Instituto Superior Técnico Departamento de Matemática Secção de Álgebra e Análise Exercı́cios Resolvidos Integral de Linha de um Campo Escalar Exercı́cio 1 Considere o caminho g : [0, 1] → R2 definido por g(t) = (et cos(2πt), et sen(2πt)). a) Calcule o comprimento L(g) do caminho g. b) Calcule a coordenada x̄ do centróide da curva representada por g. Resolução: Na Figura 1 encontra-se representada a linha descrita pelo caminho g. y x PSfrag replacements Figura 1: a) Dado que g é de classe C 1 , o comprimento é dado pelo integral Z 1 L(g) = ||g 0 (t)||dt. 0 Sendo e g 0 (t) = (et cos(2πt) − 2πet sen(2πt), et sen(2πt) + 2πet cos(2πt)) ||g 0 (t)|| = então, L(g) = Z 1 0 ||g 0 (t)||dt = Z 1 0 p 1 + 4π 2 et p p 1 + 4π 2 et dt = 1 + 4π 2 (e − 1). b) Por definição, a coordenada x̄ do centróide é dada pelo integral Z 1 Z 1 1 1 x̄ = x(g(t))||g 0 (t)||dt = e2t cos(2πt)dt. L(g) 0 (e − 1) 0 Integrando por partes duas vezes obtemos x̄ = e2 − 1 . 2(e − 1)(1 + π 2 ) 1 Exercı́cio 2 Um aro circular de raio 1 rola sem deslizar ao longo de uma linha recta. Calcule o comprimento da trajectória descrita por um ponto do aro entre dois contactos consecutivos com o solo. Resolução: Podemos colocar o aro no plano Oxy a rolar ao longo do eixo Ox de tal forma que, no inı́cio do movimento, o centro se encontra no ponto (0, 1) e o ponto do aro em questão se encontra na origem. O facto de o aro rolar sem deslizar significa que quando o centro se desloca uma distância s ao longo do eixo Ox, o ponto no aro descreve, em relação ao centro do aro, um arco de circunferência de comprimento s. Por exemplo, num quarto de volta do aro, o centro sofrerá um deslocamento de comprimento π2 . A curva assim descrita por um ponto do aro chama-se ciclóide. y PSfrag replacements 1 0 s 2π s x Figura 2: Esboço da ciclóide O movimento do ponto do aro pode ser decomposto em dois: o movimento do centro do aro e o movimento do ponto em relação ao centro. Se usarmos a distância percorrida pelo aro como parâmetro, a trajectória do centro é descrita pelo caminho g1 : [0, 2π] −→ R2 definido por g1 (s) = (s, 1). Por outro lado, a trajectória do ponto no aro em relação ao centro é descrita pelo caminho g2 : [0, 2π] −→ R2 definido por π π − s), sen(− − s)) 2 2 = (− sen s, − cos s), g2 (s) = (cos(− já que o vector que une o centro ao ponto do aro começa por fazer um ângulo de − π2 com o eixo Ox e roda no sentido dos ponteiros do relógio. Portanto, a trajectória do ponto no aro é descrita pela soma destes dois caminhos g(s) = g1 (s) + g2 (s) = (s − sen s, 1 − cos s). O comprimento deste caminho é dado pela expressão Z Z 2π 1= ||g 0 (s)||ds C 0 onde C = g([0, 2π]). Como g 0 (s) = (1 − cos s, sen s) 2 temos ||g 0 (s)|| = = e, portanto, Z p p 1 = 4 1 − 2 cos s + cos2 s + sen2 s 2(1 − cos s) Z 2π 0 C Z 1 p 2(1 − cos s)ds p du 2(1 − u) √ 1 − u2 0 Z 1 √ du √ = 4 2 1+u 0 √ √ = 8 2( 2 − 1) = 4 onde na passagem da primeira para a segunda linha se usou a mudança de variável u = cos s. Exercı́cio 3 Um avião a hélice desloca-se em linha recta a uma velocidade constante igual a 1. A hélice do avião tem raio r e roda a velocidade constante, efectuando ω voltas por unidade de tempo. Determine o comprimento da trajectória descrita por um extremo da hélice quando o avião se desloca L unidades de comprimento. Resolução: Podemos imaginar o avião a deslocar-se ao longo do eixo Ox e de tal forma que, no instante inicial, o centro da hélice se encontra na origem. Então a trajectória percorrida pelo centro da hélice é descrita pelo caminho g1 : [0, L] −→ R3 , definido por g1 (t) = (t, 0, 0). Por outro lado, a hélice roda a uma velocidade constante em relação ao centro, num plano perpendicular ao eixo Ox. Na Figura 3 apresenta-se a trajectória do extremo da hélice e a respectiva projecção no plano x = 0. z z x=0 y PSfrag replacements 2π x Figura 3: Trajectória do extremo da hélice 3 y Em relação ao centro, um extremo da hélice descreve uma circunferência definida pelo caminho g2 : [0, L] −→ R3 g2 (t) = (0, r cos(2πωt), r sen(2πωt)). Assim, a trajectória C de um extremo da hélice é descrita pela soma dos dois caminhos em R 3 , ou seja, é descrita pelo caminho g : [0, L] −→ R3 , definido por g(t) = (t, r cos(2πωt), r sen(2πωt)). O comprimento deste caminho é dado pelo integral Z Z L 1= ||g 0 (t)||dt 0 C onde C = g([0, L]). Sendo g 0 (t) = (1, −2πωr sen(2πωt), 2πωr cos(2πωt)), então p ||g 0 (t)|| = p = e, portanto, 1 + 4π 2 r2 ω 2 sen2 (2πωt) + 4π 2 r2 ω 2 cos2 (2πωt) 1 + 4π 2 r2 ω 2 Z C p 1 = L 1 + 4π 2 r2 ω 2 Exercı́cio 4 Um fio C, com densidade de massa ρ(x, y, z) = |x(y + 1)|, tem a configuração da intersecção das superfı́cies S P = {(x, y, z) ∈ R3 : z = p x2 + y 2 } √ = {(x, y, z) ∈ R : y + 2z = 1}. 3 Calcule a massa de C. Resolução: Na Figura 4 encontra-se representada a intersecção do cone S com o plano P que é paralelo ao eixo Ox. A massa do fio é dada pelo integral de linha Z m= ρ. C Para calcular este integral de linha é conveniente determinar um caminho de classe C 1 que descreva a curva C. Comecemos por determinar a equação da projecção de C no plano Oxy, que designamos por C0 : ( p 2 z = x2 + y 2 ⇒ x2 + y 2 = 12 − y + y2 1 z = √2 (1 − y) x2 + ⇔ (y+1)2 2 = 1. Portanto, a projecção C0 é uma elipse centrada no ponto (0, −1, 0) com eixo maior de compri√ mento 2 e eixo menor de comprimento 1 tal como se representa na Figura 4. Assim, a curva C pode ser descrita pelo caminho √ √ g(t) = (cos t, 2 sen t − 1, 2 − sen t), t ∈ [0, 2π] , 4 y z PSfrag replacements PSfrag replacements 1 S P C −1 S x C0 z C C0 1 −1 x y P Figura 4: Intersecção do cone S com o plano P e respectiva projecção no plano z = 0 onde se usou o facto de que, quando t percorre o intervalo [0, 2π] , a função (cos t, descreve a projecção C0 , e √ √ 1 1 z = √ (1 − y(g(t))) = √ (1 − ( 2 sen t − 1)) = 2 − sen t. 2 2 Então, temos √ g 0 (t) = (− sen t, 2 cos t, − cos t) p p ||g 0 (t)|| = sen2 t + 2 cos2 t + cos2 t = 1 + 2 cos2 t √ 1 ρ(g(t)) = | cos t( 2 sen t − 1 + 1)| = √ | sen(2t)|, 2 e, portanto, m= Z 2π ρ(g(t))||g 0 (t)||dt = 0 = = = Z 2π p 1 √ | sen(2t)| 1 + 2 cos2 tdt 2 0 Z π2 p 4 √ sen(2t) 1 + 2 cos2 tdt 2 0 i π2 4 h 3 √ −(1 + 2 cos2 t) 2 0 3 2 4 3 √ (3 2 − 1). 3 2 5 √ 2 sen t − 1, 0)