22 Sexta-feira e fim de semana 27, 28 e 29 de junho de 2014 Jornal do Comércio - Porto Alegre Política Editora: Paula Coutinho [email protected] Edgar Lisboa MENSALÃO PP na Justiça [email protected] A convenção do PP terminou com um processo e um partido rachado. A decisão do presidente, senador Ciro Nogueira (PI), de apoiar a reeleição de Dilma Rousseff (PT) desagradou parte dos progressistas. Os representantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pará, Ceará e Alagoas não queriam a aliança com Dilma e já negociavam o palanque com outros candidatos. O governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho; os deputados federais Esperidião Amin (SC), Dimas Fabiano (MG) e Jerônimo Goergen; o presidente do PP gaúcho, Celso Bernardi; a 2ª vice-presidente do PP Nacional, Ângela Amin; e a senadora Ana Amélia entraram com uma liminar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para invalidar o resultado da convenção. O apoio do PP então ficaria sujeito a velocidade que o ministro relator, Henrique Neves da Silva, julgará a liminar. Se ele for rápido e o processo for aceito, será realizada uma nova convenção. Se não, o partido ficará neutro nas eleições. Dependendo da decisão do TSE, Dilma poderá ficar com 1 minuto e 16 segundos a menos na propaganda de TV. Fez no abafo A grande reclamação é que a decisão de Ciro Nogueira foi tomada sem consultar o partido. “Acertaram antes a decisão sem uma reunião. Isso foi uma grande jogada, ele sentiu que ia perder e fez no abafo”, afirmou o deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS). De acordo com ele, havia votos suficientes para derrubar o apoio do PP a Dilma, anunciado no mês passado por Ciro Nogueira em jantar com a presidente e alvo de diversas reclamações no partido. A decisão do presidente do PP não foi acordada em reunião. Nogueira declarou aprovada por aclamação resolução que deixaria a cargo da executiva a decisão sobre o apoio na candidatura a presidente. A proposta, contudo, não foi votada e, consequentemente, aprovada. “Ele nunca quis fazer uma reunião para discutir isso. Era tudo no corpo a corpo”, conta Heinze. Na semana que vem, parlamentares progressistas devem se reunir com Nogueira para ter “uma conversa franca”. Agora, o partido espera a decisão do TSE e o medo é que eles não tenham tempo hábil para fazer uma nova convenção. A decisão do presidente do partido apenas tornou definitivo um racha que já estava para acontecer. “Ele perdeu muita legitimidade. O papel do presidente é representar, e ele acabou criando dois PPs. Agora vamos ter um longo caminho para reconstruir o que foi afundado na convenção”, afirmou o deputado federal Jerônimo Goergen (PP, foto), um dos autores do processo. LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC Dois PPs EXAUSTÃO - VENTILAÇÃO - REFRIGERAÇÃO VENDA DE EQUIPAMENTOS SISTEMAS DE AR CONDICIONADO CENTRAL engeté[email protected] MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA (PMOC) Rua Vilela Tavares nº 300 - São João - Porto Alegre - Fones: (51) 3342.0298 / (51) 3342.5433 Relator autoriza Delúbio a trabalhar fora da prisão Romeu Queiroz teve o pedido negado para trabalhar na própria empresa O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, novo relator da execução das penas do julgamento do mensalão, autorizou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a trabalhar fora do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde cumpre pena de seis anos e oito meses por corrupção. Delúbio voltará a trabalhar como assessor sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT), com salário de R$ 4.500,00 mensais. A decisão foi tomada pelo ministro na noite de quarta-feira, após a sessão do Supremo que deliberou sobre recurso similar do ex-ministro José Dirceu para trabalho externo. Na sessão, Barroso havia comunicado o plenário que decidiria monocraticamente sobre os demais recursos, com base no entendimento majoritário formado na corte. Os ministros decidiram manter a jurisprudência vigente em outras instâncias do Judiciário, inclusive no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que liberava os presos para trabalho independentemente do cumprimento de um sexto da pena, conforme determina a legislação penal. O ministro também autorizou o trabalho externo dos ex-deputados Pedro Corrêa e Valdemar Costa Neto e do ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas. FELIPE SAMPAIO SCO/STF/DIVULGAÇÃO/JC Repórter Brasília Ministro Luís Roberto Barroso tomou sua decisão monocraticamente “A negação do trabalho externo para reintroduzir a exigência do cumprimento de um sexto da pena é drástica alteração de jurisprudência e vai de encontro ao estado do sistema carcerário”, afirmou Barroso. Segundo o jornal Folha de São Paulo, em outra decisão, Barroso vetou pedidos do ex-deputado federal Romeu Queiroz para trabalhar em sua própria empresa, em Minas Gerais, e empregar o também condenado Rogério Tolentino no local. Delúbio foi um dos primeiros mensaleiros a conseguir a liberação da Vara de Execuções Penais (VEP) para trabalhar durante o dia e, por isso, foi realocado para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), em Brasília. Porém, após a descoberta de que o mensaleiro tinha conseguido muito mais do que o benefício autorizado pela Justiça, com mordomias que nenhum outro interno tinha, a VEP decidiu mandá-lo de volta para a Papuda. A lista de regalias de Delúbio incluía o direito a um cardápio diferenciado, com feijoada aos sábados, visitas fora do horário e o direito de o carro da CUT estacionar no pátio do CPP para buscá-lo diariamente. Quando a carteira do petista desapareceu dentro do presídio, os agentes impediram os presos de deixarem a cela até que o objeto fosse encontrado. SENADO Aposentadoria de Sarney ‘é para valer’, afirma Simon O senador gaúcho Pedro Simon (PMDB) soube que o colega de partido José Sarney (PMDB-AP) não concorreria novamente ao Senado há quase duas semanas, antes de a aposentadoria ser anunciada. “Quando conversei com ele sobre a minha decisão de deixar a vida pública, ele me revelou que estava com as mesmas intenções”, disse o político gaúcho. A notícia de que Sarney abriu mão de se candidatar veio a público na segunda-feira. Segundo Simon, em Brasília, ainda há quem duvide da decisão de Sarney, que é senador pelo Amapá há 27 anos. “Eu acho que é para valer”, avaliou. “Pessoalmente, acredito que também agi bem. Se o Sarney decidiu cair fora, pensando que seria um bom momento, penso igualmente que era a hora de cair fora”, completou o gaúcho, que está no seu quarto mandato como senador e não disputará o pleito deste ano. A saída dos dois confere ares de renovação à eleição ao Senado. Simon explicou que, em um primeiro momento, não levou a sério a revelação de Sarney de que não pretendia mais concorrer. “Mas daí ele me disse que a mulher (Marly) não estava muito bem de saúde e que precisava cuidar dela, então achei que ele realmente estava com pretensões de largar”, revelou. A aposentadoria de Sarney, de acordo com Simon, não estaria relacionada a polêmicas, falta de popularidade ou medo de perder a eleição. “Não é por aí que ele se assusta, pelo contrário. Se for por aí, ele é capaz de ficar para dar a volta nos problemas. Até porque, se repararmos, a figura que esteve mais no topo na política brasileira foi ele”, comentou. Para Simon, a decisão de Sarney só será adiada se o colega não conseguir convencer as pessoas próximas a ele. “O que pode acontecer é que tem muita gente no PT, como o Lula e a presidente, e lá da área do Sarney também, que querem insistir para que ele seja candidato. No meu caso, não tem (risos)”, disse. “Tem tanta gente em volta dele, que de certa forma depende dele... Mas eu não saberia responder como ele vai lidar com isso.” Com a mesma idade de Sarney - 84 anos -, Simon está cada vez mais isolado no PMDB. Ele tem dito que não irá disputar as eleições, porque deseja descansar, mas também porque está decepcionado com os rumos tomados pelo partido que ajudou a fundar. Simon é um dos principais opositores à aliança do PMDB com o governo de Dilma Rousseff (PT), fala que a legenda se rendeu à política do “troca-troca” de cargos e costuma fazer duras críticas a Sarney e outras lideranças peemedebistas.