XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Na casa e na rua: expressões de participação/recuo, resistência/acomodação das mulheres nos assentamentos rurais de Araraquara-SP. Aline Vieira Poletine CPF nº: 300.845.018-04 NUPEDOR – Núcleo de Pesquisa e Documentação Rural UNIARA – Centro Universitário de Araraquara UNESP – Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho Rua Humaitá,2003. cep: 14801-385. Centro, Araraquara - São Paulo. [email protected] Thauana Paiva de Souza Gomes CPF nº: 218.243.068-73. NUPEDOR – Núcleo de Pesquisa e Documentação Rural UNIARA – Centro Universitário de Araraquara UNESP – Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho Rua Cônego Jerônimo César, 673. São José, Araraquara – CEP. 14801-000 [email protected] Valéria Aparecida Bastos CPF nº: 156.799.148-32. NUPEDOR – Núcleo de Pesquisa e Documentação Rural UNIARA – Centro Universitário de Araraquara Av. São José, 550. São José. Araraquara – CEP. 14801-410 [email protected] Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante CPF. 026.243.118-15 Centro Universitário de Araraquara - UNIARA Rua Dr. Arlindo Soares de Azevedo, 82 – CEP 14.810-415 – Araraquara –SP [email protected] Sociologia Rural Categoria de apresentação: Pôster Grupo 7 - Agricultura Familiar Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 1 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Na casa e na rua: expressões de participação/recuo, resistência/acomodação das mulheres nos assentamentos rurais de Araraquara-SP. Resumo: Este trabalho busca compreender e analisar a participação das mulheres assentadas da região de Araraquara, na vida política, na comunidade e na casa. Questões relacionadas a preconceito, políticas públicas, à Reforma Agrária, família e educação são fundamentais para compreensão do movimento de participação/recuo, resistência/acomodação dessas agentes na construção de uma vida melhor nos assentamentos rurais. Palavras- Chaves: Mulheres; Participação; Assentamentos Rurais. Introdução Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria, mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida Milton Nascimento Foto de Thomas Edson Suzuki Este artigo parte das pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo de Pesquisa e Documentação Rural/NUPEDOR (Unesp/Uniara – Araraquara/SP), através do projeto de pesquisa intitulado “Poder Local e Assentamentos Rurais: expressões de conflito, de acomodação e de resistência”, financiado pelo CNPq. Dentro das pesquisas realizadas nos projetos desenvolvidos com os assentamentos da região registramos, analisamos e avaliamos os passos dessa trajetória de luta Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 2 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” pela terra. A conquista e reconstrução desse novo modo de vida vem sendo objeto de reflexões registradas na coleção Retratos de Assentamentos, em artigos, livros e discutidas nos principais fóruns da comunidade científica. A análise na qual nos debruçamos pretende discutir questões que envolvem mulheres assentadas, no que diz respeito aos conflitos de gênero, trajetórias, expectativas de vida e aspirações. Durante estes dezoito anos de pesquisas do Núcleo nos assentamentos de Araraquara, mais especificamente nas Fazendas Monte Alegre e Bela Vista do Chibarro, as discussões sobre o papel das mulheres estiveram sempre presentes nos diferentes momentos instituintes do processo de experiências concretas com estes assentamentos rurais. É importante tratarmos das questões femininas, pois elas são uma categoria essencial para tratarmos de assuntos como educação, saúde, orientação dos jovens, divisão do trabalho, etc. Mas é preciso ter atenção, o Brasil possui uma grande diversidade de cenários de luta dentro da Reforma Agrária, portanto é preciso deixar claro que as configurações dessa luta podem se dar de formas completamente distintas, dependendo do caso. Assistimos, nos assentamentos da região de Araraquara a um processo de politização dos espaços cotidianos, nos quais as mulheres estão presentes. Elas conquistaram espaço em lutas coletivas, mas, mesmo assim, os padrões culturais ainda influenciam muito na divisão sexual do trabalho, nas tomadas de decisões e nas esferas do poder. Neste artigo, procuraremos compreender e analisar como as mulheres estão inseridas, ou não, nos novos espaços públicos, nos quais chegaram a exercer poderes deliberativos, garantindo melhorias para a comunidade assentada. Considerações preliminares Ao nos debruçarmos nas pesquisas sobre assentamentos locais, considerando-os como espaços de atuação públicos/privados, coletivos/individuais, estamos lidando com esferas de significação social importante, repletos de diversas realidades particulares e de diferentes sentidos que nos permitem identificar determinados comportamentos por possuírem características próprias. DaMatta (1997), em seu livro A Casa & a Rua, nos fala da peculiaridade comportamental brasileira, que se mostra inclusiva e complementar em espaços sociais como a casa, a rua e o outro mundo, ou seja, um evento qualquer pode ser interpretado pelo código da casa (familiar, particular, estável), da rua (legalista, mercadológico, público) e por um código do outro mundo, onde prevalece a renúncia às ilusões e dores causadas pelos outros dois, numa tentativa de sintetizá-los. Apesar de não serem hegemônicos, em determinadas situações sociais um deles pode prevalecer e, isto de fato acontece quando consideramos as desigualdades que permeiam as relações de classe e de gênero. As camadas populares tendem a apresentar um discurso politicamente “alienado”, ingênuo, enquanto as camadas dominantes que se valem do código da rua mostram uma articulação impessoal e legalista. Assim, conflitos decorrentes da mistura dessas duas instâncias são iminentes e, no caso dos assentamentos, notáveis no cotidiano dessas comunidades. Não apenas os conflitos, mas expressões de acomodação e de resistência. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 3 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Estudar esses espaços nos permite lançar luz sobre aspectos importantes do percurso feminino, podendo articular essas expressões manifestadas tanto na casa como na rua. Observamos a trajetória construída por estas mulheres, que estabelecem uma relação íntima de cuidados com trabalho e com a casa, ligada, geralmente, à saída de determinado local e à chegada a outro. Ou seja, a vida destas mulheres seria bem explicada por uma seqüência de acontecimentos, em sua maioria bem parecidos entre si: desde crianças realizavam trabalhos familiares de cuidados com a casa, com irmãos e na relação com a terra. Existe posteriormente, após o casamento, uma transferência, não de modalidades de serviços, pois continuam com as mesmas funções, mas sim, de localidades, uma vez que devem acompanhar o marido. Esta chegada à outra região, no caso os assentamentos citados, sempre esteve ligada à idéia de reconstrução de suas vidas, ou seja: “Ir para o assentamento tem o significado de uma efetiva melhoria nas condições de vida [...] na situação de assentamento muitos vêem realizado o sonho da fartura” (SANTOS; FERRANTE, 2003, p.48), ou ainda: “a terra como canal de acesso a um ‘tempo melhor’, identificado no plano da possibilidade de defender a comida, de poder ter criação e de poder cuidar dos filhos com maior tranqüilidade”(FERRANTE, 1999). Na fala de uma assentada, por nós acompanhada, expressa a íntima relação com a terra: “Aqui é muito bom, n/é? Se a gente trabalha nós ‘come’, se não trabalha nós ‘come’ também”. Apesar desta dura trajetória, é através “destes conflitos fora e dentro de cada uma destas mulheres que suas experiências são produzidas”(MORAIS, 1999, p.270). Chegar ao assentamento pode também significar uma saída da casa para a rua, no sentido diferenciado de que a casa corresponde ao âmbito familiar e aos afazeres domésticos, enquanto que a rua passa a ter sentido público de se reconhecer como agente produtor de sua história, tomar consciência de si. Ou seja, as mulheres passam a atuar “na construção de espaços de sociabilidade, mesmo através de códigos sociais tradicionais” (FERRANTE, 1999). Para isso é preciso sensibilidade na percepção de características próprias das mulheres envolvidas nessa luta que simboliza a Reforma Agrária no Brasil. Muito desse significado só pode ser encontrado em aspectos subjetivos dessa realidade. Nas falas e depoimentos encontramos a missão e a vocação dessas mulheres para exercer determinadas lideranças, participar e intervir nesses espaços. A linguagem oral nos permite reconstruir, através da análise dos depoimentos, uma representação da realidade. No caso das mulheres, essa opção metodológica é ainda mais importante pela riqueza de informações contida na subjetividade das falas, ora ocultadas pela “invisibilidade” à qual elas estão sujeitas. Privilegiar aspectos subjetivos significa estar atento para a característica afetiva do ser humano, permitindo através da lembrança do passado, de certa forma revivê-lo e, a partir disso, refletir e aprender/reaprender com as experiências passadas (HALBWACHS, 1990). O diálogo que enriquece as soluções nos diferentes âmbitos da vida no campo é possível, pois a partir do problema busca-se a reflexão coerente com a realidade vivida, daí a importância da sistematização dos conhecimentos constituídos a partir do cotidiano, e da capacidade de reconhecer o diálogo com o tradicional. Esse tipo de participação é um exercício delicado de ser realizado, pela complexidade que envolve essas dimensões que são indissociáveis, constituindo assim a razão das mudanças sociais reais. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 4 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Para realizar essa participação efetivamente, seja ela em forma de militância ou liderança, por muitas vezes as mulheres se expõem à opinião das pessoas envolvidas (comunidade, homens, poder público) sofrendo críticas muitas vezes preconceituosas. Segundo Ferrante (1999): “[...] a ação política ameaça a ‘moral’ da mulher: muitas delas, quando assumiam a posição de líder ou representante tinham que falar com muita gente, ir sempre à cidade, sozinhas ou com um grupo do qual o marido muitas vezes não participava. Qualquer descontentamento com as opiniões das mulheres abria margem para uma série de difamações, no bar, nas ruas da agrovila, no campo de futebol. Logo os maridos pressionavam para que suas mulheres não mais participassem das reuniões e – se fossem líderes – abdicassem dos cargos assumidos”. Culturalmente o homem detém o poder de fala e de representação em espaços públicos. Apesar da mulher estar presente em todas as etapas do processo de discussão e decisão, determinados cargos são na maioria das vezes ocupados pelos homens, sendo a mulher conivente a esse tipo de situação. A seguir, tentaremos identificar expressões de acomodação/resistência, participação/recuo que emergem no universo das mulheres engajadas nessas teias de relações, tendo em vista seu papel fundamental na função de articular a comunidade, o seu comprometimento com a educação, com outras instâncias instituídas pelo poder local e no próprio ambiente familiar, buscando analisar também algumas aspirações e perspectivas em relação aos filhos e ao futuro dos assentamentos. A participação das mulheres no movimento da educação Um espaço no qual encontramos majoritariamente a presença feminina é a escola. No corpo docente, na direção, nos funcionários e nas reuniões de pais as mulheres têm participação predominante e ativa. São elas que se envolvem com a educação dos filhos e estão, neste espaço pesquisado, adquirindo significativas conquistas. A escola localizada no centro da agrovila do Assentamento Bela Vista possui um projeto político-pedagógico que foi discutido coletivamente e envolveu, na constituição de suas diretrizes gerais, outras duas escolas “do campo” pertencentes ao município. Estas últimas, estão localizadas no Assentamento Monte Alegre (Núcleo 6) e no distrito de Bueno de Andrade 1 . Destacamos a expressão “do campo” ressaltando a importância da luta nacional “Por uma Educação do Campo” que está envolvendo diversos movimentos sociais do campo na busca por uma educação diferenciada para os povos do campo. Esta procura re-significar e valorizar os saberes, a cultura e o resgate da identidade desses povos e construir uma educação em que os educandos percebam o campo como um lugar produtivo, de diversidade e que, portanto, rompa com as históricas dicotomias de moderno/atrasado, rural/urbano, entre outras (BASTOS; 1 Ver os passos dessa trajetória de construção do projeto político-pedagógico das escolas do campo de Araraquara nos artigos de Freitas (2004a e 2004b) e Bastos e Oliveira (2004). Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 5 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” OLIVEIRA, 2004). Também contribui para refletir qual o sentido atual do trabalho camponês e das lutas sociais e culturais dos grupos que hoje tentam garantir a sobrevivência desse trabalho (KOLLING; NERY; MOLINA, 1999). Ser “do” e não “para o” caracteriza a construção dessa educação por protagonistas que vêm dessa realidade e que, neste sentido, rejeitam os pacotes educacionais vindos “de cima pra baixo” e também somam na luta pela volta das escolas “no” campo, o que vai se chocar com o aumento do faturamento das empresas de transportes que levam os alunos do campo para estudar na cidade. Este círculo vicioso fortalece a lógica de sair do campo para estudar e estudar para sair do campo. Como afirmam Silva, Moraes e Bof (2003): [...] uma transformação da educação rural requer mais do que melhorar fisicamente as escolas ou a qualificação dos professores. Implica, necessariamente, a presença de um currículo baseado na vida e valores da população do campo para que o aprendizado escolar também possa ser um instrumento para o desenvolvimento sócio-cultural e econômico do campo. Na construção dessa nova proposta local de educação, assim como na sua efetivação, a participação das mulheres tem sido significativa, contribuindo, portanto, no movimento dessa proposta pedagógica. Movimento, pois a educação não é algo estático e à medida em que os sujeitos nela estão envolvidos, eles vão participando nas suas transformações e se transformando com ela (Caldart, 2001, 2002). Foto de Thomas Edson Suzuki tirada durante o I Seminário Estadual Por uma Educação do Campo, em maio de 2003. Escola Hermínio Pagôtto, localizada no assentamento Bela Vista do Chibarro Na escola do Assentamento Bela Vista podemos partir da própria direção da escola para salientar a contribuição da presença significativa de uma diretora que muito tem feito para a construção dessa educação diferenciada e para a vivência e fortalecimento de uma gestão democrática. A., desde que chegou nesta escola procurou envolver a comunidade na melhoria do prédio, na limpeza dos espaços da escola, na participação nas reuniões, na constituição do Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 6 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Conselho de Escola, do Grêmio Estudantil e nas festividades promovidas na escola e na comunidade, como a tradicional festa junina. Aos poucos, os moradores do assentamento começaram a estar mais presentes na escola, principalmente as mães que, em sua maioria, acompanham o desenvolvimento educacional dos filhos. Dona S. nos relatou essa diferença no aumento da participação quando A. chegou na escola: “[...]quando eu cheguei pra aqui que tinha outra diretora, então era a coisa mais difícil você ir na escola, participar de alguma coisa, não tinha muita assim, reunião sabe? E agora não, se vê que quase todo mês, quase não, todo mês tem reunião e você vê que a gente tá ali dentro da escola todo o dia, quase todo dia. Então a gente tá ali tendo contato com os professores, a gente já conhece bem, a gente já sabe qual é bom, qual é o que não tá bem, n/é?(risos)” (Entrevista realizada em set/2004). Mesmo enfrentando resistências por parte dos professores que vinham da cidade lecionar na escola, a comunidade, assim como os alunos, foram participando da gestão da escola. Depois de várias idas a campo nas quais se privilegiou as observações no interior da escola, percebemos o quanto as mães estão presentes, algumas vêm diariamente na escola, trazer os filhos, participar da acolhida inicial que acontece todos os dias antes de iniciar as aulas, conversar com os professores e/ou com a diretora. Nas reuniões de pais, elas são a grande maioria, uns 95%. Quando estão com alguma dificuldade com os filhos, ou com algum professor, encontram sempre aberta a porta da diretoria para expor suas dúvidas, questionamentos, denúncias, etc., no intuito de compreender essa educação diferenciada e contribuir para sua melhoria. Nas entrevistas realizadas com algumas dessas mães que estão mais presentes na escola, elas nos relataram a importância dessa participação e do maior envolvimento da comunidade. Questionadas sobre como elas poderiam contribuir para melhorar a qualidade da escola elas relataram: “Como que contribui?... Participando, n/é?Participando, ajudando em qualquer coisa que tiver na escola” (Entrevista com dona S., set/2004); “Acho que eu só não, acho que se juntar todo mundo acho que sim, mas uma pessoa só, acho que não [...]é legal todo mundo reunir, decidir direitinho qual é o melhor, n/é?”(Entrevista com D., set/2004); “Só se for colaborando como voluntária [...] Eu pretendo fazer pedagogia do campo [a pedagogia da terra é atualmente oferecida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra/MST], se eu puder ajudar também, colaborar, que eu não tenho essa, não sou profissional, mas pretendo ser e ver uma melhor forma de tá colaborando e tá chamando a comunidade pra tá ajudando, apesar que eles, tem bastante que colabora e vem com amor, com carinho, por causa das crianças, n/é?” (Entrevista com M., out/2004). Mesmo com essa significativa participação, ainda falta muito para ser conquistado, para a melhoria dessa educação diferenciada. Ainda temos conflitos que se configuram em outras Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 7 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” instâncias, como nas relações com a Secretaria Municipal de Educação, com a própria prefeitura e com os órgãos que administram essas terras, como Incra e Itesp. Dentro desse “pacote” de reivindicações temos o pedido da participação contínua de psicólogos, fonoaudiólogos, de formação continuada dos professores do campo, a ampliação do nível de escolaridade na qual se almeja a construção de uma escola técnico-agrícola, entre outras. É a partir do aumento dessa participação, desencadeada por uma gestão democrática da escola, que tem se imposto como um dos eixos analíticos da presente pesquisa a compreensão do processo formador desse movimento educacional, que ao mesmo tempo em que transforma a rotina da escola, transforma também os sujeitos que ali estão inseridos, que estão envolvidos nessa nova dinâmica de fazer educação. Nesse processo, que não acontece sem conflitos, as mulheres estão se destacando e mudando concepções do que antes achavam que não podiam mudar e que hoje se fortalecem, observando todas as conquistas já alcançadas, das quais se alimentam para continuar vislumbrando e lutando pelas melhorias para a comunidade. A crença da agente M. vai nesse sentido: “[...]eu acredito que essas crianças não sairão do assentamento. Se elas tiverem também aí um subsídio, depois de sair da escola, de toda uma formação agrícola; de ser engenheiro; de ele mesmo ser o veterinário que vai cuidar do seu lote, n/é, ele ser agrônomo, é isso que temos que incentivar, que esses jovens possam ser agrônomos, para que eles não tenham que depender do Estado para cuidar do seu lote[...] (Entrevista com M., out/2004)” Outras instâncias participativas instituídas pelo poder local Além da abertura conseguida junto com o atual prefeito na sua gestão anterior, referente à construção do projeto político-pedagógico para as escolas do campo, temos que acrescentar outras instâncias de participação, instituídas pela sua administração que beneficiaram uma maior integração dos assentados locais. Destacam-se, dentre outros, o Centro de Desenvolvimento Comunitário(CDC) Bela Vista do Chibarro e o Centro de Desenvolvimento e Integração Rural(CEDIR), que abrangem os moradores do assentamento Monte Alegre e do distrito de Bueno de Andrade. Há também o projeto político de Orçamento Participativo, que envolve assentamentos, pequenos produtores rurais a Região 8 2 e toda a cidade. Além disso, iniciativas como a Feira do Produtor, que acontece na praça Pedro de Toledo e as barracas Direto do Campo que ficam no terminal de integração dos ônibus, contribuem para o contato e aproximação campo-cidade. Em relação à Feira do Produtor, observamos a presença das mulheres que, na maioria das vezes, acompanham seus companheiros. Realizadas todos os sábados de manhã, a prefeitura disponibiliza um caminhão para levar os produtos e um ônibus para levar os agricultores. 2 No OP os bairros da cidade estão divididos em 8 Regiões, nas quais acontecem as plenárias regionais onde se elege os delegados que irão defender as benfeitoras que são prioridades em cada região. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 8 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Observamos que algumas mulheres ajudam preparação dos produtos para levar à feira, na armação das barracas, na efetivação das vendas dos diferenciados produtos, e na arrumação das caixas e das barracas para retornar ao assentamento. Podemos destacar nesta feira a barraca dos pães e bolos. Até o momento, são duas mulheres do assentamento Bela Vista que se reúnem para produzir diferenciados pães e bolos. Através de recursos do governo do Estado, elas conseguiram adquirir formas, utensílios de cozinha e um grande forno para assar os pães. Como não possuem um espaço para a produção desses produtos, elas utilizam a cozinha da escola do assentamento. Como nos disse dona S.: “o meu sonho é ter uma panificadora aqui na vila[agrovila] do assentamento”. Por não possuírem esse espaço, elas só se reúnem duas vezes por semana na escola para confeccionar os pães, um dia elas vendem na agrovila, saindo de rua em rua oferecendo os produtos, e no outro dia para vender na Feira. Dona S. e a D. nos disseram que estão reivindicando junto ao INCRA um espaço (uma casa não utilizada) na agrovila para montar a padaria, mas até o momento não tiveram nenhum retorno. Segundo elas, a aquisição desse espaço poderia gerar outros empregos no assentamento, pois só as duas não conseguiriam dar conta da demanda. Também relataram que se conseguissem este espaço, elas poderiam pegar um financiamento no banco para estruturar a padaria, pois certamente teriam um retorno das vendas dos pães, bolos, doces, etc., e poderiam pagar o empréstimo. Este ano, T. montou sua barraquinha de pastel na Feira do Produtor, segundo ela é um dinheirinho que entra para aumentar a renda familiar. Ela também é uma pessoa articuladora das mulheres da comunidade, atualmente se preocupa com a educação dos filhos e com o retorno do cursinho pré-vestibular que foi desligado dos assentamentos. Nas suas aspirações futuras, ela nos relatou sua grande vontade de fazer o curso de Pedagogia. Numa conversa que tivemos, ela disse que este ano perdeu a data para conseguir a bolsa do ProUni 3 , mas que no próximo ano tentaria novamente. O Orçamento Participativo (O.P.) foi criado em 2001. Nas reuniões que acompanhamos e nas entrevistas que realizamos, podemos destacar a presença feminina, não apenas na participação nestas reuniões, como também na sua disposição para se eleger como delegada, ou seja, representante da sua Região nas demais reuniões que se sucedem para definir os repasses de investimento do orçamento da prefeitura 4 . Nestas instâncias deliberativas, muito se aprende sobre a distribuição dos recursos da prefeitura, as carências da cidade, o poder decisório, a luta pelos direitos, os conflitos que emergem nestes espaços, pois ao se decidir prioridades acaba-se deixando de lado outras melhorias que também não deixam de ser necessárias. Os projetos do Centro de Desenvolvimento Comunitário permanecem como uma promessa de aglutinação, tendo dado, no caso do Bela Vista, alguns passos sob articulação da escola. No Orçamento Participativo, ressalta-se que as delegadas escolhidas pelos assentados são em sua quase totalidade mulheres – o que reedita a prática anterior de ser a mulher a porta voz das reivindicações junto aos poderes – o que lhes rendem uma ampliação no poder de decisão e 3 Programa do governo federal para aquisição de bolsas parciais ou totais em instituições privadas de ensino superior Nas reuniões que tiverem um número maior de representantes/delegados terão maior possibilidade de conseguir o recurso para a melhoria da sua região. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 9 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 4 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” uma certa descrença por parte dos homens da “eficácia” deste instrumento de gestão participativa. Atualmente evidenciamos uma relação de participação/recuo da mulher nas reuniões do O.P. Nas plenárias do Orçamento Participativo do município elas têm uma significativa participação, apesar de não se destacarem nos momentos de discurso. Em uma entrevista realizada com uma representante do OP da prefeitura, ela nos relata: “[...] no assentamento a mulher acaba participando mais do Orçamento Participativo e sendo delegada, porque o homem ele tá em qual discussão? Ele tá na discussão com o INCRA, ele é que vai pra São Paulo, ele é que vai pra Brasília, é ele que cuida dessa relação enquanto terra, não é?Então, eu homem invado a terra, então, eu homem discuto com esses ai... e a mulher por conta de ser responsável lá pelo lote, pelos afazeres do lote, ela acaba indo pras reuniões do OP, não é? Porque o homem já está em outra discussão, ele já tem uma outra discussão [...]No assentamento tem outros espaços que são essas discussões com o Itesp, com o INCRA, são as discussões com o Desenvolvimento Agrário, que o homem acaba despontando, não é? (Entrevista com R., mar/2005)” A partir disso, notamos uma maior engajamento dessas agentes nas reuniões do OP, elas passam a participar ativamente dos processos de elaboração das políticas voltadas para o assentamento, resultando no preconceito claro no depoimento acima, em que há nitidamente uma demarcação entre espaços masculino e feminino. Enquanto isso, os homens se envolvem mais com os âmbitos das políticas nacionais, da Reforma Agrária como um todo, como assuntos ligados ao financiamento do governo ou regras para regularização das terras. A representante do OP também acrescenta: “Uma vez nós tivemos uma reunião em São Paulo com o INCRA, que nós chamamos todos, só foi homens, não foi mulheres. Olha que são mulheres do Pontal, mulheres que são mais organizadas, mesmo assim não foram. Então é essa a relação, não significa que os homens do Bela Vista e do Monte Alegre não tenham a... não são machistas, são, são... é que eles não vêem os espaços do Orçamento Participativo é... sei lá... com tanto poder... ” (Entrevista com R., mar/2005). A história de submissão aos homens fez com que elas entendessem a importância da união das mulheres para a conquista de melhoras para a comunidade e espaço nas instâncias políticas. Elas enfrentam muitas barreiras e apesar das dificuldades cotidianas, na educação, na saúde, se destacam por sua pré-disposição natural, por seu maior envolvimento com questões como a educação dos filhos e a saúde da família. Outra instância de poder deliberativo são as reuniões temáticas, direcionadas a um público especifico como jovens, idosos, afros-descendentes e mulheres. Aqui são discutidos prioridades com temas indicativos de geração de trabalho e renda, educação, lazer entre outros. Nestas reuniões, geralmente as prioridades votadas são aquelas ligadas à geração de trabalho e renda. Entre outras também se destacam: programa de saúde da mulher, restaurante popular e um espaço diferenciado para deixar seus filhos. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 10 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Na última votação da Plenária Temática da Juventude, uma das prioridades votadas pelos jovens foi à construção de uma quadra poliesportiva. O que nos mostra a busca de lazer não só para esta categoria, mas para todos do assentamento. Vale acrescentar que existe uma preocupação especial das mulheres com o lazer, com a educação e a falta de diversão no sentido de ocupar do tempo ocioso, justamente pelo fato de seus filhos buscarem isto fora do assentamento, basta destacarmos a quantidade de jovens que saem deste local para morar na cidade, buscando oportunidades não encontradas no assentamento. Em todas as entrevistas realizadas percebemos o quanto este ponto é marcante para homens e mulheres, idosos e jovens. O depoimento da assentada N. nos mostra este vazio: “Antigamente tinha um bailinho, mas aí começou a dar muita briga, e então acabou... hoje em dia não tem nada para fazer é tudo muito parado, e quando alguém aparece aqui a gente gosta...” (Nota de Campo, dia 12/03/2005). A Festa Junina é considerada por todos como principal evento social do assentamento, alguns até ousavam dizer que é a única organização que todos se envolvem. Não é difícil entender porque as pessoas gostam tanto deste evento em especial as mulheres. As relações estão muito além do divertimento ou da centralidade destas na promoção da festa, já que elas também ajudam na arrecadação dos alimentos, na produção dos doces e na própria estrutura da festa, podendo chegar ao embate com o poder público, no sentido de poder cobrar dos representantes da prefeitura ou do próprio prefeito as promessas feitas. Assim, elas não são julgadas por deixarem suas casas para se envolverem com os assuntos da rua, com o que não é doméstico e sofrerem algum tipo de violência. As poucas oportunidades que os assentados têm para comemorar, como na época da Festa Junina eles comemoram pra valer. De acordo com Brandão: “[...] a festa instaura uma transformação não só na rotina de vida da sociedade local, como na própria vida de seus participantes” (1978, p. 49). É como se os comprometidos com a festa se tornassem um corpo único, que só possui valor na situação da festa e nos rituais que ela contém. Em sentido mais amplo “investe-se um capital emocional em ocasiões festivas e nos dias de festivais especiais. Muitos dias de trabalho e dieta escassa eram compensados pela expectativa (ou lembranças) dessas ocasiões, quando a comida e a bebida eram abundantes, floresciam os namoros e todo o tipo de relação social e esquecia-se a dureza da vida” (THOMPSON, 1998, p. 52). Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 11 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Foto de Thomas Edson Suzuki. Preparação da Festa Junina, jun/2003 A resistência na casa Falar da relação acomodação/resistência no assentamento requer uma idéia livre de preconceitos, pois quando falamos do embate de gênero, não basta olhar as mulheres que resistem a esta forma dominação. E sim podermos compreender o que tem por trás da opção da acomodação. Ou seja, existem mulheres que estão na casa e que não se destacam como agentes públicos, mas que a todo o momento estão fazendo uma revolução silenciosa, seja na luta pela educação de boa qualidade para seus filhos, seja pela conscientização dos filhos na Reforma Agrária, ou até mesmo na luta do pão de cada dia. De acordo com Ferrante: “a mulher é distribuidora do principal bem que a população assentada dispõe: o alimento. Sua capacidade administradora e de ação é inquestionável. A mulher, desde que esteja numa posição de dificuldade assume todas as tarefas de um chefe de família. No entanto, não encontram espaço para terem, no assentamento, reconhecidos seus direitos” (FERRANTE, 1999). Isto ainda é constatado por órgãos públicos como no Orçamento Participativo, que uma das coordenadoras explica: “a mulher assentada ela por conta de..., até mesmo dessa..., do preconceito, ela acaba se prendendo muito no lote n/é, por além da terra ela tem os filhos, ela tem a comida, os afazeres da casa, e ela também vai para terra, que é uma diferença do homem. Porque o homem vai para terra, mas ele não tem o jantar para preparar, não tem o almoço, as crianças, n/é?... não tem que se preocupar com a educação dos filhos... com certeza ela carrega uma carga horária bem maior que o homem, mas é menos valorizada” (Entrevista com R., mar/2005). Toda mulher assentada já é resistente às violências do conflito de gênero. Estar na terra significa lutar contra as políticas dominadoras do Estado e das próprias condições estabelecidas. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 12 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” A expressão de acomodação é uma concepção preconceituosa, já que para conquistar seu espaço e ser respeitada deve sair de casa e ir para rua. Assim as diversas responsabilidades que as mulheres têm renderam bons frutos. Antigamente uma mulher não podia nem ser titular de um lote de reforma agrária, hoje elas não só podem como já tem financiamentos especiais para elas, como PRONAF Mulher. A partir do momento em que elas se organizam com disposição e coragem para fazer valer direitos como educação e cidadania, as conquistas acontecem. Apesar dos avanços, traços de patriarcalismo permanecem. O fato é que a desigualdade entre os gêneros ainda é forte em nossa sociedade, mesmo nos financiamentos do PRONAF, o valor do financiamento para os homens é maior do que para as mulheres, assim muitas famílias preferem pegar o destinado ao “chefe” da casa, que na prática pouco tem de chefe. Muitos vão trabalhar na cidade para aumentar a renda da família, deixando a “chefia” do lote, dos filhos, da casa para suas esposas. Conforme depoimento da representante do OP da prefeitura: “[...] até foi uma experiência do governo federal, que o PRONAF Mulher sairia menos do que se fosse um no nome do homem, no nome do homem seria R$ 9.900,00, no nome da mulher R$ 6.000,00 e muitas delas desistiram de pegar o PRONAF Mulher...” (Entrevista com R., mar/2005). E preciso lembrar que o mercado de trabalho para esses trabalhadores se restringe a empregos de pedreiros, guardas e ocupações desse gênero, além de nenhum ter carteira assinada, pois o Incra não permite esse tipo de situação, considera-se obrigação do assentado se dedicar somente ao lote, contudo, diante da falta de alternativas, não é possível condenar nenhuma de suas práticas de sobrevivência sem que haja uma reflexão cuidadosa. A opção de viver no campo num projeto de assentamento é só o primeiro desafio de muitos que se enfrentam ao longo das trajetórias. Para as mulheres, a história de submissão ao homem é apenas mais um obstáculo a ser encarado. O paternalismo econômico e político combinado com o liberalismo que assume diferentes roupagens, mas não sai de cena criam, de fato, discriminações. No Brasil o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais ficou autônomo apenas a partir de 1989, quando as mulheres se frustraram com sua participação nos sindicatos (espaços tipicamente masculinos). A autonomia conquistada viabilizou uma ideologia baseada nas relações de gênero, e abriu espaço para discussões como sexualidade, saúde, etc. O MMTR apesar de articulado não se subordina a outros movimentos como o MST, por exemplo. Assistimos nos assentamentos da região de Araraquara a um processo de politização dos espaços cotidianos onde as mulheres estão presentes. Elas conquistaram espaço em lutas coletivas, mas mesmo assim os padrões culturais ainda influenciam muito na divisão sexual do trabalho, nas tomadas de decisões e nas esferas do poder. O universo dos assentamentos rurais de Araraquara mostra-se passível de múltiplas dimensões, exigindo um olhar poliocular em eventuais interpretações e análises. A relação de integração entre a região como um todo abre novas perspectivas de desenvolvimento tanto para o meio rural como para todo seu entorno urbano. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 13 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” O poder municipal tem em seu programa de governo uma perspectiva de abertura democrática. O papel que os assentamentos têm na agenda municipal do poder e como as mulheres participam do mesmo são preocupações desta pesquisa voltada à análise da trama de tensões locais na qual diferentes agentes sociais se fazem presentes. Bibliografia: BARONE, L.A. Códigos Tradicionais e Estratégias Familiares nos assentamentos. FERRANTE, V.L.S.B. (org.). Retratos de Assentamento- auto-retratos- Ano II, nº3. Araraquara: NUPEDOR/Programa de Pós-Graduação em Sociologia, FCL/UNESP/Araraquara, 1995. BASTOS, Valéria A. e OLIVEIRA, Tatiana de. 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