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Geografia urbana – Costa, 2002
PROCESSO DE METROPOLIZAÇÃO
! As
porções
do
território
ocupadas
pelo
homem
vão
desigualmente mudando de natureza e de composição, exigindo
uma nova definição. As noções de espaço habitado como de terra
habitada vão brutalmente alterando-se depois da Revolução
Industrial e especialmente após os anos 50 do séc. XX;
! A velocidade do processo de urbanização acentuou-se neste
século, principalmente nos países subdesenvolvidos;
! Dentro dos países, a repartição geográfica da população também
muda. Certas regiões perdem população em proveito de outras,
tornadas mais dinâmicas. Ex: Brasil, perda de pop. Do NE para o
SE é notória;
! Urbanização foi conceituada por Serra (1991) como sendo o
processo de transformação da população rural em população
urbana pela migração, considerando também o crescimento
vegetativo. Este autor salienta
ainda que o processo de
urbanização propriamente dito seria a transformação de uma
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forma menos densa e mais esparsa de distribuição da população
no espaço para uma forma concentrada em núcleos urbanos.
! Este processo, conforme definido, é muito antigo, destacando-se
o que foi verificado na Roma Antiga . Porém, com o
desenvolvimento industrial, verificado a partir da segunda
metade do século XVIII e, mais acentuadamente, no século XIX,
observou-se
imediatamente
uma
aceleração
do
processo,
adquirindo as características de nossa época: verticalização,
conurbação, favelas, parques etc (Serra, 1987).
! Segundo Zahn (1983), a partir da revolução industrial, as cidades
tornam-se os "focos" que apresentam capacidade de abrigar a
revolução tecnológica e financeira que origina a era industrial
contemporânea.
! Assim
sendo,
para
este
autor,
pode-se
estabelecer
um
paralelismo entre industrialização e urbanização, no processo de
desenvolvimento que se verifica, a partir do século XIX, em
todos os países europeus do ocidente, até mesmo na América do
Norte.
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! "O desenvolvimento urbano, na industrialização do século XIX,
desencadeia, assim, um processo até então inédito na história,
que necessitou de uma maturação de séculos e afirmou-se
definitivamente através do surgimento de centros crescentes: é
o processo de urbanização irreversível" (Zahn, 1983).
! O processo de urbanização foi, durante a década de 80 (séc.
XX),
avassalador
nos
países
considerados
de
economia
periférica, sendo que se verifica uma desaceleração do processo,
nos países desenvolvidos, no mesmo período.
! Para Santos (1988), o surgimento e crescimento das cidades foi
surpreendente nos países pobres. Das 26 cidades mundiais com
mais de 5 milhões de habitantes em 1980, 16 estavam nos países
subdesenvolvidos.
! Serra (1987) considera que mesmo após essa intensa urbanização
ocorrida nos últimos 100 anos no mundo, a superfície ocupada
pelas áreas urbanas corresponde a uma porção mínima da
superfície dos continentes e dos espaços humanizados. Porém,
como afirma este mesmo autor, nesta pequena fração do espaço
humanizado concentram-se proporções de população cada vez
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maiores. Esta tendência, que se iniciou com a industrialização,
prosseguiu no século XX, causando a concentração, de forma bem
expressiva, em algumas regiões metropolitanas.
! Sobre esta questão, Zahn (1983) afirma que, para a década de
80, como consequência do processo de urbanização, verificava-se
"uma tendência generalizada à multiplicação de núcleos urbanos e
ao aumento gradual do porte das cidades, ampliando as
proporções do fenômeno urbano, tanto em termos quantitativos
como
qualitativos".
Como
exemplo
desta
transformação
qualitativa o autor sugere "o aparecimento de extensas áreas
urbanizadas, com elevado grau de concentração populacional e de
atividades econômicas, além da intensificação de funções
terciárias
e
institucionais.
Tais
aglomerações
-
áreas
metropolitanas - crescem no contexto nacional e mundial como
polos geradores de desenvolvimento e, simultaneamente, como
polos de atração de atividades econômicas e de imigração
populacional".
! Uma cidade em crescimento absorve e/ou gera outros núcleos
urbanos a sua volta, às vezes pertencentes a outras unidades
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político-administrativas, formando um tipo particular de cidade.
A Uma única cidade passam a corresponder mais de um município.
! Desde meados do século XIX, algumas importantes cidades da
Europa passam a crescer além de seus limites políticoadministrativos, ou absorver núcleos urbanos já existentes além
desses limites – CONURBAÇÃO. Esta á caracterizada não só pela
junção espacial de duas ou mais cidades mas também pela intensa
vinculação socioeconômica, de natureza tipicamente intraurbana.
1962
1973
1985
1998
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INCHAÇO URBANO
! Nos países subdesenvolvidos, o crescimento vertiginoso das
cidades trouxe um problema: a ocupação irregular, ou seja,
áreas foram sendo ocupadas ilegalmente, através de invasões,
pela população de baixa renda que foi para a cidade atrás de
melhores condições de vida.
! Vários “bairros” se formaram a partir destas ocupações
irregulares (via invasão ou aquisição de terrenos sem título de
propriedade). Estes estabelecimentos irregulares passaram a
crescer muito mais rapidamente do que os estabelecimentos
regulares, os quais abrigam, em muitos casos, a maioria da
população;
! Segundo um relatório das Nações Unidas, em 1962 metade da
população da Ásia, da África e da América Latina não tinha
casa, ou tinha uma casa insalubre ou superpovoada e indigna;
! Uma parte cada vez maior desta população se transferiu do
campo para as cidades; calcula-se que enquanto a população
deste continentes cresceu 40% nos últimos 15 anos, a
população urbana dobrou.
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! Mas, apenas uma parte foi aceita nas cidades regulares: a
grande maioria foi engrossar os estabelecimentos irregulares,
que crescem de fato com uma velocidade maior;
! Na Venezuela, 60% da população vive nas cidades com mais de
10.000 hab., e destes 50% moram nos chamados bairros
marginais.
! Cada
Nação
chama
de
modo
diferente estes bairros
irregulares: ranchos, na Venezuela; barriadas, no Peru;
favelas, no Brasil; bidonvilles, nos países de língua francesa;
ishish, no Oriente Médio.
!
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Barriadas - Peru
Favela Heliópolis – SP
Favela – Rio de Janeiro
Ranchos – Venezuela
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! O crescimento urbano, quando não acompanhado de um investimento em
infraestrutura básica (água, esgoto, luz, pavimentação), é considerado como um
“inchaço”, ou seja, um crescimento não benéfico, sob o ponto de vista da
qualidade de vida da população;
! Esta situação é típica das cidades de países subdesenvolvidos, que apresentam,
até hoje, problemas urbanos relacionados a este crescimento não estruturado.
SEGREGAÇÃO
! Uma
das
características
mais
marcantes
das
metrópoles
dos
países
subdesenvolvidos é a segregação espacial dos bairros residenciais das distintas
classes sociais, criando sítios sociais muito particulares.
! Segregação é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais
tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos
de bairros da metrópole;
! A segregação não impede o crescimento de outras classes no mesmo espaço. Não
existe presença exclusiva de uma classe de alta renda em uma área específica;
! O mais conhecido padrão de segregação da metrópole brasileira é o do centro x
periferia;
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! A segregação é uma manifestação da renda fundiária urbana, um fenômeno
produzido pelos mecanismos de formação dos preços do solo, estes por sua vez
determinados pela nova divisão social e espacial do trabalho. Normalmente, as
classes de mais alta renda ficam com as terras mais caras e as de mais baixa renda
com a mais barata.
! Há a segregação ambiental, que segue o mesmo padrão.
EXEMPLO DE SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL
! Nenhuma cidade do Brasil ou do mundo mantém tão próximos os dois opostos da
pirâmide social quanto o Rio de Janeiro;
! Nos anos 90, o encarecimento dos imóveis expulsou da Zona Sul setores de classe
média, o que acentuou a elitização desses bairros. Ao mesmo tempo, as favelas da
região não pararam de crescer;
! Em menos de 50 anos, a população das comunidades carentes saltou de 7% para
17% do total de habitantes. No Rio, em 1996, quase um milhão de pessoas vivia em
favelas, contra 169 mil na década de 50 e 722 mil em 1980. A proporção de
favelados na Zona Sul passou de cerca de 14,9% para 17% entre 1991 e 1996.
! Cada bairro nobre carrega sua favela, às vezes mais de uma. A desigualdade
habitacional não é um acaso histórico, ela vive ao lado de uma desigualdade social,
econômica e cultural;
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PARA ILUSTRAR - Rio
Situação Social
Escolaridade
Favela
4 anos (média)
Classe alta
10 anos
Salário
Densidade de Ocup.
Recebe 13%¨do que ganha quem 37,5% até duas
mora nas áreas superiores
87% até duas
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(a)
(b)
Exemplos de Bairros Segregados: (a) Gávea x Rocinha; (b) Cantagalo, PavãoPavãozinho x Copacabana e Ipanema
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