ensalo P O RR I C A R D O VARGAS* A comprrxlDADE Do flrutDo em que nos movemos, potenciadapela globalização,pela incorporaçãodas tecnologias de comunicação,pela hostilidade natural de mercados cadavezmais saturados,é uma reaÌidadeque poucos terão ainda a veleidadede negar. Paraquem tem a responsabilidadede definir a estratégiade uma empresa,a complexidadeé uma má notÍcia. Significa que o que conhecemoscomo "meÌhores" ou "boas práticas" não passam de resultadosde acçõespassadas,cuja garantia de eficácia futura se aproxima de zero à medida que o tempo avança. Surgemassim duas necessidades:(r) que a definição da estratégiaempresarialsejafeita incorporando o maior número de perspectivasdistintas e (z) que a sua implementaçãoseja realizadaem processode aprendizagemcontÍnua,procurando identifrcar nos padrõesemergentesde mercadoquais os potenciadorese quais os ameaçadoÍespara a estratégiadefinida, corrigindo-a em tempo real. Estasduas necessidadessó podem ser respondidasse a gestãode uma empresafor realizadaem equipa.E aqui entra o paradoxo:a maioria das vezes,no topo da empresatemos a pior equipa exactamenteonde precisarÍamosde uma boa. Porqueé isto assim? Em primeiro lugar porque não há a este nível objectivose missão comuns, responsabilidadespartiÌhadas,nem processos que unifiquem o trabalho destegrupo de pessoas. Mas outra naturezade razõesconflui nesta ordem estabelecida: as atitudes dos directores. Paraprogredir na carreiratomamos decisões.A capacidade de as assumir é um dos factoresmais valorizadosnessa progressão,porque nos diz se alguém ê capazde ponderar e assumir riscos. E algumasdessasdecisõessão tomadas contra colegas,com quem se competepelo mesmo lugar. Quando se gereesperamde nós resultados.Emboranão os produzamossozinhos,ninguém nos pergunta quem o ' fez, desdeque apareçam.E rapidamentenos tornamos a cara deies,por sermos a facevisível da equipapara quem nos vê de cima. Assim, o trabalho em equipa é visto como algo irrelevante, ou pior: contraprodutivo,um sinal de incompetênciaou de fraqueza.Não faz com que se seja promovido, na cultura vigente na maioria das empresas.Distinguir-se, vender uma imagem de eficáciaindividual, artificial ou não, assumir como seusos resuitadosde uma equipa,são comportamentosque compensamno mundo reai, enquanto se sobe. Mas quando se chegaa nÍveis de gestãode topo a situação muda, e nem sempreestamospreparados paraver isso.A responsabilidadecomum sobre o futuro da empresaultrapassaem muito as responsabilidadesdepartamentaisde cada um dos seusdirectores.Gerar uma equipaque aprenda,para garantir o sucessoda estratégianum mundo complexo,obriga a alterar o modus operandianterior. Só que os velhos hábitos demoram a morrer, e os conceitos adquiridos ao longo da ascençãosão a bagagemque se traz para esta nova situação.Por isso o trabalho em equipa é visto como uma ameaça,uma forma de os outros interferirem nas nossasáreasde responsabilidade. A maioria das estratégiasnão falha por falta de clarezaou de acerto,mas por falta de adaptaçãorápida e flexÍvel à complexidadeno momento da sua implementação. A diferençaentre uma equipa de gestãode topo e um grupo de directoresé que,nessasituação,a primeira aprendee integra a informação do insucessoem alteraçõestácticas ou estratégicas,co-responsabilizando-sepela sua implementação,enquanto o segundobuscaum culpado. Este é o momento em que até o pior grupo se consegue organizar em equipa, parafazer com que o culpado seja encontrado mais abaixona hierarquia,descÌeque isso sejaum objectivo comum. Consultorde Cestào,fundador da Plan B - Consuìtoriae Desenvolvrmento, partner da TMI Poïtugal,autor de lìvÌos de gestão l_v_41gas@planbÍternational.com] DEZEM BRO 2 O O 6. 4 3