JONATHAN HECKLER/JC
Porto Alegre, Quinta-feira, 3 de Setembro de 2015 | nº 2 | Jornal do Comércio
O meu
negócio
tem a
minha
cara
Claudia de Campos confecciona
turbantes e mostra que
identiicação com a causa étnica
é um diferencial em seu ramo
Página central
O app que avisa quando o pão
quentinho da padaria está pronto
Página 3
2
Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 3 de Setembro de 2015
PÁGINA INICIAL
/JC_GeracaoE
Ao leitor
/JCGeracaoE
/JCGeracaoE
www.geracaoe.com
#feed
o que está rolando na web
ÃO/JC
REPRODUÇ
Harmonia
entre trabalho
e interesses
faz a diferença
O assunto da nossa matéria de capa é tão — mas
tão — óbvio que... muita
gente esquece de colocar
em prática: fazer o que se
gosta, identiicar-se com o
trabalho. Dois pontos que
aprendemos ser a chave
do sucesso com os personagens que ilustram as
páginas centrais do caderno.
Satisfação pessoal atrai
clientela, aprimora processos e dá vida longa ao
negócio.
Aqui no GeraçãoE, tudo
está interligado. Quer ver?
Proissionais da comunicação adoram um café. Com
um pãozinho, então, ica
melhor ainda. Nesse contexto, uma dupla de jornalistas
criou um aplicativo que
avisa quando o cacetinho
sai do forno da padaria.
Saboreie na página 3.
Vejamos o caso da
matéria da página 7, sobre
o conceito gourmet de food
bike. Bibiana, uma das sócias, vive falando em amor
nos negócios. Tanto que
trouxemos um post dela do
Facebook aqui para nossa
página do Feed. Está vendo?
Os empreendedores têm
muito em comum.
Em tempo: nossa estreia
bombou! Recebemos dezenas de mensagens de apoio
e pessoas inspiradas para
colocar os planos em prática. Muito obrigado a você
que, desta forma, permite
que sigamos gostando tanto
de fazer o GeraçãoE. #s2
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site. Queremos que você ique
por dentro de todas as nossas
notícias em primeira mão.
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O amor é
a alma do
negócio 
MAURO SCHNEIDER
Subeditor GeraçãoE
@belomauro
yfsmagazine
Set your own pa
ce.
ROBERTA FOFONKA
Repórter
@rfofonka
Editor-chefe: Pedro Maciel
Secretário de redação: Guilherme Kolling
Editor de economia: Luiz Guimarães
Editor de internet: Paulo Serpa Antunes
LUCILENE ATHAIDE
Estagiária
@lucileneathaide
LEONARDO PUJOL
Estagiário
@leonardopujolrs
Projeto gráico: Juliano Bruni e Luis Felipe Corullón
Editor de fotograia: João Mattos
Revisão: André Fuzer, Rafaela Milara, hiago Nestor
[email protected]
geracao e.com
geraçãoempreendedora
Publicação do
Jornal do Comércio
de Porto Alegre
3
Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 3 de Setembro de 2015
www.pucrs.br/tecnopuc
APPS
tecnologia, alimentação, praticidade
OS PESQUISADORES
NAS EMPRESAS.
App para padarias avisa
quando pão sai do forno
FREDY VIEIRA/JC
ROBERTA FOFONKA
@rfofonka
Q
ue tal ser informado
pela sua padaria favorita no momento em que
sai o pão quentinho?
Ou, então, encontrar padarias e
confeitarias mais perto de você
ao redor do mundo? Esta é a
proposta do Breadsy, aplicativo
criado pelos jornalistas Lizi Cordeiro e Rafael Leite, em Porto
Alegre.
Para o usuário, basta baixar
o app e escolher de qual estabelecimento e de qual produto
quer receber o alerta. Do outro
lado, a empresa escolhe cinco
itens para disparar notiicações. O Breadsy, então, avisa
quando o pão cacetinho ou o
bolo de cenoura está pronto. A
ferramenta foi estudada para
ter uma interface que não prejudique o luxo da produção:
quando o alimento é inalizado,
a padaria escolhe a opção e
envia o alerta pelo smartphone ou computador. Poucos
cliques.
O app já tem mais de 100
downloads e 10 locais cadastrados em Porto Alegre, Guaíba,
Canoas, Tramandaí, Eldorado do
Sul e Várzea Grande/MT. “O que
a gente mais ouve das pessoas é
sobre quando vai chegar na padaria mais perto de casa”, conta
Lizi. A parceria dela e Rafael
nasceu no ambiente de trabalho.
Ambos fazem parte da equipe
do PoaDigital, espaço de tecnologia e inovação da prefeitura
da Capital. Os sócios conciliam
o desenvolvimento do Breadsy
com a rotina de emprego e
família. A ideia tomou forma
durante a StartUp Weekend de
2014. “Nós decidimos participar
da StartUp Weekend justamente
para ver se era uma ideia viável”,
comenta Rafael. O Breadsy icou
O FUTURO NO
CAMPUS.
Um ambiente que favorece o encontro
de diferentes áreas do conhecimento
favorece a inovação. Por isso, nosso
campus une pesquisadores com
empreendedores e academia com
mercado através do TECNOPUC, o
Parque Científico e Tecnológico da
PUCRS. Um ecossistema dinâmico e
moderno que abriga 124 organizações
como HP, Dell, Telebrás,ThoughtWorks e
DBServer e que, recentemente, deu as
boas-vindas a Globo.com, Instituto Hercílio
Randon e ThyssenKrupp Elevadores.
Lizi Cordeiro e Rafael Leite
icaram em quarto lugar
com o Breadsy na StartUp
Weekend de 2014
Criado em Porto
Alegre, Breadsy é útil
para o consumidor e
para o empresário
OS EMPREENDEDORES
NO LABORATÓRIO.
em 4º lugar na competição.
No início, os sócios tiveram
uma diiculdade bastante comum: descobrir como ganhar
dinheiro com a ideia. A solução
foi cobrar o estabelecimento
pelo serviço. Para usar o Breadsy, há uma mensalidade de
R$ 49,90 – o equivalente a três
pãezinhos por dia. A captação
de um sócio-desenvolvedor
também foi decisiva.
A fase de testes aconteceu
em parceria com seis estabelecimentos iliados ao Sindicato
das Indústrias de Paniicação
e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos do RS.
“Primeiro tivemos de conhecer como a padaria acontece detrás do balcão. O Sindipan
nos abriu espaço para iniciar
este processo de conversa”,
conta Rafael.
A próxima atualização
prevê a efetuação de pedidos
e pagamento pelo app, e a informação de locais que tenham
itens especíicos, como sem
adição de glúten ou lactose.
Com a base de dados do Google Places, o BREADSY MOSTRA PADARIAS DO
MUNDO INTEIRO, conforme a geolocalização do usuário. O que possibilita
também que o serviço expanda as adesões em escala internacional. “Nós
esperamos perder o controle logo, no bom sentido”, aponta Rafael.
Sejam bem-vindas a um
campus do tamanho do futuro.
4
TRABALHO
personalidade, consumo, paixão
Identiicação e amor fazem
toda a diferença
O GeraçãoE foi atrás de pessoas que deixam
a paixão pelo que fazem transbordar por
seus trabalhos. Uma característica que pode
deinir o sucesso e derrubar a concorrência
LUCILENE ATHAIDE
@lucileneathaide
Cada um pode vender o
produto ou serviço que quiser. Um detalhe, no entanto,
faz toda a diferença — como
se fosse a cereja do bolo —
para o sucesso do negócio: a
identiicação e a paixão pelo
segmento de atuação.
Um exemplo dessa premissa mora em Porto Alegre.
Claudia Renata Pereira de
Campos, 35 anos, é microempresária, gestora da Clau
Acessórios e Vestuário. Ela
confecciona e vende turbantes e acessórios ligados
à moda étnica. Antes de se
tornar empresária, já era consumidora desses itens. Antes
de ser consumidora, era fã do
assunto.
Os turbantes, que tanto
encantam Claudia por sua
história e relação cultural,
hoje podem ser encontrados
em grandes redes do varejo.
Como concorrer? A relação
com a causa tem sido a
chave.
“O negro quer se ver,
e o turbante é um passo
para isso. O que não pode
acontecer é tirar o negro do
protagonismo desta história.
O turbante é símbolo de luta
da mulher negra, mas isso
não impede que mulheres
de outas etnias utilizem o
mesmo acessório”, diz.
Além de desenhar, Claudia, que é mestre em História
e graduada em Moda, busca
referências em livros e pesquisa os temas para serem
usados em seus trabalhos. A
primeira coleção de turbantes foi inspirada em elementos do graite e da cultura de
rua, e já vendeu 35 dos 40
confeccionados. A unidade
custa, em média, R$ 40,00.
A ideia de investir na Clau
Acessórios e Vestuário surgiu
no ano passado, e o atelier
funciona em um cômodo de
sua casa. A empreendedora
pretende ter a própria loja e
expandir seus negócios pela
internet.
Claudia é quem cria os
desenhos que posteriormente
vão colorir e fazer a cabeça
das mulheres pelas ruas. A
técnica usada é chamada de
Design de Superfície.
Se hoje Claudia já está conhecida no mercado gaúcho,
o início não foi fácil. Desempregada, precisou comprometer o orçamento familiar
para fazer a primeira leva
de turbantes. A mudança de
carreira foi um período desaiador, mas, mais uma vez, o
coração falou mais alto. “Precisei de muita coragem para
abandonar um caminho que
estava praticamente trilhado
e investir na área da moda.”
na hora de empreender
JONATHAN HECKLER/JC
Claudia é conhecida por seus turbantes,
confeccionados no atelier que tem em casa
Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 3 de Setembro de 2015
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No painel Empreendedorismo e Universidades, promovido pelo Jornal do
Comércio na Expointer no sábado, três
professores universitários abordaram o
tema da paixão nos negócios. Ficou um
alerta: o amor não pode cegar os olhos
sobre a realidade do mercado. #seliga
JONATHAN HECKLER/JC
Apaixonada pelos
doces franceses
No site, você confere o
vídeo desta entrevista e
conteúdos exclusivos
O Projeto Vuelta al Mundo traduz preocupação social de Vitória
Não é apenas um brechó, mas
um estilo de vida
Acreditar que um mundo
melhor é possível e fazer
disso proissão. Esta foi a
ideia de Vitória Ruschel da
Silva, 23 anos, quando criou
o brechó Vuelta al Mundo, há
cerca de dois anos, cuja sede
ica no Centro Cultural Vila
Flores, na Capital. A jovem,
formada em Moda, busca
construir meios de aliar
inovação e criatividade sem
agredir o ambiente.
Sobre apostar no que se
ama, ela tem uma opinião
bem formada. “Eu acho que a
questão é não abrir mão das
convicções. Se tu tens uma
ideia, amor por alguma coisa,
ela pode dar certo. Tudo é
uma questão de realmente se
doar para aquilo, depositar
energia no que se acredita.”
O brechó de Vitória
começou em casa. Sempre
atenta a itens de moda retrô e
inspirada pela mãe, consumidora ativa de brechós, Vitória
queria mais do que comercializar roupas. O interesse pelo
lado social surgiu quando ela
ainda cursava Ciências Sociais. “Vi que as roupas eram
apenas a ponta de uma cadeia de sustentabilidade que
poderia ser criada através do
consumo consciente”, consi-
dera. Após migrar totalmente
para a área de Moda, a jovem
passou a transformar roupas
usadas e revendê-las.
Seu objetivo tornou-se
estimular a reutilização dos
tecidos levando em conta
a economia de bens naturais utilizados na fabricação. “Quando compramos
roupas em uma grande loja
de departamento, estamos
estimulando a produção de
mais artigos semelhantes.
Muitas vezes, as peças não
são fabricadas de um modo
socialmente correto.”
O Projeto Vuelta al
Mundo faz jus ao nome. A
idealizadora já viajou por diversos países “garimpando” e
expondo peças usadas. Muitas roupas que ela comercializa vieram da Argentina e
Uruguai.
Vitória se diz realizada
com o trabalho. Para ela, o
melhor de sua empresa é
poder espalhar a consciência
de que pequenas atitudes
podem colaborar com melhorias na sociedade. “Não
estamos falando apenas de
um brechó, mas de um estilo
de vida e de busca por sustentabilidade em tudo o que
for possível”, salienta.
Assim como Claudia e
Vitória, foi justamente a identiicação que impulsionou
Luísa de Oliveira Jungblut,
25 anos, a abrir a Ló Patisserie e Chocolaterie — ou
simplesmente Ló — neste
ano, na rua Vasco da Gama,
na Capital. O empreendimento tem inspiração francesa.
Apaixonada pela culinária
parisiense, a jovem aposta
em um estilo próprio de
cozinhar e planeja se tornar
referência no segmento em
breve. Luísa sempre gostou
de gastronomia, e foi por isso
que, após cursar dois anos de
Geologia, resolveu investir no
curso de Cozinheiro Básico,
do Senac.
Ainda insatisfeita com a
sua formação e cada dia com
mais vontade de pôr a mão
na massa, Luísa embarcou,
em 2012, para a França a
im de aprender a arte da
gastronomia em uma das
mais renomadas escolas de
culinária do mundo: a Le
Cordon Bleu Paris. Quando
retornou ao Brasil, tomou a
decisão de abrir o seu negócio no ramo.
“Eu queria ter a minha
patisserie para colocar em
prática o que aprendi na
França como empresária.
Sempre sonhei que meu
empreendimento fosse algo
especial”, conta.
Luísa lembra que não foi
fácil abrir a Ló. Em 2013,
quando iniciou o plano de
negócio, percebeu que seu
empenho seria grande, principalmente no que se referia
a investimento inanceiro.
A proposta era ter um
empreendimento de alta
qualidade e diferenciado no
mercado da capital gaúcha.
Para colocar a ideia em
prática, contou com a ajuda
inanceira da família.
“Eu tinha um sonho e
precisei muito de ajuda. Vi
que só amar a gastronomia
não bastava e precisei me
tornar empreendedora”,
MARCELO G. RIBEIRO/JC
recorda. “Minha família teve
um certo receio no início,
pois o orçamento foi grande.
Mas hoje todo mundo me
apoia e acredita em meu
sucesso.” Luísa sabe, no entanto, que o retorno inanceiro não será imediato.
Contando com quatro
funcionários, um de seus
maiores desaios é treinar
pessoas para compor a
equipe.
“A minha proposta é realmente trabalhar com quem,
assim como eu, se identiica
com o estabelecimento. É
importante que as pessoas
entendam em que mercado
estão atuando para prestar
um excelente serviço.”
A estudante de Administração de Empresas planeja,
ainda, expandir a Ló por
outros bairros da cidade.
“Não basta ter um sonho, é
preciso sempre aprimorar e
ir em busca de meios para
realizá-lo. Sei que ainda estou
só no início”, expõe ela.
“Sempre
sonhei que
meu negócio
fosse algo
especial”
No site, você confere o
vídeo desta entrevista e
conteúdos exclusivos
Depois de passar temporada na França, Luísa abriu sua patisserie
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Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 3 de Setembro de 2015
ARTIGO
Artigos podem ser enviados para [email protected].
Os textos para este espaço devem ter no máximo 2200 caracteres.
Empreendedorismo na Era Digital
Com a disseminação da
banda larga de internet no
início do século XXI, iniciou-se o fenômeno de aceleração
de inovação, resultando em
um crescimento exponencial
tecnológico no mundo. Esse
processo é responsável pela
vertiginosa transformação
social e de mercado que temos
vivido na última década. A tecnologia é o principal fator de
transformação do planeta.
Se observarmos o século
passado, apenas uma tecnologia, a eletricidade, transformou completamente a vida e
o poder. Tudo o que fazemos
hoje depende da eletricidade,
inclusive a internet e os princi-
pais meios de comunicação e
produção.
O cenário de negócios
também muda rapidamente.
Regras, habilidades e conhecimentos antigos tornam-se
obsoletos constantemente e, ao
mesmo tempo, surgem novas
demandas de oportunidades e
desaios.
Nesse contexto, em que
tudo muda o tempo todo, as
principais habilidades essenciais para o sucesso são: pensamento crítico, criatividade e
conexão.
Não dá tempo de esperar
que alguém analise o que está
acontecendo para nos contar
depois. Assim, é essencial que
desenvolvamos a habilidade
de pensar por nós mesmos e
avaliar o que é certo, errado,
oportunidade, ameaça etc.,
para conseguirmos tomar decisões em tempo hábil e obter
bons resultados. Os indivíduos
e organizações que conseguem
avaliar melhor o seu ambiente
obtêm vantagem competitiva
sobre os demais.
Se o pensamento crítico
nos apresenta as novas oportunidades e problemas, a criatividade é a habilidade necessária
para torná-los soluções.
Não conseguimos resolver
problemas novos ou aproveitar
oportunidades inéditas se não
formos criativos. Fórmulas ve-
BOM SABER
dicas, sugestões, informações
ARQUIVO PESSOAL/JC
MARTHA GABRIEL
escritora, consultora e
palestrante nas áreas
de marketing digital,
inovação e educação
lhas não solucionam problemas
novos.
Se, por um lado, a criatividade nos aponta o caminho,
ele não terá nenhum valor se
não for implementada. Para
se implementar a criatividade
de modo a se obter inovação,
é necessário desenvolver conexões, tanto com tecnologias
quanto com pessoas.
Como dizia Peter Druker,
“o maior perigo em tempos de
turbulência não é a turbulência, mas agir com a lógica
do passado”. Infelizmente, a
maior parte das pessoas e das
empresas foca na turbulência
e não em suas consequências
transformadoras.
Muitos programas para se ter uma
startup são gratuitos ou subsidiados
pelo governo. É possível apresentar a
ideia a investidores ou aceleradoras
para ganhar capital semente. Custos
com abertura, site, criação do produto,
etc., devem ser contabilizados.
O que devo saber para ter uma startup?
O termo startup vem
ganhando espaço no vocabulário dos empreendedores. Mas
qual a diferença entre ter uma
startup ou uma empresa? O
GeraçãoE pediu a explicação
para o assessor estratégico da
Incubadora Raiar, da Pontifícia
Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (Pucrs), Leandro
Bento Pompermaier. Ele ainda
dá algumas dicas úteis para
quem quer ter uma:
» Se buscarmos na literatura,
existem duas pessoas bem qualiicadas que são consideradas
“papas” neste mundo de startup:
Eric Ries e Steve Blank. Um dos
aspectos-chave de uma startup é
o grau de incerteza no negócio.
Por exemplo, se a pessoa estiver
abrindo um salão de beleza, este
negócio não é considerado uma
startup e sim uma empresa, pois
muitas outras pessoas já abriram
este negócio e seus processos de
negócio são bem conhecidos e
validados no mercado. Assim podemos deinir que uma startup
é uma empresa nascente que
possui muitas hipóteses do seu
negócio que merecem atenção
e devem ser validadas nos seus
primeiros anos de vida, enquanto que uma empresa já tem o
seu funcionamento validado
pelo mercado. Uma startup em
algum momento se transformará
em uma empresa.
» Na Pucrs nós temos um ecossistema rico que engloba vários
agentes (Inovapucrs). Dentro
deste ecossistema há agentes
que trabalham nos primeiros
estágios deste empreendedor
(Núcleo Empreendedor, com o
Torneio Empreendedor), e quan-
CAMILA CUNHA/DIVULGAÇÃO/JC
Leandro Bento Pompermaier, assessor estratégico da Incubadora Raiar
do o universitário tem uma ideia
de negócio mais consolidada ele
pode participar do programa da
incubadora Raiar para modelagem de negócios — o Startup
Garagem. Neste programa, os
participantes recebem mentoria
durante três meses em assuntos
relacionados a transformação da
ideia em um modelo de negócios. Ao inal, há a oportunidade
do empreendedor submeter
seu projeto para ser incubado e
assim começar a ganhar forma
de uma startup.
» Além das universidades, existem outros agentes nas cidades
que auxiliam o empreendedorismo. Há o Sebrae, com o programa StartupRS, e a prefeitura
de Porto Alegre recentemente
lançou o portal PoaDigital
(www.poadigital.com) com
informações diversas.
7
Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 3 de Setembro de 2015
GASTRONOMIA
EXPOINTER
sustentabilidade, brownie, bicicleta
campo, tecnologia
CAMILA CUNHA/DIVULGAÇÃO/JC
Consuela’s traz conceito
gourmet de food bike
FREDY VIEIRA/JC
Sócias apostam na novidade de duas rodas,
que recebeu um investimento de cerca de
R$ 10 mil, para incrementar os negócios
Eirene desenvolve veículos para agricultura de precisão
Soluções para
agricultura e
pecuária no radar
MAURO BELO SCHNEIDER
@belomauro
Bibiana Loureiro, 22
anos, junto com a tia Anamaria Rangel, 56, traz a Porto
Alegre o conceito gourmet de
food bike. As duas são sócias
da Consuela’s Brownies, e
apostam na novidade de duas
rodas, que recebeu um investimento de cerca de R$ 10 mil,
para incrementar os negócios.
A história da Consuela’s começou em 2013, quando Bibiana, que é estudante de Direito,
queria fazer um semestre da
faculdade na Espanha. Os pais
disseram que só aprovariam a
decisão se ela conseguisse se
manter no país.
Foi quando ela lembrou da
receita de brownies da mãe
de uma amiga. Começou a
cozinhar e, com a produção,
juntou o dinheiro que faltava
para embarcar à Europa.
Nos oito meses que icou
em Madri, foram os brownies
que pagaram as contas de
Bibiana. Ao preço de € 0,50 a
unidade, a jovem vendia cerca
de 100 brownies por dia no
Parque do Retiro. “Eu atacava
as pessoas e oferecia”, conta
ela, que passou 15 dias na Itália e dois meses em Portugal só
com os lucros da iniciativa.
De volta ao Brasil, em
2014, e após ter uma queimadura de segundo grau usando
o forno de casa, resolveu proissionalizar a Consuela’s. A tia,
Anamaria, já tinha uma loja na
Ceasa e ofereceu o espaço.
Hoje, a capacidade de
produção é de 1000 brownies
a cada meia hora, e eles são
vendidos por um valor que
varia entre R$ 6,00 e R$ 7,00
na bike. “Em casa, nesse tempo,
O
Bibiana e Anamaria participam de eventos e festivais de rua com a bike
O que você deve saber
» A autorização para vender produtos em uma food bike
deve ser solicitada na Secretaria Municipal da Produção,
Indústria e Comércio (Smic).
» Para participar de festivais de food
trucks, é necessário contatar as produtoras dos eventos e, normalmente, é cobrada uma taxa.
eu só conseguia fazer 30
unidades”, lembra. A instalação
conta com forno e batedeiras
industriais.
Para se diferenciar da concorrência, as empreendedoras
resolveram criar uma forma de
levar as delícias até os clientes.
O valor para montar um food
truck, que ica em torno de
R$ 200 mil, estava fora dos
planos. Decidiram, então,
apostar na food bike, uma
moda que já pegou na Europa
e em algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de
Janeiro.
A dupla comprou a estrutura da bicicleta na capital
paulista, mas a adaptou em
Porto Alegre. A intenção é
poder estacioná-la em parques
e praças da cidade, mas ainda
não há legislação para isso. Por
enquanto, a bicicleta participa
de festivais de food trucks e
eventos. Por ser pesada, a magrela precisa de um reboque
ou caminhão para o transporte.
Anamaria opina que as
duas deram apenas o pontapé
inicial no Estado. “Acredito que
agora surgirão pilhas de food
bikes, o que é legal, pois formaremos um grupo”, prevê. Por
causa de suas ideias, Bibiana
— que teve de aprender a pedalar devido ao projeto — está
concorrendo ao Prêmio Sebrae
Mulher de Negócios.
s mercados agrícola
e pecuário estão no
radar das startups
gaúchas. Tanto na incubadora da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do
Sul (Pucrs), Raiar, quanto na
da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (Ufrgs),
CEI, há proissionais pensando em soluções para esses
segmentos.
A Eirene, incubada na
Raiar, desenvolve uma família de veículos autônomos
para auxiliar na agricultura
de precisão. Com o uso de
energia limpa e alta tecnologia embarcada, uma das
aplicações possíveis seria um
robô para pulverização em
pequenas lavouras. Assim,
diminuem os impactos dos
agrotóxicos nos arredores e é
seguro para os agricultores.
O projeto contempla unir
as práticas de engenharia do
segmento automotivo e agrícola, com uma plataforma de
chassi modular.
Para isso, conta com uma
matriz de energia limpa,
aliada a geometria de direção
e suspensão similares ao
segmento fora de estrada.
O veículo é composto por
um conjunto de sistemas de
eletrônica, responsáveis por
sua navegação e operacionalidade autônoma, fazendo
uso de diversos núcleos de
processamento e diferentes
tipos de sensores. O sistema
tem um software para programação e monitoração da
tarefa, que pode ser efetuada
através de redes sem io,
utilizando PCs, tablets ou
smartphones.
Outro ponto de destaque
é a constante implementação
de dados voltados a área de
uso e culturas de plantio,
além da otimização da execução de diferentes tarefas.
A E-Aware, por sua vez,
incubada no CEI, atua em
duas frentes: pecuária e
agricultura.
Na pecuária, tendo como
exemplo a avicultura, uma
tecnologia de comunicação
com sensores monitora
as variáveis do ambiente,
consumo de insumos e condições de operação dos equipamentos. Com a integração
destas informações on-line,
são identiicados possíveis
problemas de processo e
indicadores para o bem-estar
animal.
Na agricultura, é
monitorada a atmosfera
de ambientes que devem
ser controlados, tais como
estufas. Também é possível
monitorar propriedades do
solo, disponibilizando as
informações remotamente,
o que é feito de maneira não
invasiva.
8
Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 3 de Setembro de 2015
MURAL
ENTREVISTA
questions and answers
Networking
» A UXConfBR, uma conferência sobre a importância
do design como experiência
dos usuários, acontece no dia
12 de setembro, na UniRitter
(Orfanotróio, 515 - Alto Teresópolis). O evento terá palestrantes que são referência em
várias empresas brasileiras,
com experiência em alavancar
negócios e facilitar a aceitação
de tecnologias.
» Ocorre entre 19 e 23 de
outubro, em Cuiabá (MT),
no Centro de Eventos do
Pantanal, a 25ª Conferência
Anprotec de Empreendedorismo e Ambientes de Inovação.
A atividade é realizada pela
Anprotec e pelo Sebrae, com
organização local da Arca
Multincubadora, da UFMT
e do governo do Estado de
Mato Grosso.
Links para inscrições e mais informações sobre cursos em nosso site.
Oportunidades
» Estão abertas, até o dia 8
de setembro, as inscrições
para o Programa de Estágio
2016 da Johnson & Johnson, empresa de cuidados
com a saúde e bem-estar. A
companhia possui 100 vagas
divididas entre as cidades
de São Paulo e São José dos
Campos. Há oportunidades
em diversas áreas, inclusive
Comunicação, Marketing, RH,
Eventos e TI.
» O BTG Pactual, banco de
investimentos independente,
está em busca de talentos
para uma nova turma de trainees, com início no primeiro
semestre de 2016. As inscrições estão abertas até 20 de
setembro. Podem participar
brasileiros ou estrangeiros
graduados em Administração,
Ciências Contábeis, Ciências
Econômicas, Matemática, Engenharias e demais ciências
exatas, além de Tecnologia e
Direito. Os estudantes devem
ter formação entre dezembro de 2013 e dezembro
de 2015. O programa tem
duração de 12 meses.
Na batalha
“Um aplicativo mobile de transporte público que auxilia os
porto-alegrenses na escolha das melhores rotas. Esse é o Wigo,
app que engloba todos os meios de transporte coletivo da Capital
(ônibus, lotação, aeroCAIO ESCOBAR/PUCRS/DIVULGAÇÃO/JC
móvel, trem e catamarã).
O download é gratuito e
disponível para o sistema
Android. Os usuários de
dispositivos iOS poderão
acessar até o im do ano,
quando uma nova versão
será lançada com foco na
experiência do usuário.
Baseada no conceito
crowdsourcing, vemos a
colaboração dos usuários
como algo fundamental.
O objetivo é que o sistema
se torne cada vez mais inteligente. Para incentivar
o uso recorrente, a ideia
é torná-lo uma espécie
de jogo: quanto mais
informações os usuários
fornecerem, melhores
Equipe da Wigo #nabatalha dos apps
rotas ele irá gerar.”
Geração Y quer
aproveitar a trajetória
MARCO QUINTANA /JC
ROBERTA FOFONKA
@rfofonka
A geração Y trouxe toda
uma mudança de lógica de
trabalho e emprego. Muito
disso porque os jovens que a
compõe passaram a vida vendo os pais trabalhando duro
e deixando sempre o deleite
dos ganhos para depois. A
consultora em Desenvolvimento de Pessoas e Organizações
Denise Casagrande, que atua
há cerca de 30 anos no mercado de gestão de RH — com
passagens por empresas como
Gerdau, Santher e Suzano —,
acredita que esta geração veio
para mudar deinitivamente
a relação quanto ao trabalho,
hoje baseada em uma perspectiva de satisfação pessoal e
coerência ideológica. Segundo
Denise, para empreender e
fazer as melhores escolhas, é
preciso ter autoconhecimento.
GeraçãoE - Qual a característica essencial de um
proissional?
Denise Casagrande - Os
proissionais, de um modo
geral, deveriam ter três coisas:
valores, formação acadêmica e
autoestima. Aliás, a autoestima
é decisiva para que a gente
consiga fazer melhores escolhas e enxergar os melhores
caminhos de carreira.
GE - Por quê?
Denise - Os jovens hoje
querem muito ser aceitos
como são. Isso pressupõe que
as pessoas se autoconheçam,
para que possam escolher um
lugar para trabalhar que tenha
a ver com o seu jeito. O melhor
dos mundos seria aquele
em que tanto as empresas
quanto as pessoas pudessem
aproximar o seu discurso da
sua prática. Isso faria toda a
diferença. Acessar uma coisa
que converse com os teus
objetivos e ideias tem muito
mais chance de dar certo. E as
empresas procuram talentos e
proissionais com atitude, que
sejam responsáveis pelas suas
próprias carreiras.
Denise Casagrande
é consultora em
Desenvolvimento de Pessoas
GE - O que é esta responsabilidade pela própria
carreira?
Denise - A minha geração,
que é a geração X, tinha uma
orientação para trabalhar
durante toda a vida e que ser
feliz ou aproveitar de tudo o
que construiu aconteceria só
depois de se aposentar, aos 60
ou 65 anos. Hoje, as pessoas
são muito mais longevas, o
mundo mudou completamente
em relação a isso. E a geração
Y quer aproveitar a trajetória.
Quer trabalhar muito, quer se
realizar e quer curtir o caminho e aprender no caminho.
Essa geração não quer chegar
aos 60 anos compassiva por
não ter feito algo, porque ela
viu a mãe e o pai fazendo
exatamente isso. É algo muito
legal e legítimo. Na geração X,
falava-se em empregabilidade.
Agora, a pessoa quer trabalhar.
E trabalhar não necessariamente quer dizer estar empregado.
Trabalhar signiica fazer coisas
que tenham um propósito e
viver a vida da melhor maneira
que eu reconheço que preciso.
Por exemplo, para algumas
pessoas, pode não fazer
sentido ter uma aposentadoria
gigante quando chegar aos
70 anos, mas, sim, ter menos,
acumular menos, consumir
menos. O conceito de trababilidade é novo, esta geração traz
isso com ela. Muito por isso,
esta geração vai deinitivamente mudar a carranca do mundo
corporativo.
GE - No meio desta perspectiva e busca de ser feliz,
pode haver perda de foco?
Denise - Eu acho que sim.
E acho que há o risco de o
jovem se perder na supericialidade. Ter relacionamentos
supericiais, experimentar supericialmente, tomar decisões
supericiais.
GE - A comunicação digital afeta estas relações?
Denise - O LinkedIn, o
Whatsapp e o Facebook vêm
de fato para conectar as pessoas, mas não consigo imaginar
que esta conexão possa substituir a conexão pessoal. Como,
na geração X, o grande objetivo de um CV era provocar
uma entrevista pessoalmente,
este também é o grande objetivo das redes. Não é resolver
as coisas por meio digital, até
porque têm coisas que não
se resolvem desta forma. As
redes dão oportunidade de se
conectar com mais agilidade,
mas é preciso estar preparado
para o contato pessoal. Dentro
das companhias, as coisas não
acontecem só virtualmente.
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Claudia de Campos confecciona turbantes e mostra que