Um registro do que aconteceu nos 20 anos de Sambas de Enredo na Passarela do Samba 01 OUVINDO TUDO QUE VEJO, VOU VENDO TUDO QUE OUÇO • 2006 Jorge Remédio • Julio Alves Minha Tijuca Abre os olhos para a melodia Para ouvir a genial batuta Regendo nossa sinfonia Seguindo os caminhos do som Vê a poesia brincar no salão Joga serpentina em versos e rimas Vivendo a magia de cada canção É pura cadência brasileira Esse requebrado que fascina Do boteco à gafieira O samba ecoa em cada esquina Suspense eternizado Na tela, um beijo apaixonado O filme que passa em minha mente Com a música, ganha o coração Chega a emocionar Ver a platéia delirar Vibra o maestro Vendo o artista na consagração Piscam luzes coloridas A noite, pra dançar convida Se a música tocou a alma um dia Sempre traz uma imagem Que hoje faço fantasia Ouvindo o que vejo, vendo o que ouço Na ópera do Carnaval Bravo, Unidos da Tijuca! Faz do seu canto visão sem igual 02 ENTROU POR UM LADO, SAIU PELO OUTRO... QUEM QUISER QUE INVENTE OUTRO! • 2005 Sérgio Alan • Jorge Remédio • Valtinho Jr Abro os portais da imaginação Toda fantasia hoje é real Me entrego ao delírio, luz, inspiração Carnaval... A mente leva a locais surpreendentes Na inocência, sou criança novamente Com a Tijuca... Viajo nessa emoção Me torno aventureiro da ilusão E desejo desvendar Misteriosas civilizações Cidades perdidas encontrar Tesouros que atraíram gerações Quando se abrem as portas do medo Bruxas, vampiros, fantasmas da vida Abraço a paz, me elevo à beleza Purificar a alma é a saída O homem pensou Que o planeta era somente seu Pro futuro, ele projetou Dominar a natureza, que um dia o acolheu Alerta pro mundo atual Imagem, terror irreal Humanos dominados pelo mal Entrei por um lado, saí pelo outro a cantar E quem quiser invente outro lugar O meu paraíso, local mais perfeito não há Faço do Borel a Shangri-lá 03 O SONHO DA CRIAÇÃO E A CRIAÇÃO DO SONHO: DA CIÊNCIA NO TEMPO DO IMPOSSÍVEL • 2004 A Jurandir • Wanderlei • Sereno • Enilson Nessa máquina do tempo, eu vou Vou viajar... Com a Tijuca te levar À era do Renascimento De sonhos, e criação Desejos, transformação Acreditar, desafiar Superar os limites do homem Brincar de Deus, criar a vida Querer voar e flutuar É tempo de sonhar... É tempo de alquimia Querer chegar à perfeição Com tecnologia Na arte da ciência A busca continua Na luta incessante pra vencer o mal E no vai e vem dessa história O velho sonho de ser imortal Profecia, loucura, magia A vontade de explorar A lua, a terra e o mar Pro futuro viajar, eu vou Mistérios que ainda quero desvendar, levar O destino é quem dirá O amanhã, como será Sonhei amor e vou lutar Para o meu sonho ser real Com a Tijuca, campeã do Carnaval ARTE 04 AGUDÁS, OS QUE LEVARAM A ÁFRICA NO CORAÇÃO, E T R O U X E R A M PA R A O C O R A Ç Ã O DA Á F R I CA , O B R A S I L ! • 2 0 0 3 Rono Maia • Jorge Melodia • Alexandre Alegria Obatalá Mandou chamar seus filhos A luz de Orunmilá Conduz o Ifá, destino Sou negro e venci tantas correntes A glória de quebrar todos grilhões Na volta das espumas flutuantes Mãe África receba seus leões No rufar do tambor, ô...ô... Atravessando o mar de Iemanjá No sangue trago essa chama verdadeira Raiz afro-brasileira, sou agudá! (Quem chega) Quem chega a Porto Novo É raça, é povo e se mistura De semba se fez samba Um Carnaval, pelas culturas Na fé de meus orixás Axé, meu delogun Temor e proteção ao anel do dragão de dagoun (A união) A união é bonita E a gente acredita na força do irmão No continente africano a ecoar A epopéia agudá, vitoriosa face da razão Tem cheiro de benjoim no xirê, alabê Prepare o acarajé, no dendê Salve o chachá, salve toda a negritude A Tijuca vem contar uma história de atitude 05 O SOL BRILHA ETERNAMENTE LÍNGUA PORTUGUESA • 2004 SOBRE O MUNDO Haroldo Pereira • Valtinho Junior • Wantuir (Portugal) Portugal Nas caravelas do idioma naveguei Nessa aventura lusitana Os cinco continentes alcancei Bordei palavras sobre as ondas do mar (Oi! Do mar) E na linha do horizonte A língua se fez poesia, uma Odisséia de amor Navegar é preciso, de Angola ao Timor (ô, ô, ô) Cultura! Riqueza! Iluminando o mundo de língua portuguesa Trago à mesa a alegria e amor! Que a família tijucana chegou! Com bom papo e harmonia e samba no pé! A minha língua, é minha pátria, é minha fé! Sopra o vento dos deuses Pra língua “semear’ Na costa africana, na voz dos orixas “Temperei” com arte em Goa E mercados de Macau Fala Brasil!! Brasil... A “morenice” em um povo encontrei Mundo novo, me apaixonei, hoje é só sedução Salve a luta do Timor! Pela "liberdade de expressão" Rasgou no céu um cometa Explode em sete cores A nova era, oito esplendores A língua é força, é união A homenagem vem na cauda do pavão DA 06 A T I J U C A A P R E S E N TA N E L S O N R O D R I G U E S P E L O B U R A C O DA F E C H A D U R A • 2 0 0 1 Vicente das Neves • Gilmar L. Silva • Douglas • Toninho Gentil • Wantuir Fez a vida como ela é Desenhou com arte o melhor que viu Profano ou querubim Mostrou que o mundo é mesmo assim O meu universo é Nelson À terra do frevo eu vou Aos amores mando um beijo Do mais puro ao sedutor Com a essência da verdade sem pudor! Nelson Rodrigues, teu pecado é humor E a Tijuca apaixonada Traz este gênio jornalista e escritor Gira, gira no meu verso, quero ver girar Mesmo sem pornochanchada Vem gargalhar A dama do lotação Flor de obsessão Sem preconceito, sem censura Luxúria, volúpia talvez Será castigada a nudez Fantasia, loucura sobrenatural Neste asfalto selvagem Eu faço a viagem no meu Carnaval Foi na visão do teu olhar, no meu olhar Que eu enxerguei a vida Nosso show está no ar Teatro, cinema, tv O futebol é devoção, é meu prazer 07 TERRA DOS PAPAGAIOS... NAVEGAR FOI PRECISO! • 2000 Bada - Jacy Inspiração - Edson de Oliveira - Davi do Pandeiro Brasil, Brasil, Brasil Pra falar de ti em poesia Folheando a História No tenebroso mar da imaginação Lembro que a viagem foi traçada Calmaria fez mudar a direção Hoje a Tijuca faz a festa E mostra o valor dessa união Caravelas ao mar, expedição Obrigado, Cabral, quanta emoção Terra à vista! O despontar dessa nação O índio, a fauna, a flora Paraíso de encanto e sedução Nesse encontro com os portugueses Um momento tão divino Cada qual se faz irmão Rezando a missa Todo mundo em comunhão Brasil, tu já não és mais um menino E seguindo o meu destino Seja lá por onde for Vou te redescobrindo a cada dia Na grandeza do teu povo No teu solo promissor É lindo ver tremular Bem alto o teu pavilhão E repartir esta alegria com a multidão Paz, amor e esperança Uma voz anunciou É chegada a nova era Abençoada pelo Criador 08 VIAGEM PITORESCA PELOS CINCO CONTINENTES NUM JARDIM • 1997 Edson Fio • Maurílio Theodoro Meu Rio de Janeiro em festa Saudando a vinda da Família Imperial A corte deslumbrante então empresta O luxo para a nova capital Abrindo os portos ao progresso Abrindo as portas pra cultura O Rio busca ser cidade De européia arquitetura O povo e a natureza conquistam D. João E o levam a investir na região Já fui engenho, fabriquei a dor Por decreto-lei, João me criou Do imperador fui mesa e tempero E até hoje eu floresço o ano inteiro Em meus caminhos, a paz, a flora, a sutileza Pelos continentes, uma viagem Sem sair de um só lugar Estou no inverno europeu, vim do jardim no Oriente E vejo logo à frente, a Oceania aflorar Da América, à África, o frio, o clima quente Contraste de beleza singular O som das águas, do vento, dos passarinhos Abriga a pesquisa e faz o ninho Pra espécies em extinção crescerem livremente E o mesmo som que ao longe parece uma sinfonia Inspirou Tom, que fez as lindas melodias Em meus recantos, hei de ouvir eternamente Jardim Botânico eu sou História viva de amor Eu sou o tema E a Tijuca é multicor 09 GANGA-ZUMBI, EXPRESSÃO DE UMA RAÇA • 1996 Beto do Pandeiro Ecoou, novamente o atabaque de Palmares Ressoou, é canto, é dança, é festa, liberdade Salve a força da cor guerreira Herdeiros de Zumbi A sua hora é esta Tijuca é o quilombo, é sua a festa Capoeira, aluã e muito mais Tem reza forte para os orixás Ao som do batacotô No toque do agogô Negro levanta a poeira Entre oferendas para o rei Xangô E pedras preciosas No clarão da lua cheia Dunga, Tara, Sinherê, ê, ê, ê, ê, Dandara Mãe Sabina, rei Zumbi é jóia rara À Cerca dos Macacos harmonia Dia e noite, noite e dia Paz, amor, libertação, seu ideal Holandeses, portugueses Todos os mocambos do local Traziam ouro, prata, louvação Ao "líder pra sempre" Cultura viva, és guerreiro imortal Vem, amor, ô, ô Soltar seu canto livre pelo ar (pelo ar) Alagoas é o berço Deste mito que viemos exaltar 10 OS NOVE BRAVOS DO GUARANY • 1995 Espanhol • Dário Lima Do novo pro velho mundo Eu naveguei... "Índio mulato", guerreiro "Nove bravos" conquistei Na contramão da história Compus minha glória, de amor delirei... Musiquei minha raiz E orgulhei o meu país por onde andei... Guardei em "noite alta" Segredos do castelo, seu destino Cruzei a minha espada Sonho real de um menino... Ecoou em plena mata tropical O compasso dos tambores aimorés Fui Peri, amei Ceci no temporal E venci os inimigos mais cruéis... Na "Festa das Marias", em Veneza, me casei... Entre duques e duquesas, lindas damas eu pintei... Dancei na corte inglesa, escravos libertei Rezei com a princesa, o Oriente desvendei... Mas tanto tempo passou, Que alguém me viu afinal E hoje eu sou Carnaval... 11 “GUANABARAN”, O SEIO DO MAR • 1992 Gilmar L. Silva • Vicente das Neves • Beto do Pandeiro • Vaguinho da Ladeira Hoje o Borel em aquarela Põe na passarela um pedaço de mar (De mar, de mar) Santuário de beleza O “guanabaran” que Tupã divinou Então eu mergulhei em tuas águas E me encantei para te decantar (decantar) Diz a lenda que bem antes Outros bravos navegantes O teu solo cobiçou Veio de lá de Portugal A realeza em ti desembarcou Maré que vem, maré que vai, vai, vai Mantendo um sonho que não se desfaz Um cenário de beleza Que virou cartão-postal Mãe da história Do cinema nacional Divina, teus milênios em poesia Do teu seio reluziam os cassinos imortais A vedete irreverente Fez um mundo diferente Na famosa Ilha do Sol (ô, mas que legal!) Tuas águas cristalinas Bem combinam com a magia Do teu clima tropical Te quero mais verde Sem poluição Se liga, gente Nesse canto de oração É no balanço desse mar (amor, eu vou) Vou navegar Vou na proa, vou na boa Pra ilha de Paquetá 12 TÁ NA MESA DO BRASIL • 1991 Carlinhos Melodia • Antonio C. Conceição • Nêgo Hoje, a arte e a poesia O sonho em fantasia Com o Borel vêm desfilar E o meu povo se encanta De bem com a vida a cantar, lararaiá... De braços dados com a folia Nesta festa popular Tá na mesa Brasil, oh, meu Brasil Ninguém pode censurar Da elite à raiz O rei mandou convidar Para o povo a bonança Do Norte ao Sul do meu país É batuque, canto e dança Nesta festa que é profana E faz o meu rei feliz No Carnaval de rua Tem bonecos do Nordeste E tudo que o cabra da peste Tem de bom para nos dar Na comilança eu sinto cravos e canelas Chica da Silva e Gabriela O mais fino paladar (É de dar água na boca...) É de dar água na boca Eu também quero provar, vou provar O cheiro que vem no ar, iaiá É do tempero da sinhá Vem encher a pança de alegria O rei se casa com a folia A euforia é geral, geral O rock’n’roll entrou no Carnaval Ô, iaiá, me dê amor, amor Me leva que é nesse embalo Que eu vou 13 E O BOREL DESCOBRIU... NAVEGAR FOI PRECISO • 1990 Nêgo • Vaguinho • Vicente das Neves • Ditão • Gilmar L. Silva • Azeitona • Valtinho da Ladeira • Ivan Bombeiro • Beto do Pandeiro Por mares nunca dantes navegados Meu Borel vem empolgado Pra mostrar Terras e eras tão distantes Um passado emocionante Vou contar (laraiá...) Na Idade Média, quando tudo começou O povo já pensava em ser feliz Os lusitanos na guerra cristã Contra os mouros defendiam o seu país Salve o infante D. Henrique A Portugal prestou serviços relevantes Os portugueses desbravaram o oceano Descobrindo novos horizontes São caravelas Ventos de liberdade e amor E nessa onda Seu Cabral nos encontrou (ô, ô, ô) Heranças deixaram Tantas em nosso torrão Do idioma à religião E essa miscigenação que originou A nossa mulata sedução Cá pra nós, o samba não veio de lá Mas trouxeram o negro, que é arte, é cultura Que nos ensinou a batucar Terrinha boa, que saudade dá O Borel em poesia Hoje vai te visitar Levar meu samba, vou cruzar o mar Só gente bamba vai desembarcar Vasco da Gama, bacalhau Ouvir o fado, eu vou Ficar mamado também Bebendo vinho lá em Portugal 14 TEMPLO DO ABSURDO • 1988 Beto do Pandeiro • Nêgo • Vaguinho • Monteiro • Ivar Silva • Carlos do Pagode Brasil... Bar Brasil Berço das grandes resoluções Pra quem se queixa que dá um duro danado E é mal remunerado Pro revoltado com as broncas do patrão Ai, quem me dera se eu fosse um marajá Ganhasse a vida sem precisar trabalhar Mas acontece que é só a minoria Que desfruta a mordomia Nessa tal democracia Apertaram o gatilho num salário baleado Outra piada depois desse tal cruzado E segue o tormento "Congelaumentos"... É o preço da alimentação (que confusão) O medo de sair, ser assaltado E o plano mal traçado A bomba que estourou em nossas mãos As brigas com a patroa em casa E o time que só faz perder Não dá pra segurar, já chega de sofrer Quero poder bebemorar (Êta papo pra rolar...) Êta papo pra rolar No templo do debate popular Pobres e ricos falam da dívida externa Dos problemas desta terra E se perguntam onde a coisa vai parar