 (20) 291, 70 4 0.5 (5.5) - 0.866 (10) 352, 70 5 - 0.5 (4.5) - 0.866 (10) 360,00 6 -1.0 (4.0) 0 (20) 379,50 7 0 (5.0) 0 (20) 370,70 8 0 (5.0) 0 (20) 416,10 9 0 (5.0) 0 (20) 400,00 * Valores reais Os resultados deste planejamento também foram avaliados, e um modelo quadrático foi obtido (Equação 5) usando os valores codificados para as variáveis: concentração de ácido clorídrico ([HCl]) e o tempo de pré-redução (TR). Equação 5: R= 1464,6 + 660,15[HCl] – 66,5[HCl]2 + 32,76[TR] – 0,54[TR]2 – 2,17[HCl][TR] Através da equação 5 os valores críticos foram determinados, sendo concentração de ácido clorídrico 4,7 mol L-1 e tempo de reação para préredução do arsênio foi de 21 minutos. Esses valores foram calculados conforme descritos na literatura [155]. A superfície de resposta apresentou região de máximo como pode ser observado na Figura 9. As condições experimentais otimizadas foram utilizadas na pré-redução e geração de hidreto de arsênio em todo trabalho experimental, inclusive na validação. A avaliação do modelo quadrático ajustado aos dados experimentais foi feito por meio do teste de falta de ajuste. Como o valor de p foi maior que 0,05, significa que o modelo matemático de segunda ordem descreve perfeitamente 91 o domínio experimental estudado. Na Tabela 21 é apresentado a ANOVA para os dados obtidos pela aplicação da matriz de Doehlert na otimização do tempo de agitação (TA) e da concentração do ácido (CA). Tabela 21: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes á Tabela 20. Fator (1) HCl (L) HCl (Q) (2) TR (L) TR (Q) 1L por 2L Falta de ajuste Total SS SS 6955,27 5306,70 26,52 6266,97 468,72 2845,00 19948,54 df 1 1 1 1 1 3 8 MS 6955,267 5306,700 26,523 6266,965 468,723 948,332 F 7,334214 5,595827 0,027968 6,608411 0,494260 P 0,073277 0,098901 0,877822 0,082444 0,532680 0,235606 Figura 9: Superfície de resposta para otimização da pré-redução e geração do hidreto de arsênio. 92 Através da análise do gráfico dos valores preditos versus os valores observados pode-se verificar que houve concordância dos valores observados em relação aos valores que o modelo quadrático prevê (Figura 9). 420 400 Valores preditos 380 360 340 320 300 280 260 260 280 300 340 320 360 380 400 420 440 Valores Observados Figura 9: Gráfico dos valores preditos X valores observados para otimização da geração de hidreto do arsênio. 2. Validação do Método Os pontos da curva de calibração foram preparados a partir de uma solução padrão de As3+ 1000 mg L-1. A curva de calibração foi construída utilizando-se 7 pontos, cujas concentrações variaram de 1,0 μg L -1 a 10 μg L-1, apresentando boa linearidade com valor de R2 = 0,999 e inclinação da curva representada pela equação Y = 54,088[As3+] - 6,187. Os limites de detecção (3 sd/S) e de quantificação (10 sd/S) calculados como recomendado pela IUPAC [165] foram: 0,002 e 0,006 µg g-1 para As total, mostrando-se adequado para a determinação de arsênio nas amostras de sardinha e atum. A precisão (RSD) do método proposto foi avaliada em termos de reprodutibilidade dos resultados analíticos e o RSD variou de 1,3 a 7,0 %. 93 Um material de referência certificado de tecido de ostra (NIST SRM 1566b) foi analisado para avaliar a exatidão do método. O material foi submetido a 2 procedimentos de digestão, em bloco digestor utilizando o dedo frio e em forno de micro-ondas com cavidade. Os resultados estão apresentados na Tabela 22. O valor de arsênio no certificado é de 7,65 ± 0,65 µg g -1. Através da análise dos resultados pode-se observar que o valor obtido no forno de microondas e no bloco digestor foi cerca de metade do valor certificado. De acordo com a literatura a arsenobetaina (Asb), arsenocolina (AsC) e o íon tetrametilarsônio (TETRA) não produzem hidretos voláteis. Por isso é necessário que a mineralização das amostras seja completa quando se deseja determinar o arsênio total. Quando essa digestão é incompleta, esses compostos orgânicos do arsênio (AsB, AsC, TETRA) não são disponibilizados na forma de arsinas para que assim possam gerar os hidretos voláteis. A arsenobetaina necessita de um procedimento de preparo de amostra que alcance temperaturas próxima a 300 º C, para que assim a ligação As-C seja quebrada, nos procedimentos de preparo de amostra utilizados nesse trabalho, chegamos a uma temperatura máxima de 180 º C, devido a limitações do equipamento, dessa forma a fração do arsênio que não foi quantificado nas amostras e no material de referência certificado deve ser a arsenobetaina, pois ela é a espécie dominante em alimentos de origem marinha [166]. Tabela 22: Resultados para determinação de As no CRM de tecido de ostra utilizando os três métodos de preparo de amostra. (µg g-1, n=3). Amostra Valor Certificado Micro-ondas Bloco Digestor Tecido de Ostra - SRM 7,65 ± 0,65 3,45 ± 0,53 3,51 ± 0,81 NIST 1566b 94 3. Aplicação O método proposto foi aplicado para determinar arsênio em vinte amostras de sardinha e atum enlatados sendo: 12 de sardinha e 8 de atum. As amostras foram nomeadas da seguinte forma: Tipo de amostra; (A ou S) atum ou sardinha, respectivamente; a segunda letra a marca (foram 10 marcas diferentes) e a terceira letra o tipo de conserva óleo, molho de tomate, Light (O, MT, L, respectivamente). Os resultados estão apresentados na Tabela 23. Em algumas conservas não foi possível quantificar, pois não conseguimos resultados reprodutíveis devido a falta de homogeneidade da amostra. Através da análise dos resultados percebe-se que a concentração do arsênio nas conservas foi sempre maior do que apenas no peixe, acredita-se então que esse molho ou óleo realiza uma extração desse arsênio nas amostras. As concentrações mínimas e máximas no peixe foram: 0,49 ± 0,02 e 3,28 ± 0,2 µg g-1, conservas de 1,32 ± 0,9 e 6,78 ± 0,3 µg L-1 para atum e sardinha, respectivamente. As concentrações mais elevadas de arsênio foram nas amostras de sardinha. 95 Tabela 23: Concentração de arsênio em sardinha e atum enlatados, após digestão em bloco digestor com dedo frio e em forno de micro-ondas com cavidade (n=3), ([As] ± IC). Peixe µg g-1 RSD Conserva µg L-1 RSD Peixe µg g-1 RSD (Bloco digestor) % (Bloco digestor) % (Micro ondas) % SGOL 0,96 ± 0,05 2,0 5,98 ± 0,2 3,4 0,96 ± 0,1 4,8 SGO 0,93 ± 0,3 5,7 6,43 ± 0,1 0,7 0,91 ± 0,1 4,6 SGM 0,64 ± 0,1 6,9 ----- 0,63 ± 0,1 4,9 S8O 1,52 ± 0,2 5,1 4,56 ± 0,3 2,3 1,54 ± 0,2 4,0 S8M 1,37 ± 0,3 7,0 5,02 ± 0,2 3,2 1,39 ± 0,1 1,6 SEO 2,76 ± 0,01 0,7 --- 2,78 ± 0,3 3,9 SRO 0,91 ± 0,3 6,0 1,32 ± 0,9 0,89 ± 0,1 3,8 SCM 0,76 ± 0,1 5,7 ---- 0,78 ± 0,1 3,5 SCO 1,13 ± 0,2 5,2 4,13 ± 0,4 0,4 1,15 ± 0,1 3,6 SBM 2,38 ± 0,4 4,7 5,32 ± 0,7 4,9 2,35 ± 0,1 3,5 SBO 2,22 ± 0,3 4,7 6,78 ± 0,3 1,7 2,20 ± 0,5 SUO 0,67 ± 0,06 3,6 ---- SPO 3,25 ± 0,3 6,0 4,05 ± 0,1 AGO 1,05 ± 0,02 0,7 3,42 ± 0,3 A8O 0,92 ± 0,09 2,0 AFO 0,50 ± 0,003 ABO Amostra 2,2 0,63 ± 0,1 3,5 2,2 3,28 ± 0,2 2,6 3,4 1,07 ± 0,1 3,4 ---- 0,86 ± 0,1 4,6 0,3 --- 0,49 ± 0,02 1,6 0,73 ± 0,05 4,3 3,07 ± 0,2 0,71 ± 0,1 4,8 ASO 0,69 ± 0,01 2,1 ----- 0,73 ± 0,02 1,3 AGM 1,30 ± 0,2 4,5 2,76 ± 0,2 2,9 1,27 ± 0,1 3,5 AGL 1,03 ± 0,4 4,2 2,19 ± 0,2 4,3 0,95 ± 0,1 4,8 AOL 1,50 ± 0,4 4,8 2,30 ± 0,05 1,5 1,55 ± 0,2 4,2 2,5 96 CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________________________________________________ A otimização multivariada demonstrou ser um instrumento adequado para a otimização do processo de pré-redução e geração de hidretos de arsênio. A alta sensibilidade, faixa linear, velocidade de análise, facilidade de manuseio do equipamento e custo relativamente baixo faz com que a espectrometria de fluorescência atômica com geração de hidretos seja uma boa alternativa para determinação de arsênio em amostras de atum e sardinha. Os resultados apresentados neste trabalho são resultados preliminares pois não foi possível a quantificação do arsênio total nas amostras de atum e sardinha devido a alta estabilidade térmica da arsenobetaina. 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] PEREIRA, D. C., AGUIRRE, M. A., NÓBREGA, J. A., HIDALGO, M., CANALS, A. Aerosol generation of As and Se hydrides using new Flow Blurring multiple nebulizer for sample introduction in inductively coupled plasma optical emission spectrometry, Microchemical Journal, v.112, p. 82-86, 2014. [ 2 ] DEDINA, J., TSALEV, D. L. Hydride Generation Atomic Absorption Spectrometry, John Wiley, Chichester ,1995. [3] STURGEON, R. E., MESTER, Z. Analytical applications of volatile metal derivatives, Applied Spectroscopy, v. 56, p. 202A-213A, 2002. [ 4 ] D’ULIVO, A., BAIOCCHI, C., PITZALIS, E., ONOR, M., ZAMBONI, R. Chemical vapor generation for atomic spectrometry. A contribution to the comprehension of reaction mechanisms in the generation of volatile hydrides using borane complexes, Spectrochimica Acta Part B-Atomic Spectroscopy, v. 59, p. 471-489, 2004. [5] NAKAHARA, T. Development of Gas-phase Sample-introduction Techniques for Analytical Atomic Spectrometry, Analytical Sciences, v. 21, p. 477-484, 2005. [6] LIU, X. L., DUAN, T. C., HAN, Y., JIA, X. Y., CHEN, H. T. On-line solid phase extraction-hydride generation atomic fluorescence spectrometric determination of trace arsenic in high purity antimony(III) oxide, Journal of Analytical Atomic Spectrometry, v. 25, p. 206-209, 2010. [7] LIU, L. W., ZHOU, Q., ZHENG, C. B., HOU, X. D., WU, L. Simultaneous Speciation Analysis of Inorganic Arsenic and Antimony by On-Line MicrowaveAssisted Oxidation and Hydride Generation-Atomic Fluorescence Spectrometry, Atomic Spectrometry, v. 30, p. 59-64, 2009. [9] ZHU, Z. L.,LIU, J. X., ZHANG, S. C., NA, X., LIU, J. X., ZHANG, S. C., NA, X., ZHANG, X. R. Evaluation of a hydride generation-atomic fluorescence system for the determination of arsenic using a dielectric barrier discharge atomizer, Analytica Chimica Acta, v. 607 p. 136-141, 2008. [10] STURGEON, R. E., MESTER, Z. Analytical applications of volatile metal derivatives, Applied Spectroscopy, v. 56, p. 202A-213A, 2002. [11] D’ULIVO, A., BAIOCCHI, C., PITZALIS, E., ONOR, M., ZAMBONI, R. Chemical vapor generation for atomic spectrometry. A contribution to the comprehension of reaction mechanisms in the generation of volatile hydrides using borane complexes, Spectrochimica Acta Part B-Atomic Spectroscopy, v. 59, p. 471-489, 2004. 98 [ 12 ] SNEDDON, J., HARDAWAY, C., BOBBADI, K., REDDY, A. Sample preparation of solid samples for metal determination by atomic spectroscopy An overview and selected recent applications, Applied Spectroscopy Reviews, v. 41, p. 1-14, 2006. [13] FERREIRA, S. L. C,. MIRO, M., DA SILVA, E. G. P., MATOS, G. D., DOS REIS, P. S., BRANDÃO, G. C., DOS SANTOS, W. N. L., DUARTE, A. T., VALE, M. G. R., ARAUJO, R. G. O. Slurry Sampling-An Analytical Strategy for the Determination of Metals and Metalloids by Spectroanalytical Techniques, Applied Spectroscopy Reviews, v. 45, p. 44-62, 2010. [14] VALE, M. G. R.; OLESZCZUK, N.; DOS SANTOS, W. N. L., Current Status of Direct Solid Sampling for Electrothermal Atomic Absorption Spectrometry – A Critical Review of the Development between 1995 and 2005, Applied Spectroscopy Reviews, v. 41, p. 377-400, 2006. [ 15 ] MCLAUGHLIN, M. J., PARKER, D. R., CLARKE, J. M. Metals and micronutrients - food safety issues, Field Crop Research, v. 60, p. 143-163, 1999. [16] HEREDIA, O. S., CIRELLI, A. F. Trace elements distribution in soil, pore water and groundwater in Buenos Aires, Argentina, Geoderma, v. 149, p. 409414, 2009. [17] TAKASE, I., PEREIRA, H. B., LUNA, A. S., GRIMBERG, P., CAMPOS, R. C. A geração química de vapor em espectrometria atômica, Química Nova, v. 25, p. 132-1144, 2002. [18] LEE, J. D. Química inorgânica não tão concise, Edgard Blucher, p. 537, 1999. [19]BASELT, R.C. Disposition of toxic drugs and chemicals in man. 7th ed. Foster City:Biomedical Publications, 2004 [20]CALABUIG, G. Medicina Legal e Toxicologia. Editor Henrique Villanueva Canadas, 6th ed.Masson S.A., Barcelona, 2004 [21] BOYACI, E., ÇAGIR, A.,SHAHWAN, T., EROGLU, A. E. Synthesis, characterization and application of a novel mercapto- and aminebifunctionalized silica for speciation/sorption of inorganic arsenic prior to inductively coupled plasma mass spectrometric determination. Talanta, v. 85, p. 1517-1525, 2011. [22] BURGUERA, M.; BURGUERA, J. L.; Journal Analytical Atomic Spectrometry, v. 8, p. 221-229, 1999. [23] SMEDLEY, P. L., KINNIBURGH, D. G. A review of the source, behaviour and distribution of arsenic in natural waters. Applied Geochemistry, v. 17, p. 517-568, 2002. 99 [24] GEBEL, T. Arsenic and antimony: comparative approach on mechanistic toxicology. Chemico-Biological Interactions, v. 107, p. 131-144, 1997. [25] BARRA, C. M.; SANTELLI, R. E.; ABRÃO, J. J.; GUARDIA, M. De La. Especiação de arsênio – uma revisão. Química Nova, v. 23, p. 58 – 70, 2000. [26] WU, H., WANG, X., LIU, B., LIU, Y., LI, S., LU, J., TIAN, J., ZHAO, W., YANG, Z. Simultaneous speciation of inorganic arsenic and antimony in water samples by hydride generation-double channel atomic fluorescence spectrometry with on-line solid-phase extraction using single-walled carbon nanotubes micro-column. Spectrochimica Acta Part B, v. 66, p. 74-80, 2011. [27] LARINE, L. Toxicologia, Ed Manole LTDA, 3ª ed. , São Paulo, Brasi, p. 131-135, 1993. [28] GONG, Z., LU, X., MA, M., WATT, C., LE, X. C. Arsenic speciation analysis, Talanta, v. 58, p. 77-96, 2002. [29] JAIN, C. K., ALI, J. Arsenic: occurrence, toxicity, and speciation techniques, Water Res, v. 34, p. 4304 – 4312, 2000. [30] SHAH, A. Q., KAZI, T. G., ARAIN, M. B., JAMALI, M. K., AFRIDI, H. I., JALBANI, N., BAIG, J. A., KANDHRO, G. A. Accumulation of arsenic in different fresh water fish species – potential contribution to high arsenic intakes. Food Chemistry, v. 112, p. 520-524, 2009. [31] LIA, W., WEIA, C., ZHANGA, C., HULLEC, M. V., CORNELISC, R., ZHANGA, X. A survey of arsenic species in chinese seafood. Food and Chemical Toxicology, v. 41, p. 1103-1110, 2003. [32] HYMER, C. B., CARUSO, J. A. Selenium speciation analysis using inductively coupled plasma-mass spectrometry – Review. Journal of Chromatography A, v. 1114, p. 1-20, 2006. [33] UDEN, P. C., Modern trends in the speciation of selenium by hyphenated techniques – Review, Analitical Bioanalitical Chemistry, v. 373, p. 422-431, 2002. [34] WANG, Y., FU, L. Forms of Selenium Affect its Transport, Uptake and Glutathione Peroxidase Activity in the Caco-2 Cell Model, Biol Trace Elem Res, 2012. [35] EMBN, P. X., ALONSO, I., ALBARN, Y, M. CAMARA, C. Establishment of Selenium Uptake and Species Distribution in Lupine, Indian Mustard, and Sunflower Plants, Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 52, p. 832838, 2004. 100 [36] FERREIRA, K.S.; GOMES, J.C.; BELLATO, C.R.; JORDÃO, C.P. Concentrações de selênio em alimentos consumidos no Brasil. Rev. Panam. Salud Publica, v. 11, p. 172 -177, 2002. [37] ABDULAH, R., MIYAZAKI, K., NAKAZAWA, M., KOYAMA, H. Chemical forms of selenium for cancer prevention – Review, Journal of Trace Elements in Medicine and Biology, v. 19, p. 141-150, 2005. [38] INFANTE, H. G., HEARN, R., CATTERICK, T. Current mass spectrometry strategies for selenium speciation in dietary sources of high-selenium, Analitical Bioanalitical Chemistry, v. 383, p. 957-967, 2005. [39 ] VITAMINAS & SAIS MINERAIS – SELÊNIO. Disponível em: http://www.emedix.com.br/vit/vit030_1f_selenio.php > Acesso em: 03 novembro 2011. [40] Selênio no meio ambiente. PUC – Rio de Janeiro. Certificação digital nº 0220923/CA. [41] Resolução nº 396, de 03 de abril de 2008, Conselho Nacional do Meio ambiente – CONAMA, disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/agua_sub/arquivos/res39608.pdf, acessado em: 04 de abril de 2012, às 14:07 horas. [42] Agência Nacional de Vigilância Sanitária, portaria nº 685 de 27 de agosto de 1998, disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/685_98.htm, acessado em 22/ 03/ 2012 às 23:19 h. [43] EL-HADRI, F., RUBIO, A. M., GUARDIA, M. Determination of total arsenic in soft drinks by hydride generation atomic fluorescence spectrometry, Food Chemistry, v. 105, p. 1195-1200, 2007. [44] FIORINO, J. A., JONES, J. W., CAPAR, S. G. Sequential Determination of Arsenic, Selenium, Antimony, and Tellurium in Foods via Rapid Hydride Evolution and Atomic Absorption Spectrometry, Analytical Chemistry, v. 48, p. 120 – 125, 1976. [45] LAPARRA, J. M., VÉLEZ, D., BARBERÁ, R., FARRÉ, R., MONTORO, R. Bioavailability of Inorganic Arsenic in Cooked Rice: Practical Aspects for Human Health Risk Assessments , Journal of Agricutural and Food Chemistry, v. 53, p. 8829-8833, 2005. [46] BRODY, T. 1999. Nutricinal Biochemistry. 2.ed. San Diego: Academic Press. [47] Food and Nutrition Board – USA Institute of Medicine. Dietary References Intakes for Vitamin C, Vitamin E, Selenium and Carotenoids. Washington: National Academy Press, 2000. 101 [48] VIARO, R. S., VIARO, M. S., FLECK, J. Importância bioquímica do selênio para o organismo humano, Ciên. Biol. e da Saúde, v. 2, p. 17-21, Santa Maria, 2001. [49] LEVANDER, O. A. A global view of human selenium nutrition, Ann. Rev. Nutr, v. 7, p. 227-250, 1987. [50] FERREIRA, K. S., GOMES, J. C., BELLATO, C. R., JORDÃO, C. P. Concentrações de selênio em alimentos consumidos no Brasil, Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health, v. 11, p. 172-177, 2002. [51] ALEIXO, P. C., NOBREGA, J. A., JUNIOR, D. S., MULLER, R. C. S. Determinação direta de selênio em água de cocô e leite de cocô utilizando a espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica em forno de grafite. Química Nova, v. 23, p. 310-312, 2000. [52] WELZ, B., SPERLING, M. Atomic Absorption Spectrometry, 3rd ed., WileyVCH, Weinheim, Germany, p. 437-483, 1999. [53] DEDINA, J., TSALEV, D. L. Hydride Generation Atomic Absorption Spectrometry, John Wiley, Chichester ,1995. [54] TAKASE, I., PEREIRA, H. B., LUNA, A. S., GRINBERG, P., DE CAMPOS, R. C. A geração química de vapor em espectrometria atômica. Química Nova, v. 25, p. 1132-1144, 2002. [55] MATUSIEWICZ, H., STURGEON, R. E. Review. Atomic spectrometric detection of hydride forming elements following in situ trapping within a graphite furnace. Spectrochimica Acta Part B, v. 51, p. 377-397, 1996. [56] XING LI, S., ZHENG, F. Y., CAI, S. J., CAI, T. S. Determination of mercury and selenium in herbal medicines and hair by using a nanometer TiO2-coated quartz tube atomizer and hydride generation atomic absorption spectrometry, Journal of Hazardous Materials, v.189, p. 609-613, 2011. [57] ZHANG, N., FU, N., FANG, Z., FENG, Y., KE, L. Simultaneous multichannel hydride generation atomic fluorescence spectrometry determination of arsenic, bismuth, tellurium and selenium in tea leaves, Food Chemistry, v. 124, p. 1185-1188, 2011. [58] YESILLER, S. U. AND YALÇIN, S. Optimization of chemical and instrumental parameters in hydride generation laser-induced breakdown spectrometry for the determination of arsenic, antimony, lead and germanium in aqueous samples, Analytical Chimica Acta, v. 770, p. 1-7, 2013. [59] ILANDER, A., VAISANEN, A. The determination of antimony and arsenic concentrations in fly ash by hydride generation inductively coupled plasma optical emission spectrometry, Analytica Chemica Acta, v. 689, p. 178-183, 2011. 102 [60] ZHAO, Q. X., CHEN, Y. W., BELZILE, N., WANG, M. Low volume microwave digestion and direct determination of selenium in biological samples by hydride generation-atomic fluorescence spectrometry, Analytica Chimica Acta, v. 665, 123-128, 2010. [61] JIANG, X., GAN, W., WAN, L., DENG, Y., YANG, Q. HE, Y. Electrochemical hydride generation atomic fluorescence spectrometry for detection of tin in canned foods using polyaniline-modified lead cathode, Journal of Hazardous Materials, v. 184, p. 331-336, 2010. [62] LONG, Z., LUO, Y., ZHENG, C., DENG, P., HOU, X. Recent advance of hydride generation – analytical atomic spectrometry: Part I – technique development. Applied Spectroscopy Reviews, v. 47, n. 5, p. 382-413, 2012. [63] POHL, P. Recent advances in chemical vapour generation via reaction with sodium tetrahydroborate. Trends in Analytical Chemistry, v. 23, n. 1, p. 2127, 2004. [64] HOLAK, W. Gas-Sampling Technique for Arsenic Determination by Atomic Absorption Spectrophotometry, Analytical Chemistry, v. 41, p. 1712-1719, 1969. [65] BRAMAN, R. S.; JUSTEN, L. L.; FOREBACK, C. C. Direct volatilization spectral emission type detection system for nanogram amounts of arsenic and antimony. Analytical Chemistry, v. 44, n. 13, p. 2195 – 2199, 1972. [66]D´ULIVO, A.; DEDINA, J.; MESTER, Z.; STURGEON, R. E.; WANG, Q.; WELZ, B. Mechanisms of chemical generation of volatile hydrides for trace element determination (IUPAC Technical Report). Pure and Applied Chemistry, v. 83, n. 6, p. 1283 – 1340, 2011. [67] SIGRIST, M., ALBERTENGO, A., BELDOMÉNICO, H., TUDINO, M. Determination of As (III) and total inorganic As in water samples using an online solid phase extraction and flow injection hydride generation atomic absorption spectrometry, Journal of Hazardous Materials, v. 188, p. 311-318, 2011. [68]Lee, D. K.; Choi, B. S., Effect of hydrochloric acid concentrations on the hydride generation efficiencies in ICP-AES, Bulletin of the Korean Chemical Society, v. 17, p. 964-966, 1996. [69] ROBBINS, W. B., CARUSO, J. A. Development of hydride generation methods for atomic spectroscopic analysis, Analytical Chemistry, v. 51, p. 889-899, 1979. [70] D’ULIVO, A Review. Chemical vapor generation by tetrahydroborate (III) and other borane complexes in aqueous media. A critical discussion of fundamental processes and mechanisms involved in reagent decomposition 103 and hydride formation. Spectrochimica Acta Part B, v. 59, n. 6, p. 793-825, 2004. [71] D’ULIVO, A. Mechanism of generation of volatile species by aqueous boranes: Towards the clarification of most controversial aspects. Spectrochimica Acta Part B, v. 65, p. 360 – 375, 2010. [72] D’ULIVO, A., MESTER, Z., STURGEON, R. E. The mechanism of formation of volatile hydrides by tetrahydroborate (III) derivatization: A mass spectrometric study performed with deuterium labeled reagents. Spectrochimica Acta Part B, v. 60, n. 4, p. 423 – 438, 2005. [73]BRANCH, C. H., HUTCHISON, D. Simultaneous determination of arsenic and selenium in geochemical samples by hydride evolution and atomicabsorption spectrometry - success and failure, Analyst, v. 110, p. 163-167, 1985. [74]YAN, X. P., NI, Z. M. Vapor generation atomic-absorption spectrometry, Analytica Chimica Acta, v. 291, p. 89-105, 1994. [75] TAKASE, I., PEREIRA, H. B., LUNA, A. S., GRINBERG, P., DE CAMPOS, R. C. A geração química de vapor em espectrometria atômica. Química Nova, v. 25, p. 1132 – 1144, 2002. [76] CHU, R. C., BARRON, G. P., BAUMGAM, P. A. W. Arsenic determination at submicrogram levels by arsine evolution and flameless atomic absorption spectrophotometric technique. Analytical Chemistry, v. 44, p. 1476 – 1972, 1972. [77] DEDINA, J. AND MATOUSEK, T. Multiple microflame – a new approach to hydride atomizations for atomic absorption spectrometry. Journal of Analytical Atomic Spectrometry, v. 15, p. 301 – 304, 2000. [78] WELZ, B., MELCHER, M. Investigations on atomization mechanisms of volatile hydride-forming elements in a heated quartz cell .1. gas-phase and surface effects - decomposition and atomization of arsine, Analyst, v. 108, p. 213-224, 1983. [ 79 ] DEDINA, J., WELZ, B. Quartz tube atomizers for hydride generation atomic-absorption spectrometry - mechanism for atomization of arsine - invited lecture, Journal Analytical Atomic Spectrometry, v. 7, p. 307-314, 1992. [80] VIEIRA, M. A., RIBEIRO, A. S., CURTIUS, A. J. Geração química de vapor acoplada à espectrometria de absorção atômica com forno de grafite. Revista analytica, ano 3, n. 7, 2004. [81] WELZ, B., STAUSS, P. Interferences from hydride-forming elements on selenium in hydride-generation atomic absorption spectrometry with a heated quartz tube atomizer, Spectrochimica Acta, v. 48 B, p. 951-977, 1993. 104 [82] GENG, W., FURUZONO, T., NAKAJIMA, T., TAKANASHI, H., OHKI, A. Determination of total arsenic in coal and wood using oxygen flask combustion method followed by hydride generation atomic absorption spectrometry, Journal of Hazardous Materials, v. 176, p. 356-360, 2010. [83] GUO, S., FENG, B., ZHANG, H. Simultaneous determination of trace arsenic and antimony in fomes officinalis ames with Hydride generation atomic fluorescence spectrometry, Journal Fluorescence, v. 21, p. 1281-1284, 2011. [84] ULUSOY, H. I., AKÇAY, M., ULUSOY, S., GURKAN, R. Determination of ultra trace arsenic species in water samples by hydride generation atomic absorption spectrometry after cloud point extraction, Analytica Chimica Acta, v. 703, p. 137-144, 2011. [85] EDORGAN, H., YALÇINKAYA, O., TURKER, A. R. Determination of inorganic arsenic species by hydride generation atomic absorption spectrometry in water samples after preconcentration/separation on nano ZrO2/B2O3 by solid phase extraction, Desalination, v. 280, p. 391-396, 2011. [86] CAI, Y. Atomic Fluorescence in Environmental Analysis, Encyclopedia of Analytical Chemistry. John Wiley & Sons Ltd, Chichester, p. 2270-2292, 2000. [87] REYES, M. N. M., CERVERA, M. L., GUARDIA, M. DE LA, Determination of inorganic species of Sb and Te in cereals by hydride generation atomic fluorescence spectrometry, Journal Brasilian Chemistry societe, v. 22, p. 197-203, 2011. [88] WANG, F., ZHANG, G. Simultaneos quantitative analysis of arsenic, bismuth, selenium, and tellurium in soil samples using multi-channel hydridegeneration atomic fluorescence spectrometry, Applied spectroscopy, v. 65, p. 315-319, 2011. [89] CORREIA, C. L. T., GONÇALVES, R. A., AZEVEDO, M. S., VIEIRA, M. A., CAMPOS, R. C. Determination of total arsenic in seawater by hydride generation atomic fluorescence spectrometry, Microchemical Journal, v. 96, p. 157-160, 2010. [90] CHAPARRO, L. L., FERRER, L., CERDÁ, V., LEAL, L. O. Automated system for on-line determination of dimethylarsinic and inorganic arsenic by hydride generation-atomic fluorescence spectrometry, Analytical Bionalitical Chemistry, v. 404, p. 1589-1595, 2012. [91] KRUG, F. J. Métodos de preparo de amostras: fundamentos sobre o preparo de amostras orgânicas e inorgânicas para análise elementar, 1ª ed, Piracicaba-SP, 2008. [92] FERREIRA, S. L. C., MIRO, M., DA SILVA, E. G. P., MATOS, G. D., DOS REIS, P. S., BRANDÃO, G. C., DOS SANTOS, W. N. L. DUARTE, A. T., VALE, 105 M. G. R., ARAUJO, R. G. O. Slurry Sampling-An Analytical Strategy for the Determination of Metals and Metalloids by Spectroanalytical Techniques, Applied Spectroscopy Reviews, v. 45, p. 44-62, 2010. [93] SILVA, L. O. B., DA SILVA, D. G., LEAO, D. J., MATOS, G. D., FERREIRA, S. L. C. Slurry samplig for the determination of Mercury in rice using cold vapor atomic absorption spectrometry, Food analytical methods, v. 5, p. 1289-1295, 2012. [94] SUN, H., LIU, X., MIAO, Y. Speciation analysis of trace inorganic arsenic in dietary supplements by slurry sampling hydride generation atomic absorption spectrometry, Food analytical methods, v. 4, p. 251-257, 2011. [95] CHEN, F. Y. AND JIANG, S. J. Slurry sampling flow injection chemical vapor generation inductively coupled plasma mass spectrometry for the determination of As, Cd, and Hg in cereals, Journal Agricultural and food chemistry, v. 57, p. 6564-6569, 2009. [96] MIERZWA, J., DOBROWOLSKI, R. Slurry sampling hydride generation atomic absorption spectrometry for the determination of extractable /soluble As in sediment samples, Spectrochimica acta part B, v. 53, p. 117-122, 1998. [97] MONTESINOS, P. C., CERVERA, M. L., PASTOR, A., DE LA GUARDIA, M. Determination of As, Sb, Se, Te and Bi in milk by slurry sampling hydride generation atomic fluorescence spectrometry, Talanta, v. 62, p. 175-184, 2004. [98] dos SANTOS, E. J., HERRMANN, A. B., FRESCURA, V. L. A., WELZ, B., CURTIUS, A. J. Determination of lead in sediments and sewage sludge by online hydride-generation axial-view inductively-coupled plasma optical-emission spectrometry using slurry sampling, Analytical Bioanalytical Chemistry, v. 388, p. 863-868, 2007. [99] DOS SANTOS, W. N. L., CAVALCANTE, D. D., MACEDO, S. M., NOGUEIRA, J. S., DA SILVA, E. G. P. Slurry sampling and HG AFS for the determination of total arsenic in rice samples, Food Analytical Methods, v. 6, p. 1128-1132, 2012. [100] VALE, M. G. R., OLESZCZUK, N., DOS SANTOS, W. N. L. Current Status of Direct Solid Sampling for Electrothermal Atomic Absorption Spectrometry – A Critical Review of the Development between 1995 and 2005, Applied Spectroscopy Reviews, v. 41, p. 377-400, 2006. [101] CABALLO LÓPEZ, A., DE CASTRO, M. D. L. Slurry Sampling-Microwave Assisted Leaching Prior to Hydride Generation-Pervaporation-Atomic Fluorescence Detection for the Determination of Extractable Arsenic in Soil, Analytical Chemistry, v. 75, p. 2011-2017, 2003. [102] CHEN, F. Y., JIANG, S. J. Slurry Sampling Flow Injection Chemical Vapor Generation Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry for the 106 Determination of As, Cd, and Hg in Cereals, Journal Agricultural Food Chemistry, v. 57, p. 6564-6569, 2009. [103] HSU, W. H., JIANG, S. J., SAHAYAM, A. C. Determination of Pd, Rh, Pt, Au, in road dust by electrothermal vaporization inductively coupled plasma mass spectrometry with slurry sampling, Analytical Chimica Acta, v. 794, p. 15-19, 2013. [104] SUN, H., LIU, X., MIAO, Y. Speciation analysis of trace inorganic arsenic in dietary supplements by slurry sampling hydride generation atomic absorption spectrometry, Food analytical methods, v. 4, p. 251-257, 2011. [105] MONTESINOS, P. C., TORRALBA, E. R., RUBIO, A. M., CERVERA, M. L., LA GUARDIA, M. Cold vapour atomic fluorescence determination of Mercury in milk by slurry sampling using multicommutation, Analytica Chimica Acta, v. 506, p. 145-153, 2004. [106] LIN, M. L., JIANG, S. J. Determination of As, Cd, Hg and Pb in herbs using slurry sampling electrothermal vaporization inductively coupled plasma mass spectrometry, Food chemistry, v. 141, p. 2158-2162, 2013. [107] SOUZA, R. A., BACCAN, N., CADORE, S. Determination of elemental content in solid sweeteners by slurry sampling and ICP OES, Food Chemistry, v. 124, p. 1264-1267, 2011. [108] BEZERRA, M. A., CASTRO, J. T., MACEDO, R. C., SILVA, D. G. Use of constrained mixture desing for optimization of method for determination of zinc and manganese in tea leaves employing slurry sampling, Analytical Chimica Acta, v. 670, p. 33-38, 2010. [109] BRANDÃO, G. C., GOMES, D. P., MATOS, G. D. Development of an analytical method based in the slurry sampling for iron determination in fortified milk powder by HR-CS FAAS, Food Analytical Methods, v. 5, p. 579-584, 2012. [110] ARANDA, P. R., GIL, R. A., MOYANO, S., VITO, I., MARTINEZ, L. D. Slurry sampling in sérum blood for Mercury determination by CV-AFS, Journal of Hazardous Materials, v. 161, p. 1399-1403, 2009. [111]GURLEYUK, H., TYSON, J. F., UDEN, P. C. Determination of extractable arsenic in soils using slurry sampling-on-line microwave extraction-hydride generation-atomic absorption spectrometry, Spectrochimica Acta Part BAtomic Spectroscopy, v. 55, p. 935-942, 2000. [112]MACEDO, S. M., DOS SANTOS, D. C., DE JESUS, R. M., DA ROCHA, G. O., FERREIRA, S. L. C., DE ANDRADE, J. B. Development of an analytical approach for determination of total arsenic and arsenic (III) in airborne particulate matter by slurry sampling and HG-FAAS, Microchemical Journal, v. 96, p. 46-49, 2010. 107 [113] BENTLIN, F. R. S., DUARTE, F. A., DRESSLER, V. L., POZEBON D. Arsenic Determination in Marine Sediment Using Ultrasound for Sample Preparation, Analytical Sciences v. 23, p. 1097-1101, 2007. [114] VIEIRA, M. A., WELZ, M. A., CURTIUS, A. J. Determination of arsenic in sediments, coal and fly ash slurries after ultrasonic treatment by hydride generation atomic absorption spectrometry and trapping in an iridium-treated graphite tube, Spectrochimica Acta Part B-Atomic Spectroscopy, v. 57, p. 2057-2067, 2002. [115] MATUSIEWICZ, H., SLACHCINSKI, M. Simultaneous determination of hydride forming elements (As, Sb, Se, Sn) and Hg in sonicate slurries of biological and environmental reference materials by hydride generation microwave induced plasma optical emission spectrometry (SS-HG-MIP-OES), Microchemical Journal, v. 82, p. 78 – 85, 2006. [116] DOS SANTOS, E. J., HERMANN, A. B., FRESCURA, V. L. A., CURTIUS, A. J. Simultaneous determination of As, Hg, Sb, Se and Sn in sediments by slurry sampling axial view inductively coupled plasma optical emission spectrometry using on-line chemical vapor generation with internal standardization, Journal of Analytical Atomic Spectrometry, v. 20, p. 538543, 2005. [117] OLIVEIRA, E., Sample Preparation for Atomic Spectroscopy: Evolution and Future Trends. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 14, p. 174182, 2003 [118] KORN, M. G. A.; MORTE, E. S. B.; SANTOS, D. C. M. B.; CASTRO, J. T.; BARBOSA, J. T. P.; TEIXEIRA, A. P.; FERNANDES, A. P.; WELZ, B.; SANTOS, W. P. C.; SANTOS, E. B. G. N.; KORN, M., Sample preparation for the determination of metals in food samples using spectroanalytical methods – A review. Applied Spectroscopy Reviews, v. 43, p. 67–92, 2008 [ 119 ] KNAPP, G., Mechanized techniques for sample decomposition and element preconcentration. Microchimica Acta, v. 104, p. 445-455, 1991. [120] FERREIRA, S. L. C., SILVA, L. O. B., SANTANA, F. A., JUNIOR, M. M. S., MATOS, G. D., DOS SANTOS, W. N. L. A review of reflux system using cold finger for sample preparation in the determination of volatile elements, Microchemical Journal, v. 106, p. 307-310, 2013. [121] ORESTE, E. Q., JESUS, A., OLIVEIRA, R. M., SILVA, M. M., VIEIRA, M. A., RIBEIRO, A. S. New design of cold finger for sample preparation in open system: Determination of Hg in biological samples by CV AAS, Microchemical Journal, v. 109, p. 5-9, 2013. [122] DE JESUS, R. M., JUNIOR, M. M. S., MATOS, G. D., DOS SANTOS, A. M. P. FERREIRA, S. L. C. Validation of a digestion system using a digester block/cold finger system for the determination of lead in vegetable foods by 108 electrothermal atomic absorption spectrometry, Journal of AOAC International, v. 94, p. 942-946, 2011. [123] ORESTE, E. Q., OLIVEIRA, R. M., NUNES, A. M., VIEIRA, M. A., RIBEIRO, A. S. Sample preparation methods for determination of Cd, Pb and Sn in meat samples by GFAAS: use of acid digestion associated with a cold finger apparatus versus solubilization methods, Analytical Methods, v. 5, p. 1590-1595, 2013. [124] FERREIRA, S. L. C., DE JESUS, R. M., MATOS, G. D., DE ANDRADE, J. B., BRUNS, R. E., DOS SANTOS, W. N. L., CAVALCANTE, D. D., VALE, M. G. R., DESSUY, M. B. Multivariate optimization and validation of an analytical method for the determination of cadmium in wines employing ET AAS, Journal of the Brazilian Chemical society, v. 20, p. 788-794, 2009. [125] BARROS NETO, B. de; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. Como fazer experimentos, pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria, Editora Unicamp, Campinas-SP, 2001 [126] MASSART, D. L.; DIJKASTRA, A.; KAUFMAN, L. Evaluation and optimization of laboratory methods and analytical procedures, a survey of statistical and mathematical techniques. New York: Elsevier Scientific Publishing Company, 1978. [127] DEMING, S. N.; MORGAN, S. L. Chemometrics: A textbook. New York: Elsevier Scientific Publishing Company, 1988. [128] BEZERRA, M. A.; SANTELLI, R. E.; OLIVEIRA, E. P.; VILLAR, L. S.; ESCALEIRA, L. A. Response surface methodology (RSM) as a tool for optimization in analytical chemistry - review. Talanta, v. 76, p. 965-977, 2008. [129] OUEJHANI, A.; HELLAL, F.; DACHRAOUI, M.; LALLEV’E, G.; FAUVARQUE, J. F. Application of Doehlert matrix to the study of electrochemical oxidation of Cr(III) to Cr(VI) in order to recover chromium from wastewater tanning baths. Journal Hazardous Materials, v. 157, p. 423-431, 2008. [130] FERREIRA, S. L. C.; SANTOS, W. N. L.; QUINTELA, C. M.; BARROS NETO, B.; BOSQUE-SENDRA, J. M. Doehlert matrix: a chemometric tool for analytical chemistry – review. Talanta, v. 63, p. 1061-1067, 2004. [131] BEZERRA, M. A.; SANTELLI, R. E.; OLIVEIRA, E. P.; VILLAR, L. S.; ESCALEIRA, L. A. Response sufarce methodology (RSM) as a tool for optimization in analytical chemistry. Talanta, v. 76, p. 965-977, 2008. [132] TARLEY, C. R. T.; SILVEIRA, G. DOS S.; dos SANTOS, W. N. L.; DOMINGUES, G. M.; da SILVA, E. G. P.; BEZERRA, M. A. Chemometric tools in electroanalytical chemistry: Methods for optimization based on factorial 109 design and response surface methodology. Microchemical Journal, v. 92, p. 58-67, 2009. [133] FERREIRA, S.L.C.; SANTOS, H.C.; FERNADES, M.S.; CARVALHO, M.S. Application of Doehlert Matrix and Fatorial desings in optimization of experimental variables associated with Preconcentration and determination of Molybdenum in Sea-Water by Inductively coupled Plasma Optical Emission Spectrometry, Journal of Analytical Atomic Spectrometry. v. 17, p. 1-7, 2002. [134] FERREIRA, S. L. C.; KORN, M. G. A.; FERREIRA, H. S.; da SILVA, E. G. P.; ARAUJO, R. G. O.; SOUZA, A. S.; MACEDO, S. M.; LIMA, D. C.; JESUS, R. M.; AMORIM, F. A. C.; BOSQUE-SENDRA, J. M. Aplication of multivariate techniques in optimization of spectroanalytical methods. Applied Spectroscopy Reviews, v. 42, p. 475-491, 2007. [135] FERREIRA, S. L. C.; BRUNS, R. E.; da SILVA, E. G. P.; SANTOS, W. N. L.; QUINTELA, C. M.; DAVID, J. M.; ANDRADE, J. B.; BREITKREITZ, M. C.; JARDIM, I, C. S. F.; BARROS NETO, B. Statistical design and responce surface techniques for the optimization of chromatographic systems. Journal of Chromatography, v. 1158, p. 2-14, 2007. [136] FERREIRA, S. L. C.; BRUNS, R. E.; FERREIRA, H. S.; MATOS, G. D.; DAVID, L. M.; BRANDAO, G. C.; da SILVA, E. G. P.; PORTUGAL, L. A.; dos REIS, P. S.; SOUZA, A. S.; SANTOS, W. N. L. Box-Behnken design: Na alternative for the optimization of analytical methods. Analytica Chimica Acta, v. 597, p. 179-186, 2007. [137] FRIEDMAN, M. Rice brans, rice bran oils, and rice hulls: Composition, food and industrial uses, and bioactivities in humans, animals, and cells, Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 61, p. 106026-10641, 2013. [138] DITTMAR, J., VOEGELIN, A., MAURER, F., ROBERTS, L. C., HUG, S. J., SAHA, G. C., ALI, M. A., BRADRUZZAMAN, A. B. M., KRETZSCHMAR, Environ Sci Technol, v. 44, p. 8840-8848, 2010. [139] BATISTA, B. L., SOUSA, J. M. O., DE SOUSA, S. S., JUNIOR, F. B. Journal Hazardous Materials, v. 191, p. 342-349, 2011. [140] BHATTACHARYA, P., SAMAL, A. C., MAJUMDAR, J., SANTRA, S. C. Arsenic contamination of groundwater in Bangladesch: A review, Water Air Soil Poll, v. 210, p. 6791-6800, 2011. [141] NOGUEIRA, A. R. A., NOBREGA, J. A., AMARAL, C. D. B. Sample preparation for arsenic speciation in terrestrial plants- A review, Talanta, v. 115, p. 291-299, 2013. 110 [142] ZHAO, F. J., HARRIS, E., YAN, J., MA, J., WU, L., LIU, W., MCGRATH, S. P., ZHOU, J., ZHU, Y. G. Arsenic methylation in soils and its relationship with microbial arsm abundance and diversity, and As speciation in rice, Environmental Science e Technology, v. 47, p. 7147-7154, 2013 [143] ANDREW, A., MEHARG, M. D., RAHMAN, M. Arsenic contamination of Blangadesh paddy field soils: implications for rice contribution to arsenic consumption. Environment Science Technologies, v. 37, p. 229-234, 2003. [144] BENNETT, J. P., CHIRIBOGA, E., COLEMAN, J., WALLER, D. M. Heavy metals in wild rice from northern Wisconsin. The science of the total Evironment, v. 246, n. 2-3, p. 261-269, 2000. [145] CHRISTIAN, G. D. Analytical Chemistry, 5th ed., EUA, 1994. [146]OMS 1987. Selenium. Environmental Health Criteria N° 58. World Health Organization, Geneva, Switzerland. [147]FISININ, V. I., PAPAZYAN, T. T., SURAI, P. F. Producing seleniumenriched eggs and meat to improve the selenium status of the general population. Crit. Rev. Biotechnol, v. 29, p. 18, 2009. [148] FISININ, V. I., PAPAZYAN, T. T., SURAI, P. F. Producing specialist poultry products to meet human nutrition requirements: Selenium enriched eggs. World's Poultry Science Journal, v. 64, p. 85-89, 2008. [149] THERON, H.; VENTER, P.; LUES, J. F. R. Bacterial growth on chicken eggs in various storage environments. Food Research International, v.36, p.969-975, 2003. [150] LEANDRO, N. S. M. et al. Aspectos de qualidade interna e externa de ovos comercializados em diferentes estabelecimentos na região de Goiânia. Ciência Animal Brasileira, v.6, n.2, 2005. [151] IBGE; Pesquisa de orçamentos familiares 1995-1996 (POF): Consumo alimentar domiciliar per capita, Rio de Janeiro, v. 3, p. 40, 1998. [152] MONTGOMERY, D. C. Design and analysis of experiments, 4th ed. New York, Willey, 1996. [153] TARLEY, C. R. T., SILVEIRA, G., DOS SANTOS, W. N. L., MATOS, G. D., DA SILVA, E. G. P., BEZERRA, M. A., MIRÓ, M., FERRERIA, S. L. C. Chemometric tools in electroanalytical chemistry: Methods for optimization based on factorial design and response surface methodology. Microchemical Journal, v. 92 , p. 58-63, 2009. [154] SANTOS, J. S., TEIXEIRA, L. S. G., ARAÚJO, L. S. G., FERNANDES, A. P., KORN, M. G. A., FERREIRA, S. L. C. Optimization of the operating conditions using factorial designs for determination of uranium by inductively 111 coupled plasma optical emission spectrometry, Microchemical Journal, v. 97, p.113, 2011. [155] FERREIRA, S. L. C., BEZERRA, M. A., DOS SANTOS, W. N. L., NETO, B. B. Application of Doehlert designs for optimisation of an on-line preconcentration system for copper determination by flame atomic absorption spectrometry, Talanta, v. 61, p. 295-300, 2003. [ 156 ] THOMPSON, M., BROWN, D. W., FEARN, T., GARDNER, M. J., GREENHOW, E. J., HOWARTH, R., MILLER, J. N., NEWMAN, E. J., RIPLEY, B. D., SWAN, K. J., WILLIAMS, A., WOOD, R., WILSON, J. Is my calibration linear, Analyst , v. 119, p. 2363-2366, 1994. [157] Regional Office for Europe, Copenhagen; 2000, Air Quality Guidelines Second Edition, Denmark. http:/www.euro.who.int/ (Acessado em 17 de janeiro de 2014) [158] PALACIOS, M. A., GÓMEZ, M., CÁMARA, C., LÓPEZ, M. A. Stability studies of arsenate, monomethylarsonate, dimethylarsinate, arsenobetaine and arsenocholine in deionized water, urine and clean-up dry residue from urine samples and determination by liquid chromatography with microwave-assisted oxidation-hydride generation atomic absorption spectrometric detection. Analytica Chimica Acta, v. 340, p. 209-220, 1997. [159] SHARMA, V. K., SOHN, M., Aquatic arsenic: Toxicity, speciation, transformations and remediation. Environmental International, v. 35, p. 743759, 2009. [160] RAMM, R. H., PRUFERT, S. M., SZADKOWSKI, D. Arsenic species excretion after controlled seafood consumption. Journal of Chromatography B, v. 778, p. 263-273, 2002. [161] GARCÍA, I. L., BRICEÑO, M., CÓRDOBA, M. H. Non-chromatographic screening procedure for arsenic speciation analysis in fish-based baby foods by using electrothermal atomic absorption spectrometry. Analytica Chemica Acta, v. 699, p. 11-17, 2011. [162] MOLIN, M., ULVEN, S. M., DAHL, L., HANSEN, T., HOLCK, M., SKJEGSTAD, G., LEDSAAK, O., SLOTH, J. J., GOESSLER, W., OSHAUG, A., ALEXANDER, J., FLIEGEL, D., YDERSBOND, T. A., MELTZER, H. M. Humans seem to produce arsenobetaine and dimethylarsine after a bolus dose of seafood, Environmental Research, v. 112, p. 28-39, 2012. [163] OLMEDO, P., PLA, A., HERNÁNDEZ, A. F., BARBIER, F., AYOUNI, L., GIL, F. Determination of toxic elements (Mercury, cádmium, lead, tin and arsenic) in fish and shellfish samples. Risk assessment for the consumers. Environment International, v. 59, p. 63-72, 2013. 112 [164] FERREIRA, S. L. C., BEZERRA, M. A., DOS SANTOS, W. N. L., NETO, B. B. Application of Doehlert designs for optimisation of an on-line preconcentration system for copper determination by flame atomic absorption spectrometry, Talanta, v. 61, p. 295-300, 2003. [ 165 ] THOMPSON, M., BROWN, D. W., FEARN, T., GARDNER, M. J., GREENHOW, E. J., HOWARTH, R., MILLER, J. N., NEWMAN, E. J., RIPLEY, B. D., SWAN, K. J., WILLIAMS, A., WOOD, R., WILSON, J. J. Is my calibration linear, Analyst, v. 119, p. 2363-2366, 1994. [166] DUARTE, F. A., PEREIRA, J. S. F., BARIN, J. S., MESKO, M. F., DRESSLER, V. L., FLORES, E. M. M., KNAPP, G. Seafood digestion by microwave-induced combustion for total arsenic determination by atomic spectromtry tecniques with hydride generation, Journal of Analytical Atomic Spectrometry, v. 24, p. 224-227, 2009. 113