Prof: ROCHA MOVIMENTOS SOCIAIS Movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que objetiva alcançar mudanças sociais por meio do embate político, conforme seus valores e ideologias dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específicos, permeados por tensões sociais • Podem objetivar a mudança, a transição ou mesmo a revolução de uma realidade hostil a certo grupo ou classe social. Seja a luta por um algum ideal, seja pelo questionamento de uma determinada realidade que se caracterize como algo impeditivo da realização dos anseios deste movimento, este último constrói uma identidade para a luta e defesa de seus interesses. Os principais movimentos sociais no Brasil Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MSTS) Movimentos em defesa dos índios, negros e das mulheres. Em meados de 1950, os movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade através da realização de manifestações em espaços públicos (rodovias, praças, etc.). Os movimentos populares urbanos foram impulsionados pelas Sociedades Amigos de Bairro - SABs - e pelas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. os anos 1960 e 1970, mesmo diante de forte repressão policial, os movimentos não se calaram. Havia reivindicações por educação, moradia e pelo voto direto. Em 1980 destacaram-se as manifestações sociais conhecidas como "Diretas Já". Diretas já apoiada pela mídia conservadora • Em 1990, o MST e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos coletivos, tais como os movimentos sindicais de professores. • Ações coletivas que tocam nos problemas existentes no planeta (violência, por exemplo), • Ações coletivas que denunciam o arrocho salarial (greve de professores e de operários de indústrias automobilísticas); • Ações coletivas que denunciam a depredação ambiental e a poluição dos rios e oceanos (lixo doméstico, acidentes com navios petroleiros, lixo industrial) Protestos no Brasil têm semelhanças com outros ao redor do mundo A recente onda de manifestações que varre o Brasil de Norte a Sul surpreendeu muitas pessoas, que assistiram atônitas à forma como um movimento que começou pequeno, contra o aumento da tarifa de transporte público, agora abraça outras causas e conseguiu mobilizar mais de um milhão de pessoas em cem cidades As manifestações brasileiras seguem tendências que vem se repetindo em outros países. • o Irã, em 2009 • o Egito, em 2011 • a Espanha, também em 2011 • a Turquia, em 2013 • Apesar de terem motivações diferentes, esses protestos têm em comum o fato de terem sido organizados e promovidos nas mídias sociais • Turquia, por exemplo, os protestos também não têm uma liderança clara, enquanto que, na Espanha, os líderes das manifestações não tinham clara vinculação partidária. O movimento começou pequeno, contra a demolição do Parque Gezi, uma das poucas áreas verdes de Istambul, localizado na praça Taksim, no centro da cidade. Começou pacífico, mas rapidamente se espalhou pelo país e se tornou um movimento contra o governo quando a polícia respondeu com violência, usando canhões d'água e bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes se revoltaram contra o uso da força e acusaram o governo de autoritarismo. TURQUIA EGITO O movimento no Egito começou inspirado na revolta na Tunísia, que semanas antes tinha conseguido derrubar o governo do ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali. O governo do então presidente egípcio Hosni Mubarak estava com a imagem desgastada, a economia ia mal, o desemprego era grande e o custo de vida era muito alto. As redes sociais foram a essência do movimento que acabou derrubando Mubarak. O movimento Nós somos todos Khalid Saeed deu início à mobilização por meio de uma página no Facebook, que ganhou esse nome em homenagem a Khalid Saeed, que foi torturado e morto pela polícia em junho de 2010. Os protestos foram organizados pela internet, que também serviu de canal de transmissão de vídeos e fotos sobre os protestos. Reivindicações Em 2011, Mubarak já estava havia 29 anos no poder. O Estado era acusado de autoritarismo, corrupção, e as pessoas vinham sua situação econômica deteriorar a cada dia, com inflação alta e desemprego. No início, as principais reivindicações eram por melhorias de vida e mais justiça social e liberdade de expressão, mas rapidamente se voltaram diretamente contra o presidente depois da violência com a qual o governo respondeu às manifestações. Conquistas Mubarak acabou sendo forçado a renunciar à Presidência e, em junho de 2012, o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Morsi, foi eleito presidente. Apesar de no início ter representado uma esperança para os egípcios, Morsi agora é acusado de querer concentrar poderes e de ter traído os principais objetivos da revolução: "pão, liberdade e justiça social". Muitos pedem sua renúncia e a transição para um governo de coalizão, uma proposta rejeitada pela Irmandade Muçulmana. ESPANHA O movimento 15M ou "os indignados" ganhou esse nome por causa do primeiro dia em que os manifestantes saíram às ruas, 15 de maio de 2011. Nenhum incidente concreto desencadeou os protestos, mas as manifestações ocorreram em um contexto de crescente descontentamento popular. Na época, a Espanha enfrentava uma taxa de mais de 20% de desemprego (hoje ultrapassa os 25%) e políticas de austeridade. Além disso, o uso de recursos públicos para resgatar bancos também causava insatisfação. Papel das mídias sociais Foi essencial. A iniciativa de organização dos protestos surgiu na internet, que também serviu para propagar o movimento. Depois o movimento montou escritórios, mas nasceu e se desenvolveu na internet. Reivindicações Como era muito heterogêneo, foi difícil para o 15M articular demandas concretas que unissem seus participantes. As reivindicações básicas tinham a ver com a defesa dos direitos sociais (habitação, saúde, educação) e ao que chamavam de "regeneração do sistema democrático". Uma das principais reivindicações era a reforma eleitoral, já que, segundo o movimento, o sistema eleitoral espanhol é pouco representativo e favorece o bipartidarismo. As reivindicações também eram de cunho econômico e defendiam mais apoio aos que perderam suas casas por causa da crise do mercado imobiliário. Eles também queriam mais transparência no governo. Legado O movimento 15M continua dois anos depois. É difícil dizer qual foi seu legado concreto. Por um lado, mobilizou a sociedade e fez com que as pessoas se conscientizassem sobre a existência de vias de protesto. Ele também colocou na agenda da mídia e política questões como o problema dos despejados na crise imobiliária, a reforma eleitoral, a transparência política e a luta contra a corrupção. De um ponto de vista mais concreto, por exemplo, o movimento conseguiu mudanças na lei que regulamenta o mercado imobiliário. E, a nível internacional, o movimento dos indignados foi exportado para outros países, como Portugal e Grécia. IRÃ Vitórias e ‘efeito contágio’ multiplicam pequenos protestos pelo país Após as gigantescas manifestações que tiveram início com a luta pela redução das tarifas do transporte público, mas que incorporaram outras pautas e tomaram diversas cidades do país nos últimos dias, um novo fenômeno passou a ficar mais evidente no cenário brasileiro: protestos e passeatas com um menor número de pessoas e reivindicações mais específicas começaram a brotar no centro e nas periferias das grandes metrópoles ou em municípios do interior. • nos últimos dias, foram registrados em diversos locais protestos de movimentos de moradia, contra a violência policial e contra o projeto de lei no Ato Médico, que regulamenta a atuação de profissionais da saúde • protestos tomaram a avenida Paulista: um, com cerca de 300 pessoas, contra o deputado federal Marco Feliciano e o projeto de "cura gay" aprovado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Contágio • Está havendo uma descentralização das manifestações e, ao mesmo tempo, uma fragmentação. Aquelas manifestações iniciais, que congregavam muitas reivindicações, começam a se fragmentar em diferentes manifestações por diferentes causas", • Os protestos passaram a incorporar também manifestantes de classes populares, que eram minoria nas grandes marchas, até então majoritariamente de classe média. • Essa proliferação de manifestações com pautas mais específicas pode ser explicada pelo que chama de "efeito de contágio", que faz com que alguns setores acabem por se 'inspirar' nos protestos e decidam sair às ruas para reivindicar suas próprias demandas. • Esse efeito de contágio é você ver o outro movimento fazendo uma manifestação e fazer também. Isso é já uma evolução desse movimento (de protestos)", • Com a força das manifestações, os executivos, legislativos e a Justiça de diversas esferas da federação passaram a fazer concessões aos manifestantes. • Prefeituras e governos estaduais baixaram tarifas de transporte público, o Congresso aprovou em tempo recorde medidas que estavam nas pautas dos protestos • A presidente Dilma Rousseff anunciou uma séria de cinco "pactos" que preveem melhorias nas áreas de educação, saúde, responsabilidade fiscal e até uma reforma política. • Mas, no lugar de acalmar os ânimos dos manifestantes, as concessões alcançadas após as marchas podem acabar por estimular novos protestos. • "De alguma maneira, essa movimentação meio atabalhoada da classe política está fazendo com que as pessoas se sintam estimuladas a ir para a rua”. • “As pessoas vão pensar: 'é assim que funciona, nós vamos para rua, reclamamos e os políticos fazem” • A presença de diversas pautas nos protestos acabou por criar divisões entre os manifestantes, o que contribuiu para que, após a redução nos preços das tarifas, o movimento se dividisse, com cada um dos setores organizando atos com reivindicações específicas. "O curioso é que a população se divide, alguns podem reivindicar alguma coisa nas ruas e outro grupo convocar uma manifestação exigindo exatamente o contrário. Então, depende muito da correlação de forças, qual o grupo que tem realmente maior poder de influenciar as decisões do governo". Slogans em protestos revelam consumismo e alienação • Os manifestantes no Brasil tomaram um caminho incomum, usando os populares slogans para defender causas não relacionadas (aos slogans). É um sinal, dizem sociólogos, de excessivo consumismo e alienação política", • Ao se referir às frases "O gigante acordou", extraída da campanha do uísque Johnnie Walker, e "Vem pra rua", dos anúncios da Fiat, • "Sem esforço, a italiana Fiat e a britânica Diageo, dona da marca de uísque Johnnie Walker, se tornaram patrocinadores não oficiais dos maiores protestos no Brasil desde o movimento pelo impeachment de Fernando Collor de Melo, em 1992". • "Muitos dos manifestantes não têm qualquer conexão com partidos políticos, então eles tomam emprestadas expressões do mundo no qual eles estão imersos- e nos últimos anos este tem sido o mundo do consumo", • "Depois de uma década de alto crescimento econômico, não surpreende a adoção de slogans" que, além de ajudar a traduzir "o desencanto com o sistema político", "são também uma expressão do mal-estar do modelo de desenvolvimento baseado no consumo" "Carros, máquinas de lavar, e TV de plasma não são mais suficientes: Brasileiros querem melhores serviços públicos e governo", Vai ficar parado aí? JACARÉ PARADO VIRA BOLSA