SÉRIES WORKING PAPER BNDES/ANPEC PROGRAMA DE FOMENTO À PESQUISA EM DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - PDE MUDANÇA ESTRUTURAL, SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÕES E RESTRIÇÃO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS: TEORIA E IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA João Prates Romero1 Fabrício Silveira2 Frederico G. Jayme Jr.3 Working Paper BNDES/ANPEC no. 17 BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL Avenida República do Chile, 100 – Centro 20031-917 -Rio de Janeiro, RJ ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS CENTROS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Rua Tiradentes, 17 – Ingá 24210-510 - Niterói, RJ Setembro de 2011 Esse paper foi financiado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos (FEP) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por meio desse fundo o BNDES financia, na modalidade não-reembolsável, a execução de pesquisas científicas, sempre consoante ao seu objetivo de fomento a projetos de pesquisa voltados para a ampliação do conhecimento científico sobre o processo de desenvolvimento econômico e social. Para maiores informações sobre essa modalidade de financiamento, acesse o site http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas _e_Fundos/fep.html. O conteúdo do paper é de exclusiva responsabilidade do(s) autore(s), não refletindo necessariamente, a opinião do BNDES e/ou da ANPEC. 1 Doutorando na Universidade de Cambridge, Reino Unido. Economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). 3 Professor do Departamento de Economia da UFMG e do Cedeplar-UFMG. 2 MUDANÇA ESTRUTURAL, SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÕES E DE PAGAMENTOS: TEORIA E IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA RESTRIÇÃO DO BALANÇO João Prates Romero Fabrício Silveira Frederico G. Jayme Jr. Série Working Paper BNDES/ANPEC No. 17 Setembro de 2011 RESUMO O objetivo do trabalho é analisar, teórica e empiricamente, alguns dos nexos causais entre investimento, desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovações (SI), elasticidades-renda do comércio exterior e crescimento econômico. Mais especificamente, procura-se demonstrar, através de um modelo de cointegracão, que as diferenças nas taxas de crescimento do produto estão associadas a diferenças nas elasticidades-renda da demanda externa pela produção nacional, assim determinadas pelo grau de desenvolvimento da estrutura produtiva que, por sua vez, está relacionada ao grau de maturidade do SI. Os resultados corroboraram o referencial teórico apresentado, de forma que se confirmou que quanto maior o nível tecnológico das exportações, maior sua elasticidade-renda, sendo o mesmo observado para as importações. Desse modo, evidencia-se que maiores níveis de crescimento são obtidos ao se inserir no comércio internacional como exportador de bens de média/alta tecnologia (elevada elasticidade renda) e importador de bens de baixa tecnologia (commodities – baixa elasticidade renda). Palavras-Chave: Pagamentos Crescimento, Sistema Nacional de Inovações, Balanço de ABSTRACT The aim of this study is to analyze, theoretically and empirically, some of the causal links between investment, development of the National System of Innovation (NSI), income elasticities of foreign trade and economic growth. More specifically, it seeks to demonstrate, through a cointegration model, that differences in output growth rates are associated with differences in income elasticities of foreign demand for domestic production. These elasticities are determined by the degree of development of the productive structure and the maturity of the NSI. The results support our theoretical framework, precisely that the higher the technological level of exports, the higher its income elasticity, the same behavior is observed for imports. Thus, it is clear that the highest growth rates are obtained when entering into international trade as an exporter of goods of medium / high technology (high income elasticity) and importer of low-tech goods (commodities - low income elasticity). Key-Words: Growth, Balance of Payments, National Innovation System João Prates Romero, Fabrício Silveira e Frederico G. Jayme Jr. Cedeplar - Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antônio Carlos 6627 Belo Horizonte - MB 31 3409-7157 E-mail: [email protected] 1. Introdução A abordagem do crescimento sob restrição externa tem encontrado crescente respaldo na literatura empírica internacional, sobretudo no que se refere aos países em desenvolvimento (McCombie, 1989, 1997; McCombie & Thirlwall, 2004). No caso brasileiro, a validade da restrição externa como determinante da taxa de crescimento do produto a longo prazo foi tema de diversos estudos (Jayme Jr, 2003; Santos, Lima & Carvalho, 2005; Porcile & Lima, 2006; Vieira & Holland, 2006; Carvalho & Lima, 2008; Britto & McCombie, 2010). Entretanto, embora sejam inúmeros os trabalhos que corroborem de tal análise, poucos tratam dos determinantes da restrição externa, sobretudo em nível setorial. Não obstante, Prebisch (2000a; 2000b), Kaldor (1966), Thirlwall (1979) tenham proeminentemente identificado nas elasticidades-renda da demanda por importações e exportações (bem como nos rendimentos crescentes e na competitividade não-preço) peças centrais na determinação da restrição externa ao crescimento, os estudos subseqüentes pouco avançaram no entendimento dos fundamentos dessas elasticidades. De fato, apenas recentemente alguns autores têm reforçado a inter-relação entre a estrutura produtiva e as elasticidades (Araujo & Lima, 2007; Gouvêa & Lima, 2009). A ideia subjacente a estes trabalhos é a de que a estrutura produtiva, derivada do nível de investimento produtivo, influencia diretamente a pauta exportadora, afetando as elasticidades. Em linha com os trabalhos de Resende & Torres (2008) e Jayme Jr & Resende (2009), sustenta-se neste estudo que o vínculo entre a estrutura produtiva e as elasticidades pode ser explicado pela complexidade da cadeia produtiva do país. Em outros termos, defende-se que o grau de desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação (SI), que é determinante qualitativo do potencial produtivo de um país, exerce função central na explicação das elasticidades renda da demanda pela produção nacional. Por outro lado, o presente trabalho se insere ainda na categoria de estudos empíricos acerca dos determinantes das elasticidades do comércio exterior para o crescimento econômico. Especificamente, propõe-se avaliar a relação entre o investimento agregado, o desenvolvimento tecnológico e o crescimento econômico através da identificação da influência do sistema nacional de inovações na estrutura produtiva e desempenho comercial. Para cumprir com estes objetivos, o estudo está estruturado em cinco seções. Na segunda é apresentado o referencial teórico e a tese defendida. A metodologia de estimação empírica é o tema da terceira seção. Seus resultados são reportados e debatidos em sequência. Na última seção são apresentadas as considerações finais do trabalho. 2. A Conexão entre Crescimento Econômico e Retornos Crescentes de Escala 2.1. Restrição Externa ao Crescimento Diferentemente da abordagem neoclássica, os estudos da matriz kaldorianakeynesiana4 apontam a demanda agregada, e não a oferta, como o motor do crescimento econômico. Diferenças nas taxas de crescimento entre países seriam 4 Kaldor (1966); Thirlwall (1979); McCombie & Thirlwall (1994). explicadas, portanto, por diferenças no ritmo de crescimento da demanda e pelas restrições impostas sobre a mesma. Com efeito, segundo Thirlwall (1979), o principal fator restritivo da demanda agregada seria o balanço de pagamentos (BP), dado que na presença de déficits mostra-se imperativo restringir a demanda de forma a retomar o equilíbrio – através da redução da renda, que reduz as importações. Com isso, “investment is discouraged; technological progress is slowed down, and a country’s goods compared with foreign goods become less desirable so worsening the balance of payment still further, and so on. A vicious cycle is started. By contrast, if a country is able to expand demand up to the level of existing productive capacity, without balance-of-payment difficulties arising, the pressure of demand upon capacity may well raise the capacity growth rate [by encouraging investment, technological progress and productivity]” (McCombie & Thirlwall, 1994, p. 233). O incentivo à demanda, destarte, é responsável pelo desencadeamento de um ciclo virtuoso de crescimento que tende a aumentar a produtividade global da economia pela migração dos fatores5 para setores de maior produtividade manufatura - e pela intensificação do learn-by-doing (Kaldor, 1966). O investimento, conforme enfatiza a teoria keynesiana, continua sendo o elemento fundamental na propulsão do crescimento. A importância do BP, por seu turno, é dada pela magnitude do seu incentivo ou desincentivo ao crescimento do investimento. Esse argumento levou à formulação das teorias do crescimento liderado pelas exportações, para as quais somente através das exportações seria possível elevar a taxa de crescimento sem a deterioração do balanço de pagamentos. Baseando-se nisso, Thirlwall (1979) demonstra que o crescimento de longo prazo se relaciona diretamente com as elasticidades-renda das exportações e importações. Em seu modelo, o equilíbrio do BP em moeda doméstica seria dado por: (1) m + p f + e = p d + x Sendo e a taxa de câmbio, x as exportações, m as importações, pd os preços domésticos, e pf os preços internacionais. As importações (m) são função da relação de preços ponderada pela elasticidade-preço da demanda por importações (ψ <0), e pela elasticidade-renda da demanda por importações ( π >0), tal que: (2) m = ψ ( p f + e − p d ) + πy 6 5 Uma vez que a elasticidade-renda da demanda por produtos manufaturados é superior à elasticidade-renda da demanda por produtos primários (Prebisch, 2000a), com o aumento da renda nacional a demanda por manufaturados aumenta, incentivando o investimento nesse setor. 6 Assume-se que a elasticidade preço da demanda por importações e exportações seja igual à sua elasticidade preço-cruzada, ou seja, ψ = φ e η = τ respectivamente. As exportações são função da taxa de câmbio real e da renda externa, de forma que a elasticidade-renda das exportações seria dada por ε >0, e a elasticidade-preço da demanda de exportações por η <0, ambos em moeda estrangeira: (3) x = η ( p f − p d − e) + εz Substituindo (2) e (3) em (1) obtém-se a taxa de crescimento da renda doméstica consistente com o equilíbrio do balanço de pagamentos (Mccombie & Thirlwall, 1994, P. 234-5): (4) y B = (1 + η + ψ )( p d − p f − e) + εz π Essa equação possui várias implicações: (i) Uma inflação doméstica superior à externa reduz a taxa de crescimento com equilíbrio do BP se ψ + η > 1 (condição de (ii) (iii) Marshall-Lerner); A depreciação cambial ( e >0) tende a aumentar a taxa de crescimento com equilíbrio do BP se ψ + η > 1 ; A maior taxa de crescimento da renda mundial aumenta a taxa de crescimento com equilíbrio do BP; (iv) quanto maior a elasticidade-renda da demanda por importações ( π ), menor a taxa de crescimento com equilíbrio do BP. Contudo, ao se assumir que não haja alterações nos preços relativos, com a inflação interna igual à internacional (pdt – pft – et = 0), a equação pode ser reduzida à relação inicialmente proposta por Thirlwall (1979), que equivale à regra de crescimento proposta por Harrod (1933): (5) y B = εz x = . π π As evidências empíricas providas por McCombie e Thirlwall (1994) confirmam sua hipótese, demonstrando que, para aumentar seu ritmo de crescimento, um país deve antes superar a restrição do balanço de pagamentos. A superação da restrição do BP, com a consequente viabilização de uma maior taxa de crescimento, por sua vez, se daria através de políticas de estímulo ao aumento das elasticidades-renda das exportações concomitantemente à redução das elasticidades-renda das importações. Estudos subsequentes, por sua vez, incorporaram novos componentes explicativos ao modelo original, em especial os fluxos de capitais e os pagamentos de serviços financeiros da dívida (Thirlwall & Hussain, 1982; McCombie & Thirlwall, 1997, Moreno-Brid, 2003). Em países subdesenvolvidos os influxos de capital permitem a manutenção temporária de déficits na conta corrente. Dessa forma, países que apresentam déficits na balança de comércio e serviços poderiam manter seu crescimento desde que conseguissem financiar este déficit com o influxo de capitais. Contudo, a entrada de capitais também gera um passivo que pode deprimir o ritmo de crescimento do produto, uma vez que os fluxos de capitais devem ser pagos, o que justifica a inclusão das remessas de juros ao exterior (Moreno-Brid, 2003). Com isso, mesmo na presença de fluxos de capitais, em algum momento torna-se imperativo haver um superávit na balança comercial para o pagamento do serviço da dívida externa. Ou seja, a acumulação de dívida também pode gerar a necessidade de contração da demanda (renda) interna para que se alcance um superávit no BP para o pagamento da dívida. Tal quadro novamente implicaria redução do ritmo de crescimento. Incorporando esses componentes, Moreno-Brid (2003) chega à seguinte equação de equilíbrio do balanço de pagamentos: (6) mt + p ft + et = θ1 ( pdt + x) − θ 2 ( pdt + r ) + (1 − θ1 − θ 2 )( pdt + f ) Onde r é a variação do pagamento de juros líquidos, f a variação dos fluxos de PX PR capitais, e θ1 = d e θ2 = d são razões para ponderação dos efeitos Pf EM Pf EM medidas no período inicial. Por fim introduz-se ainda a restrição de endividamento sustentável, F/Y=k, que em taxas de crescimento é dada por: (7) f + pd = y + pd Substituindo essa restrição em (6), e partindo das mesmas funções do modelo original para exportações e importações, obtém-se a taxa de crescimento com equilíbrio do BP na presença de fluxos de capitais: (8) y B = * (θ1η + ψ + 1)( p d − p f − e) π − (1 − θ1 + θ 2 ) + θ1εz θ2r − π − (1 − θ1 + θ 2 ) π − (1 − θ1 + θ 2 ) O primeiro termo da equação representa o efeito das mudanças dos termos de troca; o segundo, o efeito da demanda das exportações; o terceiro, o efeito das remessas de juros; e o quarto (no denominador), o efeito dos fluxos de capitais. Na ausência de fluxos de capitais, temos que θ 1=1, de forma que retornamos ao resultado inicial da regra de crescimento de Harrod (1933). Ainda que o impacto real seja muito pequeno, diversos trabalhos empíricos apontam a validade da hipótese de deterioração dos termos de troca em prejuízo dos países subdesenvolvidos. Por outro lado, os fluxos de capitais tendem a, marginalmente, relaxar a restrição, mesmo que seu efeito seja temporário7. Tais resultados são amplamente consistentes com a abordagem estruturalista de Prebisch (2000a, 2000b), Furtado (1961), Tavares (2000), e outros. Com relação ao caso brasileiro, especificamente, Britto & McCombie (2009) apresentam importantes evidências em torno da restrição do BP ao crescimento 7 Para uma revisão mais detalhada dos estudos empíricos que testam a Lei de Thirlwall, ver Gouvêa (2010). O autor apresenta ainda uma revisão dos testes de validade, tipos de teste empírico, e abordagens alternativas. do produto no período entre 1955 e 2006. Este resultado se sustenta mesmo quando é incluído o efeito dos fluxos de capitais e pagamentos de juros. Carvalho & Lima (2008), por seu turno, concluem que entre 1930 e 2004 a razão das elasticidades cai de 7% para uma sub-amostra entre 1930-1993 para apenas 1,3% no período entre 1994-2004, demonstrando a perda de dinamismo da economia brasileira que se inicia ainda nos anos 1980. Analisando dados para o Brasil e países da OCDE, Jayme Jr. e Resende (2009) observam que a dificuldade na redução da restrição externa resulta, em grande medida, da especialização comercial brasileira, particularmente deficitária em produtos de média e alta intensidade tecnológica desde o início da década de 1990. Segundo os autores, esse é um reflexo do baixo nível de desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação brasileiro. Desde a abertura comercial da década de 1990, o que se verificou foi o aumento da participação dos produtos da maior teor tecnológico na pauta de importações sem que tenha havido aumento proporcional das exportações desses produtos. Mesmo que se tenha notado uma grande redução da participação das commodities primárias na pauta exportadora, tal observação caracteriza um padrão de especialização ainda desfavorável para o país, já que o grande déficit se encontra justamente nos setores de bens mais intensivos em tecnologia e, portanto, de acordo com a tese defendida, setores de produtos de maior elasticidade renda. Esse quadro é confirmado nos gráficos 1 e 2. Gráfico 1: Evolução das exportações brasileiras por categorias tecnológicas 0,8 0,7 0,6 0,5 PP 0,4 NRBM 0,3 LT MT 0,2 HT 0,1 19 63 -1 96 7 19 68 -1 97 2 19 73 -1 97 7 19 78 -1 98 2 19 83 -1 98 7 19 88 -1 99 2 19 93 -1 99 7 19 98 -2 00 2 20 03 -2 00 7 0 Fonte dos dados primários: UNCOMTRADE Gráfico 2: Evolução das importações brasileiras por categorias tecnológicas 0,6 0,5 0,4 PP 0,3 NRBM LT 0,2 MT HT 0,1 19 63 -1 96 7 19 68 -1 97 2 19 73 -1 97 7 19 78 -1 98 2 19 83 -1 98 7 19 88 -1 99 2 19 93 -1 99 7 19 98 -2 00 2 20 03 -2 00 7 0 Fonte dos dados primários: UNCOMTRADE 2.2. Elasticidades e Competitividade Não-Preço Embora a taxa de crescimento do produto de uma economia seja determinada pela taxa de crescimento da demanda, a abordagem do crescimento restrito pelo balanço de pagamentos não descarta a importância das características de oferta dos bens. Contudo, vale ressaltar, essas características não se referem, no longo prazo, ao crescimento do estoque de fatores, mas sim a aspectos qualitativos dentro do que se convencionou chamar de competitividade não-preço (McCombie & Thirlwall, 2004). Desde a década de 1930 que grande parte da produção industrial tem sido caracterizada por uma estrutura de competição oligopolista, onde não se observa agressiva competição via preços (McCombie & Thirlwall, 1994), mas sim o predomínio da competição não-preço.8 De acordo com os autores, “à medida que os países enriquecem ao longo do tempo, existe uma tendência de mudança de ênfase dentro dos setores em direção a novos produtos, qualidade, confiabilidade e, em geral, em direção a produtos com maior valor adicionado, nos quais fatores não-preço são criticamente importantes” (McCombie & Thirlwall, 1994, p. 283).9 Buscando investigar o impacto desse tipo de competição sobre o desempenho do comércio exterior, autores das mais diversas vertentes teóricas10 8 Definida como “all those factors other than price that affect consumer choice. These include quality, reliability, speed of delivery, the extent and efficacy of the distribution network and the availability of export credit and guarantees” (McCombie & Thirlwall, 1994, p.265). 9 Tradução livre. 10 Dentre estes estudos, alguns partem da teoria do hiato tecnológico, outros da teoria do ciclo de vida dos produtos, ou mesmo da hipótese de diferenciação dos produtos e preferência por variedade. Esses estudos confirmam a importância da competição não-preço na expansão das desenvolveram testes empíricos onde o nível de competitividade não-preço é representado por proxies. São incluídas, dentre outras, o número de patentes e os gastos nacionais em P&D. O enfoque na competição não-preço, contudo, vai de encontro à suposição neoclássica de que bens similares são homogêneos, e, portanto, atendem à “lei do preço único”. Diferenças de preços, segundo esse enfoque, refletiriam as diferenças qualitativas dos bens em comparação, o que acaba por esvaziar completamente a lei de base empírica (McCombie & Thirlwall, 1994).11 Melhorias na competitividade não-preço, portanto, refletem majoritariamente o grau de diferenciação dos produtos e o aumento da qualidade da produção nacional. A indústria, por seu turno, está mais sujeita a esse tipo de competição do que os bens primários, que apresentam maior homogeneidade. Esse é o resultado encontrado por Kravis & Lipsey (1971), onde produtos básicos estão mais suscetíveis à competição preço do que produtos manufaturados, que apresentam maior diferenciação. Resta então interpretar o impacto do câmbio sobre a competitividade. Segundo Breuch & Stout (1981), depreciações cambiais teriam impacto diferenciado sobre produtos industrializados e produtos básicos (mais homogêneos). Segundo os autores, ao aumentar a lucratividade das exportações, a depreciação cambial influenciaria positivamente a produção de produtos básicos, enquanto produtos de maior intensidade tecnológica seriam negativamente afetados no médio prazo, já que este movimento dos lucros desincentivaria os investimentos em qualidade, comprometendo o desempenho das exportações mais sofisticadas. A condição de Marshall-Lerner, no entanto, garante que, mesmo que apenas temporariamente, a desvalorização do câmbio nominal conduzirá à melhoria do saldo do balanço de pagamentos. A sobrevalorização cambial, por sua vez impactará negativamente os lucros, de forma que as importações serão incentivadas em detrimento da produção industrial do país. Em síntese, não só a valorização cambial pode ser prejudicial ao crescimento - via redução da lucratividade da produção - como também uma desvalorização excessiva e prolongada pode prejudicar a competitividade nãopreço da produção nacional, dificultando o processo de superação da restrição externa ao crescimento (McCombie & Thirlwall, 1994). É importante ainda destacar o chamado “Paradoxo de Kaldor” (1978), o qual consiste na constatação empírica de que em países onde se verificou queda na competitividade-preço da produção (casos de Alemanha e Japão, entre outros) observou-se um aumento de sua participação no comércio mundial. Tal verificação confere nova confirmação da importância da competitividade não-preço para o crescimento das exportações e da renda nacionais. Em suma, pode-se concluir que a competitividade não-preço é um fator crucial para a promoção das exportações em função dapreferência por diversificação de consumo (variedade) à medida que cresce a renda, embora não exportações, bem como para o crescimento da renda. Para uma revisão desses estudos ver McCombie & Thirlwall (1994). 11 A enorme importância atribuída à diferenciação de produto e à competitividade não-preço acabou por fazer que autores incorporassem tal enfoque (preferência por variedade e competição oligopolista) à análise do crescimento regional (Fujita, Krugman, Venables, 1999; Krugman, 1991). confira grande incentivo à redução das importações pelo mesmo motivo12. Tal forma de competição, portanto, refletir-se-ia em diferenças nas elasticidades-renda da demanda de produtos exportados e importados. Entretanto, pode-se assumir que a elasticidade-renda das exportações apresentaria maior resposta do que a elasticidade-renda das importações a mudanças no nível de competitividade nãopreço. Ganhos de competitividade não-preço podem ser auferidos em qualquer tipo de produtos. Freeman (1979) testou o impacto de diferentes estratégias de competição não-preço sobre diferentes setores: (i) bens de capital; (ii) bens de consumo; (iii) materiais básicos. Seus resultados indicam que a produção de bens de capital gera um tipo de competição focada no desenvolvimento de novos produtos de maior tecnologia, o que implica na importância do P&D. Na produção de bens de consumo, design e propaganda desempenham papel mais importante, enquanto na produção de materiais básicos são inovações destinadas à economia de fatores as mais importantes. Ou seja, preços seriam mais importantes na produção de bens de consumo e materiais básicos do que na produção de bens de capital. O que se observa, portanto, é que setores de maior teor tecnológico são mais dependentes da competitividade não-preço (diferenciação e aumento da qualidade), se deparando, portanto, com elasticidades-renda da demanda superiores. Partindo dessa lógica, Araujo e Lima (2007) desenvolveram um modelo multissetorial da Lei de Thirlwall (LTMS). Neste, mudanças na participação setorial da economia, ou seja, na estrutura de produção, impactam na taxa de crescimento da economia. Dessa forma, a taxa de crescimento de um país pode ser maior mesmo que a taxa de crescimento do resto do mundo permaneça inalterada. Para tanto, basta que a composição setorial das exportações e importações mude de maneira favorável. Em resumo, a LTMS pode ser descrita da forma representada a seguir13. Se uma economia é considerada como sendo composta por vários setores, cada qual com diferentes elasticidades renda da demanda, então temos: (9) ε = ∑i =1φi ε i k (10) π = ∑i =1θ iπ i k Onde i denota os setores da economia, φi e θ i são as participações de cada setor no total de exportações e importações, respectivamente (com k k ∑i=1φi = 1 , ∑i=1θ i = 1 ). Pode-se afirmar, portanto, que as elasticidade globais são determinadas pelas mudanças nas elasticidades setoriais e pela composição 12 Conforme argumenta Barker (1977), apud McCombie & Thirlwall, 1994, p. 284), “as real income increases, purchasers tend to buy more varieties of a product, and since a greater number of these varieties is available from abroad rather than from home sources, the share of imports in demand tends to increase”. Ou seja, maior grau de comércio internacional intra-indústrias gera maiores elasticidades-renda das exportações e importações devido à grande diferenciação de produto verificada. 13 Esta representação corresponde a uma formulação alternative à LTMS original de Araújo & Lima (2007) a qual é baseada em um modelo Pasinettiano e não na formulação de Thirlwall. setorial da economia. Destarte, substituindo (9) e (10) em (5), temos a Lei de Thirlwall multissetorial14. (∑i =1φi ε i ) z k (11) y = ∑ k i =1 θ iπ i Se considerarmos que esta economia é composta por somente três setores (como será o caso nos testes conduzidos neste trabalho): (i) um setor produtor de bens primaries (PP); (ii) um produtor de manufaturas de baixa tecnologia (LT); e (iii) o último produzindo manufaturas de alta tecnologia (HT), então temos: (12) y = (φ PP ε PP + φ LT ε LT + φ HT ε HT ) z (θ PP π PP + θ LT π LT + θ HT π HT ) A partir de uma formulação semelhante, Gouvêa a Lima (2009) estimaram as elasticidades setoriais para vários países da América Latina e Ásia, concluindo que setores mais intensivos em tecnologia apresentam maior elasticidade-renda, sendo as diferenças entre as elasticidades de cada setor menores para as importações que para as exportações.15 Com essa análise, os autores demonstram que para a superação da restrição externa faz-se necessário elevar a participação dos setores produtores de bens de média/alta intensidade tecnológica, o que elevaria a elasticidade-renda das exportações da economia, ao passo que determinaria a queda da elasticidade-renda das importações, que seriam influenciadas pela queda da necessidade de importação desses bens de médio/alto teor tecnológico. 2.3. Sistema Nacional de Inovação, Competitividade Não-preço e Mudança estrutural A vulnerabilidade externa dos países subdesenvolvidos constitui um importante fato estilizado da economia mundial. Embora os países periféricos eventualmente apresentem crescimento em momentos de expansão da demanda internacional por seus produtos e serviços, a especialização comercial desses países em produtos com menor desenvolvimento tecnológico reduz a competitividade não-preço da sua pauta de exportações, potencializando uma restrição estrutural ao crescimento. Esse quadro resulta diretamente das diferenças nas elasticidades-renda da demanda dos diferentes tipos de produtos (primários, industrializados, ou de alto teor tecnológico). Segundo Fajnzylber (1983, 2000), a superação de tal vulnerabilidade está associada à criação de um núcleo endógeno de dinamização do progresso técnico que possibilitaria levar a ganhos de competitividade. Esse processo incluiria importantes mudanças nos rumos da industrialização dos países subdesenvolvidos, 14 Uma especificação mais complete poderia ser encontrada substituindo (7) e (8) na equação (1) e (2), considerando uma especificação similar para as elasticidade preço setoriais. Não obstante, para reduzir a complexidade do modelo, optamos por apresentar apenas a equação final do modelo, gerada pela sunstituição de (7) e (8) em (5). 15 Os autores verificam ainda que tanto a Lei de Thirlwall original como a multissetorial representam bem a taxa de crescimento real da economia. particularmente devido à necessidade de criar (e ampliar) um setor competitivo de bens de capital. Esse movimento, segundo o autor, requer, por um lado, apostas relacionadas ao sucesso de paradigmas tecnológicos concorrentes, e, por outro, o abandono de práticas produtivas imitativas em prol de atividades adaptativas e, fundamentalmente, criativas. Assim, existe uma clara relação entre a estrutura produtiva de um país e as trajetórias tecnológicas que podem ser exploradas a fim de estabelecer o processo de catch-up. Contudo, a possibilidade de se explorar efetivamente essas possibilidades depende, em grande medida, do nível do esforço de P&D e da efetiva realização de ganhos de produtividade. Em outras palavras, a associação entre a mudança estrutural e a maior competitividade internacional depende do nível de desenvolvimento dos sistemas produtivo e de ciência e tecnologia do país. Segundo Jayme Jr. & Resende (2009), o grau de desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovações (SI) determina a estrutura produtiva da economia local, que por sua vez impacta as elasticidades-renda do comércio e, por consequência, o grau de vulnerabilidade externa das economias.Cunhado por Nelson (1993) e Lundvall (1992), o conceito de SI enfatiza a importância de configurações institucionais que confiram suporte à incorporação e criação de inovações. Segundo essa abordagem, o crescimento econômico não é determinado em sua totalidade pela capacidade de introduzir inovações radicais, mas pela capacidade de difusão eficiente de inovações no sistema produtivo (Freeman, 1995). Segundo Abramovitz (1986) há uma defasagem temporal entre a criação de uma inovação nos países centrais (capaz de deslocar a fronteira do conhecimento) e a incorporação dessa tecnologia nos países periféricos. Para desencadear o processo de catching-up é fundamental reduzir essa defasagem. Quando a incorporação das inovações nos países periféricos é rápida, então os mesmos são capazes de reter os ganhos desse processo por mais tempo, sem incorrerem, por sua vez, nos custos vinculados à criação dessas inovações. Reduz-se assim o hiato econômico entre o centro e a periferia. No entanto, para que esse processo ocorra, é preciso desenvolver uma “capacitação social” que permita essa incorporação, sobretudo em termos educacionais e de criação de uma infraestrutura científica mínima, mas também vinculada à formação de um aparato regulatório e institucional que ampare e incentive esse processo. Buscando criar parâmetros para esta classificação, Albuquerque (1999) desenvolveu o que chamou de Indicador de Aproveitamento de Oportunidades (IAO), que é a razão entre a participação do país no total de patentes concedidas pelo USPTO em relação à participação no total mundial de artigos científicos indexados pelo ISI. O numerador representa uma proxy para a produção tecnológica, e o denominador uma proxy para a produção científica. Assim, indicadores próximos, ou acima, da unidade indicariam que o país analisado possui características mais próximas a um SI maduro, ao passo que indicadores baixos estariam relacionados a países com características mais semelhantes a um SI imaturo. No entanto, ainda que os Sistemas Nacionais de Inovação maduros possuam uma estrutura institucional que ampare e favoreça o desenvolvimento científico e tecnológico, é importante ressaltar que não se verifica uma forma fixa de SI maduro, mas antes, um conjunto de aparatos institucionais moldados pelo contexto histórico, social e econômico no qual estavam inseridos estes países. Freeman (1995) corrobora tal argumentação com os exemplos históricos de Japão, URSS, América Latina e Ásia, e enfatiza a importância de fatores relacionados à “capacitação social” para a formação de um eficiente SI. Ao avaliar a eficácia do uso destes indicadores como síntese das características relevantes dos SI, em geral considera-se que tanto o IAO de Albuquerque (1999) como o número de patentes per capita registradas em relação ao total ou à média mundial podem ser bons indicadores do grau maturidade do SI. Embora outras formas de medida sejam possível, indicadores alternativos também apresentam problemas. Indicadores como o nível de gastos em P&D podem apresentar medidas distorcidas, uma vez que não levam em conta os efetivos resultados desse esforço - como demonstra o exemplo da URSS discutido por Freeman (1995). O nível de educação, por sua vez, apesar de ser extremamente importante, é de difícil medida e pode apresentar distorções, principalmente quanto à qualidade e à porcentagem de atendimento em alguns países subdesenvolvidos. Indicadores que envolvam o número de patentes registradas, por seu turno, podem ser criticados pela dificuldade e custo de patenteamento de uma inovação tecnológica, o que pode gerar a subestimação da atividade inovativa, sobretudo em países subdesenvolvidos. Entretanto, ao indicar claramente a capacidade de gerar inovações valiosas o bastante para serem patenteadas, índices envolvendo o número de patentes fornecem um bom retrato do grau de desenvolvimento do SI de cada país. Em resumo, de acordo com a síntese neo-schumpeteriana e estruturalista/keynesiana conduzida, pode-se concluir que o desenvolvimento do SI é fundamental para a consistente superação da restrição externa. A geração de inovações favorece a diferenciação da produção e os ganhos de qualidade, os quais, por sua vez, incentivam maiores investimentos e então maior nível de produto. Com efeito, uma vez que setores produtores de bens de médio/alto teor tecnológico são mais suscetíveis a tais ganhos de qualidade e diferenciação, é possível supor que o maior processo inovativo tenderia a aumentar participação desses setores na economia. Essa mudança estrutural eleva, por conseqüência, a participação das exportações desses bens na pauta, o que promove a elevação da elasticidade-renda das exportações, ao passo que reduz as importações desses bens (reduzindo a elasticidade-renda das importações). Como resultado, verifica-se o relaxamento da restrição externa segundo a Lei de Thirlwall Multissetorial, possibilitando assim a obtenção de uma taxa de crescimento mais elevada para uma dada taxa de crescimento da economia mundial. 3. Metodologia da Análise Empírica A literatura kaldoriana, representada pela abordagem da restrição externa estabelece que, em última instância, o nível de crescimento nacional é determinado pelas elasticidades-renda das demandas de importações e exportações. Maiores taxas de crescimento, portanto, estão relacionadas a uma baixa elasticidade-renda das importações e elevada elasticidade-renda das exportações. Tais variáveis, contudo, são usualmente tomadas de forma exógena pela literatura. Entretanto, ao incorporar o referencial neo-schumpeteriano à análise, tornam-se endógenas as elasticidades, que passam a ser diretamente determinadas pelo nível de desenvolvimento tecnológico da produção nacional. Este, por sua vez, é determinado pelo maior ou menor desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação. Para corroborar tal suposição, no presente trabalho é desenvolvido uma série de testes. Esta seção discute a metodologia empregada na estimação das elasticidades das exportações e importações brasileiras, além de apresentar o modelo ampliado pelo efeito do SI. Os testes conduzidos nos próximos tópicos partem do modelo teórico apresentado na seção 2.1 e utilizam dados desagregados a dois e três dígitos – segundo classificação SITC 2 – entre 1976 e 2007 para as importações e exportações brasileiras fornecidas pelo UNcomtrade. Os dados de PIB foram retirados do Ipeadata - valores em US$ - e o câmbio real foi calculado a partir da taxa de câmbio nominal fornecida pelo Ipeadata, dividida pela paridade do poder de compra (Penn World Table) no período analisado. Essa forma de cálculo mostrou-se mais condizente com a análise histórica do câmbio real brasileiro, uma vez que entre 1976 e 1990, em função da elevada inflação, o cálculo usual (Epf/pd) atinge valores extremos que somente diminuem o poder explicativo da variável. As contas da classificação SITC foram agregadas conforme o Anexo. 3.1. Cálculo das Elasticidades A partir da classificação conduzida, foram estimados modelos distintos para cada uma das categorias de importações e exportações assim designadas: (i) manufaturas de média/alta tecnologia, doravante Mht e Xht, respectivamente para importações e exportações; (ii) manufaturas de baixa tecnologia ou baseadas em recursos naturais, Mlt e Xlt; (iii) commodities internacionais, Mpp e Xpp; (iv) total de importações (M) e exportações (X). As equações básicas a serem estimadas são, portanto, as seguintes funções de demanda por importações e exportações (originais da Lei de Thirlwall): (13) lnM(i) = β mi0 + β mi1 lnR + β mi2 lnY + e mi com i ∈ (0,3) (14) lnX(i) = β xi0 + β xi1lnR + β xi2 lnZ + e xi com i ∈ (0,3) Onde, i ∈ (0,3) representa as diferentes categorias tecnológicas, sendo 0 o total, 1 o setor de alta tecnologia, 2 o setor baixa tecnologia e 3 o setor produtos primários, M as importações, X as exportações, R a taxa de câmbio real, Y a renda interna e Z a renda externa (as letras em minúsculo representam logaritmo natural). A estimação das elasticidades-renda das importações e exportações setoriais (por categoria tecnológica) permitirá testar algumas hipóteses acerca da relação entre o nível tecnológico da produção e a elasticidade renda e preço da demanda pelos bens destes setores. Particularmente, pretende-se mostrar que as elasticidades renda da demanda estão diretamente relacionadas com o conteúdo tecnológico da produção, que é determinada pelo grau de desenvolvimento do SI. 3.1.1. As elasticidades hipotéticas Uma forma alternativa de estimação das elasticidades renda é a utilização de elasticidades “hipotéticas”, que funcionam como uma proxy para as elasticidades reais e podem ser calculadas ano a ano. A primeira forma de cálculo é apresentada por McCombie (1997), que define a elasticidade renda hipotética como aquela que iguala as taxas de crescimento observada e teórica: π ' ≡ x / y . “Então, se π ' e a estimativa de π não forem estatisticamente diferentes, não se pode refutar a hipótese de que o crescimento do país é restrito pelo BP” (Santos et al., 2005, p. 6). A estimação de π , por seu turno, é feita por cointegração. A segunda forma de cálculo segue as especificações do modelo apresentado por Moreno-Brid (2003). Jayme Jr. (2003), por sua vez, estima uma elasticidade implícita π ' ' , obtida através do coeficiente de cointegração estimado a partir da relação lnYt = (1/ π ' ' )ln Xt. As elasticidades hipotéticas, portanto, são calculadas a partir das seguintes equações: (i) π 1 = x / y (modelo original) θ 1xt − θ 2r (ii) π 2 = (1 − θ 1 + θ 2) + (modelo Moreno-Brid) y (iii) π 3 = 1/ β obtido na cointegração de lnYt = β ln Xt Onde x, y e r são expressos em taxa média de crescimento do período analisado, e θ 1 e θ 2 são calculadas para o período inicial. 3.2. Elasticidades e Sistema Nacional de Inovações: Testando as Conexões A análise conduzida na seção 2 defende um importante papel da tecnologia na determinação das elasticidades. De fato, afirma-se que as elasticidades renda da demanda estão diretamente relacionadas ao grau de tecnologia abarcada nos bens de cada setor. Não obstante, ainda não está clara a relação entre o sistema nacional de inovação e tais elasticidades. Hipoteticamente, um país com um SI maduro seria capaz de produzir a contento uma série de bens em cadeias produtivas conexas que um país sem tal nível de desenvolvimento do SI certamente seria incapaz. Mas qual o respaldo empírico dessa construção? Da mesma forma, pouco se sabe ainda da relação entre o SI e a produção de bens tecnológicos. Podemos afirmar, como supomos, que a maturidade do SI tem impacto diferenciado no quociente tecnológico da produção nacional? Nesse sentido, a presente subseção discute um modelo de teste empírico para a relação entre as elasticidades e o sistema nacional de inovação. Utilizandose da proporção das patentes nacionais pelas patentes mundiais per capita como proxy para o SI, propõe-se a estimação de três modelos distintos16: (i) O primeiro acrescenta às funções de demanda por exportações/importações o indicador de maturidade do SI; (15) (16) lnM(i) t = β mi0 + β mi1 lnR t + β mi2 lnYt − β mi3 ln SI t + e mi lnX(i) t = β xi0 com i ∈ (0,3) + β xi1lnR t + β xi2 lnZ t + β xi3 ln SI t + e xi com i ∈ (0,3) (ii) O segundo substitui a renda nacional (no caso das importações) e a renda internacional (no caso das exportações) pelo indicador de maturidade do SI; (17) (18) 16 lnM(i) t = β mi0 + β mi1lnR t − β mi2 ln SI t + e mi lnX(i) t = β xi0 + β xi1 lnR t + β xi2 ln SI t + e xi com i ∈ (0,3) com i ∈ (0,3) Uma vez que os modelos propostos serão estimados a partir do uso de técnicas de séries temporais, não há problema teórico na omissão de variáveis relevantes na explicação da variável endógena. (iii) O terceiro estima apenas a relação objetiva entre o SI e as exportações e importações. (19) lnM(i) t = β mi0 − β mi1 ln SI t + e mi com i ∈ (0,3) (20) lnX(i) t = β xi0 + β xi1 ln SI t + e mi com i ∈ (0,3) Tais equações representam as funções de demanda por exportações e importações setoriais. O parâmetro relacionado à proxy SI expressa a influência do nível de desenvolvimento do sistema de inovação nacional nas importações e exportações de cada um dos i setores. A introdução da proxy para o SI nessa equação tem como fundamento a suposição de que o maior grau de maturidade do SI incentiva maior produção em setores mais intensivos em tecnologia e, com o maior investimento17 decorrente, maiores ganhos de produtividade em todos os setores, embora esse impacto seja diferenciado entre eles. Além disso, assumindo que o aumento da competitividade não-preço influencia diretamente a elasticidade-renda da demanda da produção de todos os setores (embora em diferentes níveis), é possível assumir que a conformação de um SI eficiente eleva também as elasticidades-renda. Com esse aumento seriam impulsionadas as exportação, ao passo que as importações poderiam ser desincentivadas em todos os setores. Isso justificaria o sinal negativo da variável SI nas equações de importações. Entretanto, tal efeito é desconsiderado ao se estimar a elasticidade-renda diretamente como nas equações (15) e (16). Espera-se, portanto, que a comparação entre os coeficientes estimados possa introduzir novas evidências a respeito dessas relações. Nesse caso, o efeito negativo da variável SI passa a ser atribuído integralmente à mudança estrutal, assumindo que a maior participação dos setores de média/alta tecnologia na produção total levaria à ampliação das exportações desses bens e à diminuição das suas importações (por isso o sinal negativo nas equações de importações).18 Entretanto, para os setores de menor intensidade tecnológica verificar-se-ia o oposto: com o aumento da produção de alta tecnologia e a redução da produção de baixa tecnologia e produção primária espera-se que haja um aumento da importação desses produtos, e redução de suas exportações. 17 Uma especificação mais adequada seria testar a relação das patentes com o investimento no setor de alta tecnologia e a equação dos determinantes das importações e exportações separadamente. Entretanto, a indisponibilidade de dados de investimento classificado segundo a intensidade tecnológica dos bens a serem produzidos inviabiliza tal especificação. Os testes aqui desenvolvidos, portanto, procuram apresentar algumas evidências iniciais das relações teóricas descritas ao longo do artigo, que devem ser mais desenvolvidas em estudos futuros. 18 Como demonstrado na equação (10), todos os i setores sofreriam um impacto positivo com o aumento das inovações – ganhos de qualidade. Contudo, esse impacto seria maior no setor produtor de bens de média/alta tecnologia, seguido do setor de bens de baixa tecnologia, e em último o setor produtor de commodities. A mesma análise é válida para a equação (9), referente às importações. Por outro lado, é importante relembrar que o impacto das inovações sobre as importações seria menor em função da preferência dos consumidores por variedade. 3.3. Método de Estimação Um conjunto de séries é dito co-integrado de ordem p-q – CI(p, q) – se (i) todas as séries são integradas de ordem p – I(p) – e (ii) uma combinação linear entre elas é integrada de ordem p-q, com q > 0. Dessa forma, inicialmente, foram conduzidos testes para identificar a estacionariedade das séries em estudo. Embora usualmente adotada, a estatística ampliada de Dickey-Fuller (ADF) é muito sensível ao número de defasagens (lags) incluídas no modelo. Ademais, o teste assume como pressuposto a não-autocorrelação e homocedasticidade dos resíduos da sua equação. Portanto, na ausência de normalidade dos resíduos da equação do teste ADF, o teste de Phillips-Perron (PP), baseado em um processo estocástico MA(1), apresenta melhores resultados. A Tabela A.2 em anexo resume as estatísticas dos testes ADF e PP para uma e três lags das séries em nível e em primeira diferença. A escolha do número de lags baseou-se no critério de normalidade dos resíduos da equação ADF. Portanto, para uma lag, os melhores resultados são aqueles apresentados pela estatística PP, enquanto que para três lags a estatística ADF já apresenta maior poder. Como se pode observar, para todas as variáveis em estudo, é aceita a hipótese nula de não estacionariedade em nível. Por sua vez, a mesma hipótese é rejeitada para as primeiras diferença, confirmando que as séries em estudo são I(1), i.e; integradas de ordem um, o que permite que testemos a existência de relações de longo prazo entre elas. Por ser um método de mais fácil aplicação (em um único estágio), optou-se por conduzir o chamado procedimento de Johansen (ENDERS, 1995) para verificar a co-integração das séries e estimar o seu vetor de longo-prazo. Este procedimento evita regressões espúrias, permitindo a estimação de parâmetros consistentes para o modelo. A escolha da especificação dos modelos a serem testados passou pela minimização dos critérios de informação mais utilizados pela literatura: Schwartz (SC), Akaike (AIC), Hannan-Quinn (HQ) e o erro de previsão (FPE). Tais critérios foram estimados com trucagem na 6ª lag - dado o número reduzido de graus de liberdade dos modelos - e seus resultados estão resumidos nas tabelas A.3 e A.4 do . Ademais, são reportados para cada modelo os resultados para as estatísticas do traço (que apontam o número de vetores de co-integração entre as séries) tabelas A.7 e A.8 do anexo - e testes de normalidade (autocorrelação e heterocedasticidade) dos resíduos de cada especificação candidata (tabelas A.5 e A.6 do anexo). Os resultados para os vetores de cointegração são apresentados na próxima seção. Para todos os modelos foram estimadas especificações: (i) sem constante, (ii) com tendência e (iii) com constante no vetor de co-integração. Não obstante, são reportados apenas os resultados para o modelo com constante no vetor de cointegração, o qual apresentou resultados mais robustos nos testes. A fim de identificar as relações de curto-prazo e causalidade entre as variáveis, optou-se por desenvolver um vetor de correção de erros (VEC). Dada a estrutura do vetor de correção de erros a ser estimado, vale dizer que, diferentemente do VAR do qual ele deriva, a estimação por MQO não é mais adequada já que é necessário impor restrições cruzadas sobre o sistema de equações. Embora seus resultados não sejam apresentados, eles serão fundamentais para a análise do impacto de inovações no sistema. Dois instrumentos de análise das inovações no modelo serão empregados: as funções de impulso-resposta e a decomposição dos erros de previsão. O primeiro instrumento permite simular o comportamento ao longo do tempo das n variáveis do modelo quando forçamos um choque de um desvio-padrão nos resíduos de cada uma das variáveis. Tal análise só é possível devido à correlação parcial entre os resíduos de cada uma das séries pertencentes ao modelo, não obstante seja assumido que qualquer variação nestes resíduos seja proveniente de choques exógenos. Dado o curto intervalo de convergência das séries, os gráficos da função de impulso-resposta abrangem um período de apenas 10 anos. O segundo instrumento, a decomposição dos erros de previsão do modelo, é complementar ao primeiro na medida em que permite analisar dinamicamente o comportamento das variáveis sujeitas a choques, mostrando a cada período o peso de cada resíduo no erro de previsão dos modelos. Dado o intervalo anual dos dados e sua relativamente rápida convergência, serão ilustrados resultados selecionados para os primeiros 20 períodos. 4. Resultados A presente seção discute os resultados para as estimações propostas na seção 3. Inicialmente são apresentados os resultados para as elasticidades hipotéticas nacionais, que serão utilizadas como benchmarking para as estimações econométricas das elasticidades. A subseção seguinte se dedica à discussão em torno dos resultados para as elasticidades setoriais, assim como analisa a matriz de decomposição dos erros e as funções de impulso resposta do VEC gerado. A utilização dessas elasticidades em um exercício de previsão do PIB brasileiro é conduzida na sequência, antes de passarmos aos resultados dos modelos que consideram o SI entre as variáveis explicativas das exportações setoriais. 4.1. Elasticidades Hipotéticas A TABELA1 resume os resultados da avaliação das elasticidades hipotéticas para dados de duas bases distintas: Ipeadata e UNcomtrade. TABELA 1 Elasticidades Hipotéticas Tipo Dados Ipeadata Dados UNcomtrade Modelo Original 1.112641455 1.029140941 Modelo Moreno-Brid 1.157374802 1.185313709 Elasticidade Implícita 1.225173393 1.185973163 Fonte: Elaboração própria. Obs: as especificações do modelo regredido para o cálculo da elasticidade Implícita são as mesmas dos modelos que serão apresentados a seguir, e as estatísticas dos testes foram robustas. Observa-se que os resultados se encontram em patamares semelhantes e modelo Moreno-Brid apresenta valores ligeiramente superiores aos do modelo original. Tal diferença seria atribuída à não incorporação dos fluxos de capitais no modelo original, o que resulta na subestimação da elasticidade. Essas estimativas foram usadas como referência inicial para a magnitude esperada das elasticidades obtidas pelos processos econométricos. 4.2. Elasticidades Setoriais 4.2.1. Importações Impomos inicialmente a seguinte relação de longo prazo m(i) = r + y. Uma vez que os critérios de informação tenham divergido quanto à especificação ideal para os modelos de cada uma das categorias de importação, foram estimados todos os modelos sugeridos por estes critérios. A tabela A.3 do anexo mostra o número de lags (denotadas por “p”) ideal para o VAR segundo cada critério. Conforme se observa, para o modelo mais genérico, das importações brasileiras como um todo (M), o modelo ideal variou entre 1 e 5 lags. Assim, foram conduzidos testes de normalidade, autocorrelação e heterocedasticidade para os resíduos destas estimações (Tabela A.5 do anexo). A especificação final do VEC foi escolhida tendo em vista todos os testes relatados para cada uma das categorias de importações. Para garantir a padronização e permitir a comparação das elasticidades para cada categoria de importações, adotou-se o modelo com 3 lags (p=3). Embora a análise dos testes anteriores possa, em alguns casos, indicar o melhor ajuste de outras especificações, o vetor de co-integração estimado não apresentou grande sensibilidade às diferentes especificações, o que justifica a opção pela padronização dos vetores de cointegração relatados. Conforme se nota na tabela A.7 do anexo, para todas as categorias de importação, as estatísticas do traço apontam a existência de pelo menos uma relação de co-integração entre as variáveis. Os vetores normalizados de co-integração são apresentados na Tabela 2. TABELA 2 Vetor de cointegração Elasticidade-renda de M0 Vetor m y beta 1 -1.39057 dp 0.104241 alpha -0.05863 0.176316 Elasticidade-renda de M1 beta 1 -1.45359 dp 0.101666 alpha -0.06075 0.074304 Elasticidade-renda de M2 beta 1 -1.47117 dp 0.097724 alpha -0.05752 -0.2162 Elasticidade-renda de M3 beta 1 -0.84967 dp 0.116154 alpha -1.31621 -0.18706 r const 1.255712 12.09121 0.10314 -0.2299 2.394258 13.35274 0.097003 -0.12344 1.681609 15.40699 0.009242 0.093195 -1.79363 1.421589 0.012731 -0.0016 Fonte: Elaboração própria Obs: 3 lags Embora a interpretação dos coeficientes em vetores de cointegração sempre seja arriscada, as variáveis foram significativas em todos os modelos e os coeficientes indicam que a elasticidade-renda dos bens importados de alta/média e baixa tecnologia (M1 e M2) possuem elasticidade-renda semelhantes. Apenas para o caso das commodities (M3), nota-se uma diferença significativa de patamar, o que é compatível com o referencial teórico, que indica maior inelasticidade-renda da demanda de bens primários. Tais resultados podem sugerir uma relativa debilidade da indústria nacional, mesmo de bens de baixa tecnologia, já que elevações na renda promovem acréscimos mais que proporcionais da demanda destes bens externos. Nota-se, ademais que as elasticidades estimadas são plenamente compatíveis com aquelas hipotéticas. A fim de garantir a robutez dos parâmetros, novos vetores autoregressivos foram estimados para cada categoria tecnológica, impondo, no entanto, restrições sobre o valor das elasticidades-renda que foram tomadas como iguais a cada uma das outras categorias. Dessa forma, foi possível conduzir testes da razão de verossimilhança19 para cada um dos vetores estimados com o intuito de verificar a sua “singularidade" estatística, i.e; garantir a diferença estatística das elasticidades estimadas para cada categoria tecnológica. Os resultados para estes testes são apresentados na tabela A.9 em anexo. Cabe ressaltar, todavia, que apenas ao comparar as elasticidades-renda das importações de manufaturados de alta tecnológia (M1) e de baixa tecnologia (M2) não foi rejeitada a hipótese nula de igualdade estatística dos parâmetros, conforme indica o p-valor da estatística. Nos demais casos, rejeita-se a 5% de significância a igualdade dos parâmetros, confirmando que as elasticidades-renda são diferentes para cada nível de intensidade tecnológica. Uma vez que o objetivo deste trabalho é o de analisar a elasticidades-renda, serão relevados os coeficientes encontrados para as elasticidades-preço (efeitos do câmbio real). Contudo, cabe notar a relação decrescente destas com o grau tecnológico dos bens comercializados (atenção para o fato de que o sinal dos coeficientes é invertido). Um resultado que chama atenção é o fato de o sinal desta elasticidade ser contrário ao esperado apenas para o vetor das commodities. Embora estranho, tal resultado é amplamente consistente com os dados e com todos os modelos alternativos estimados (VAR(0), VAR(1), MQO(1)). A busca de uma explicação para esse quadro pode representar uma interessante agenda de pesquisa futura, contudo, pode-se pensar que uma desvalorização cambial pode levar ao incremento das importações de commodities em virtude da necessidade destas para a produção de bens comerciáveis. As Figuras 1 a 3 ilustram as funções de impulso-resposta para o modelo de importações agregado, “M0”20. A análise destas inovações permite a visualização das relações de curto-prazo entre as variáveis e, portanto, o estabelecimento das relações de causalidade entre elas, além de permitir, conjuntamente com a decomposição da variância do erro, uma análise dos mecanismos dinâmicos de propagação dos efeitos de choques exógenos sobre as variáveis de cada modelo. Da Figura 1 depreende-se que um choque exógeno de um desvio-padrão nas importações tem pouco impacto sobre as demais variáveis do modelo, sendo a relação positiva com a renda e negativa com a taxa de câmbio real. Tal choque é praticamente consumido nos dois primeiro períodos. Já um choque na taxa de câmbio real (Figura 2) tem um efeito defasado em um período, mas de grande 19 O teste da razão de verossimilhança é obtido a partir da comparação entre modelos com e sem as restrições sendo testadas. A hipótese nula estabelece então que cada um dos parâmetros em teste seja igual ao valor pré-definido. A estatística do teste compara então o valor obtido com o de uma distribuição qui-quadrado com (p-r)r1 graus de liberdade, onde r é o número total de relações de cointegração verificadas, p igual ao número de linhas da matriz de restrição sobre os betas (igual a 1), e r1 o número de colunas dessa mesma matriz (igual ao número de parâmetros do modelo, 4). 20 A linhas em vermelho nos gráficos de impulso-resposta representam o intervalo de confiança de 95% gerado a partir de um bootstrap com 100 repetições. impacto (negativo) nas importações e relativamente menor impacto (positivo) na renda. O encadeamento das relações entre as variáveis torna a propagação dos efeitos do choque amortecida que se extirpa completamente somente no oitavo período. Um choque exógeno na renda (Figura 3), por sua vez, não tem efeito contemporâneo sobre as importações, que respondem (positivamente) somente no período seguinte. Já o câmbio real é imediatamente apreciado. Tais efeitos se extinguem no terceiro período numa convergência direta. FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 A Tabela 3 apresenta os resultados para a análise da decomposição dos erros de previsão do modelo. Embora a maior parte do erro de previsão de m se deva a suas próprias inovações, estas perdem peso relativo tanto para r (uma defasagem) quanto para y (duas defasagens) ao longo do tempo. No que tange a y, enquanto no período vigente 71% de sua variância decorra da variação de r e apenas 25% de suas próprias inovações, com 10 períodos tal proporção passa a 58% e 31%, respectivamente, restando apenas uma parte residual para m. Já os erros de previsão de r decorrem majoritariamente das inovações do próprio câmbio real. Contudo, já a partir do período seguinte nota-se um significativo aumento do peso relativo de m que mantém 12% de participação nos erros da taxa de câmbio ao longo do tempo enquanto y continuamente passa ser importante. TABELA 3 Decomposição da variância - elasticidade Inovações Modelo Período m r 1 1.00 0.00 2 0.88 0.12 3 0.82 0.11 m 4 0.81 0.12 5 0.80 0.12 10 0.79 0.12 20 0.79 0.12 1 0.05 0.95 2 0.12 0.87 3 0.13 0.86 r 4 0.12 0.83 5 0.12 0.83 10 0.12 0.81 20 0.12 0.80 1 0.04 0.71 2 0.08 0.60 3 0.09 0.60 y 4 0.10 0.59 5 0.10 0.59 10 0.11 0.58 20 0.11 0.58 das importações y 0.00 0.00 0.07 0.07 0.09 0.09 0.10 0.00 0.01 0.01 0.05 0.06 0.07 0.08 0.25 0.32 0.31 0.31 0.31 0.31 0.31 Fonte: elaboração Própria 4.2.1. Exportações Propõe-se agora a seguinte relação de longo prazo x(i) = r + z. Da mesma forma das importações, foram conduzidos testes para a seleção do modelo (tabela A.4 em anexo), testes de normalidade, heterocedasticidade e autocorrelação dos resíduos dos modelos estimados (tabela A. 6 em anexo) e testes de co-integração (Tabela A. 8 em anexo). Tomando por base todas as informações oriundas destes testes, o modelo escolhido para todos os casos ficaria entre as especificações com 2 e 3 lags. Tendo em vista a semelhança dos betas estimados em ambos os modelos e a fim de compatibilizar as análises entre as elasticidades das importações e exportações, optou-se pela especificação com 3 lags. Os vetores normalizados de co-integração para cada categoria de exportação são apresentados na tabela 4. TABELA 4 Vetor de cointegração Elasticidade-renda de X0 Vetor x r beta 1 -0.68115 dp 0.084565 alpha -0.02912 0.672952 Elasticidade-renda de X1 beta 1 -2.01321 dp 0.084257 alpha 0.047675 0.213471 Elasticidade-renda de X2 beta 1 -0.96508 dp 0.0869 alpha 0.002171 0.297678 Elasticidade-renda de X3 beta 1 -0.80188 dp 0.082212 alpha 0.062179 0.599276 z const -1.14414 18.33868 0.035604 0.047245 -1.9767 46.47997 0.036008 0.020072 -1.28721 23.97728 0.00141 0.045457 -0.74934 7.619842 0.033953 0.020581 Fonte: Elaboração própria Obs: 3 lags Levando-se em conta a ressalva já destacada na interpretação de coeficientes em vetores de cointegração, verifica-se que a elasticidade-renda das exportações estimada é função crescente da tecnologia embutida nos bens exportados. Mais do que isso, nota-se que a demanda por bens de média/alta tecnologia brasileiros são significativamente elásticos às variações na renda mundial enquanto as commodities são renda-inelásticas. Embora tais coeficientes devem ser ressalvados, em função do fato de que a construção teórica do vetor de cointegração não estabelece uma relação de causalidade entre as variáveis, tal resultado suscita grandes questões, sobretudo pelas grandes diferenças encontradas entre as elasticidades de cada categoria de bem. A tabela A. 10 em anexo apresenta os resultados dos testes da razão de verossimilhança para as elasticidades-renda das exportações. Os testes indicam que as elasticidades-renda de cada setor são estatisticamente diferentes – rejeita-se a hipótese nula de que os coeficientes são iguais (ressalta-se o caso da elasticidade-renda dos bens manufaurados de baixa tecnologia (X2) que só é diferente dos demais a 8% de significância). Portanto, sendo válida e restrição externa estabelecida pela Lei de Thirlwall, em qualquer de suas versões, uma pauta de exportações mais favorável aos bens de maior conteúdo tecnológico promoveria uma taxa de crescimento do produto superior a uma pauta exportadora amplamente baseada em commodities, como de fato é o caso brasileiro. Dessa forma, a próxima seção busca estabelecer uma relação entre o Sistema Nacional de Inovação e a diversificação da pauta exportadora, i.e; incentivo relativo à produção de bens tecnológicos. Com relação às elasticidades-preço da demanda por exportações, nota-se o mesmo padrão encontrado para o caso das importações: estas são diretamente proporcionais ao grau de tecnologia embutida. Contrasta com esse resultado, o padrão distinto das elasticidades-renda das importações e exportações. As funções de impulso-resposta para a exportação agregada (X0) é ilustradas nas figuras 4, 5 e 6. FIGURA 4 FIGURA 5 FIGURA 6 Conforme se nota a partir da Figura 4, um choque exógeno nas exportações tem impacto imediato mas pouco significativo tanto sobre a renda externa (positivo) quanto sobre a taxa de câmbio real (negativo). Vale notar o comportamento contrário e defasado entre x e r. Variações na taxa de câmbio real (segunda coluna), por sua vez, não têm impacto significativo sobre as demais variáveis. Este resultado difere sobremaneira daquele verificado para importações, indicando um comportamento assimétrico da taxa de câmbio, que afeta mais as importações que as exportações. Já um choque exógeno na renda externa (terceira coluna) tende gradativamente a aumentar as exportações, com o ápice, numa proporção de 1:1, no segundo período, quando tal efeito começa a se esvair. A resposta da taxa de câmbio é inversa à das exportações, se valorizando com o aumento das exportações e desvalorizando-se com sua queda. A Tabela 5 ilustra a decomposição de erros de previsão para alguns períodos selecionados do modelo. Dentre os resultados, cabe ressaltar o grande peso de z na variação de x já a partir do terceiro período, após um choque em x. Da mesma forma, conforme já ressaltado, é praticamente nulo o efeito da variação do câmbio real sobre a variação das exportações. A variação da taxa de câmbio, por sua vez, embora seja predominantemente afetada por sua própria inovação, com o tempo responde às pequenas variações em x que ela causou. No que tange aos erros de previsão de z, ressalta-se o gradual aumento de peso da variância das exportações na sua explicação TABELA 5 Decomposição da variância - elasticidade Inovações Modelo Período x r 1 1.00 0.00 2 0.89 0.00 3 0.76 0.00 x 4 0.76 0.01 5 0.73 0.02 10 0.73 0.02 20 0.73 0.02 1 0.00 1.00 2 0.07 0.90 3 0.12 0.82 r 4 0.11 0.82 5 0.12 0.81 10 0.13 0.79 20 0.13 0.78 1 0.12 0.00 2 0.14 0.00 3 0.16 0.00 z 4 0.24 0.02 5 0.25 0.04 10 0.24 0.05 20 0.24 0.05 das exportações z 0.00 0.11 0.24 0.23 0.25 0.25 0.25 0.00 0.03 0.06 0.06 0.07 0.09 0.09 0.88 0.86 0.83 0.74 0.71 0.71 0.71 Fonte: elaboração Própria 4.2.3. Evolução das Elasticidades-Renda das Exportações e Importações no Brasil Os resultados encontrados até aqui demonstram o impacto do SI sobre as elasticidades. Tomando a Lei de Thirlwall original ( y = εz / π ), quanto maior a elasticidade-renda da demanda pelas exportações nacionais e menor a elasticidade-renda das importações nacionais, maior a taxa de crescimento compatível com o equilíbrio de longo prazo no balanço de pagamentos. Através dos testes aqui conduzidos, demonstra-se que quanto maior o teor tecnológico da produção nacional, maior a elasticidade-renda das exportações desses bens e, por outro lado, menor se torna a elasticidade renda da importação desses bens. A conclusão que emerge desse estudo é que quanto maior o conteúdo tecnológico da produção nacional, maiores serão as taxas de crescimento compatíveis com equilíbrio no balanço de pagamentos, ou seja, menor a restrição externa ao crescimento. Um exercício simples que ilustra bem este ponto consiste em simular a evolução das taxas de crescimento do produto brasileiro compatíveis com o equilíbrio externo a partir das elasticidades estimadas anteriormente. Utilizando as elasticidades estimadas, aplicando-se então a Lei de Thirlwall, verificam-se as taxas de crescimento hipotéticas do produto, supondo pautas de comércio exterior distintas para o Brasil: (i) país especializado em exportações de alta tecnologia e importações de bens de baixa tecnologia e commodities; (ii) país especializado em exportações de manufaturados de baixa tecnologia, e importação todos os tipos de bens; (iii) país especializado em exportações de commodities e importações de manufaturados de toda espécie. No primeiro caso a taxa média de crescimento do produto ano a ano seria da ordem de 6,75%, no segundo 3,67%, e no último 2,03%. O padrão brasileiro efetivo, em contraste, apresenta um crescimento anual médio de 3,26%, que demonstra que o país estaria mais próximo ao segundo padrão proposto. É marcante a semelhança do último caso com as taxas médias de crescimento efetivo do produto brasileiro no período recente, o que seria esperado, dado a forma de inserção do país no comércio internacional. Chama também atenção as diferenças de nível das taxas de crescimento compatíveis com o equilíbrio no BP, de acordo com a estrutura de comércio adotada. Claramente, com a especialização na exportação de bens de alta tecnologia, é drasticamente reduzida a restrição externa ao crescimento do produto. Com base nas elasticidades estimadas para os diferentes níveis tecnológicos, conforme propõe Gouvêa & Lima (2009), é possível então analisar como as elasticidades do comércio brasileiro foram se alterando ao longo do tempo. Observando o Gráfico 2 percebe-se que o nível da elasticidade-renda das importações permanece praticamente no mesmo nível de 1960 ao final do período – passando de 1,24 em 1962 para 1,32 em 2007. Observando a tendência das importações, percebe-se que há uma tendência à elevação da elasticidade-renda no início do período, compatível com maior necessidade de importação de bens de capital, a qual se reverte no momento seguinte, com o avanço do modelo de industrialização por substituição de importações. A forte queda da década de 1980 se deve aos problemas de balanço de pagamentos enfrentados pelo Brasil. A partir de 1990 o quadro se reverte, com uma nova elevação da elasticidade renda, retornando ao nível inicial. GRÁFICO 2 Evolução das elasticidades ponderadas brasileiras 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1 0.9 0.8 0.7 0.6 importações exportações Razão das elasticidades Fonte: elaboração própria. Avaliando a evolução da elasticidade-renda das exportações, o quadro é bem mais claro. De 1962 até o início da década de 1990, o que se verifica é uma constante elevação da elasticidade, indicando contínua mudança estrutural rumo a setores de maior intensidade tecnológica – sobretudo passando da exportação de bens primários para as manufaturas de baixa tecnologia. A partir da década de 1990 é interrompido o aumento da elasticidade-renda das exportações, que se mantém estagnada – passa de 1,34 em 1990 para 1,36 em 2007. No Gráfico 3 essas elasticidades ponderadas são utilizadas para o cálculo do crescimento do PIB compatível com a estabilidade do balanço de pagamentos (Lei de Thirlwall). Como contraponto ao crescimento do PIB estimado, foi incorporado o crescimento efetivo do PIB brasileiro, calculado pelo IBGE. GRÁFICO 3 Crescimento do PIB estimado e efetivo do Brasil21 20 15 10 5 0 -5 19 62 19 64 19 66 19 68 19 70 19 72 19 74 19 76 19 78 19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 -10 pib est pib ibge Tendência (pib est) Tendência (pib ibge) Fonte: elaboração própria. O Gráfico 3 ilustra que o crescimento anual do PIB calculado segundo a Lei de Thirlwall – com base nas elasticidades ponderadas – é bastante semelhante ao movimento do PIB real. Percebe-se, contudo, que o crescimento do PIB estimado se encontra em um nível mais elevado do que o crescimento efetivamente verificado. Entretanto, ao analisar as linhas de tendência, verifica-se uma grande semelhança. Tal quadro corrobora não somente a validade da Lei de Thirlwall, como também das elasticidades setoriais estimadas no presente trabalho. Demonstra-se ainda que o cálculo das elasticidades ponderadas é adequado para analisar a evolução das elasticidades-renda das importações e exportações. 4.3. Elasticidades e Sistema Nacional de Inovações 4.3.1. Exportações As Tabelas 6, 7 e 8 apresentam os resultados para as três especificações da função de demanda por exportações (equações 16, 18 e 20) considerando modelos com intercepto no vetor de cointegração e três lags22. Percebe-se que as patentes influenciam as exportações de produtos de baixa e média/alta tecnologia em todos as especificações estimadas. Uma maior proporção de patentes nacionais em relação às mundiais (representando maior desenvolvimento do SI), gera maior exportação de bens de maior teor tecnológico. Para os produtos 21 Vale ressaltar que as disparidades observadas podem ser atribuídas à não inclusão dos movimentos de fluxos de capitáis, dado que se utiliza a Lei de Thirlwall simples. 22 A opção por tal modelo, apenas com intercepto e três lags se deu pela necessidade de manter a comparabilidade de todos os testes conduzidos no trabalho. Não obstante, os testes para escolha do modelo e de validade da especificação (a partir dos resíduos) indicam bom ajuste do modelo apresentado. primários (X3), a correlação é positiva, mas consideravelmente menor, o que indica um efeito desigual do maior desenvolvimento do SI sobre a composição setorial da economia. Nota-se claramente um ordenamento no “tamanho” do efeito do SI sobre as exportações, sendo que aquelas de maior conteúdo tecnológico sofrem maior impacto do desenvolvimento do SI. Comparando-se as diferentes especificações, é possível notar que as observações anteriores se mantêm. Não obstante, para a especificação mais completa (Tabela 6), é possível verificar que o efeito do SI é negativo sobre as exportações de produtos primários. Tal aspecto era de se esperar na medida em que o desenvolvimento do SI tende a aumentar a participação dos bens de maior tecnologia na estrutura produtiva e na pauta exportadora. TABELA 6 TABELA 7 Vetor de cointegração normalizado Vetor R Z P C 1.000000 -0,547621 3.086547 -6,691998 -162,1683 (1.02693) (1.01338) (1.62837) (42.0856) (0.01293) Vetor (0.01847) (0.00630) R Z P C 1.791026 -3,976946 -102,6524 (0.76764) (0.69534) (1.17795) (29.1924) Alpha (0.02524) (0.00903) R Z P C -0,981679 -5,293201 6.789233 199.2921 (0.99856) (0.98198) (1.64932) (41.2489) 0.031722 0.020597 -0,034991 (0.01755) (0.00593) (0.02128) C 1.000000 -0,542944 -2,423866 -34,12009 (0.31074) (0.21789) (1.60822) (0.06558) Vetor (2.11812) 0.179298 P C -30,53842 (0.34512) (0.24883) (1.85654) Vetor X2 P C 1.000000 -1,97019 -31,67691 (0.30665) (2.25963) 0.164961 Alpha -0,169377 0.143832 (0.07328) (0.03539) (0.05911) X3 R P C 1.000000 0.825514 -1,5558 -28,571 (0.34849) (0.25860) (2.01517) Fonte: Elaboração própria (0.28896) (0.05740) -1,826982 (0.06182) C -35,84576 (0.03695) R (0.05562) P -2,588452 Alpha -0,179762 0.069903 Alpha -0,118402 -0,156586 X1 1.000000 0.188740 X2 (0.06458) Vetor (0.07267) 1.000000 (0.04655) X3 0.031917 P Alpha -0,185495 -0,056005 0.042101 1.000000 Fonte: Elaboração própria Vetor (0.03126) (0.01483) R (0.04421) 0.369558 Vetor de cointegração normalizado X1 Alpha -0,220426 -0,009287 0.036245 X2 (0.01893) Vetor (0.02244) 1.000000 Alpha -0,057785 -0,039537 -0,036817 Vetor Vetor de cointegração normalizado X1 Alpha -0,062565 -0,006858 -0,022946 TABELA 8 Vetor X3 P C 1.000000 -1,841032 -30,10285 (0.25780) (1.92681) 0.135180 Alpha -0,173261 0.215283 (0.07724) (0.05876) (0.08395) Fonte: Elaboração própria Em vista da redundância dos resultados, optou-se por se deter (e apresentar os resultados de testes23) apenas para a especificação mais parcimoniosa do modelo. Acredita-se, assim como os testes conduzidos (disponíveis sob demanda) comprovam, que tal especificação seja suficiente para a demonstração do impacto do SI sobre a especialização produtiva do país. 23 Os testes de especificação e para os resíduos do modelo mais parcimonioso estão ilustrados nos Anexos 11, 12 e 13. FIGURA 7 FIGURA 8 Orthogonal Impulse Response from x0 -0.05 0.00 0.00 -0.10 p0 p0 0.10 -0.10 0.05 0.10 -0.05 x0 x0 0.10 0.05 0.10 Orthogonal Impulse Response from p0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 95 % Bootstrap CI, 100 runs 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 95 % Bootstrap CI, 100 runs As Figuras 7 e 8 ilustram a função de impulso-resposta da relação entre patentes-exportações, equação (20). O que se observa é que uma elevação das exportações tem um impacto imediato e negativo sobre a proporção patentes nacionais/internacionais. À medida que as exportações caem, eleva-se novamente a proporção de patentes. Tal resultado corrobora estudos empíricos citados que sugerem que o aumento das exportações (via desvalorização cambial, por exemplo), pode desincentivar a busca de ganhos de competitividade não-preço. Tal quadro se deve ao fato de aumentar a canalização de recursos para as atividades exportadoras em detrimento de gastos em P&D em momentos de elevação das exportações. Já na Figura 8, percebe-se que uma elevação das patentes tem um impacto defasado em 1 período sobre o nível de exportações, conforme o esperado. Analisando a decomposição da variância (Tabela 9), percebe-se, contudo, que as exportações explicam somente 3% da variação das patentes, indicando que o impacto negativo observado no impulso resposta (Figura 8) é pouco significativo. Por outro lado, as patentes explicam 20% da variação das exportações, corroborando a argumentação conduzida ao longo desse trabalho, de que maior desenvolvimento do SI eleva as exportações de produtos de média/alta tecnologia, e assim aumenta a elasticidade renda das exportações, gerando com isso maior crescimento. TABELA 9 Decomposição da variância - patentes x exportações Inovações Modelo Período x p 1 1.00 0.00 2 0.80 0.20 3 0.79 0.21 x 4 0.79 0.21 5 0.80 0.20 10 0.79 0.21 20 0.79 0.21 1 0.03 0.97 2 0.03 0.97 3 0.04 0.96 p 4 0.04 0.96 5 0.05 0.95 10 0.05 0.95 20 0.04 0.96 Fonte: elaboração Própria 4.3.2. Importações As Tabelas 10, 11 e 12 ilustram os vetores de cointegração para as importações estimados a partir das equações 15, 17 e 19. No que tange a magnitude dos coeficientes, os bens de baixo e médio/alto teor tecnológico apreentam coeficiente consideravelmente maior que as importações de produtos primários. Embora os coeficientes das importações de média/alta tecnologia e baixa tecnologia não sejam estatisticamente diferentes, os mesmos diferem do coeficiente das importações de bens primários. Tal quadro, por um lado, corrobora o diferente impacto que o desenvolvimento do SI tem sobre a pauta de importações. Por outro, indica que esse impacto é idêntido para os bens de baixo e médio/alto teor tecnológico, o que pode refletir a preferência por variedade dos agentes, como já argumentado em outros trabalhos. Esse resultado confirma ainda o impacto desigual do SI sobre exportações e importações, impactando mais o primeiro grupo do que o segundo. TABELA 10 TABELA 11 Vetor de cointegração normalizado Vetor M1 R Y P C 1.000000 1.717556 -0,476668 -1,657507 -24,57682 (0.39096) (0.35471) (0.57384) (13.4171) Alpha -0,123852 -0,076824 (0.06616) Vetor Alpha Vetor (0.05744) -0,00445 0.014757 (0.06258) (0.07210) R Y P C 11.65589 3.876621 -2,923941 -159,5531 (2.83360) (2.65893) (4.29213) (100.528) 0.008466 -0,012111 -0,005263 -0,0111 (0.01186) (0.00801) (0.00880) (0.00989) M1 R P C 0.976416 -3,284003 -48,36801 (0.41478) (0.30779) (2.38927) (0.05551) M3 R Y P C 2.427191 1.605263 -3,420022 -93,8747 (0.89101) (0.84176) (1.35805) (31.7377) -0,01898 -0,023171 0.008581 (0.02275) (0.02427) (0.02799) Vetor C -46,92542 (0.48968) (0.37267) (2.88746) Vetor M2 P C 1.000000 -3,476762 -48,55298 (0.40279) (3.00646) 0.144958 Alpha -0,140803 0.132023 (0.05055) (0.04972) (0.04073) M3 R P C 1.000000 -0,245068 -1,68647 -35,21571 (0.48121) (0.38196) (2.94700) Fonte: Elaboração própria (2.41049) 0.191958 P (0.05009) (0.32327) (0.04865) -3,19939 (0.09506) C -48,26336 (0.05536) R Alpha -0,371381 -0,056487 P -3,356874 Alpha -0,097119 0.735072 (0.04810) M1 1.000000 0.201085 M2 (0.06543) Vetor (0.05479) 1.000000 Alpha -0,097401 -0,049252 1.000000 Fonte: Elaboração própria Vetor Vetor de cointegração normalizado 1.000000 (0.06395) M2 (0.04963) Vetor Alpha -0,033713 -0,043606 1.000000 Alpha -0,099332 TABELA 12 Vetor de cointegração normalizado Vetor M3 P C 1.000000 -2,064273 -38,23608 (0.42713) (3.18733) 0.061651 Alpha -0,318962 0.080679 (0.05946) (0.08268) (0.05167) Fonte: Elaboração própria Ao contrário do que se supunha, contudo, os vetores indicam uma relação positiva entre as importações (em geral) e as patentes. Todavia, ao observar os coeficientes reportados na Tabela 10 observa-se uma relação invertida para a magnitude dos coeficientes relacionados à proxy do SI. Ou seja, o impacto positivo do SI é maior para as importações de prodtudos primários, seguido dos produtos de baixa tecnologia, e por último os produtos de alta tecnologia. A análise passa então a ser diferente nesse modelo. Isso indica que embora o desenvolvimento do SI resulte em um aumento nas importações, esse impacto é maior nos produtos mais básicos em função da mudança estrutural que se processa com o desenvolvimento do mesmo. Um SI mais eficiente estimula o crescimento da produção de bens da alta tecnologia, reduzindo a participação das importações desses no total (crescimento relativamente menor que os demais setores), embora haja crescimento das importações em todos os setores. Entretanto, para corroborar o sentido da causalidade da relação é preciso analisar as funções de impulso-resposta e a decomposição da variância dos erros de previsão. A análise destas inovações permite a visualização das relações de curto-prazo entre as variáveis e, portanto, o estabelecimento das relações de causalidade entre as variáveis, além de permitir, conjuntamente com a decomposição da variância do erro, uma análise dos mecanismos dinâmicos de propagação dos efeitos de choques exógenos sobre as variáveis de cada modelo. Embora esses testes tenham sido realizados apenas para as importações e exportações de média/alta tecnologia, testes não reportados no presente trabalho demonstraram que as demais séries analisadas apresentam o mesmo padrão de comportamento. FIGURA 9 FIGURA 10 Orthogonal Impulse Response from m0 -0.10 0.10 -0.10 0.00 p0 0.10 0.00 -0.10 p0 0.00 m0 0.00 0.20 -0.10 m0 0.10 0.10 0.20 Orthogonal Impulse Response from p0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 95 % Bootstrap CI, 100 runs 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 95 % Bootstrap CI, 100 runs As Figuras 9 e 10 trazem os impulsos-resposta de patentes e importações de produtos de média/alta tecnologia estimadas pela equação 19. A Figura 3 demonstra que uma variação positiva nas importações de bens de média/alta tecnologia tem um impacto imediato na geração de patentes, e que à medida que caem as importações, também o fazem as patentes. Uma vez que boa parte das importações de média/alta tecnologia se refere a bens de capital, verifica-se assim a importância da assimilação tecnológica na periferia24. Essa elevação das patentes resultante de maiores importações tecnológicas provavelmente está relacionada às chamadas inovações incrementais. Por outro lado, embora o aumento das patentes nacionais tenha um impacto negativo sobre as importações de bens de média/alta tecnologia – como esperado –, esse impacto ocorre com uma defasagem de dois períodos, e em uma magnitude baixa. Isso, por um lado, demonstra que o SI brasileiro ainda é extremamente débil, de modo que não é capaz de substituir a importação desse tipo de bem25, e por outro, confirma a hipótese previamente apresentada de que a competitividade não-preço se foca na preferência por variedade e diferenciação. A análise da decomposição da variância (Tabela 13) confirma que as patentes têm baixa capacidade de explicar variações nas importações, enquanto as importações cheguem a explicar 27% da variação das patentes. 24 Vale ressaltar que a PINTEC considera a aquisição de bens de capital como inovação. Esse quadro é verificado através da analise dos dados referentes às importações e exportações segundo nível tecnológico. Tal análise é conduzida em Jayme Jr. & Resende (2009). 25 TABELA 13 Decomposição da variância - patentes x importações Inovações Modelo Período m p 1 1.00 0.00 2 1.00 0.00 3 0.97 0.03 m 4 0.97 0.03 5 0.96 0.04 10 0.96 0.04 20 0.96 0.04 1 0.05 0.95 2 0.17 0.83 3 0.24 0.76 p 4 0.23 0.77 5 0.24 0.76 10 0.27 0.73 20 0.27 0.73 Fonte: elaboração Própria Essa análise explica a relação positiva encontrada nos vetores de cointegração. Essa relação é verificada, pois a importação desses bens impacta positivamente as inovações no país. Entretanto, o impacto do aumento das patentes sobre as importações desses bens é negativo, como demonstraram as funções de impulso-resposta, e como suposto inicialmente. Tais resultados são condizentes com a abordagem da competitividade nãopreço. Segundo se argumentou, o impacto da inovação tecnológica seria assimétrico, sendo maior sobre as exportações do que sobre as importações. A manutenção de elevadas importações intra-indústria reflete a preferência por variedade e a competição não-preço – o que também é ilustrado pela pauta de importações dos países da OCDE (Jayme Jr. & Resende, 2009). A análise desses resultados demonstra claramente o impacto duplo do SI sobre as elasticidades. Tomando a Lei de Thirlwall original ( y = εz / π ), quanto maior a elasticidade-renda da demanda pelas exportações nacionais, e quanto menor a elasticidade-renda das importações nacionais, maior o crescimento. Através dos testes aqui conduzidos, demonstra-se que quanto maior o teor tecnológico da produção nacional, maior a elasticidade-renda das exportações e, por outro lado, menor se torna a elasticidade renda da importação. Entretanto, o que se verifica é que o impacto das patentes sobre as exportações é maior do que sobre as importações, o que reflete não só a debilidade do SI brasileiro, como também a característica fundamental da diversificação da demanda à medida que a renda cresce. A conclusão clara que emerge desse estudo, portanto, é que quanto maior o conteúdo tecnológico da produção nacional, maiores serão as taxas de crescimento compatíveis com equilíbrio no balanço de pagamentos, ou seja, menor a restrição externa ao crescimento. Ainda, quanto maior o desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovações, maior a capacidade do país na produção de bens de alta tecnologia, sendo esse o ponto fundamental para se alcançar crescimento mais acentuado. 5. Conclusões Ao longo deste trabalho buscou-se demonstrar que o desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação promove o relaxamento da restrição externa via modificações nas elasticidades-renda da demanda por importações e exportações. Através da Lei de Thirlwall Multissetorial verifica-se que o nível de crescimento nacional é determinado pela composição setorial da economia, a qual impacta diretamente nas elasticidades-renda das demandas por importações e exportações ( π e ε respectivamente). Maiores taxas de crescimento, portanto, estão relacionadas a uma elevada participação do setor produtor de bens de alta tecnologia, o qual estaria sujeito a maior elasticidade-renda da demanda. Tais variáveis, contudo, são usualmente tomadas como exógenas pela literatura. Entretanto, para a produção desses bens é indispensável o avanço tecnológico. Segundo o referencial neo-schumpeteriano, por sua vez, o nível de desenvolvimento tecnológico da produção nacional é determinado em função do maior ou menor desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação. A conformação de um SI eficiente promoveria o processo inovativo, proporcionando ganhos de qualidade para a produção nacional e incentivando o investimento no setor de média/alta intensidade tecnológica. Como resultado, a decorrente mudança estrutural eleva a participação dos setores mais intensivos em tecnologia nas exportações e reduz a sua participação nas importações, o que possibilita um maior crescimento compatível com a LTMS. Para corroborar tal análise, no presente trabalho foi desenvolvido uma série de testes empíricos, onde foram estimadas as elasticidades-renda para categorias tecnológicas distintas dos bens comerciáveis (tradables) brasileiros a partir de uma adaptação da classificação proposta por Lall (2001), com a reclassificação dos dados em três grupos: (i) commodities; (ii) bens de baixo teor tecnológico e manufaturas baseadas em recursos naturais; (iii) bens de média/alta tecnologia. Além disso, foi introduzida uma proxy para o desenvolvimento do SI (patentes) para analisar seu impacto sobre as importações e exportações dos bens de cada um dos setores analisados. Ao estimar por cointegração as elasticidades-renda e preço das importações e exportações segundo as diferentes categorias tecnológicas, foi possível verificar as diferenças nas taxas de crescimento compatíveis com o equilíbrio externo para cada tipo de padrão de inserção no comércio internacional. Os resultados dos testes corroboraram o referencial teórico apresentado, de forma que se confirmou que quanto maior o nível tecnológico das exportações, maior sua elasticidade-renda, sendo o mesmo observado para as importações. Desse modo, evidencia-se que maiores níveis de crescimento são obtidos ao se inserir no comércio internacional como exportador de bens de média/alta tecnologia (elevada elasticidade renda) e importador de bens de baixa tecnologia (commodities – baixa elasticidade renda), que é exatamente o padrão verificado por Jayme Jr. & Resende (2009) para os países da OCDE. O passo final do trabalho foi analisar a relação entre o desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação - captado através da proporção de patentes nacionais sobre as patentes mundiais - e o padrão de comércio. O que se verificou foi que maior desenvolvimento do SI impulsiona o crescimento das exportações de média/alta tecnologia, ao mesmo tempo em que proporciona a redução das importações desses bens. Constatou-se ainda que a magnitude desses efeitos são desproporcionais, sendo o impacto sobre as exportações mais relevante do que aquele sobre as importações, fato que pode ser atribuído à incapacidade da produção nacional de substituir a importação desse tipo de bem, o que está diretamente relacionado ao ainda baixo desenvolvimento do SI (outra explicação é a preferência por variedade que impede grande redução das importações mesmo em vista da existência de produtos similares de produção nacional). O presente artigo apresenta contribuição ao entendimento da dinâmica do crescimento econômico, uma vez que ressalta a relevância no SI como forma de influenciar as elasticidades e assim relaxar a restrição externa. Tendo como referência fundamental a importância de manter o crescimento da demanda para motivar crescimento mais acelerado, demonstrou-se aqui que a incorporação de tecnologia na produção é fundamental para manter esse processo e escapar aos problemas no balanço de pagamentos. E para tanto, é imprescindível a conformação de um aparato institucional adequado, ou seja, um eficiente Sistema Nacional de Inovação. 5. Referências bibliográficas ABRAMOVITZ, M. Catching Up, Forging Ahead, and Falling Behind, Jornal of Economic History, Nova York, v. 66, n. 2, p. 385-406, 1986. ALBUQUERQUE, E. M. National system of innovation and Non-OECD countries: notes about a rudimentary and tentative “typology”, Brasilian Journal of Political Economy, v.19, n.4, p. 76, 1999. ATESOGLU, H. S. Balance of payments constrained growth model and its implications for the United States. Journal of PostKeynesian Economics, Spring, v.19(3), 1997. BERTOLA, L.; HIGACHI, H.; PORCILE, G.; Balance-of-payments constrained economic growth in Brazil: a test of Thirlwall’s law, 1980-1973, Journal of Post Keynesian Economics, v.25, n.1, p. 123-140, 2002. CARVALHO, V. R.; LIMA, G. T. 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Anexos Tabela A.1 – AGREGAÇÃO DOS DADOS DO COMTRADE Classificação em uso Classificação original (Lall(2001)) PP LT HT PP PPBM LTM MTM 1 268 12 628 688 611 692 781 721 11 271 14 633 689 612 693 782 722 22 273 23 634 613 694 783 723 25 274 24 635 651 695 784 724 34 277 35 641 652 696 785 725 36 278 37 281 654 697 266 726 41 291 46 282 655 699 267 727 42 292 47 286 656 821 512 728 43 322 48 287 657 893 513 736 44 333 56 288 658 894 533 737 45 341 58 289 659 895 553 741 54 681 61 323 831 897 554 742 57 682 62 334 842 898 562 743 71 683 73 335 843 899 572 744 72 684 98 411 844 582 745 74 685 111 511 845 583 749 75 686 112 514 846 584 762 81 687 122 515 847 585 763 91 233 516 848 591 772 121 247 522 851 598 773 211 248 523 642 653 775 212 251 531 665 671 793 222 264 532 666 672 812 223 265 551 673 678 872 232 269 592 674 786 873 244 423 661 675 791 884 245 424 662 676 882 885 246 431 663 677 711 951 261 621 664 679 713 263 625 667 691 714 Fonte: Elaboração própria Obs: Commodities classificadas primariamente se acordo com a SITC 2. Baseado em Lall (2001), Competitiveness, Technology and Skills. Cheltenham, United Kingdom: Edward Elgar. Obs: PP=Produtos primários; PPBM=Manufaturas baseadas em commodities primárias, LTM=Manufaturas de baixa tecnologia; MTM=Manufaturas de média tecnologia; HTM=Manufaturas de alta tecnologia. HTM 716 718 751 752 759 761 764 771 774 776 778 524 541 712 792 871 874 881 Tabela A.2 Testes de Raiz Unitária Variável Termos determinísticos constante constante, tendência sem constante ou tendência p-valor ∆ ln exportações (∆x) constante ln exportações media e alta constante, tendência tecnologia (x1) sem constante ou tendência p-valor ∆ ln exportações (∆x1) constante ln exportações baixa constante, tendência tecnologia e MBPP (x2) sem constante ou tendência p-valor ∆ ln exportações (∆x2) constante ln exportações commodities constante, tendência (x3) sem constante ou tendência p-valor ∆ ln exportações (∆x3) constante ln importações (m) constante, tendência sem constante ou tendência p-valor ∆ ln importações (∆m) constante ln importações media e alta constante, tendência tecnologia (m1) sem constante ou tendência p-valor ∆ ln importações (∆m1) constante ln importações baixa constante, tendência tecnologia e MBPP (m2) sem constante ou tendência p-valor ∆ ln importações (∆m2) constante ln importações commodities constante, tendência (m3) sem constante ou tendência p-valor ∆ ln importações (∆m3) constante ln renda (y) constante, tendência sem constante ou tendência p-valor ∆ ln renda (∆y) constante ln câmbio real (r) constante, tendência sem constante ou tendência p-valor ∆ ln câmbio real (∆r) constante ln patentes (p) constante, tendência sem constante ou tendência p-valor ∆ ln patentes (∆ p) constante ln renda mundial (z) constante, tendência sem constante ou tendência p-valor ∆ ln renda mundial (∆z) ln exportações (x) ADF p=1 p=3 -1.0073 -1.0856 -1.702 -1.9001 3.1482 2.2059 -4.5247 -1.9133 -3.3928 -1.6306 -1.7285 -1.3239 3.4086 1.4461 -4.0831 -2.1703 -1.5463 -1.4435 -1.9023 -1.5597 2.4001 2.1264 -4.552 -2.508 -0.1897 -0.388 -1.5201 -1.8119 3.4335 2.3967 -4.7922 -1.6117 -0.8408 -1.6391 -2.3734 -2.2357 2.8086 3.0893 -5.4268 -3.4345 -1.0652 -1.9014 -2.2985 -3.1387 2.8889 2.6019 -4.5227 -2.7473 -0.6095 -1.448 -2.6197 -3.0147 2.3578 2.4985 -5.0339 -3.2973 -0.9294 -1.2343 -2.1366 -1.4751 1.9646 2.641 -5.8363 -3.7605 -1.2455 -1.6134 -2.3293 -2.5615 -2.5966 2.1484 -3.4504 -3.3783 -1.8862 -2.2197 -2.1321 -2.528 -1.073 -1.1633 -3.5253 -3.348 -2.7668 -1.8799 -4.388 -3.1122 -2.1557 -1.575 -7.8001 -2.6205 -1.2938 -1.5925 -1.7455 -1.396 2.8775 2.5457 -3.4193 -2.0366 PP p=1 p=3 -0.9815 -0.9713 -1.4098 -1.4612 -4.7894 -4.6535 -2.4835 -2.4958 -1.0913 -1.0937 -7.5037 -6.4918 -1.7223 -1.7207 -1.4776 -1.4891 -4.1562 -3.9967 -0.1508 -0.1512 -1.507 -1.5691 -6.2379 -6.1631 -0.7095 -0.68 -2.3846 -2.3635 -6.5959 -6.5873 -0.5777 -0.5922 -1.9597 -2.1476 -5.3069 -5.2477 -0.6711 -0.6522 -2.4366 -2.4935 -5.9736 -5.8637 -0.9105 -0.8048 -2.2766 -2.1473 -7.0592 -7.2128 -1.1976 -1.1781 -1.6692 -1.8223 -4.2903 -4.2895 -1.7124 -1.8856 -1.5413 -1.813 -4.7811 -4.901 -3.463 -3.4584 -5.594 -5.5785 -10.076 -10.81 -1.9428 -1.7883 -0.9759 -1.0934 -3.3719 -3.4036 Obs1: Os valores críticos dos testes ADF são aqueles reportados em Dickey and Fuller (1981) e Hamilton (1994). Obs2: H0 dos testes: existência de raiz unitária. Obs3: Os valores relatados referen-se à estatística tal. Obs4: A série de patentes se inicia no ano ano de 1971. Os resultados dos testes para as demais variáveis nesse período não se alteram. Valores críticos 1% 5% 10% -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 -3.6 -2.9 -2.6 -4.2 -3.5 -3.2 -2.6 -2 -1.6 -3.6 -2.9 -2.6 Tabela A.3 Seleção da ordem do VAR Elasticidade-renda de M0 Lag AIC(p) Tendência 5 Intercepto 5 Tendência e intercepto 5 Nenhum 5 Escolha Elasticidade-renda de M1 Tendência 5 Intercepto 4 Tendência e intercepto 6 Nenhum 4 Escolha Elasticidade-renda de M2 Tendência 5 Intercepto 5 Tendência e intercepto 5 Nenhum 5 Escolha Elasticidade-renda de M3 Tendência 5 Intercepto 5 Tendência e intercepto 5 Nenhum 2 Escolha Tabela A. 4 HQ(p) SC(p) 1 1 2 1 2 1 1 1 3 lags 2 2 4 2 FPE(p) 2 2 2 2 1 1 1 1 5 4 4 4 1 1 1 1 5 5 5 5 1 1 1 1 2 2 2 2 3 lags 1 5 5 1 3 lags 1 2 2 2 3 lags Obs: lag max = 6 Seleção da ordem do VAR Elasticidade-renda de X0 Lag AIC(p) Tendência 2 Intercepto 4 Tendência e intercepto 2 Nenhum 2 Escolha Elasticidade-renda de X1 Tendência 2 Intercepto 2 Tendência e intercepto 3 Nenhum 2 Escolha Elasticidade-renda de X2 Tendência 2 Intercepto 2 Tendência e intercepto 2 Nenhum 2 Escolha Elasticidade-renda de X3 Tendência 6 Intercepto 6 Tendência e intercepto 6 Nenhum 6 Escolha Obs: lag max = 6 HQ(p) SC(p) 2 2 2 2 2 2 2 2 3 lags 2 2 2 2 FPE(p) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 6 6 5 6 3 lags 2 2 2 2 3 lags 6 6 5 2 3 lags Tabela A. 5 Tabela A.6 Diagnóstico dos resíduos Diagnóstico dos resíduos - Elasticidade-renda de M Modelo JB p-valor Q p-valor ARCH p-valor 82.0855 0.1951 p = 3 24.2956 0.0004607 101.818 0.7221 0.9096 95.4263 0.03381 p = 2 19.1771 2.51E-04 99.842 0.915 100.0163 0.01617 p = 1 38.7853 7.89E-07 107.595 Elasticidade-renda de M1 62.7236 0.7742 p = 3 14.1097 0.02843 91.0622 0.9166 0.8638 69.9512 0.5464 p = 2 18.8462 4.43E-03 103.18 0.779 73.3348 0.4341 p = 1 25.1554 3.20E-04 116.412 Elasticidade-renda de M2 6.0231 0.4206 103.307 0.6857 89.8549 0.0757 p=3 95.6307 0.03276 p = 2 12.7499 0.04718 101.144 0.8932 0.8854 106.9891 0.004691 p = 1 21.5636 0.001452 110.03 Elasticidade-renda de M3 86.4326 0.1179 p = 3 24.9692 0.000346 111.948 0.4569 29.839 4.22E-05 109.363 0.7469 120.7874 0.000281 p=2 p = 1 58.9255 7.44E-11 104.191 0.9468 118.1968 0.000493 Diagnóstico dos resíduos Elasticidade-renda de X Modelo JB p-valor 6.2999 0.3904 p=3 10.8343 0.09364 p=2 9.5393 1.45E-01 p=1 Elasticidade-renda de X1 1.7535 0.941 p=3 3.8717 0.694 p=2 9.4118 1.52E-01 p=1 Elasticidade-renda de X2 5.3618 0.4983 p=3 11.212 0.08204 p=2 8.7636 0.1873 p=1 Elasticidade-renda de X3 3.0402 0.8038 p=6 2.4965 0.8689 p=3 7.6678 0.2635 p=2 Jarque-Bera (JB): teste de normalidade dos resíduos (H0: resíduos normais) Portmanteau (Q): teste para autocorrelação nos resíduos (H0: não-autocorrelação) ARCH: teste de heterocedasticidade nos resíduos (H0: homocedasticidade) Obs: Resultados referentes ao melhor modelo: com intercepto no vetor de cointegração Jarque-Bera (JB): teste de normalidade dos resíduos (H0: resíduos normais) Portmanteau (Q): teste para autocorrelação nos resíduos (H0: não-autocorrelação) ARCH: teste de heterocedasticidade nos resíduos (H0: homocedasticidade) Obs: Resultados referentes ao melhor modelo: com intercepto no vetor de cointegração Tabela A.7 Tabela A.8 Teste de cointegração Elasticidade-renda de M0 Estatísticas do teste H0 p=1 p=2 p=3 39.07 34.12 36.75 r=0 16.86 17.67 17.73 r=1 6.52 4.14 6.12 r=2 Elasticidade-renda De M1 35.81 36.47 46.42 r=0 15.37 17.59 20.99 r=1 4.79 2.35 6.07 r=2 Elasticidade-renda de M2 39.83 40.01 42.37 r=0 17.59 21.14 20.41 r=1 7.72 4.45 7.51 r=2 Elasticidade-renda de M3 44.47 39.56 35.67 r=0 18.55 19.34 15.69 r=1 5.05 8.44 6.87 r=2 Teste de cointegração Elasticidade-renda de X0 Estatísticas do teste H0 p=1 p=2 p=3 36.44 40.27 48.21 r=0 9.7 11.87 16.46 r=1 2.98 2.17 4.79 r=2 Elasticidade-renda de X1 45.69 61.08 51.54 r=0 20.41 29.3 20.8 r=1 6.53 7.21 4.47 r=2 Elasticidade-renda de X2 40.84 41.87 40.64 r=0 12.19 13.65 15.28 r=1 5.28 5.33 5.31 r=2 Elasticidade-renda de X3 34.02 49.86 80.43 r=0 9.59 14.75 36.36 r=1 1.55 2.33 17.59 r=2 Valores críticos 90% 95% 99% 32 34.91 41.07 17.85 19.96 24.6 7.52 9.24 12.97 32 17.85 7.52 34.91 19.96 9.24 41.07 24.6 12.97 32 17.85 7.52 34.91 19.96 9.24 41.07 24.6 12.97 32 17.85 7.52 34.91 19.96 9.24 41.07 24.6 12.97 Q 105.107 98.5533 104.955 p-valor 0.6397 0.924 0.9406 ARCH 76.529 59.0846 82.9702 p-valor 0.3354 0.8626 0.1771 90.9865 96.6295 83.0726 0.9175 0.9424 0.9994 59.843 51.5521 78.4628 0.8461 0.9672 0.2815 109.938 90.9576 90.6287 0.5107 0.9777 0.9958 72.3643 68.3158 86.4695 0.4658 0.6012 0.1174 99.9439 101.418 99.2726 0.113 0.7316 0.9162 65.6792 67.873 82.3719 0.6869 0.616 0.1892 Valores críticos 90% 95% 99% 32 34.91 41.07 17.85 19.96 24.6 7.52 9.24 12.97 32 17.85 7.52 34.91 19.96 9.24 41.07 24.6 12.97 32 17.85 7.52 34.91 19.96 9.24 41.07 24.6 12.97 32 17.85 7.52 34.91 19.96 9.24 41.07 24.6 12.97 Obs1: resultados referentes ao modelo com intercepto no vetor de cointegração. Obs1: resultados referentes ao modelo com intercepto no vetor de cointegração. Obs2: resultados referentes ao teste do traço. Obs2: resultados referentes ao teste do traço. Obs3: Os valores críticos do teste do traço referem àqueles em encontrados Obs3: Os valores críticos do teste do traço referem àqueles em encontrados em Johansen (1995). em Johansen (1995). Tabela A. 9 Teste da razão de verossimilhança Setor m0 m1 m2 m3 m0 teste 10,98 8,52 6,63 m1 p-valor 0 0,01 0,04 teste 7,7 6,35 6,63 m2 p-valor 0,02 0,04 0,04 teste 7,77 3,36 6,63 m3 p-valor 0,02 0,19 0,04 teste 7,92 11,14 8,55 - p-valor 0,02 0 0,01 - Obs: A hipótese nula do teste estabelece que os coeficientes sob restrição (elasticidade-renda das importações) são iguais nos modelos representados em cada linha e coluna Fonte: Elaboração própria Tabela A. 10 Teste da razão de verossimilhança Setor x0 x1 x2 x3 x0 teste 8,09 5 6,28 x1 p-valor 0,02 0,08 0,04 teste 5,72 5,07 6,28 x2 p-valor 0,06 0,08 0,04 teste 5,73 8,08 6,28 x3 p-valor 0,06 0,02 0,04 teste 5,71 8,1 5,05 - p-valor 0,06 0,02 0,08 - Obs: A hipótese nula do teste estabelece que os coeficientes sob restrição (elasticidade-renda das exportações) são iguais nos modelos representados em cada linha e coluna Fonte: Elaboração própria Tabela A.11 Seleção da ordem do VAR Cointegração X1 - Patentes Lag AIC(n) Tendência 4 Intercepto 3 Tendência e intercepto 3 Nenhum 4 Escolha Cointegração M1 - Patentes Tendência 2 Intercepto 2 Tendência e intercepto 2 Nenhum 3 Escolha HQ(n) SC(n) 4 3 3 1 1 1 4 4 3 lags 2 2 2 2 1 2 1 2 FPE(n) 4 3 3 4 2 2 2 3 3 lags Obs: lag max = 6 Tabela A.12 Teste de cointegração Cointegração X1 - Patentes Estatísticas do teste H0 p=1 p=2 p=3 28.1 19.17 15.27 r=0 11.24 3.84 3.87 r=1 Cointegração M1 - Patentes 36 24.63 28.08 r=0 4.65 3.55 7.01 r=1 Valores críticos 90% 95% 99% 17.85 19.96 24.6 7.52 9.24 12.97 17.85 7.52 19.96 9.24 24.6 12.97 Obs1: resultados referentes ao melhor modelo estimado: com constante no vetor de cointegração. Obs2: resultados referentes ao teste do traço. Tabela A.13 Diagnóstico dos resíduos Cointegração X1 - Patentes Modelo JB p=3 1.08 p=2 3.9073 p=1 3.0735 Cointegração M1 - Patentes p=3 1.8207 p=2 2.8228 p=1 2.1818 p-valor 0.8974 0.4187 0.5456 Q 36.4332 38.3255 50.4765 p-valor 0.9244 0.9473 0.7481 LM 1.96 0.02 2.5 p-valor 0.16 0.88 0.11 ARCH 14.4443 4.4453 11.2545 p-valor 0.6997 0.9995 0.8832 0.4024 0.5879 0.7024 35.1853 35.8017 43.1879 0.9442 0.9734 0.9265 6.77 3.3 4.2 0.01 0.07 0.04 26.9746 11.8251 11.6085 0.07947 0.8561 0.8668 Jarque-Bera (JB): teste de normalidade dos resíduos (H0: resíduos normais) Portmanteau (Q): teste para autocorrelação nos resíduos (H0: não-autocorrelação) Breusch-Godfrey (LM): teste para autocorrelação nos resíduos (H0: não-autocorrelação) ARCH: teste de heterocedasticidade nos resíduos (H0: homocedasticidade) Obs: Resultados referentes ao melhor modelo: modelo com intercepto no vetor de cointegração