Rio Formoso, de um jeito que não se ver nos livros.
Roteiro: Turma do 6º ano do Ensino Fundamental
Orientação: Prof. Anderson Santos Silva
Prof. Wênnya Santos Monteiro
Sinopse
A história se passa em Rio Formoso, cidade do interior de Pernambuco, onde nasceu
Nego Dil, um menino bastante peralta, mas com muita força de vontade.
O pai do menino é pescador de siris e, sobrevive do que a natureza lhe oferece.
De repente, Nego Dil tem uma visão de um herói da invasão holandesa: Pedro de
Albuquerque. Então, eles começam a dialogar sobre o passado e o presente.
Rio Formoso, de um jeito que não se ver nos livros.
Cena 1: Manhã de domingo ensolarada, ruas praticamente vazias. Volta-se para casa
humilde de “Nego Dil”, onde o menino acorda com uma fresta de raio de sol no rosto. Vai
até o tanque atrás da casa e lava o rosto. Vai ao quintal e joga milho para poucas galinhas
que tem. Toma seu café com pão com manteiga e sai pulando em direção aos barcos de pesca
que se encontram próximos a sua casa.
Cena 2: Logo próximo a sua casa encontra Seu Joca, um senhor humilde e muito católico,
que esta todo arrumado para ir à missa. Antes, intercepta Nego Dil e diz:
― Olá mocinho, pra onde vai com tanta pressa?
― Oi Seu Joca, desculpe, eu nem vi o senhor.
― Percebi. Responde Seu joca. ― Você quase me atropela.
― Eu vou trabalhar com meu pai, pois o senhor sabe, né seu Joca, já sou um homem e tenho
que ajudar o meu pai a trazer dinheiro pra casa. Diz o menino, todo orgulhoso do trabalho
honesto de seu pai.
― Tá bom, mas tome cuidado, soube que lá pras bandas do mangue tem um fantasma que
insiste em assustar os pescadores. Fala seu Joca rindo em tom de brincadeira.
― Ah, seu Joca, eu nem acredito em fantasmas. Mas ainda é melhor do que levar as trouxas
de roupas da minha mãe.
Neste instante ouvem-se os gritos da mãe do menino:
― Ô Nego Dil, tu vai pra onde menino, a esta hora da manhã? Volta aqui menino, vem me
ajudar com a trouxa de Dona Cida, ô menino danado!
Continuando a cena 2: O menino sai correndo e de vez em quando dá uma olhadinha pra
traz só pra ver se sua mãe está lhe perseguindo. Seu Joca só fica rindo de Nego Dil, neste
instante eles se despedem. A mãe fica na porta da cozinha de sua casa só resmungando e
xingando a vida de lavadeira: ― Diacho de vida, tenho que me matar de trabalhar lavando as
roupas dos outros só pra dar de comida a esse menino ingrato.
Cena 3: Nego Dil chega perto de uns dos barcos de pesca e pergunta ao dono se ele vai
“descer a maré”.
― Oi seu João, o senhor vai descer a maré?
― Vou Nego Dil. Responde o Sr. João, meio que desconfiado.
― Posso ir com o senhor só pra encontrar com meu pai que está pescando.
― Sua mãe sabe que você vai descer a maré, menino?
― Sabe, foi ela quem me mandou encontrar com meu pai. ― Cruzando os dedos pra trás das
costas.
― Tá bom, vamos! Mas fique sentadinho lá na proa e não me incomode.
― Tá bom, seu João! Vou ficar só conversando comigo mesmo. Fala Nego Dil, todo feliz.
Cena 4: Nego Dil começa a observar todo o trajeto e conversando sozinho maravilhado com
a paisagem, presta atenção nos costumes do povo local. As mulheres com cestos de roupas,
baldes e homens pescadores já no oficio. Canta e de vez em quando dá uma olha pra Seu
João. Mas o barulho do motor do barco os impedem de conversar. Quando Nego Dil olha pro
outro lado, percebe que há um homem todo bem vestido. Eles se entreolham e o garoto dá
bom dia. O menino senta ao lado do homem e começa a conversar, Seu João nem percebe o
que virá a acontecer, pois ele só está preocupado no trajeto, pois tem que se livrar dos
bancos de areias.
― Oi, bom dia Senhor, com vai? Fala educadamente Nego Dil.
― Olá. Bom dia, meu jovem. Responde o senhor com um ar de importante. ― O que você
quer?
― Nada de mais, só conversar. Diz Nego Dil. ― Meu nome é Edilton, mas todos me chamam
de Nego Dil. Apresenta-se o menino.
― Muito prazer. Sou Pedro. O homem cumprimenta Nego Dil.
― O que o Senhor está fazendo aqui, seu Pedro? E porque já está vestido com roupas da
banda. Não ta calor? Responde Nego Dil todo curioso em saber um pouco mais sobre aquele
misterioso homem, lembrando que é mês de setembro e estão próximas as comemorações à
Independência do Brasil.
― Estas não são roupas de banda nenhuma, elas são minhas. Responde Senhor Pedro um
pouco chateado.
― Tá bom não precisa ficar bravo, a minha mãe diz que devemos respeitar as escolhas de
todos. Se o senhor quer ficar assim, então fique a vontade. Afinal todos somos irmãos e
moramos na mesma cidade. Argumenta Nego Dil.
― Mas eu não sou daqui. Fala Pedro.
― Ah! O senhor só está de passagem, né?
― Isso mesmo! Responde Pedro.
― Tá bom! O senhor conhece bem esta cidade? Pergunta Nego Dil.
― Não, mas já cheguei aqui há muito tempo.
― Deixa então eu te dizer um pouquinho como são as coisas por aqui. Aqui todos são bons
moradores. É um povo amigo, acolhedor e trabalhador. É um povo que se preocupa com o
outro e sempre gosta de ajudar ao próximo. É uma cidade boa, apesar dessas águas guardarem
muitas tristezas.
― Como assim, Nego Dil? Pergunta senhor Pedro, todo interessado com a história.
Cena 5: Os dois amigos recentes sentam-se próximos à proa do barco e começam a ter uma
conversa muito interessante e que vai marcar a vida de Nego Dil.
― Então, seu Pedro. Aqui é Rio Formoso. É uma cidade bem calma e que nem todos
conhecem a sua história. Há bastante tempo, nessas mesmas águas que estamos já aconteceu
uma batalha que marcou esta cidade.
― Como assim, uma batalha?
― Tinha um pequeno forte que abrigava 20 soldados que defendiam Pernambuco da invasão
dos holandeses. O comandante, que tinha o mesmo nome que você, Pedro, só que esse era de
Albuquerque, lutou com todas as suas forças contra a temida esquadra holandesa que queriam
entrar aqui e dominar todas essas terras. Mas Pedro de Albuquerque, mesmo ferido matou
muitos homens inimigos. O comandante inimigo Van Schkopper achou que Pedro foi tão
persistente que ele mesmo foi quem considerou Pedro de Albuquerque um herói.
Cena 6: Enquanto Nego Dil conta ao Senhor Pedro a sua versão da história, nesse instante
entra cenas de batalhas com espadas e confrontos corporais de época.
― E o que aconteceu com esse Pedro de Albuquerque?
― Ele foi capturado, coitado. Mesmo ferido e com sua espada nas mãos, não se rendeu.
Mesmo seus homens todos mortos pelos inimigos. Ele não desistiu, foi levado para o
Maranhão, quando ficou bom, virou governador de lá. Depois de muito tempo ele morreu e
seus restos mortais estão lá em Belém do Pará.
― Nossa que historia interessante!
― Pois é, seu Pedro, é por isso que o povo daqui ainda hoje se lembra disso e leva o heroísmo
de Pedro de Albuquerque muito a sério.
― E como é o povo daqui?
― Aqui o povo se inspira em Pedro de Albuquerque e tenta “matar um leão por dia.” Aqui
tem pescadores, costureiras bordadeiras, homens que cortam cana-de-açúcar e depende da
Usina Cucaú para sobreviver, outros trabalham na Prefeitura mesmo. Mas sempre lutando pra
sustentar suas famílias honestamente.
Cena 7: No mesmo instante que Nego Dil vai falando, mostra-se cenas do cotidiano dos rioformosenses.
Cena 8: O barco começa a avistar de longe o cruzeiro do “Reduto” e é quando Nego Dil
aponta e mostra a Pedro o monumento que é o marco da batalha de 7 de fevereiro de 1633.
― Olha, seu Pedro foi ali. Fala o menino todo entusiasmado.
― E onde está o forte? Indaga Pedro.
― Ah! Não existe mais, isso foi há muito tempo e o próprio tempo se encarregou de destruílo. O senhor acha que um forte de 1633 iria chegar a 2012?
― Não!
― Pois é, seu Pedro!
― Como é que um menino de 12 anos sabe tanto?
― Eu não sei tanto, não. Eu só repito o que meus pais e os professores da minha escola me
falam.
― E onde estão seus pais?
― Ah! Minha mãe ta lavando a roupa de Dona Cida, é uma mulher muito chata que vive
reclamando de tudo. Mas não é uma má pessoa, não. Só é um pouco sofrida.
― E o seu pai?
― Meu pai ta catando siri, eu vou lá encontrar com ele, trabalho com ele. Sabe como é, né? Já
sou um homem e preciso ajudá-lo a sustentar meus irmãos.
― Quantos irmãos você tem?
― Seis.
― Nossa, é muita gente!
― Pois é, mas meus pais nunca deixaram faltar nada. Sou o irmão mais velho e ajudo os
outros em tudo, na escola, no banho, na comida.
― Você é feliz?
― Claro que sim! Mas eu quero mesmo é viajar pelo mundo, quero ser marinheiro, assim não
fico muito longe de tudo.
― Você é um menino muito esperto.
Cena 9: Agora o pequeno marinheiro avista a pedra de Dona Inês. E começa a contar a
lenda.
― Olha, seu Pedro, ta vendo essa pedra? Conta a lenda que aqui morava uma mulher
chamada Dona Inês. Dizem que Dona Inês era uma senhora que morava aqui, na Praia da
Pedra. Essa pedra ficava no quintal da Dona Inês, onde ela fazia rendas e bordados, mas com
o avanço do mar ela foi obrigada a sair do local porque não dava mais para ficar em sua
residência. Então Dona Inês muito brava com a situação disse que quando o mar cobrisse essa
pedra, Rio Formoso iria se acabar em águas. Alguns moradores dizem que de vez em quando
Dona Inês aparece bordando nessa pedra. Mas não fique com medo, é só uma lenda.
― Tudo bem. Não se preocupe.
― E o senhor, eu só falei e o senhor me escutou. De onde o senhor é mesmo?
Cena 10: nesse instante Nego Dil olha e vê seu pai acenando.
― Você nem desconfia quem eu sou, Nego Dil?
― Não senhor!
― Meu nome é Pedro de Albuquerque, fui comandante daqueles soldados que você estava me
falando. Realmente tudo que você me falou é verdade. Foi um luta muito difícil para todos e
tivemos perdas irreparáveis. Sofremos muito. Mas cada momento é recompensado quando
sabemos que existem pessoas como você e esse povo que vive aqui.
― O senhor sabia que a escola que estudo tem o seu nome?
― Sei sim, Nego Dil. É uma linda homenagem!
Cena 11: Nego Dil olha pra seu pai e quando se volta para falar com Pedro, ele tem
desaparecido. Nego Dil se lembra do que Sr. Joca fala sobre o fantasma do mangue e sai
rindo ao encontro do pai.
FIM
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