Relatório do Segundo Semestre / 2009
Turma do Tigre – TCT
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Turma:
ALICE, ANGELO, ANTONIO, BERNARDO
CAROLINA, CLARA, GABRIEL,
GUILHERME, JOAO FELIPE, JOAO PEDRO B,
JULIA, PEDRO
RAFAEL C,RAFAEL E, SOFIA L
SOFIA P, TOMY e TULIO
Professores e Auxiliares nas Turmas:
Turma do Jabuti: Nazareth, Fernanda e Cida
Turma do Arco-Íris: Alessandra e Carina
Turma do Tigre: Ricardo e Marina
Turma do Coração: Natália e Luciana Saldanha
Música: Jean
Expressão Corporal: Roberta e Renata
Direção:
Tetê, Paula e Vanessa
Secretaria:
Andréia e Viviane
Auxiliares
Maria, Erick, Joilson, Sandra e Cida
AS MORADIAS NO TEMPO
Nossas crianças retornaram das férias
saudosas, querendo rever os amigos e
continuar suas incursões no universo das
brincadeiras e do conhecimento. Impossível não perceber o quanto elas estiveram
integradas, umas com os outras, e comprometidas com a difícil e prazerosa missão das crianças: crescer.
A Turma do Tigre é muito interessada e
curiosa. Gosta de ser desafiada e embarca, com vontade, nas propostas dos professores.
Neste semestre a turma mudou um pouco a sua configuração. Saíram o João Nucci e o Rafael Braga e recebemos um novo
amigo, o Rafael Martins, vindo da TDM.
Passado o primeiro momento do reencontro com os novos e velhos amigos, as crianças já estavam motivadas e curiosas
para saber o que iriam estudar e começamos nossas discussões a respeito de um
novo projeto.
No final do primeiro semestre, havíamos
esboçado uma conversa sobre um possível tema. Como as sugestões foram muitas, resolvemos partir de onde tínhamos
parado: nas moradias dos homens primitivos, de sua estabilização em um determinado local e construção de suas cabanas.
Dado este pontapé inicial, as discussões
fluíram intensas. Para que eles construíam
essas cabanas? Para que serve uma moradia? E hoje, quem constrói as casas em
que moramos? Quem foram os primeiros
arquitetos? Foram questões levantadas na
turma que, por sorte, possui vários filhos
de arquitetos e engenheiros. As crianças
contribuíram bastante para as discussões
e, assim, concebemos o nosso novo projeto.
Para começar, fomos a uma exposição
no Museu do Folclore chamada "Proteja
esta casa", com fotos de Francisco Moreira
da Costa, que reunia imagens de interiores
de casas de diversas localidades do país.
Em um primeiro momento trouxemos a
moradia das próprias crianças para compartilhar nossas impressões e dividirmos
com os amigos. A primeira pesquisa para
casa foi que fotografassem espaços significativos de suas casas. Foi um exercício
maravilhoso refletirem sobre o espaço de
casa e seus habitantes, pensar sobre a
própria identidade e dividi-la com o grupo.
Ficamos entre a "casa particular" e a
"casa escola" e, neste percurso, adotamos
o livro "Conexões! Construções", de Caroline Grimshaw, que nos forneceu muitas
informações sobre a evolução histórica dos
diferentes tipos de construção e suas características decorrentes da diversidade
cultural e climática e sobre os profissionais
envolvidos nessa atividade. Assim, na me-
dida em que caminhávamos com as descobertas no nosso livro, dúvidas iam surgindo e, com elas, o desafio de esclarecêlas.
Vimos que os arquitetos são pessoas
que projetam - e para as crianças, pessoas
que inventam - as construções, e passamos a nos aproximar desse universo profissional. Para melhor ilustrar, recebemos a
visita da arquiteta Maria Lucia, mãe da Sofia Pecly, que nos contou sobre a arquitetura na prática. Com ela fizemos uma oficina de montagem de pequenas maquetes
que foi uma experiência muito instigante
para os pequenos.
Trabalhar o nosso projeto tendo como
pano de fundo o Projeto Institucional sobre
o Tempo possibilitou o trânsito por moradi-
as de diferentes locais e épocas, tendo
sempre informações curiosas.
Começamos nossas viagens no tempo
quando levantada na rodinha a seguinte
questão: “Por que as pessoas começaram
a construir com pedras?”. Nossa primeira
parada foi nos castelos medievais. Vimos
que os construtores dos castelos eram figuras importantes na época, “quase artistas”, como disse uma criança ao descobrir
que alguns deles esculpiam suas assinaturas em cada pedra, para registrar sua autoria. Fizemos um passeio encantador ao
castelinho da Ilha Fiscal e conhecemos
histórias curiosas sobre sua construção.
Uma vez eleita uma moradia representativa, tentamos explorá-la ao máximo. Quisemos descobrir quem foram os morado-
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res e alguns dos seus costumes, como
eram feitas as construções, quais materiais
eram usados e quem eram os trabalhadores.
DOS CASTELOS DE PEDRA
ÀS CASAS DE BARRO.
Lemos que existem casas de algumas
tribos africanas que são construídas pelos
próprios moradores utilizando tijolos de
barro. Estas casas são feitas do mesmo
jeito há centenas de anos. Pronto! Foi informação suficiente para que os pequenos
embarcassem no desafio de construir a
"casa própria". Para nos ajudar, recebemos a visita da Isabela, mãe do Gabriel,
que nos ensinou a preparar tijolos de barro
e levou as crianças a colocarem as mãos e
pés na massa.
Nessa etapa do processo, pudemos enfatizar a ideia do Tempo. Para se fazer
uma casa foi preciso cumprir algumas etapas, cada uma em um tempo, que deveria
ser respeitado. Separamos o material para
fazer os tijolos, preparamos a mistura até
formar uma massa uniforme e colocamos
na fôrma. Depois, tivemos que esperar o
tempo dos tijolos secarem, desenformar e
fazer mais até conseguirmos uma quantidade suficiente pra iniciarmos a construção. Um processo lento e contínuo.
Em paralelo à produção de tijolos, seguimos com o projeto das moradias. Pensamos sobre o que faltaria em nossa casa
quando ela estivesse pronta. As crianças,
atentas e sensíveis, disseram muitas coisas, mas uma foi quase unânime: faltava
um jardim.
Ganhamos emprestado da Isabela, mãe
do Gabriel, um precioso livro com belas
imagens de jardins japoneses e que conta
um pouco dessa tradição tão significativa
para aquele povo. Após mostrarmos o Palácio Katsura, uma importante edificação
japonesa datada do Século XVII, e que
preserva um belo jardim, tivemos a visita
da Kaori, mãe da Alice, que nasceu no Japão e nos mostrou um pouquinho de al-
guns costumes de lá.
Outro dia embarcamos em uma história
que contava as aventuras de Oscar, personagem que voa na imaginação desenhando coisas diferentes, inspirado na natureza
e no dia a dia da vida. Esse livro se chama
"Oscar, arquiteto de sonhos", de Neide
Duarte e Mércia Leitão, e o menino do conto é, na verdade, o Oscar Niemeyer. As
crianças, depois que souberam de quem
se tratava, ficaram apaixonadas pela figura
do velhinho que, muito sabido e importante, fez tantos trabalhos bonitos ao longo da
vida. Com a ajuda de Maria Pia, mãe do
João Felipe, conseguimos marcar uma
visita à Fundação Oscar Niemeyer, na Casa das Canoas. Conhecer de pertinho uma
casa que ele projetou e morou foi simplesmente inesquecível.
Para finalizar nossas andanças, pegando carona nos traços “futuristas” de Niemeyer, saímos de moradias construídas no
passado e começamos a pensar sobre
como serão as casas no futuro. Nesse momento o filme dos Jetsons inspirou nossas
conversas. Trouxemos o conceito de sustentabilidade, observado pela estudiosa
Sue Roaf como uma das ideias que se tem
hoje para as construções do futuro, e discutimos sobre como seria uma casa dentro
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dessa perspectiva. Resolvemos, então,
fazer um “telhado verde” para nossa casinha de tijolos e, com isso, plantamos uma
sementinha na imaginação de nossas crianças que serão regadas daqui para a
frente.
O tempo não nos deu tempo e o ano
terminou num piscar de olhos. Depois de
visitarmos lugares e conhecermos modos
de viver tão diferentes, percebemos como
esse grupo foi competente. As crianças
souberam aproveitar todas as propostas
que surgiram, explorar com empenho as
atividades de artes, encararar com coragem os desafios da língua, da matemática,
entre outras áreas do conhecimento. Principalmente, aprenderam se divertindo,
brincando e sendo felizes.
Nos despedimos dessa turma com saudade da união, do carinho e da amizade
dessas crianças. Foi muito prazeroso acompanhar, de pertinho, tantas conquistas
individuais que se somavam no todo.
EXPRESSÃO CORPORAL
Entre abraços saudosos e muitas novidades, alongamos e estudamos diferentes
posturas corporais. Trabalhamos com dinâmicas distintas os conceitos que fundamentam nosso trabalho de corpo: ritmo,
espaço, esquema corporal e qualidade de
movimento.
Ao nos aproximarmos do projeto da turma, fizemos uma analogia entre o corpo e
uma casa e assistimos a duas animações.
A primeira, "A casa", de Alexandre Zapletal
e Pinna Mapphei, nos levou à utilização de
caixas de papelão para brincarmos de
construtores que também interferiam na
construção alheia. Com a segunda, "A faxina", de Lubomir Bennes, realizamos uma
verdadeira faxina na casa de caixas de
papel construída no salão. Em seguida
ouvimos a história "A limpeza de Teresa",
de Sílvia Ortoff, e munidos de vassouras,
rodos, esponjas, baldes, com as calças e
mangas arregaçadas e sempre observando os cuidados necessários com o corpo,
faxinamos o pátio da frente. Uma delícia!
A farra mesmo ficou por conta de uma
surpresa: uma enorme casa de caixas e
tecidos construída no salão para que as
crianças explorassem os espaços e as relações de dentro, fora, ao lado, perto, longe, em cima e embaixo.
Assistimos ao espetáculo "Casa", de
Débora Colker. Com ele as crianças foram
instigadas a perceber os diferentes cômodos e gestuais que são frequentemente
utilizados em casa e que foram transformados em dança. Em um segundo momento,
transformamos o ato de bater um bolo em
uma pequena célula coreográfica. Admirados com o resultado, cada criança escolheu o cômodo predileto de sua casa e nos
apresentou o gestual que costuma fazer
ali. Depois, juntamos a nossa pequena
célula, os gestos transformados das crianças, a trilha do espetáculo e arrematamos
com um gostoso banho de chuveiro transformado em movimento estético. Incrível
como esse trabalho inspirou nossas crianças! Ficamos muito felizes com a composição.
Depois de tantas construções, encerramos o ano ensaiando a coreografia para a
festa de fim de ano. Nossos pequenos tra-
balharam muito e nos deixaram orgulhosos
durante todo o ano!
MÚSICA
Começamos o semestre conhecendo,
através de um curta de Humberto Mauro, a
música cumulativa "A Velha a Fiar". Esse
tipo de música propõem um desafio à memória, pois começa curta e, à medida que
se canta de novo, sua letra e melodia vão
ficando maiores. O filme, em preto e branco, mostra a vida numa fazenda.
“Estava a velha em seu lugar / Veio a
mosca lhe fazer mal / A mosca na velha
e a velha à fiar”
Assistimos, também, a versão "A Vó a
fiar" da série Cocoricó.
Como a turma se propôs a conhecer os
diversos tipos de moradia e suas transformações no tempo, fomos entrando em
contato com um repertório que ficou na
cabeça.
“A casa do homem / A caverna do leão / A concha do caramujo / O ninho do
gavião / Todo bicho tem sua casa / Todo
bicho tem seu chão”.
E nesse forró da cumeeira, de Ana Moura, pudemos ter certeza que, dividindo o
trabalho de se levantar uma casa com a
ajuda de vizinhos e parentes, fica bem
mais fácil ter onde morar. Mesmo que a
casa saia torta ou engraçada.
“Quem mora na casa torta / sem janelinha e sem porta / ... / Quem mora na
casa quem / Inventa depressa alguém /
Que desenhe janela e porta / Na minha
casinha torta”.
Também trabalhamos, com nossos instrumentos de percussão, a música "Ora
Bolas", que sai da perspectiva da bola no
pé de um menino até chegar no planeta
Terra, que é uma bola que rebola lá no
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céu.
“Quem é esse menino? / Esse menino
é meu vizinho / Onde que ele mora? /
Mora lá naquela casa / Onde está a casa? / A casa está na rua / Onde está a
rua? / Está dentro da cidade”.
Fizemos um jogo rítmico com os instrumentos dividindo a turma em dois grupos,
reforçando as perguntas e as respostas da
canção.
Conhecemos a casa na atualidade e
suas necessidades.
“A casa quando acorda / Quer água /
Quer luz / Quer gás / Se a cidade não se
vira / Ai que pirraça a casa faz”.
Parece até que a Ana estava prevendo
os apagões. E, no escuro, às vezes a casa
lembra até casa mal assombrada! Sonorizamos e seqüenciamos, com os instrumentos, uma história de casa mal assombrada. Lata-trovão, portas rangendo e batendo, gritos de susto, blocks batendo dentes, enfim toda sorte de efeitos foram realizados pelos nossos sonoplastas. Lembramos, também, a casa de farinha, que apesar do nome não é feita de farinha.
“Mandei fazer uma casa de farinha /
Bem maneirinha que o vento possa levar / Passa o sol / Passa a chuva / Passa o vento / Só não passa o movimento
do cirandeiro à rodar”
Para um olhar mais futurista, lembramos
da música "Minha Cabeça", de Ana Moura,
que fala dos utensílios domésticos que já
são comuns à nossa realidade moderna,
mas apresenta a figura do robô trazendo o
pão e o jornal para os seus moradores.
Vamos esperar para ver o que essas
feras estão aprontando para a Festa de
Encerramento.
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