AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DE EQUINOS (Equus caballus) CRIADOS A PASTO
NA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, CAMPUS SEROPÉDICA
Renata Kazuko Sakai; Matheus Dias Cordeiro; João Antônio Emídio Bicalho; Bruna
de Azevedo Baêta; Adivaldo Henrique da Fonseca
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/ Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública, BR 465
CEP:23851-970, Seropédica, RJ. Email: [email protected]
Resumo- O hemograma é um exame muito utilizado na clínica médica equina, sendo um indicador de
alterações que podem não ser percebidas ao exame clínico. Este trabalho teve por objetivo, caracterizar o
perfil hematológico de equinos coletados no campus de Seropédica da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro. No período de julho de 2008 a junho de 2009, foram efetuadas coletas de sangue de 52
equinos. A partir desse sangue colhido foram determinados o Volume Globular (VG), Hematimetria (He),
Proteína Plasmática Total (PPT), Fibrinogênio (FB), Leucometria Global (LG) e Leucometria Específica (LE).
6
3
Os valores médios achados foram: VG 31±5,04%; He 6,7±2,41 x 10 /mm ; PPT 7,58±0,74g/dL; FB
412,2±177,76 mg/dL e LG 11713±3530,29 células/µL. Das alterações encontradas destacam-se a anemia,
hiperproteinemia, hiperfibrinogenemia, leucocitose e monocitose detectadas em alta prevalência entre os
animais. Os animais estudados demonstraram algumas variações nos parâmetros, porém em geral
apresentaram poucas alterações hematológicas, mostrando um reflexo das condições de manejo.
Palavras-chave: Hematologia, equinos, doenças
Área do Conhecimento: Ciências agrárias
Introdução
Equinos são usados para a tração de veículos
(carroças e charretes), sendo assim conduzidos a
enfrentar uma forma de vida totalmente diferente
da sua primitiva. A necessidade de um manejo
adequado (físico e alimentar) nesses animais
torna-se fundamental para a prevenção de
doenças.
Dentre as enfermidades que mais afetam os
equinos destacam-se as doenças parasitárias,
onde as hemoparasitoses têm sido mencionadas
como importantes causas de danos à sanidade
animal com comprometimento da função equina.
Rotineiramente, a pesquisa de parasitos é feita em
esfregaços sanguíneos corados. Entretanto, esta
técnica apresenta algumas limitações durante
infecções crônicas, onde a baixa parasitemia pode
resultar em um grande número de diagnóstico
falso negativo (CUNHA et al., 1998).
O hemograma é um exame muito utilizado na
clínica médica equina, sendo um indicador de
alterações que podem não ser percebidas ao
exame clínico, além de servir como procedimento
para avaliar a saúde animal e auxiliar na obtenção
de um diagnóstico. A avaliação dos elementos
celulares do sangue, quantitativamente e
qualitativamente,
fornece
informações
indispensáveis ao controle evolutivo das doenças
(FAILACE, 2006).
Este trabalho teve por objetivo, caracterizar o
perfil hematológico de 52 equinos coletados no
campus Seropédica da Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro (UFRuralRJ).
Material e Métodos
Os animais estudados eram provenientes de
sistemas de criação semi-extensiva e com elevada
população de carrapatos. O banho com
carrapaticidas era feito a critério de cada um de
seus respectivos responsáveis, sendo na maioria
das vezes um banho realizado a cada duas
semanas ou apenas quando o animal apresentava
alta carga parasitária.
No período de julho de 2008 a junho de 2009,
foram efetuadas coletas de sangue de 52 equinos
no campus da UFRuralRJ, através de punção da
veia jugular. As amostras eram acondicionadas em
frascos
com
o
anticoagulante
ácido
etilenodiaminotetracético
11%
(EDTA)
e
encaminhadas ao Laboratório de Doenças
Parasitárias do Departamento de Epidemiologia e
Saúde Pública, Instituto de Veterinária da
UFRuralRJ. A partir desse sangue colhido foram
determinados
o
Volume
Globular
(VG),
Hematimetria (He), Proteína Plasmática Total
(PPT), Fibrinogênio (FB), Leucometria Global (LG)
e Leucometria Específica (LE) segundo COLES
(1984). Foram feitas também lâminas de esfregaço
de sangue periférico para a observação da
presença de hemoparasitos. Estas lâminas foram
secas ao ar, fixados em metanol por três minutos e
corados pelo corante de Giemsa por 45 minutos.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
Para a detecção de hemoparasitos, as lâminas
foram examinadas no microscópio óptico em
objetiva de 100 vezes.
Resultados
Os resultados do hemograma das amostras
analisadas estão descritos abaixo nas Tabelas 1 e
2.
Analisando os resultados obtidos (Tabela 1),
observa-se uma grande amplitude de variação
entre o mínimo e o máximo, tanto no eritrograma
quanto no leucograma. Porém um grande número
de animais estava dentro do considerado normal
para o padrão da espécie equina (Tabela 2).
A anemia foi diagnosticada em 32 (61,54 %)
animais (Tabela 2).
Tabela 1. Média, desvio padrão, amplitude de variação (máximo e mínimo) dos parâmetros
hematológicos de 52 equinos da UFRuralRJ em relação aos valores de referência (JAIN, 1986).
Parâmetros Avaliados
Média
Volume Globular%
31
6
Hemácias x 10 / µL
6,70
Proteína g / dL
7,58
Fibrinogênio* mg / dL
412,20
Leucócitos Totais / µL
11713
Neutrófilos jovens / µL
63
Neutrófilos segmentados / µL 6257,83
Linfócitos / µL
4453,30
Monócitos / µL
239,93
Eosinófilos / µL
541,27
Basófilos / µL
72,66
Desvio
Padrão
5,04
2,41
0,74
177,76
3530,29
82,97
2061,32
2583,98
191,08
414,29
108,35
Mínimo
Máximo
23
2,05
6,1
100
5800
0
2378
1356
0
0
0
43
15,35
9,4
700
22300
278
12950
15387
828
2432
378
Valores de
Referência
32 – 53
6,8 – 14,43
6,0 – 8,0
100 – 400
5400 – 14310
0 – 100
2300 – 8510
1500 – 7710
0 – 100
0 – 1000
0 – 320
* Parâmetro avaliado em apenas 41 animais.
Das alterações encontradas destacam-se a
hiperproteinemia,
hiperfibrinogenemia,
leucocitose e monocitose detectadas em alta
prevalência entre os animais (Tabela 2).
Tabela 2. Número e porcentagem de equinos com parâmetros leucocitários
normais, diminuídos e aumentados segundo os valores de referência (JAIN,
1986).
Parâmetros Avaliados
Volume Globular%
6
Hemácias x10 /µL
Proteína g/dL
Fibrinogênio* mg / dL
Leucócitos Totais / µL
Neutrófilos jovens / µL
Neutrófilos segmentados / µL
Linfócitos / µL
Monócitos / µL
Eosinófilos / µL
Basófilos / µL
Normais
%(N°)
38,46 (20)
38,46 (20)
76,92 (40)
56,10 (23)
82,69 (43)
69,23 (36)
90,38 (47)
90,38 (47)
25,00 (13)
92,31 (48)
98,18 (51)
Aumentados Diminuídos
%(N°)
%(N°)
0,00 (0)
61,54 (32)
1,92 (1)
59,62 (31)
23,08 (12)
0,00 (0)
43,90 (18)
0,00 (0)
17,31 (9)
0,00 (0)
30,77(16)
0,00 (0)
9,62 (5)
0,00 (0)
9,62 (5)
0,00 (0)
75,00 (39)
0,00 (0)
7,29 (4)
0,00 (0)
1,92 (1)
0,00 (0)
* Parâmetro avaliado em apenas 41animais.
Não foram diagnosticadas alterações abaixo
dos valores de referência (JAIN, 1986) para a
espécie equina no Leucograma como mostra a
Tabela 2.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
Nenhuma espécie de hemoparasitos foi
encontrada nos esfregaços de sangue periférico.
cavalos atletas portadores. Ciência Rural. v.35,
n.5, p.1136-1140, 2005.
Discussão
-COLES, E.H. Patologia Clínica Veterinária. 3.
ed. São Paulo: Manole, 1984. 566p.
Os valores médios do VG (31±5,04%) e da He
6
3
(6,7±2,41 x 10 /mm ) corroboram com Botteon et
al. (2005), que encontrou uma média de 31% ±
6
3
2,31 no VG e 6,27±1,45 x 10 /mm na He em
cavalos atletas infectados naturalmente por
Babesia equi. A anemia deve receber especial
atenção em equinos, pois pode ser resultado de
babesiose, anemia infecciosa equina, entre outras
enfermidades. Evidências de anemia hemolítica
estão presentes na maioria dos quadros clínicos
de babesiose relatados (BOTTEON et al., 2005).
A média encontrada para PPT (7,58 ± 0,74) e
FB (412,2 ± 177,76) no presente estudo é maior
que a encontrada por Botteon et al.(2005). Porém
os valores para PPT corroboram com os achados
de Martins et al. (2005), feito em equinos atletas
no estado de repouso. A hiperfibrinogenemia
encontrada em 18 animais reflete um processo
inflamatório agudo (COLES, 1984).
Em relação ao leucograma, segundo Coles
(1984) há variação na leucometria global para
diferentes raças de cavalos. O cavalo de raça,
também chamado de “sangue quente” tem uma
leucometria global um pouco mais alta que o
animal de “sangue frio”. Isso explica a grande
amplitude de variação, já que se trata de animais
sem definições do grau de sangue de cada raça.
Nos equinos a resposta leucocitária é menos
intensa que a dos cães ou gatos (COLES, 1984).
Isso justifica o baixo índice encontrado de animais
com leucocitose neutrofílica (Tabela 2). Em geral
os equinos apresentaram poucas alterações.
Porém, a monocitose foi a que mais se destacou.
A monocitose ocorre em diversas condições, como
algumas doenças infecciosas (Ex. brucelose) e
doenças crônicas acompanhadas por reações
granulomatosas (COLES, 1984), porém nenhum
animal apresentou sintomatologia característica de
doença.
-CUNHA, C.W.; SILVA, S.S.; OSÓRIO, B.L.;
DUTRA, C.L. Alterações hematológicas e
sorológicas em equinos experimentalmente
infectados com Babesia equi. Ciência Rural, v.28,
n.2, p.283-286, 1998.
-FAILACE, R. Hemograma. 4. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2006. 298p.
-JAIN, N.C. Schalm’s Veterinary Hematology. 4.
ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1986. 1221 p.
-MARTINS, C.B.; OROZCO, C.A.G.; D’ ANGELIS,
F.H.F.; FREITAS, E.V.V.; CHRISTOVÃO, F.G.;
NETO, A.Q.; NETO, J.C.L. Determinação de
variáveis bioquímicas em eqüinos antes e após a
participação em prova de enduro. Revista
Brasileira de Ciências Veterinárias. v.12, n.1/3,
p.62-65, 2005.
Conclusão
Os resultados observados permitem concluir
que os animais estudados demonstraram algumas
variações nos parâmetros, porém em geral
apresentaram poucas alterações hematológicas,
mostrando um reflexo das condições de manejo.
Referências
-BOTTEON, P. T. L.; BOTTEON, R. C. C. M.;
REIS, T. P.; MASSARD, C. L. Babesiose em
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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