Aula: 01 Temática: Composição da Crosta Terrestre Iniciamos nossa aula conhecendo alguns aspectos da crosta terrestre. A crosta terrestre é a camada mais externa do planeta e é a parte superior da litosfera, com uma espessura que varia entre 5 a 70 km. De um modo geral, a crosta terrestre é formada por átomos de oxigênio, átomos de silício e de alumínio, aparecendo com porcentagem atômica menor os átomos de Fe, Ca, Mg, Na e K. Os demais elementos químicos representam cerca de 1% da proporção atômica média encontrada na crosta terrestre, e desses, apenas, o Ti possui alguma importância volumétrica na arquitetura da crosta. O mais importante para entender a estruturação da crosta terrestre é a proporção atômica, seguida da proporção volumétrica, não tendo importância a porcentagem em peso, embora seja a maneira sob a qual a composição das rochas e dos minerais é normalmente mencionada e analisada do ponto de vista litoquímico ou geoquímico. Dessa forma podemos imaginar a crosta terrestre como uma espuma de oxigênio ligada em configuração de maior ou menor complexidade pelos átomos pequenos, altamente carregados, de silício tetravalente (raio iônico = 0,42A) e alumínio trivalente (raio iônico = 0,51A). Esta estrutura apresenta fissuras que podem ser ocupadas por átomos de Fe, Ca, Mg, Na e K em estados de coordenação adequados a seus respectivos raios individuais. O que norteia o aparecimento de um ou outro mineral são as condições termodinâmicas ditadas pela concentração dos elementos, pressão confinante, temperatura, natureza e pressão dos fluidos, pH etc. Dessa maneira, a mineralogia pode ser tomada como o alfabeto com que a natureza escreve a sua história, sendo que neste contexto aparecem citações como: "Se as rochas são as páginas do livro da história geológica, os minerais são os caracteres com os quais o livro foi impresso e somente com uma compreensão deles e de suas estruturas o documento pode ser lido". O estudo direto da composição da Terra é possível apenas para as porções mais externas do planeta. A química das porções mais internas, entretanto, não pode ser obtida diretamente. QUÍMICA DOS MINERAIS Apenas através de métodos indiretos, através da confrontação de análise química das principais rochas aflorantes na superfície do planeta, análise de meteoritos e da composição do Sol, experimentação petrológica, dados de velocidade de propagação ondas sísmicas, e comparando a densidade das rochas superficiais com as do interior do planeta é que podemos formular um modelo geoquímico válido para a Terra. Em conjunto, esses dados delimitam quais são os modelos razoáveis e os improváveis. Por exemplo, a diferença entre a densidade média das rochas crustais e a densidade média da Terra indica que o material existente no interior do planeta deve ser mais denso que o que encontramos na superfície, e mais denso que a média calculada para a Terra. Por outro lado, os dados sísmicos, mostram que a densidade varia abruptamente no interior da Terra, o que possivelmente indica que há variações composicionais. Embora os dados acima imponham restrições aos modelos geoquímicos, eles não permitem definir a composição real média da Terra. Para obtê-la é preciso encontrar um material que represente essa composição. Os materiais eleitos para essa determinação têm origem extraterrestre: são os meteoritos. A escolha deve-se ao fato dos meteoritos terem sido originados com a Terra e os demais planetas, durante a formação do sistema solar. Assim, os meteoritos teriam se formado a partir do mesmo material disponível para formação da Terra e seriam “fósseis” dos estágios iniciais da evolução planetária. A análise dos diferentes tipos de meteoritos permite tirar algumas conclusões gerais sobre a constituição da nebulosa que deu origem ao sistema solar. A primeira conclusão importante é o fato de que não existe nenhum elemento químico nos meteoritos que não seja também encontrado na Terra. Por outro lado, verifica-se que os elementos presentes nos meteoritos podem ser agrupados de acordo com determinadas associações minerais, revelando a afinidade geoquímica entre esses elementos. QUÍMICA DOS MINERAIS A Tabela abaixo mostra a composição média das rochas da crosta terrestre em comparação com a composição média da Terra, segundo o que é usualmente denominado modelo condrítico1: Crosta da Terra * O – 46% Si – 28% Al – 8% Fe – 6% Mg, Ca, K, Na, e outros - 12% Média da Terra (composição média de condritos carbosos)* Fe – 35% O – 30% Si – 15% Mg – 13% Ni, S, Ca, Al e outros – 7% * percentual sobre peso total. Iniciamos a unidade I, conhecendo a composição da crosta terrestre; em nossa próxima aula faremos uma introdução à Mineralogia. 1 Condrítico: que tem a estrutura granular característica das condritas (pedra meteórica caracterizada pela presença de pequenos agregados esferoidais de natureza silicatada). QUÍMICA DOS MINERAIS