MOVIMENTOS SOCIAIS: SERVIÇO DA CONSTRUÇÃO CIDADÃ REFERENCIAL IDENTITARIO DAS MASSAS OPERARIAS PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA SOCIEDADE MODERNA Mildon Carlos Calixto Paula Tauana Santos Andréia Duarte Reis Grupo de pesquisa: GPGFOP/UNIT GT1: Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas) Agencia Financiadora: sem financiamento Resumo No transcurso da historia a sociedade passou por muitas transformações que são de grande importância para toda humanidade. Dentre essas transformações que marcaram o desenvolvimento do capitalismo evidenciam-se: A Primeira Revolução Industrial, que apresenta novas alterações no setor da técnica, no desdobramento da produção, influenciando fortemente a conjuntura de toda a sociedade. A Segunda Revolução Industrial, em meados do século XIX, caracteriza-se pelo progresso no setor industrial. Aprioristicamente as concepções libertarias permeavam não só o meio operário, mas também certos setores das camadas médias como uma tentativa de vislumbrar um ideário criticam emancipando das grandes ideologias. Com esta afirmação compreendemos que não se deve resumir a visão dos movimentos sociais unicamente aos meios de produção e do trabalho, claro que esses aspectos não deixam de ser importantes. No entanto tendo em vista que os movimentos sociais não só atuam nesse âmbito, mas em outros ambientes da sociedade, no que se refere ao campo da bioética do sagrado, às expressões, tradições de nossa cultura. Palavra-Chave: Movimentos Sociais; Capitalismo;Trabalho. ABSTRACT In the course of history society has undergone many transformations that are of great importance to humanity. Among these transformations that have marked the development of capitalism become evident: The First Industrial Revolution, which presents new changes in the technology sector, in the deployment of production, strongly influencing the climate of the whole society. The Second Industrial Revolution in the mid-nineteenth century, characterized by progress in the industrial sector. Priori libertarian conceptions permeated not only the working class environment, but also certain sectors of the middle class as an attempt to see a critical emancipating ideas of the great ideologies. With this statement we understand that one should not sum up the vision of social movements only to the means of production and work, of course, these aspects are no less important. However in order that social movements not only act within that framework, but in other sectors of society, with regard to the sacred field of bioethics, the expressions and traditions of our culture. Keyword: Social Movements; Capitalism; Work. * Mestrando em Educação pela UNIT, bolsista do CAPES/INEP/UNIT. Integrante do grupo de Pesquisa GPGFOP/UNIT/CNPq: Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professores. E-mail: [email protected] ** Acadêmica do curso de Pedagogia na Universidade Tiradentes, bolsista do CAPES/INEP/UNIT. Integrante do grupo de Pesquisa GPGFOP/UNIT/CNPq: Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professores e do NUPIEPED/UFS. E-mail: [email protected] ***Acadêmica do curso de Pedagogia na Universidade Tiradentes, bolsista de iniciação científica PROBIC/UNIT/CNPq. Integrante do grupo de Pesquisa GPGFOP/UNIT/CNPq: Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professores. E-mail: [email protected] 1- As Novas configurações dos Sistemas Sociais Muitas transformações eclodem em toda a humanidade nas ultimas décadas de transições do século XVIII ao XIX. Isto se dá, principalmente, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo. As mudanças ocorridas nesse século vêm dar novas características reestruturais aos meios de produção. Com isso alterada industrias e o relacionamento entre patrões e empregado, no que se refere à produção e ao mercado de trabalho. Em meio a essa efervescência de idéias e articulações o ser cognocente sujeito desse processo cognicitivo não se identifica frente á essa estrutura desumanizante e fragmentada. Passando ser massa de manobra nas mãos da elite dominante suscitando a necessidade de articulação desencadeando movimentos críticos que passam a denunciar essas explorações clamando por justiça social e seguridade dos direitos da massa operaria. No decorrer destes dois séculos a sociedade passou por muitas transformações que são de grande importância para toda humanidade. Dentre essas transformações que marcaram o desenvolvimento do capitalismo evidencia-se: A Primeira Revolução Industrial, que apresenta novas alterações no setor da técnica, no desdobramento da produção, influenciando fortemente a conjuntura de toda sociedade. Ela Caracteriza-se pelo surgimento das máquinas automáticas e o desenvolvimento das grandes uniformidades fabris principalmente o surgimento do tear e da máquina a vapor. Não podemos esquecer que é nesse contexto que surge a burguesia capitalista e proletariado, tendo em vista que manufatura é substituída pela fábrica, a ferramenta pela máquina e a energia física pela mecânica. Esta fase se apresenta como a etapa crucial da ascensão do sistema capitalista. Nas palavras de Frigotto, O tear e maquina a vapor configuram aquilo que se tem denominado de Primeira Revolução Industrial. É sob essa base técnica que estende, numa primeira fase até meados do século XIX, onde ciência e tecnologia se tornam prioridade do capital, que o capitalismo vai operar em sua base real. Esse revolucionamento da base técnica permite ao capital a divisão e organização do trabalho dentro de seus métodos, bem como a qualidade e | ou desqualificação do trabalhador (Aranha,1991:19-20). A segunda transformação social se dá com a Segunda Revolução Industrial, em meados do século XIX, caracteriza-se pelo progresso no setor industrial, sobretudo com a invenção da energia elétrica, do petróleo, da introdução do aço, se expandindo por toda a indústria, por isso, nessa fase a força humana física é superada pela energia. Continuando a firmação desse contexto Aranha, baseando-se em Frigottto acrecenta; Um segundo e profundo impulso (...) configura-se a partir da segunda metade do século XIX com o aparecimento da energia elétrica, petróleo, aço, química, etc. o aspecto importante é demarcar que essas mudanças tecnológicas vão permitir a crescente substituição da força humana física pela energia (Aranha,1999:19-20). Dando continuidade a esses fatos, encontramos posteriormente em meados do século XX novas mudanças substanciais no que corresponde à base técnica de produção, que vai ocasionar na Terceira Revolução industrial. Nessa fase ocorrem várias transformações, elas despontam no âmbito microeletrônico, com os robôs, a máquinas numéricas e a informática, no campo microbiológico, com a engenharia genética, e no campo da energética, com a energia nuclear. Com relação a esse contexto nos diz ainda Aranha baseando-se em Frigotto: Registra-se, após a metade do século XX, um salto qualitativo crucial que revoluciona de maneira sem precedente a base técnica da produção(...). Essa mutação substancial da base técnica que expressa, ao mesmo tempo, o esgotamento e a crise cada vez mais aguda dos paradigmas capitalistas do desenvolvimento como de resto os do socialismo real, resulta de uma combinação, de acordo com Adam Schaff, de três elementos combinados: → a revolução microeletrônica: robótica, máquinas numéricas, informáticas; → a revolução microbiológica: engenharia genética, produção matérias primas; → a revolução energética: energia nuclear (Aranha,1999). Essas transformações ocasionaram o surgimento de novos paradigmas. Agora, de base tecnológica, emergiram com eles novas configurações de organização do processo do trabalho. Um engenheiro norte-americano chamado Taylor, “preocupa-se principalmente com a racionaliozação do trabalho ao nível do ioperários; quando falam em organização, trata da ordenação do trabalho ao nível dos operários e mestres (Kuenzer, 1989:31). Em outras palavras, ele defende o aumento da produção por meio do controle dos movimentos dos trabalhadores dentro do processo da produção, e isto era possível através do estudo do tempo gasto pelas máquinas. Ele apresenta três regras principais que fazem parte do modelo de produção taylorista: fazer o planejamento para produzir, operacionalizar o trabalho; fazendo a divisão do trabalho, que vai proporcionar uma melhor especialização dos trabalhadores, como também o domínio do tempo gasto e do movimento. A heterogestão define o conceito do taylorismo, que assume uma conotação inteiramente nova: a necessidade absoluta da gerência impor ao trabalhador a maneira rigorosa pela qual o trabalhador deve ser executado. Relacionando ao controle, surge a noção de tarefa: o trabalho de cada homem é totalmente planejado pela gerência que fornece instruções por escrito acerca do que, como e em que tempo dever ser feito o trabalho. A gerência passa a ser científica: realizada estudos e coleta conhecimento e informações acerca do trabalho, o que não ocorre com o trabalhador, dada a sua suposta incapacidade. (...) quanto mais complexo mais de separa do trabalhador (Kuenzer,1989:30). Com essa afirmação fica claro que o taylorismo visa proporcionar um aumento na produtividade, e para isso precisa economizar tempo, fazendo desaparecer os gestos e os movimentos que são desnecessários, como também os comportamentos demasiados no processo de produção. Contando com os avanços tecnológicos que foram alcançados no fim do século XIX, como a eletricidade dentre outros vistos anteriormente, surgem nas grandes indústrias longas esteiras rolantes que tinham a função de levar o produto semi-acabado até os operários, formando assim uma verdadeira cadeia de montagem introduzida por Ford. A esteira (...) oferece uma tecnológica para um problema central na organização do trabalho levando o trabalho aos homens, ao invés dos homens ao trabalho (Ford, 1922: 80). Ela proporciona orientação inequívoca sobre que operação cada trabalhador deve realizar e impõe o ritmo no qual o trabalho deve ser executado. O resultado líquido é a redução da necessidade de pensamento por parte do trabalhador e a redução de seu movimento a um mínimo (Aranha, 1999:149). A partir da afirmação acima entendemos que o surgimento da esteira elimina o tempo ocioso dos trabalhadores nas fábricas, pois o trabalhador não precisa pensar para executar, o produto semi-acabado vai ao encontro do trabalhador por meio das estiras, ao trabalhador cabe apenas manusear o maquinário para a produção, são as esteiras que determinam o ritmo do trabalho e reduz os movimentos dos trabalhadores ao mínimo possível. Devido a essa forma de regulação do trabalho, muitos trabalhadores se rebelaram contra os seus patrões, e formaram sindicatos e partidos políticos se opondo a esse modelo capitalista. A esse respeito encontramos a seguinte afirmação: Se esta é a lógica da divisão do trabalho no capitalismo, com seus nítidos contornos de opressão e desqualificação, também existe uma história de resistência da classe trabalhadora. Quer através da luta sindical, organização de partidos políticos ou até mesmo pelo absenteísmo, os assalariados têm regido à dominação (Aranha, 1999:149). Com isso fica claro que o modelo fordista não agradou os trabalhadores, estes sentiram-se dentro de um esquema de dominação provocado pelo próprio capitalismo e por isso começaram a se organizar através da luta sindical por meio de movimentos social e nos partidos políticos para reagirem contra o regime de produção efetuado por meio de esteiras. Isso fez com que surgisse o modelo da flexibilidade que se caracterizou com base na tecnologia da informação, para que assim fosse rompido com o modelo rígido fordista. A ordem agora era flexibilizar, ou seja evitar a rigidez nos processos de produção. A produção flexível tinha o intuito de incentivar a maior participação dos trabalhadores na produção, com o objetivo de moderar as insatisfações dos operários, com isso surgem as modalidades que propiciam uma maior participação dos trabalhadores são estas as novas formas de controle, como também novas formas de envolvimento da classe trabalhadora. O paradigma da flexibilidade é marcado: (...) por um confronto direto com a rigidez do fordismo, se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados, e, sobretudo,taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças do padrão de desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, por exemplo um vasto movimento no emprego do chamado setor de serviços bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas (Aranha,1999:140). Com estas afirmações torna-se claro o modelo flexível vem confrontar-se com o fordismo, que em sua estrutura sustenta um modelo de dominação do trabalhador. Enquanto que o modelo flexível introduzindo a microeletrônica reduziu o tempo de produção dos trabalhadores e se expande em todo o processo industrial. O modelo flexível surge principalmente no Japão, onde são iniciadas as técnicas de produção que propicia maior desenvolvimento no que diz respeito do sistema de produção. Com esse modelo, não que dizer que a exploração do trabalho tenha sido superada, a flexibilidade dada por este se trata de uma certa liberdade naquilo que é produzido, ou seja, não é necessário que o trabalhador esteja confinado à fábrica para realizar a sua produção, no entanto, não descarta as observações das exigências apresentadas pela produção no mercado, diferente do fordismo e do taylorismo, esse modelo exige do trabalhador maior qualidade na produção. No Brasil esse modelo é realizado através de técnicas japonesas. Vale acrescentar o fosso que se cria com as tecnologias, a desqualificação e o desemprego causado pela automação. Tal “japonização” das indústrias brasileiras tem esbarrado em toda sorte de dificuldades, em que pesem as profundas diferenças estruturais existente entre Japão e Brasil e, de modo igualmente importante, a diversidade dos universos culturais simbólicos, sociais. Percebe-se a emergência de uma crença, quem sabe desesperada, na melhoria das condições de competitividade com o emprego das técnicas japonesas, para tanto que o paradigma da Qualidade total, os padrões da norma ISO 9000 bem como de suas atualizações, vêm recebendo cada vez atenção, não só por parte do empresariado, mas, também, por parte das próprias instituições publicas(Aranha, 1999:126127). A partir da citação acima, torna-se claro que o modelo flexível desenvolvido nas indústrias brasileiras obedece às técnicas do Japão, e por não acompanhar os modelos de produção japonesa por conta de suas diferenças estruturais entre o Brasil e o Japão, espera-se que as técnicas japonesas melhorem a competitividade no mercado. Com isso espera-se corresponder às exigências que são apontadas pelos padrões da norma ISO 9000. O modelo flexível chegou ao Brasil no final da década de 70 provocando uma transformação na produção e no mercado. Márcia Leite faz uma análise rápida dessa trajetória no Brasil. O primeiro período, iniciado já no final da década de 70, foi marcado pela difusão dos círculos de controle de qualidade (...). A segunda fase se inicia a parte de então (...) foi marcada pela adoção de várias outras técnicas japonesas como o jus-in-time, CEP, celularização da produção, Kanban. (...) Finalmente, o terceiro momento se inicia no começo dos anos 90, quando as empresas começaram a optar por uma estratégia mais sistemática de modernização, passando a investir pesado em mudanças organizacionais baseadas nas técnicas e modelo japoneses, assim como em formas de gestão de mão-de-obra mais compatíveis com os princípios de flexibilização do trabalho e com o envolvimento dos trabalhadores com a qualidade e a produtividade (Aranha 1999:127). Tomando por base o que diz Márcia Leite, compreende-se que o modelo flexível chegado ao Brasil no final da década de 70 tem como marco a difusão dos círculos de qualidade, em outras palavras há uma maior preocupação com a qualidade de produção e para isso são adotadas técnicas japonesas como por exemplo o “Just-intime”. Essa técnica consiste em ter um controle da produção, e se baseia no objetivo de poder atender a demanda de produtos com maior rapidez possível, e de diminuir os estoques de matéria prima, como também os intermediários. Para Humphey, essa técnica se define como a produção em quantidade certa, com qualidade precisa, no momento certo em que foi requerido. Nos anos 90 as empresas recorreram a uma estratégia mais sistemática de modernização e passa a investir muito forte nas mudanças de organizações com base nas técnicas e nos modelos japoneses, com isso a mão-deobra fica mais flexível no que se refere ao trabalho e os trabalhadores se envolvem mais e mais com a qualidade e a produtividade. Tendo em vista todos esses processos de produção e de divisão que vão se aprimorando na trajetória da historia, os trabalhadores vão pouco a pouco se organizando e buscando mudanças no trabalho e na sociedade. Por essa razão são várias as iniciativas de organizações de trabalhadores. No auge da industria e da atividade fabril surgem os movimentos de trabalhadores que se sentem explorados pelo capitalismo, angustiados com a forma pela qual se organiza a sociedade e os meios de produção, estes por sua vez vão pouco a pouco criando a consciência de classe e buscam a partir da oposição ao sistema capitalista mudar o curso da historia por meio da revolução, pois só através da revolução haverá uma sociedade igual para todos. Em toda a trajetória histórica vamos encontrar organizações de classes subalternas que lutam por mudanças sociais, vimos anteriormente que as classes surgem com a divisão dos meios de produção, principalmente com a chegada da propriedade privada, a Revolução Industrial e chegada até os dias atuais com as novas configurações do capitalismo. Essas novas configurações irão determinar os modos de produção como foi visto anteriormente no taylorismo, fordismo e o modelo da flexibilidade. O trabalhador não escapa da exploração capitalista que lhe é imposta pelos meios de produção. Para ter vez e voz os trabalhadores buscam se organizarem por meio de movimentos sociais populares, com o objetivo coletivo que contemplam toda a classe trabalhadora, querem que seus direitos sejam respeitados e que a sua dignidade no trabalho seja restabelecida, para isso dão vida aos movimentos sociais que se apresentam como instrumentos de organização e reivindicação da classe dos trabalhadores, essa realidade será apresentada no tópico a seguir. Movimentos Sociais: Exemplo de Luta e Resistência em prol da Massa Operária Até nossos dias não se chegou ainda a um conceito preciso do significam os movimentos sociais. Existem várias teorias sobre os movimentos sociais e cada uma delas apresentam um tipo de compreensão, com isso fica patente que “não há um conceito sobre movimento social mais vários” (Gohn,1997:13). No que se refere ao conceito de movimentos sociais, Karl Marx com a preocupação de criar uma teoria especifica sobre ele, escreve uma carta dirigida a F. Bolt se referindo da seguinte forma: Assim além dos distintos movimentos econômicos dos operários, surgem em todos os lugares movimentos políticos, isto é, movimentos de classes, com o objetivo de impor os seus interesses de forma geral de uma forma que possui força coercitiva-socia geral (Gohn, 1997:177). Com isso chaga-se ao entendimento de que segundo Karl Marx os movimentos não se apresentam somente no prisma econômico dos operários mas existem também os movimentos políticos, ou seja, movimentos de classe que tem o objetivo de impor os seus interesses a partir de sua força coercitiva. Nos últimos cinqüenta anos o Brasil apresenta muitas organizações e muitas formas de lutas que se desenvolveram procurando dar garantia aos direitos dos trabalhadores e transforma a estrutura econômica, política e social de nossa sociedade. Esse acontecimento nos faz retornar ao primeiro capítulo, onde podemos acompanhar a organização dos trabalhadores nas fabricas a partir de sindicatos ou de partidos trabalhistas revolucionários, chegando a atingir uma maior consciência de classe, para que assim pudessem destruir a burguesia e instaurar uma sociedade nova, com características socialistas verdadeira. Notamos claramente que os movimentos de classe conseguiram impregnar nos trabalhadores a consciência de classe, pois estes por sua vez possuíam grande força de coerção que convencia os trabalhadores a se mobilizarem para combater o domínio da burguesia e a estabelecer o socialismo. São palavras de ordem do Manifesto do Partido Comunista: “Proletários de todos os países uni vos” (Marx e Engels, 1998:78). Essas foram as palavras de ordem que convocaram os trabalhadores de todos os países a se unirem e se engajarem na revolução, fazendo com que acontecesse o movimento proletário. Tomando por base esse movimento foram surgindo outros com o objetivo de restabelecer a dignidade e os direitos dos trabalhadores. O surgimento dos movimentos sociais segundo os estudos marxistas contemporâneos: Não surgem espontaneamente. O que gera os movimentos sociais são organizações de cidadãos, de consumidores, de usuários de bens e serviços que atuam junto a base sociais mobilizadas por problemas decorrentes de seus interesses cotidianos (Gohn,1997:174). Tendo em vista o que se apresenta acima, compreende-se que o surgimento dos movimentos sociais não se dá fora de um contexto, além disso são as organizações de pessoas, sejam elas consumidores, usuários, que uma vez atuando junto às bases sociais, pouco a pouco vão se mobilizando pelos problemas vindo dos interesses do cotidiano que vão influenciar na formação e origem dos movimentos sociais. Essas identidades foram sendo construídas em torno de vários significados, como por exemplo: carências comunitárias, defesa comunitária ou também cultural, religiosa, de gênero étnico, ambiental, de direitos humanos etc. Todas essas identidades passaram por uma análise a partir de suas especificidades e, a cada passo, foram estudado sendo objeto privilegiado das pesquisas sobre a sociedade civil em pauta. Neste contexto de desigualdade, o caótico tratamento que vem sendo dada a população exulta um terreno fértil para emergir movimentos revidicatórios. Desenhando um mapa social conturbado que em suas coordenadas direciona um processo de desconstrução da esfera publica e suas estruturas burocráticas que embargam os sonhos de uma justiça social aonde todos os entes possam interagir com o sistema. Se olharmos para a problemática vivenciada pelo proletariado abordada no primeiro momento deste estudo, se compreenderá que esses fatores que vieram do cotidiano das fábricas, ou seja, a exploração e os seus mecanismos causaram uma insatisfação e revolta por parte dos trabalhadores o que ocasionou a sua organização como movimento proletário, com o objetivo de combater o sistema burguês. No começo, empenha-se na luta operários, isolados, mais tarde, operários de uma mesma fábrica, finalmente operários de um mesmo ramo de indústria, de uma mesma localidade, contra o burguês que explora diretamente (Marx e Engls,1998:47). Verificamos, considerando o que acima foi afirmado que o movimento do proletariado não se deu num processo acelerado, mas pouco a pouco é que foi adquirida a consciência de classe, a partir de uma organização por fase que mais tarde ira ganhar um forte impacto. Estaria no atual contexto a luta de classes assumindo uma nova roupagem, no que se refere ao se apresentar não mais como no sistema do proletariado, mas nos movimentos populares que partem das diversas instâncias da sociedade, que abre um confronto entre aqueles que estão na parte superior da sociedade e os que estão à margem. A atuação dos movimentos sociais no que se refere à luta por uma mudança social reflete a indignação dos trabalhadores por não usufruírem dos meios de subsistência em igualdade. Com isso, entendemos que os movimentos sociais surgem dentro de um contexto e isso não acontece num passe de mágica, mas é fruto de uma organização que se dá a partir de pessoas que estão ligadas as estruturas da sociedade e que carregam dentro de si questionamentos que provocam mais sentimentos, levando a uma revolução como aconteceu com o proletariado, que por não suporta exploração por parte da burguesia soma forças para destruí-la. O Estado apesar de sua centralização, passa a ser permeado por contradições e ambigüidade, principalmente em decorrência das transformações que se operam em seu plano conjuntural ( Jacobi, 1993:141). Com isso conclui-se que no Brasil, as noções de movimento popular ou social passaram a ser comumente essa expressa para fazer juiz frente às ações coletivas desenvolvidas no seio das comunidades e organizações populares aglutinando uma ação política com poderes limitados frente a macro estrutura pensada pela elite burguesa. Castells mostra a importância dos movimentos sociais urbanos e seu caráter interclassista no processo de democratização da Espanha e, ao mesmo tempo, a importância da participação dos cidadãos na transição do regime e do sistema, na medida em que se abre a possibilidade de se pensar a transformação social, sob a perspectiva do fim do franquismo.(Castells,1983). BIBLIOGRAFIA ARANHA, Lúcia. Educação e Trabalho no Contexto da Revolução Industrial. São Cristovão: UFS,1999. 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