Perdas na colheita mecanizada de milho (Zea mays L.) na região de Cândido Mota e Pedrinhas Paulista Alexandre dos Santos Carreira¹; Giuliano Antonio D’Epiro²; Edson Massao Tanaka³; ¹Discente, FATEC “Shunji Nishimura”, Mecanização em Agricultura de Precisão, Pompeia, SP, Fone: (18) 99791-7032, [email protected] ²Discente, FATEC “Shunji Nishimura”, Mecanização em Agricultura de Precisão, Pompeia, SP, Fone: (18) 99705-2198, [email protected] ³Mestre, Professor Associado, FATEC “Shunji Nishimura”, Mecanização em Agricultura de Precisão, Pompeia, SP, Fone: (18) 99715-0404, [email protected] Resumo: No presente trabalho, realizou-se avaliação na colheita mecanizada de milho na segunda safra 2013 na região de Cândido Mota e Pedrinhas Paulista, no vale do Paranapanema, no oeste do estado de São Paulo, com o objetivo de quantificar as perdas e qualidade da colheita mecanizada do milho com tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis), resistente a herbicidas, e as consequências das elevadas perdas e também do custo do controle de plantas voluntárias ou conhecidas como tigueras. A avaliação de perdas de colheita foi realizada em diversas colhedoras autopropelidas, seguindo a metodologia de Mesquita et al.(1998), foram avaliadas 20 colhedoras de diferentes marcas e modelos em delineamento inteiramente casualizado, desta forma foram avaliadas três repetições por máquina, com três amostras de perdas de grãos e três de grãos em espigas, também foram avaliadas alguns aspectos operacionais da máquina, com o objetivo de possibilitar a avaliação do método de colheita, se o processo estava adequado ou não e correlaciona-las com as perdas avaliadas. No estudo avaliou se uma média de perdas de 2,22 sacos por hectare e com isso o custo para o controle da tiguera obteve uma média de em torno de R$ 35,46 por hectare cultivado, e somado com as perdas totais chegou a valores acima de R$ 150,00 por hectare produzido. Palavras chave: plantas voluntárias, tecnologia Bt, perdas na colheita, colhedoras, milho. LOSSES IN CORN (ZEA MAYS L.) MECHANIZED HARVESTING IN THE REGION OF CÂNDIDO MOTA AND PEDRINHAS PAULISTA Abstract: In the present work, we carried out assessment in mechanical harvesting of maize in the second season in 2013 in the region of Cândido Mota and Pedrinhas Paulista , in the 1 Paranapanema valley, in the western state of São Paulo , with the goal of quantifying the losses and crop quality mechanized technology of corn with Bt ( Bacillus thuringiensis ), herbicide-resistant , and the consequences of losses and also the high cost of controlling voluntary or plants known the tigueras. The assessment of crop losses was performed in several self-propelled harvesters , following the methodology Mesquita (1998 ) , 20 harvesters of different brands and models were evaluated in a completely randomized design , with three replications thus made by machine , with three samples of losses grain and cobs , also some operational aspects of the machine were evaluated in order to permit evaluation of sampling methods , the process was appropriate or not, and correlates them with the assessed losses. The study evaluated an average loss of 2.22 sacks per hectare and thus the cost to control tiguera got an average of around R$ 35.46 per hectare , and summed with total losses reached values up to R$ 150.00 per hectare produced. Keywords: voluntary plants, Bt technology, crop losses, harvesters, corn. Introdução Conforme a Embrapa (2012), a produção de milho no Brasil é caracterizada pela semeadura em duas épocas: primeira safra (ou safra verão) e segunda safra (ou safrinha, ou safra inverno). A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, semeado geralmente de janeiro a abril. Segundo Araújo et al. (2004), a produção mundial de milho estima-se em torno de 597 milhões de toneladas, sendo 241 milhões nos Estados Unidos, 114 milhões na China e 35 milhões de toneladas no Brasil. Apesar de o Brasil ser o terceiro maior produtor do cereal, a produtividade média é baixa (de 3.000 kg.ha-1) quando comparada com a da China (4.700 kg.ha-1) e com a dos Estados Unidos (8.670 kg.ha-1). Estudos desenvolvidos por Duarte et al. (2013) revelam que a região paulista do Vale do Paranapanema é uma das mais tradicionais no cultivo de milho de segunda safra “milho safrinha” do Brasil, sendo cultivado desde o início da década de 1990. Esta região apresenta “transição” climática de inverno úmido para seco, com risco moderado de deficiência hídrica e geada. A antecipação da época de semeadura e o lançamento de novos híbridos adaptados ao período de outono-inverno contribuíram para que a produtividade média do milho safrinha dobrasse e atingisse valores próximos de 6.000 Kg.ha-1. Segundo Carreira, D’Epiro e Tanaka (2013), devido ao significativo crescimento de produção de grãos nos últimos anos e as novas tecnologias presentes em campo, as perdas são 2 inevitáveis e a colheita como é a ultima operação realizada no campo exige uma melhor qualidade e rapidez com o mínimo de perdas, contudo realizada de forma incorreta ocasiona perdas na produtividade, nos lucros e transtornos no futuro com o controle de plantas invasoras.Segundo Neto (2003) as perdas relacionadas à colheita de grãos estão diretamente relacionadas ao manejo da cultura e a experiência do operador ao operar e regular a colhedora. É necessário investigar as perdas durante a colheita mecânica no sistema produtivo, para obtenção de uma maior rentabilidade do produto, podendo ser feito com o emprego de alguns critérios e cuidados (TABILE et al., 2008). (Portella, 1997. Apud TABILE et al., 2008) sugere que o desenvolvimento de metodologias para regulagem de colhedoras, assim, como o uso de novos mecanismos que potencializem o desempenho da máquina, pode constituir em meios para minimizar as perdas a níveis. As plantas remanescentes ou conhecidas como tigueras de uma safra podem representar problemas na próxima safra. "A questão é como lidar com o que sobra da lavoura antecessora na safra seguinte". Com isso o planejamento é uma ferramenta fundamental para antecipar ações que possam garantir um controle adequado das plantas tigueras transgênico. Conforme o Agrônomo Paulo Henrique Noronha Dias "O produtor deve estabelecer, claramente, os investimentos futuros, sem esquecer o passado, porque dependendo do que será cultivado no verão ele poderá ter problemas no inverno" (COAMO AGROINDUSTRIAL COOPERATIVA, 2011). Segundo Mesquita et al. (1998), as perdas na plataforma podem estar relacionadas com altura de plataforma em relação ao solo, condições desfavoráveis do campo, unidades de fileiras não estão centralizadas, espigas lançadas fora da plataforma entre outros fatores. Em casos de excesso de grãos quebrados ou amassados no graneleiro, as causas possíveis são: côncavo muito fechado, milho muito seco, velocidade muito alta do cilindro debulhador, milho muito úmido, côncavo fora de nível entre outros. Quando as espigas não são debulhadas completamente: velocidade muito baixa do cilindro do debulhador, muita folga entre o cilindro e o côncavo. Espigas não são debulhadas completamente, causas possíveis: velocidade de avanço muito rápida, espaço muito grande entre as barras do côncavo. Um dos problemas que podem ser observados são grãos caídos no chão que podem ser causado por sobrecarregando da peneira superior. 3 O objetivo do presente trabalho é quantificar e qualificar as perdas na colheita mecanizada de milho e as consequências que essas perdas estão gerando no controle de plantas voluntárias. Metodologia No presente trabalho utilizou-se a metodologia de avaliação das perdas de colheita descrita por Mesquita et al.(1998) , onde a avaliação de perdas de grãos soltos e grãos em espigas, os materiais utilizados para a amostragem e quantificação das perdas foram: estacas, fita de PVC (fita utilizada para demarcação de áreas), copo medidor de perdas conforme ilustra a Figura 1 do copo medidor e trena métrica. Figura 1- Amostra de perda de Grãos soltos (à esquerda), leitura da amostragem de grãos soltos utilizando-se o copo medidor (ao centro) e amostra de perdas de grãos em Espigas (à direita). FIGURA 1 - Fonte: Autor. Para se quantificar perdas de colheita utilizou-se, um copo medidor com tamanho e escala especifica (medida em sacos.ha-1), assim pode-se determinar diretamente a quantidade de perdas em sacos.ha-1 seja grãos soltos ou como em grãos de espigas. Para amostrar perdas de grãos soltos de milho foi utilizado armação de amostragem de área de 2m², e para as perdas de grãos em espiga (perdas da plataforma recolhedora) armação de 30m², a fixação das armações foram feitas no sentido transversal ao deslocamento da máquina, conforme mostra Figura 2 (MESQUITA,1998). As dimensões do amostrador foi calculado para se obter uma armação retangular com uma área de 2m², a determinação do comprimento da armação do amostrador utilizou-se a medida da largura da plataforma, ou também, pelo método de multiplicar o numero de linhas contidas na plataforma pelo espaçamento das entre linhas da cultura, a maneira de calcular largura do amostrador foi determinada da seguinte forma: 2m² dividido pela largura da plataforma ou numero de linhas vezes o espaçamento entre linhas da 4 cultura, como mostra a Figura 2. A amostragem de perdas de grãos em espigas foi realizado através da catação das espigas em uma área de 30m², onde o comprimento do amostrador utilizou-se a medida da largura da plataforma. A largura do amostrador calculou-se da seguinte forma: 30m² dividido pela largura da plataforma conforme FIGURA 2. As amostragens foram coletadas em delineamento inteiramente casualizados com utilização de estatística descritiva, com 3 repetições por máquina para perdas de grãos soltos em grãos em espigas, caracterizando-se a média das perdas das máquinas avaliadas, o calculo realizado das perdas totais foi através da média das 3 repetições de perdas de grãos em espigas, somado com a média das 3 repetições de perdas de grãos soltos, onde a somatória dos dois valores resultam nas perdas totais. Figura 2– Metodologia de amostragens de perdas de grãos soltos e de perdas de grãos em espigas. LARGURA DA PLATAFORMA EM METROS PERDAS DE GRAOS EM ESPIGAS 30m 2 2m 2 PERDAS DE GRAÕS SOLTOS 2÷ LARGURA DA PLATAFORMA EM METROS 30÷LARGURA DA PLATADFORMA Armação de 30m² Armação de 2m² Fonte: Embrapa, 1998. Na região de amostragem dos dados, foram coletadas amostras de 20 máquinas com diferentes marcas e modelos, ilustrados na Tabela 1. Observando a mesma tabela pode-se perceber uma diversidade de marcas, modelos, tempo de uso (ano de fabricação) e sistema de trilha. Em todas as máquinas foram avaliadas alguns parâmetros relacionados a operação da colhedora, tais como (rotação do ventilador, cilindro de trilha, distancia entre cilindro/côncavo entre outros) e informações sobre o cultivar como variedade e tecnologia do mesmo, numero de plantas por metro, etc. As informações operacionais foram obtidas em entrevistas, contando com a colaboração do operador em especificar como o mesmo estava operando a máquina. 5 Tabela 1 - Caracterização das colhedoras analisadas. Colhedora Cidade: Marca: Modelo: Ano : S.Trilha: M1 Cândido Mota-SP New Holland TC 57 * Tangencial M2 Cândido Mota-SP New Holland TC 57 2000 Tangencial M3 Cândido Mota-SP New Holland TC 57 2000 Tangencial M4 Pedrinhas Paulista-SP John Deere 1550 * Tangencial M5 Cândido Mota-SP John Deere 1450 2005 Tangencial M6 Cândido Mota-SP New Holland TC 5090 * Tangencial M7 Cândido Mota-SP CASE Axial-Flow 2688 AFS * Axial M8 Cândido Mota-SP John Deere 1450 * Tangencial M9 Cândido Mota-SP New Holland 8040 1986 Tangencial M10 Cândido Mota-SP SLC 7200 * Tangencial M11 Cândido Mota-SP SLC John Deere 1175 * Tangencial M12 Cândido Mota-SP New Holland TC 57 97/98 Tangencial M13 Cândido Mota-SP New Holland TC 59 * Tangencial M14 Pedrinhas Paulista-SP New Holland TC 5090 2009 Tangencial M15 Pedrinhas Paulista-SP New Holland TC 57 2002 Tangencial M16 Florinea- SP John Deere STS 9570 * Axial M17 Pedrinhas Paulista-SP Massey Fergunson 5650 AD 2003 Tangencial M18 Pedrinhas Paulista-SP New Holland TC 57 2003 Tangencial M19 Pedrinhas Paulista-SP New Holland TC 57 2004 Tangencial M20 Pedrinhas Paulista-SP New Holland TC 59 2003 Tangencial * Não foram obtidos dados. Outro fator avaliado foi o controle da tiguera e qual o método de controle que os agricultores estão utilizando, e também qual o custo que as perdas estão gerando para controle com produtos químicos , os dados foram obtido através de entrevistas realizadas com cada agricultor, juntamente com o preço médio do saco de 60 quilos de milho, que em agosto de 2013, foi de R$ 21,25 reais. 6 Resultados e Discussões Como indica na tabela 2, pode-se observar uma ampla variedade de regulagens em campo, tais como rotação do ventilador do sistema de limpeza, variando de 450 à 1200 RPM, velocidade de deslocamento da máquina entre 3 até 8,5 km.h-¹, velocidade do cilindro batedor, do sistema de trilha, variando de 380 à 800 RPM. As máquinas que estavam com velocidades maiores foram a M7 com velocidade de descolamento de 8 Km.h-1 e M16 que apresentava 8,5 Km.h-1 e ambas possuem sistema de trilha do tipo axial. De acordo com os dados apresentados, pode ser visualizado que nas velocidades menores de deslocamento da máquina as perdas de grãos soltos foram menores e em velocidade maiores as perdas foram maiores. A velocidades de rotação dos ventiladores variou entre 450 a 1200 rpm e também pode se observar que a rotação do ventilador não influenciou no aumento de perda de grãos soltos. Analisando as máquinas M18, M19 e M20 que estavam trabalhando com a mesma velocidade de deslocamento e com a mesma rotação do ventilador, pode-se observar que ambas diferenciaram-se na abertura da peneira, ocasionando um aumento de perdas quando foi aumentando a abertura da peneira superior. 7 Tabela 2 - Avaliação de perdas através de analise do sistema de Limpeza Colhedora R.V. V.D.M -1 A.P.S (mm) M.P.G.S. (sacos. ha-1) (rpm) (km.h ) M1 1200 5,5 12 1,00 M2 700 3 11 0,20 M3 800 5,5 8 0,33 M4 760 5,5 11 1,03 M5 600 3 10 0,43 M6 750 6,5 10 0,77 M7 1000 8 7 0,47 M8 800 4 9 0,50 M9 800 3,5 10 0,40 M10 N.D 3 4 0,73 M11 700 4,5 9 0,27 M12 600 5,5 7 0,27 M13 800 6 10 0,33 M14 800 5,5 13 0,37 M15 450 3,5 7 0,43 M16 920 8,5 13 0,53 M17 1100 4 15 1,70 M18 650 4 4 0,33 M19 650 4 5 0,47 M20 650 4 9 0,73 N.D: Não foi obtido dados de valor de rotação nessa máquina. R.V: Rotação do Ventilador. V.D.M: Velocidade de deslocamento da máquina (velocidade de trabalho). A.P.S: Abertura da peneira superior. M.P.G.S: Média de perdas de grãos soltos. Pode-se observar através do Gráfico 1 e correlacionar com a metodologia descrita por Mesquita et al. (1998), onde o mesmo cita que as perdas totais tem que ter valores máximos toleráveis de 1,5 sacos por hectare, o que pode ser observado são valores de algumas máquinas ultrapassando a perda de 5 sacos.ha-1 acima do aceitável .A máquina que apresentou maior perda de grãos soltos foi a máquina M18, com uma perda total de 10,8 sacos.ha-1 e as máquinas que apresentaram maiores perdas de espigas acima da perda aceitável foram as 8 máquinas M1, M16, M18, M19 e M20. A media de perdas totais das regiões analisadas foram de 2,22 sacos.ha-1. Gráfico 1 – Demonstrativo de perdas de grãos soltos, grãos em espigas e perdas totais. Perdas em sacos ha-‐1 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M14 M15 M16 M17 M18 M19 M20 P.E P.G. P.T. P.E: Perdas de grãos espigas. P.G: Perdas de Grãos soltos. P.T: Perdas Totais. Pode-se observar no Gráfico 2, que há colhedoras que estão dentro do limite aceitável, porém 35% das colhedoras analisadas estão com perdas acima do aceitável. Gráfico 2- Representação das máquinas que apresentam perdas aceitáveis (até 1,5 sacos ha-1) e não aceitáveis (acima de 1,5 sacos.ha-1) na região de Cândido Mota e Pedrinhas Paulista. Média de perdas aceitável 35% 65% Média de perdas acima do aceitável Nas amostragens de espigas para quantificar perdas de plataforma foram consideradas espigas inteiras e espigas em pedaços que apresentavam quebra pelo mecanismo de plataforma, pois de acordo com Embrapa (2009) essas perdas são os responsáveis por vários 9 fatores entre eles, altura da plataforma em relação ao chão, inserção da espiga, diâmetro da espiga entre outros, como pode ser visualizado no Gráfico 3. Pode-se observar de acordo com a Gráfico 3, que 25% das colhedoras analisadas possuem perdas na plataforma acima do limite aceitável de acordo com a metodologia de MESQUITA (1998). Gráfico 3 – Perdas de Espigas e Altura de Plataforma das máquinas avaliadas na colheita de milho. 0,60 12,00 0,50 10,00 0,40 8,00 0,30 6,00 0,20 4,00 0,10 2,00 0,00 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M14 M15 M16 M17 M18 M19 M20 Altura da Plataforma (m) : 0,00 Media/ perdas de espiga Perdas de espiga (sacos.ha-1) Altura da platafoma em relação ao solo (m) Média das perdas de espigas Analisando o Gráfico 3 podemos perceber que as perdas estão excedendo o limite aceitável já na plataforma sem contar com as futuras perdas de grãos soltos ao chão, essas perdas estão refletindo o mal recolhimento dessas espigas. Como podemos observar na tabela 2, houve perdas significativas de grãos soltos obtendo valores acima de 1 saco.ha-1 e até acima de 1,5 sacos.ha-1, que já se enquadra em perdas inaceitáveis de acordo com Mesquita (1998). As perdas pelo sistema de Trilha se da através da pressão de trilha, ou seja, quando maior a velocidade do cilindro menor a abertura entre o cilindro e o côncavo. No sistema de trilha, a regulagem do cilindro/côncavo e rotação do cilindro é uma função da umidade dos grãos (tabela 3), ou seja, quando maior a umidade mais pressão de trilha é necessário pra separar os grãos do sabugo, como pode ser observado na tabela 3 a máquina M2 apresentou menor umidade de grãos sendo de 16,8 % de umidade e abertura entre cilindro e côncavo de 26 mm de abertura na barra inferior e 23 mm na barra superior e a máquina M3 apresentou umidade maior sendo de 24% de umidade com distancia de cilindro e côncavo de 28 mm para a barra inferior e 25 mm para a barra superior. Outro dado que pode se observar é em relação às máquinas M7 e M1, onde a máquina M7 apresentava abertura entre cilindro e côncavo de 20 mm para a barra inferior e 14 mm 10 para a barra superior, com rotação de ventilador de 380 rpm com uma porcentagem de grãos quebrados de 0,80%, e a máquina M1 apresentou abertura de 40 mm para a barra inferior e 35mm na medida da barra superior, com rotação de ventilado de 800 rpm e perdas de grãos quebrados de 3,97%. Foi mensurado a umidade do milho colhido em 13 máquinas das 20 amostradas (tabela 3), os dados de amostragens umidade e pressão de trilha podem ser analisados e comparados com a forma em que os operadores estavam regulando e operando essas máquinas em campo, e essas regulagens de operação refletem diretamente nas perdas. Tabela 3 - Especificações avaliadas no Sistema de Trilha Distancia entre o Cilindro e Côncavo V.C U.R.G.M (rpm): (%): 35 800 22,1 3,97% 8° 23 550 16,8 4,40% 28 6° 25 700 24 4,13% 1° 23 12° 14 560 22 4,37% M5 1° 33 12° 21 400 17 3,00% M6 3° 27 7 25 480 17 3,17% M7 1° 20 16 14 380 17 0,80% M8 1° 36 Ultima 15 750 23 3,27% M9 4° 26 11° 20 600 18,1 3,20% M10 1° 25 12° 9 650 22,3 1,73% M11 1° 39 12° 17 700 22,3 1,80% M12 4° 26 11° 29 800 21 3,53% M13 3° 20 7° 30 800 21 1,87% Colhedora B.I A1 B.S A2 (n°): (mm): (n°): (mm): M1 4° 40 11° M2 3° 26 M3 3° M4 P.G.Q Legenda: B.I: Barra inferior. N°: Numero da barra medida. A1: Altura 1 da barra. B.S: Barra superior. 11 A2: Altura 2 da Barra. V.C: Velocidade do cilindro. U.R.G.M: Umidade relativa do grão de milho. P.G.Q: Porcentagem de grãos quebrados. Como pode ser observado no Gráfico 4, quanto menor a distancia entre o cilindro e côncavo maior a rotação do cilindro de trilha, alguns dados presentes no gráfico extrapolam essa metodologia, podendo ser observado por exemplo: distanciamentos maiores e rotação elevada, isso leva a entender a falta de informação dos operadores e a forma que os mesmos estão regulando suas máquinas. Gráfico 4- Distancia entre cilindro/Côncavo x Rotação. Distancia entre Cilindro/Côncavo X Rotação 45 900 40 39 35 30 700 33 30 29 28 26 25 800 36 35 27 25 23 26 25 600 26 25 500 23 21 20 20 20 20 400 17 14 14 15 15 300 9 10 Rotação do Cilindro (RPM) Distancia entre cilindro e concavo (mm) 40 200 5 100 0 0 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 Maquinas avaliadas com umidade de Abertura Barra Inferior(mm): Abertura Barra Superior(mm): Velocidade do Cilindro(rpm): Do total de 20 máquinas amostradas foi feito um levantamento pós colheita em algumas áreas, podendo ser observado na tabela 6 como os agricultores estão controlando os restos de cultura e as tigueras, se é em forma de incorporação ao solo por meio de órgãos ativos, pulverização ou recolhimento, catação manual dos restos culturais como por exemplo espigas. Os valores de custos de pulverização para o controle da tiguera transgênica por hectare foram fornecidos pelos agricultores e podem ser observado na tabela 4. Segundo Dias (2011). O controle da tiguera é importante para que ela não venha a atrapalhar a cultura 12 posterior por competição, pois segundo ele “dependendo do que será cultivado no verão ele poderá ter problemas no inverno”. Tabela 4 - Método de controle da tiguera e custo de controle. Colhedora M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M14 M15 M16 M17 M18 M19 M20 C.M Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Método de controle da tiguera I.P.S Pul. C.C.T R$ ha-1 Não Sim R$ 35.27 Não Sim # Sim Não * Não Sim # Não Sim # Não Sim # Não Sim # Não Sim R$ 33.00 Sim Não * Não Sim R$ 33.00 Não Sim R$ 33.00 Não Sim # Não Sim # Sim Sim # Sim Sim # Não Sim # Sim Não * Não Sim R$ 38,00 Não Sim R$ 38,00 Não Sim R$ 38,00 C.M: Catação Manual de restos de cultura. I.P.S: Incorporação de palha ao solo Pul: Pulverização C.C.T: Custo para o Controle da Tiguera. *: não foi realizado pulverização para o controle de tigueras. #: O produto utilizado não era para o controle de tigueras e sim para o controle de outras plantas invasoras. Os controles de restos culturais e de plantas invasoras estão sendo controladas de diversas formas como se pode observar na tabela 4 mais os dados de custo de controle só foram levantados de produtores que estão utilizados produtos químicos apenas no controle da planta invasora transgênicas em questão. 13 Para quantificar as perdas e correlacionadas com valores de reais, foram somados os dados de perdas totais em reais por hectare com o gasto para o controle de tigueras com o defensivos também em reais por hectare, a soma dos dois valores estão contidos na Tabela 5. Tabela 5 – Quantificação de perdas e custo gerado pelas tigueras. Colhedora Cidade: M1 M2 M3 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M4 M14 M15 M17 M18 M19 M20 M16 Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Cândido Mota-SP Pedrinhas Paulista-SP Pedrinhas Paulista-SP Pedrinhas Paulista-SP Pedrinhas Paulista-SP Pedrinhas Paulista-SP Pedrinhas Paulista-SP Pedrinhas Paulista-SP Florínea- SP Perdas totais sc ha-1 3,82 0,37 0,68 0,72 1,32 1,35 0,50 1,02 1,43 0,60 0,27 0,33 1,62 0,95 0,73 2,83 10,80 6,47 5,05 3,48 Perdas em R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 81,10 7,79 14,52 15,23 27,98 28,69 10,63 21,60 30,46 12,75 5,67 7,08 34,50 20,19 15,58 60,21 229,50 137,42 107,31 74,02 R$ 35,27 Perdas + Controle R$ ha-1 R$ 116,37 R$ 33,00 R$ 54,60 R$ 33,00 R$ 33,00 R$ 45,75 R$ 38,67 R$ 38,00 R$ 38,00 R$ 38,00 R$ 175,42 R$ 145,31 R$ 112,02 C.C.T R$ ha-1 C.C.T: Custo para o Controle da Tiguera. As perdas de colheita somando ao seu custo de controle resultam em um gasto amais, pois alem de ser um produto que não esta gerando renda porque esta perdendo e deixando no chão está gerando um investimento extra com o seu controle. Esses dados estão exemplificados na tabela 5 em forma de valores de custo, pois assim podes-se ter uma melhor visualização de quanto que o agricultor deixa de ganhar nesse processo. 14 Conclusão Conforme os dados analisados, conclui-se que 25% das colhedoras tiveram perdas de grãos em espigas acima do aceitável, só no mecanismo da plataforma e 35% das colhedoras com perdas acima dos valores aceitáveis, juntamente com perda de espigas e de grãos soltos. A rotação do ventilador não demonstrou aumento de perdas porem, o aumento da abertura da peneira superior provocou o aumento das perdas. Com isso pode-se concluir que nas máquinas analisadas houve uma média de perdas de grãos soltos de 0,57 sacos.ha-1 e a média de perdas de grãos em espigas de 1,65 sacos.ha-1 com isso totalizando esses dois valores pode se concluir que a média de perdas totais na região estudada foi de 2,22 sacos.ha-1, a área na safra de inverno de 2013 semeada foi de 121.050 ha de milho. Nessa região estima-se uma perda de 270 mil sacos de milho, que representa um valor financeiro aproximado de R$ 5,3 milhões. Através desse levantamento pode-se perceber que a tiguera esta gerando um custo para os agricultores seja ela controlada através de produtos químicos ou através de implementos para a incorporação ao solo. Entre os agricultores que estão pulverizando pode-se perceber que esta gerando um custo a mais em torno de R$ 35,46 por hectare cultivado, e somado com as perdas, podemos chegar a valores acima de R$ 150,00 por hectare produzido. Na região do Vale do Paranapanema estima-se um custo de aproximadamente R$ 4,3 milhões com o controle de tigueras. 15 Referências ARAÚJO, Luiz Alberto Navarro; FERREIRA, Manoel Evaristo; CRUZ, Mara Cristina Pessôa. Adubação nitrogenada na cultura do milho. Pesq. agropec. bras., Brasília. v.39, n.8, p.771-777, Ago. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pab/v39n8/21738.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2014. As implicações da biotecnologia. COAMO AGROINDUSTRIAL COOPERATIVA. Edição 402. Campo Mourão - Paraná. mar.2011. Disponível em: <http://www.coamo.com.br/jornalcoamo/mar11/digital/encontro_5.html>. Acesso em: 10 fev. 2014 CARREIRA, A.S.; D’EPIRO, G. A.; TANAKA, E.M. Perdas na colheita mecanizada de milho (Zea mays L.) na região de Cândido Mota e Pedrinhas Paulista. In: Encontro de Mecanização em Agricultura de Precisão, 4., 2014, Pompéia,SP. Anais... 2013. Disponível em: < http://fatecpompeia.edu.br/fatec/publicacoes/Anais2013_EncMAP.pdf >. Acesso em: 12 maio 2014. DUARTE, A. 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