Josef Haydn
“Não tive professores, propriamente dito. Meu começo foi logo na prática –
primeiro no canto e na música instrumental, em seguida também na composição.
Nela escutei mais aos outros do que estudei: mas eu escutei o mais belo e o melhor de
todos os gêneros que existiam na época. E disso existia tanto em Viena naquele
tempo! E quanto! Aí eu prestei atenção e procurei aproveitar o que me impressionara
e me parecia excelente. Apenas que eu nunca imitava simplesmente. Assim,
paulatinamente, crescia o que eu sabia e o que eu dominava.
O talento, no entanto, estava dentro de mim; por meio dele e com muita
dedicação eu progredia. Enquanto meus amigos estavam brincando eu peguei meu
clavicórdio sob os braços e ia até o porão para poder treinar sossegado.
Os jovens podem ver no meu exemplo que algo pode surgir do nada. O que eu
sou, no entanto, é tudo a consequência da necessidade mais urgente.
Eu me sentava, começava a improvisar, de acordo com meu humor: triste ou
alegre, sério ou brincalhão. Quando apanhava uma ideia, me esforçava para
desenvolvê-la conforme as regras de composição. Assim procurava me desenvolver e
é isso que carecem os compositores modernos: eles adicionam uma peça à outra,
interrompem quando mal começaram: porém nada permanece no coração depois
de ter escutado a música.
Eu nunca fui um compositor rápido, sempre escrevi com cuidado e assiduidade.
Frequentemente, quando estava lutando com empecilhos de todos os tipos que
estavam se opondo aos meus trabalhos, quando as minhas forças mentais e físicas
estavam definhando e eu tive dificuldade de permanecer dentro da minha carreira então um sentimento secreto sussurrou: “existem aqui na terra tão poucas pessoas
piedosas e contentes, por toda parte os perseguem o sofrimento e a preocupação,
talvez seu trabalho possa ser às vezes uma fonte de sossego e de recuperação para o
homem carregado de afazeres e de preocupações”. Este então foi uma motivação
poderosa para ir em frente, sendo também a razão para uma retrospectiva serena e
animada em relação aos trabalhos que eu tenho desenvolvido durante tantos anos
com esforço incansável e com muito suor.
Meu conde ficou satisfeito com todos os meus trabalhos, eu recebi aplausos,
podendo fazer experiências como chefe de uma orquestra, observando o que produz
uma impressão e o que a enfraquece, quer dizer melhorar, acrescentar, cortar,
aventurar: eu estava isolado do mundo, ninguém à minha volta pode me desviar das
minhas intuições e me torturar. Assim eu tive que me tornar original”.
Wolfgang Amadeus Mozart
“.... Quando estou sozinho, em paz e de bom humor, por exemplo, viajando
numa carruagem, passeando após uma boa refeição ou à noite quando não consigo
dormir, me chegam fluindo os pensamentos da melhor maneira. De onde e como
vem, isso eu não sei. E também não posso influenciá-los. Aqueles que me agradam eu
guardo na cabeça e parece que os cantarolo para mim mesmo (pelo menos é o que
outras pessoas me dizem). Seguro-os firmemente e então logo vêm, um depois do
outro, contrapontos, os sons de diversos instrumentos, etc. etc. etc., como se fossem
pedaços destinados a fazer um empadão. Isso aquece minha alma, principalmente
quando não sou perturbado. Depois, torna-se cada vez maior e eu o amplio e ilumino
cada vez mais. A coisa fica realmente quase pronta na cabeça mesmo sendo longa,
de modo que depois eu posso, com um olhar, vislumbrá-la no espirito, como se fosse
um belo quadro ou uma pessoa bonita. Assim na minha imaginação eu não ouço
uma coisa seguida da outra, da forma em que será realizada depois. Ouço tudo junto
de uma vez. Isso então é um presente! Todo esse "encontrar" e "fazer", acontece em
mim como num belo e intensivo sonho: mas o ouvir, assim tudo de uma vez, é de fato
o melhor.”
Ludwig van Beethoven
“Eu carrego minhas ideias comigo por muito tempo, às vezes por um longo tempo,
antes de anotá-las. Minha memória é tão fiel que eu posso ter certeza de que não
esquecerei um tema que já concebi, mesmo depois de anos. Modifico algumas
coisas, abandono um bocado e tento de novo, até ficar satisfeito. Mas em seguida
começa na minha cabeça o processamento para o largo, para o estreito, para a
altura e para as profundezas, e tendo consciência daquilo que quero, a ideia musical
básica nunca me abandona, ela sobe, ela cresce para o alto, eu enxergo e a escuto
em toda sua extensão como em uma totalidade diante meu espírito e apenas resta o
trabalho de anotar, o que se faz depressa, dependendo do tempo que eu arrumo pois
às vezes estou com vários trabalhos em andamento ao mesmo tempo, mas nunca
confundo uma composição com outra.
De onde tiro minhas ideias? – Não consigo dizer por certo; elas vêm sem serem
chamadas, espontaneamente ou por desvios; eu podia apanhá-las com minhas mãos
na natureza livre, na floresta, em caminhadas, no silêncio da noite, de madrugada,
estimuladas por humores que se traduzem no poeta em palavras, em mim em música,
soando, ventando, ressoando, até que elas estejam diante de mim em partitura”.
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Josef Haydn Wolfgang Amadeus Mozart