Instalação “Os Beatles das Gerais” Entre os dias 13 de outubro e 06 de novembro deste ano, o Espaço Cultural da Biblioteca Nadir Gouvêa Kfouri, no campus Monte Alegre da PUC-SP, recebe a exposição que retrata as influências dos Beatles na obra de artistas do Clube da Esquina. A instalação “Os Beatles das Gerais” é resultante de um ano de pesquisa encabeçada pela jornalista Ana Claudia Costa e resumida em livro homônimo. A exposição utiliza-se de recursos audiovisuais para demonstrar a semelhança estética e ideológica entre os Beatles e o Clube da Esquina, dois grupos contemporâneos, porém separados pelo Atlântico e com raízes culturais distintas. O visitante encontrará banners com trechos do texto original escrito pela jornalista, além de fotos raras da época estudada e algumas projeções com depoimentos de membros do clube, como Márcio Borges, Lô Borges e Murilo Antunes. As falas dos protagonistas dessa história são intercaladas por videoclipes e acompanhadas da exposição de discos do Clube da Esquina. O ambiente que recebe a instalação possui um piano à disposição dos visitantes, no qual estarão disponíveis partituras de músicas relacionadas à temática da exposição. A versão impressa do livro também poderá ser consultada no local. Os Beatles das Gerais De um lado, Liverpool. Do outro, Belo Horizonte. Duas cidades que, aparentemente, não possuem muitas semelhanças, mas que de acordo com a época e o momento acolheram dois dos grupos musicais de maior repercussão, guardadas as devidas proporções, para o cenário da música mundial. Todo bom entendedor já compreendeu que estamos falando de Beatles, porém qual a ligação com a capital mineira? Simples: o Clube da Esquina! Este movimento composto pelo grupo de amigos formado por Milton Nascimento, Márcio Borges, Lô Borges, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta, Murilo Antunes, Tavinho Moura, entre outros, trouxe para a música brasileira a simplicidade do homem do campo, o barroco das igrejas, a Folia de Reis do sertão e, dando o toque final, a harmonia e poética beatlemaníaca. O Clube da Esquina, assim como os Beatles, inovaram nos arranjos melódicos durante toda a sua carreira. Não à toa aprenderam com os mestres. Nunca foi segredo que Milton Nascimento e companhia cresceram ao som dos “Reis do IêIêIê”, tanto nos LPs e rádios da época, quanto nos cinemas. A forma como John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr revolucionaram o Rock and Roll com sua versatilidade, rebeldia e ideologias transformou o pensamento daquela turma que se reunia sempre na esquina das Ruas Divinópolis com a Paraisópolis, no tranquilo bairro de Santa Tereza e que provocava tamanha comoção que, não raro, eram feitas audições para apreciar cada novo lançamento dos garotos de Liverpool. Da paixão surgiu a vontade de compor e transformar versos em músicas. Uns seguiram o caminho das letras, como os principais compositores do movimento, - Márcio Borges, Fernando Brant, Murilo Antunes, Ronaldo Bastos e Lô Borges. Outros seguiram os ritmos das canções e inovaram no jeito de tocar as guitarras, combinar o violão com o piano e dar o compasso para a poesia. Mas todos incorporaram a influência beatlemaníaca com a delicadeza das planícies de Belo Horizonte, o tempo calmo e paciente das cidades que compõem o ciclo do ouro, o barroco das igrejas de Aleijadinho, a culinária tipicamente mineira. É a partir dessa ótica que esta instalação se baseia, conhecendo de perto alguns dos principais atores dessa história e que encheram (e enchem até hoje!) de dor, alegria, angústia e “mineirice” os ouvidos de muitos brasileiros e que, agora, chega até você. Aproveite! O Clube de Liverpool O Clube da Esquina é uma mistura de culturas e raízes distintas, representando, assim, o estado mineiro. Por ser um movimento muito amplo, restringimo-nos, sobretudo, aos casos dos músicos Milton Nascimento, Márcio Borges, Lô Borges, Fernando Brant, Tavinho Moura e Murilo Antunes para dar início a discussão. Sendo assim, diferentemente de outros movimentos musicais que apareceram concomitantemente na década de 1970 (partindo do princípio que o Clube da Esquina teve sua formação oficializada em 1970, com a música Clube da Esquina), o movimento mineiro se diferenciou dos outros ao absorver a influência dos Beatles como um complemento à sua música e não em função daquela. Os Beatles foram essenciais para o Clube da Esquina, pois mostraram uma nova forma de interpretação musical, de incorporar novas harmonias, de escrever sobre novas temáticas e na maneira de se comportar, porém, agregando sempre ao repertório das tradições mineiras já incorporadas em seus integrantes. O Clube da Esquina incorporou as inovações do campo teórico musical dos Beatles para criar a sua própria música. Nunca esconderam que sempre foram influenciados por cada sucesso do quarteto, mas acrescentaram à essa influência ao repertório pessoal e musical de cada um. Ou seja, os Beatles foram a cereja do bolo do Clube da Esquina, que sem a sua existência teriam sido reconhecidos, mas não na escala como foram. Não à toa, a revista O Cruzeiro, uma das publicações mais importantes e respeitadas da época, chamou-os de “Os Beatles brasileiros”, fazendo jus a influência sofrida no grupo. O Clube soube transformar Beatles em canção popular brasileira, unindo as folias de reis, as missas, a culinária, a busca pelo ouro, a geografia mineira, a história brasileira, além do jazz, da aliança com a América espanhola e das influências africanas. Sendo assim, o Clube da Esquina pode ser considerado muito mais do que um movimento musical, mas sim uma parte da história brasileira e, sobretudo, mineira transcrita em canções e melodias, sendo necessário preservar a sua memória e contar a sua história. Que a história do Clube da Esquina se perpetue por muitos anos e gerações, reúna em suas memórias muitos outros “marginalizados” (em referência a expressão usada por Márcio Borges para designar os admiradores da música do Clube da Esquina) e continue trilhando a vida de muitos brasileiros, ao som dos Beatles e de Minas Gerais. O livro O livro em PDF Interativo "Os Beatles das Gerais" propõe, num primeiro momento, estudar a relação de influências que o maior fenômeno da música popular mundial teve sobre o movimento de música mineira. “Conforme a história avança o leitor pode compreender um pouco mais quais eram as similaridades e como o Clube incorporou os Beatles no seu repertório, incluindo no mesmo caldeirão de inspirações a influência do barroco, a oposição à ditadura, a literatura dos grandes poetas mineiros e, claro, a cultura mineira tão vasta encontrada nos dois cantos do Estado, as Minas e as Gerais”, descreve a autora da obra, Ana Claudia Costa. O Clube da Esquina é contemporâneo à Tropicália e os Mutantes e muitos não sabem disso, como também muitos não sabem que o Clube tem grande repercussão no exterior e até os grandes jazzistas dos Estados Unidos se intrigavam em saber o que era exatamente aquele som que os artistas de Minas estavam criando. Essa relevância da música mineira no cenário internacional paralela a um certo desconhecimento do público brasileiro levaram a jornalista a escrever sobre o tema em seu trabalho de conclusão do curso de Jornalismo da PUC-SP. “Queria tratar a música como tema central no meu trabalho, portanto envolvi a minha grande paixão, que são os Beatles, com a minha mais nova paixão, que é o Clube da Esquina”, conclui Ana Claudia. A ideia de transformar o material numa instalação surgiu após uma sugestão da banca examinadora do TCC. A jornalista conta que “foi apontado que o trabalho não poderia morrer ali e a história contada deveria ser levada a outras pessoas. Sendo assim, eu e os professores Silvio Mieli e Salomon Cytronowicz (Samuca) reunimos o material do TCC e a partir disso fomos montando peças que poderiam ser válidas e visualmente atrativas para uma exposição, mas sempre dando um gancho ao meu trabalho de conclusão de curso”. A autora Ana Claudia Costa nasceu em março de 1992 na capital paulista e formou-se em Jornalismo pela PUC-SP em 2013. O livro “Os Beatles das Gerais”, que precedeu a exposição, foi apresentado como seu trabalho de conclusão de curso, após um ano inteiro de pesquisas e entrevistas. A jovem jornalista já passou pela redação da TV PUC, do SBT e atualmente contribui com a programação da emissora venezuelana teleSUR e da TV PUC e escreve também para a Editora Europa. Serviço Instalação “Os Beatles das Gerais” Data: de 13 de outubro a 06 de novembro de 2014. Local: Espaço Cultural da Biblioteca Nadir Gouvêa Kfouri, no piso térreo do campus Monte Alegre da PUC-SP. Endereço: Rua Monte Alegre, 984, Perdizes, São Paulo – SP. Horário de funcionamento: De 2ª a 6ª feira, das 7h30 às 22h. Aos sábados, das 8h às 17h. Informações (público e imprensa): (11) 3670-8676 e (11) 99515-4714. Ficha Técnica: Instalação “Os Beatles das Gerais” Autora: Ana Claudia Costa. Curadoria: Silvio Mieli e Salomon Cytrynowicz. Produção: Pary Souza. Audiovisual: Carla Antunes. Fotografias: Juvenal Pereira. Apoio: Agemt.org – Agência Maurício Tragtenberg e Rede PUC.