Seja T o período de revolução do planeta em torno do Sol, intervalo de tempo também chamado, eventualmente, de ano do planeta. A 3.a Lei ensina que: Para qualquer planeta do Sistema Solar, o quociente entre o cubo do raio médio da órbita e o quadrado do período de revolução em torno do Sol é constante. Matematicamente: r3 –––– = kp T2 A constante kp é denominada constante de Kepler e depende apenas da massa do Sol. A energia mecânica (Em) do corpo na posição considerada do campo gravitacional é dada pela soma das energias cinética (Ec) e potencial gravitacional (Ep). Em = Ec + Ep mv2 GMm mv2 GMm Mas: Ec = ––––– e Ep = – ––––––– ⇒ Em = ––––– + (– –––––) 2 d 2 d É importante notar que Em pode ser positiva, nula ou negativa. Estudemos conceitualmente cada um dos casos, raciocinando em termos de um foguete lançado da superfície da Terra. 1.° caso: Em > 0 Significa que há predominância do módulo da energia cinética sobre o módulo da energia potencial gravitacional. Neste caso, o foguete consegue sair do campo gravitacional terrestre e ainda lhe sobra energia (cinética) que garante o seu movimento retilíneo e uniforme pelo espaço exterior. 2.° caso: Em = 0 Significa que o módulo da energia cinética é igual ao módulo da energia potencial gravitacional. Neste caso, o foguete chega ao limite do campo gravitacional terrestre, permanecendo “parado” naquela região, pois não lhe sobra energia para prosseguir. 3.° caso: Em < 0 Significa que há predominância do módulo da energia potencial gravitacional sobre o módulo da energia cinética. Neste caso, o foguete não consegue escapar do campo gravitacional terrestre. Depois de lançado, atinge certa altura e, a seguir, retorna à superfície da Terra. Satélites Consideremos a figura seguinte, em que um satélite gravita em órbita circular em torno da Terra, descrevendo movimento uniforme. Sejam: r = raio da órbita do satélite; M = massa da Terra; m = massa do satélite; G = constante da gravitação universal. Nossa intenção é calcular para o movimento do satélite: • O módulo da velocidade orbital (v). • O período de revolução em torno da Terra (T). • A velocidade areolar (va). A força de atração gravitacional que o satélite recebe da Terra é a resultante centrípeta em seu movimento circular e uniforme. F=Fcp Mm mv2 G –––– = –––– ⇒ v= r r2 AS LEIS DE KEPLER As três leis que apresentaremos a seguir regem os movimentos dos planetas de qualquer sistema solar. Observe que v independe da massa do satélite, sendo inversamente proporcional à raiz quadrada de r. Quanto maior for r, menor será v. Como o satélite realiza movimento circular e uniforme, tem-se que: 1.a Lei (Lei das Órbitas) Tomando o Sol como referencial, todos os planetas se movem em órbitas elípticas, localizando-se o Sol em um dos focos da elipse descrita. Sendo Observe que Kepler não excluiu a possibilidade de existirem órbitas circulares. A circunferência é um caso particular de elipse, isto é, trata-se de uma elipse de focos coincidentes. , segue que: O período de revolução do satélite em torno da Terra é proporcional à raiz quadrada do cubo do raio da órbita, sendo independente da massa do satélite. 2.a Lei (Lei das Áreas) APLICAÇÃO Consideremos um determinado planeta do Sistema Solar, descrevendo sua órbita elíptica em torno do Sol. Consideremos também um segmento de reta unindo o centro de massa do planeta ao centro de massa do Sol. À medida que o planeta percorre sua órbita, o referido segmento de reta varre no espaço uma certa área. A 2.a Lei ensina que: O segmento de reta traçado do centro de massa do Sol ao centro de massa de um planeta do Sistema Solar varre áreas iguais em tempos iguais. Δt1 = t2 – t1 Δt2 = t4 – t3 Se Δt1 = Δt2, então: A1 = A2 O ponto da órbita com proximidade máxima em relação ao Sol chama-se periélio; e aquele com afastamento máximo em relação ao Sol, afélio. Pode-se verificar que: • No periélio, a velocidade escalar de um planeta tem módulo máximo; no afélio, tem módulo mínimo. • Do periélio para o afélio, um planeta descreve movimento retardado; do afélio para o periélio, movimento acelerado. Considere um planeta hipotético gravitando em órbita circular em torno do Sol. O raio da órbita do planeta é suposto 4 vezes maior que o raio da órbita da Terra, também suposta circular. Qual o período de translação do referido planeta, medido em anos terrestres? Solução: Considere: rH = raio da órbita do planeta hipotético. rT = raio da órbita da Terra. TH = período de translação do planeta hipotético (ano do planeta). TT = período de translação da Terra (ano da Terra). Conforme a 3.ª Lei de Kepler, para os dois planetas, tem-se: r3 –––– = kp (constante de Kepler) T2 Assim, para o planeta hipotético: r3H ––––– = kp (I) T2H Para a Terra: r3T ––––– = kp (II) T2T Comparando (I) e (II), segue que: Sabe-se que rH = 4R e rT = R. Logo: 3.a Lei (Lei dos Períodos) Consideremos a figura seguinte, que representa a órbita elíptica de um planeta em torno do Sol. Na figura, destacam-se o afélio e o periélio, cujas respectivas distâncias ao centro de massa do Sol são a e p. O ano do planeta hipotético é oito vezes maior que o terrestre. 12