Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Ciências Departamento de Ciências Biológicas Trabalho de Culminação de Curso Estudo da Dieta e “Home Range” do Búfalo (Syncerus caffer) no Santuário do Parque Nacional da Gorongosa Autor: Luís Júnior Comissário Mandlate Supervisor: dr. Carlos Manuel Bento Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Agradecimentos Em primeiro lugar agradecer a Deus pela força, vontade e persistência durante todo o percurso da minha formação. Meus profundos agradecimentos, em especial vão para o meu supervisor o dr. Carlos M. Bento, que criou condições para que este trabalho se realizasse, para além de criar condições para a deslocação e a estadia no parque, ajudou durante o trabalho no campo e agradeço pelo apoio cientifico, moral e pela paciência ao longo de todas etapas da realização deste trabalho. Agradeço ao dr. Valério Govo pela ajuda durante a realização do trabalho. Endereço os meus sinceros agradecimentos ao Parque Nacional da Gorongosa e ao pessoal do Santuário, em especial ao Sr. Zembe, Sr. Henriques, Costa, Xadreque e ao Alberto pela amizade e companhia durante a estadia no Parque. Agradecimentos especiais vão para os meus pais Luís Comissário Mandlate e Celeste da Gloria Xerindza e aos meus irmãos Celso, Terúdio, Eva, Célia e Edite que sempre me apoiaram e me encorajaram na carreira estudantil. Aos docentes do DCB pelos ensinamentos contribuíram para que me formasse como um Biólogo, a Todos os funcionários do DCB Aos meus colegas da Faculdade, a toda a turma de Biólogia de 2006, em especial ao João Júnior, Sérgio Massora, Albino Maveto, David Samson, Mirian Gorett, Edson Cumbane, Vando Márcio, Mauro Machipane, Raul Salato, Jaime Mantsinhe, Cintia Cassimo, Sorashe Tajú, Alima Tájú, Nuria Monjane, Faiza Salé, Ricardo Jorge, Isaltina Tafula, André Nikutume. A todos que directa ou indirectamente contribuíram e me ajudaram durante os estudos e tornaram possível a realização do meu sonho em formar-me como um Biólogo, Muitíssimo Kanimambo. Luís Júnior Comissário Mandlate ii Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Declaração de Honra Declaro, por minha honra, que este trabalho de Licenciatura nunca foi apresentado na sua essência ou parte dela para obtenção de qualquer grau académico e que constitui resultados da minha investigação pessoal, estando indicadas na bibliografia as fontes utilizadas para a sua elaboração. Maputo, Janeiro de 2010 .......................................................... (Luís Júnior Comissário Mandlate) Luís Júnior Comissário Mandlate iii Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Dedicatória Aos meus pais Luís Comissário Mandlate e Celeste da Gloria Xerindza, pelo apoio moral, confiança que depositam em mim durante toda a vida e desde os primeiros passos na escola. Luís Júnior Comissário Mandlate iv Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Lista de abreviaturas e símbolos ANOVA- Analise de variância DPM- Disco medidor de pasto ha-Hactare Kg-Kilogramas Kg/ ha- Kilograma por hectare Km-Kilómetros MINAG- Ministério Da Agricultura MITUR- Ministério Do Turismo mm- Milímetros PNG- Parque Nacional da Gorongosa DCB-Departamento de Ciências Biológicas. Lista de Tabelas Tabela 1: Espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos. no Santuário do PNG. Tabela 2: Biomassa herbácea disponivel para os herbivoros no Santuário do PNG. Tabela 3: Preferência das diferentes espécies de plantas pelos Búfalos. Tabela 4: Preferência das plantas pelos Búfalos em relação a sua coloração. Tabela 5:Tamanho do “Home range” dos Búfalos em cada período do estudo no Santuário do PNG. Lista de Figuras Figura 1: Localização geográfica da área de estudo e mapa de vegetação da área de estudo. Figura 2: Abundância relativa das espécies de plantas em cada período de estudo. Figura 3: Disponibilidade de cada espécie de planta para os Búfalos em cada período de estudo no Santuário do PNG. Figura 4: Consumo de gramíneas pelos Búfalos no Santuário do PNG. Figura 5: Contribuição das diferentes espécies de plantas na dieta dos Búfalos. Figura 6: Relação entre abundância e consumo das gramíneas encontradas no santuário do PNG Figura 7: Coloração das gramíneas encontradas durante o período de estudo no Santuário do PNG, abundância e consumo relativo em relação a cor das plantas. Luís Júnior Comissário Mandlate v Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Figura 8: Relação entre a densidade de pasto e a presença dos Búfalos. Figura 9: Relação entre o número de arvores e a presença dos Búfalos Figura 10: Mapa do “Home range” dos Búfalos no Santuário de PNG durante o período do estudo. Figura 11: Mapa da distribuição dos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do estudo. Figura 12. Mapa de densidade dos Búfalos no Santuário do PNG. Lista de Anexos Anexo1: Tabela dos resultados de testes de Kolmogorov-Smirnov para análise de Normalidade nas diferentes espécies de gramíneas. Anexo 2: Tabela do Teste de Levene para a análise de Homogeneidade de variâncias nas diferentes espécies de gramíneas Anexo 3: Tabela da analise de Variancia Anexo 4: Tabela do Teste de Tukey HSD Anexo 5: Tabela de correlação entre abundância e consumo de gramíneas pelos Búfalos. Anexo 6: Tabela de frequência, abundância relativa e disponibilidade de plantas em cada periodo de estudo no Santúario do PNG. Anexo 7: Tabela de frequência das plantas consumidas, consumo relativo; e contribuição de plantas durante o periodo de estudo no Santúario do PNG. Anexo 8: Tabela do número de plantas e os respectivos valores absolutos e relativos (%) em cada período de estudo em relação a sua coloração. Anexo 9: Número de plantas encontradas e consumidos em relação a coloração e os seus respectivos valores relativos. Anexo 10: Abundância e consumos médios das plantas e os respectivos desvios padrão. Anexo 11: Frequência das alturas do disco do pasto.registadas.~ Anexo 12: Frequência das arvores encontradas. Luís Júnior Comissário Mandlate vi Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Resumo Em Moçambique a população dos Búfalos no Parque Nacional de Gorongosa (PNG) chegou aos 14.000 (em 1972), mas seguiram-se quase 30 anos de guerra e nos anos 80, o parque transformou-se num campo de batalha, tendo de ser deixado ao abandono. Durante esse período soldados e a população civil caçaram a maioria dos animais de grande porte e tendo causado a sua diminuição em mais de 95%. A Fundação Carr em co-operação com o Ministério de Turismo de Moçambique embarcou em um projecto de restauração ambicioso a longo prazo para o PNG. Um dos mecanismos como parte desta estratégia foi o uso de um santuário em que os Búfalos e outros animais estão a ser reintroduzidos para se reproduzirem e aumentar a sua população e poderem ser libertos no parque com objectivos de aumentar a pequena população existente. O Presente trabalho foi realizado no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa durante as ultima quinzena dos meses de Maio, Junho e Julho. com objectivos de saber qual é a dieta e “Home Range” dos Búfalos introduzidos no Santuário para se estabelecer estratégias na gestão destes animais. O estudo da dieta foi feito através do método directo. Os dados foram tratados usando-se o pacote estatístico SPSS versão 13. A ANOVA mostrou haver diferenças significavas na abundância e consumo de diferentes gramíneas em locais frequentados pelos Búfalos, em que as espécies mais abundantes e consumidas foram a Panicum maximum seguida pela Setaria sphacelata. O Índice de Electividade de Ivlev mostrou que as espécies de gramíneas mais preferidas pelos Búfalos para a sua dieta foram o Panicum coloratum e o Panicum maximum e que os Búfalos preferem as plantas verdes e as plantas verdes-amareladas, amarelasacastanhadas e castanhas são rejeitadas pelos Búfalos. Para o estudo do “Home Range” foram usados as coordenadas geográficas recolhidas com o auxilio do GPS durante a amostragem da dieta e foram tratados usando o programa Arcview 3.2. Do estudo do “Home range” verificou-se que os Búfalos preferem habitats abertos (Savanas), evitando locais com menor e maior densidade de pasto, e verificou-se a dependência destes pela água. Portanto o tamanho do “Home range” dos Búfalos variou ao longo do período de estudo, tendo se registado o aumento do “Home range”. Luís Júnior Comissário Mandlate vii Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Índice Agradecimentos .............................................................................................................................. ii Agradeço ao dr. Valério Govo pela ajuda durante a realização do trabalho................................... ii Declaração de Honra...................................................................................................................... iii Dedicatória..................................................................................................................................... iv Lista de abreviaturas e símbolos ..................................................................................................... v ANOVA- Analise de variância ....................................................................................................... v DPM- Disco medidor de pasto........................................................................................................ v Km-Kilómetros ............................................................................................................................... v Lista de Tabelas .............................................................................................................................. v Lista de Figuras............................................................................................................................... v Lista de Anexos.............................................................................................................................. vi Resumo ......................................................................................................................................... vii 1.Introdução .................................................................................................................................... 1 1.1. Problema e Justificação do Estudo .......................................................................................... 3 2. Objectivos ................................................................................................................................... 5 2.1. Objectivo geral......................................................................................................................... 5 2.2. Objectivos especificos ............................................................................................................. 5 3. Hipóteses..................................................................................................................................... 5 4. Área de estudo............................................................................................................................. 6 5.Material e Métodos ...................................................................................................................... 9 5.1. Material do campo. .................................................................................................................. 9 5.2. Metodologia ............................................................................................................................. 9 5.2.1. Dieta...................................................................................................................................... 9 5.2.2. “Home Range “ ................................................................................................................... 10 6. Análise dos dados ..................................................................................................................... 12 7. Resultados ................................................................................................................................. 14 7.1. Dieta....................................................................................................................................... 14 Luís Júnior Comissário Mandlate viii Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 7.1.1. Espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos. ..................................................... 14 7.1.2. Abundância das gramíneas. ................................................................................................ 14 7.1.3. Disponibilidade de gramíneas para os Búfalos................................................................... 15 7.1.4. Consumo de gramíneas pelos Búfalos. ............................................................................... 16 7.1.5. Contribuição das gramíneas da dieta dos Búfalos .............................................................. 18 7.1.6.Relação entre a abundância e o consumo e de gramíneas pelos Búfalos............................. 18 7.1.7. Biomassa herbácea disponível para os herbívoros no Santuário. ....................................... 19 7.1.8. Coloração ............................................................................................................................ 19 7.1.9. Preferência das gramíneas pelos Búfalos............................................................................ 21 7.2. “Home range” ........................................................................................................................ 22 7.2.1. Tamanho do "Home Range" dos Búfalos ........................................................................... 22 7.2.2. Relação entre a presença dos Búfalos e a densidade do pasto ............................................ 22 7.2.3. Relação entre o número de arvores e a presença dos Búfalos. ........................................... 23 8. Discussão dos Resultados ......................................................................................................... 27 8.1. Dieta....................................................................................................................................... 27 8.2. "Home range"......................................................................................................................... 32 9. Conclusões ................................................................................................................................ 36 10. Recomendações....................................................................................................................... 37 11. Bibliografia ............................................................................................................................. 38 Anexos .......................................................................................................................................... 42 Luís Júnior Comissário Mandlate ix Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 1.Introdução Os Búfalos africanos são animais gregários que ocorrem em manadas, podendo atingir até 1000 animais. O tamanho de um rebanho é determinado pela abundância dos alimentos e da água, maiores rebanhos são mais propensos a residir em geral em áreas abertas. Estes animais são grandes, com uma altura que pode atingir 1,4 m. O comprimento do corpo é entre 2 a 3,5 metros apresentam uma cauda de mais ou menos 70cm, a fêmea “ vaca” pode ter 550kg enquanto que o macho “ touro” pode ter 700 kg (Stuart, 1993). Os touros adultos apresentam coloração castanho-carregado ou pretos, mas as fêmeas são geralmente pretas ou castanho-avermelhadas. Em estado selvagem o Búfalo pode viver cerca de 26 anos e até 30 anos em cativeiro (Stuart, 1993). Estes animais pertencem a família Bovidae e estão largamente distribuídos na África Austral, mas também no sul do Sahara. Actualmente a sua distribuição tem sido fragmentada pelas actividades humanas (expansão humana) e a espécie agora tem uma distribuição descontínua (Stuart, 1993). Em Moçambique, a distribuição actual dos Búfalos é bastante limitada, encontrando-se aparentemente desaparecidos no sul de Moçambique excepto as populações reintroduzidas no Parque Nacional de Limpopo. No centro do país durante o ano de 2008 os Búfalos foram vistos nas vizinhanças da reserva de Marromeu e na parte ocidental da província de Tete e na zona norte do país os Búfalos encontram se um pouco distribuídos por toda área, mas parecem estar mais confinados no ocidente de Magoe, Niassa e área de Chimpanzé (MINAG, 2008). Os herbívoros tem uma dieta que é considerada de baixa qualidade quando comparados com omnívoros e carnívoros (Hairston et al., 1960; Westoby, 1978; Owen-Smith e Novellie 1982 citados por Henley e Ward, 2006). As plantas não só possuem baixa quantidade de energia e proteínas mas também contém grandes quantidades de estruturas Luís Júnior Comissário Mandlate 1 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa químicas que reduzem a seu valor nutricional para os herbívoros (Freeland e Janzen, 1974; Lundberg e Astrom, 1990 citados por Henley e Ward, 2006). A qualidade nutricional dos alimentos consumidos é determinada pela sua composição em termos da proporção da fibra da parede celular em relação ao conteúdo celular e pela concentração de proteína, carbohidratos solúveis, elementos minerais e outros nutrientes do conteúdo celular (Owen-Smith, 2002). Essa qualidade e disponibilidade do alimento nas savanas para herbívoros de tamanho grande varia espacialmente e sazonalmente (Bell, 1982; Walker,1993 citados por Macandza et al., 2004). As mudanças sazonais causam mudanças na selecção de certas espécies de plantas ou tipos e consequentemente mudanças na composição da dieta (Owen-Smith & Cooper, 1987, 1989 citados por Macandza et al., 2004). Durante a estação seca quando há um menor crescimento do pasto, os herbívoros causam uma continua diminuição da biomassa das espécies preferidas para a forragem (OwenSmith & Cooper 1987, 1989 citados por Macandza et al., 2004). Entender a variação dos recursos alimentares suportados pelos herbívoros, em especial a selecção da dieta, é essencial para explicar o movimento de um animal, o habitat seleccionado, dinâmica das populações e por fim o desenvolvimento de sistemas de gestão apropriados para cada situação especifica conducentes a uma utilização mais eficiente e sustentável dos recursos naturais (Owen-Smith, 2002 citado por Macandza et al., 2004; Ferreira et al., 2004). Segundo o estudo realizado por Macandza et al.(2004), sobre a proporção de uma determinada espécie de forragem disponível no habitat dos Búfalos africanos na contribuição para a sua dieta através das observações directas e análises fecais, mostraram que a sua dieta na maior parte do ano é dependente das espécies Panicum ssp., particularmente Panicum maximum, embora a contribuição das espécies de Panicum para a dieta dos Búfalos decresce progressivamente na estação seca. Luís Júnior Comissário Mandlate 2 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa “Home Range” é definido como a área usada pelos animais para a realização de actividades diárias como o forragimento, procura de parceiros sexuais e outras actividades e é também definida como a construção teórica e extensão da região onde o animal frequenta (Burt, 1943 citado por Gates et al., 2005). Segundo Stuart (1993), a manada de Búfalos tem um “Home range” claramente definido e na área da manada raramente há sobreposição. E o tamanho do seu “Home range” está relacionado com a qualidade do habitat (Sinclair,1977 citado por Gates et al., 2005). As áreas de permanência menores acontecem em habitats arborizados, e a densidade dos Búfalos está correlacionada com a elevada disponibilidade do pasto ao longo das margens dos rios e em matas abertas de florestas (Larter &Gates, 1990 citados por Gates et al.,2005). As mudanças sazonais da disponibilidade de alimentos, distribuição do alimento; lugares cobertos para o descanso durante o dia e lugares que garantem baixas temperaturas nocturnas e geada são factores determinantes na selecção do habitat pelos Búfalos africanos (Winterbach, 1999 citado por Cronhout, 2007). Para o estudo do "Home Range" desenvolveu-se recentemente o metódo que usa a tecnologia do Global position Systems (GPS), que pode ser usado para registar as coordenadas geográficas dos locais frequentados pelos animais, e a identificação e quantificação desses habitats, quando combinados com dados ecológicos pode contribuir para o entendimento dos habitats requeridos por herbívoros e os factores que governam o espaço ocupado por estes (David et al., 2009). 1.1. Problema e Justificação do Estudo Em Moçambique a população dos Búfalos no Parque Nacional de Gorongosa (PNG) chegou aos 14.000 (em 1972), mas seguiram-se quase 30 anos de guerra e nos anos 80 o parque transformou-se num campo de batalha, tendo de ser deixado ao abandono (PNG, 2007). Luís Júnior Comissário Mandlate 3 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Durante a guerra, soldados e civis caçaram grande maioria dos mamíferos existentes no parque tendo causado uma diminuição dos mamíferos de maior porte em mais de 95% e o ecossistema muito ameaçado durante estes trinta anos de conflito civil em Moçambique ( PNG, 2007). Actualmente em Moçambique estima-se que existe 5717 (±53 %) Búfalos, contudo em 2008 foram vistos somente 744, com a maior população na reserva de Niassa e ao redor da reserva de Marromeu e na área comunal de Magoe na parte ocidental da província de Tete (MINAG, 2008). A Fundação Carr em co-operação com o Ministério de Turismo de Moçambique embarcou um projecto de restauração ambicioso a longo prazo para o PNG. O Programa de restauração inclui a introdução activa da vida selvagem no PNG. E um dos mecanismos como parte desta estratégia foi o uso de um santuário em que os Búfalos e outros animais estão a ser reintroduzidos para se reproduzirem e aumentar a sua população e poderem ser libertos no Parque com objectivos de aumentar a pequena população existente (Stalmans, 2006). O sucesso das estratégias de gestão de diferentes comunidades de herbívoros com objectivos de produção e ambientais requer o conhecimento dos processos envolvidos na interacção entre estes e as plantas. Estas relações específicas para cada espécie de herbívoro e tipo de vegetação, não estão ainda totalmente compreendidas, conduzindo muitas vezes à adopção de estratégias de maneio inapropriadas (Ferreira et al., 2004). E o conhecimento da área de permanência de um animal é um pré-requisito para um maneio efectivo desse animal como um recurso (O'BRIEN', 1984). Com este trabalho pretende-se saber sobre a dieta e “Home range” seleccionada pelos Búfalos do santuário do Parque Nacional de Gorongosa de forma a contribuir no maneio e gestão sustentável destes animais neste parque. Luís Júnior Comissário Mandlate 4 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 2. Objectivos 2.1. Objectivo geral • Estudar a dieta e o “Home range” dos Búfalos no santuário do Parque Nacional de Gorongosa. 2.2. Objectivos especificos 1. Identificar as espécies vegetais que compõem a dieta dos Búfalos no santuário do Parque Nacional de Gorongosa. 2. Determinar a abundância, disponibilidade, consumo, contribuição e a biomassa herbácea no Santuário do PNG. 3. Identificar as espécies das plantas mais preferidas pelos Búfalos no Santuário do PNG. 4. Relacionar a abundância das espécies com o consumo. 5. Identificar e estimar a dimensão da área de perrmanência dos Búfalos do Santuário do Parque Nacional de Gorongosa, durante o periodo do estudo. 3. Hipóteses 1. Os Búfalos são animais que preferem Panicum maximum como seu alimento principal (Macandza et al, 2004). 2. Os Búfalos são animais que preferem locais com uma densidade elevada do pasto e lugares com fonte de água (Stuart, 1993). Luís Júnior Comissário Mandlate 5 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 4. Área de estudo O estudo foi realizado no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa encontra-se em Moçambique, na costa africana, entre os rios Zambeze e Púnguè na província de Sofala (figura 1a.), com cerca de 5.300 km2 e encontra-se a uma latitude de 18o 49’’ 49’ e longitude 34o 30’’ 26’, está localizado a 150 Km da cidade da Beira (MITUR & FUTUR, 2004). Abrange os distritos da Gorongosa e Muanza e uma pequena parte da zona sudoeste do distrito de Cheringoma. Este parque situa-se na parte terminal Sul do Vale do Rift cuja a largura é cerca de 30 a 40 km e a uma altura entre 12 a 80 m acima do nível do mar (MITUR & FUTUR, 2004). A oeste do vale do Urema há o planalto de Gorongosa com uma altitude entre 100 a 500 m, formado um terreno ondulado que se estende a oeste para a escarpa da montanha que estabelece a fronteira com Zimbabwe. A 21 Km a oeste do vale do Urema esta a montanha de Gorongosa (MITUR & FUTUR, 2004). Neste parque encontra-se a montanha de Gorongosa que é um sólido oval de granito com cerca de 30 km de comprimento e 20 km de largura atingido uma altura de 1863 m no pico de GoGoGo, com um regime de chuva alto, as montanhas formam a centro um modelo radial de correntes perenes. O P NG recebe drenagem de ambos lados do vale do Rift e de quatro principais correntes provenientes da montanha. Esta drenagem centripta culmina na bacia do lago Urema no centro do parque (MITUR & FUTUR, 2004). Este parque é famoso pela sua exclusiva biodiversidade e possibilidade de observação ornitológica. É possível apreciar espécies raras e endémicas num ambiente bonito não povoado pelo homem, existindo também uma recuperação muito rápida do repovoamento de leões, elefantes, antílopes, hipopótamos, crocodilos, javalis e macacos ( MITUR & FUTUR, 2004). Luís Júnior Comissário Mandlate 6 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa O Santuário está situado na parte sudoeste do PNG, com a sua fronteira oriental 6 km a oeste de Chitengo (figura 1b) Abrange uma área de aproximadamente 6.200 ha. O comprimento da fronteira de vedação é de 30 Km (Stalmans, 2006). A altitude é inferior a 200 m acima do nível do mar, deixando cair gradualmente em direcção a sudeste. O Santuário escarrancha a transição da parte central das unidades fisiogeográficas do Vale do Rift. A parte central ocorre no lado ocidental e consiste no Santuário de baixas colinas suaves com uma densidade de drenagem relativamente alta. O Vale do Rift tem uma topografia plana que é propenso a causar inundações. A geologia no sector ocidental consiste principalmente em gneisses e pegmatite (Stalmans, 2006). Os solos subjacentes reflectem a geologia e topografia. São solos castanhos derivados de gneisses e vermelho, solos derivados de diques que ocorrem na secção da parte central. (Fernandes, 1968 citado por Stalmans, 2006). A média para a capacidade de carga do Santuário é estimada em 6783 kg/ km-2 ou 6,7 hectares por unidade animal (Stalmans, 2006) e a média da precipitação anual é de 1038mm. (Tinley, 1977 citado por Stalmans, 2006). O Santuário possui os seguintes habitats (figura 1c.): O miombo (1821ha, ou 29,4% do Santuário); Savana de Combretum no miombo ( 362 ha ou 5,8% do Santuário); Graminal ao longo das linhas de drenagem no miombo (317 ha ou 5,1% do Santuário); Graminal do vale do Rift (401 ou 6,5% do Santuário); Combretum do Vale Rift (1,221 ha ou 19,7% do Santuário); Savana de Combretum – Acácia do Vale do Rift (1,795 ha ou 29,0% do Santuário); Florestas secas e Ribeirinhas / Brenhas centrais do interior do Vale Rift (275 ha ou 4,4% do Santuário)( Stalmans, 2006). Luís Júnior Comissário Mandlate 7 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa a. b. c. Figura 1. Localização geográfica da área de estudo. a. Mapa de Moçambique, mostrando a localização do Parque Nacional de Gorongosa; b. Parque Nacional de Gorongosa destacando o Santuário e c. Santuário e os principais habitats (Stalmans, 2006). Luís Júnior Comissário Mandlate 8 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 5.Material e Métodos 5.1. Material do campo. Aparelho GPS; Binóculos; Livro de identificação de gramíneas – Guia de campo; Quadrícula de 1m x 1m; Disco de pasto (“Disc Pasture Meter” ou DPM). Etiquetas, Material de herborização, Sacos plásticos. Régua. 5.2. Metodologia O estudo foi realizado em três períodos, nas ultimas quinzenas dos meses de Maio, Junho e Julho de 2009, as amostragens dos meses de Maio e junho foram feitas pelo dr. Carlos Bento, tendo o estudante participado na amostragem do mês do Julho. Os locais de amostragem foram escolhidos segundo a presença de Búfalos ou sinais destes. 5.2.1. Dieta O estudo da dieta foi realizado através da observação directa (visualização dos animais) e indirecto através de vestígios de sinais de Búfalos nos locais de amostragem (Uchoa & Moura-Britto, 2004; Macandza et al., 2004). Para a realização do estudo da dieta teve-se como base o método usado por Macandza at al. (2004), que consistiu no seguinte: 1. Com ajuda de binóculos observou -se o local onde os Búfalos estivessem a pastar. As observações foram feitas à uma distância para não interferir no comportamento destes durante a sua actividade e permitir que os erros fossem minimizados (Macandza at al., 2004). Luís Júnior Comissário Mandlate 9 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 2. Depois dos animais se retirarem do local onde estiveram a comer, ia-se até ao mesmo local para a realização da amostragem. Mas nem sempre se conseguia a localização dos Búfalos. Neste caso para a amostragem recoria-se a sinais dos Búfalos como a presença de fezes frescas, pegadas recentes e pelas Mordidas frescas do pasto e amostrava se também nesse lugar (Uchoa & Moura-Britto, 2004; Macandza at al., 2004). 3. Nesses locais de amostragem tirava-se as coordenadas geográficas do local usado um GPS 60 da Marca Garmin (Macandza at al.,2004). 4. Com ajuda de uma quadricula fixa de 1*1 m fazia-se alitoriamente 10 quadriculas. Onde em cada quadricula, media-se a densidade do pasto usando o disco do pasto, depois fazia-se a identificação de todas as espécies de gramíneas usando-se o guia de identificação de gramíneas de Oudtshoorn (2004), contava-se o número de indivíduos consumidos e não consumidos de cada espécie e registava -se também a sua coloração (as espécies eram classificadas em: verdes, verdes-amareladas, amarelo-castanhados e castanhos), media-se também a altura máxima da parte consumida e da parte não consumida de cada planta (Macandza et al., 2004). 5. As espécies que não foram possíveis a sua identificação no terreno forão colectados e metidos dentro de sacos plásticos devidamente etiquetados e depois foram herborizados e posteriormente identificados usando-se as colecções do herbário do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Eduardo Mondlane e com ajuda dos técnicos especializados do Herbário do mesmo departamento. 6. Em cada mês foi feita a mostragem em quatrocentas quadriculas. 5.2.2. “Home Range “ Para o estudo do “Home range” primeiro houve uma familiarização das pegadas e o formato das fezes dos Búfalos usando-se o Guia de campo de Stuat (1993), de modo a permitir uma fácil identificação. Luís Júnior Comissário Mandlate 10 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Usando-se o método indirecto, registava –se as coordenadas geográficas usando-se o GPS em locais onde eram encontrados as fezes frescas e pegadas recentes dos Búfalos, bem como em locais onde-se fazia a amostragem para o estudo da dieta (Uchoa & MouraBritto, 2004). Do mesmo modo quando os Búfalos eram localizados directamente registava-se também as coordenadas. (Getz et al., 2007). Para permitir a realização de uma boa relação entre o “Home range” e algumas características do habitat durante o processo da amostragem para o estudo da dieta contava-se o número de arvores presentes num raio de 10 m. Registava-se também as coordenadas geográficas das fontes de água (lagoas) quer com água ou sem água encontradas durante o período de amostragem. Luís Júnior Comissário Mandlate 11 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 6. Análise dos dados Usou-se pacote estatístico “SPSS” Versão 13. para fazer a análise de frequências das espécies encontradas, consumidas, coloração das plantas e os testes estatísticos nomeadamente: teste de normalidade, homogeneidade de variâncias, Tukey HSD e correlações. O teste de normalidade foi feito através do teste de Kolmogrov-Smirnov O teste de homogeneidade de variâncias foi feito usando-se o teste Levene. Para análise de variância da abundância e consumo, foi usado a ANOVA. Foi feito o teste de médias de Tukey HSD . Determinou-se as frequências de cada espécie em cada período de amostragem. E com as frequências determinou-se a abundância relativa de cada espécie, segundo Macandza et Al., (2004), dividindo o número de plantas por cada espécie pelo número total de plantas encontradas e multiplicado o valor obtido por 100. Calculou-se a disponibilidade de cada espécie de planta em cada período de estudo, usando a frequência de ocorrência, que foi calculada pela divisão do número de quadrículas onde essa espécie está presente por quatrocentas quadrículas onde foram feitas as amostragens (Macandza at al., 2004). Foi feita a correlação de Pearson para se analisar a correlação entre a abundância e o consumo de gramíneas pelos Búfalos, o número de árvores a presença dos Búfalos e a densidade do pasto e presença dos Búfalos. Calculou-se o consumo relativo de cada espécie dividindo-se o número de plantas consumidas pelo número total de plantas encontradas por cada espécie e multiplicando-se por 100% (Zar, 1996). Luís Júnior Comissário Mandlate 12 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Calculcou-se a contribuição de cada espécie na dieta dos Búfalos, baseando-se na frequência do número de indivíduos de uma determinada espécie consumidos e dividindo este pelo número total das espécies consumidas (Macandza at al.,2004). Os dados das alturas das plantas encontradas a partir do disco medidor de pasto foram usados para calcular a biomassa do pasto em cada período de estudo. Descrita pela seguinte equação de calibração: Equação de calibração da vegetação herbácea Y = − 3019 + 2260 X . (Trapolle, 2004). Onde : y- biomassa em kg/ha x- altura média do disco de 100 leituras Foi calculada preferência alimentar dos Búfalos através do Índice de Electividade de Ivlev (Krebs, 1989), segundo a fórmula: Ei = ri − ni ri + ni Onde: Ei – Índice de Electividade de Ivlev para a espécie i; ri – Percentagem da espécie i na dieta; e ni – Percentagem da espécie i no ambiente Para o estudo do “Home range”, as coordenadas geográficas tiradas por cada ponto de observação de fezes, pegadas, bem como pela observação directa foram transformadas em UTM e depois num “shapefile” e depois importados para o programa ArcView GIS 3.2, cujo o fundo foi o mapa de vegetação do Santuário do Parque Nacional de Gorongosa. E usando o mesmo programa calculou-se o tamanho do “Home range” em cada mês usando se o método de polígono mínimo convexo. Luís Júnior Comissário Mandlate 13 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 7. Resultados 7.1. Dieta 7.1.1. Espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos. Do estudo feito, foram encontradas 8 espécies de plantas que fazem parte da dieta dos Búfalos no Santuário do PNG. Das 8 plantas encontradas, quatro destas espécies (Panicum coloratum, Panicum deustum,Sp1 e Sp2) foram encontradas somente no mês do Maio e as restantes foram comuns em todos os meses ( Tabela 1). Tabela 1. Apresentação das espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do estudo. Período Espécie Maio Junho Julho * * * * * * * * * * * * * * * * Hyparrhenia hirta Panicum coloratum Panicum deustum Panicum maximum Setaria sphacelata Sp1 Sp2 Urochloa mosambicensis (*)- Espécies de plantas encontradas durante o período de estudo, (-) – espécies de plantas não encontradas durante a amostragem num determinado mês. Sp1, Sp2 – representa as espécies não identificadas. 7.1.2. Abundância das gramíneas. Do estudo feito verificou-se que existe diferenças significativas entre a abundância das diferentes espécies de gramíneas, analise de variância (ANOVA) ( F=64.194; df=7; P< 0.05) (Anexo 3). A espécie mais abundante foi o Panicum maximum respectivamente com cerca de 56.1 %, 86.35% e 82.41% em cada período de estudo, seguida pela Setaria sphacelata com 39.13 %, 12,03% e 12.52% respectivamente. A espécie menos abundante dentre as espécies que foram encontradas em todos os períodos foi a Urochloa mosambisensis com cerca de 0.44 %, 1.30 % e 1.93%. Luís Júnior Comissário Mandlate 14 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa E dentre as espécies que foram encontradas somente no mês de Junho as menos abundantes foram a Panicum deustum e Sp1 com 0.22 e 0.44% respectivamente (Anexo Abumdância Relativa (%) 6; figura 2). 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 86,35 82,41 56,1 39,13 12,52 12,03 2,23 0,89 Maio Junho Julho Periodo Hh Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um Figura 2. Abundância relativa das espécies de plantas em cada período de estudo. Hh-Hyparrhenia hirta, Pc= Panicum coloratum, Pd= Panicum deustum, Pm=Panicum maximum, Um=Urochloa mosambicensis, Ss= Setaria sphacelata e Sp1, Sp2=representa as espécies encontradas na dieta dos Búfalos e não foi possível a sua identificação. 7.1.3. Disponibilidade de gramíneas para os Búfalos. Das espécies de gramíneas encontradas no Santuário do PNG, durante os três períodos de estudo verificou-se que a espécie mais disponível para a dieta dos Búfalos é o Panicum maximum com cerca de 0.52, 0.94 e 0.87 nos meses de Maio, Junho e Julho respectivamente; seguida pela Setaria sphacelata com 0.49, 0,09 e 0.17 de disponibilidade e a espécie menos disponível foi a Sp1 com 0.01 e não está disponível nos meses de Junho e Julho porque não foi encontrado nos locais frequentados pelos Búfalos durante esses meses (Anexo 6; figura 3). Luís Júnior Comissário Mandlate 15 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Figura 3. Disponibilidade de cada espécie de planta para os Búfalos em cada período de estudo no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa. 7.1.4. Consumo de gramíneas pelos Búfalos. A ANOVA do consumo das diferentes espécies de gramíneas mostrou que existem diferenças significativas entre o consumo das diferentes espécies (F=64.194; df=7; P< 0.05) (Anexo 3). Durante o mês de Junho a Panicum coloratum apresentou maior consumo relativo com cerca de 50.7%, Seguinda Panicum maximum e a Setaria sphacelata com cerca de 54 % e 50.6 respectivamente, durante o mês de Junho a espécie que apresentou maior consumo relativo foi a Hyparrhenia hirta e Urochloa mosambisensis com cerca de 66.7 % e durante o mês de Julho as espécies com maior consumo relativo foram a Panicum maximum e a Setaria sphacelata com 54.4% e 50.7% respectivamente (Anexo 7; figura 4). Luís Júnior Comissário Mandlate 16 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Consumo Relativo (%) 80 66,7 70 57,1 54 50 50,6 60 66,7 55,9 51,6 50 54,4 50,7 50 38,1 40 25 30 20 10 12,5 11,7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Maio Junho Julho Periodo Hh Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um a. Número Médio de plantas Consumidas 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 Hh Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um Plantas b. Figura 4. Consumo de gramíneas pelos Búfalos no Santuário do PNG durante o período de estudo. a) Consumo relativo de cada planta em cada mês ; b) Número Médio de plantas consumidas durante o período estudo. Luís Júnior Comissário Mandlate 17 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 7.1.5. Contribuição das gramíneas da dieta dos Búfalos A Panicum maximum apresentou -se com maior número de indivíduos e maior consumo, e é a espécie que mais contribuiu na dieta dos Búfalos durante o período do estudo com 0.59, 0.85 e 0.86 respectivamente nos meses de Maio, Junho e Julho, seguida pela Setaria sephacelata com 0,38, 0.13 e 0.12. As espécies Sp1, sp2 e a Panicum deustum foram as que contribuíram menos com o mesmo valor de 0.002 (figura 5; Anexo 7). Contribuição 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0,86 0,85 0,59 0,38 0,13 00,025 Maio 0,12 0,017 0,007 0,004 0,004 0,014 Junho Julho Periodo Hh Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um Figura 5. Contribuição das diferentes espécies de gramíneas na dieta dos Búfalos durante o período de estudo. 7.1.6.Relação entre a abundância e o consumo e de gramíneas pelos Búfalos A correlação de Pearson mostrou que existe uma correlação positiva fraca entre abundância e consumo de gramíneas pelos Búfalos (figura 6; Anexo 5. r=0.28; p=0.01), as espécies mais abundantes tendem a ser as mais consumidas. 8 Abundância de Gramíneas 7 6 5 4 3 2 R Sq Linear = 0,077 1 0 2 4 6 8 Consumo de Gramíneas .Figura 6. Relação entre abundância e consumo das gramíneas pelos Búfalos encontrados no santuário do PNG . Luís Júnior Comissário Mandlate 18 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 7.1.7. Biomassa herbácea disponível para os herbívoros no Santuário. A biomassa herbácia dispónivel para os herbivoros no santuário aumentou ao logo do periodo do estudo, em que registou-se maior biomassa de herbácea no mês de Julho com cerca de 10005, 37 kg/ ha. Tabela 2. Biomassa herbácea disponivel para os herbivoros. Período Biomassa Herbácea (Kg/ha) Maio 8733,95463 Junho 8924,273581 Julho 10005,37 7.1.8. Coloração Quanto a coloração das plantas, a Panicum maximum apresentou maior número de plantas verdes com 75. 6 %, seguida pela Setaria sphacelata com 20.4 % (figura 6a; Anexo 8) e verficou-se que o número de plantas verdes declinou ao longo do período de amostragem, registando se o aumento de plantas castanhas ( Figura 6b; Anexo 9). Quanto ao consumo verificou-se maior consumo de plantas verdes em todos os períodos de estudo com cerca de 58.13 %, 66.16 e 92.86 % respectivamente, enquanto as plantas verde-amareladas não foram consumidas (Figura 6c; Anexo 9). a. Luís Júnior Comissário Mandlate 19 Abundância Relativa (%) Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 86,7 77,79 V 52,95 VA 39,87 AC C 17,56 9,73 0,66 2,96 Maio 7,09 4,3 0,33 0,23 Junho Julho Periodo (Mês) b. 92,87 Consumo Relativo (%) 100 80 66,16 58,13 V 60 AC 40 20 C 7,41 13,497 12,99 0 5,54 4,94 0 Maio Junho Julho Período (Mês) c. Número de Plantas 2500 2000 1500 NC C 1000 500 0 V VA AC C Coloração d. Figura 7.Coloração das gramíneas encontradas durante o período de estudo no Santuário do PNG. a) Coloração predominante por cada espécie de gramínea encontrada durante o estudo. b) Abundância relativa das cores de plantas durante período de estudo. c) Consumo relativo das gramíneas em relação a sua coloração. d) Comparação entre número de plantas consumidas e não Consumidas em relação a sua coloração. V=Verde, VA=Verde-amarelada, AC=Amarelo-acastanhado; C= Castanho. Figura 6.d. C= Consumido e NC-não Consumido. Luís Júnior Comissário Mandlate 20 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 7.1.9. Preferência das gramíneas pelos Búfalos. A tabela 3 mostra a preferência em ordem decrescente das diferentes espécies de gramíneas pelos Búfalos para a sua dieta, em que a espécie mais preferida foi a Panicum coloratum seguida pela Panicum maximum e as restantes espécies são rejeitadas pelos Búfalos. Tabela 3. Apresentação da preferência das diferentes espécies de plantas pelos Búfalos. Espécie Panicum coloratum Panicum maximum Setaria sphacelata Panicum deustum Urochloa mosambicensis Sp1 Hyparrhenia hirta Sp2 Preferência (Ei) 0.05 0.01 -0.006 -0.02 -0.03 -0.03 -0.59 -0.61 A tabela 4 mostra a preferência das gramíneas pelos Búfalos para o seu consumo em relação a sua cor, mostrando que as plantas verdes são as mais preferidas com índice Electividade de Ivlev de 0, 15 e as plantas de cor verde-amareladas, amarelas-castanhadas e castanhas são rejeitadas pelos Búfalos, apresentam um índice Electividade de Ivlev negativo. Tabela 4. Apresentação da Preferência das plantas pelos Búfalos em relação a sua coloração. Coloração V AC C VA Luís Júnior Comissário Mandlate Preferência 0.15 -0.72 -0.78 -1 21 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 7.2. “Home range” 7.2.1. Tamanho do "Home Range" dos Búfalos A tabela 5 mostra o tamanho do “Home Range” usado pelos Búfalos durante os diferentes períodos em que o estudo foi realizado em que o tamanaho do “Home Range” foi maior em Julho. Tabela 5. Tamanho do “ Home Range” em cada período do estudo. Período Área ( m2 ) Maio 560392. 146 Junho 555463.022 Julho 731696.173 7.2.2. Relação entre a presença dos Búfalos e a densidade do pasto Do estudo feito verificou-se que os Búfalos não preferem áreas com menor altura do pasto (pouca densidade) e nem áreas com uma altura elevada do pasto (maior densidade), mas sim áreas com densidades moderadas do pasto. Segundo a figura 7 observa -se que os Búfalos encontram se mais em locais com densidades moderadas de gramíneas, visto que o número de quadriculas amostradas foi maior em locais com altura de DPM que varia no intervalo entre 16 a 44 cm de altura ( densidades moderadas de pasto), evitado locais com menor densidade (altura de DPM no intervalo de 4 a16 cm) e maior densidade (altura de DPM no intervalo entre 44 a 60 cm de altura). Luís Júnior Comissário Mandlate 22 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 200 180 160 F r e q ê n c ia 140 y = -2,4203x2 + 33,668x + 8,6813 R2 = 0,5646 120 100 80 60 40 20 0 [4-8[ [8-12[ [12-16[ [16-20[ [20-24[ [20-28[ [28-32[ [32-36[ [36-40[ [40-44[ [40-48[ [48-52[ [52-56[ [56-60] D.P.M. (cm) Figura 8. Relação entre a altura do disco de medida de pasto e a presença dos Búfalos. A frequência indica o número de quadrículas em que o DPM atingiu as diferentes alturas. 7.2.3. Relação entre o número de arvores e a presença dos Búfalos. Os Búfalos frequentam locais com menor número de árvores, havendo mais sinais de Búfalos onde o número de árvores varia de 24 a 31. Ao aumentar o número de árvores, o número de sinais do animal diminui (Figura 9). 25 Frequência 20 15 y = -8,1449Ln(x) + 23,302 R2 = 0,577 10 5 0 1-8.5 8.5-16 16-23.5 23.5-31 31-38.5 38.5-46 46-53.5 53.5-61 61-68.5 68.5-76 Número arvores Figura 9. Relação entre o número de árvores e a frequência com que os Búfalos eram encontrados. Luís Júnior Comissário Mandlate 23 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Figura 10. Mapa do “Home-Range” dos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do estudo. Luís Júnior Comissário Mandlate 24 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Figura 11. Mapa de distribuição dos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do estudo. Luís Júnior Comissário Mandlate 25 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Figura 12: Mapa de densidade dos Búfalos em cada período de estudo no Santuario do PNG. Luís Júnior Comissário Mandlate 26 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 8. Discussão dos Resultados 8.1. Dieta O Santuário consiste em diversos habitats com diferentes capacidades de carga e sustentabilidade de habitats. O miombo é o maior habitat ocupado quase metade do Santuário com cerca de 29.4% da área total e a savana ocupa cerca de 11.6 % (Stalmans, 2006). As amostragens para o estudo da dieta foram feitas na savana onde foram encontradas os Búfalos e sinais destes animais; neste habitat durante o período de estudo foram encontradas 8 espécies de gramíneas que fazem parte da dieta dos Búfalos (Tabela 1), entretanto no santuário existem outros tipos de gramíneas que servem de alimento para os herbívoros, segundo o estudo feito por Govo (2008), Sobre a Dieta, distribuição e “Home-Range” de Boi-cavalo no Santuário encontrou 14 espécies de gramíneas. O facto dos Búfalos terem consumido apenas 8 espécies de gramíneas apesar da existência de mais espécies no santuário provavelvemente pode ser justificado pela não preferência ou a não disponibilidade destas espécies nos locais frequentados pelos Búfalos durante o período em que o estudo foi realizado. Segundo Dittrich et al., (2007), a decisão do animal em escolher uma comunidade de plantas ou outra é determinada pela presença de planta preferidas, sofrendo mudanças ao longo das estações do ano. Os resultados do presente estudo podem ser támbém sustentados pelo estudo feito por Martin (2002), em que as espécies encontradas no santuário nos locais frequentados pelos Búfalos fazem parte da lista das espécies de gramíneas da África Austral que são utilizadas pelos Búfalos na sua dieta. Quanto a abundância das plantas, verificou-se que houve diferenças significativas na abundância das espécies de plantas durante o período de estudo em que as espécies mais abundantes dos locais frequentados pelos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do estudo foram a Panicum maximum com cerca 56.1%, 86.35% e 82.41% respectivamente em cada périodo de estudo, seguida pela Setaria sphacelata com 39.13 %, 12,03% e 12.52%, os resultados obtidos neste estudo são sustentados pelo estudo feito pelo Stalmans (2006), que encontrou as espécies Panicum maximum e uma espécie do género Setaria, a Setaria incrassata no grupo das gramíneas mais abundantes nas savanas Luís Júnior Comissário Mandlate 27 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa do Santuário do PNG. Esta maior abundância registada da espécie Panicum maximum também pode ser justificada pelas condições dos solos de Santuário, em que apresenta solos férteis e pela elevada precipitação media anual (1038 mm), pois segundo Oudtshoorn (2004), esta espécie cresce em regiões com solos férteis e com uma precipitação que varia entre 550-660mm / ano e segundo o mesmo autor esta especie é perene e que cresce em todas as estações do ano e podendo ser pioneira e atingir a fase subclimax e climax na sucessão vegetal. No que concerne ao consumo relativo de gramíneas, a ANOVA mostrou haver diferenças significativas no consumo entre as diferentes plantas. No mês de Maio as espécies mais consumidas pelos Búfalos foram a Panicum coloratum seguida pela Panicum maximum, esta que foi também a espécie mais consumida no mês de Julho, este maior consumo das espécies do género Panicum pode ser justificado pelo facto de as espécies do género Panicum possuem maior concentração de nutrientes como o Nitrogénio e Sódio e por isso são mais preferidas pelos herbívoros (Murray, 1996 citado Fedema e Tukey, 2001), e segundo os mesmos autores os herbívoros parecem seleccionar pasto com maior concentração de Sódio para resolver o seu problema de escassez do potencial de Nacl. O facto da espécie Panicum maximum ser uma das espécies com maior consumo relativo é justificado também pelo facto desta espécie ser a mais palatável (maior digestibilidade e maior valor nutritivo) (Oudtshoorn, 2004). A Hyparrhenia hirta e a Urochloa mosambicensis registaram maior consumo relativo em Junho este maior consumo é também justificado pelo seu maior valor nutritivo e a espécie Urochloa mosambicensis é palatável mesmo na época seca (Oudtshoorn, 2004). As espécies Panicum maximum e a Setaria sphacelata foram as espécies que mais contribuíram na dieta dos Búfalos durante o périodo de estudo provavelmente devido ao seu elevado valor nutritivo; e verificou existir uma relação entre a abundância e o consumo das gramíneas (Figura 6). Os mesmos resultados foram obtidos no estudo realizado no Kruger National Park, Africa do sul pelo Macandza et al., (2004), sobre a proporção de uma determinada espécie de forragem disponível no habitat dos Búfalos Luís Júnior Comissário Mandlate 28 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa africanos na contribuição para a sua dieta em que verificou que a sua dieta na maior parte do ano é dependente das espécies Panicum ssp., particularmente Panicum maximum. Durante a alimentação, os animais comem com mais frequência alguns itens alimentares e rejeitam outros; nos itens aceites, a frequência com que estes são consumidos é diferente nas diversas espécies (Krebs, 1989). E diz se que um animal exibe uma preferência por um particular tipo de alimento quando a proporção desse alimento na dieta é maior em relação a proporção no ambiente (Begon et al., 1996). No presente estudo verificou-se que as espécies mais preferidas pelos Búfalos foram a Panicum coloratum e Panicum maximum esta preferência provavelmente é devido ao seu alto valor nutritivo e segundo Oudtshoorn (2004), O Panicum coloratum e o Panicum maximum são espécies com alta palatabilidade. E segundo Abeare (2004), O Panicum maximum tende a crescer em baixo das arvores e arbustros, concervando assim a cor verde durante muito tempo e permanece como sendo a espécie com alta palatibilidade durante do perido seco. Esta pouca varição da coloração da espécie Panicum maximum ao longo do tempo seco provavelmente explica o seu maior consumo pelos Búfalos. Segundo Begon et al., (1996), para medir a preferência de um alimento na natureza, não é necessário somente analisar a dieta do animal, mas também tem que analisar a disponibilidade dos diferentes tipos de alimento, e isto não tem que ser visto do ponto vista do observador (abundância do alimento no ambiente), mas sim do ponto de vista do animal (disponibilidade do alimento para o animal). Em parte esta afirmação não diverge com os resultados obtidos no presente estudo, em que a espécie Panicum maximum foi a espécie mais disponível (Figura 3) para os Búfalos durante o período de estudo e que foi uma das espécies mais preferida, em contrapartida a Setaria sphacelata é a segunda espécie mais disponível mas foi rejeitada pelos Búfalos, a rejeição desta espécie provavelmente pode estar relacionado com a redução da sua disponibilidade para os Búfalos ao longo do período de estudo, pois segundo Bagon (1996), os consumidores ignoram os seus alimentos preferidos quando estes são poucos disponíveis o que obrigaria estes a despender energia para procurar. E segundo Ditrich et al.,(2007), a maior disponibilidade de uma deterrminada espécie, comparitivamente a outra, influencia Luís Júnior Comissário Mandlate 29 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa na sua preferência. Com a diminuição da disponibilidade da espécie preferida, devido ao aumento da intensidade e duração do período de seco também a preferência por esta espécie também diminui. Macandza et al.,(2004), encontrou também a Setaria sphacelata no grupo das espécies menos preferidas pelos Búfalos e para este autor a não preferência desta espécie constitui um paradoxo pois a mesma apresenta um alto valor nutritivo. . A espécie Panicum coloratum apesar de ter sido encontrado somente no mês de Maio, e ter registado menor valor de disponibilidade (Tabela 1, Figura 3, Anexo 6) aparece como sendo a espécie mais preferida pelos Búfalos, esta maior preferência pode ser justificada pelo seu maior valor nutricional e digestibilidade. Estudo feito por Macandza et al.,(2004), encontrou a Panicum maximum e Panicum coloratum como sendo as espécies mais preferidas pelos Búfalos africanos. E segundo Martin (2002), todas as especies do género Panicum registadas na Africa Austral são preferidas pelos Búfalos. O facto de outras espécies terem sido rejeitadas pelos Búfalos provalvelmente não pode ser explicado pelo seu valor nutritivo, pois segundo Oudtshoorn ( 2004), estas espécies também apresentam um valor nutritivo moderado e são também palatáveis apesar de que o seu valor nutritivo é baixo quando comparado com as espécies do género Panicum. Quanto a biomassa estimada registou-se uma biomassa elevada para os herbivoros pastarem durante os meses de Maio, Junho e Julho. Esta alta biomassa observada no presente estudo deve se ao facto do período em que o estudo foi realizado em que as gramíneas apresentavam uma altura média superior a 1 metro. Esta biomassa sugere que há necessidade do maneio (queimadas) neste período, pois, segundo Trollope (2004), áreas com biomassa acima de 4000kg ou com pastagem intensa requerem queimadas e segundo o mesmo autor as queimadas favorecem a abundância e o crescimento de gramíneas palatáveis para os herbívoros na medida em que removem o pasto seco e alto que não é consumido pelos herbivoros e tornam as condições favoráveis para o brotamento de novas espécies tornando assim a vegetação herbácea palatável para os Luís Júnior Comissário Mandlate 30 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa herbívoros. Assim sendo, provavelmente para aumentar e melhorar a palatibilidade do pasto para os herbívoros do Santuário há uma necessidade de maneio de queimadas durante este período e segundo o estudo feito por Ryan (2006), no Klaserie Private Nature Reserve, Africa de Sul observou que locais queimados nas savanas daquela reserva foram atractivos para os Búfalos depois ter ocorrido um re-crescimento suficiente do pasto. Durante o período de estudo verificou-se maior abundância de plantas verdes, está abundância das plantas verdes reduziu ao longo do período de estudo enquanto a abundância de plantas castanhas aumentou ao longo do período de estudo devido ao prologamento do tempo seco. A qualidade das gramineas explica porque algumas especies são preferidas e outras não (Heurman, 2007). As analises da preferência das plantas em relação a sua coloração usado o índice de Electividade de Ivlev, mostram que as plantas verdes são as mais preferidas pelos Búfalos e as plantas verde-amareladas, amarela-acastanhadas e castanhas foram rejeitadas. Esta rejeição é explicada pela alta concentração de celulose, lignina e fibras nas plantas em crescimento tornado estas dificilmente digeríveis para os herbívoros (Van Soent, 1994; Ombadi et al., 2001 citados por Heurman, 2007). E o maior consumo e preferência pelas plantas verdes é justificado pelo facto de quando as plantas são verdes apresentam maior quantidade de proteínas (Van Soeu, 1994; Ombadi et al., 2001 citados por Heurman, 2007). E O’Regian & Owen –smith (1996) citados por Relling et al., (2001), notaram que gramíneas com a coloração verde estão positivamente correlacionados com a alta qualidade da dieta. E o aumento do consumo das plantas amarelo- acastanhadas ao longo do período de estudo pode ser justificado pela teoria de forragimento segundo a qual muitas espécies de plantas que são ignoradas pelos herbívoros podem ser posteriormente preferidas quando a disponibilidade das plantas preferidas escasseia durante o prolongamento do tempo seco (Begon et al., 1996). O consumo dessas plantas (amarelo- acastanhadas) pelos Búfalos também pode ser explicado pelas necessidades desses animais em balacear a sua dieta, não consumido apenas plantas verdes que causaria-lhes diarreias. Prins (1996) citado por Luís Júnior Comissário Mandlate 31 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Abareare (2004), no seu estudo observou que os Búfalos não seleccionam necessariamente somente as epécies nutritivas dispóniveis que podem maximizar suas necessidades proteicas, devido a sua fisionomia digestiva que pode causar acidoce; deste modo para balecear a sua dieta os Búfalos provavelmente consomem plantas verdes (que contém grande quantidade de proteinas) e plantas verdes-amareladas, amareloacastanhadas e castanhas que contém grandes quantidades de fibras balanceando assim a sua dieta. E segundo Abareare (2004), a Setaria ssp. joga um papel importante no balaciamento da dieta. 8.2. "Home range" No presente estudo verificou-se um aumento do tamanho do "Home range "dos Búfalos ao longo do período (Tabela 5). Estes resultados são suportados pelo estudo feito Sinclair (1977) citado por Cromhout (2007), ao afirmar que o tamanho do “Home range” dos herbívoros é menor em áreas com boa drenagem e nas florestas e maior em áreas secas e abertas. Os mesmos resultados foram também obtidos por Cromhout (2007), ao verificar o aumento do tamanho do “Home range” dos Búfalos durante o tempo seco. Segundo Benson et al.,(2006), afirma que o tamanho do “Home range” é normalmente influienciado pela disponibilidade do alimento. Ja MacNad (1963), Harestad & Bunell (1979) citados por Benson et al.,(2006), sugerem que o tamanho do “Home range” é menor em áreas com maior disponibilidade de alimento onde o animal é capaz de adquirir nutrientes suficientes para sobrevivir e reproduzir-se numa área pequena. E no caso dos Búfalos o tamanho do seu “Home range” durante o tempo seco está relacionado com a disponibilidade de água (Funsten et al., 1994 citado por Ryan, 2006). Os resultados do presente estudo estão de acordo com o predito por estes autores em que verificou-se o aumento do tamanho do “Home range” dos Búfalos durante o periodo do estudo. Este aumento é justificado pela redução das fontes de água (figura11), da disponibilidade e qualidade do pasto (Figuras 3 e 7b.) durante o periodo do estudo. Estas condições obrigam com que os Búfalos passem muito mais tempo a caminhar a procura de campim verde e palatável para satisfazer as suas necessidades metabólicas e assim o aumento do seu “Home range” com prolongamento do tempo seco. E segundo a figura 11 mostra que Luís Júnior Comissário Mandlate 32 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa os Búfalos encontram se mais distribuídos no mês do Julho em relação aos meses de Maio e Junho, esta maior distribuição durante o mês de Julho provavelmente é explicado pela fragmentação da manada com a redução da disponibiliade do alimento e da água. Taold (2003) citados por Ryan (2006), encontrou a manada dos Búfalos fragmentada durante o tempo seco e o maior tamanho da manada no tempo chuvoso. Com base das medições das alturas do DPM verificou-se que os Búfalos preferem áreas com densidades moderadas do pasto, envitando áreas com elevada densidade e com menor densidade (Figura 8). Provavelmente evitam áreas com menor densidade porque não conseguem satisfazer suas necessidades energéticas devido a pouca abundância do alimento, ao contrário de locais com elevada densidade em que há muito alimento mas não está ao alcance dos Búfalos devido a grande altura das gramíneas. E segundo Stobbs (1973b) e Penning et al.,(1991) citados por Cândido (2002), existe uma correlação positiva entre a densidade e altura do pasto em que a maior altura do pasto afecta negativamente o consumo pela menor participação das folhas nas camadas superiores do pasto e apresenta alta correlação negativa com o tamanho da bocada em função da dificuldade da apreensão da forragem pelos herbívoros com a presença de colmos mais longos. E Heurman (2007), afirma que as gramíneas contêm principalmente estruturas como celulose, lignina, fibras e outras que não são facilmente digeridos pelos herbívoros, estas estruturas estão em grandes quantidades nos colmos das plantas altas do que nas folhas. A distribuição que se pode ver no mapa da figura 11, mostra a preferência de Búfalos por locais abertos, visto eles se concentraram apenas na savana. Na floresta de miombo não foi encontrado nenhum vestígio do animal. Estes resultados são também suportados por Stuart (1993) sobre o habitat dos Búfalos ao afirmar que estes animais preferem habitats abertos e utilizam graminais, esta preferência em locais abertos é também justificado pelo número de arvores que eram contados durante a amostragem num raio de 10m em que verificou-se uma diminuição da frequência dos vestígios dos Búfalos encontrados em locais com maior número de arvores (Figura 9). Estes animais evitam locais com muitas árvores provavelmente porque áreas com muitas árvores dificultariam a mobilidade Luís Júnior Comissário Mandlate 33 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa destes, pois são animais grandes ou pode estar relacionado com pouca disponibilidade de gramíneas para os Búfalos nestes locais; pois os resultados do presente estudo estão de acordo com o predito por Scholes (2003), Ludwig et al., (2004) citados por Treydte et al., (2007), ao afirmarem que locais com muita densidade de árvores tedem a reduzir a cobertura herbácea diminuindo assim a sua produtividade devido a redução da penetração da radiação solar e tornando assim estes habitats poucos atractivos para os herbívoros. Durante o período de estudo verficou-se também que a maior parte do consumo das gramíneas pelos Búfalos registou-se em locais com a sobra das arvores, este facto pode ser justificado pelo período em que o estudo foi realizado (Período seco), em que locais com ausência de sobra (sem árvores), as gramíneas estavam totalmente secas. E segundo Treydte (2007), as árvores nas savanas são consideradas como “ilhas de fertilidade” porque reduzem a radiação solar, reduzem a evapotraspiração e reduzem a temperatura do solo, estas condições favorecem com que as gramíneas se mantenham verde durante muito tempo aumentando assim a sua qualidade, tornando assim estas gramíneas que crescem nesses locais um recurso alimentar para os “grazers” durante o tempo seco. Na figura 11 pode se ver também que a distribuição dos Búfalos na savana não é uniforme, havendo regiões com maiores concentrações do que outras, essas regiões em que os Búfalos encontram-se mais concentrados possuem fontes de alimento ou fontes de água o que mostra a dependência destes animais pela água. Durante os meses de Maio e Junho os Búfalos ocuparam quase o mesmo habitat, encontravam-se mais concentrados na região da savana que sofre inundações pelo do rio Púnguè (Figura 4 do Stalmans, 2006). O elevado número de lagoas com água que foram registadas nesta região durante estes meses explica a presença dos Búfalos nesta área e o sentido de movimentação dos Búfalos foi de sudoeste a noroeste, deixando a região da savana que sofre inundações pelo rio Púnguè quando os lagos estavam secos para a região de savana com CombretumAcácia do Vale do Rift onde os lagos continham água e a presença de arvores nesta região provavelmente explica a presença dos Búfalos nesta região durante o mês de Julho. Este facto esta de acordo com o que foi predito por Winterbach, (1999) citando por Cronhout (2007), ao afirmar que as mudanças sazonais da disponibilidade de alimentos, Luís Júnior Comissário Mandlate 34 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa distribuição do alimento; lugares cobertos para o descanso durante o dia e lugares que garantem baixas temperaturas são factores determinantes na selecção do habitat pelos Búfalos africanos. E Ryan (2006), verificou que os Búfalos preferem áreas das savanas com arbustros de Acacia e áreas com matas dominadas por Combretum e segundo Treydte et al.,(2007) a presença das arvores nas savanas melhora a qualidade das gramineas, especialmente nas savanas secas. Este facto mostra a dependência dos Búfalos pela água. E Segundo Sinclair (1974ª) citado por Cronhout (2007); afirma que o melhor habitat disponível para os Búfalos africanos deverá ser especificado de acordo com o habitat seleccionado durante o tempo seco, pois estes animais são dependentes da água superficial e tem que beber água de 38 a 38 horas e também utilizam a água para a termorregulação durante o dia. Os mesmos resultados são também suportados pelo estudo feito por Larter & Gates (1990) citados por Gates et al.,(2005), em que encontrou áreas de permanência menores para os Búfalos em habitats arborizados e a maior densidade dos Búfalos foi encontrada em habitats com a elevada disponibilidade do pasto ao longo das margens dos rios e em matas abertas de florestas. Ja Ryan (2006), no seu estudo encontrou os Búfalos a selecionarem áreas com distancias menores que 1 km das fontes de água e segundo este autor isto sugere que os Búfalos preferem áreas perto da água onde tem acesso a propria água e a boa qualidade de alimento porque nestas áreas ao logo dos rios a vegetação permanece durante muito tempo verde. Luís Júnior Comissário Mandlate 35 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 9. Conclusões Do estudo feito Conclui-se que: • As especies de gramineas mais abundantes no Santuario do Parque Nacional de Gorongosa são a Panicum maximum e a Setaria sphacelata. • A Panicum maximum e a Setaria sphacelata são as espécies de gramíneas mais disponíveis para a dieta do Búfalos no Santuário do Parque Nacional da Gorongosa. • Os Búfalos alimentam-se basicamente de gramíneas e as espécies do género Panicum, respectivamente o Panicum coloratum e o Panicum maximum são as mais preferidas pelos Búfalos. • As plantas verdes são as mais preferidas pelos Búfalos enquanto as plantas verdes –amareladas, amarelo- acastanhas e castanhas são reijatadas. • A abundância, disponibilidade e a qualidade de certas gramíneas em relação as outras determina o maior consumo dessas plantas em relação as outras. • Os Búfalos evitam áreas com menores e maiores densidades de pasto, preferindo áreas com densidades moderadas do pasto e evitam locais fechados preferindo savanas abertas não com muitas árvores. • A presença da água e alimento e variação destes ao longo do tempo são factores determinantes na selecção do “Home range” pelos Búfalos. E o tamanho do “Home range” dos Búfalos tende a aumentar com o prolongamento do tempo seco. Luís Júnior Comissário Mandlate 36 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 10. Recomendações Recomenda -se o estudo da Dieta e ‘Home range’ dos Búfalos no Santuario do Parque Nacional de Gorongosa ao logo de todos os meses de ano para melhor entender os habitos alimentares e os habitats selecionados pelo este animal para um melhor monitoramento deste como um reurso. Por fim recomenda-se a realização do estudo da dieta e outros aspectos ecologicos dos diferentes tipos de herbivoros que estão a ser introduzidos no santuário para o melhor monitoramento destes e para permitir a realização de estudos comparativos do comportamento, dieta, escolha do habitat e outros parâmetros dos animais quando libertos para o parque. Luís Júnior Comissário Mandlate 37 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa 11. Bibliografia Abeare S.M. (2004). Dry season habitat and patch selection by African buffalo herds: test of a new home range estimator. Mcs. Thesis.34pp. Pretoria, University of Pretoria Etd. Begon, M., J.L. Harper e C.R. Townsend (1996). Ecology, Individuals, Populations and Communities, 3rd edition, 1069pp., London, Blackwell Science. Benson, J. F., J. C. Michael e B. D. Leopold (2006). Regulation of space use in a solitary felid: population density or prey availability?. Animal Behaviour, 71: 685–693. Cândido, M.J.D.(2002). Métodos Para Medição da Estrutura Do Pasto, Universidade Federal De Viçosa, Centro de Ciências Agrárias, Departamento De Zootecnia. 21pp. Cronhout, M.(2007). The Ecology of the African Buffalo in eastern Kalahari region, South Africa. PhD-thesis. 190pp. Pretoria, University of Pretoria Etd. Dittrich, J.R., P.C.F. 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Tabela de resultados de testes de Kolmogorov-Smirnov para análise de Normalidade nas diferentes espécies de gramíneas N Normal Parameters(a,b) Abundância 8 Consumo 8 365,50 190,75 771,176 411,858 0.413 0,413 0.413 -0,319 1,167 0,131 0,413 -0,323 1,167 0,131 Mean Std. Deviation Absolute Most Extreme Differences Positive Negative Kolmogorov-Smirnov Z Asymp. Sig. (2-tailed) Anexo 2. Teste de Levene para a análise de Homogeneidade de Variâncias nas diferentes espécies de gramíneas Levene Statistic 1153.781 df1 df2 7 Sig. 2915 .000 Anexo 3. Tabela de ANOVA Between Groups Sum of Squares 486.950 df 7 Mean Square 69.564 1.084 Within Groups 3158.884 2915 Total 3645.834 2922 F 64.194 Sig. .000 Anexo 4. Teste de Tukey HSD para analisar as diferenças nas médias de abundância de gramineas Especies N 1 Setaria sphacelata Hyparrhenia hirta SP2 SP1 Panicum maximum Urochloa mosambicensis Panicum deustum Panicum coloratum Sig. Luís Júnior Comissário Mandlate 604 42 8 4 2205 37 2 21 .52 .86 .88 1.00 1.07 .962 Subset for alpha = .05 2 3 .86 .88 1.00 1.07 2.30 .095 4 1.00 1.07 2.30 2.50 .069 4.57 1.000 43 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Anexo 5. Tabela de correlação entre abundância e consumo de gramíneas pelo Búfalo. Espécies consumidos Espécies consumidos Pearson Correlation Abundância 1 280** 2923 2923 .280(**) 1 .000 2923 2927 Sig. (2-tailed) .000 N Pearson Correlation Abundância Sig. (2-tailed) N ** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). Anexo 6. Apresentacão da frequencia, abundancia relativa e disponibilidade de plantas em cada periodo de estudo no Santúario do PNG Periodo Espécies Hyparrhenia hirta Panicum coloratum Panicum deustum Panicum maximum Setaria sphacelata Sp1 Sp2 Urochloa mosambicensis Total Freq. 5 21 2 513 358 4 8 Maio Abund.(%) 0,55 2,23 0,22 56,1 39,13 0,44 0,89 4 915 0,44 100 Disp. Freq. 0,0175 3 0,03 0 0,005 0 0,515 797 0,49 111 0,01 0 0,015 0 0,005 12 923 Junho Abund.(%) 0,33 0 0 86,35 12,03 0 0 Disp. Freq. 0,0025 34 0 0 0 0 0,94 895 0,0925 136 0 0 0 0 1,30 100 0,0175 21 1086 Julho Abund.(%) 3,13 0 0 82,41 12,52 0 0 1,93 100 Disp. 0,085 0 0 0,87 0,1725 0 0 0,04 Onde: Freq.-Frequência das plantas encontradas; Abund..- Abundância relativa; Disp.-Disponibilidade das plantas para os Búfalos. Luís Júnior Comissário Mandlate 44 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Anexo 7. Apresentacão da frequencia das plantas consumidas, consumo relativo; e contribuição de plantas durante o periodo de estudo no Santúario do PNG. Periodo Espécies Hyparrhenia hirta Panicum coloratum Panicum deustum Panicum maximum Setaria sphacelata Sp1 Sp2 Urochloa mosambicensis Total Freq. Maio Cons.(%) 0 0 0 2 66,66666667 0,004141 4 11,76470588 0,007042 12 1 277 181 1 1 57,14286 50 53,9961 50,55866 25 12,5 0,025263 0,002105 0,583158 0,381053 0,002105 0,002105 0 0 411 62 0 0 0 0 51,56838143 55,85585586 0 0 0 0 0,850932 0,128364 0 0 0 0 487 69 0 0 0 0 54,41340782 50,73529412 0 0 0 0 0,857394 0,121479 0 0 2 475 50 0,004211 8 483 66,66666667 0,016563 8 568 38,0952381 0,014085 Contri. 1 Freq. Junho Cons.(%) Contri. Freq. Julho Cons.(%) Contri. 1 Onde : Freq.-Frequencia das plantas consumidas; cons.- consumo relativo; contri.-contribuicao das plantas para a dieta dos Búfalos. Luís Júnior Comissário Mandlate 45 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Anexo 8. Coloração das plantas e os respectivos valores absolutos e relativos (%) em cada período de estudo. Espécies V Hyparrhenia hirta Panicum coloratum Panicum deustum Panicum maximum Setaria sphacelata Sp1 Sp2 Urochloa mosambicensis Total Ab. (%) 28 20 2 1723 465 3 8 30 2279 VA 1,228609 0,877578 0,087758 75,60333 20,40369 0,131637 0,351031 1,316367 100 0 0 0 0 7 0 0 0 7 Coloração Ab. (%) AC 0 0 0 0 100 0 0 0 100 Ab. (%) 2 0 0 124 43 0 0 3 172 1,162791 0 0 72,09302 25 0 0 1,744186 100 C Ab. (%) 1 0 358 90 1 0 4 466 2,575107 0,214592 0 76,82403 19,3133 0,214592 0 0,858369 100 Onde : V – Verde; VA – Verde-amarelo; AC – Amarelo-castanho; C – Castanho Anexo 9. Representação dos dados sobre a coloração indicado o número de plantas encontradas e consumidas em relação a sua coloração e os seus respectivos valores relativos (%). Número de plantas consumidas e os respectivo consumo relativo. Ocorrência Maio Junho Freq. Ab.(%) Freq. Ab. Coloração 793 V 6 VA 27 AC 89 C 915 Total 86,67 0,66 2,95 9,73 100 718 3 40 162 923 77,79 0,33 4,33 17,55 100 Julho Freq. Ab. 575 1 77 433 1086 52,95 0,23 7,09 39,87 100 Plantas Consumidas Maio Junho Julho Freq. Cons. Freq. Cons. Freq. Cons. 461 0 2 12 475 58,13 0 7,41 13,48 475 0 0 8 483 66,16 0 0 4,93 534 0 10 24 568 Plantas não consumidas 616 10 132 640 1398 92,86 0 12,99 5,54 Onde: Freq.-Frequencia; Ab.-Abundância relativa; Cons.- Consumo relativo; Luís Júnior Comissário Mandlate 46 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Anexo 10. Numero médio de plantas encontradas e consumidas e os respectivos desvios padrao. Abundância Espécies Hyparrhenia hirta Panicum coloratum Panicum deustum Panicum maximum Setaria sphacelata Sp1 Sp2 Urochloa mosambicensis Média Desvio padrao 14 7 0,666667 735 201,6667 1,333333 2,666667 12,33333 17,34935157 12,12435565 1,154700538 752,6404631 135,9644561 2,309401077 4,618802154 8,504900548 Consumo Media 2 4 0,333333 391,6667 104 0,333333 0,333333 6 Desvio padrao 2 6,928203 0,57735 106,3265 66,77574 0,57735 0,57735 3,464102 Anexo 11. Frequencia das alturas do disco do pasto LOW 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 TOTAL HIGH 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 FREQ 11 50 86 130 174 152 122 116 104 93 25 43 26 68 1200 PERCENT 0.9 4.1 7.1 10.8 14.4 12.6 10.1 9.4 8.6 7.7 2.1 4.4 2.2 5.6 100.0 ~ Luís Júnior Comissário Mandlate 47 Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa Anexo 12. Frequencia das arvores encontradas. Numero de arvores Frequncia percetagem Percetagem valida percetagem comulativa 1 2 1.9 1.9 1.9 2 4 3.7 3.7 5.6 4 3 2.8 2.8 8.4 5 1 .9 .9 9.3 6 7 2 2 1.9 1.9 1.9 1.9 11.2 13.1 15.0 8 2 1.9 1.9 10 1 .9 .9 15.9 11 3 2.8 2.8 18.7 12 2 1.9 1.9 20.6 13 4 3.7 3.7 24.3 14 6 5.6 5.6 29.9 15 2 1.9 1.9 31.8 16 1 .9 .9 32.7 17 4 3.7 3.7 36.4 18 2 1.9 1.9 38.3 19 2 1.9 1.9 40.2 20 4 3.7 3.7 43.9 21 2 1.9 1.9 45.8 22 3 2.8 2.8 48.6 23 1 .9 .9 49.5 24 5 4.7 4.7 54.2 25 5 4.7 4.7 58.9 27 1 .9 .9 59.8 28 2 1.9 1.9 61.7 29 2 1.9 1.9 63.6 30 7 6.5 6.5 70.1 32 3 2.8 2.8 72.9 33 3 2.8 2.8 75.7 34 3 2.8 2.8 78.5 36 2 1.9 1.9 80.4 37 4 3.7 3.7 84.1 40 8 7.5 7.5 91.6 43 1 .9 .9 92.5 50 1 .9 .9 93.5 53 2 1.9 1.9 95.3 54 1 .9 .9 96.3 60 3 2.8 2.8 99.1 100.0 76 1 .9 .9 Total 107 100.0 100.0 Luís Júnior Comissário Mandlate 48