Estudo mostra que custo industrial deve cair 14% em 2013
Qua, 19 de Setembro de 2012 17:32
A redução média dos custos industriais em função das medidas adotadas pelo governo deve
ser de cerca de 14% em 2013, segundo projeção do professor do Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Eduardo Pires de Souza.
No cálculo, Pires de Souza levou em consideração informações disponíveis até julho e
estimativas dos impactos da desoneração da folha de pagamento para diversos setores da
indústria, da redução do custo de energia e da desvalorização cambial.
Durante exposição no 9º Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Pires de
Souza avaliou que a política industrial do governo, focada na redução de custos industriais,
permitiu que o setor "vire a página", o que deve ficar mais visível a partir do próximo ano.
O economista citou outras iniciativas adotadas pelo governo Dilma Rousseff em direção ao
objetivo de reindustrializar o país. "Começou com a mudança no mix de política econômica, em
que a redução de juros rompeu com alguns mitos, como o que dizia que não era possível
reduzir a Selic por causa da remuneração da poupança. Tivemos também políticas mais
contundentes de intervenção no câmbio, que desde maio se situa em torno de R$ 2."
O professor da UFRJ acredita que ainda é possível avançar na redução dos custos industriais.
O custo unitário do trabalho, por exemplo, deve recuar cerca de 3% no próximo ano por causa
da desoneração da folha, mas ganhos de produtividade poderiam aprofundar esse benefício.
Para Pires de Souza, há um ganho fácil de produtividade com a recuperação cíclica da
produção, mas é necessário avançar em ganhos sistêmicos, por meio de investimento em
infraestrutura, e de políticas de longo prazo que favoreçam a qualificação da mão de obra.
Mesmo com as reformas já promovidas, Pires de Souza acredita que o real terá que perder
força em relação ao dólar para que o processo de reindustrialização do país ganhe fôlego.
Entre 2004 e 2011, os custos da indústria brasileira subiram 6,7% ao ano. O câmbio, que
poderia ter contrabalançado esse aumento de custos, se valorizou no período. Em dólar, o
custo industrial aumentou 10,3% anualmente.
Para que o país continuasse competitivo em relação à China, o câmbio nominal teria que ter
ficado em 184 pontos, tomando como índice de base 100 o ano de 2004. O real, no entanto,
andou em sentido contrário e estava em 71 pontos, segundo cálculos do professor. Por isso,
diz, "a depreciação adicional do real será necessária", afirma.
O tema da baixa qualificação da mão de obra na América Latina foi colocado em debate no
fórum da FGV por Ben Ross Schneider, diretor do MIT-Brazil Program, do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). Segundo ele, um dos fatores que
explicam a baixa qualificação da mão de obra na região é o baixo retorno financeiro dos
investimentos em educação. No Chile, exemplifica Schneider, 40% dos profissionais não
ganham o suficiente para compensar o investimento feito na universidade.
Ele ressaltou que, nos países desenvolvidos, o retorno para cada ano de educação é superior
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a 12%, enquanto na América Latina esse percentual não chega a 7%. "Mesmo entre os países
em desenvolvimento, há muitas diferença no que se refere a educação. Na Ásia, o retorno dos
investimentos em estudos é muito maior que na América Latina", disse Schneider.
Do Valor Econômico
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