MARCÔNIO MARTINS RODRIGUES FITOMASSA E COMPORTAMENTO DE CABRAS ANGLO- NUBIANA EM PASTAGEM NATIVA MELHORADA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS TERESINA 2007 MARCÔNIO MARTINS RODRIGUES FITOMASSA E COMPORTAMENTO DE CABRAS ANGLO- NUBIANA EM PASTAGEM NATIVA MELHORADA Trabalho apresentado ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí como parte dos requisitos exigidos para obtenção da graduação em Engenharia Agronômica. ORIENTADORA: Drª. Maria Elizabete de Oliveira TERESINA 2007 FITOMASSA E COMPORTAMENTO DE CABRAS ANGLO- NUBIANA EM PASTAGEM NATIVA MELHORADA MARCÔNIO MARTINS RODRIGUES Trabalho apresentado a BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ M.Sc.: ANTÔNIO DE SOUSA JUNIOR UFPI _____________________________________________ Profa. Dra. DANIELLE MARIA MACHADO RIBEIRO AZEVÊDO EMBRAPA MEIO-NORTE _____________________________________________ ORIENTADORA: Profa. Dra. MARIA ELIZABETE DE OLIVEIRA UFPI Teresina, 27 de Julho de 2007 AGRADECIMENTOS Agradeço principalmente a Deus por ter me dado saúde, perseverança e iluminação nos momentos de dificuldades, dando-me forças para que eu conseguisse vencer mais uma batalha. Ao meu pai em (in memoriam), José Evandro Rodrigues Martins, que está sempre vivo em meu coração. À minha mãe Ana Martins Rodrigues que é minha fonte de inspiração por seu exemplo de humildade, seriedade, responsabilidade, honestidade e pelo seu apoio incondicional de estar sempre me ensinando a lutar sempre pelos sonhos. À professora, mestre e amiga Maria Elizabete de Oliveira, que, com sua dedicação incondicional, na vastidão dos seus conhecimentos, foi fundamental, orientando-me devidamente como pessoa humana que é. Às minhas irmãs Rosiane e Lidiane, pela amizade e pelo carinho que elas sempre me proporcionaram. Aos meus familiares: tios, tias, primas, primos, avôs, avós e padrinhos pelo apoio constante para essa conquista. Aos professores do curso de Engenharia Agronômica pelos seus conhecimentos transmitidos, em especial à professora Maria Elizabete de Oliveira, pelo exemplo de educadora. Aos amigos agradeço pela dedicação, apoio e acima de tudo confiança proporcionando por eles junto a minha pessoa, principalmente: Antônio de Almeida de Araújo Neto, André Silva Nascimento, Miguel Arcanjo Moreira Filho, Cléia Amaral Rodrigues e Lidiane Martins Rodrigues. Aos funcionários da Universidade Federal do Piauí, em especial Gilberto Alves Texeira, Sr. Narciso e Manuel que sempre estão ali para nos ajudar, auxiliando para que tudo acabe em sucesso. SUMÁRIO RESUMO....................................................................................................................5 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................6 2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................9 2 1 Disponibilidade e composição botânica do extrato herbáceo de espécies lenhosas rebrotadas..............................................11 2 2 Comportamento animal.................................................................................................12 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................14 3 1 Disponibilidade e composição botânica do extrato herbáceo de espécies lenhosas rebrotadas..............................................14 3 2 Comportamento animal.................................................................................................19 4 CONCLUSÕES......................................................................................................22 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................23 RESUMO Foram avaliados a disponibilidade de fitomassa, a composição botânica do extrato herbáceo, as freqüência de espécies lenhosas e o comportamento de cabras Anglo-nubianas em pastagem nativa melhorada. O experimento foi realizado no período seco (outubro e novembro) no município de Teresina, PI. Na área experimental de 1,1 ha, foram coletadas 20 amostras para determinar a fitomassa herbácea e a freqüência de espécies lenhosas. Para determinação da freqüência de espécies lenhosas e disponibilidade de fitomassa total utilizaram-se áreas de 16 e 0,50 m², respectivamente. No período seco a percentagem de gramíneas na composição botânica do experimento é sempre superior em relação às ervas. A percentagem de matéria seca foi superior para as gramíneas no período avaliado em outubro e novembro. A disponibilidade de forragem em pastagem nativa melhorada permitiu a produção de caprinos no período seco. A temperatura ambiente não influenciou os períodos de pastejo de caprinos que se constitui na atividade predominante dos animais em pastagem nativa melhorada. 1 INTRODUÇÃO Pastagens nativas são áreas que por razões de limitações, tais como, aridez, ocorrência de rochas superficiais, solos rasos, topografia acidentada entre outros fatores, são inapropriadas para o cultivo, tornando-se uma fonte de forragem para os animais domésticos e silvestres, bem como área de produção de águas, madeira e vida selvagem (STODDART et al., 1975). A pastagem nativa tem como vantagem a manutenção da diversidade do componente florístico nativo, reposição natural da fertilidde do solo e tem como limitação a baixa capacidade de suporte e as mudanças na composição botânica e produção de biomassa devido às flutuações anuais na precipitação pluviométrica (ARAÚJO, 1980 ; PRIMAVESI, 1986). A pastagem nativa melhorada consiste na introdução de forrageiras exóticas adaptadas, não com a substituição da flora nativa, mas como o seu enriquecimento buscando uma maior produtividade de forragem e um melhor desempenho animal (OLIVEIRA et al., 2001). O enriquecimento garante a presença da forragem em maior quantidade durante a época seca. Com isso, a capacidade de suporte aumenta consideravelmente (CAVALCANTE e CÂNDIDO, 2003). Oliveira et al. (2001) trabalhando com capoeira manipulada para fins pastoris no períodoseco 7 observaram um aumento de 1000 kg de MS/ha com a introdução do capim andropogon. O capim Andropogon gayanus utilizado como uma das espécies exóticas para melhoramento de pastagem nativa, é uma planta perene, de origem africana, com touceiras eretas, colmos variando de 1,50 a 2,50 m de altura, às vezes atingindo até 3 m. As lâminas das folhas são lineares, com 30-60 cm de comprimento, 4-20 mm de largura, estreitadas na base, retas ou involutas, pilosas, acuminadas (NASCIMENTO e RENVOIZE, 2001). O capim Andropogon gayanus resiste bem a seca devido a seu sistema radicular profundo. Prefere solos bem drenados e vegeta bem em regiões pobres de pH ácido. Como característica negativa ocorre o fácil acamamento e a dificuldade de produção de sementes. Produz em torno de 12 t de matéria seca/ha, prestando-se para pastejo e fenação. O rendimento de matéria seca dessa gramínea com intervalos de corte de 60 dias no período seco e 35 dias no chuvoso, foram 3.118 e 8.747 kg/ha, respectivamente (BOTREL et al.,1999). Diferentes espécies têm diferentes características que se refletem nas respostas dos animais, em particular no padrão de comportamento de pastejo, na busca de sombra, descanso e ruminação. Do ponto de vista bioclimático, apesar dos caprinos serem considerados rústicos, a associação entre elevada temperatura e alta umidade do ar e radiação solar direta pode acarretar alterações comportamentais, diminuição da ingestão de alimentos e redução do nível de produção (LU, 1989). Damasceno et al. (1998) avaliando respostas produtivas de vacas holandesas com acesso à sombra observou aumento na produção de leite para os animais mantidos em abrigos com proteção. 8 No estado do Piauí cerca de 92% da área pastoril é constituída de pastagem nativa (IBGE,1985), sendo estas pastagens, em geral, a principal fonte de alimentação dos caprinos. O caprino é classificado como animal selecionador intermediário, consumindo uma ampla variedade de forragens, selecionando a parte mais nutritiva de uma planta (VAN SOST, 1994). Uma outra estratégia de alimentação dos caprinos é a flexibilidade na alimentação, podendo ocorrer uma variação estacional da dieta da estação chuvosa para a seca, aumentando o percentual de dicotiledôneas herbáceas e brotos, além de folhas de arbustos e árvores e reduzindo o percentual de gramíneas (MESQUITA, 1982). O objetivo deste trabalho foi estimar a disponibilidade de fitomassa, composição botânica do extrato herbáceo e freqüência de espécies lenhosas rebrotadas e o comportamento em pastejo de cabras Anglo-Nubiana em pastagem nativa melhorada no período seco em Teresina, Piauí. 2 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado em uma área de pastagem nativa melhorada localizada no Departamento de Zootecnia (DZO) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, Piauí (latitude 05°05’21”S, longitude 42º48’07” W) (Figura 1). O clima do município é de transição sub-úmido, distinguindo-se duas estações – chuvosa e seca. A precipitação pluviométrica é concentrada em mais de 70% nos meses de janeiro a maio. Esse comportamento mostra a deficiência hídrica na maior parte do ano, tendo os meses de outubro e novembro precipitação pluviométrica média anual respectivamente de 20 e 52 mm (BASTOS e ANDRADE JÚNIOR, 2000). Na época do experimento em outubro e novembro registraram-se precipitações pluviométricas de 23 e 59 mm (Figura 2). 10 70 Chuva (mm) 60 50 40 30 20 10 0 Out Nov Meses Figura 2- Precipitação pluviométrica no período experimental em área de pastagem nativa melhorada no período seco no município de Teresina, região sub-úmida A vegetação nativa é classificada como matas de babaçu. Na área ocorrem as espécies arbóreas: pau d`arco (Tabebuia sp), Caneleiro (Cenostigma gardnerianum), Jatobá (Hymenaea sp), Jacarandá (Swartzia sp), Sapucaia (Lecythis pisonis), Xixá (Sterculia striata) (EMBRAPA, 1984). A pastagem nativa melhorada é formada pelo capim-andropogon associado à vegetação nativa, predominantemente lenhosa. A formação dessa pastagem ocorreu em 1988, com o semeio do capim andropogon associado a culturas de grãos no modelo de agricultura de broca e queima. Posteriormente a cada ano é realizado roço manual da vegetação lenhosa, a uma altura de 30 cm do solo, preservando árvores remanescentes do período de formação da pastagem. 11 Figura 1- Área experimental de pastagem nativa melhorada com capim Andropogon gayanus, Teresina, PI No período seco de 2006 foram realizados dois experimentos nessa área: 1. Avaliação da disponibilidade e composição botânica do extrato herbáceo e freqüência de espécies lenhosas rebrotadas; 2. Comportamento de caprinos. 2.1 DISPONIBILIDADE E COMPOSIÇÃO BOTÂNICA DO EXTRATO HERBÁCEO E FREQUÊNCIA DE ESPÉCIES LENHOSAS REBROTADAS A lotação utilizada foi de 10 cabras/ha em sistemas de lotação rotacionada, uma vez que o capim estava seco, “feno em pé”, os animais permaneceram em cada piquete até uma altura média do resíduo de cerca de 20 cm. Na área experimental de 1,1 ha, nos meses de outubro e novembro, antes da entrada dos animais no pasto, foram coletadas 20 amostras da fitomassa herbácea, cortadas a uma altura de 10 cm do solo, utilizando um quadro de 0,5 m x 12 1,0 m. Em cada amostra foi registrada a altura do capim-andropogon utilizando uma régua graduada. No laboratório as amostras foram pesadas e depois divididas, em gramíneas e ervas. Essas amostras foram levadas à estufa para secarem a 60ºC por 72 horas. A freqüência de espécies lenhosas rebrotadas foi determinada nos meses de outubro e novembro. Foram coletadas 20 amostras distribuídas ao acaso, sendo percorrido toda a área, utilizando quadro com área de 4m x 4m. A densidade de árvores adultas foi realizada pela contagem de todos os indivíduos presentes na área experimental. A identificação das espécies foi realizada a partir de consultas ao herbário Graziela Barroso da UFPI e em bibliografias especializadas. Foram determinadas as médias e o desvio padrão dos dados de disponibilidade de fitomassa do extrato herbáceo, altura do capim andropogon e do comportamento de cabras. 2.2 COMPORTAMENTO ANIMAL Para observar o comportamento em pastejo de caprinos foi utilizado um lote uniforme quanto ao peso vivo, idade e estado fisiológico, de fêmeas da raça caprina Anglo-nubiana (n=dez) em novembro. Os animais tinham à disposição água a vontade, livre acesso à sombra natural e sal mineral no cocho nas instalações do aprisco. Os animais ficaram 15 dias na pastagem das 7 às 18 horas para adaptação. Após esse período, coletaram-se dados sobre o comportamento das cabras durante três dias consecutivos através de observações diretas, instantâneas, a cada meia hora e anotados em quadros etogramas. Também foram registrados os 13 períodos de ingestão de água. Os parâmetros observados foram pastejo, ruminação, deslocamento e ócio. No período de coleta dos dados foram anotadas a cada duas horas a temperatura ambiente (TA) e umidade relativa do ar (UR) na pastagem utilizando termo-higrômetro analógico. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 DISPONIBILIDADE E COMPOSIÇÃO BOTÂNICA DO EXTRATO HERBÁCEO E FREQUÊNCIA DE ESPÉCIES LENHOSAS REBROTADAS Na tabela 1 estão registrados os dados de altura do capim-andropogon e disponibilidade de fitomassa do extrato herbáceo. No mês de outubro tivemos a maior média de altura e a maior disponibilidade de fitomassa. A altura média do capim foi 74 cm. Essa altura do capim representa o crescimento no final do período chuvoso, quando os animais foram retirados do pasto, portanto, a maioria dos perfilhos não entrou na fase de florescimento, em virtude da escassez de chuvas que contribuiu para retardar a rebrota. No manejo dessa pastagem as cabras são retiradas do piquete quando o capim atinge uma altura entre 10 e 20 cm. Nessa gramínea, de acordo com Nascimento e Renvoize (2001) na fase de florescimento ocorre um alongamento do colmo, cuja altura média ultrapassa 2,0 m ou mais. A disponibilidade de fitomassa variou de 1.619 a 1.482 kg de matéria seca/ha entre os meses de outubro e novembro no final do período seco. Essa fitomassa permite alimentar dez cabras com peso vivo médio de 45 kg em um hectare por 60 dias. 15 Tabela 1 - Altura e disponibilidade de forragem em área de pastagem nativa melhorada no período seco em Teresina, região sub-úmida Meses Altura ( cm ) Disponibilidade (Kg) Outubro 75 ± 16,06 1.619,82 ± 912,72 Novembro 73,4 ± 16,30 1.482,21 ± 979,65 A composição botânica da pastagem indica a dieta disponível aos animais, no extrato herbáceo verificou-se alta predominância de gramíneas, a participação do componente gramíneas na composição botânica foi acima de 80% em outubro e novembro, e ervas entre 11 e 16% (Tabela 2). Oliveira et al. (2001) trabalhando com capoeira enriquecida obtiveram resultados semelhantes com composição inferior a 50% na participação das dicotiledôneas herbáceas. Rezende et al. (1995) trabalhando com melhoramento de pastagens nativas por meio de introdução das gramíneas exóticas braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu) e andropogon (Andropogon gayanus) observaram maior participação das espécies introduzidas em relação às espécies nativas nas duas épocas de corte com que trabalharam durante o período chuvoso. Tabela 2 - Composição botânica em área de pastagem nativa no período seco em Teresina, região sub-úmida Composição Botânica (%) Meses Gramínea Ervas Outubro 84 16 Novembro 89 11 16 A gramínea foi utilizada como feno em pé, o que pode ser observado pelo teor de MS que nos meses de outubro e novembro foi em média de 80%. A percentagem de MS do capim-andropogon é elevada, devido a precipitação pluviométrica para estes meses não serem suficientes para a ocorrência de rebrotações (Tabela 3). Tabela 3 - Percentagem de matéria seca em área de pastagem nativa melhorada no período seco em Teresina, região sub úmida % de Matéria Seca Meses Fitomassa Total Gramíneas Ervas Outubro 78,67 84,83 76,42 Novembro 65,73 77,04 49,46 A média histórica de precipitação pluviométrica nos meses de outubro e novembro são 20 e 52 mm respectivamente (BASTOS e ANDRADE JÚNIOR, 2000). No período de realização do experimento foram registradas na área durante os meses de leitura (outubro e novembro) precipitações pluviométricas de 23 e 59 mm, respectivamente. Não ocorreu a rebrota do capim o que pode ser observado pela alta percentagem de matéria seca. Todas as espécies lenhosas mostradas na tabela 4 são rebrotas, uma vez que anualmente são submetidas a roço. Essa prática visa reduzir o sombreamento do estrato herbáceo. As espécies lenhosas rebrotadas contribuem para a dieta dos animais. Oliveira e Oliveira (1992) trabalhando com dieta de caprinos em pastagem nativa melhorada verificaram que 20 espécies participaram da dieta dos caprinos, que correspondeu a 45% dos arbustos presentes na área. Contudo neste trabalho o consumo dessas espécies pelos caprinos restringe-se às folhas tenras, que 17 correspondem aos pontos de crescimento e folhas novas. Deste modo grande parte da massa verde produzida contribui para deposição de matéria orgânica para o solo quando submetidas a podas. As espécies predominantes nas amostras da área com freqüências superiores a 50% foram: caneleiro, jitó, sipaúba, araçá bravo e pau darquinho. As leguminosas espinheiro preto e o pau ferro, estão entre as mais palatáveis, contudo suas freqüências são baixas nesta pastagem e os caprinos consomem brotos e folhas jovens de outras espécies menos palatáveis, tais como a sipaúba, babaçu e mofumbo (Tabela 4). Tabela 4 - Freqüência de espécies em área de pastagem nativa melhorada em Teresina, região sub-úmida. Família Nome vulgar Nome científico Freqüência (%) 80,0 Combretaceae Sipaúba Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler Caesalpinaceae Caneleiro Cenostigma gardnerianum Tul. 60,0 Mirtaceae Araçá bravo Psidium cattleianum Sabine 57,0 Bignoniaceae Pau darquinho Tabebuia sp 55,0 Sapindaceae Jitó Sapinduns sp 52,5 Combretaceae Mofumbo Combretum leproseum Mart. 42,0 Flacourtiaceae Folha de carne Casearia sp 32,0 Palmaceae Babaçu Orbignia martiniana Barb.Rodr. 32,0 Borraginaceae Grão de galo Cordia piauhiensis Fresen 25,0 Bignoniaceae Cipó de chapada Arrabideae sp. 25,0 Combretaceae Farinha seca Combretum sp. 17,5 Bignoniaceae Pau d´arco Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols 17,5 Solaneaceae Jurubebinha Solanum crinitum Lam. 15,0 Borragináceae Maria preta Cordia sp 15,0 Esterculiaceae Sacatrapa Helicteres heptranda L. B. Sm. 10,0 Papilionoideae Quebra Machado Mascherium sp 10,0 18 Caesalpinaceae Pau ferro Caesalpinea ferrea Mart. 7,5 Desconhecido 01 Cipó de catitu Mirtaceae Olacaceae Guabiraba Ameixa de raposa Campomanesia sp Ximenia americana L. 5,0 2,5 Rutaceae Limãozinho Fagara sp 2,5 Caesalpinoideae Jatobá Hymenaea sp 2,5 Erythronxilaceae Rompe gibão Erytronxilum sp 2,5 Desconhecido 02 Cabo de baladeira Mimosoideae Espinheiro preto 7,5 2,5 Piptadenia flava (Spreng. ex DC.) 2,5 Benth Caesalpinoideae Jacarandá do Swartizia flaemingii Raddi var. 2,5 cerrado A densidade absoluta de árvores adultas na área foi de 83 indivíduos por ha, com predominância de caneleiro (Tabela 5). A presença destas árvores na pastagem visa à conservação dos recursos naturais, tais como solo e água e também melhoria das condições ambientais para os animais. Tabela 5 - Densidade de árvores e palmeiras adultas em área de pastagem nativa melhorada em Teresina, região sub-úmida Família Espécie lenhosa Nome científico (Nº de ind./ha) Caesalpinaceae Caneleiro Cenostigma gardnerianum 42 Bignoniaceae Pau d‘arco Tabebuia serratifolia 28 Palmaceae Tucum Bactris marajua 12 Palmaceae Babaçu Orbignia martiniana 4 19 3.2 COMPORTAMENTO ANIMAL Na estação seca, as temperaturas médias mínimas e máximas nos três dias de observação foram 32 e 40,5°C, respectivamente. Os valores para umidade relativa média, mínima e máxima, foram 47 e 70%, respectivamente. A maior temperatura e menor umidade relativa foram registradas às 14 horas. Os animais despenderam 8,85 horas do tempo em pastejo e 1,33 horas em ócio (Tabela 6). Esse maior tempo de pastejo indica que no período seco devido à qualidade da dieta disponível (89% da composição botânica do estrato herbáceo foi do capim andropogon e o seu teor de MS era de 65%) os animais consomem menos forragem por bocado. Esse comportamento está de acordo com o hábito seletivo dos caprinos, que reduzem a quantidade consumida no bocado, provavelmente para consumir uma dieta de melhor qualidade (VAN SOST, 1994). Isto pode ser visualizado na figura abaixo onde se observa que o consumo de palmeiras jovens de babaçu, é restritas à apenas partes da folha (Figura 3). Partes da folha consumida por caprinos Figura 3: Palmeira de babaçu consumida por caprinos em área de pastagem nativa melhorada. 20 Oliveira e Oliveira (1992) trabalhando com comportamento de cabras SRD em pastagem nativa no período seco obtiveram tempo de pastejo de 4,4 horas e 2,7 horas de ócio. Contudo a pastagem é descrita como capoeira de primeiro ano, após corte e queima, com elevada presença de leguminosas, tais como sabiá e espinheiro. Rodrigues et al. (2006) avaliando o comportamento de cabras AngloNubiana em pastagem cultivada de Brachiaria brizantha no período chuvoso obtiveram 4,45 horas de pastejo, próximo ao obtido por Oliveira e Oliveira (2001). Nos dois trabalhos citados o tempo de pastejo foi 50% menor do que o encontrado neste experimento. Tabela 6 - Comportamento de cabras Anglo-nubiana em pastagem nativa melhorada no período seco em região sub-úmida Atividades Tempo Despendido (Horas) Desvio Padrão Pastejo 8,85 0,75 Ócio 1,33 0,49 Ruminação 0,35 0,40 Deslocamento 0,48 0,24 O comportamento em pastejo das cabras entre 7 e 18 horas pode ser observado na Figura 4. A percentagem de cabras em pastejo foi superior a 90% na maior parte do dia. As cabras iniciaram o pastejo às 7 horas e terminaram às 17 horas, ficando até o final das leituras às 18 horas em ócio. O menor número de animais em pastejo foram observados às 9 e 12:30 horas. No horário de maior temperatura e menor umidade (14 horas) não houve uma redução significativa no tempo de pastejo, este fato pode ter sido propiciado pelas sombras das árvores que estavam distribuídas pela pastagem amenizando a temperatura no ambiente, pois a 21 diferença entre as temperaturas a sombra e ao sol foram de 2 a 3°C. Santos et al. (2004) avaliando a influência do sol e do ambiente parcialmente sombreado sobre o número de períodos discretos de ruminação, ócio e pastejo de cabras em pastejo de Tifton (Cynodon Dactylon), observaram que os animais com ou sem acesso à sombra gastaram mais tempo pastejando em relação as outras atividades. O horário de maior de consumo de água pelas cabras foi registrado entre 9 e 12 horas. Percentagem de cabras em pastejo 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 Horas Figura 4 - Porcentagem de cabras em pastejo em pastagem nativa melhorada no município deTeresina, região sub-úmida. 4 CONCLUSÕES A disponibilidade de forragem em pastagem nativa melhorada permitiu a produção de caprinos no período seco. Na rebrota do extrato lenhoso predomina as espécies sipáuba, caneleiro e jitó. A temperatura ambiente não influenciou os períodos de pastejo de caprinos que se constitui na atividade predominante dos animais em pastagem nativa melhorada. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO FILHO, J. A. Manejo de pastagens nativas enfrentando a variabilidade. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MANEJO DE PASTAGEM NATIVA DO TRÓPICO SEMI-ÁRIDO, 1., 1980, Fortaleza. Anais.... Fortaleza: SBZ, 1980 p. 45-56. BASTOS, E.A.; ANDRADE JUNIOR., A.S. de. Dados agrometereológicos para o município de Teresina, PI (1980-1990). 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