LUIZ ANTONIO VERDIANI ESTUDO COMPARATIVO DA VULVECTOMIA RADICAL COM UMA OU TRÊS INCISÕES NO TRATAMENTO DO CARCINOMA DA VULVA UNICAMP 1997 LUIZ ANTONIO VERDIANI ESTUDO COMPARATIVO DA VULVECTOMIA RADICAL COM UMA OU TRÊS INCISÕES NO TRATAMENTO DO CARCINOMA DA VULVA Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do Título de Mestre em Medicina, Área de Tocoginecologia ORIENTADORA: Profª. Drª. SOPHIE FRANÇOISE MAURICETTE DERCHAIN UNICAMP 1997 BANCA EXAMINADORA DA TESE DE MESTRADO ALUNO: LUIZ ANTONIO VERDIANI ORIENTADORA: Profª. Drª. SOPHIE F. M. DERCHAIN MEMBROS: 1. 2. 3. Curso de Pós - Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas DATA: 16/10/1997 1. “Nunca vou esquecer a esperança no olhar, suplicando pela vida, como se você tivesse o dom de restaurá-la. E você se dá conta de que não é Deus. Nunca será. A chama da vida se apaga e com ela o brilho do olhar...e a esperança. Por um instante, você morre também. E continua morrendo muitas e muitas vezes, perguntando-se se não havia algo a mais que poderia ter feito: uma atitude heróica, um outro tratamento, uma palavra...um último carinho? Aprendi, dolorosamente, que a esperança é a última que morre. Que o médico não deve jamais assassiná-la, mas torná-la sempre mais forte, não importa quão grave seja o caso. Porque não somos deuses, mas sim os mais humildes dos seus servos, que convivem com a dor e a humilhação, com a nobre missão de aliviar o sofrimento e prolongar a vida, de devolver a dignidade a quem chegou ao limite. Temos que pegar o fio de esperança que resta e amarrá-lo à nossa. Porque a última esperança a morrer não deve ser a do paciente, mas a minha. Pois quando não houver mais esperança, nada mais há. Por mais simples ou inútil que possa parecer, nenhum ato em favor da vida é em vão.” 17 de setembro de 1997 2. DEDICO ESTE TRABALHO... ... aos meus pais, Daives e Tereza, que com muito amor e carinho, me deram tudo que necessitei para chegar até aqui. ... à minha esposa Graça, pela paciência e serenidade, pela dedicação, amor e apoio, e pelo significado em minha vida. ... ao meu filho Pedro Luiz, luz e alegria dos meus dias, razão de seguir em frente e procurar ser sempre melhor. ... ao meu irmão Paulo Roberto, que não teve tempo de realizar todos os seus sonhos. 3. AGRADECIMENTOS À Profª. Drª. SOPHIE FRANÇOISE MAURICETTE DERCHAIN, pela amizade e confiança em meu trabalho, pela liberdade de criação e incentivo, pela dedicação e empenho na orientação desta tese e, finalmente, pelo exemplo. Aos amigos Profs. Drs. HENRIQUE BENEDITO BRENELLI, LUIZ CARLOS TEIXEIRA e VIVIANE HERMANN, pela importante ajuda a este trabalho. Aos amigos Drs. MARIA DA GRAÇA FIORIN CALSAVARA e EDSON SUSSUMU IWAMOTO, pela paciência, compreensão, esforço e apoio pessoal, que muito ajudaram na realização deste trabalho. Aos amigos Profs. Drs. ANÍBAL EUSÉBIO FAÚNDES LATHAN, KAZUE PANETTA, LUIZ CARLOS ZEFERINO, AARÃO MENDES PINTO NETO e JESSÉ DE PAULA NEVES JORGE, pelo apoio pessoal. Aos amigos Drs. SÉRGIO BRUNO BARBOSA, ANTONIO CRUZ GARCIA, JÚLIO CÉSAR TEIXEIRA e DANIEL DE PAULA BUTIGNOL, pelo apoio pessoal. À SANDRA REGINA MALAGUTTI (Empresa “Estatística Médica”), MARIA HELENA DE SOUZA (Cemicamp), LUSANE LEÃO BAIA e ESTEVÃO FREITAS DE SOUZA (FCM-UNICAMP), pelo auxílio e trabalho de análise estatística. A todos os amigos, professores, médicos e funcionários que auxiliaram na realização deste trabalho e cujos nomes deixo de citar, mas que ao lerem estas palavras, incorporarão estes sinceros agradecimentos. A TODOS VOCÊS, AGRADEÇO DE CORAÇÃO. 4. SÍMBOLOS E ABREVIATURAS CAISM Centro de Atenção integral à Saúde da Mulher cm centímetro DP desvio padrão FIGO Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia mg miligramas ml mililitros mmHg p milímetros de mercúrio valor de significância estatística pN post-operatory node pM post-operatory metastasis pT post-operatory tumor TNM UNICAMP critérios para estadiamento: tumor, node, metastasis Universidade Estadual de Campinas vs. versus, contra, em comparação a X² Qui-Quadrado (N) número % percentagem ? alfa SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ß beta SÍMBOLOS E ABREVIATURAS 5. RESUMO O objetivo deste estudo foi comparar as taxas de complicações pósoperatórias imediatas e tardias e a taxa de recidiva em 132 mulheres com carcinoma da vulva tratadas com vulvectomia radical e linfadenectomia inguinal bilateral com uma ou três incisões. Foi um ensaio clínico retrospectivo não randomizado, incluindo 65 mulheres operadas por incisão única e 67 por três incisões, entre 1986 e 1996. Para análise estatística realizamos os Testes Exato de Fischer, Qui-Quadrado, t de Student e regressão logística; curvas de sobrevida pelo método de Kaplan-Meyer, comparadas pelo teste de Wilcoxon, seguidas de regressão de Cox, com limite de 5% de significância estatística. Os grupos foram semelhantes com relação à idade, tabagismo, presença de síndromes clínicas, tipo e grau histológico. Houve mais estádios III no grupo de incisão única e mais linfonodos livres no grupo de três incisões. As pacientes tratadas com três incisões apresentaram significativamente menos complicações pós-operatórias imediatas (76% vs. 92%, p<0,05), menos deiscências (72% vs. 92%, p<0,01), menor necessidade de procedimentos secundários (76% vs. 94%, p<0,01) e menor tempo de internação (média de 19,4 dias vs. 38,7 dias, p<0,001). Ocorreram sete óbitos pós-operatórios: cinco com incisão única e dois com três incisões. A taxa de recidiva foi significativamente menor nas operadas com três incisões (19% vs. 35%, p<0,01) e com linfonodos livres de doença (6% vs. 15%, p<0,01). Após a regressão de Cox, apenas os linfonodos comprometidos influenciaram negativamente o tempo livre de doença. Concluímos que a vulvectomia por três incisões apresenta menos complicações que a incisão única, sem comprometer a eficácia terapêutica, independente do estádio da neoplasia. 1 1. INTRODUÇÃO SUMÁRIO SÍMBOLOS E ABREVIATURAS RESUMO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 1 2. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 15 2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 15 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................. 15 3. SUJEITOS E MÉTODOS ...................................................................................................... 17 3.1. DESENHO DO ESTUDO............................................................................................... 17 3.2. TAMANHO AMOSTRAL ................................................................................................ 17 3.3. SELEÇÃO DOS SUJEITOS .......................................................................................... 17 3.3.1. Critérios de inclusão .............................................................................................. 17 3.3.2. Critérios de exclusão ............................................................................................. 18 3.4. VARIÁVEIS E CONCEITOS .......................................................................................... 18 3.4.1. Variáveis independentes........................................................................................ 18 3.4.2. Variáveis dependentes .......................................................................................... 19 3.4.3. Variáveis de controle ............................................................................................. 21 3.5. ACOMPANHAMENTO DOS SUJEITOS ....................................................................... 23 3.6. ASPECTOS ÉTICOS..................................................................................................... 23 3.7. COLETA E PROCESSAMENTO DOS DADOS ............................................................ 24 3.8. INSTRUMENTO ............................................................................................................ 25 3.9. ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................. 25 4. RESULTADOS ...................................................................................................................... 27 4.1. CARACTERÍSTICAS DAS MULHERES SEGUNDO O TIPO DE INCISÃO ....................... 27 4.2. COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS SEGUNDO O TIPO DE INCISÃO ..................... 31 4.3. AVALIAÇÃO DA TAXA DE RECIDIVAS SEGUNDO O TIPO DE INCISÃO ....................... 37 5. DISCUSSÃO.......................................................................................................................... 45 6. CONCLUSÕES...................................................................................................................... 61 7. SUMMARY ............................................................................................................................ 62 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 64 9. BIBLIOGRAFIA DE NORMATIZAÇÕES .............................................................................. 81 10. ANEXOS .............................................................................................................................. 82 1. INTRODUÇÃO O câncer de vulva corresponde a menos de 1% das neoplasias malignas da mulher e de 3% a 5% dos tumores genitais femininos (GREEN, 1978; AYHAN et al., 1988; DISAIA & CREASMAN, 1989; HACKER, 1989; RIVOIRE, ROCHA, RAMOS, 1989; ABRÃO & ABRÃO, 1995). A maior incidência notificada ocorreu em Recife, Brasil, com 6,9 casos por 100.000 mulheres ao ano (CARVALHO & FRANCO, 1986). Em São Paulo, através dos Atestados de Óbito, foram registrados 3,6 casos por 100.000 mulheres ao ano (MIRRA & FRANCO, 1987). Geralmente, o diagnóstico da forma invasiva da doença se faz em mulheres após a menopausa, com idade acima dos 50 anos, sendo que 50% das pacientes apresentavam 70 anos ou mais nas séries estudadas (HIDALGO, 1972; ANDREASSON, BOCK, WEBER, 1982; DISAIA & CREASMAN, 1989; HACKER, 1989; ABRÃO et al., 1990; ANSINK et al., 1991; ABRÃO & ABRÃO, 1995). Na Área de Oncologia Genital e Patologia Mamária do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em Campinas, Estado de São Paulo, 76% dos casos apresentavam-se com 60 anos de idade ou mais (VERDIANI et al., 1991). Entretanto, essa neoplasia também pode ocorrer em 1 1. INTRODUÇÃO pacientes mais jovens, sendo descritas séries com 12% a 15% dos casos antes dos 45 anos (DISAIA & CREASMAN, 1989). O tipo histológico mais freqüente é o carcinoma epidermóide, responsável por 75% a 90% dos casos (DISAIA & CREASMAN, 1989; CAVANAGH et al., 1990; PLATZ & BLENDA, 1995). Numa série de 1.378 pacientes, PLENTL & FRIEDMAN (1971) encontraram 86,2% de carcinomas epidermóides e HIDALGO (1972) registrou 86,4% em 104 casos. No CAISMUNICAMP, até 1990, esse tipo histológico correspondia a 85% das neoplasias malignas da vulva diagnosticadas, mas quando se considera os últimos dez anos, em 136 pacientes entre 1986 e 1996, essa freqüência sobe para 92,7% (VERDIANI et al., 1991; VERDIANI, DERCHAIN, JULIATO, 1997). O diagnóstico do câncer de vulva geralmente é feito quando já existe invasão e, nos países menos desenvolvidos, em estádios avançados (DISAIA & CREASMAN, 1989). Nos países desenvolvidos, como Estados Unidos e Inglaterra, entre 18,5% a 37,8% das pacientes apresentam doença em estádios III ou IV ao diagnóstico (GREEN, 1978; CAVANAGH et al., 1990; HEAPS et al., 1990; HOPKINS et al., 1991; HOPKINS et al., 1992). Alguns trabalhos americanos e holandeses, apresentaram percentagens de diagnóstico de estádios III e IV entre 45% e 49% (ANSINK et al., 1991; RUTLEDGE et al., 1991; SHANBOUR et al., 1992). Na Suécia, foram relatados 31,6% de estádios III e IV entre 1953 e 1974, aumentando para 36,2% entre 1975 e 1982 (FRANKMAN, 1991). Nos países menos desenvolvidos, o diagnóstico tardio é ainda mais freqüente, chegando a 58,9% em Beijing, China (ZHANG, 1992) e 91,5% em Lima, Peru 2 1. INTRODUÇÃO (HIDALGO, 1972). No Brasil, os casos diagnosticados nos estádios III e IV variam entre 36% e 57% (ABRÃO et al., 1990; VERDIANI et al., 1991; SOUEN et al., 1992; VERDIANI et al., 1997). O câncer da vulva pode disseminar-se a partir do sítio inicial por três maneiras: invasão local de tecido adjacente ao tumor primário, podendo atingir grandes dimensões e invadir estruturas anatômicas vizinhas; embolização para linfonodos regionais, usualmente inguinais superficiais e profundos e eventualmente pélvicos; via hematogênica, muito raramente, atingindo pulmões, fígado e ossos (DISAIA & CREASMAN, 1989; HACKER, 1989). Sua mais importante via de disseminação é a linfática, sendo fundamental o estudo histopatológico dos linfonodos regionais nos casos invasores (WAY & BENEDET, 1973). Em relação à evolução da paciente, os fatores associados à determinação do prognóstico são: estádio da neoplasia, tamanho do tumor primário, profundidade de invasão, margem cirúrgica, disseminação para linfonodos e invasão extranodal (HEAPS et al., 1990; HUSSEINZADEH et al., 1990; MALMSTROM et al., 1990; FRANKMAN et al., 1991; HOPKINS et al., 1991; RUTLEDGE et al., 1991; FIORETTI et al., 1992; ONNIS, MARCHETTI, MAGGINO, 1992; ORIGONI et al., 1992; BALLOUK et al., 1993; GOMESRUEDA et al., 1994; PALADINI et al., 1994; KIRSCHNER et al., 1995). Os fatores que podem estimar uma maior probabilidade de invasão linfonodal são: o estádio clínico, grau de diferenciação, invasão vascular e profundidade de invasão do tumor primário. O comprometimento dos linfonodos regionais é o principal parâmetro para se estabelecer o prognóstico 3 1. INTRODUÇÃO da paciente com câncer de vulva (AYHAN et al., 1993; GOMES-RUEDA et al., 1994). O valor da positividade dos linfonodos em determinar um pior prognóstico foi confirmado na literatura por muitos autores, sendo o fator mais importante a ser considerado. Além da invasão neoplásica, quanto maior o número ou o tamanho dos linfonodos acometidos, pior o prognóstico (FRANKMAN et al., 1991; FRANKMAN, 1991; HOPKINS et al., 1991; RUTLEDGE et al., 1991; FIORETTI et al., 1992; LINGARD et al., 1992; ONNIS et al., 1992; ORIGONI et al., 1992; BALLOUK et al., 1993; GARCIAIGLESIAS et al., 1993; HOMESLEY et al., 1993; GOMES-RUEDA et al., 1994; HOMESLEY, 1994; PALADINI et al., 1994; BURGER et al., 1995; KIRCHNER et al., 1995). A sobrevida em cinco anos é de cerca de 90% quando os linfonodos são negativos, independentemente do estádio. Entretanto, cai para taxas que variam de 60% a 25% nos casos com linfonodos positivos (DISAIA & CREASMAN, 1989; ORIGONI et al., 1991; MIECZNIKOWSKI & STARZEWSKI, 1993). A percentagem de pacientes portadoras de câncer ressecável da vulva que apresentam metástases para linfonodos regionais gira entre 21% e 36% (MIECZNIKOWSKI, STARZEWSKI, MLECZKO, 1985; HACKER, 1989). Essa percentagem varia de acordo com o tumor primário, sendo 10,7% nos tumores de até 2cm, 26,2% nos tumores maiores que 2cm restritos à vulva, e aumentando muito nos estádios mais avançados, sendo acima de 64,2% quando o tumor, de qualquer tamanho, invade a uretra, vagina ou ânus 4 1. INTRODUÇÃO (GREEN , 1978; IVERSEN, AALDERS & CHRISTENSEN, 1980; HACKER et al., 1983). A cirurgia é universalmente aceita como a terapêutica com a qual se obtém os melhores resultados para o tratamento do câncer de vulva. Apresenta, porém, duas características marcantes: o grau elevado de mutilação a que a paciente é submetida e o pós-operatório com recuperação lenta e prolongada, devido, principalmente, à complicação imediata mais comum decorrente da cirurgia: a deiscência da ferida cirúrgica. Essa deiscência é tão freqüente que chega a ser considerada "normal" e já é esperada no pós-operatório das pacientes submetidas à vulvectomia. Várias técnicas cirúrgicas diferentes foram tentadas visando minimizar esse evento, mas sempre com resultados muito pobres. Isso faz com que as pacientes experimentem um período de internação prolongado, com curativos e desbridamentos freqüentes e quase sempre necessitando de uma segunda intervenção cirúrgica, plástica reparadora ou ressutura. Até o início do século, o câncer da vulva era tratado apenas com ressecção local, sempre com resultados muito pobres. Em 1912, BASSET propôs, pela primeira vez, a ressecção em bloco da vulva e regiões inguinais como terapêutica (SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992). A partir da década de 40, com os trabalhos de TAUSSING (1940) e WAY (1948), que descreveram técnicas mais radicais e demonstraram o valor da ressecção da drenagem linfática, as regiões inguinais e, posteriormente, a pélvis foram incluídas na abordagem cirúrgica, seguindo os princípios oncológicos de ressecção craniocaudal e das margens de segurança com relação ao tumor TAUSSING (1940), com a técnica de três incisões (uma vulvar e duas 5 1. INTRODUÇÃO inguinais) e WAY (1948) e com a técnica de ressecção em bloco por incisão única, melhoraram muito a sobrevida dessas mulheres. Passou-se, então, por um período em que a cirurgia com intuito curativo tornou-se cada vez mais extensa, chegando-se às exenterações pélvicas, aumentando a mortalidade e a morbidade operatória. Progressivamente, as intervenções foram ficando cada vez menos agressivas, até chegarmos, atualmente, a individualizar o tratamento para cada paciente (DISAIA & CREASMAN, 1989; HACKER, 1989; SCHWARZ, 1992; VERGOTE, 1993). Inicialmente, restringiram-se as exenterações pélvicas, reservando-as para pacientes com idade inferior a 60 anos e em bom estado clínico, com câncer de vulva no estádio IV. Com esta cirurgia, conseguiu-se de 47% a 60% de sobrevida em cinco anos, mas apenas para os casos com linfonodos pélvicos negativos. Todas as pacientes com linfonodos positivos faleceram antes dos cinco anos. O índice de complicações da exenteração é extenso, incluindo fístulas vésico e enterocutâneas, abcessos, trombose venosa profunda, hérnia, obstrução intestinal, incontinência urinária e outras, sendo a mortalidade imediata de 4% (CAVANAGH & SHEPHERD, 1982; CAVANAGH et al., 1990; HOPKINS & MORLEY, 1992). Seguiu-se o abandono da linfadenectomia pélvica como rotina, pois demonstrou-se que menos de 5% das pacientes se beneficiariam com o procedimento e é muito raro o comprometimento de linfonodos pélvicos quando os linfonodos inguinais não estão comprometidos (DISAIA & CREASMAN, 1989; ABRÃO et al., 1990). Sabe-se também que a linfadenectomia pélvica não altera a sobrevida, mas, pode servir como um 6 1. INTRODUÇÃO indicador prognóstico e orientar a complementação terapêutica (SOUEN & FILASSI, 1991). Nos últimos 15 anos, cirurgias mais conservadoras vêm sendo relatadas com resultados terapêuticos semelhantes à cirurgia radical e menores índices de complicações. Nos estádios iniciais há uma diminuição na extensão da ressecção cirúrgica e nos estádios avançados, terapias antiblásticas e actínicas são utilizadas para redução do volume tumoral e possibilitar cirurgias conservadoras (VAN DER VELDEN & HACKER, 1994). Para os estádios I e II, a realização de hemivulvectomia ou ressecção local ampla com linfadenectomia inguinal ipsilateral vem sendo estudada, porém os resultados obtidos ainda não permitem conclusões definitivas e sugerem que mais estudos devem ainda ser realizados (GRAZIOTTIN et al., 1983; ANDREASSON et al., 1990; BURKE et al., 1990; HACKER, 1990; SUTTON et al., 1991; BURKE, 1992; KELLEY III et al., 1992; STEHMAN et al., 1992; ANDREWS et al., 1994; FARIAS-EISNER et al., 1994; ONNIS, MARCHETTI, SILVESTRI, 1994; BURKE et al., 1995a). Com relação à vulvectomia radical com linfadenectomia inguinal, existem diferentes técnicas que podem ser empregadas. A técnica clássica de Way, posteriormente modificada por Marshall, com ressecção em bloco através de incisão única, conhecida como "asa de borboleta" ou "vespertílio" (WAY, 1954; WOODRUFF & MATTINGLY, 1979), passou a ser o tratamento de eleição para o câncer da vulva e é ainda defendida por muitos autores, principalmente nos estádios avançados (KREIENBERG et al., 1990; SOUEN & FILASSI, 1991; LEVATO et al., 1992). Pequenas modificações, como a 7 1. INTRODUÇÃO diminuição na extensão de pele ressecada foram ocorrendo com o tempo (ABITBOL, 1973). A técnica de três incisões foi retomada por BYRON na década de 60, mas somente em 1979 DISAIA definiu-a como conduta adequada no estádio I (BYRON, LAMB, YONEMOTO, 1962; BYRON, MISHELL, YONEMOTO, 1965; DISAIA, CREASMAN, RICH, 1979). A partir de 1981, vários estudos foram realizados sobre as vantagens e desvantagens da utilização de três incisões, uma para a vulva e uma para cada região inguinal (HACKER et al., 1981; SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992; HACKER & VAN DER VELDEN, 1993; HOPKINS, REID, MORLEY, 1993; FARIAS-EISNER et al., 1994; SILLER et al., 1995). A vantagem da incisão única é a menor incidência de recidivas pela retirada da ponte cutânea que permanece entre as três incisões, por onde passam as vias de drenagem linfática. A técnica de três incisões justifica-se pela menor incidência de complicações pós-operatórias, menor permanência hospitalar e taxa de sobrevida semelhante quando comparadas com as pacientes operadas por incisão única. Demonstrou-se que as recorrências podem ser controladas com uma nova intervenção cirúrgica local, sem prejuízo para o prognóstico das pacientes (HOPKINS et al., 1990; PODCZASKI et al., 1990; TILMANS et al., 1992; CHAKALOVA & KARAGIOSOV, 1993; PIURA et al., 1993). A amplitude da cirurgia, colonização poli-bacteriana própria da área, infecção dos tumores exofíticos, grandes descolamentos de retalhos, tendência à necrose das dissecções cutâneas nos membros e freqüentes infecções secundárias são fatores que determinam complicações em graus variados de gravidade (ABRÃO, 1995; NISIDA et al., 1996). 8 1. INTRODUÇÃO As duas técnicas estão detalhadamente descritas em ANEXO II, e as diferenças básicas entre os tipos de incisão podem ser visualizadas nos Esquemas 1, 2 e 3. ESQUEMA 1. Incisão única com retirada da pele sobre as regiões inguinais. Técnica de Way modificada por Marshall e Parry-Jones (WOODRUFF & MATTINGLY, 1979). ESQUEMA 2: incisão única sem a retirada da pele sobre as regiões inguinais. Técnica de Way com incisão de Twombli (SALVATORE, 1974). 9 1. INTRODUÇÃO ESQUEMA 3: três incisões, uma para a vulva e uma para cada região inguinal Técnica de Taussing (SALVATORE, 1974; HACKER, 1989). A complicação imediata mais freqüente na vulvectomia radical é a deiscência da cicatriz cirúrgica. Essa complicação ocorre em 29% a 74% das pacientes (PODRATZ et al., 1983; AYHAN et al., 1988; FIORICA, LAPOLLA, CAVANAGH, 1988; PATSNER & MANN, 1988; ANSINK et al., 1991; AYHAN et al., 1992; FLETCHER et al., 1992; HELM et al., 1992; HOFFMAN et al., 1992; KAINZ et al., 1992; OGINO et al., 1992; FARIAS-EISNER & BEREK, 1993; PETEREIT et al., 1993; SAROSI et al., 1994). O principal objetivo das recentes mudanças nas técnicas cirúrgicas é evitar a deiscência pós-operatória. A deiscência prolonga em muito a 10 1. INTRODUÇÃO permanência hospitalar das pacientes, que varia de 30 a 50 dias (AYHAN et al., 1988; FARIAS-EISNER et al., 1994). Muitas técnicas de rotação de retalhos foram descritas para o fechamento de cicatrizes de vulvectomia, seja imediata ou após a deiscência, com resultados satisfatórios em aproximadamente 50% dos casos (McCRAW et al., 1976; BOTSWICK, HILL, NAHAI, 1978; NAHAI, HILL, HESTER, 1979; HILL, NAHAI, VASCONEZ, 1979; WANG et al., 1987; SHEPHERD et al., 1990; RAJACIC, EBRAHIM, LARI, 1992; RAMALHO et al., 1992; BURKE et al., 1994; McCALLISTER et al., 1994; PATSNER & HETZLER, 1994; BURKE et al., 1995b; FRANCO et al., 1995; RAMOS et al., 1997). Não há como propor o uso sistemático de uma técnica específica, já que a indicação da cirurgia reparadora é determinada pela extensão da área cruenta resultante e pelas características de cada caso, e esses fatores são muito variáveis (ABRÃO, MARQUES, BRENDA, 1995). Além da deiscência, muitas outras complicações podem decorrer da vulvectomia radical, sendo as mais importantes as que se seguem: óbito pósoperatório entre 1,5% e 11,6% dos casos, geralmente decorrentes de problemas hemorrágicos, tromboembólicos, infecciosos ou distúrbios hidroeletrolíticos. Descreve-se embolia pulmonar em 4,1% das pacientes, complicação grave, de difícil manejo terapêutico e uma das principais causas de óbito relacionados à cirurgia (BARTHOLDSON et al., 1982; MIECZNNIKOWSKI, et al., 1985; AYHAN et al., 1988; LAWTON & HACKER, 1990; AYHAN et al., 1992; FLETCHER et al., 1992). 11 1. INTRODUÇÃO Trombose venosa profunda ocorre devido ao tempo prolongado de permanência da paciente no leito e à manipulação dos vasos femurais. A linfocele explica-se pela grande quantidade de linfa que é secretada a partir da extensa área de dissecção no leito operatório (WOODRUFF & MATTINGLY, 1979; ABRÃO et al., 1991). Complicações tardias são a incontinência urinária e/ou relaxamento pélvico que observa-se em 17% a 26% dos casos, às vezes requerendo correção cirúrgica posterior devido ao grande incômodo físico e psicológico que acarretam, dificultando a volta da paciente a uma convivência social normal (CALAME, 1980; KADAR & NELSON, 1984; LEE & TAMIMI, 1986; REID et al., 1990; ANSINK et al., 1991; FLETCHER et al., 1992; HOFFMAN et al., 1992; SAROSI et al., 1994). Outras complicações tardias são o linfedema e a erisipela recorrente de membros inferiores, devido à diminuição da drenagem linfática (BOUMA & DANKERT, 1988; LINGARD et al., 1992; SAROSI et al., 1994). Outras complicações possíveis são: infecção urinária nas pacientes que necessitam de permanência prolongada do cateter vesical; hemorragia, seja intra-operatória ou como conseqüência da erosão dos vasos no processo de deiscência e incontinência anal devido à grande dissecção e retirada ou lesão do músculo esfíncter do ânus durante a vulvectomia (FLETCHER et al., 1992; HOFFMAN et al., 1992). A grande variedade de abordagens terapêuticas sugeridas e em estudo para o tratamento do câncer da vulva, demonstra que ainda não existe uma conduta ideal. O caminho apontado é para a individualização do 12 1. INTRODUÇÃO tratamento, fazendo-se um planejamento terapêutico que melhor se adapte às características específicas da paciente e da neoplasia, buscando contornar as dificuldades com relação ao tratamento e suas complicações. É, portanto, de grande importância a comparação dos resultados obtidos com diferentes técnicas cirúrgicas em relação às complicações e à sobrevida. As conseqüências dessas complicações são lesivas à paciente, à instituição e à equipe médica que a assiste. Levam a problemas físicos e psicológicos importantes, internações prolongadas e com vários procedimentos conseqüentes à vulvectomia. Com isso, aumentam o custo da internação e demandam cuidados prolongados e intensivos por parte da equipe, tanto dos médicos como de outros profissionais envolvidos no seu tratamento e recuperação. Existe uma tendência mundial em se individualizar o tratamento cirúrgico do câncer de vulva, no sentido de buscar procedimentos mais conservadores e menos agressivos para as pacientes. A controvérsia sobre qual seria o melhor tipo de incisão para a realização das vulvectomias radicais persiste e é motivo de estudos até hoje, principalmente nos estádios mais avançados (HOPKINS et al., 1993; SILLER et al., 1995). Os estudos sobre câncer da vulva envolvem quase sempre pequeno número de casos. O CAISM é um centro de referência para câncer genital e, assim, um grande número de mulheres com câncer de vulva são encaminhados para este Serviço. Os protocolos de conduta evoluíram com a melhora das técnicas terapêuticas sugeridas pela literatura sem entretanto uma avaliação comparativa dos resultados 13 segundo os diferentes 1. INTRODUÇÃO tratamentos. Para avaliarmos se é possível optar com segurança pela vulvectomia com três incisões, comparamos a taxa de complicações pósoperatórias imediatas e tardias e a taxa de recidiva em mulheres com carcinoma da vulva tratadas com vulvectomia radical e linfadenectomia inguinal bilateral, segundo o tipo de incisão cirúrgica utilizada, controlados pelas características das pacientes, da doença e os diversos procedimentos utilizados, através de um ensaio clínico retrospectivo não randomizado. Os resultados deste estudo retrospectivo poderão determinar se é possível optar por uma cirurgia menos agressiva para a paciente e, com isso, diminuir as complicações pós-operatórias imediatas e, conseqüentemente, o tempo e o custo da internação, sem comprometer a qualidade do tratamento e o controle da neoplasia. 14 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Comparar a taxa de complicações pós-operatórias imediatas e tardias e a taxa de recidiva em mulheres com carcinoma da vulva tratadas com vulvectomia radical e linfadenectomia inguinal, segundo o tipo de incisão cirúrgica utilizada, controlados pelas características das pacientes e da neoplasia. 2.2. Objetivos específicos 1. Comparar as características das pacientes e da neoplasia nas pacientes submetidas ao tratamento por carcinoma da vulva, nos dois tipos de incisão. 2. Comparar a incidência de complicações pós-operatórias imediatas, os procedimentos secundários necessários e o tempo de internação nas pacientes submetidas ao tratamento por carcinoma da vulva, nos dois tipos de incisão. 15 2. OBJETIVOS 3. Comparar a taxa de complicações pós-operatórias tardias nas pacientes submetidas ao tratamento por carcinoma da vulva, nos dois tipos de incisão. 4. Comparar o tempo livre de doença, a taxa de recidiva e a sobrevida nas pacientes submetidas ao tratamento por carcinoma da vulva, nos dois tipos de incisão, controlados pela invasão linfonodal e estádio patológico da neoplasia. 16 2. OBJETIVOS 3. SUJEITOS E MÉTODOS 3.1. DESENHO DO ESTUDO Este estudo é um ensaio clínico retrospectivo não randomizado. 3.2. TAMANHO AMOSTRAL Foram estudadas todas as pacientes atendidas e tratadas entre 1986 e 1996 no CAISM - UNICAMP que satisfaziam os critérios de seleção, perfazendo um total de 132 pacientes. Esta amostra foi calculada com base numa diferença esperada de 25% entre os grupos, para um erro tipo I (? ) de 0,05 e erro tipo II (ß) de 0,05 (HOPKINS et al., 1993). 3.3. SELEÇÃO DOS SUJEITOS 3.3.1.Critérios de inclusão Foram incluídas as pacientes portadoras de câncer de vulva confirmado histologicamente e submetidas ao tratamento cirúrgico com vulvectomia radical e linfadenectomia inguinal, de janeiro de 1986 a dezembro 17 3. SUJEITOS E MÉTODOS de 1996 na Área de Oncologia Genital e Patologia Mamária do CAISMUNICAMP, com prontuário completo. 3.3.2.Critérios de exclusão As pacientes que foram previamente tratadas com medicação antiblástica ou irradiação; operadas em outro serviço; com perda de seguimento ou com outros tumores malignos genitais, concomitantes ou não, foram excluídas do estudo. 3.4. VARIÁVEIS E CONCEITOS 3.4.1.Variáveis independentes ? Tipo de cirurgia: vulvectomia radical até plano músculo-aponeurótico do diafragma urogenital e linfadenectomia inguinal superficial e profunda (femural), conforme descrição detalhada em ANEXO II (FIGURAS IX à XVIII); serão consideradas duas categorias: com incisão única ou com três incisões: ? Incisão única: cirurgia realizada pela técnica de Way e modificada por Marshall, com retirada da peça em bloco através de incisão única que se extende de uma crista ilíaca a outra e envolve monte de Vênus e vulva, protocolo do serviço até 1991. ? Três incisões: cirurgia realizada pela técnica modificada de Taussing através de incisões separadas, sendo uma para a vulva e uma para cada região inguinal, adotada como protocolo pelo Serviço em 1992. 18 3. SUJEITOS E MÉTODOS 3.4.2.Variáveis dependentes ? Complicações imediatas: problemas decorrentes do ato cirúrgico ou que ocorram imediatamente após a cirurgia: ? Deiscência da ferida cirúrgica: abertura e afastamento das bordas da ferida cirúrgica, expondo planos profundos: sim ou não. ? Infecção da ferida cirúrgica: presença de sinais flogísticos e secreção purulenta, concomitante ou não à deiscência: sim ou não. ? Trombose: presença de trombovascular, confirmado por exame realizado pelo cirurgião vascular: sim ou não. ? Óbito pós-operatório: morte da paciente durante o período pósoperatório, que se relacione diretamente com complicações decorrentes da cirurgia: sim ou não. ? Procedimentos secundários: condutas tomadas após constatada a presença de complicação pós-operatória: sim ou não; se sim, foram considerados possíveis: ? Curativos: curativos ou cuidados especiais realizados em pacientes cuja ferida cirúrgica necessitou de cicatrização por segunda intenção: sim ou não. ? Desbridamento: remoção cirúrgica de tecidos necróticos presentes na área da ferida cirúrgica: sim ou não. ? Ressutura: nova sutura das bordas da ferida cirúrgica, com o intuito de promover seu fechamento primário: sim ou não. 19 3. SUJEITOS E MÉTODOS ? Rotação de retalho: cobertura da área da ferida cirúrgica por qualquer técnica que utilize retalho (livre, pediculado, dermoadiposo, miocutâneo), realizado pela equipe de cirurgia plástica ou pela equipe cirúrgica da oncologia: sim ou não. ? Tempo de internação: em dias contados desde a data da cirurgia, considerando as reinternações pelas complicações imediatas descritas. ? Complicações tardias: sinais ou sintomas prejudiciais à vida normal da paciente, limitante de sua performance física, diagnosticadas através de exame clínico quando do retorno ambulatorial, em qualquer tempo do pósoperatório, que sejam decorrentes da terapêutica utilizada; foram considerados os seguintes: ? Linfedema: edema permanente de origem linfática, que curse com aumento do diâmetro dos membros inferiores: sim ou não. ? Incontinência urinária e/ou vulvite urêmica: perda involuntária de urina causando irritação e/ou maceração da região perineal devida ao contato freqüente com urina: sim ou não. ? Retração cicatricial: limitação de movimentos de extensão ou flexão dos membros inferiores devido a bridas cutâneas e perda da elasticidade da pele nas regiões de dobras anatômicas inguinais ou sulco interno da coxa: sim ou não. ? Recidiva: recorrência da neoplasia após tratamento primário, em qualquer tempo de pós-operatório, diagnosticada clinicamente quando do retorno ambulatorial e confirmada por resultado anatomopatológico de biópsia ou de peça cirúrgica fornecida pelo patologista: sim ou não; se sim, foram 20 3. SUJEITOS E MÉTODOS considerados o tempo de pós operatório e o local da recidiva, da seguinte maneira: ? Data: data do diagnóstico da recidiva, resposta aberta, que foi utilizada para a determinação do tempo decorrente entre a cirurgia e a recidiva, através do cruzamento de dados. ? Local: da recidiva, sendo aceitas três categorias: vulvar, inguinal e metástase à distância. ? Óbito: morte da paciente durante o período de seguimento, relacionada à neoplasia ou à complicações decorrentes do tratamento, através de informações obtidas no prontuário ou com familiares: sim ou não; se sim, foi considerado o tempo de seguimento até o óbito para análise de sobrevida através da data: ? Data: data do óbito, resposta aberta, que foi utilizada para a determinação do tempo decorrente entre a cirurgia e o óbito, através do cruzamento de dados. 3.4.3. Variáveis de controle (potencialmente confundidoras) ? Idade: em anos (completos) de vida no dia da primeira consulta. ? Tabagismo: hábito de fumar diariamente, independente do tipo ou número de cigarros, segundo declaração da paciente na primeira consulta: sim ou não. ? Síndromes clínicas: 21 3. SUJEITOS E MÉTODOS ? Hipertensão: pressão arterial medida com esfigmomanômetro circular apresentando valores superiores a 140 x 100mmHg. ? Cardiopatia: doença cardíaca que comprometa a performance física ou represente risco anestésico-cirúrgico, avaliada e diagnosticada por cardiologista. ? Diabetes: níveis glicêmicos superiores a 110mg/100ml de sangue, medido através de dosagem laboratorial da glicemia de jejum. ? Pneumopatias: síndromes ou doenças pulmonares que comprometam a performance física ou representem risco anestésico-cirúrgico: sim ou não. ? Tipo histológico: dado fornecido pelo patologista através de exame de material de biópsia ou peça cirúrgica, sendo aceitos dois tipos, ambos com componente epidermóide: escamoso e adenoescamoso (ROBBINS, COTRAN, KUMAR, 1986). ? Grau histológico: dado fornecido pelo patologista através de exame de material de biópsia ou peça cirúrgica, sendo aceitos três tipos, segundo classificação modificada de Broder em grau I, II e III (ROBBINS, et al., 1986). ? Estádio patológico: foram reclassificados pelos critérios pTpNpM (postoperatory Tumor, Node, Metastasis - ANEXO III) segundo a FIGO (1995), através do resultado anatomopatológico fornecido pelo patologista após exame da peça cirúrgica, em I, II, III e IV (DISAIA & CREASMAN, 1989; CREASMAN, 1995a; CREASMAN, 1995b). 22 3. SUJEITOS E MÉTODOS ? Estado linfonodal: foram consideradas duas categorias, segundo o resultado anatomopatológico fornecido pelo patologista após exame da peça cirúrgica: negativos ou positivos. 3.5. ACOMPANHAMENTO DOS SUJEITOS O acompanhamento das pacientes é realizado no Ambulatório de Patologia Cervical do CAISM através de retornos trimestrais, durante os dois primeiros anos após o tratamento, e semestral, nos anos subseqüentes. São acompanhadas com anamnese e exames clínicos e ginecológicos, incluindo vulvoscopia, colposcopia, coleta de citologia oncótica cervicovaginal e biópsia de áreas vulvares suspeitas, quando necessário. Observação: o tempo de seguimento total foi maior nas mulheres com incisão única, que foram operadas há mais tempo. A média de seguimento foi de 42,4 (DP ± 40,1) meses para as mulheres tratadas com incisões únicas e 21,3 (DP ± 20,6) meses para aquelas tratadas com incisões triplas. Esta característica é válida em estudos de série temporal, como este, quando são controladas as variáveis potencialmente confundidoras. 3.6. ASPECTOS ÉTICOS O estudo foi desenvolvido através de levantamento de dados nos prontuários das pacientes. O sigilo sobre a identidade das pacientes foi mantido segundo enunciado na Declaração de Helsinki II (DECLARACION DE 23 3. SUJEITOS E MÉTODOS HELSINK, 1986), fazendo-se a identificação pessoal de maneira destacável, sendo destruída após o preenchimento da ficha e coleta de todos os dados. As fichas receberam um número para arquivamento e foram identificadas apenas por esse número, não sendo mais possível, portanto, a identificação pessoal das pacientes nas fases subseqüentes do estudo (digitação, processamento dos dados, análise estatística). 3.7. COLETA E PROCESSAMENTO DOS DADOS O estudo foi desenvolvido através da revisão dos prontuários e os dados foram coletados pelo pesquisador, o qual preencheu uma ficha précodificada desenvolvida especialmente para o estudo (ANEXO I). As pacientes que perderam o seguimento foram convocadas (ou seus familiares), conforme os dados constantes nos prontuários, por telefone ou por carta, para definirmos seu estado de saúde atual e, se foi a óbito, quando ocorreu e qual foi a causa. As fichas pré-codificadas preenchidas foram ordenadas numericamente para arquivamento. Foram codificadas as questões abertas e depois as fichas foram revisadas manualmente para se detectar possíveis erros de preenchimento e de seleção, que foram corrigidos. Após esta fase, os dados foram inseridos em programa EPI-INFO 6.02 em microcomputador (DEAN et al., 1994). A digitação foi realizada duas vezes para detecção de erros de digitação. Foi realizada verificação da consistência dos dados para cada variável do estudo. Algumas variáveis sofreram recodificação para 24 3. SUJEITOS E MÉTODOS possibilitar melhor análise dos dados, conforme especificado na definição das variáveis e conceitos. As curvas de sobrevida e a regressão de Cox foram realizadas duplamente, pela empresa “Estatística Médica”, de São Paulo, capital, e pela Comissão de Pesquisa - Estatística da FCM - UNICAMP. 3.8. INSTRUMENTO Foi elaborada uma ficha pré-codificada específica para o estudo (ANEXO I). O resultado anatomopatológico foi computado após avaliação pelo Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. As variáveis foram levantadas nos prontuários das pacientes já tratadas e atualizados à medida que compareciam ao Ambulatório para seguimento após a alta hospitalar. Todos os dados obtidos, foram anotados nessa ficha pré-codificada. 3.9. ANÁLISE DOS DADOS Inicialmente, realizamos uma análise bivariada comparando-se a taxa de complicações imediatas, os procedimentos secundários necessários, as complicações tardias, o tempo de internação e a taxa de recidiva segundo o tipo de incisão cirúrgica realizada. A seguir foi realizada uma análise bivariada e múltipla correlacionando as complicações imediatas, os procedimentos secundários necessários, as complicações tardias, o tempo de internação e a taxa de recidiva segundo as variáveis de controle. Os métodos estatísticos 25 3. SUJEITOS E MÉTODOS utilizados foram: o Teste Exato de Fischer para comparação numérica de tabelas; Teste do Qui-Quadrado quando válido; e Teste t de Student para comparação de médias. A seguir realizou-se uma regressão logística para avaliação das variáveis de controle. Para avaliação da taxa de recidiva e sobrevida foram elaboradas curvas de sobrevida pelo método de KaplanMeyer, comparadas pelo teste de Wilcoxon e submetidas à regressão múltipla pelo método de Cox, com limite de 5% de significância estatística (LEE, 1980; AGRESTI & FINLAY, 1986; HOSMER & LEMESHOW, 1989; FISHER & VAN BELLE, 1993; COLLETT, 1994). 26 3. SUJEITOS E MÉTODOS 4. RESULTADOS De um total de 212 prontuários revisados, 132 satisfizeram os critérios de inclusão. As 132 pacientes incluídas no estudo estavam divididas quase igualmente entre os dois tipos de cirurgia: 65 (49%) por incisão única e 67 (51%) por três incisões. 4.1. Características das mulheres segundo o tipo de incisão Pouco menos de 20% das mulheres eram fumantes, em ambos os grupos. Aproximadamente metade das mulheres apresentavam algum tipo de doença ou síndrome clínica. Predominou a hipertensão arterial, presente em 40% das pacientes com três incisões e 26% daquelas com incisão única, mas essa diferença não foi significativa. O número de mulheres diabéticas foi três vezes maior no grupo de mulheres tratadas por três incisões (16% vs. 5%). O tipo histológico predominante foi o carcinoma epidermóide (95%). Sete pacientes apresentavam carcinoma adenoescamoso e todas estavam no grupo de incisão única. Em relação ao grau histológico, mais da metade (54%) das pacientes apresentaram carcinomas bem diferenciados (grau 27 4. RESULTADOS histológico I), enquanto apenas 7% eram indiferenciados, sendo esta distribuição semelhante nos dois grupos (ANEXO IV). A média de idade global foi de 66,7 anos (DP ± 13,2), sendo 66,8 para incisão única (DP ± 12,6) e 66,5 para três incisões (DP ± 13,8). Metade das pacientes estava com mais de 70 anos e 75% acima de 60 anos. Quando se considerou as várias faixas etárias, notamos que as pacientes estavam distribuídas de forma semelhante nos dois grupos. O número de mulheres com mais de 70 anos foi maior no grupo de três incisões, mas a diferença não foi estatisticamente significativa (FIGURA I). 30 25 20 tripla única 15 10 5 0 <=39 40-49 50-59 60-69 70-79 >=80 FIGURA I. Distribuição das mulheres segundo a faixa etária ao diagnóstico. 28 4. RESULTADOS Quando comparou-se o T patológico (pT), observou-se um predomínio geral de pT2 em 58% dos casos, sendo estatisticamente mais freqüente nas mulheres tratadas com três incisões. O pT3 foi mais que o dobro (32% vs. 15%) em pacientes operadas por incisão única do que naquelas com três incisões, sendo essa diferença estatisticamente significativa. Notou-se também que metade das mulheres tratadas com incisão única apresentavam linfonodos negativos, enquanto que entre aquelas tratadas com incisões triplas essa proporção era maior, chegando a quase dois terços (64%). Essas diferenças, porém, não atingiram significância estatística. Nenhuma das pacientes apresentava metástases ao diagnóstico (TABELA 1). TABELA 1 Distribuição percentual das mulheres segundo a classificação TNM (FIGO-95) e o tipo de incisão Incisão TNM 1 3 p pT 1 2 3 20 48 32 18 67 15 0,7594 *0,0236 *0,0185 pN 0 1 2 49 25 26 64 15 21 0,0830 0,1617 0,4762 (65) (67) TOTAL (N) 29 4. RESULTADOS Portanto, quando considerou-se o estádio patológico, mais da metade dos casos eram estádio II. A percentagem de mulheres com diagnóstico em estádio I continuou muito baixa, 15%. Em relação à distribuição por estádio segundo o tipo de incisão, houve quase duas vezes mais pacientes em estádio II no grupo tratado por três incisões, enquanto que no grupo tratado por incisão única encontrou-se mais que o dobro de pacientes em estádio III (TABELA 2). TABELA 2 Distribuição percentual das mulheres segundo o estádio patológico (FIGO-95) e o tipo de incisão Incisão Estádio 1 3 p I II III IVa 14 25 35 26 16 47 16 21 0,6803 *0,0093 *0,0127 0,4761 TOTAL (N) (65) (67) 30 4. RESULTADOS 4.2. Complicações pós-operatórias segundo o tipo de incisão As complicações pós-operatórias imediatas ocorreram em 84% das mulheres operadas e foram mais freqüentes nas mulheres submetidas à vulvectomia com incisão única, sendo esta diferença estatisticamente significativa. A percentagem de pacientes tratadas com três incisões que não apresentaram complicações foi três vezes maior que aquelas tratadas com incisão única. Entre as complicações imediatas, a deiscência foi a mais freqüente (83%), com incidência estatisticamente menor nas mulheres tratadas com três incisões (73% vs. 92%). A infecção ocorreu na mesma proporção nos dois grupos e não ocorreu nenhum caso de trombose. Sete mulheres morreram no pós-operatório imediato, sendo cinco entre as mulheres tratadas com incisão única e duas naquelas tratadas com três incisões (TABELA 3). TABELA 3 Distribuição percentual das mulheres que apresentaram complicações pós-operatórias imediatas segundo o tipo de incisão Incisão Complicação 1 3 p Presente 92 76 *0,021 Deiscência Infecção Óbito Ausente TOTAL (N) 92 23 8 8 73 22 3 *0,007 0,925 0,270 24 (65) (67) OBS: na especificação do tipo, algumas pacientes apresentaram mais de uma complicação. 31 4. RESULTADOS A necessidade de procedimentos secundários conseqüentes à cirurgia também foi alta: 85%. Entre as mulheres submetidas à cirurgia por três incisões, a necessidade de cuidados especiais foi quatro vezes menor que entre aquelas do grupo de incisão única (6% vs. 24%). Das pacientes operadas, 84% necessitaram de curativos especiais, mais da metade (51%) de desbridamento e mais de um terço (35%) de ressutura. Estes cuidados foram significativamente mais freqüentes nas mulheres tratadas com incisão única. O dobro de mulheres tratadas com incisão única necessitou de rotação de retalho em relação àquelas tratadas com três incisões (6% vs. 3%), porém, o número de pacientes foi pequeno e portanto não estatisticamente significativo (TABELA 4). TABELA 4 Distribuição percentual das mulheres que necessitaram de procedimentos pós-operatórios secundários segundo o tipo de incisão Incisão Procedimento 1 3 p Necessário 94 76 *0,009 Segunda intenção Desbridamento Ressutura Retalho Desnecessário Total (N) 94 60 45 6 6 (65) 75 43 25 3 *0,005 0,054 *0,020 0,326 24 (67) OBS: na especificação do tipo, algumas pacientes necessitaram de mais de um procedimento. 32 4. RESULTADOS A permanência hospitalar foi duas vezes maior no grupo de incisão única. Enquanto as mulheres de três incisões tiveram média de internação de 19,4 dias (DP ± 11,7), as mulheres de incisão única tiveram 38,7 dias (DP ± 22,3). O maior tempo de permanência hospitalar das pacientes de incisão única foi estatisticamente significativo, com p<0,001 (FIGURA II). 25 20 15 tripla única 10 5 0 <=10 11-20 21-30 31-40 >=41 FIGURA II: Distribuição das mulheres segundo o tempo de internação. 33 4. RESULTADOS Complicações tardias ocorreram em 28% das mulheres, sendo estatisticamente semelhante a distribuição nos dois grupos, embora ligeiramente maior nas mulheres tratadas com incisão única (34% vs. 22%). A complicação tardia mais freqüente foi o edema linfático dos membros inferiores. Apenas duas mulheres do grupo de incisão única apresentaram incontinência urinária, enquanto que no grupo de três incisões uma apresentou vulvite urêmica e outra retração cicatricial (TABELA 5). TABELA 5 Distribuição percentual das mulheres que apresentaram complicações pós-operatórias tardias segundo o tipo de incisão Incisão Complicação 1 3 p Presente 34 22 0,1428 31 3 21 3 0,1947 0,6789 66 78 (65) (67) Linfedema Outras Ausente TOTAL (N) OBS: na especificação do tipo, algumas pacientes apresentaram mais de uma complicação. 34 4. RESULTADOS Na primeira fase da regressão logística encontrou-se que as complicações imediatas, deiscências, procedimentos secundários, curativos especiais e ressuturas foram significativamente mais freqüentes e o tempo de internação foi maior nas mulheres tratadas com incisão única. A significância do tempo de internação foi tão importante que excluiu as demais da análise final (TABELAS 6 e 7). Análise de regressão logística: fatores associados a complicações pós-operatórias na primeira fase da regressão logística (modelo 1). Variável dependente: tipo de incisão: 0 = três incisões; 1 = incisão única. Variáveis independentes: TABELA 6 Fatores associados a complicações pós-operatórias Primeira fase da regressão logística (modelo 1) Variável Complicações imediatas Deiscência Infecção da ferida Óbito Procedimentos secundários Curativos especiais Desbridamento Ressutura Rotação de retalho Tempo de internação F entrada p *6,69 *8,87 0,01 1,45 *8,46 *9,64 3,74 *5,52 0,76 *38,79 *0,0108 *0,0035 0,9255 0,2308 *0,0043 *0,0023 0,0553 *0,0203 0,3861 *0,0000 TABELA 7 Modelo final: Variável Constante Tempo de internação Coeficiente Erro padrão Odds ratio -2,328 0,085 0,498 0,017 0,10 1,09 35 4. RESULTADOS Realizou-se então um segundo modelo de regressão logística, apenas com as variáveis categorizadas, excluindo o tempo de internação, que foi considerada conseqüência dos demais. Foi observado que na análise final, mantém-se como variável significativa a necessidade de curativos especiais, realizados nos casos que necessitaram de cicatrização por segunda intenção, nas pacientes operadas por incisão única (TABELAS 8 e 9). Análise de regressão logística: fatores associados a complicações pós-operatórias na primeira fase da regressão logística (modelo 2). Variável dependente: tipo de incisão: 0 = três incisões; 1 = incisão única. Variáveis independentes: TABELA 8 Fatores associados a complicações pós-operatórias Primeira fase da regressão logística (modelo 2) Variável Complicações imediatas Deiscência Infecção da ferida Óbito Procedimentos secundários Curativos especiais Desbridamento Ressutura Rotação de retalho F entrada p *6,69 *8,87 0,01 1,45 *8,46 *9,64 3,74 *5,52 0,76 *0,0108 *0,0035 0,9255 0,2308 *0,0043 *0,0023 0,0553 *0,0203 0,3861 TABELA 9 Modelo final: Variável Constante Curativos especiais Coeficiente Erro padrão Odds ratio -1,6870 1,6620 0,580 0,596 0,185 5,270 36 4. RESULTADOS 4.3. Avaliação da taxa de recidivas segundo o tipo de incisão Observou-se recidiva tumoral em 27% das pacientes, ocorrendo quase duas vezes mais entre as pacientes tratadas por incisão única, sendo essa diferença estatisticamente significativa. Com relação ao local de recorrência, a recidiva vulvar foi quase duas vezes mais freqüente nas pacientes submetidas à incisão única. Nenhuma das pacientes submetidas à cirurgia por três incisões apresentou recidiva inguinal (TABELA 10). TABELA 10 Distribuição percentual das mulheres que apresentaram recidiva tumoral segundo o tipo de incisão Incisão Recidiva 1 3 p Presentes Vulvar Inguinal Metástase Ausentes TOTAL (N) 35 19 *0,039 24 6 5 13 6 0,101 0,056 0,517 65 81 (65) (67) 37 4. RESULTADOS A taxa acumulada de sobrevida livre de doença foi de 81% nas pacientes tratadas por três incisões e 65% naquelas tratadas por incisão única e esta diferença não foi estatisticamente significativa. Aproximadamente dois terços das recidivas ocorreram no primeiro ano após a cirurgia, sendo o intervalo livre de doença semelhante nos dois grupos - 21 meses (DP ± 19) nas incisões únicas e 16 meses (DP ± 13) nas incisões triplas (FIGURA III). 100 80 60 tripla única 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 FIGURA III. Taxa acumulada de sobrevida livre de doença segundo o tipo de incisão (p = 0,5675). 38 4. RESULTADOS Observa-se que a principal variável relacionada à recidiva foi a invasão linfonodal. No grupo de mulheres submetidas à incisão única há uma maior prevalência de linfonodos comprometidos pela neoplasia do que entre aquelas tratadas por três incisões. Este foi o único fator estatisticamente significativo associado à recidiva (TABELA 11). TABELA 11 Distribuição das mulheres com recidiva segundo a classificação TNM (FIGO-95) em relação ao tipo de incisão Incisão Parâmetro 1 3 p pT 1 2 3 5 9 9 1 8 4 0,097 0,38 0,60 pN 0 1 2 10 6 7 4 2 7 *0,035 0,31 0,90 23 13 TOTAL N Considerando a classificação das pacientes pelo estádio patológico, observamos que a proporção de recidivas foi semelhante, independente do tipo de incisão utilizada (TABELA 12). TABELA 12 Distribuição das mulheres com recidiva segundo o estádio patológico (FIGO-95) e o tipo de incisão Incisão Estádio 1 3 p I II III IVa 3 5 8 7 1 3 2 7 0,2167 0,0754 0,2829 0,6232 TOTAL N 23 13 39 4. RESULTADOS Avaliando o tempo livre de doença segundo o estádio, observou-se uma melhora não-significativa da sobrevida nas mulheres submetidas a três incisões (FIGURAS IV, V, VI e VII) 100 80 60 tripla única 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 FIGURA IV. Taxa acumulada de sobrevida livre de doença segundo o tipo de incisão no estádio I (p = 0,1997). 100 80 60 tripla única 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 FIGURA V. Taxa acumulada de sobrevida livre de doença segundo o tipo de incisão no estádio II (p = 0,1307) 40 4. RESULTADOS . 100 80 60 tripla única 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 FIGURA VI. Taxa acumulada de sobrevida livre de doença segundo o tipo de incisão no estádio III (p = 0,1747). 100 80 60 tripla unica 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 FIGURA VII. Taxa acumulada de sobrevida livre de doença segundo o tipo de incisão no estádio IVa (p = 0,6889). 41 4. RESULTADOS Quando foi avaliado o tempo livre de doença verificou-se que o melhor prognóstico foi apresentado pelas pacientes submetidas à cirurgia com três incisões quando os linfonodos estavam livres de neoplasia (FIGURA VIII). 100 80 tripla LN+ única LN+ tripla LNúnica LN- 60 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 FIGURA VIII. Taxa acumulada de sobrevida livre de doença segundo o tipo de incisão e o estado dos linfonodos (p = 0,0132). 42 4. RESULTADOS Após a regressão logística, verificou-se que apenas a invasão linfonodal esteve significativamente associada ao tempo livre de doença (TABELAS 13 e 14) Análise de sobrevida com co-variadas - modelo de Cox. Variável dependente: tempo de seguimento até recidiva ou até o término do estudo. Variáveis independentes: TABELA 13 Análise de sobrevida - modelo de Cox tempo de seguimento até recidiva Variável X² entrada Idade Tipo de incisão Tipo histológico Linfonodos comprometidos Estádio patológico 0,51 0,88 1,17 *12,21 *7,00 p 0,4745 0,3489 0,2792 *0,0005 *0,0081 TABELA 14 Modelo final Variável Linfonodos comprometidos Coeficiente Erro padrão Odds ratio 1,2075 0,3536 3,3450 43 4. RESULTADOS Após a regressão logística, novamente foi verificado que apenas a invasão linfonodal esteve significativamente associada à taxa de sobrevida (TABELAS 15 e 16) Análise de sobrevida com co-variadas - modelo de Cox. Variável dependente: tempo de seguimento até o óbito ou até o término do estudo. Variáveis independentes: TABELA 15 Análise de sobrevida - modelo de Cox. tempo de seguimento até o óbito Variável X² entrada Idade Tipo de incisão Tipo histológico Linfonodos comprometidos Estádio patológico 1,02 1,44 1,06 *5,54 2,61 p 0,3118 0,2295 0,3334 *0,0186 0,1065 TABELA 16 Modelo final Variável Linfonodos comprometidos Coeficiente Erro padrão Odds ratio 2,0781 1,0802 7,9890 44 4. RESULTADOS 5. DISCUSSÃO Os resultados deste estudo permitem afirmar que a cirurgia por três incisões foi tão ou mais eficaz para tratar câncer de vulva do que a cirurgia por incisão única. A recidiva foi mais freqüente em incisão única, enquanto que as pacientes tratadas por três incisões apresentaram menos deiscências, menor necessidade de procedimentos secundários e menor tempo de internação. A principal justificativa para a indicação da cirurgia em bloco (incisão única) é o menor índice de recidivas que se observaria com este procedimento (GREEN, 1978; CAVANAGH, BRYSON, INGRAM, 1986; HOPKINS et al., 1993). Os resultados observados neste estudo, porém, foram contrários a essa afirmação, já que as pacientes tratadas com três incisões apresentaram recidivas em proporção significativamente menor que as operadas por incisão única. Por outro lado, os motivos que justificam a utilização de três incisões comprovaram-se verdadeiros, já que a ocorrência de deiscência e os procedimentos secundários decorrentes das complicações pós-operatórias foram significativamente menores neste grupo. Além disso, o tempo de internação foi também significativamente menor nestas pacientes. 45 5. DISCUSSÃO Nosso trabalho procurou comparar as duas técnicas cirúrgicas controlando as variáveis possivelmente confundidoras, relacionadas ao estado da paciente e às características tumorais pré-operatórias. Os resultados da avaliação dessas variáveis mostrou que os dois grupos são estatisticamente comparáveis de forma satisfatória e, portanto, os resultados obtidos podem ser considerados decorrentes da técnica cirúrgica diferente que foi empregada em cada grupo. Os grupos não apresentaram diferenças com relação às variáveis possivelmente confundidoras, como idade, tabagismo, presença de doenças clínicas, que poderiam alterar ou dificultar a cirurgia e suas conseqüências. O número semelhante, quase igual, de pacientes nos dois grupos foi uma feliz coincidência ao final da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão na seleção dos casos, não tendo sido proposital. A idade média das pacientes foi semelhante nos dois grupos. Apesar de o grupo tratado por três incisões apresentar em sua composição um número mais alto de mulheres acima de 70 anos de idade em relação ao grupo de incisão única, essa diferença não chegou a atingir significância estatística. O mesmo aconteceu com relação à hipertensão e ao diabetes, sendo o número de mulheres diabéticas três vezes maior no grupo de três incisões, porém, essas diferenças também não foram estatisticamente significativas. Apesar desses parâmetros serem teoricamente desfavoráveis ao grupo de três incisões, principalmente quando se fala em complicações pós-operatórias imediatas, estes não foram relevantes. 46 5. DISCUSSÃO O hábito de fumar foi também semelhante nos dois grupos, em média 19%. O tabagismo foi estudado por ser considerado um fator predisponente a complicações pós-operatórias imediatas, devido a seus efeitos vasculares e na ventilação pulmonar (DALING et al., 1992; KIRSCHNER et al., 1995). Não houve diferença entre os dois grupos com relação a esta característica. Com relação às características tumorais, o tipo histológico adenoescamoso foi diagnosticado em apenas sete pacientes e todas haviam sido tratadas por incisão única. Não existem referências na literatura sobre alguma diferença de agressividade ou prognóstico entre os carcinomas epidermóide e adenoescamoso na vulva, já que este último é muito raro, cerca de 2% dos tumores vulvares (DISAIA & CREASMAN, 1989). Mesmo assim, nas análises bivariada e de regressão, o tipo histológico adenoescamoso não apresentou pior prognóstico em relação ao restante das pacientes, por isso, mantiveram-se estas mulheres no estudo. O grau histológico também não apresentou diferenças estatísticas entre os grupos, mesmo porque o grau III ou indiferenciado, teoricamente mais agressivo, esteve presente em apenas 7% das pacientes. Com relação ao estadiamento, houve diferença na proporção de estádios II e III entre os grupos. O grupo tratado com três incisões era composto, em sua maioria, por pacientes com neoplasia em estádio II. Enquanto isso, o grupo tratado com incisão única apresentou significativamente mais mulheres em estádio III. Era esperado, portanto, que o grupo submetido à vulvectomia por incisão única apresentasse pior prognóstico do que aquele operado por três incisões. Assim, deve-se levar em 47 5. DISCUSSÃO conta esta característica quando avalia-se, na discussão, o desempenho de cada técnica. Analisou-se, separadamente, cada um dos critérios TNM patológicos e depois, novamente, por estádio. Obteve-se que a maioria das pacientes encontrava-se em estádios II, III ou IVa na época do diagnóstico, sendo apenas um quinto das pacientes estádio I. Também observou-se que nenhuma das pacientes apresentava metástases ao diagnóstico. As pacientes tratadas com incisão única, que foram operadas antes de 1992, apresentaram uma proporção maior de estádios III. O estádio I foi pouco freqüente e semelhante em ambos os grupos, aproximadamente 16%. Isso mostra que o diagnóstico precoce ainda está longe de ser uma realidade no nosso meio, embora a diminuição proporcional no número de pacientes com estádio III nos últimos cinco anos seja um sinal de que o panorama pode estar melhorando nesse sentido. Essa diminuição foi evidenciada pela maior proporção de estádio II no grupo de três incisões, que foram operadas a partir de 1992. É preciso incentivar esse diagnóstico, para que melhorem as chances de cura dessas pacientes. O número de pacientes com tumores maiores que 2cm foi semelhante nos dois grupos, porém, a invasão de estruturas anatômicas perineais (pT3) foi mais que o dobro nas pacientes tratadas com incisão única. A invasão linfonodal também foi maior no grupo de incisão única. Estes fatores, reconhecidamente de mau prognóstico, apresentados em maior frequência nas pacientes tratadas pela cirurgia em bloco, conferem a este grupo uma maior probabilidade de recidiva tumoral. Este fato também deve ser levado 48 5. DISCUSSÃO em conta quando for considerada a eficácia entre as duas técnicas (DISAIA & CREASMAN, 1989; HACKER, 1989). A análise dos critérios TNM de forma isolada é problemática. Estes critérios são utilizados em conjunto para se classificar as pacientes portadoras de neoplasias em estádios, a partir dos quais se estabelece um prognóstico e propostas de tratamento (DISAIA & CREASMAN, 1989; HACKER, 1989). Os resultados observados, entretanto, sugerem que a invasão dos linfonodos é um critério fundamental, independente do tamanho do tumor primário, mesmo quando considerada isoladamente. Correlacionando os critérios TNM com o tipo de incisão e a ocorrência de recidivas, observou-se que o estádio não foi determinante no prognóstico. A maior diferença na taxa de recidivas ocorreu entre as pacientes do estádio II, sem atingir significância estatística. Entretanto, quando considerado o estado linfonodal, observou-se que mais de dois terços das mulheres tratadas por três incisões apresentavam linfonodos livres, enquanto que essa proporção era de apenas um terço naquelas operadas por incisão única. O fator que levou à menor ocorrência de recidivas em pacientes tratadas por três incisões foi a ausência de invasão linfonodal, observada com maior freqüência nas pacientes deste grupo. Tanto na análise bivariada como na regressão, a invasão linfonodal foi o único fator relacionado positivamente com a recidiva. Portanto, quando observa-se a menor ocorrência de recidivas no grupo de três incisões, mesmo quando corrigidas por estádio, provavelmente encontra-se frente a um viés causado pela menor proporção de pacientes 49 5. DISCUSSÃO com linfonodos positivos observadas no grupo de três incisões. Este fato não permite afirmar que a cirurgia por três incisões é mais eficaz que a incisão única, porém, não altera a observação de que a vulvectomia por três incisões foi eficiente para o tratamento da neoplasia. Esta observação está de acordo com o que a maioria dos autores que estudaram o tema concluiu: a invasão linfonodal é o principal parâmetro a ser considerado para se estabelecer o prognóstico da paciente com câncer da vulva (ABRÃO et al., 1990; FRANKMAN et al., 1991; FRANKMAN, 1991; HOPKINS et al., 1991; RUTLEDGE et al., 1991; FIORETTI et al., 1992; LINGARD et al., 1992; ONNIS et al., 1992; ORIGONI et al., 1992; BALLOUK et al., 1993; GARCIA-IGLESIAS et al., 1993; HOMESLEY et al., 1993; GOMES-RUEDA et al., 1994; HOMESLEY, 1994; PALADINI et al., 1994; BURGER et al., 1995; KIRCHNER et al., 1995). Ao contrário da maioria dos autores que já versaram sobre este tema, a indicação cirúrgica não foi feita baseando-se no estádio da doença. Neste estudo, o mesmo tipo de cirurgia foi indicado para pacientes desde estádio I até IVa. A indicação respeitava o protocolo do Serviço e significava que se acreditava ser a melhor conduta para o tratamento da neoplasia. Nos estudos anteriores, geralmente a cirurgia de três incisões era indicada em casos favoráveis, de estádios iniciais (I ou no máximo II), enquanto que a cirurgia de incisão única era indicada quando o estádio era mais avançado (HACKER & VAN DER VELDEN, 1993). HACKER et al. (1981) já incluía 14 casos de estádio III em seu estudo descritivo de 100 pacientes tratadas com três incisões. Posteriormente, outros 50 5. DISCUSSÃO estudos também incluíram pacientes em estádios III e IVa em seus grupos (SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992; HOPKINS et al., 1993; SILLER et al., 1995). Em relação ao estádio IVa, HELM et al. (1992) e SILLER et al. (1995) tinham quatro pacientes, SUTTON et al. (1991) apresentaram 16 e HOPKINS et al. (1993) relataram três mulheres operadas por três incisões. Este estudo apresenta 31 pacientes no estádio IVa, sendo 17 operadas por incisão única e 14 por três incisões. Outro aspecto importante é que compara-se sempre a mesma cirurgia, sem variações de técnica. No presente estudo, todas as pacientes de incisão única foram tratadas com vulvectomia radical “em bloco”, assim como as pacientes de três incisões foram submetidas à vulvectomia radical por três incisões. Não houve diferenças na abordagem do tumor primário e na linfadenectomia; a cirurgia foi sempre a mesma para todas as pacientes dentro do seu grupo. Isso elimina um viés com relação às complicações imediatas, já que a menor extensão da ressecção cirúrgica facilita a cicatrização e diminui o índice de complicações em favor de três incisões. Nos estudos anteriores foram utilizadas diferentes técnicas cirúrgicas, principalmente no que se refere à vulva e ao fechamento da incisão. A abordagem da região vulvar variou entre os diferentes autores. Nem sempre a cirurgia comparada com a incisão única era vulvectomia radical. Os autores incluíram no grupo de três incisões, pacientes que tiveram a vulva tratada com exérese ampla, hemivulvectomia ou vulvectomia (SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992; HOFFMAN et al., 1992; HOPKINS et al., 1993; SILLER et al., 1995). 51 5. DISCUSSÃO A linfadenectomia inguinal, neste estudo, foi realizada de forma completa (bilateral, superficial e profunda) em todos os casos. Nos estudos anteriores essa abordagem variava muito. A indicação da linfadenectomia era tanto mais conservadora quanto mais precoce o estádio. Eram consideradas da mesma forma linfadenectomia uni ou bilaterais, superficiais, profundas e, às vezes, pélvicas, todas compondo um mesmo grupo de pacientes de acordo com a incisão empregada (HELM et al., 1992; HOPKINS et al., 1993; SILLER et al., 1995). Também o fechamento da incisão foi diferente entre este estudo e os descritos por outros autores. Enquanto este autor analisa apenas as pacientes que foram submetidas à vulvectomia radical e tiveram as incisões suturadas sempre por fechamento primário, nos outros trabalhos os autores consideraram de um mesmo grupo pacientes que tiveram a incisão fechada por sutura primária, rotações de retalhos e enxertos, que eram indicados pela necessidade no momento do fechamento (HELM et al., 1992; SOUEN et al., 1992). No presente estudo, o uso de recursos de cirurgia plástica, como a rotação de retalhos, foi considerado apenas quando empregado como procedimento secundário necessário para a reparação de deiscências mais extensas. O número de pacientes incluídas (132) faz deste o estudo brasileiro que apresenta a maior casuística sobre o tema. O número de pacientes é também superior ao de quase todos os outros estudos disponíveis, exceto um. Enquanto neste estudo são apresentadas 132 pacientes, SUTTON et al. estudaram 122 mulheres, HELM et al. (1992) apresentam 64 casos, SILLER et al. (1995) têm 47; HOPKINS et al. (1993) estudaram 136 mulheres entre 52 5. DISCUSSÃO incisão única e três incisões, quatro a mais do que neste estudo. HACKER et al. (1981) apresentaram 100 pacientes, mas apenas casos de vulvectomia com esvaziamento inguinal por três incisões, sem comparação com incisão única. Considerando todos estes aspectos para confirmar a validade do estudo e, considerando que a maior taxa de recidivas apresentada pelo grupo tratado com incisão única pode ser justificada pelo maior número de pacientes em estádio III, que fez parte desse grupo, acredita-se que os resultados foram suficientes para confirmar que, além de não existirem diferenças entre as duas técnicas com relação à eficácia, a técnica de três incisões foi melhor do ponto de vista de recuperação da paciente. Esses resultados concordam com a literatura sobre o tema, já que encontrou-se 16% menos complicações a favor da três incisões, enquanto HOPKINS et al. (1993) relataram 31% também no mesmo sentido. O índice de deiscências deste estudo foi alto, sendo maior que o descrito nas demais séries apresentadas. Enquanto neste trabalho encontrouse 83% de deiscências, HACKER et al. (1981) descrevem 59%, SUTTON et al. (1991) tiveram 55%, HELM et al. (1992) obtiveram 39% e HOPKINS et al. (1993) encontraram 75%. Porém, deve-se considerar que todas as pacientes aqui analisadas tiveram fechamento primário da incisão, enquanto que, nos outros estudos foram utilizadas técnicas de fechamento diferentes, com uso de recursos de cirurgia plástica quando necessários, e que a extensão da cirurgia e sua radicalidade variaram entre os autores. Esta diferença mostra que a utilização de recursos mais elaborados para o fechamento das incisões é útil e deve ser empregada quando o caso exigir. 53 5. DISCUSSÃO Mesmo assim, o presente estudo encontrou 19% a menos de deiscência a favor da cirurgia por três incisões, enquanto HELM et al. (1992) obtiveram 15% e HOPKINS et al. (1993) descreveram 31%, também no sentido de três incisões. As complicações são mais freqüentes nas pacientes tratadas com cirurgia com incisão única, quando comparada com três incisões. A deiscência ocorre em 64% vs. 38%, infecção da ferida cirúrgica em 20% vs. 12%, celulite em 21% vs. 14% e linfocele em 28% vs. 14% (HOPKINS et al., 1993). Nesta série de pacientes, encontrou-se a infecção da ferida cirúrgica, concomitante ou não à deiscência, em 22% dos casos, em ambos os grupos. Ocorreram cinco óbitos entre as tratadas por incisão única e dois entre as tratadas por três incisões. Observou-se também maior freqüência de linfedema de membros inferiores entre as mulheres operadas por incisão única, em 31% vs. 21%, além de duas pacientes com incontinência urinária. Entre aquelas tratadas com três incisões, uma apresentou vulvite urêmica e outra retração cicatricial. Como as pacientes deste trabalho foram submetidas a um mesmo tipo de cirurgia, pôde-se avaliar a realização de procedimentos secundários de maior porte, necessários para sua recuperação, sendo que nenhum dos trabalhos considerados apresentou referências a esse aspecto. Encontrou-se que a cirurgia com três incisões apresentou um número quatro vezes maior de pacientes que não necessitaram de procedimentos secundários do que a incisão única. 54 5. DISCUSSÃO Essa diferença, estatisticamente significativa, pode servir como parâmetro para considerar-se como melhor a recuperação pós-operatória das mulheres tratadas com três incisões. A menor necessidade de procedimentos secundários mostra de forma indireta que as complicações foram menos graves nessas pacientes. Apesar do alto índice de complicações, o tempo de internação destas pacientes foi menor do que o descrito anteriormente. Enquanto as pacientes operadas por três incisões permaneceram internadas por 19,4 dias e as tratadas por incisão única por 38,7 dias, essa média na literatura varia entre 30 e 50 dias (AYHAN et al., 1988; FARIAS-EISNER et al.,1994). Com o emprego da técnica de três incisões, as pacientes apresentaram um período de permanência hospitalar significativamente menor do que aquelas tratadas por incisão única, quase a metade do tempo em nosso estudo. Outros autores encontraram resultados com diferenças semelhantes, também a favor da cirurgia por três incisões, apesar de termos que levar em conta as diferentes abordagens terapêuticas utilizadas (HACKER et al., 1981; SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992; HOPKINS et al., 1993). Esse viés, afastado deste estudo, permitiu concluir que as pacientes operadas com três incisões realmente necessitam de menos tempo de internação pós-operatória. As recidivas na ponte cutânea entre as três incisões era o principal motivo para a indicação de incisão única nos estádios avançados. Julgava-se que a vulvectomia por três incisões somente deveria ser indicada em estádios 55 5. DISCUSSÃO iniciais (HACKER et al., 1981; DISAIA & CREASMAN, 1989; HACKER & VAN DER VELDEN., 1993; HOPKINS et al., 1993). Neste estudo não tivemos nenhum caso de recidiva inguinal ou na ponte cutânea nas pacientes de três incisões. No total, obteve-se um número significativamente menor de recidivas em três incisões. Isso foi constatado mesmo quando se considera que, nesta série, a indicação de incisão única ou de três incisões foi feita independentemente da extensão ou do estádio da doença. Ou seja, mesmo considerando que foram realizadas tanto a cirurgia por incisão única como por três incisões também em pacientes estádio III e IVa, neste grupo as recidivas foram mais freqüentes em mulheres operadas por incisão única. A recidiva local foi a mais freqüente, sendo quase o dobro naquelas tratadas por incisão única. Esse fato observado poderia ser explicado pela maior proporção de pacientes com tumores invadindo estruturas perineais (pT3) entre as tratadas por incisão única. Além disso, o fechamento primário nas cirurgias por três incisões é mais fácil, devido a menor área ressecada. Isso confere ao cirurgião mais liberdade para ampliar as margens vulvares, nesse tipo de cirurgia. Levando-se em conta as características linfonodais discutidas anteriormente, deve-se considerar que ambas as técnicas apresentaram resultados muito bons no controle da neoplasia. Outros autores, com indicações diferenciadas de técnica, onde indicavam preferencialmente incisão única em estádios mais avançados, também encontraram que não existem diferenças entre os dois tipos de cirurgia no que se refere às recidivas 56 5. DISCUSSÃO (HACKER et al., 1981; SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992; HOPKINS et al., 1993; SILLER et al., 1995). O fato de as cirurgias terem sido realizadas em períodos de tempo diferentes, a incisão única até 1991 e a três incisões após este ano, deve-se a uma observação do Departamento aos avanços propostos pela literatura e incorporação destes aos protocolos de conduta. A randomização, que seria ideal num estudo desse tipo, não seria apropriada após decidir-se, pela revisão da literatura, que a técnica que parecia oferecer maiores vantagens às pacientes seria a de três incisões. Além disso, todos os estudos disponíveis sobre este tema apresentam a mesma característica temporal na apresentação dos casos: a cirurgia por incisão única realizada em períodos de tempo que antecederam a realização daquelas por três incisões (HACKER et al., 1981; SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992; HOPKINS et al., 1993; SILLER et al., 1995). Portanto, o presente estudo se compara e segue os mesmos padrões dos trabalhos semelhantes publicados anteriormente. De qualquer forma, estudos de série temporal são aceitos como apropriados, quando se cumprem com as condições de nosso estudo e se controla por variáveis que poderiam ser potencialmente confundidoras. Com relação à equipe cirúrgica, houve muito pouca variação entre os responsáveis pela realização dessas cirurgias (cinco cirurgiões), sendo que, após 1988, o autor esteve presente na quase totalidade dos casos. Os cuidados pós-operatórios não se modificaram ao longo dos anos, assim como os procedimentos durante o acompanhamento ambulatorial das pacientes após o tratamento. Por ser uma cirurgia que freqüentemente apresenta complicações, principalmente deiscências, 57 sempre recebeu cuidados 5. DISCUSSÃO atenciosos no pós-operatório, não havendo diferença entre o que era realizado antes e o que é feito hoje. Na prática, estes resultados mostram que pode-se optar com segurança por um procedimento menos agressivo e com menos complicações para o tratamento do câncer de vulva, mantendo a mesma eficácia. As complicações foram evidentemente menores no grupo tratado com três incisões, com as pacientes apresentando menos deiscências, menor necessidade de procedimentos secundários e menor tempo de permanência hospitalar. A tendência mundial em se buscar tratamentos e abordagens mais conservadoras para o tratamento do câncer de vulva é justificada e necessária (HACKER et al., 1981; SUTTON et al., 1991; HELM et al., 1992; HOPKINS et al., 1993; SILLER et al., 1995). A idade média de incidência dessa neoplasia está se tornando cada vez mais baixa, chegando atualmente em faixas etárias em que as mulheres ainda são sexualmente ativas. Isso faz com que a preservação da anatomia e da funcionalidade da vulva seja muito importante para a recuperação psicossocial das pacientes e sua reintegração a uma vida o mais próximo possível do normal, após o tratamento (ANDREASSON et al., 1986; SCHULTZ et al., 1990; ANSINK et al., 1991; CORNEY et al., 1992; FLETCHER et al., 1992; HOFFMAN et al., 1992; CORNEY et al., 1993; SAROSI et al., 1994). A tentativa de diminuir a agressividade do tratamento, no sentido de diminuir também as complicações a que as pacientes são expostas, significa também buscar uma maneira mais racional de abordagem terapêutica. Os 58 5. DISCUSSÃO estádios I e II são motivo de estudos sobre a possibilidade de serem tratados sem a realização de linfadenectomia. Ou com linfadenectomia unilateral, nos tumores T2 que apresentem linfonodos comprometidos. Quanto ao tumor primário, existe a possibilidade de ser realizada apenas a ressecção ampla, com margem de segurança. Esses procedimentos mais conservadores visam preservar a maior parte possível da vulva, pelas conseqüências físicas e sexuais que a perda dos genitais representa, além de facilitar a cicatrização (ANDREASSON et al., 1986; SCHULTZ et al., 1990; CORNEY et al., 1992; 1993). A comprovação de que uma cirurgia mais conservadora pode ser a conduta ideal, mesmo em casos avançados, é mais um passo nessa direção. Acredita-se que este trabalho confirme isso, através de um estudo conduzido de forma a evitar da melhor maneira possível os viéses e comparar apenas a técnica cirúrgica como diferença entre os grupos. Os resultados permitem o estabelecimento de protocolos de conduta baseados em resultados cientificamente comprovados, dentro deste Serviço. Isso aumenta a credibilidade e incentiva a procurar alternativas para melhorar ainda mais os resultados conseguidos até agora. A intenção é buscar tratamentos específicos para cada paciente, sem prejuízo ao prognóstico. O caminho sugerido é o da individualização do tratamento, avaliandose caso a caso, qual seria a melhor abordagem terapêutica, em vez de seguirse procedimentos estandardizados que ora poderiam ser demasiado agressivos, ora insuficientes para o correto tratamento. 59 5. DISCUSSÃO Os resultados deste estudo mostraram que um procedimento menos agressivo pode ser eficaz, diminuindo as complicações. A direção a ser seguida é a busca de cirurgias ainda menos agressivas, ou com mudanças na técnica, que permitam reduzir ainda mais as complicações. É possível criar outros mecanismos para diminuir a quantidade de tecido retirada nesse tipo de procedimento, o que facilitaria a cicatrização e poderia contribuir para evitar a deiscência, proporcionando uma recuperação mais rápida após a cirurgia. Espera-se que este estudo tenha sido mais um passo em direção à busca do equilíbrio entre um tratamento eficaz e o bem-estar das mulheres portadoras dessa rara neoplasia. Espera-se que tenha contribuído para o conhecimento geral dessa patologia e para a realização de novas pesquisas na área, que melhorem ainda mais os resultados observados. 60 5. DISCUSSÃO 6. CONCLUSÕES 1. A distribuição das pacientes segundo a idade, hábito de fumar, presença de síndromes clínicas, tipo e grau histológicos e estádio patológico foi semelhante nos dois grupos. A proporção de pacientes com linfonodos comprometidos foi significativamente maior no grupo submetido à cirurgia com incisão única. 2. As complicações pós-operatórias imediatas e a necessidade de procedimentos secundários foram significativamente menos freqüentes e o tempo de internação foi menor nas pacientes submetidas à cirurgia com três incisões. 3. As complicações pós-operatórias tardias foram pouco freqüentes e incidiram de forma semelhante, independentemente do tipo de cirurgia. 4. O tempo livre de doença, a taxa de recidiva e a sobrevida não foram influenciados pelo tipo de incisão. O único fator associado com o mau prognóstico foi a invasão linfonodal. 61 6. CONCLUSÕES 7. SUMMARY The objective of this study was to compare post-operatory complications and recurrence rates in 132 women with invasive vulvar carcinoma treated with radical vulvectomy and bilateral groin lymphadenectomy performed by one or three incisions. It was a nonrandomized retrospective clinical essay, including 65 women operated by single incision and 67 by three incisions, between 1986 and 1996. Fischer’s, Chi-square, Student’s t tests followed by logistic regression were used in statistical analysis. Survival curves by Kaplan-Meyer method, compared by Wilcoxon test, followed by Cox regression, for the statistical significance limit of 5%. The groups were similar regarding age, tabagism, presence of clinical diseases, histologic type and grade. Pathologic stage III were significantly more frequent in the single incision group, while free lymph nodes were more frequent among three incisions group. The patients treated with triple incision showed statistically less frequent immediate complications (76% vs. 92%, p<0.05), less dehiscence (72% vs. 92%, p<0.01), secondary procedures were less necessary (76% vs. 94%, p<0.01) and shorter medium hospital stay (19,4 days vs. 38,7 days, p<0.001). Seven post-operative deaths were observed: five with single incision and two with triple incision. Recurrence was statistically lower in patients treated with triple incision (19% vs. 35%, p<0.01) and with 62 7. SUMMARY negative lymph nodes (6% vs. 15%, p<0.01). After Cox regression, only positive lymph nodes had negative influence in disease free survival. We concluded that vulvectomy by three incisions shows less complications than single incision, without compromising therapeutic efficacy, independently of stage. 63 7. SUMMARY 8. 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ANEXOS ANEXO I Ficha Pré-codificada __________________________________________________________________________ Identificação __________________________________________________________________________ Nome ____________________________________________________ Número I__I__I__I Número HC I__I__I__I__I__I__I__I __________________________________________________________________________ SEÇÃO 1. Estado da paciente __________________________________________________________________________ Número |__|__|__| Data da primeira consulta I__I__/__I__/__I__I 1.1. Idade I__I__I anos completos 1.2. Tabagismo |1| sim |2| não 1.3. Outras doenças clínicas I1I sim I2I não - passe para 2.1 1.4. Hipertensão I1I sim I2I não 1.5. Cardiopatia I1I sim I2I não 1.6. Diabetes I1I sim I2I não 1.7. Outras I1I sim I2I não Descreva: ____________________________________ __________________________________________________________________________ SEÇÃO 2. Características da doença __________________________________________________________________________ 2.1 tipo histológico I1I escamoso I2I adenoescamoso 2.2. grau histológico I1I grau I I2I grau II I3I grau III 2.3. estádio clínico 2.3.1. tumor (T) 2.3.2. linfonodo (N) 2.3.3. metástases (M) |0| I0I I0I I2I I2I I4I I1I I1I I1I I3I I3I 2.4. estádio patológico 2.4.1. tumor patológico (Tp) |0| I1I I2I I3I I4I 2.4.2. linfonodo patológico (Np)I0I I1I I2I I3I 2.4.3. metástases (Mp) I0I |1I __________________________________________________________________________ SEÇÃO 3. Tratamento __________________________________________________________________________ Data da cirurgia I__I__/__I__/__I__I 3.1. tipo de incisão |1| única |2| três incisões __________________________________________________________________________ 82 10 ANEXOS SEÇÃO 4. Complicações e recidiva __________________________________________________________________________ 4.1. complicações imediatas: |1| sim |2| não - passe para 4.2 4.1.1. deiscência |1| sim |2| não 4.1.2. infecção da ferida |1| sim |2| não 4.1.3. trombose |1| sim |2| não 4.1.4. óbito |1| sim |2| não 4.2. procedimentos secundários |1| sim 4.2.1. curativos |1| sim 4.2.2. desbridamento |1| sim 4.2.3. ressutura |1| sim 4.2.4. rotação de retalho|1| sim |2| não |2| não - passe para 4.3 |2| não |2| não |2| não 4.3. tempo de internação I__I__I dias Data da alta I__I__/__I__/__I__I 4.4. complicações tardias 4.4.1. linfedema de membros inferiores 4.4.2. incontinência urinária 4.4.3. vulvite urêmica 4.4.4. retração cicatricial I1I sim |1| sim |1| sim |1| sim |1| sim I2I não - passe para 4.5 |2| não |2| não |2| não |2| não 4.5. recidiva I2I não 4.5.1. Tempo entre a cirurgia e a recidiva I__I__I dias 4.5.2. Local: |1| vulvar |2| inguinal Data do último retorno I__/__I__/__I__I I1I sim - data I__/__I__/__I__I 4.6. óbito I1I sim - data I__/__I__/__I__I I2I não 83 |3| metástase 10 ANEXOS ANEXO II Descrição das técnicas cirúrgicas INCISÃO ÚNICA Técnica de Way modificada por Marshall e Parry-Jones (WOODRUFF & MATTINGLY, 1979). Consiste na ressecção em bloco, em um tempo, das cadeias linfáticas inguinais e femurais e da vulvectomia total, com amplas margens cirúrgicas além do tumor. Inicia-se com a paciente em posição de Sims, através de uma incisão arqueada inferiormente, entre as cristas ilíacas anteriores, 2cm acima dos ligamentos inguinais e da sínfise púbica. Lateralmente desce 3cm na vertical e então, novamente, na horizontal até os sulcos lábio-crurais. Deve incluir a pele adjacente, a gordura e os canais linfáticos subjacentes, que se localizam diretamente sobre os ligamentos inguinais e o monte de Vênus. Existe a opção da não ressecção da pele sobre as regiões inguinais, com a incisão de Twombli (SALVATORE, 1974). A incisão lateral estende-se até a fáscia lata, enquanto que a incisão superior remove todos os linfáticos e tecido areolar até a aponeurose do músculo oblíquo externo e do reto anterior, desde a parte lateral do ligamento de Poupart até a região do monte de Vênus. A dissecção se faz profundamente no trígono adutor (ou femural), envolvendo a veia safena. É importante remover a gordura subcutânea, que 84 10 ANEXOS inclui, além da veia safena, as fáscias de Camper e Scarpa, a fim de remover os canais linfáticos superficiais. A bainha femural é incisada ao longo do músculo sartório, externamente à artéria femural e adjacente ao nervo. A artéria é completamente liberada de sua bainha aponeurótica. Toma-se cuidado para identificar a entrada da veia safena na fossa oval. A extremidade proximal da veia safena é transfixada e duplamente ligada em sua croça com a veia femural. A bainha femural é dissecada medialmente em bloco, ligando-se em seguida o segmento distal da veia safena, à medida que a dissecção continua para a parte interna da coxa, até a borda do músculo adutor. A dissecção deve envolver a cadeia linfática femural profunda, que envolve a artéria, a veia e o tecido no canal femural. Deve-se fazer um esforço para remover o gânglio de Cloquet ou o gânglio de Rosenmüller, que é o gânglio sentinela sob o ligamento de Poupart. A técnica popularizada por Way inclui a transposição do músculo sartório sobre o feixe neurovascular femural, a fim de proteger os vasos. A origem do músculo sartório é excisada na espinha ilíaca ântero-superior e ligamento inguinal adjacente e depois suturada no bordo medial do ligamento inguinal. Fixam-se os drenos de aspiração contínua e então a incisão é fechada pela aproximação dos retalhos cutâneos superior e inferior. A incisão vulvar continua ao longo da dobra lábio-crural e inclui a pele perineal ao longo do lado externo e sobre (anteriormente) o ânus. A dissecção 85 10 ANEXOS profunda continua ao longo do perióstio da sínfise púbica, aponeurose subjacente e musculatura do diafragma urogenital. Os músculos bulbocavernoso e transverso superficial do períneo são removidos. É importante identificar e ligar os vasos pudendos internos, ao saírem do canal de Alcock, às quatro e oito horas, na dissecção. A incisão vaginal é feita proximal ao meato uretral externo e circunscreve o intróito ao nível das carúnculas himenais. A mucosa da parede vaginal posterior é dissecada por 2 a 3cm para facilitar a sutura com a pele perianal. A vulva é removida em bloco, após cuidadosa ligadura do suprimento sangüíneo do clitóris. Em caso de envolvimento tumoral, o terço externo da uretra pode ser removido sem grave preocupação. O fechamento da incisão vulvar é feito pela sutura da mucosa vaginal à pele circunjacente, em superfícies amplas. É importante suturar seguramente a uretra às margens cutâneas sob a sínfise púbica, a fim de evitar retração. Pode-se visualizar detalhes da cirurgia nas FIGURAS IX a XVII: 86 10 ANEXOS FIGURA IX: Incisão única, técnica de Way modificada por Marshall e ParryJones, com retirada da pele sobre as regiões inguinais. FIGURA X: Dissecção da croça da veia safena, para posterior ligadura. 87 10 ANEXOS FIGURA XI: Dissecção da extremidade distal da veia safena direita, para ligadura. FIGURA XII: Linfadenectomia inguinal direita completa, em bloco. 88 10 ANEXOS FIGURA XIII: Trígono adutor (ou femural) direito após linfadenectomia. FIGURA XIV: Peça cirúrgica ao final da vulvectomia em bloco (incisão única). 89 10 ANEXOS FIGURA XV: Aspecto do leito operatório ao final da ressecção em bloco. FIGURA XVI: Transposição do músculo sartório sobre o feixe neurovascular femural, bilateralmente. 90 10 ANEXOS FIGURA XVII: Aspecto após fechamento da incisão (incisão única). TRÊS INCISÕES Técnica de Taussing (SALVATORE, 1974; HACKER, 1989) Inicia-se com a paciente em posição de Sims, através de incisão inguinal, que pode ser horizontal, seguindo o ligamento inguinal, ou vertical, no sentido das linhas de força, seguindo os vasos femurais. A incisão pode ser simples ou em fuso, conforme se decida ressecar ou não a pele sobre a região inguinal. A seqüência de dissecção profunda é a mesma da cirurgia anteriormente descrita, acessando-se os planos através do descolamento da pele ao redor da incisão. O detalhe é que permanece uma ponte de tecido subcutâneo e pele entre as incisões inguinais e a vulvar. Na maioria das vezes as áreas dissecadas não se comunicam. 91 10 ANEXOS Após terminada a dissecção profunda, as regiões inguinais são retiradas separadamente e identificadas. São fixados drenos de aspiração contínua e sutura-se a incisão através da aproximação das bordas em amplas áreas. A incisão vulvar inicia-se anteriormente, 3cm acima da ligamento suspensor do clitóris, em fuso, descendo pela dobra lábio-crural e inclui a pele perineal ao longo do lado externo e sobre (anteriormente) o ânus. A dissecção profunda segue a mesma seqüência descrita para a cirurgia anterior, assim como a dissecção vaginal. A vulva é retirada e identifica-se as 12 horas, para orientação do patologista. Drenos são inseridos bilateralmente por contra-abertura, fixados e então procede-se à sutura, aproximando-se a mucosa da pele circunjacente. Os drenos não precisam ser de aspiração contínua e podem ser retirados entre 24 e 48 horas após a cirurgia. Pode-se visualizar o aspecto final da cirurgia na FIGURA XVIII: 92 10 ANEXOS FIGURA XVIII: aspecto após fechamento da incisão (três incisões). 93 10 ANEXOS ANEXO III Estadiamento do câncer de vulva (FIGO - 1995) Estádio 0 Tis Estádio I T1 carcinoma in situ, carcinoma intra-epitelial N0 M0 tumor restrito à vulva e/ou períneo, com até 2cm em seu maior diâmetro, linfonodos livres invasão estromal até 1,0mm invasão estromal maior que 1,0mm Estádio II T2 N0 M0 tumor restrito à vulva e/ou períneo, com mais de 2cm em seu maior diâmetro, linfonodos livres Estádio III T3 N0 M0 T1/2/3 N1 M0 tumor de qualquer tamanho, com invasão de uretra distal, e/ou vagina, e/ou ânus; e/ou: invasão unilateral de linfonodos regionais Estádio Ia Estádio Ib Estádio IVa T4 N0/1/2 M0 T1/2/3 M0 N2 Estádio IVb T1/2/3/4 N0/1/2 M1 tumor invade uretra superior, e/ou mucosa vesical e/ou retal, e/ou osso pélvico; e/ou: invasão bilateral de linfonodos regionais metástase à distância, incluindo linfonodos pélvicos 94 10 ANEXOS ANEXO IV Características das pacientes (variáveis de controle) TABELA 1 Distribuição percentual das mulheres segundo o hábito de fumar e o tipo de incisão Incisão Tabagismo 1 3 p Fumante Não-fumante 18 82 19 81 0,932 (65) (67) TOTAL (N) TABELA 2 Distribuição percentual das mulheres portadoras de síndromes clínicas segundo o tipo de incisão Incisão Síndromes clínicas 1 3 p Presentes 51 54 0,733 Hipertensão Cardiopatia Diabetes Pneumopatia Total (N) 26 18 5 8 (65) 40 16 16 6 0,084 0,394 0,054 0,430 (67) OBS: na especificação do tipo de doença, algumas mulheres apresentavam mais de uma patologia. 95 10 ANEXOS TABELA 3 Distribuição percentual das mulheres segundo as características histológicas do tumor e o tipo de incisão incisão Característica 1 3 p Tipo histológico Epidermóide Adenoescamoso 89 11 100 - *0,017 Grau histológico I II III 48 46 6 61 31 8 0,119 0,081 0,766 (65) (67) TOTAL (N) 96 10 ANEXOS