Os arquivos das casas-museu em Portugal:
um diagnóstico preliminar
Paulo Eduardo Guimarães
Departamento de História. Universidade de Évora
[email protected]
Laurinda Paz
Câmara Municipal de Portimão
[email protected]
Resumo
Este estudo reflete na relação entre os museus e os seus arquivos, com base em
dados colhidos em treze casas-museu existentes em Portugal. Procede ao
reconhecimento dos acervos custodiados pelas casas-museu e atenta na forma como
os seus profissionais compreendem, usam e têm valorizado esse património. A partir
de um inquérito indireto e do conhecimento empírico aprofundado de alguns casos,
revela-se uma realidade bastante diversificada no que diz respeito à existência e às
características dos acervos, ao seu uso e valorização no contexto do trabalho museal,
à perceção da sua função pelos seus técnicos e pelas entidades que as tutelam.
Embora os documentos de arquivo integrem as coleções museais e sejam
considerados por vezes fundamentais para a atividade do museu, verifica-se, na
prática, uma subalternização dos arquivos e da sua função no quadro destas
instituições.
Palavras-chave:
Arquivos de Casas-Museu
(Portugal
–
século
XX); Coleções
documentais (casas-museu); Atitudes e práticas profissionais
Abstract
This study reflects on the relationship between museums and their archives, using
data from thirteen historical house museums in Portugal. We consider the collections
under custody of this type of museums and how their professionals understand, use
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
and valued these assets. The record survey and empirical knowledge in some cases
shows that the collections are of different types, and diversified their use and
exploitation in the context of the museums’ activities. The perception of their role by
the technical staff and by the entities that manage them are also described. Although
historical records very often integrate the collections of historical house museums
and they are considered essential for the activity of the museum, in practice the
archival work is also often neglected.
Key-words: Museum’s archives (Portugal – 20th century); Collections (House
Museums); Professional practices and attitudes
Apesar do interesse atual dos profissionais de arquivo e dos museus pelo
desenvolvimento dos sistemas de informação nas instituições de memória e patrimoniais,
continuam a ser mal conhecidos os arquivos custodiados pelas instituições museológicas em
Portugal. Pouco sabemos sobre a sua natureza, a sua organização, o seu estado de
conservação, as condições de segurança, as condições de acesso pelo público, os
instrumentos de pesquisa e a sua função concreta nessas organizações. A visibilidade
pública desses fundos e coleções é ainda escassa e encontra-se dispersa em apontamentos
breves, quase sempre lacónicos na descrição do seu conteúdo. 1 O Portal Português de
Arquivos não fornece essa informação e a página na web do Instituto dos Museus e da
Conservação apenas nos permite vislumbrar a diversidade dos arquivos, coleções e espólios
que integram ou que se encontram associados aos museus que tutela ou vem apoiando.
No entanto, os museus contêm frequentemente algum tipo de arquivo ou de coleção
documental, que vai muito para além da documentação diretamente relacionada com as
coleções museais que exibem2. E nem sempre o vínculo institucional ou orgânico entre os
fundos documentais e o museu é imediato ou evidente para o público 3. Acontece, por vezes,
que o museu se constitui como uma instituição da memória que dá entidade a uma região e,
por essa via, acaba por desempenhar um papel relevante na salvaguarda do seu património
documental. O Centro de Documentação do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira
Interior, por exemplo, integra atualmente 19 fundos de arquivos empresariais daquela
região, 6 fundos de arquivos corporativos da fileira dos lanifícios, 10 arquivos pessoais e
familiares, para além do arquivo da Associação Comercial e Industrial da Covilhã 4. O museu
acabou assim por incorporar uma parte substancial do património histórico documental
associado à memória da lã naquela região.
A partir meados da década de 1980, a onda de desindustrialização no país, que
vitimou antigas empresas industriais, foi responsável por algumas intervenções bemsucedidas que conduziram à musealização daqueles espaços e à salvaguarda de arquivos
empresariais5. Nos casos bem resolvidos, a abordagem holística ao património material e
imaterial da indústria articulou e manteve a unicidade existente entre a organização
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
80
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
produtiva e empresarial, os meios de produção, as ferramentas e máquinas-ferramentas, os
espaços vividos no espaço fabril, de memória recente, e a informação registada. A fronteira
entre o objeto de museu e a peça de arquivo esbate-se nestes contextos, sem que seja clara,
a coerência na gestão informacional daquele conjunto6.
A museologia realça o processo de documentação das suas coleções, o tratamento de
dados provenientes dos fundos dos museus, nos documentos escritos que informam, e que
provam a autenticidade e a propriedade dos artefactos que compõe esses fundos7. A
separação entre as unidades de informação e os objetos museais reunidos artificialmente e
exibidos de forma descontextualizada encontra-se na génese dos museus (Bennett, 1995;
Findlen, 1980). A evidência empírica parece sustentar a hipótese de haver uma tendência,
por parte dos museus e dos seus profissionais, para secundarizar a documentação histórica
que acabam por custodiar, quando não cedem à tentação de depositar essa documentação
em instituições arquivísticas, perdendo-se o elo entre o trabalho museal e a valorização do
património documental.8. Em suma, importa identificar nesta abordagem também atitudes,
as práticas e os usos dados pelos profissionais aos arquivos e coleções custodiados por
museus.
Está fora das nossas possibilidades proceder a uma análise em extensão a todos os
museus portugueses e, por isso, centrámos a nossa atenção nos arquivos das casas-museu.
Desta forma delimitámos um universo que consideramos relevante para a observação dessas
práticas. As casas-museu combinam um conjunto de características que as colocam numa
posição mais desfavorável para a valorização documental do que os museus de grande e de
média dimensão. São entidades que dispõem quase sempre de escassos recursos técnicos,
humanos e financeiros e que, por isso, têm um funcionamento frequentemente precário ou
uma atividade menos regular ao longo do tempo. O número de visitantes é frequentemente
muito baixo e têm uma localização que nem sempre as favorece. Apesar disso, os fundos e
as coleções documentais que custodiam são bastantes diversificados (v. infra)9.
O duplo objetivo deste texto é, em suma, o de proceder ao reconhecimento dos
arquivos custodiados pelas casas-museu existentes em Portugal e de descrever a forma
como os seus profissionais compreendem, usam e têm valorizado esse património. Para isso
servimo-nos dos dados apurados no Inquérito Documental à Casas-Museu em Portugal
(IDCM/P, 2012), de alguns estudos e recursos informacionais disponíveis na Web, bem como
da nossa observação direta e participante10. Mais do que apresentar resultados exaustivos
ou definitivos, procurou-se tipificar contextos, comportamentos e identificar algumas
questões emergentes do pronto de vista arquivístico.
Quadro conceptual e referências históricas
As casas-museu ou as casas históricas musealizadas são edifícios que foram
destinados prioritariamente à habitação e que, devido ao valor histórico atribuído, a
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
81
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
sociedade civil ou o Estado decidiram patrimonializar, conservando-os ou restaurando-os, e
dando-lhes um novo fim como museu11. O seu valor histórico é frequentemente dado pela
qualidade da pessoa ou da família que habitou a casa, pelo seu valor arquitetónico, pela
qualidade das coleções e objetos museais que exibe, enfim, pelos valores e pela memória
que defende (Butcher-Younghans, 1993; Kanawati, 2006). Nos Estados Unidos da América
representa o tipo de museu mais numeroso, estando diretamente associado aos valores do
patriotismo norte-americano. A casa-museu é uma instituição que nasce do elitismo
burguês e republicano, que celebra presidentes, escritores, artistas, cientistas, grandes
empresários, notáveis, políticos, gente famosa, enfim, heróis numa conceção romântica da
História. Começou por cultivar os valores do indivíduo e do individualismo, do sucesso social
e também os valores da família e do modelo de vida familiar burguesa. Porém, a partir da II
Guerra Mundial, este quadro diversifica-se. Na Grã-Bretanha verifica-se um movimento de
musealização e de abertura ao público de antigos palácios, propriedade da aristocracia
terratenente, enquanto, por outro lado, a democratização da vida social trouxe consigo a
valorização de um olhar para baixo. Nos E.U.A., “it is now becoming possible for visitors to
see how a coal miner and his family might have lived in a shack in Pennsylvania or where
domestic servants lived on the great estate of an industrialist or how enslaved people carried
out their lives on antebellum plantations” (Butcher-Younghans, 1993, p.6). Enfim, as casasmuseu tornam-se também espaços que visam transmitir novas ideias e valores, preservar
memórias, celebrar identidades, enfim, educar pela experiência efémera da vivência da
intimidade de um espaço.
Esta diversificação genética conduziu recentemente a um esforço de classificação das
casas-museu pela Comissão Internacional para a Conservação e Gestão das Casas-Museu do
ICOM (Demhist, sigla em inglês)12. Foram propostas 9 classes ou tipos de casas-museu, a
saber: (1) Casas de Personalidades (de escritores, artistas, músicos, políticos, heróis
militares, etc.); (2) Casas de Coleção (casa de um antigo colecionador que é usada para
mostrar a sua coleção); (3) Casas Estéticas (quando a principal razão para a sua
musealização é a própria casa vista como obra de arte); (4) Casas Históricas (casas que
celebram um acontecimento histórico que teve lugar na ou através da casa); (5) Casas de
Comunidade (casas-museu estabelecidas por uma comunidade local como um meio de
referência para a sua identidade histórica e cultural); (6) Casas Antigas (casas rurais da
nobreza ou pequenos castelos abertos ao público); (7) Casas de Poder (palácios e grandes
castelos); (8) Casas do clero (casas de habitação do clero); (9) Casas Humildes (casas de
arquitetura vernácula que refletem um tipo de vida perdido ou uma antiga forma de
construção) (Bryant & Behrens, 2007; Ponte, 2007, pp. 25-30; Gomes, 2012).
Um universo de contornos difusos
As casas-museu em Portugal definem um universo de contornos difusos que torna
difícil uma quantificação exata.13 Nem todas as entidades museais que receberam o título de
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
82
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
“casa” ou “casa-museu” correspondem a museus desse tipo ou sequer têm um número
mínimo de requisitos para serem consideradas um museu. Faltam-lhes frequentemente
visibilidade, nomeadamente na Web, e têm uma existência precária14. Neste contexto, foi
possível identificar 89 casas-museu em Portugal (continente e ilhas). O IDCM/P (2012),
inquérito indireto dirigido a essas instituições, reuniu respostas de 35 entidades. A lista das
unidades museais sem resposta encontra-se em anexo (tabela 4) e revela o peso das Casas
Humildes ou casas etnográficas. Das entidades com acervos patrimoniais que não
responderam ao inquérito encontram-se as Casas-Museu Egas Moniz, Manuel Mendes, José
Fernandes Mascarenhas, Abel Salazar, Teixeira Lopes e a Casa Estúdio Carlos Relvas15.
Essa sondagem mostrou que, em Portugal, se verificou nas últimas décadas um
grande aumento de casas humildes, que celebram modos de vida passados de gente do
povo16. Se deixarmos de fora este grupo, onde não é muito frequente a constituição de
coleções documentais, verificamos que na lista das casas-museu predominam as casas de
personalidades e as casas de coleção (tabela 3). A cronologia das casas-museu que dispõem
de arquivos (30 casos), mostra que a maior parte é constituída a partir da década de 1980.
Assim, as mais antigas, em número de três, foram criadas nas décadas de 1930 e 1940. Nas
décadas de 1960 e de 1970 foram criadas 10. Nas duas décadas seguintes foram criadas
mais 12 e, já neste século, mais 6.
A origem destas instituições encontra-se geralmente no desejo de perpetuação da
memória de uma personalidade, de uma família, a unidade de uma coleção de arte e/ou a
integridade da casa. A iniciativa partiu, em alguns casos, do proprietário que, desta forma,
acumulou os papéis de benemérito e de homenageado. A amostra constituída revelou que,
em 60 por cento dos casos, as casas-museu foram instituídas por vontade dos doadores.
Para além de perpetuar o nome de um homenageado ou família, uma parte significativa
revela a intenção de manter reunidas e preservadas coleções de arte e de artefactos de valor
constituídos, como foi o caso das doações de Francisco de Almeida Moreira, de José Relvas,
do Anastácio Gonçalves, de António de Almeida, de Frederico de Freitas e de António de
Medeiros e Almeida.
Atendendo apenas às instituições que responderam ao inquérito documental
(IDCM/P, 2012) verificamos que a maioria das personalidades homenageadas viveu entre
meados do século XIX e meados do século XX, foram membros de uma elite cultural e
partilharam alguns espaços de sociabilidade estruturantes da nação. Grande número
frequentou a Universidade de Coimbra como Manuel de Arriaga, José Relvas, Fernando
Namora, Afonso Lopes Vieira, entre outros. Outros tiveram ligações ao movimento
republicano como José Relvas, Leal da Câmara, Guerra Junqueiro, Aquilino Ribeiro e Manuel
de Arriaga. Compartilhavam, por isso, interesses e valores estéticos, o gosto pela arte e uma
atenção ao património como Anastácio Gonçalves, José Relvas, Egas Moniz, Reynaldo dos
Santos e Almeida Moreira. Entre vários é possível reconhecer relações de amizade, como foi
o caso de José Relvas, Almeida Moreira, Afonso Lopes Vieira e Reynaldo dos Santos.
Em suma, este conjunto de casas-museu é fortemente marcado pelas instituições de
tipo 1 e 2. Elas homenageiam artistas (7 casos), médicos (6), escritores e poetas (6),
professores (5), grandes empresários e/ou proprietários (7), colecionadores de arte (10),
gente que se notabilizou no exercício de cargos políticos e administrativos (7). Nesta lista
predominam os membros duma elite gerada pela sociedade burguesa e onde é expectável
encontrar nos seus acervos registos das múltiplas atividades que desenvolveram e dos
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
83
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
papéis sociais que assumiram17. Ora, os espólios de personalidades destacadas no
panorama cultural, artístico, científico e político português revelam-se também importantes
para o estudo das suas personalidades, do seu percurso, da sua produção intelectual e
artística e para o conhecimento de redes sociais, da época em que viveram e das relações
com outras personalidades. Nessa perspetiva, estes espólios podem ser estratégicos para a
conceção e valorização da casa-museu, inscrevendo-se no seu plano de ação.
A tutela destas instituições ficou a cargo de poderes públicos em 19 casos, com
destaque para os municípios. Apenas 28,6 por cento das entidades que responderam ao
inquérito estão tuteladas por entidades privadas (8 fundações e 2 particulares) e, num caso,
por uma associação.
No que respeita aos recursos humanos que dispõem, são as casas-museu tuteladas
por entidades privadas que detêm o maior número de trabalhadores. Em 6 casos, não
existem técnicos com formação superior e 10 contam apenas com 1 técnico superior. A
importância do arquivo para o desenvolvimento da atividade museal parece ser muito
subestimada pois, no conjunto, 16 casas-museu não tinham qualquer funcionário afeto ao
arquivo,
10
tinham
1
funcionário
e
apenas
4
tinham
dois
funcionários
com
responsabilidades nessa área. A sua atividade na área documental incide no inventário,
concebido fundamentalmente como instrumento de controlo documental. Assim, todas as
casas-museu que responderam ao inquérito tinham as suas coleções inventariadas, embora
em 9 casos este existisse apenas em suporte papel. É também frequente guardarem
inventários mais antigos, anteriores ou realizados no contexto da musealização. No entanto,
apenas 17 instituições referiram conservar a documentação que deve acompanhar os
processos de transformação das casas em museus. Tal como sucede com outra
documentação de arquivo, ela acaba por vezes nos arquivos das instituições que as tutelam
como sucede com a Casa-Museu José Régio, de Vila do Conde.
Apesar da menor atenção dada aos seus arquivos patrimoniais, as coleções das
casas-museu que se encontram expostas ao público integram quase sempre documentos de
arquivo (23 casos), livros ou outros documentos existentes em biblioteca (22) e fotografias
(17 casos). Entre os objetos museais mais mostrados encontramos as pinturas (25), as
esculturas (21), os desenhos (18), as gravuras (17), os objetos de arte decorativa (18) e os
artefactos arqueológicos (6).
Âmbito e conteúdo
A documentação que podemos encontrar nas casas-museu pode ser divida nas
mesmas quatro categorias que existem ou devem existir em qualquer instituição
museológica: (a) documentação, independentemente do tipo ou formato, incorporada nas
coleções museológicas por oferta, aquisição ou empréstimo; (b) documentação de arquivo
depositada no museu por outras entidades legalmente constituídas; (c) documentos
associados às coleções museológicas; (d) documentos administrativos que resultam da sua
atividade (Reino Unido. SCAM, 2002).
A documentação que se pode encontrar mais frequentemente nos acervos das casasmuseu pertence às duas últimas categorias. Neste caso, as situações são muito díspares, a
começar pela dimensão do acervo. Assim, o mais pequeno tem apenas meio metro linear
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
84
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
(Casa-Museu Afonso Lopes Vieira) e o maior cerca de 120 metros lineares (Casa-Museu
Reynaldo dos Santos, v. tabela 6). O inquérito veio mostrar também que, em 22 instituições,
coexistem documentos provenientes dos patronos ou dos homenageados e os resultantes
da atividade museológica. Quatro informaram possuir apenas acervo institucional e igual
número optou por não responder a esta questão.
Nesta amostra, 12 casas-museu declaram possuir arquivo, biblioteca e centro de
documentação, 8 arquivo e biblioteca, 4 apenas arquivo, 3 apenas biblioteca e uma casamuseu tem um centro de documentação (tabela 5). Deste modo, encontramos unidades de
informação associadas à função museológica em 80 por cento das instituições. Em 24 casos
estamos perante “arquivos”. Contudo, uma visita ao local ou o cruzamento das respostas
com outras fontes de informação mostra que estas afirmações devem ser vistas em contexto
e podem mesmo ser equívocas. A Casa-Museu Bissaya Barreto, por exemplo, preserva no
seu centro de documentação o arquivo pessoal de Fernando Bissaya Barreto (1886-1974) e a
sua biblioteca privada, o acervo arquivístico e bibliográfico da fundação e da casa-museu18.
A esmagadora maioria das casas-museu não dispõe, como seria de esperar, de
verdadeiros serviços de informação, com quadros de pessoal próprio, espaços de receção de
investigadores e destinados à consulta de documentação. Neste contexto, arquivos,
bibliotecas e centros de documentação designam apenas espaços que albergam os acervos.
Ainda assim, as casas-museu Adelino Ângelo, José Régio (Portalegre) e a do Pintor José
Cercas declararam não possuir nenhuma destas valências19.
Sintoma ainda da subestimação dos seus arquivos está no facto de, quando
questionadas sobre o âmbito cronológico da documentação de arquivo, os responsáveis, os
técnicos ou os curadores fornecerem informações vagas ou não serem capazes de responder
(8 casos). Identificam, na generalidade, o acervo histórico com o período em que viveram as
personalidades (séculos XIX e XX). Porém, há exceções relevantes. A Casa de Tomes e a Casa
dos Patudos, por exemplo, incluem documentação desde o século XVI, a Casa-Museu Passos
Canavarro informou possuir documentação dos séculos XVIII, XIX e XX e a Casa-Museu José
Maria da Fonseca preserva documentos resultantes das atividades privadas e empresariais
desde o século XVII até à atualidade.
O conteúdo dos acervos patrimoniais reflete em diferente medida as atividades da
personalidade, família ou comunidade que esteve na origem da instituição museológica.
Estamos perante documentos pessoais e/ou acervos que refletem as atividades dos
homenageados (18 casos). Por vezes, a documentação de índole pessoal pode aparecer
associada a coleções documentais criadas pelo próprio ou por terceiros e a fundos
empresariais. Dez museus reconheceram que os documentos históricos são resultantes das
atividades de várias pessoas, com relações familiares entre si. Porém, isto não significa
necessariamente que estejamos perante arquivos familiares. Na Casa-Museu Dr. Anastácio
Gonçalves, a documentação histórica reduz-se ao processo de doação e de constituição do
museu.
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
85
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
Entre
as
tipologias
documentais
mais
frequentes
nas
28
instituições
que
responderam a esta questão encontramos as fotografias, os documentos relativos à
atividade profissional dos homenageados, os recortes de jornais e a correspondência (tabela
1). A existência de primeiros inventários artísticos é comparativamente menos frequente,
registando-se em apenas 36 por cento das casas-museu. Faturas de aquisição de objetos
artísticos existem em 71,4 por cento destes casos e a documentação de família em 78,6 por
cento destes casos.
No que respeita ao arquivo administrativo ou corrente, verifica-se a presença de
documentação que cobre um conjunto diversificado de funções na gestão das casasmuseus. Neste destaca-se a correspondência recebida (em todas as 28 instituições que
responderam) e expedida, a documentação relativa à gestão administrativa, os inventários
de coleções, os empréstimos, as fotografias de eventos, os estudos de obras de arte e os
documentos relativos à história local (tabela 2). Menos frequentes são os documentos
relativos a compras de obras de arte, a relatórios de restauro, revistas de imprensa e aos
projetos educativos.
Formas de aquisição
A maioria dos acervos históricos foram legados pelo patrono (14 casos). Menos
frequentes foram os documentos legados por familiares e amigos do homenageado (5 casos)
ou ainda por outras pessoas (4 casos)20. A compra é excecional. Apenas no caso do acervo
de José Régio, preservado pela Casa-Museu em Vila do Conde, foi adquirido aos herdeiros.
Frequentemente, estes acervos encontravam-se na casa de residência que foi objeto de
doação, constituindo vestígios da atividade das pessoas que viveram nas casas 21.
[Valores absolutos e relativos]
Tipologias documentais
%
Casos
Documentos de família
22
78,6
Documentos relativos à construção da casa
16
57,1
Inventários artísticos
10
35,7
Faturas de aquisição de objetos artísticos
20
71,4
Manuscritos de obras literárias e científicas
15
53,6
Diplomas e condecorações
22
78,6
Documentos relativos à atividade profissional
26
92,9
Documentos relativos à formação académica
21
75,0
Correspondência
25
89,3
Recortes de jornais
24
85,9
Fotografias
28
100,0
Tabela 1
Distribuição da frequência das tipologias documentais nos acervos históricos das
Casas-Museu em Portugal
Fonte: Inquérito Arquivístico às Casas-Museu, 2012
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
86
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
Nem sempre os beneméritos tiveram consciência do valor deste legado, referindo-o
expressamente nos atos de doação, como sucedeu com a Casa de Tormes, a Casa dos
Patudos, a Casa-Museu Reynaldo dos Santos, o Museu Ferreira de Castro e a Casa-Museu
Eng. António de Almeida. Outras vezes os acervos resultam de múltiplas doações realizadas
ao longo do tempo e não apenas das pessoas que fizeram a doação do imóvel e dos seus
bens, como sucedeu na Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis. Noutros casos ainda
encontramos documentação dos familiares que fizeram a doação e/ou de outras pessoas do
núcleo familiar, para além de documentos dos homenageados. São disso exemplo, a Casa de
Tormes, a Casa-Museu Leal da Câmara e a Casa-Museu Reynaldo dos Santos.
Tratamento e organização
Uma parte importante das casas-museus que dispõem de documentação histórica,
sujeitaram esses espólios a algum tipo de tratamento arquivístico (12 casos) 22. Verificou-se
que o acervo não tinha sido intervencionado somente em 16 por cento dos casos. Porém,
apenas em 3 museus essa intervenção terá sido realizada por profissionais de arquivo 23. De
salientar que, dos seis museus que tinham ainda em curso o tratamento da documentação à
data do inquérito, só duas afirmaram ter nas suas equipas pessoal com competências na
área. Por vezes verificou-se o recurso a entidades externas, como sucedeu com a Casa de
Tormes, com a Casa-Museu Passos Canavarro e com a Casa-Museu Frederico de Freitas,
quando não se optou por depositar a documentação em instituições arquivísticas. Refira-se
ainda que duas casas-museu (Manuel Mendes e Abel Salazar) optaram por desenvolver
parcerias no quadro do projeto Casa Comum, encontrando-se o seu catálogo integrado no
seu portal na Web.
[Valores absolutos e relativos]
Séries documentais
Casos
%
História Local
19
67,9
Estudo de obras de arte
21
75,0
Inventário de coleções
26
92,9
Gestão administrativa
26
92,9
Correspondência recebida
28
100,0
Correspondência expedida
23
82,1
Relatórios de restauro
16
57,1
Revistas de imprensa
17
60,7
Fotografias de eventos
22
78,6
Projetos educativos
18
64,3
8
28,6
21
75,0
Compras de obras de arte
Empréstimos de obras de arte
Tabela 2
Distribuição da frequência de séries documentais
no arquivo administrativo das Casas-Museu em Portugal
Fonte: Inquérito Arquivístico às Casas-Museu, 2012
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
87
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
Neste contexto, não surpreende que em apenas 23 por cento destes museus
existisse um quadro de classificação24. Em 9 casos (30 por cento) é indicada a existência de
catálogos ou de inventários dos acervos e noutros 4 dizia-se estarem em elaboração. Cinco
entidades admitiram não dispor de qualquer instrumento de controlo e de recuperação da
informação25.
Instalação
A documentação histórica de arquivo nas casas-museu, quando existe separada das
coleções, encontra-se quase sempre instalada em salas próprias26. Mas há exceções. A
Casa-Museu Medeiros e Almeida, tal como a Casa-Museu Fernando Namora, têm o seu
acervo disperso por diferentes salas da casa. Mais frequentes, porém, são os acervos
documentais não estarem no edifício musealizado. O acervo documental da Casa-Museu
Afonso Lopes Vieira encontra-se no Arquivo Municipal da Marinha Grande. De forma
análoga, o acervo arquivístico de Frederico de Freitas encontra-se no Arquivo Regional da
Madeira. Também os documentos de arquivo dos patronos da Casa-Museu Passos Canavarro
foram depositados no Arquivo Distrital de Santarém. Neste caso, só alguns documentos dos
séculos XVIII e XIX ficaram na casa a integrar o circuito expositivo para darem coerência
museológica à sala destinada a homenagear o estadista Passos Manuel e a outros espaços
relativos à história da família Passos Canavarro. A Casa-Museu José Régio tem a
documentação do arquivo intermédio no Museu Municipal de Portalegre e apenas conserva a
documentação de arquivo corrente. Já a Fundação Eng. António de Almeida tem essa
documentação no seu “arquivo geral”. Registe-se, finalmente, alguns casos em que não
existe documentação dos homenageados, como acontece na casa de Guerra Junqueiro ou na
de Aquilino Ribeiro.
O acesso
A legislação portuguesa faz depender da vontade dos proprietários o acesso a
acervos de produção e de tutela privadas. O acesso aos arquivos de casas-museu tuteladas
por organismos públicos pode, quando necessária, ser obtida junto dos conservadores ou,
no caso das autarquias, junto dos responsáveis com o pelouro das unidades museológicas.
Nos dois casos podem constituir obstáculos para o acesso a proteção de dados pessoais, a
falta de organização e de instrumentos de controlo e de recuperação da informação de
arquivo, enfim, a ausência de instrumentos de gestão do acesso. No entanto, o interesse
destes arquivos por parte de investigadores é conhecido, chegando mesmo à litigância pelo
exercício dessa prerrogativa. Apesar disso, existe, na generalidade das casas-museu, uma
predisposição para facilitar o acesso à documentação histórica 27. Por norma, o interessado
deverá requerer autorização à entidade que tutela o museu. Assim, numa avaliação de
conjunto, o maior problema que persiste no acesso público parece ser mesmo a sua falta de
visibilidade.
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
88
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
No que concerne aos utilizadores dos arquivos, apenas nove casas-museu os
quantificam. Entre 2005 e 2010, o número de visitantes em cada uma delas, ao longo do
ano, oscilou entre 250 e cerca de 16 mil. Ora, o número de consultas de documentos por
utilizadores externos foi residual, não chegando à dezena, por norma. A Casa-Museu
Regional de Oliveira de Azeméis, com mais utentes, não conseguiu atingir uma centena de
consultas. A Casa-Museu Bissaya Barreto, por seu turno, registou 244 utilizadores em 2010.
A Casa-Museu José Régio, em Vila do Conde, com 2-3,5 mil consultas nestes anos constitui
uma exceção que reflete as atividades desenvolvidas pelo Centro de Documentação
diretamente com o público. Não se verifica, em qualquer caso, qualquer relação entre o
número de visitantes e a exploração do arquivo.
Difusão cultural
Embora sejam frequentes as publicações de catálogos e de obras relativas às
coleções e à temática invocada pelas casas-museu, as publicações sobre o seu acervo
arquivístico são excecionais, como aconteceu com as casas-museu Leal da Câmara, Guerra
Junqueiro ou Afonso Lopes Vieira. Catorze museus responderam negativamente e em quatro
casos não obtivemos resposta a esta questão. Desconhecemos a existência de catálogos ou
de inventários impressos que resultem do tratamento dos acervos destas entidades. Apesar
disso, documentos de arquivo são frequentemente utilizados em exposições permanentes
ou temporárias (17 casos) acabando, por vezes, por ser reproduzidos em publicações que as
recordam. Em alguns casos, há a consciência de que esses acervos foram utilizados para a
produção de teses académicas (Casa-Museu Passos Canavarro e o Museu Ferreira de Castro).
A este respeito importa referir que a publicação de catálogos e de cópias digitais de
documentos na Web é excecional, como sucede com o arquivo da Casa dos Patudos 28. A
Casa-Museu Abel Salazar, por exemplo, tem o seu catálogo integrado na Casa Comum
(Fundação Mário Soares) que o disponibiliza parcialmente ao público através da rede 29.
Tal como sucede com as instituições de memória, assinala-se o esforço de muitas
casas-museu para utilizaram as tecnologias da Web 2.0 na sua estratégia de difusão
cultural, de fidelização e de captação de novos públicos. Esse estudo está fora do âmbito
deste texto. Saliente-se apenas, neste contexto, que a descrição sumária e mesmo a simples
referência à existência de coleções ou de fundos de arquivo é excecional, mesmo nos casos
em que as casas-museu contam com domínio próprio (ALVIM, 2009).
A função dos arquivos nas casas-museu
É geralmente reconhecido aos arquivos nos museus uma dupla função: por um lado,
são um recurso administrativo e, por outro, são uma fonte para todo o tipo de pesquisa
sobre o museu e sobre as coleções. A importância dos arquivos nos museus tem conduzido
à produção de literatura especializada, de guias de boas práticas para estes arquivos e
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
89
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
destinados sobretudo aos arquivistas e ao pessoal técnico que trabalha nos museus (WYTHE,
2004; EUA. SAA, 2013ª e 2013b; MORRIS, 2006).
No caso das casas-museu, a documentação histórica aparece intimamente associada
ao seu objeto e missão como sucede, em especial, nas classes 1 e 5. Estes acervos
constituem ainda uma fonte para a história biográfica da personalidade que se pretende
homenagear ou de uma comunidade, para além de servirem de suporte à história da
instituição e dos objetos da coleção. Ao visitar a casa de um escritor, cientista, artista,
músico, membro da elite ou herói nacional, o utente espera encontrar fotografias, cartazes,
documentos autógrafos, textos autênticos, recortes de imprensa como suporte à narrativa
do homenageado que a casa-museu pretende veicular. O mesmo se passa relativamente às
casas-museus de comunidade. Nos dois casos, não só a separação entre o arquivo
patrimonial e os objetos museais é artificial como é desejável que os seus curadores tenham
um papel ativo na valorização e no esforço de identificação de espólios e documentos
relevantes para a instituição. Também o perfil dos utilizadores externos é vasto e
diversificado: historiadores sociais, historiadores da ciência, cientistas políticos e sociais,
críticos e historiadores de arte, arquitetos, antropólogos, escritores, agentes culturais e
turísticos. É, portanto, relevante compreender as atitudes dos seus profissionais e
responsáveis face a esse património.
A perceção sobre o valor funcional destes arquivos é diversa: nuns casos
consideram-se fundamentais para o conhecimento dos homenageados, como sucede na
Casa-Museu José Régio (Vila do Conde), na Casa dos Patudos, na Casa-Museu Comendador
Manuel Nunes Corrêa e a Casa de Tormes; noutros casos destacam o seu papel para a
história das instituições e dos objetos museológicos (casas-museu Afonso Lopes Vieira,
Aquilino Ribeiro e Almeida Moreira). Em todos os casos é reconhecida a natureza única da
informação que transmitem, o seu valor probatório e o seu papel para a salvaguarda duma
memória. Nessa medida são considerados como um recurso disponível, válido e até
insubstituível para o trabalho museológico30. Há também um reconhecimento da relação
entre os documentos de arquivo e a função de comunicação da instituição (Casa-Museu
Guerra Junqueiro e a Casa-Museu José Maria da Fonseca) e nas atividades do Serviço
Educativo, na Exposição e Publicações (Casa-Museu Frederico de Freitas) e Conservação.
Finalmente, algumas casas-museu referem a importância dos arquivos na documentação de
coleções (Casa-Museu Almeida Moreira, da Casa-Museu Leal da Câmara e da Casa-Museu
Frederico de Freitas).
Conclusão
Os resultados que apresentámos assentam na análise de dados recolhidos numa
amostra representativa da situação dos arquivos das casas-museu em Portugal. Eles
permitem-nos afirmar que a existência de acervos com valor histórico e patrimonial
relevante, custodiados pelas casas-museu, está longe de ser um fenómeno excecional.
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
90
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
Muitas vezes o acervo fez parte do legado que esteve na origem na musealização da casa.
Noutros casos, estava lá simplesmente, como os livros e foi um facto com que os
intervenientes no processo de musealização tiveram de lidar.
Apesar da afirmação do valor dos acervos para as atividades do museu pelos técnicos
responsáveis, verifica-se frequentemente que o tratamento da documentação do arquivo e
da biblioteca fica à espera de melhores dias. Noutros casos, essa documentação foi
simplesmente depositada em instituições arquivísticas ou em bibliotecas. No conjunto, os
acervos permanecem pouco explorados, por vezes mal identificados, se não mesmo
invisíveis para o público. Faltam documentos de trabalho, como planos de classificação e de
instrumentos de acesso a essa informação (inventários, listas e catálogos). Isto não resulta
de qualquer atitude institucional defensiva relativamente ao seu acesso pelo público mas da
subalternização da função arquivística nos museus. O desconhecimento dos acervos, por sua
vez, impede a sua utilização plena por parte das instituições museológicas nas suas
atividades.
Várias razões podem ser adiantadas para explicar este facto. Em primeiro lugar,
pesam neste universo as casas-museu de notáveis que, no essencial, foram constituídas
para manter reunidas e para exibir as suas coleções de arte ou que acabam por centrar a sua
atividade na exposição das suas coleções de arte e de artefactos. A prática de proceder a
aquisições ou de buscar novas incorporações não é frequente. Depois, escasseiam os
recursos humanos especializados no tratamento da documentação arquivística, capazes
ainda de manter o elo com a atividade do museu de forma a utilizar esses recursos na
captação de novos públicos. Em terceiro lugar, não é percetível neste contexto qualquer
relação entre os públicos e valorização dos acervos patrimoniais. Finalmente, e como
consequência, faltam recursos materiais e financeiros para tratar a documentação e até para
proceder a novas aquisições.
A diversidade de situações torna, porém, a generalização difícil no que respeita às
características dos acervos: encontramos espólios literários, documentos pessoais e
familiares, coleções e mesmo documentação empresarial e de associações, por vezes,
reunidas numa mesma sala. Em algumas casas não encontramos documentação histórica
praticamente e noutras temos arquivos de grande dimensão e complexidade. Em todo o
caso, a valorização destes acervos poderá ser pensada no contexto da qualificação das
coleções museológicas, da valorização simbólica dos espaços e dos valores que são
representados. O depósito ou transferência da documentação histórica para uma instituição
arquivística não deve dar lugar à quebra do elo intelectual e físico com as coleções museais
e com a casa. Importa por isso explorar o arquivo de forma eficaz na relação entre o museu
e as suas comunidades. Deste tipo de programas dependem os estudos sobre as coleções
museológicas, as personalidades e as instituições que, afinal, representam o seu maior
capital. Nesta perspetiva, será desejável que se esbatam as fronteiras criadas pelas práticas
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
91
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
profissionais entre os acervos históricos e os de gestão administrativa dentro das
instituições museológicas.
Referências bibliográficas
AFONSO, Fátima; FERREIRA, Fernanda (2006) - O fundo documental da Mundet: do Inventário
de Património Industrial Corticeiro no concelho do Seixal à história empresarial da
Mundet & cia. Lda., 2ª Conferência Internacional de Arquivos Empresariais, Seixal, 26 e
27 de Outubro de 2006.
ALVIM, Luísa (2009) - Os Sítios Web das Casas Museu e Fundações de escritores Ibéricas
Casa de Camilo- Museu. Centro de Estudos, Famalicão. - Documento de trabalho
disponível
em
https://uevora.academia.edu/LuisaAlvim/Papers
(último
acesso
22/04/2014).
BENNETT, Tony (1995) - The Birth of the Museum: History, Theory, Politics , Londres,
Routledge, 1995.
BRYANT, Julius; BEHRENS, Hetty (2007) - Progress Report and Plan. In The DEMHIST
Categorisation Project For Historic House Museums. – disponível no sítio do
Internacional
Committee
for
Historic
House
Museums
em
http://demhist.icom.museum/ (ultimo acesso 20/04/2014).
BUTCHER-YOUNGHANS, Sherry (1993) - Historic House Museums: practical handbook for
their care, preservation and management, Oxford, Oxford University Press.
CABALLERO ZOREDA, Luís (1988) - “La documentación museológica”. In B. Anabad, XXXVIII
(1988), num. 4., pp. 455-483.
DELICADO, Ana (2008) - Produção e reprodução da ciência nos museus portugueses, Análise
Social, vol. XLIII (1.º), 55-77.
DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François, ed.s (2013), Conceitos-chave de Museologia, Paris,
ICOM; Armand Colin.
EUA. SOCIETY OF AMERICAN ARCHIVISTS (SAA) [2013a], “Museum Archives Guidelines” doc.
html
disponível
em
http://www2.archivists.org/groups/museum-archives-
section/museum-archives-guidelines
EUA. SOCIETY OF AMERICAN ARCHIVISTS (SAA) [2013B], “Museum Archives Section:
Standards
&
Best
Practices
Resource
Guide”,
http://www.archivists.org/saagroups/museum/standards.htm#arrange (último acesso,
22/04/2014).
FERREIRA, Fernanda; FILIPE, Graça (2005) - O Ecomuseu Municipal do Seixal, a investigação e
a preservação de património documental e arquivístico industrial. In CONFERÊNCIA
Arquivos
empresariais [Documento electrónico]: da gestão quotidiana à memória histórica .
INTERNACIONAL
DE
ARQUIVOS
EMPRESARIAIS,
Famalicão,
2004
–
Multimédia. Lisboa: Núcleo de Estudos de História Empresarial. 1 disco (CD-ROM).
FINDLEN, Paula (1980) - The Museum: its classical etymology and renaissance genealogy,
Journal of the History of Collections 1 (1), 1989, pp. 59–78.
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
92
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
GOMES, Nádia C. (2012) - Para Um Roteiro da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça.
Trabalho de Projeto de Mestrado em Museologia na FCSH/UNL , Lisboa.
ICOM. International Council of Museums (2004), Code of Ethics for Museums , Paris, 2013.
KANAWATI, Dina (2006) - Founding or Funding: Are Historic House Museums in Trouble? ,
Dissertação de Mestrado em Ciências Históricas apresentada na Universidade da
Pensilvânia.
MORRIS, Sammie L. - Starting from Scratch: How to Create a Museum Archives, 2006,
Libraries Research Publications. Paper 45, disponível na Purdue e-Pubs, em
http://docs.lib.purdue.edu/lib_research/45 (último acesso, 22/04/2014).
PAZ, Laurinda (2013) - Arquivos de Casas-Museu. O Arquivo da Casa dos Patudos,
Universidade de Évora. 2 vols. - Dissertação de mestrado em Ciências da Informação
(ramo arquivos).
PEREIRA, Ana Leonor e outros (1999) - Retrato de Egas Moniz, Braga, Círculo de Leitores.
PONTE, António (2007) - Casas Museu em Portugal: Teoria e Prática, Dissertação em
museologia apresentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
RAMALHINHO, Graça; ALVES, Maria Judite (2007) - Arquivo Histórico do Museu Bocage. In
José Pedro Sousa Dias (coord.) - Memória da Universidade: Uma Enciclopédia do
Ensino, Ciência e Cultura na História da Universidade de Lisboa. - (Wiki), 23 de Janeiro
de 2012 - http://memoria.ul.pt (último acesso 2/06/2014).
RAMOS, Manuel Castelo (2010) - A Fábrica do Inglês: reabilitação do património industrial
corticeiro, Encontro Internacional de Património Cultural, Cortiça e os Museus, Seixal,
2-3- de Julho de 2010 - http://www.retecork.org/pdf/museos/ponencia10.pdf
(último acesso em 16/04/2014)
REINO UNIDO. STANDING CONFERENCE ON ARCHIVES AND MUSEUMS (SCAM) [2002], A Code
of Practice on Archives for Museums and Galleries in the United Kingdom, 3ª edição,
2002.
–
Disponível
em
http://www.archivesandmuseums.org.uk/scam/home.htm
(último acesso 20/04/2014).
SALVADO, Cátia Antunes dos Santos (2008) - Uma família de fotógrafos: Carlos e Margarida
Relvas, Coimbra. - Tese de mestrado em museologia.
SILVA, Joana Judite Gonçalves (2009) - Análise do “Arquivo Histórico” do Museu Nacional de
Soares dos Reis: Percursos narrativos. Relatório de estágio, Mestrado em História e
Património, Porto, FLUP, 2009, pp.18-20.
WYTHE, Deborah (2004) - Museum Archives: An Introduction, Chicago: Society of American
Archivists, Museum Archives Section.
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
93
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
Anexos
ID
NOM
CL
API
AFI
CW
PW
PWI
INF
CAT PUB
1
Atelier Anjos Teixeira
1
Sim
Não Sim Não Sim
Sim
Não Sim
2
Casa de Tormes
1
Sim
Não Sim Não Sim
Sim
Não Sim
3
Casa dos Patudos
2
Sim
Não Sim Não Sim
Sim
Sim
4
Casa Manuel de Arriaga
1
Sim
Sim
Sim Não Sim
Não Não Sim
5
Casa-Museu Adelino Ângelo
1
Sim
Não Sim Não Sim
Não Não Não
6
Casa-Museu Afonso Lopes Vieira
1
Sim
Sim
Sim Não Sim
Não Não Não
7
Casa-Museu Almeida Moreira
1
Sim
Sim
Sim Não Sim
Sim
8
Casa-Museu Aquilino Ribeiro
1
Sim* Não Sim Não Sim
Não Não Sim
9
Casa-Museu Bissaya Barreto
1
Sim
Não Sim Não Sim
Sim
1
Sim
Sim
11 Casa-Museu de Leal da Câmara
1
Sim
Não Sim Não Sim
12 Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
2
Sim
Não Sim Sim
13 Casa-Museu Eng. António de Almeida
2
Sim
Não Sim Não Sim
Não Não Sim
14 Casa-Museu Fernando Namora
1
Sim
Não Sim Não Sim
Não Não Não
15 Casa-Museu Frederico de Freitas
2
Sim
Sim
Sim Não Sim
Não Não sim
16 Casa-Museu Guerra Junqueiro
2
Não
Não Sim Não Sim
Não Não Sim
17 Casa-Museu João de Deus (S.B.Messines)
1
Sim
Não Sim Não Sim
Não Não Sim
18 Casa-Museu José Maria da Fonseca
1
Sim
Não Sim Sim
Sim
Não Não Não
19 Casa-Museu José Régio (Portalegre)
2
Sim
Sim
Sim Não Sim
Não Não Sim
20 Casa-Museu José Régio (Vila do Conde)
2
Sim
Não Sim Não Sim
21 Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia
1
Sim
Não Sim Não Não Não Não Sim
22 Casa-Museu Marieta Solheiro Madureira
2
Sim
Não Sim Não Sim
Não Não Sim
23 Casa-Museu Medeiros e Almeida
2
Sim
Não Sim Sim
Sim
Não Não Sim
24 Casa-Museu Passos Canavarro
1
Sim
Sim
Sim Não Sim
Não Não Sim
25 Casa-Museu Pintor José Cercas
1
Sim
Não Sim Não Não Não Não Não
26 Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis 9
Sim
Não Sim Sim
27 Casa-Museu Reynaldo dos Santos
1
Sim
Não Sim Não Sim
Sim
28 Espaço Memória Palmira Bastos
1
Sim
Não Sim Não Sim
Não Não Não
29 Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Pinheiro
2
Sim
Não Sim Não Sim
Não Não Sim
30 Museu Ferreira de Castro
1
Sim
Não Sim Não Sim
Sim
10
Casa-Museu
Comendador
Manuel
Nunes
Correia
Sim
Não Não
Não Sim
Sim Não Não Não Não Sim
Não Não Sim
Não Não Não Sim
Sim
Sim
Não Sim
Não Não Não
Sim
Não
Não Sim
Legenda: ID. número de ordem; NOM . designação, CL. Classe (ver texto); API. Existe arquivo histórico na
instituição; AFI. Arquivo depositado fora da instituição; CW. Contactos disponíveis na web; PW. Tem domínio
próprio; PWI. Tem página alojada na entidade tutelar ou noutra instituição; INF. Tem informação sobre a
documentação que dispõe; CAT. Dispõe de catálogo na web; PUB. Produziu publicações.
Tabela 3
IDCM/P, 2012: Lista das Casas-Museu e visibilidade pública dos seus arquivos
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
94
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
N.º
Designação
Tipo
Tutela
1
Casa da Madalena
(9)
2
Casa da Glória do Ribatejo
(9)
3
Casa das Debulhadoras
(9)
Direção Regional da Cultura dos Açores
4
Casa de Santa Maria
(3)
Câmara Municipal de Cascais
Cascais
5
Museu da Quinta de Santiago
(2)
Câmara Municipal de Matosinhos
Matosinhos
6
Casa Estúdio Carlos Relvas
(2)
Câmara Municipal da Golegã
Golegã
7
Casa Gafanhoa
(9)
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
Ílhavo
8
Casa Oficina António Carneiro
(1)
Câmara Municipal do Porto
Porto
9
Casa Roque Gameiro
(3)
Câmara Municipal da Amadora
Amadora
()
Câmara Municipal da Marinha Grande
Marinha Grande
10
Casa-Museu 18 de Janeiro de 1934
*
Rancho Folclórico Rosa de Lena
Concelho
Associação para a Defesa do Património
Etnográfico e Cultural de Glória do Ribatejo
Batalha
Salvaterra de Magos
Santa
Cruz
da
Graciosa
11
Casa-Museu Abel Salazar
(1)
Universidade do Porto
Matosinhos
12
Casa-Museu Acácio Lino
(1)
Associação dos Amigos de Acácio Lino
Oliveira de Azeméis
13
Casa-Museu Alfredo da Silva
(1)
Baía do Tejo - Parques Industriais
Barreiro
14
Casa-Museu Amália Rodrigues
(1)
Fundação Amália Rodrigues
Lisboa
(1)
Câmara Municipal de Santarém
Santarém
()
Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
()
Câmara Municipal de Sátão
Sátão
(6)
Cancioneiro de Águeda
Águeda
(3)
Câmara Municipal de Cascais
Cascais
15
Casa-Museu Anselmo Braamcamp
Freire
16
Museu Bernardino Machado *
17
Casa-Museu Camila Loureiro *
18
19
20
21
Casa-Museu
Cancioneiro
de
Águeda
Museu-Biblioteca
Condes
de
Castro Guimarães
Casa-Museu Custódio Prato
Casa-Museu de Abílio Matos e Silva
e Maria José Salavisa
(5)
Rancho Folclórico "Os Camponeses da Beira
Ria"
Vila
Nova
de
Famalicão
Murtosa
(1)
Câmara Municipal de Óbidos
Óbidos
22
Casa-Museu de Aljustrel
(9)
Santuário de Fátima
Ourém
23
Casa-Museu de Alpalhão
(9)
Junta de Freguesia de Alpalhão
Nisa
24
Casa-Museu de Alvite
(9)
Associação
Moimenta da Beira
25
Casa-Museu de Camilo
(1)
Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
26
Casa-Museu de Ferro
**
Junta de Freguesia de Ferro
Covilhã
27
Casa-Museu de Jarmelo
(5)
Associação Cultural e Desportiva do Jarmelo
Guarda
(9)
Centro Social e Paroquial da Ribeira Chã
Lagoa
(1)
Câmara Municipal de Coimbra
Coimbra
Universidade do Minho
Monção
28
Casa-Museu de Maria dos Anjos
Rebelo
29
Casa-Museu de Miguel Torga
30
Casa-Museu de Monção
(3)
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
Vila
Nova
de
Famalicão
95
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
31
32
Casa-Museu de S. Jorge da Beira
Casa-Museu de Santo António de
Vagos
(9)
Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira
Covilhã
(9)
Rancho Folclórico de Santo António de Vagos Vagos
33
Casa-Museu do Carvalho
(9)
Liga de Melhoramentos de Carvalho
Pampilhosa da Serra
34
Casa-Museu do Paúl
(9)
Casa do Povo do Paúl
Covilhã
(9)
Rancho Folclórico do Juncal
Castelo Branco
(2)
Santa Casa da Misericórdia de Moncarapacho
Olhão
35
36
Casa-Museu do Rancho Folclórico
do Juncal
Casa-Museu Dr. José Fernandes
Mascarenhas
37
Casa-Museu Egas Moniz
(1)
Câmara Municipal de Estarreja
Estarreja
38
Casa-Museu Fernando de Castro
(2)
Museu Nacional Soares dos Reis
Porto
(1)
Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
Oliveira de Azeméis
()
Câmara Municipal de Pinhel
Pinhel
(1)
Associação de Jardins Escola João de Deus
Lisboa
(5)
Junta de Freguesia de Arrifana
Guarda
39
40
41
42
Casa-Museu
Ferreira
de
Castro
(Oliveira de Azeméis)
Casa-Museu
Helena
e
António
Seixas *
Casa-Museu João de Deus (Lisboa)
Casa-Museu da Junta Freguesia de
Arrifana
43
Casa-Museu José Manuel Rosado
(1)
Junta de Freguesia de S. Sebastião
Lagos
44
Casa-Museu José Pedro
(2)
Câmara Municipal de Loures
Loures
45
Casa-Museu Júlio Dinis
(1)
Câmara Municipal de Ovar
Ovar
(+)
Associação Manuel Luciano da Silva
Vale de Cambra
46
Casa-Museu Manuel Luciano da
Silva
47
Casa-Museu Manuel Mendes
(1)
Museu do Chiado
Lisboa
48
Casa-Museu Maria da Fontinha
(2)
Arménio de Vasconcelos
Castro Daire
(2)
Câmara Municipal do Porto
Porto
49
Casa-Museu
Marta
Ortigão
Sampaio
50
Casa-Museu Maurício Penha
(2)
Fundação da Casa-Museu Maurício Penha
Alijó
51
Casa-Museu Monsenhor Alves Brás
(1)
Instituto Secular das Cooperantes da Família
Covilhã
52
Casa-Museu Padre Belo
(2)
Santa Casa da Misericórdia do Crato
Crato
53
Casa-Museu Soledad Malvar
(2)
Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
Vila Nova Famalicão
54
Casa-Museu Teixeira Lopes
(2)
Câmara Municipal de Gaia
Gaia
Tabela 4
IDCM/P, 2012: Lista das casas-museu que não responderam ao inquérito: número de ordem, classe, designação,
tutela e localização
Nota metodológica: Utilizámos como fonte para a classificação adotada a informação oficial fornecida pelos museus, pelas
entidades da tutela ou por entidades oficiais na Web. A descrição da casa normalmente apresenta as suas virtudes
principais que mereceram a musealização e que interessam à sociedade, acompanhadas por imagens do exterior e do
interior. Por exemplo, na descrição sumária da Casa Museu de Alpalhão em Nisa diz-se que “esta casa pretende retratar
uma casa típica e rural desta vila e demonstrar os estilos de vida e as tradições antigas que acompanharam as gentes desta
região”. Foi por isso classificada como Casa Humilde (9) pois reflete “um tipo de vida perdido e uma antiga forma de
construção”. Os casos assinalados com asterisco (*) não foram classificados por não corresponderam à definição de casamuseu. A Casa-Museu 18 de Janeiro de 1934, por exemplo, é um espaço de memória que reúne documentos e objetos
alusivos àquele acontecimento marcante na história movimento operário português e que foi instalado num pequeno prédio
de habitação térreo e característico do universo do operariado. Também a Casa-Museu Camila Loureiro alberga a coleção
da pintora que foi instalado na antiga Cadeia de Sátão. Houve casos em que se verificou estarem encerradas ou terem sido
desativadas. Foram assinadas com dois asteriscos (**). Nos casos em que não foi encontrada informação suficiente (+).
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
96
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
Designação
ID
Arquivo Biblioteca Centro de Documentação
1
Atelier Anjos Teixeira
Sim
Sim
Não
2
Casa de Tormes
Sim
Sim
Sim
3
Casa dos Patudos
Sim
Sim
Não
4
Casa Manuel de Arriaga
Sim
Sim
Sim
5
Casa-Museu Adelino Ângelo
Não
Não
Não
6
Casa-Museu Afonso Lopes Vieira
Sim
Sim
Não
7
Casa-Museu Almeida Moreira
Sim
Sim
Sim
8
Casa-Museu Aquilino Ribeiro
Não
Sim
Não
9
Casa-Museu Bissaya Barreto
Não
Não
Sim
10 Casa-Museu Comendador Manuel Nunes Correia
Sim
Sim
Sim
11 Casa-Museu de Leal da Câmara
Sim
Sim
Sim
12 Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
Sim
Sim
Não
13 Casa-Museu Eng. António de Almeida
Sim
Sim
Sim
14 Casa-Museu Fernando Namora
Não
Sim
Não
15 Casa-Museu Frederico de Freitas
Sim
Sim
Sim
16 Casa-Museu Guerra Junqueiro
Sim
Sim
Não
17 Casa-Museu João de Deus (Messines)
Sim
Sim
Sim
18 Casa-Museu José Maria da Fonseca
Sim
Não
Não
19 Casa-Museu José Régio (Portalegre)
Não
Não
Não
20 Casa-Museu José Régio (Vila do Conde)
Sim
Sim
Sim
21 Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia
Sim
Não
Não
22 Casa-Museu Marieta Solheiro Madureira
Sim
Sim
Sim
23 Casa-Museu Medeiros e Almeida
Sim
Sim
Não
24 Casa-Museu Passos Canavarro
Não
Sim
Não
25 Casa-Museu Pintor José Cercas
Não
Não
Não
26 Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis
Sim
Não
Não
27 Casa-Museu Reynaldo dos Santos
Sim
Sim
Sim
28 Espaço Memória Palmira Bastos
Sim
Não
Não
29 Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Pinheiro
Sim
Sim
Não
30 Museu Ferreira de Castro
Sim
Sim
Sim
Tabela 5
Casas-Museu com arquivo, biblioteca ou centro de documentação
Fonte: IDCM/P, 2012
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
97
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
ID
NOM
CRON
DIM
INS
TRAT
INV
1
Atelier Anjos Teixeira
18…- 1997
4
SAL
Sim
Sim
2
Casa de Tormes
14..- 20..
S/R
DEP
Sim
Sim
3
Casa dos Patudos
15..- 20…
57
DEP
Sim
Sim
4
Manuel de Arriaga
1881-1917
(*)
S/R
S/R
Sim
5
Adelino Ângelo
S/R
S/R
S/R
S/R
S/R
6
Afonso Lopes Vieira
1849 -
0,5
ARQ
Não
Sim
7
Aquilino Ribeiro
S/R
S/R
S/R
S/R
S/R
8
Bissaya Barreto
1886-2009
Sim
DEP
Sim
Sim
9
Comendador Manuel Nunes Correia
S/R
S/R
S/R
S/R
S/R
10 Almeida Moreira
1880-1994
S/R
SAL
Sim
Sim
11 Leal da Câmara
189..- 1965
11,30
SAL
Sim
Sim.
12 Dr. Anastácio Gonçalves
F189..-1965
S/R
DEP
Sim
Sim
13 Dr. José Fernandes Mascarenhas
S/R
S/R
S/R
Não
S/R
S/R
DEP
Sim
Não
S/R
S/R
ARQ
S/R
S/R
16 Guerra Junqueiro
S/R
S/R
S/R
Não
Sim
17
S/R
6
DEP
Não
Sim
18 José M. Fonseca
16..-201..
S/R
S/R
S/R
S/R
19 José Régio (Portalegre)
1918-1969
S/R
Não
Não
Sim
20 José Régio (Vila do Conde)
187..-19..
18
DEP
Sim
Sim
21 Manuel Ribeiro de Pavia
S/R
S/R
S/R
S/R
S/R
22 Marieta Solheiro Madureira
18..-19..
10
DEP
Não
Sim
23 Medeiros e Almeida
1920-201..
S/R
SAL
Não
Sim
24 Passos Canavarro
17..-201..
S/R
ARQ
Sim
Sim
25 José Cercas
S/R
S/R
S/R
S/R
S/R
26 Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis
S/R
S/R
DEP
Sim
Sim
27 Reynaldo dos Santos
1880-2004
120
SAL
Sim
Sim
28 EM Palmira Bastos
S/R
S/R
S/R
S/R
S/R
29 F. Dionísio e Alice Pinheiro
S/R
4
SAL
Sim
Sim
30 Museu Ferreira de Castro
S/R
63
Salas
Sim
Sim
14
António de Almeida
15
Frederico de Freitas
S/R
João de Deus
Legenda: ID. Número; NOM. Designação da Casa-Museu; CRON. Datas extremas da documentação;
DIM. Dimensão (em metros lineares); INS. Instalação (em salas, SAL; em depósito, DEP; transferido para uma
instituição arquivística, ARQ); TRAT. Documentação já tratada ou com o tratamento em curso; INV. Permite a
consulta de investigadores externos mediante determinadas condições. S/R Sem resposta. (*) arquivo digital
Tabela 6
Casas-museus: estado da documentação
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
98
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
Notas
1
No que respeita aos arquivos dos museus científicos, tal sucedeu com a coleção documental do Museu Nacional de
História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa ou com as coleções e espólios do Museu Nacional de
Arqueologia e do Museu Geológico. No que respeita aos arquivos dos museus de cultura, refira-se o arquivo do
Museu Nacional do Teatro, o arquivo fílmico e videográfico da Cinemateca Portuguesa, os Arquivos Sonoros
Portugueses, entidade associada ao Museu da Música Portuguesa, o Arquivo Sonoro de Michel Giacometti no Museu
Nacional de Etnologia (RAMALHINHO & ALVES, 2007; DELICADO, 2008). V. tb. “Biblioteca e Arquivo Histórico do Museu
Nacional de Arqueologia”, IGESPAR, documento html disponível em http://www.igespar.pt; “Museu da Música
Portuguesa – Arquivos Sonoros Portugueses”, doc. html em http://www.cm-cascais.pt/museu-da-musicaportuguesa-arquivos-sonoros-portugueses. A informação sobre o espólio Giacometti encontra-se no blogue oficial
do
MNE
(http://mnetnologia.wordpress.com/biblioteca-e-mediateca/arquivo-sonoro-de-michel-giacometti-no-
mne/). Sobre o arquivo da cinemateca veja-se http://www.cinemateca.pt/Servicos/Acesso-Arquivo-Filmico.aspx,
(último acesso, 15/04/2014).
2
O termo coleção é partilhado tanto pela arquivística como pela museologia mas com diferente conceptualização. O
adjectivo “museal” (de outra forma desnecessário) indica neste (con)texto o referencial teórico em que se inscreve
(v. infra).
3
Serve de exemplo o Museu do Hospital e das Caldas, em Caldas da Rainha, que tem à sua guarda o fundo
documental do Hospital Termal de Caldas da Rainha e do Hospital de Santo Isidoro (datas extremas 1512 – 2000).
Ver “Arquivo Histórico” em http://museudohospital.wordpress.com/arquivo-historico-e-biblioteca/ (último acesso
16/04/2014).
4
Veja-se “Fundos e Coleções”, Museu dos Lanifícios. – U.B.I.; doc. html disponível em http://www.museu.ubi.pt/
(último acesso, 15/04/2014).
5
Refira-se, a título de exemplo, o caso da Fábrica Perienes, de conservas de peixe, em Setúbal, depois Museu do
Trabalho, que incorporou documentação do seu arquivo empresarial; da Fábrica Mundet, que passou a integrar o
Ecomuseu do Seixal; ou o Museu de Portimão. O Centro de Documentação e Arquivo Histórico do Museu de
Portimão reúne documentação de arquivo de fábricas de conservas da região, de construtores navais, arquivos
familiares e pessoais, arquivos de associações bem como de arquivos de confrarias, irmandades e misericórdias e
da administração local. A lista destes fundos encontra-se em “Arquivo Histórico”, Museu de Portimão. – Doc. html
disponível
em
http://www.museudeportimao.pt/pt/menu/34/arquivo-historico.aspx#grupo-de-fundos-
administracao-local (último acesso 16-04-2014). A intervenção no arquivo da Mundet foi descrita por FERREIRA &
FILIPE (2005) e AFONSO & FERREIRA (2006). Neste contexto, refira-se que arquivo do museu industrial Fábrica do
Inglês, de iniciativa privada, foi salvaguardado e organizado no âmbito daquele projeto museológico (Ramos, 2010).
Com a falência da empresa que geria o museu, o arquivo passou para o Arquivo Distrital de Faro.
6
Note-se, a este respeito, que o aparato conceptual da museologia centra-se sobre as coleções e não sobre o
princípio da proveniência. De acordo com o Código de Ética do ICOM, “Museums have the duty to acquire, preserve
and promote their collections as a contribution to safeguarding the natural, cultural and scientific heritage. Their
collections are a significant public inheritance, have a special position in law and are protected by international
legislation. Inherent in this public trust is the notion of stewardship that includes rightful ownership, permanence,
documentation, accessibility and responsible disposal” (ICOM, 2013). DESVALLÉES & MAIRESSE (2013, p.32) definem
coleção como “um conjunto de objetos materiais ou imateriais (obras, artefatos, mentefatos, espécimes,
documentos arquivísticos, testemunhos, etc.) que um indivíduo, ou um estabelecimento, se responsabilizou por
reunir, classificar, selecionar e conservar em um contexto e que, com frequência, é comunicada a um público mais
ou menos vasto seja esta uma coleção pública ou privada”.
7
Uma abordagem deste tipo, que insiste no registo, descrição e controlo dos objetos museais, é comum à literatura
sobre a documentação museológica e encontra-se, por exemplo, em CABALLERO ZOREDA (1988). Desde então foram
feitos enormes progressos no sentido da normalização e da gestão integrada de coleções museológicas, que as
normas promovidas pelo Comité Internacional para a Documentação do ICOM (CIDOC) e a britânica SPECTRUM,
desenvolvida pela Collections Trust e seguida atualmente em 40 países, testemunham. Ver portal do ICOM.
International Comitte For Documentation http://network.icom.museum/cidoc/ (último acesso 16-04-2011). A
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
99
Paulo Eduardo Guimarães; Laurinda Paz
normalização do inventário museológico em Portugal data do início da década de 1990 e esteve também ligada ao
potencial aberto pelas TIC, com o desenvolvimento do projeto Matriz e à constituição da rede de museus. A
publicação das Normas de Inventário especializadas pelo I.M.C. é, porém, posterior.
8
Serve de exemplo o arquivo histórico do Museu Soares dos Reis cuja documentação se reduz a uma única
prateleira. Mesmo a antiga documentação administrativa, como os inventários de 1834 e 1839 e os livros de atas
parece encontrar-se na Academia de Belas Artes, outros no Governo Civil, acabando por essa via por ingressar no
Arquivo Distrital. A maior parte do acervo é constituída pela documentação de gestão do extinto Museu Municipal
do Porto que acompanhou as suas coleções incorporadas naquele museu. Admite-se que “a documentação e os
objetos legados formam um todo” mas isso, por vezes, não ocorre na prática. Veja-se SILVA, 2009.
9
Como nosso ponto de partida, António Ponte identificara dez casas, que foram classificadas como de «Interesse
Biográfico», «constituídas por manuscritos, correspondência, escritos, biografias, recortes, objetos pessoais,
trabalhos diversos». Entre elas encontramos as casas de Manuel Mendes, Leal da Câmara, António Carneiro, Camilo
Castelo Branco, Fernando Namora, José Régio (V. Conde), Abel Salazar, Aquilino Ribeiro e Horácio Bentes Gouveia.
(Ver PONTE, 2007, pp. 25-30).
10
Sobre este inquérito e a metodologia nele utilizada remetemos o leitor para a dissertação de mestrado em
Ciências da Informação (ramo arquivos) de Laurinda PAZ, 2013.
11
Nem sempre o esforço público para homenagear um notável local a partir do seu espólio deu lugar à constituição
de uma casa-museu. Serve de exemplo o Museu Bernardino Machado. Em 1995, após a Mostra do Acervo, doado
pelos seus familiares ao município, a Câmara Municipal de Guimarães decidiu instalar o museu no Palacete Barão da
Trovisqueira. Não se trata, pois, da casa daquele republicano e o esforço de musealização não foi dirigido para a
reconstituição epocal da casa. Este tipo de casos encontra-se fora da definição de casa-museu. Ver mais
informação em http://www.bernardinomachado.org/ (último acesso 21-04-2014). Por outro lado, outros
municípios ou entidades têm procurado explorar o valor simbólico de notáveis para criar espaços de uma memória
evocativa. Serve de exemplo a casa Bocage, recuperada pelo município, que acolhe uma exposição permanente com
peças de arte e livros do Museu de Setúbal/Convento de Jesus e documentos da Biblioteca Municipal de Setúbal,
instalada
na
casa
onde
terá
vivido
o
poeta
sadino.
Ver
“Casa
Bocage”,
http://www.mun-
setubal.pt/pt/pagina/museus/72 (último acesso 21-04-2014). Também este caso não se inscreve, de acordo com
os critérios que adotámos, na categoria das casas-museu por lhe faltar a dimensão museológica.
12
A informação sobre organismo, atividades, conferências, publicações pode ser consultada em
“Internacional
Committee for Historic House Museums” em http://demhist.icom.museum/ (ultimo acesso 20/04/2014).
13
Na “Lista dos museus em Portugal” existente na Wikipedia encontramos 29 títulos “casas-museu”. Porém, já no
sítio de referência MuseusPortugal.org podemos identificar 51 de instituições de tipo 1, onde se refere
acidentalmente a existência de serviços de biblioteca mas sem referir serviços de arquivo ou coleções documentais.
Na Rede Portuguesa de Museus encontravam-se 113 unidades museológicas com o termo “casa” (A. Ponte, 2007,
p.3). A. Ponte na sua tese analisa os dados de 39 “casas-museu” que tinham sido identificadas no inquérito
realizado pelo Observatório das Atividades Culturais e pelo Instituto Português de Museus realizado em 1998. Nádia
Gomes identifica 165 casas-museu. Destas, havia 30 encerradas, 2 eram ainda habitadas. Nádia Gomes apresenta
uma proposta de classificação de 135 casas-museus (2012, pp.43-45).
14
0 Roteiro dos Museus e Espaços Museológicas da Região Centro da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Centro, publicado na Web recuperou 29 unidades museais com o termo “casa-museu mas a maior parte
delas são “casas etnográficas” que ficaram de fora do nosso objeto de análise.
15
V. PEREIRA e outros (1999) e sobre Carlos Relvas, v. Salvado, 2008. A Casa-Museu Manuel Mendes integra o Museu
do Chiado, através de doação do artista Manuel Mendes. O tratamento arquivístico foi feito pela Fundação Mário
Soares. Ver http://www.fmsoares.pt/iniciativas/iniciativa?id=000128 (último acesso 20/04/2014).
16
Esta classe de casas-museu tem sido identificada como casas-museus etnográficas. Este qualificativo, porém,
tem sido utilizado de forma muito elástica, designando casas-museu que entram noutras classes, nomeadamente,
as Casas de Comunidade, Casas Nobres, etc.
17
O acervo designa o conjunto de documentos de uma entidade produtora ou de uma entidade custodiadora (V.
ICA, Multilingual Archival Terminology,
2014).
http://www.ciscra.org/mat/termdb/term/1930
(último acesso 23-04-
É um termo pouco preciso mas, precisamente por isso, que se revelou útil pois descreve a natureza
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
100
Os arquivos das casas-museu em Portugal: um diagnóstico preliminar
inorgânica e/ou compósita da documentação de arquivo que encontramos nas casa-museu. Esta pode ter sob a
forma de coleções documentais, criadas artificialmente pelo homenageado ou comunidade, a que se juntam fundos
empresariais, documentação pessoal, etc. V. tb. Caballero Zoreda, 1988.
18
Veja-se a informação sobre a Casa-Museu no portal da fundação (http://www.fbb.pt/), último acesso em
21/04/2012).
19
No entanto, a Casa-museu José Régio (Portalegre) integra a vasta coleção bibliográfica do homenageado, que se
encontra distribuída pelas salas, como na época em que o escritor ali residia.
20
Os acervos das casas-museu Afonso Lopes Vieira, de Oliveira de Azeméis e de João de Deus (São Bartolomeu de
Messines) foram doados por beneméritos, indivíduos sem laços familiares com os homenageados. Foi o caso, por
exemplo, do pequeno acervo do ilustrador neorrealista Manuel Ribeiro (1907-1957) que foi doado à casa-museu
“pelo filho da proprietária do quarto que o artista alugara para sua residência em Lisboa”. Na amostra constituída
pelas respostas ao Inquérito desconhecemos a forma de aquisição em 6 casos.
21
É o caso da Casa-Museu Frederico de Freitas, onde o acervo “não foi propriamente doado porque não consta de
nenhuma relação. O Dr. Frederico de Freitas legou o recheio da sua casa de residência e esse acervo documental
encontrava-se dentro de algum mobiliário” (Resposta ao Inquérito… 2012).
22
O arquivo histórico das casas-museu designa toda a documentação conservada que fez parte da doação ou que
foi doada por terceiros, inclui a documentação adquirida ou incorporada pela instituição pelo seu valor histórico ou
memorialístico (fundos e coleções), bem como a documentação de gestão das coleções, como os inventários, e
produzida pelo próprio museu, que não se encontra ativa, e que é conservada pelo seu valor secundário. Esta
documentação é frequentemente reunida em salas, depositada noutros edifícios, entregue à gestão da tutela,
integrando os seus arquivos, ou transferida para outras entidades (v. infra). Neste caso, referimo-nos apenas à
documentação anterior à constituição das casas-museu.
23
Não responderam a este quesito 7 casas-museu. Das instituições museológicas que afirmaram ter pessoal
responsável pelo arquivo, apenas uma reconhece que o acervo ainda não foi intervencionado. Trata-se da CasaMuseu João de Deus (S. Bartolomeu de Messines).
24
O inquérito recolheu 10 respostas negativas nesta questão e em 3 casos afirmou-se que estava em curso um
plano de classificação.
25
26
Foram omissas na resposta a esta questão 8 entidades.
Isto não significa que estas salas cumpram os requisitos de conservação e de segurança desejáveis. São
essencialmente espaços afastados do público. Não responderam a este item do inquérito 10 entidades.
27
Constitui exceção a Casa-Museu
Eng. António de Almeida que informou que o acervo “não
está aberto a
qualquer pessoa ou entidade externa à Fundação”.
28
O “Arquivo Histórico da Casa dos Patudos” encontra-se sumariamente descrito na página web “Casa dos Patudos
– Museu de Alpiarça” alojada no sítio do município de Alpiarça. O catálogo, muito parcial, encontra-se em
http://bibalp.dyndns.org/docbweb e disponibilizam-se aí bastantes cópias digitais de três séries documentais, as
quais representam menos de 1 por cento da documentação do arquivo (último acesso 21/04/2014).
29
A Casa-Museu “Abel Salazar”, que não respondeu ao Inquérito, tem a sua documentação de arquivo descrita no
seu sítio web (http://cmas.up.pt/ ). O “arquivo on line” é descrito na página “Biblioteca Virtual”. O utilizador é
reencaminhado para A Casa Comum (http://casacomum.org/). A biblioteca, por sua vez, foi integrada Universidade
do Porto, sendo descrita no seu catálogo geral.
30
“Os documentos de arquivo, tratados e disponíveis são um importante contributo e uma mais-valia para o
desenvolvimento da instituição, pois constituem a base de trabalho segura para o desenvolvimento da atividade
museal. Documentos acessíveis, estruturados ajudam a decidir e a responder com segurança”. (Resposta da CasaMuseu José Régio (de Portalegre) ao Inquérito). Esta entidade não dispõe de um arquivo.
Cadernos BAD, 2014, N. 1, Jan-Jun, pp. 79-101
101
Download

Transferir este ficheiro PDF