Variáveis Aleatórias Cláudio Tadeu Cristino1 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Brasil Segundo Semestre, 2011 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 1 / 53 Experimentos Aleatórios; Espaços Amostrais Experimentos Aleatórios Em Estatı́stica todos os estudos são baseados em experimentos aleatórios: ... que são experimentos cujos resultados não podem ser previstos com antecedência. Exemplo Num lançamento de um dado (com seis faces), sabemos que esse irá cair no chão (gravidade, experimento determinı́stico), mas não podemos afirmar com 100% de certeza qual face estará para cima, quando o dados cair (experimento aleatório). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 2 / 53 Experimentos Aleatórios; Espaços Amostrais Espaços Amostrais O espaços amostral de um experimento aleatório é o conjunto de todos os resultados possı́veis de tal experimento. Temos visto vários exemplos de espaços amostrais cujos elementos são nominais, tais como cor, cara ou coroa, chover ou não chover, etc. Nesses casos, por vezes, certas informações são mais difı́ceis de serem obtidas. Daı́ a necessidade de se criar uma associação entre os elementos de um espaço amostral é números. Por quê? Números podem ser comparados, podemos realizar operações com eles, computadores gostam de números, ... C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 3 / 53 Experimentos Aleatórios; Espaços Amostrais Variáveis Aleatórias Definição Uma variável aleatória é uma função que associa um número para cada elemento de um espaço amostral. Teoricamente, esta associação pode ser arbitrária (escolhida por que irá utilizá-la, mas há várias funções que são naturais de serem definidas. Em geral, denota-se uma variável aleatória por letras maiúsculas: X, Y, . . . Exemplo Num jogo de uma moeda podemos definir a seguinte variável aleatória: ( 1, se ω é cara. X(ω) = 0, se ω é coroa. Note que, definida dessa maneira, X conta o número de caras (0 ou 1) no jogo de uma moeda. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 4 / 53 Experimentos Aleatórios; Espaços Amostrais Variáveis Aleatórias Exemplo Leonardo propõem para João o seguinte jogo: jogam uma moeda e se o resultado for cara, João paga para Leonardo R$10,00, caso contrário Leonardo para a João R$10,00. Podemos associar uma variável aleatória para este experimento? Naturalmente, definimos: ( 10, se ω é cara Y (ω) = −10, se ω é coroa, é a variável aleatória associada ao quanto Leonardo vai ganhar (ou perder) nesse jogo. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 5 / 53 Variáveis Aleatórias Variáveis Aleatórias Exemplo Num experimento aleatório, desejamos obter a altura de pessoas que passam pela rua. Novamente, de maneira natural, temos que: H(pessoa) ∈ (0, 3) é uma variável aleatória. Note que esta variável aleatória é essencialmente diferente das duas anteriores pois ela pode ser representada (teoricamente) por qualquer número entre 0 e 3 metros, enquanto que as duas variáveis aleatórias anteriores somente assumiam dois valores (1 ou 0, no primeiro caso e 10 ou −10, no segundo). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 6 / 53 Variáveis Aleatórias Contı́nuas versus discretas Definição Dizemos que uma variável aleatória é discreta se esta pode assumir apenas uma quantidade finita ou enumerável de valores. De maneira simplista, diremos que para os outros casos, as variáveis são ditas contı́nuas. Obs.: em geral, variáveis contı́nuas representaram grandezas tais como o tempo, alturas ou distâncias, pesos, etc. Também veremos que, por vezes iremos aproximar uma variável aleatória discreta por uma contı́nua (seja lá o que isso queira dizer). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 7 / 53 Variáveis Aleatórias Como para os eventos de um espaço amostral definiu-se uma probabilidade, é natural que as variáveis aleatórias também herdem esta importante medida: Definição Seja X ∈ {x1 , x2 , . . . , xn } uma variável aleatória discreta (os xi ’s são números). Define-se: P (X = xi ) = P {A ⊆ Ω : P (a) = xi , para todo a ∈ A} . Complicado?!? Na verdade não. A probabilidade herdada pela variável aleatória é a mesma que foi definida para os eventos que deram origem a tal variável aleatória. Por exemplo, temos que para o jogo de uma moeda P (CARA) = P (COROA) = 0, 5, logo para a variável aleatória X definida como antes P (X = 1) = P (X = 0) = 0, 5 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 8 / 53 Variáveis Aleatórias Função de Probabilidade Dizemos que pi = P (X = xi ) é a função de probabilidade da variável aleatória X. As propriedades dessa função é: P.1 pi = P (X = xi ) ≥ 0, para todo xi ∈ R. Pn P.2 i=1 P (X = xi ) = p1 + p2 + · · · + pn = 1. Ou outros termos: a função de probabilidade é uma função não negativa cuja soma de todas seus termos é igual a 1 ou 100%. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 9 / 53 Variáveis Aleatórias Exemplo Construı́mos em sala um experimento que determinou a frequência de N , o número de irmão de cada um dos presentes. Vimos como utilizar esta frequência para estimar uma probabilidade (como?). Vamos representar na Tabela abaixo os resultados obtidos: N =n P (N = n) 0 0,2 1 0,15 2 0,32 3 0,2 4 0,05 5 0,05 6 0,02 7 0,01 Da tabela temos, por exemplo, que num sorteio, a probabilidade da pessoa de nossa sala escolhida tenha 2 irmãos é de 0,32 ou 32%. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 10 / 53 Variáveis Aleatórias Representação de uma função de probabilidade Figura: C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 11 / 53 Variáveis Aleatórias Exemplo (Continuação) Podemos, agora, calcular vários casos: Cálculo direto: tab. P (N = 4) = 0, 05 probabilidade a união é a somas das probabilidades: P (N ≥ 5) = P (N = 5 ou N = 6 ou N = 7) = P (N = 5) + P (N = 6) + P (N = 7) tab. = 0, 05 + 0, 02 + 0, 01 = 0, 08 Usando o complementar: tab. P (N ≥ 1) = 1 − P (N < 1) = 1 − P (N = 0) = 1 − 0, 2 = 0, 8. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 12 / 53 Variáveis Aleatórias Exemplo (Continuação) Mais casos: Usando o complementar: P (N 6= 2) = 1 − P (N = 2) = 1 − 0, 32 = 0, 68 Interseção: P (N = 1 e N = 3) = 0 Ou se tem 1 ou 3 irmãos! Interseção: P (N ≥ 1 e N ≤ 3) = P (N = 1 ou N = 2 ou N = 3) = P (N = 1) + P (N = 2) + P (N = 3) tab. = 0, 15 + 0, 32 + 0, 2 = 0, 67. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 13 / 53 Variáveis Aleatórias Funções de distribuição Definição A função de distribuição acumulada ou, simplesmente, função de distribuição de uma variável aleatória é definida por: FX (x) = P (X ≤ x) (2.1) No caso discreto, em que X ∈ {x1 , x2 , . . . , xn } com pi = P (X = xi ) e para x < xj , para algum j = 1, . . . , n, temos que: FX (x) = P (X ≤ x) = P (X = x1 ou X = x2 ou · · · ou X = xj−1 ) = P (X = x1 ) + P (X = x2 ) + · · · + P (X = xj−1 ) X = p1 + p2 + · · · + pj−1 = P (X = xi ). xi ≤x Ou seja, no caso discreto a função de distribuição acumula todas as probabilidades daqueles xi ≤ x. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 14 / 53 Variáveis Aleatórias Exemplo Supunha que tenhamos a seguintes função de probabilidade para uma variável aleatória X: X=x P (X = x) 1 0,0046 2 0,0330 3 0,1318 4 0,2966 5 0,3560 6 0,1780 Tabela: Função de probabilidade da variável aleatória X. Podemos, então, criar a tabela da distribuição acumulada de X: X=x P (X ≤ x) 1 0,0046 2 0,0376 3 0,1694 4 0,4660 5 0,8220 6 1,0000 Tabela: Distribuição acumulada para X C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 15 / 53 Variáveis Aleatórias Propriedades de uma distribuição Do exemplo anterior e da definição, podemos tirar as seguintes propriedades de uma função de distribuição: 1 2 3 FX (x) ≥ 0 para todo x. FX (x) é uma função não-decrescente, ou seja, se x < y, então: FX (x) ≤ FX (y). Se x → ∞, então FX (x) → 1. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 16 / 53 Variáveis Aleatórias Abaixo, o gráfico da função de distribuição da variável aleatória X, do último exemplo. Figura: Gráfico da função de distribuição do último exemplo. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 17 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Modelos de variáveis aleatórias Podemos “agrupar” as variáveis aleatórias em classes ou modelos de variáveis que possuem alguma caracterı́stica em comum. Vamos começar pelo modelo de Bernoulli1 : Definição Qualquer experimento que possui apenas dois resultados possı́veis, que denominaremos fracasso e sucesso, é chamado um ensaio de Bernoulli. Podemos substituir as denominações dos resultados por quaisquer outras, tais como preto versus branco, apagado versus aceso, quente versus frio, etc. Diremos que a probabilidade de sucesso é p, 0 ≤ p ≤ 1, e, portanto, a probabilidade de fracasso é q = 1 − p. 1 em homenagem a Jacques Bernoulli (1654–1705), matemático suı́ço. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 18 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Modelo de Bernoulli Definição Diremos que uma variável aleatória X segue o modelo de Bernoulli se ela representa o número de sucessos em um ensaio de Bernoulli. Ou seja, ( 1, se ω = “sucesso”; X(ω) = 0, se ω = “fracasso”. Como consequência das definições, temos que a função de probabilidade de uma variável aleatória que segue o modelo de Bernoulli com probabilidade de sucesso igual a p é: P (X = x) = px (1 − p)1−x , C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias x = 0 ou 1. 2011 19 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Exemplo Um simples exemplo de um ensaio de Bernoulli é o lançamento de uma moeda. Como só há dois resultados possı́veis, cara ou coroa, podemos associar a variável aleatória X seguindo o modelo de Bernoulli como: ( 1, se ω = “cara”; X(ω) = 0, se ω = “coroa”. Obviamente, nesse caso, P (X = 1) = P (“cara”) = C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) 1 = P (“coroa”) = P (X = 0). 2 Variáveis Aleatórias 2011 20 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Definição Considere a repetição de n ensaios de Bernoulli independentes e todos com a mesma probabilidade de sucesso p. A variável aleatória que conta o número total de sucessos é denominada Binomial com parâmetros n e p. Sua função de probabilidade é dada por: n k P (X = k) = p (1 − p)n−k , k = 0, 1, . . . , n, (3.1) k com nk representando o coeficiente binomial dado por: n n! = . k k!(n − k)! Comumente, usa-se a notação X ∼ B(n, p) para indicar que a variável aleatória X segue o modelo Binomial com parâmetros n e p. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 21 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Distribuição Binomial Exemplo Suponha que uma famı́lia recém formada decida ter 3 filhos. Sabendo que em cada nascimento, a probabilidade de nascer uma menina é de 50%, qual é a probabilidade de que esta famı́lia tenha 2 meninas e 1 menino? Devemos notar que nesse exemplo a variável aleatória N que representa o número de meninas é Binomial com n = 4 e p = 0, 5. Assim, 3 P (N = 3) = (0, 5)2 (1 − 0, 5)3−2 2 = 3 × 0, 25 × 0, 5 = 0, 375 ou 37, 5%. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 22 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Para o exemplo anterior, podemos observar o resultado na seguinte árvore de probabilidade: 3ºNasc. 3 meninas 2ºNasc. 50% 1ºNasc. 2 meninas, 1 menino 2 meninas, 1 menino 50% 50% 50% 2 meninos, 1 menina 50% 2 meninas, 1 menino 50% 50% 50% 2 meninos, 1 menina 2 meninos, 1 menina 3 meninos Figura: Árvore de probabilidade para a famı́lia de probabilidade. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 23 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Mais aplicações da Binomial 1 Num plebiscito, deve-se responder SIM ou NÃO para alguma questão. 2 Sorteios sucessivos com reposição de bolas em uma urna. 3 Em um exame com vinte questões, cada questão com 4 ı́tens, sendo que apenas um item esteja correto, o número de acertos “no chute”. 4 ... C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 24 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias O modelo Uniforme discreto Definição Seja X uma variável aleatória cujos possı́veis valores são representados por x1 , x2 , . . . , xn . Diremos que X segue o modelo uniforme discreto se atribui a mesma probabilidade 1/n a cada um destes n valores, isto é, sua função de probabilidade é dada por P (X = xj ) = 1 , para todo j = 1, 2, . . . , n. n (3.2) Como exemplos para uma variável aleatória como modelo Uniforme discreto temos o número sorteado num bingo, ou no lançamento de um dado. Escrevermos X ∼ U D(n) para representar uma variável aleatória X que segue o modelo uniforme discreto como n elementos. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 25 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias A distribuição de Poisson Definição Seja X uma variável aleatória discreta definida para todo número inteiro positivo. Dizemos que X segue o modelo de Poisson (diz-se POASSON) se sua função de probabilidade é dada por: P (X = k) = e−λ λk , k! k = 0, 1, 2, . . . (3.3) em que λ > 0 e k! = ×(k − 1) × (k − 2) × · · · × 2 × 1. Consequentemente, a função de distribuição de X é dada por P (X ≤ x) = C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) X e−λ λk k≤x Variáveis Aleatórias (3.4) k! 2011 26 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias A distribuição de Poisson - cont. Mas o que representa a distribuição de Poisson? Bem, ela representa o número de ocorrências de um determinado evento, num determinado intervalo de tempo. Exemplo O número de chamadas telefônicas que são recebidas numa empresa numa hora, pode ser representada para distribuição de Poisson. A quantidade de aviões que pousam no Aeroporto Internacional dos Guararapes num ano pode ser considerado como Poisson. O número de automóveis que passam por uma ponte num determinado dia da semana pode ser Poisson. Escrevermos: X ∼ P oisson(λ) para a variável X que segue o modelo de Poisson com parâmetro λ. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 27 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Modelo Geométrico Definição Dizemos que uma variável aleatória X segue o modelo Geométrico de parâmetro p, se sua função de probabilidade é da forma: P (X = k) = p(1 − 1)k , 0 ≤ p ≤ 1, k = 0, 1, 2, . . . (3.5) Nesse caso, escreveremos X ∼ G(p). Se interpretarmos p como a probabilidade de sucesso, a distribuição geométrica representa o número de ensaios de Bernoulli que precedem o primeiro sucesso. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 28 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias Função de Probabilidade Geométrica 0,035 0,03 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 0 5 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) 10 15 20 25 Variáveis Aleatórias 30 35 40 2011 29 / 53 Modelos de Variáveis Aleatórias O modelo Hipergeométrico Definição Considere um conjunto de n objetos dos quais m são do tipo I e n − m são do tipo II. Para um sorteio de r objetos (r < n), feito ao acaso e sem reposição, defina X como o número de objetos do tipo I selecionados. Diremos que a variável aleatória X segue o modelo hipergeométrico e sua função de probabilidade é dada pela expressão: m n−m P (X = k) = k r−k n r , k = max(0, r − (n − m), . . . , min(r, m). (3.6) Escreveremos X ∼ HG(n, m, r) C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 30 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória Medidas de resumo de uma variável Definição Seja X uma variável aleatória discreta que assume valores dentre o conjunto {x1 , . . . , xn }. Seja pi = P (X = xi ) a função de probabilidade de X. Define-se por: E(X) = n X i=1 xi pi = x1 p1 + x2 p2 + · · · + xn pn , (4.1) a esperança da variável aleatória X. Tal valor é também conhecido como média de X ou esperança matemática de X. Ela representa um valor central de equilı́brio. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 31 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória A média de uma variável aleatória Exemplo Seja X a variável aleatória com função de probabilidade da na tabela abaixo: X = xi P (X = xi ) 1 0,1 3 0,12 4 0,075 7 0,305 11 0,2 12 0,15 13 0,05 Então, temos que: E(X) = 7 X i=1 xi pi = 1 × 0, 1 + 3 × 0, 12 + · · · + 13 × 0, 05 = 7, 545. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 32 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória Médias para casos especiais Temos que: Se X ∼Bernoulli(p), 0 ≤ p ≤ 1, então: E(X) = p. Se Y ∼ B(n, p), n ≥ 2 e 0 ≤ p ≤ 1, então: E(Y ) = n · p. Se W ∼Poisson(λ), então: E(W ) = λ. Se Z ∼ G(p), 0 ≤ p ≤ 1, então E(Z) = Se H ∼ HG(n, m, p), então E(H) = 1−p p rm n . Se U ∼ U D(1, k) é uma variável aleatória uniforme discreta com valores entre 1 e k, então E(U ) = 1+k 2 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 33 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória A respeito da média Observe que: A média ou esperança é um número. Este número representa o centro de massa da variável aleatória . Este valor nos informa uma posição central dos valores da variável aleatória em relação à sua função de probabilidade. Em outras palavras, a média é um valor da variável aleatória, ponderado pela função de probabilidade. min xi ≤ E(X) ≤ max(xi ), ou seja, média deve estar no intervalo definido pelos valores da variável aleatória. Se X e Y são duas variáveis aleatórias com E(X) e E(Y ) finitas, então, em qualquer caso: E(X + Y ) = E(X) + E(Y ). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 34 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória Outras medidas de localização, como a média, são: Definição Denomina-se moda a valor com maior probabilidade entres os possı́veis de serem assumidos por uma variável aleatória. Assim se X ∈ {x1 , . . . , xi } com pi = P (X = xi ): M o(X) = {xi : pi = max pj } Definição Denomina-se mediana o valor central dos valores da variável aleatória. . Temos que: M d(X) = xi tal que P (X ≤ xi ) ≥ 50% e P (X ≥ xi ) ≥ 50% C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 35 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória Variância Definição Denomina-se variância de uma variável aleatória ao desvio médio quadrado dos valores de uma variável aleatória em torno da média, ou seja: n X 2 Var(X) = E(X − E(X)) = (xi − E(X))2 pi (4.2) i=1 Esta definição é equivalente a: Var(X) = E(X 2 ) − (E(X))2 , (4.3) ou seja, a esperança de X ao quadrado, menos o quadrado da esperança de X. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 36 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória Exemplo Voltemos ao nosso último exemplo: seja X com função de probabilidade: X = xi P (X = xi ) 1 0,1 3 0,12 4 0,075 7 0,305 11 0,2 12 0,15 13 0,05 Então, para E(X) = 7, 545, temos: Var(X) =(1 − 7, 545)2 × 0, 1 + (3 − 7, 545)2 × 0, 12 + · · · + (13 − 7, 545)2 × 0, 05 = 14, 648. De outra maneira: 2 E(X ) = 7 X i=1 x2i pi = 12 × 0, 1 + 32 × 0, 12 + · · · + 132 × 0, 05 = 71, 575. Logo, C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE)2 Variáveis 2 Aleatórias 2 2011 37 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória Desvio-padrão Definição Define-se por desvio padrão de uma variável aleatória X por p dp(X) = Var(X). O desvio padrão também é uma medida de dispersão em torno da média, só que está na mesma unidade da variável. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 38 / 53 Medidas resumo de uma variável aleatória Variâncias para casos especiais Temos que: Se X ∼Bernoulli(p), 0 ≤ p ≤ 1, então: Var(X) = p(1 − p). Se Y ∼ B(n, p), n ≥ 2 e 0 ≤ p ≤ 1, então: E(Y ) = n · p(1 − p). Se W ∼Poisson(λ), então: E(W ) = λ. 1−p p2 rm(n−m)(n−r) . n2 (n−1) Se Z ∼ G(p), 0 ≤ p ≤ 1, então E(Z) = Se H ∼ HG(n, m, p), então E(H) = Se U ∼ U D(1, k) é uma variável aleatória uniforme discreta com 2 valores entre 1 e k, então E(U ) = k 12−1 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 39 / 53 Variáveis Contı́nuas Variáveis aleatórias: o caso contı́nuo Existem várias grandezas cuja medida pode ser tomada como um valor qualquer num intervalo da reta ou mesmo na reta inteira. Por exemplo, tempo, alturas, peso, etc, são consideradas grandezas contı́nuas. Assim, variáveis aleatórias que representem tais grandezas são denominadas variáveis aleatórias contı́nuas. Note que uma diferença essencial para uma variável aleatória discreta é que uma variável aleatória contı́nua não pode ter seus possı́veis valores enumerados ou contados. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 40 / 53 Variáveis Contı́nuas Probabilidades de uma variável aleatória contı́nua Para os modelos com distribuições contı́nuas temos que a probabilidade de que uma variável aleatória assuma EXATAMENTE um valor é sempre ZERO. Nesse caso, sempre desejaremos encontrar probabilidades associadas a um dado intervalo. Por exemplo, qual é a probabilidade de que uma lâmpada queime com exatamente 100 horas de funcionamento? ZERO. Mas, qual é a probabilidade de que uma lâmpada queime entre 100 e 1000 horas de funcionamento? Bem, agora essa probabilidade será maior que zero e dependerá da distribuição que modela o tempo de funcionamento de uma lâmpada até a sua queima. Nesta parte do curso, trabalharemos com apenas um modelo de variável aleatória contı́nua: o modelo Normal. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 41 / 53 Variáveis Contı́nuas O modelo Uniforme Contı́nuo Definição Uma variável aleatória X tem distribuição Uniforme Continua no intervalo [a, b], para dois números a e b, em que a < b se sua função de distribuição é dada por: 0, se x¡a x − a F (x) = P (X < x) = , se a ≤ x ≤ b (5.1) b−a 1, se x > b. Usaremos a notação X ∼ U [a, b] para indicar que X segue o modelo Uniforme Contı́nuo no intervalo considerado. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 42 / 53 Variáveis Contı́nuas Medidas de Resumo para a variável aleatória uniforme Para uma variável aleatória X ∼ U [a, b] temos: E(X) = Var(X) = C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) a+b 2 (b − a)2 12 Variáveis Aleatórias 2011 43 / 53 Variáveis Contı́nuas Função densidade de probabilidade Nós utilizamos a função de distribuição para calcular probabilidades. Também temos uma “outra ferramenta” para calcularmos essas probabilidades: Definição Dizemos que uma função f (x) é uma função densidade de probabilidade para uma variável aleatória contı́nua X, se satisfaz duas condições: 1 2 f (x) ≥ 0, para todo x ∈ (−∞, ∞); A área definida pelo gráfico de f é igual a 1 (Figura 4). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 44 / 53 Variáveis Contı́nuas Função densidade de probabilidade P(F>fc) fc Figura: Função densidade de probabilidade. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 45 / 53 Variáveis Contı́nuas Função densidade de probabilidade Figura: Função densidade de probabilidade da dist. Uniforme Contı́nua. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 46 / 53 Variáveis Contı́nuas O modelo Exponencial Definição Dizemos que uma variável aleatória (contı́nua) segue o modelo exponencial com parâmetro λ ∈ R+ , denotando X ∼ Exp(λ), se sua função de densidade de probabilidade é: ( λe−λx , x ≥ 0; (5.2) fX (x) = 0, caso contrário. Para obter a função de distribuição de uma variável aleatória seguindo o modelo exponencial, basta que tomemos a integral da Equação (5.2) acima: Z b b P (a < X ≤ b) = λe−λx dx = −e−λx = e−λa − e−λb . (5.3) a a C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 47 / 53 Variáveis Contı́nuas O modelo exponencial Para obter a média e a variância de uma variável aleatória seguindo o modelo exponencial é preciso utilizar a integração por parte, um bom exercı́cio de Cálculo, mas somente apresentaremos os resultados: Temos que se X ∼ Exp(λ), E(X) = 1 λ Var(X) = 1 λ2 (5.4) Obs.: Alguns autores denotam a f.d.p. de uma variável aleatória x exponencial como fX (x) = α1 e− α , representando α como parâmetro do modelo, que coincide com a média da variável aleatória. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 48 / 53 Variáveis Contı́nuas A distribuição Normal A distribuição Normal é um exemplo de distribuição contı́nua e que tem boa aplicabilidade, no sentido que é bastante utilizada para modelar vários fenômenos em que valores extremos são menos prováveis do que valores centrais. Essa distribuição possui algumas outras caracterı́sticas, que serão discutidas. Primeiramente, escrevemos X ∼ N (µ, σ 2 ) para uma variável aleatória X que segue o modelo Normal com parâmetros µ e σ 2 . Temos que: µ = E(X) e σ 2 = Var(X). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 49 / 53 Variáveis Contı́nuas Figura: Gráficos de duas variáveis com densidade Normal. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 50 / 53 Variáveis Contı́nuas Propriedades da Normal A distribuição normal é simétrica em torno da média. Isto pode ser escrito matematicamente da seguinte forma: Se X ∼ N (µ, σ 2 ) ⇒ P (X ≤ µ − a) = P (X ≥ µ + a). Isto também implica que P (X ≤ µ) = P (X ≥ µ) = 50%. √ X −µ Se X ∼ N (µ, σ 2 ), então ∼ N (0, 1), em que σ = σ 2 . σ Os valores de probabilidades dessa distribuição podem ser TABULADOS. Em geral, usa-se uma tabela para uma variável aleatória N (0, 1), chamada normal padrão. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 51 / 53 Variáveis Contı́nuas Tabela da Normal Padrão Figura: Parte da tabela da distribuição Normal. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 52 / 53 Variáveis Contı́nuas Uma grande aplicação Apresentamos o seguinte resultado: Teorema Sejam X1 , X2 , . . . , Xn variáveis aleatórias com a mesma média µ = E(Xi ), i = 1, . . . , n, e mesma variância σ 2 = Var(Xi ), i = 1, . . . , n (σ 2 < ∞). Então X n − µ n→∞ √ −→ Z ∼ N (0, 1), (5.5) σ/ n em que X n é a média entre as n variáveis. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Variáveis Aleatórias 2011 53 / 53