UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de História Disciplina: História Contemporânea Prof. Luiz Arnaut Textos e documentos 9 Termidor1 Vejo [...] uns 50 homens numa grande agitação [...]. Reconheço no meio deles Robespierre [...]: estava sentado numa poltrona, com o cotovelo esquerdo nos joelhos e a cabeça apoiada na mão esquerda. Salto sobre ele, e, apontando-lhe o meu sabre ao coração, digo-lhe. “rende-te, traidor”, Ele levanta a cabeça e diz-me: “és tu que és um traidor, e vou mandar-te fuzilar!” Ouvindo estas palavras, agarro com a mão esquerda uma das minhas pistolas, e, dando um (passo) à direita, disparo. Pretendia atingi-lo no peito, mas a bala acertou-lhe no queixo e partiu-lhe o maxilar esquerdo inferior; ele cai da poltrona. A explosão da minha pistola surpreende o seu irmão, que se atira pela janela. Neste momento levanta-se um barulho terrível à minha volta, eu grito: Viva a República! Os meus granadeiros ouvem-me e respondem-me; então a confusão atinge o acume entre os conjurados, dispersam-se por todos os lados, e eu fico senhor do campo de batalha [...]. Os granadeiros lançam-se sobre Robespierre e Couthon, que julgam mortos, e arrastam-nos pelos pés até ao cais Pelletier. Aí, quiseram lançá-los á água; mas eu oponho-me, e entregoos à guarda de uma companhia dos Gravilliers. Quando nasceu o dia, viu-se que eles ainda respiravam; fi-los conduzir à enfermaria da Conciergerie: nada pode comparar-se aos sofrimentos que devem ter tido durante uma agonia de 18 horas. Relatório do gendarme encarregado de prender Robespierre. 1 Fonte: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, s/d. v. III.