UM ESTUDO RECENTE MOSTRA QUE PARA TRANSFORMAR AS
INFRAESTRUTURAS EM ÁFRICA SERÃO NECESSÁRIOS MAIS 31 MIL
MILHÕES DE DÓLARES E GRANDES MELHORIAS A NÍVEL DA
EFICIÊNCIA
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No du communiqué de presse:2009/AFR/138
MIDRAND, África do Sul, 11 de Novembro de 2009 – Um estudo recentemente levado a cabo em 24
países africanos mostra que o estado de degradação das infra-estruturas na África subsaariana –
electricidade, água potável, estradas e tecnologias da informação e comunicação (TIC) – diminui o
crescimento económico nacional anual em 2% e reduz a produtividade dos negócios em cerca de 40%.
“Infra-estruturas em África: Tempo para a mudança” considera que África tem as infraestruturas mais fracas do mundo mas, ironicamente, em alguns países, os africanos pagam o dobro
pelos serviços básicos do que as pessoas do resto do mundo. Este estudo defende que um bom
funcionamento das infra-estruturas em África é essencial para o desempenho económico, e que o
aperfeiçoamento das ineficiências e a redução dos desperdícios poderia resultar em grandes melhorias
na vida dos africanos.
O relatório estima que, por ano, serão necessários 93 mil milhões de dólares durante a próxima
década, o que é mais do dobro do que havia sido previsto anteriormente. Quase metade desta quantia é
necessária para resolver a crise de fornecimento de energia que está a impedir o crescimento em África.
A mais recente estimativa corresponde a cerca de 15% do valor do produto interno bruto (PIB) do
continente, um valor comparável ao que foi investido em infra-estruturas pela China durante a última
década.
O estudo descobriu que os gastos actuais em infra-estruturas em África são muito mais
elevados do que se pensava anteriormente, 45 mil milhões de dólares por ano. Não menos
surpreendente é o facto de estes valores serem financiados internamente, pelos contribuintes e
consumidores africanos. O estudo também concluiu que há um desperdício considerável que tem de ser
resolvido: uma série de melhorias a nível da eficiência poderia aumentar potencialmente os recursos
financeiros disponíveis em mais 17 mil milhões de dólares.
Ainda assim, mesmo na eventualidade de uma maior eficiência ser alcançada, continuaria a
haver uma lacuna de 31 mil milhões de dólares por ano, que seriam, em grande parte, destinados às
infra-estruturas eléctricas e de água potável nos países mais debilitados. Relativamente ao tamanho das
suas economias, a falta de financiamento está a intimidar os países da região com baixos rendimentos
(aqueles que precisariam de gastar mais 9% do seu PIB) e, em particular, os mais pobres (que
precisariam de gastar mais 25% do PIB). Os países ricos em recursos, como a Nigéria e a Zâmbia, estão
perante uma situação de falta de financiamento mais manejável, de apenas 4% do PIB. Especialmente
agora, com a crise financeira a nível global, investir em infra-estruturas em África é essencial para o
futuro do continente.
“Ter infra-estruturas actualizadas é a espinha dorsal de uma economia e a sua falta inibe o crescimento
económico”, segundo Obiageli Ezekwesili, o vice-presidente do Banco Mundial para a região africana.
“Este relatório demonstra que o investimento de fundo sem atacar as ineficiências do sistema seria o
mesmo que deitar água num balde furado. África conseguirá tapar esses buracos através de reformas e
de um melhoramento das suas políticas, o que funcionará como um sinal aos investidores, no sentido de
que o continente está preparado para a actividade económica.
O relatório recomenda a resolução da falta de eficiência anual de 17 mil milhões de dólares e pôr fim
aos restantes 31 mil milhões de dólares anuais da falta de financiamento para a criação de infraestruturas em África. Resolver a falta de eficiência requer melhorias na gestão dos recursos, assegurar a
manutenção adequada, promover a integração regional, recuperar os gastos e ao mesmo tempo
repensar a política de subsídios para permitir um acesso mais amplo, e melhorar a distribuição e gastos
dos recursos públicos. Para resolver a falta de financiamento, será necessária uma grande quantidade
de fontes, incluindo os orçamentos dos estados, a gestão dos recursos, os mercados de capitais locais,
o sector privado, os fundos não provenientes da Organização para a Cooperação Económica e
Desenvolvimento (Organization pour la Cooperation et le developpement, OCDE pelas suas siglas em
francês), bem como a tradicional ajuda de entidades colectivas ou privadas.
Os países com as maiores necessidades em termos de infra-estruturas são normalmente menos
atractivos para os investidores. Muitos dos países em África levarão provavelmente mais de uma década
a alcançar o nível de infra-estruturas desejado e terão provavelmente que usar tecnologias de baixo
custo. Mas é urgente agir, diz o relatório, e a crise financeira global está a acentuar a necessidade de um
enorme esforço para levantar as infra-estruturas em África.
“Os países africanos enfrentam grandes desafios para aumentar o investimento e para melhorar a
manutenção das infra-estruturas existentes”, diz o Dr. Elham M.A. Ibrahim, comissário da União Africana
para as Infra-Estruturas e Energia. “A boa notícia é que o investimento na manutenção das infraestruturas traz benefícios sólidos – a nossa pesquisa demonstra que por cada dólar investido na
manutenção de estradas, há um retorno de 4 dólares na longevidade da infra-estrutura e no serviço que
permite.”
“Infra-estruturas em África: Tempo para a mudança” parte de uma visão holística sobre quatro
sectores – energia, água, transportes e TIC – que suportam as economias nacionais e são de vital
importância para a redução da pobreza em África. Dar prioridade a estes sectores, aumentar os
investimentos e melhorar a eficiência pode ajudar os países africanos na prevenção dos impactos
nocivos da crise financeira e lançar a primeira pedra para o crescimento futuro, à medida que a
economia global recupera.

Energia eléctrica: Um acesso inadequado à energia é o maior impedimento ao crescimento
económico. Nenhum país no mundo desenvolveu a sua economia sem uma boa rede de
abastecimento de energia. A falta crónica de energia afecta cerca de 30 países em África; a
capacidade total de geração de energia existente em 48 países da zona subsaariana é de 68
gigawatts, semelhante à existente em Espanha, e 25% dessa capacidade não está actualmente
disponível devido à idade das centrais e à falta de manutenção adequada. Por um valor médio de
0,18 dólares por quilowatt/hora, a produção de energia eléctrica em África é cara em termos globais,
embora o comércio regional pudesse baixar significativamente os custos.

Água: Alta variabilidade hidro-climática, armazenamento inadequado, subida da procura e falta de
cooperação transfronteiriça prejudicam o sector da água em África. Menos de 60% da população
africana tem acesso a água potável e apenas uma mão cheia de países estão em condições de
alcançar os Objectivos de Desenvolvimento para o Milénio. Com mais de 60 rios transfronteiriços em
África, o desenvolvimento de infra-estruturas em grande escala para gerir o abastecimento de água e
evitar conflitos é um enorme desafio. Durante os últimos 40 anos, apenas foram acrescentados 4
milhões de hectares irrigados para a agricultura, em comparação com os 25 e 32 milhões de
hectares na China e na Índia, respectivamente.

Rede de transportes: As deficientes ligações entre os diferentes meios de transporte (aviação,
estradas, caminhos de ferro), ligações aéreas em declínio, portos mal equipados, caminhos
ferroviários envelhecidos e a falta de acesso a estradas asfaltadas são problemas chave da rede de
transportes em África. Apenas 40% dos africanos que vivem fora das cidades vive a 2 ou menos
quilómetros de uma estrada asfaltada, comparado com 65% da população em outras regiões em
vias de desenvolvimento.
Melhorar o acesso às estradas nas zonas rurais é vital para melhorar a produtividade agrícola em
África. A falta de competitividade entre empresas de camionagem mantém os preços do transporte
de mercadorias desnecessariamente elevados, e a burocracia existente nos corredores comerciais
internacionais mantém a velocidade de deslocação das mercadorias abaixo dos 12 quilómetros por
hora – a velocidade de um cavalo ou de uma carroça – quando efectivamente um camião de
mercadorias pode alcançar os 60 quilómetros por hora.

TIC: O número de utilizadores de telemóveis em África cresceu de 10 milhões, em 2000, para mais
de 180 milhões, em 2007. Durante o período de 1992-2005, o investimento do sector privado em
infra-estruturas para as TIC alcançou os 20 mil milhões, mas o elevado preço dos serviços continua
a ser um problema. Em 2007, o preço mensal médio dos serviços móveis pré-pagos era de 12,58
dólares em África, cerca de seis vezes mais do que os 2 dólares pagos no Bangladesh, na Índia ou
no Paquistão.
O estudo – conduzido em parceria por várias instituições como a Comissão de União Africana, o
Banco Africano para o Desenvolvimento, o Banco para o Desenvolvimento da África do Sul, o Consórcio
para as Infra-estruturas em África, a Nova Parceria para o Desenvolvimento em África e o Banco Mundial
– é um dos mais detalhados alguma vez efectuado sobre o Continente africano. Os inquéritos foram
levados a cabo em 16 companhias ferroviárias, 20 entidades rodoviárias, 30 companhias de
electricidade, 30 portos, 60 aeroportos, 80 companhias de água e mais de 1000 operadores de TIC, bem
como os ministérios relevantes em cada país. Os resultados do estudo seguiram-se à análise detalhada
das necessidades de gastos (os modelos microeconómicos ao nível do país), custos fiscais (o que
envolveu a recolha e a análise de novos dados) e o desempenho esperado dos sectores estudados
(abrangendo aspectos operacionais e financeiros como a rede institucional de cada país).
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um estudo recente mostra que para transformar as infraestruturas