Entrevista
anos, pois a maior parte dos profissionais que trabalha
nesta área são engenheiros civis, e os cursos de graduação
em engenharia não oferecem um aprofundamento nesse
assunto. Existe uma lacuna grande na formação, no nível
de graduação, para atuação em estruturação de negócios,
desenvolvimento de empreendimentos, análise de mercado,
validação de investimentos, em suma, temas correlatos ao
Real Estate como setor econômico. Durante muitos anos o
nosso MBA-USP Real Estate: Economia Setorial e Mercados
foi o único focado na temática do Real Estate. Nos Estados
Unidos existem cerca de 200 cursos de MBA com este foco,
na Europa outro tanto.
A FUPAM, da FAU, fundação associada à Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(USP), também administra um MBA, com uma proposta um
pouco diferente da nossa, mas também voltado para o Real
Estate. O Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda
e Administração de Imóveis) tem um curso com a Abecip
(Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança), mas este é mais voltado para a questão de crédito
imobiliário, macroeconomia, trata de negócios imobiliários,
mas não entra muito na interface com o segmento de mercado.
Têm outros cursos também, como o da FAAP (Fundação
Armando Alvares Penteado), sobre negócios imobiliários,
não sei exatamente a filosofia, mas é um curso mais curto,
quando comparado ao nosso. O nosso tem uma proposta de
formação, o aluno se torna especialista neste assunto quando
formado, recebe um título conferido pela USP para atuar na
área de estruturação de negócios e análises deste segmento.
Sobre a procura por especializações pelos profissionais, no nosso
caso hoje mudamos de patamar. Com a demanda por informação
e profissionalização intensificadas nos últimos oito anos, devido
à abertura de capital das empresas, que se tornaram empresas
públicas, a entrada de novos fundos de investimento que captam
recursos de terceiros para fazer aplicação no mercado de Real Estate
e investidores internacionais entrando no mercado brasileiro, o
aumento da procura foi natural. O mercado imobiliário ficou
estagnado muito tempo, mas com a retomada do crescimento
da economia brasileira entre 2004 e 2010, e do próprio mercado
imobiliário, saímos de uma conjuntura menos profissional
para uma mais exigente e, na qual o volume de recursos de
terceiros envolvidos nos negócios é substancialmente maior, são
exigidos profissionais mais bem preparados e especializados na
formatação de negócios e que tragam mais segurança para as
decisões, respeitando esta nova condição. Por isso percebemos
que a procura nos últimos sete anos está muito relacionada à
evolução e amadurecimento do mercado. n
Um assunto interessante que foi levantado no Congresso é
a questão da parceria público privada, que para o americano
é um modelo visto com estranheza e desconfiança, diferente
de vários países da Europa, Austrália ou no sudeste asiático,
onde é muito usual. Mesmo aqui no Brasil, falamos muito
sobre o modelo, mas não investimos tanto, mesmo assim
é visto como perspectiva, mas nos EUA agora que estão
começando a tatear o assunto, e ainda com muita cautela.
Quais as regiões que apresentam o crescimento
imobiliário comercial mais expressivo no estado de
São Paulo? Quais serão novos polos corporativos de
escritórios no mercado nacional?
Algumas já são evidentes, como o prolongamento da Berrini
para a Chucri Zaidan e na Marginal sul. Existem diversos
empreendimentos em projeto ou em implantação acontecendo
na região. É importante também ficar atento às intervenções que
o poder público está pensando para a cidade, como o projeto
do Arco do Tietê, por exemplo, que começa nas imediações
do Cebolão e vai até o Tatuapé, 17 km aproximadamente, e
mais 2 km para cada lado do rio. Nesta região, várias empresas
já estão oferecendo propostas de intervenções públicas
acopladas à concepção de novos empreendimentos privados.
Existem várias intervenções públicas planejadas, nos modelos
de operações urbanas e de concessão urbana, portanto, o
surgimento de novas áreas comerciais e de serviços deverá estar
vinculado a estas propostas do estado, desde que façam sentido
do ponto de vista do empreendedor privado.
Se fosse empreendedor, prestaria muita atenção nestas
áreas de intervenção pública, que possivelmente se tornarão
novas centralidades no futuro.
O profissional de Real Estate é relativamente novo no
Brasil, dos anos 90, e os primeiros MBAs especializados
surgiram recentemente. A procura por cursos específicos
aumentou nos últimos anos? Quais opções têm hoje
para melhorar a formação?
O nosso MBA vem crescendo e se consolidando nos
últimos 20 anos, são três anos de curso e abrimos duas
turmas por ano, uma em março e outra em agosto. Alguns
alunos terminam o curso em dois anos e meio, incluindo
o desenvolvimento de uma monografia, que geralmente
é apoiada por um estudo de caso. O que temos notado é
que a procura por uma formação mais especializada em
negócios imobiliários tem se intensificado nos últimos
www.buildings.com.br
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