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TERCEIRA PARTE
A INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA CAPITAL
VII. O ABOLICIONISMO
VIII. A USINA
IX. RECIFE,
A
E A
PARIS
TECELAGEM
DO
NORDESTE
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PARTE III | A INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA CAPITAL | O ABOLICIONISMO
VII
O ABOLICIONISMO
U
m dos temas mais delicados do mundo contemporâneo é o
racismo. Como todos os valores bons ou ruins que nos
cercam e nos influenciam positiva ou negativamente, o racismo
também tem história. Talvez, com o avanço da Genética e da
Antropologia, o racismo já não tenha futuro enquanto discurso
político com base científica, mas, mesmo assim, ainda marca
profundamente as relações sociais no Brasil. É importante tratar
do abolicionismo, movimento que encantou os setores mais
cosmopolitas do Brasil do século XIX, tendo, antes, breve noção
do atual estágio do debate científico acerca do tema racismo sob
o ângulo da pesquisa arqueológica apoiada na Antropologia e,
mais recentemente, na Genética. Abolicionismo, escravidão e
racismo são temas intrincados.
A dificuldade de garantir direitos iguais para pessoas
presumidas como de “raças diferentes” está presente, com muitas
e variadas feições e intensidades, nos cinco continentes da Terra.
É problema global. Isso não torna o preconceito menos cruel,
pois a repetição de uma inverdade ou de um erro não faz o
errado ficar certo ou o certo ficar errado. Do ponto de vista
iluminista que inspira o Ocidente, há motivações objetivas na
desumanidade do racismo.
De modo geral, pode-se aceitar hoje como válida a hipótese
já bastante testada de que todos os seres humanos vieram de
uma mesma origem africana. A diversidade étnica tem a mesma
base antropológica, comum a todas as etnias. Há
aproximadamente 50 mil anos, iniciou-se a dispersão,
possivelmente através da ligação entre a África e o Oriente Médio,
onde existe, atualmente, o Canal de Suez. Pequenos grupos
humanos levaram milhares de anos para povoar a Europa, a
Ásia, a Oceania e as Américas. As diferenças étnicas que os grupos
humanos foram adquirindo ao longo do tempo em função dos
fatores naturais que enfrentaram formam conjuntos
característicos que, equivocadamente, chamamos de raças. Na
verdade, todos os homens são parte de uma raça só: a raça
humana. Nossas variações étnicas não nos retiram do mesmo
tronco “evolutivo”.
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PARTE III | A INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA CAPITAL | O ABOLICIONISMO
O levantamento genético da humanidade, ainda inicial e
A
LUTA POLÍTICA E O ABOLICIONISMO
incipiente, já serve para começar a quebrar tabus e (pre)conceitos
NO
arraigados. Levando-se em conta essa argumentação — que se
diferencia de antigas expectativas “científicas” que buscavam
estabelecer os motivos e os parâmetros das “diferenças raciais”
—, a constatação de Sérgio Pena sobre a sociedade brasileira é
N
B RASIL
o século XIX, a escravidão já fazia parte do cenário da
vida social brasileira. As principais atividades econômicas
contavam, em maior ou menor medida, com a presença do
pertinente:
escravo. Na antiga classificação da economia brasileira em ciclos,
O homem moderno (Homo sapiens sapiens) teve uma origem única e
relativamente recente (ao redor de 100 mil anos atrás) na África. A
partir daí, ele migrou e ocupou progressivamente a Ásia, a Europa, a
Oceania, as Américas e todos os outros rincões da Terra.
Milhares de anos após a dispersão do grupo africano inicial de
homens, povos oriundos da Ásia (ameríndios), da Europa
(portugueses) e da África (escravos da África Ocidental e Central)
encontram-se de novo no Brasil, durante o século XVI. Daí a imagem
do PONTO DE ENCONTRO. A partir dessa confluência, iniciou-se
um processo de mistura gênica inusitado em toda a história da
humanidade, gerando o brasileiro atual, que decidimos chamar, um
pouco irreverentemente, de Homo brasilis.
Pena, 2002, p. 5.
O autor poderia ter citado também holandeses, italianos,
hoje em desuso, as atividades do açúcar, do gado, do ouro e do
café, por exemplo, apareciam estanques e diferenciadas pela
diversidade nas relações escravistas em cada uma. A escravidão
era um parâmetro definidor da sociedade.
Uma das instituições que sobreviveram ao processo de
descolonização do Brasil foi a escravidão. Com a implantação
do Império, a agroexportação, sustentada pelo trabalho escravo
— alicerce da economia colonial —, continuou sendo vista como
aquela que se julgava ser a vocação econômica do Brasil. O
recurso à escravidão se justificava pela necessidade de assegurar
que a produção se mantivesse em patamares que satisfizessem
o mercado consumidor internacional.
alemães, japoneses, turcos e tantos grupos de imigrantes
Ao mesmo tempo, o tráfico de escravos, que supria a demanda
originários de povos que se somaram a esse encontro étnico
de mão-de-obra das fazendas brasileiras, representava uma
brasileiro. Não somos, de modo algum, a única sociedade que
atividade bastante lucrativa. Estima-se que um negro comprado na
vivenciou encontros étnicos. Deu-se, porém, no Brasil, a
África poderia ser vendido por um valor vinte vezes maior.
singularidade cultural de um grande encontro, representativo da
Ao longo do século XIX, no entanto, diversos fatores
maior parte das variações de etnias, sob o domínio de um
convergiram para que a escravidão fosse contestada e
colonizador que vivenciava quase que livremente a miscigenação,
formalmente extinta. Curiosamente, o processo de abolição finda
pois os mestiços brasileiros somos resultado de todos os
por confundir-se com a história do Império, acompanhando e
cruzamentos étnicos possíveis. O esforço de alguns estudiosos
contribuindo para sua crise e derrocada.
do primeiro quartel do século XX nunca permitiu apontar o
O Império do Brasil nasce à sombra de um outro império:
“brasileiro puro”. Somos muito mais a pátria dos mestiços que
o Inglês. O reconhecimento da independência brasileira pela
outras ex-colônias, principalmente inglesas.
Inglaterra se deu às custas de tratados comerciais que
Mesmo assim, quase quatro séculos de escravidão haviam
estipulavam o fim do tráfico de escravos, que, desde 1807, já
habituado principalmente os senhores das terras produtivas a
havia sido proibido nas colônias britânicas. A Inglaterra se
uma mão-de-obra de baixo custo e capaz de muito trabalho no
consolidava, então, como grande potência industrial, interessada
eito. Além disso, a elite local encarava com naturalidade a
na ampliação de seus mercados, vendo no Brasil um aliado de
escravidão. Somente nos movimentos conjurados ou
peso na região.
revolucionários é que o tema vinha fortemente à tona. Foi contra
O tratado assinado em 1826, segundo o qual o tráfico
essa profunda tradição escravocrata que se ergueram os
deveria ser abolido três anos após sua ratificação, deu origem,
abolicionistas do Oitocentos. E Pernambuco, com sua tradição
em 1831, à primeira lei antitráfico no Brasil, que, não tendo
libertária, esteve no centro da cena.
funcionado na prática, acabou sendo, na expressão idiomática
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PARTE III | A INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA CAPITAL | O ABOLICIONISMO
que sobreviveu até os nossos dias, apenas “para inglês ver”. As
Ao mesmo tempo, os cafeicultores estavam divididos no
pressões inglesas se intensificaram a partir de 1839, quando a
que dizia respeito à escravidão. No Vale do Paraíba, prevaleciam
costa brasileira passou a ser patrulhada, e navios negreiros,
a produção tradicional e o trabalho escravo, enquanto que, no
apreendidos ou afundados pela marinha britânica. O fim do
oeste paulista, em função dos maiores lucros auferidos,
tráfico é finalmente instituído em 4 de setembro de 1850 —
fomentava-se a mecanização e o trabalho livre, atraindo a mão-
passo decisivo para a crise do escravismo no Brasil.
de-obra imigrante. O escravismo sucumbia ante um processo de
A abolição da escravidão encontrou, no entanto, muitas
resistências. Para a maioria dos grandes produtores, tal decreto
representaria nada menos que o “suicídio econômico do Império”.
A manutenção da mão-de-obra escrava era encarada como um
“mal necessário”, sem o qual a empresa agroexportadora não
racionalização da produção orientado pela redução dos custos
com a mão-de-obra empregada, tendo em vista o aumento da
produtividade e dos lucros. A manutenção do braço escravo, em
contrapartida, demonstrava-se onerosa e era incapaz de competir
com a velocidade das máquinas.
seria possível. Além disso, imaginava-se que a abolição conduziria
PERNAMBUCO
ao caos social; que os negros escravizados, uma vez livres,
reagiriam com violência a seus antigos senhores. Havia medo de
insurreição dos libertos. Prevalecia, contudo, o zelo pelo direito à
propriedade — conceito no qual os escravos estavam incluídos—,
tornando a abolição sinônimo de “prejuízo”. É justamente nesse
ponto que o liberalismo brasileiro, inclusive aquele que inspirou
a maioria dos movimentos “libertários” do século XIX, encontra
seu limite e revela sua face contraditória.
O
E O ABOLICIONISMO
Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravatura.
O tráfico de negros foi abolido em 1850, mas o contrabando
subexistiu, pelo menos até 1855, no litoral sul de Pernambuco,
na famosa Porto de “Galinhas”, cujo nome referia-se à chegada
de escravos, codificados como “galinhas”.
No Recife, acostumado à ebulição dos movimentos
revolucionários que tomavam suas ruas até alguns anos antes e
Tais ressalvas e temores favoreceram a tese de uma abolição
ainda marcado pelas idéias libertárias inspiradoras e decorrentes
“lenta, segura e gradual”, cujo impacto econômico deveria ser
das revoluções que sediou, propagaram-se com certa facilidade e
atenuado por indenizações pagas aos proprietários. As políticas
vigor as idéias abolicionistas pelas vozes de Castro Alves, que
públicas que concederam a liberdade aos filhos de escravos (Lei do
veio estudar Direito no Recife, José Mariano Carneiro da Cunha,
Ventre Livre, 1871) e aos escravos maiores de sessenta anos (Lei dos
Joaquim Nabuco, Maciel Pinheiro, Afonso Olindense, Guedes
Sexagenários, 1885) seguiram, em larga medida, essa orientação, e
Alcoforado, Martins Júnior e outros intelectuais e políticos da época.
não produziram grandes mudanças na ordem escravista.
José Mariano, tribuno de grande popularidade, junto com
Outro elemento que concorreu para a crise do escravismo foi
sua esposa, D. Olegarinha (de quem se diz ter vendido todas as
a expansão da cultura do café no Vale do Paraíba e no oeste paulista,
jóias para comprar escravos e libertá-los), e amigos, fundou o
inversamente proporcional à queda da produção de açúcar nas
Clube do Cupim, destinado à propagação das idéias abolicionistas
chamadas Capitanias do Norte. A demanda por mão-de-obra nos
e a dar guarida e posterior transporte para o Ceará aos escravos
cafezais, quando o tráfico negreiro não era mais permitido,
foragidos. Os escravos eram embarcados no Poço da Panela,
fomentou o comércio interno, deslocando para as plantações de
numa atividade flagrantemente ilegal e arriscada.
café os escravos das antigas fazendas de cana-de-açúcar.
Traduzindo isso em números: entre 1873 e
1887, a população escrava em Pernambuco
sofreu uma queda de 0,3%, enquanto, em São
Paulo, aumentou 3,8% no mesmo período.
Um busto de José Mariano,
político e abolicionista, pode ser
visto próximo à Igreja de Nossa
Senhora da Saúde, no bairro do
Poço da Panela.
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No Teatro de Santa Isabel,
onde foi ganha a “Batalha
da Abolição”, arte e história
se encontraram para saudar
o futuro que chegava.
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PARTE III | A INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA CAPITAL | O ABOLICIONISMO
A campanha abolicionista no Recife foi tão intensa que
Joaquim Nabuco — político, diplomata e escritor, criado no
Engenho Massangana, onde presenciou cenas diárias de
escravidão no eito, autor do livro mais famoso sobre o tema, O
Abolicionismo — diria, mais tarde, ter sido no Teatro de Santa
Isabel que foi ganha a “batalha da abolição”.
Como deputado representante de Pernambuco no
Parlamento, a atuação de Joaquim Nabuco foi, a partir de 1885,
voltada para a causa abolicionista. Nabuco atuou de forma tão
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
progressista que chegou, até mesmo, a defender uma reforma
agrária que contemplasse os escravos depois de libertos e
apresentou um projeto de federalização das províncias (naquela
época, as pessoas eram antes pernambucanas e baianas, por
exemplo, que brasileiras).
A abolição da escravatura deu-se durante a vigência do
gabinete parlamentarista presidido pelo pernambucano
Conselheiro João Alfredo, cuja casa, hoje, é sede do Museu da
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães...
Outras moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas.
Em ânsia e mágoa vãs...
Abolição.
Fragmento de O Navio Negreiro,
de Castro Alves
Museu da Abolição, no
bairro da Madalena, início
da Avenida Caxangá, antiga
casa-grande do Engenho
Madalena e posterior
residência do conselheiro
João Alfredo.
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PARTE III | A INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA CAPITAL | O ABOLICIONISMO
REPERCUSSÕES
NA ECONOMIA
escravos, não se podia querer implantar a até então estranha
ideologia de “crescer pelo trabalho” de uma hora para outra.
S
egundo Joaquim Nabuco, a abolição do tráfico de escravos,
além de sua benfeitoria humanística, trouxe um grande
incentivo ao desenvolvimento das indústrias, uma vez que os
traficantes privados desse comércio passaram a aplicar capitais
em outros setores da economia. As análises atuais, entretanto,
Há, porém, um fator cultural a ser levado em conta. É um fator
que foi identificado muito mais nas regiões cafeeiras que nas
áreas de cana, mas traduz o sentimento de descaso dos negros
diante de uma pátria que os libertava para jogá-los à própria
sorte ou para entregá-los às mesmas mãos:
demonstram que a abolição mexeu muito pouco com a estrutura
básica da economia nacional à época.
Celso Furtado demonstrou a natureza inercial da abolição
dos escravos no Brasil em obra clássica (Furtado, 1984). O
economista paraibano argumentou que “a abolição da
escravatura teria de acarretar modificações na forma de
organização da produção e no grau de utilização dos fatores.
Com efeito, somente em condições muito especiais a abolição se
limitaria a uma transformação formal dos escravos em
assalariados” (Furtado, 1984, p. 137).
A primeira reação do ex-escravo é a de buscar terras livres
onde possa ser senhor de si e de sua subsistência. Duas situações
extremas poderiam ter ocorrido no Brasil. Na primeira, a escassez
de terras a serem colonizadas levaria à imposição de salários
nos níveis mínimos de consumo que já caracterizava a vida do
ex-escravo antes da abolição. Esse fenômeno ocorreu nas
plantações insulares das Antilhas inglesas, onde toda a terra já
estava ocupada quando da abolição. Na segunda situação, a
abundância de terras a serem colonizadas levaria muitos escravos
a fugirem e outros a terem seus salários aumentados para
permanência no trabalho.
Nenhum desses quadros extremos ocorreu. Na região
açucareira do Nordeste, houve maior aproximação com o primeiro
modelo. Já na região cafeeira do Sudeste, imperou
tendencialmente o segundo modelo, somado aí o fator da chegada
da mão-de-obra européia imigrada. A massa de escravos libertos
não seria integrada à vida econômica nacional com rapidez e
naturalidade. Nem era de se esperar que se dispusesse a isso:
após séculos de submissão, era improvável que os membros de
uma etnia cruelmente subjugada vissem em seus antigos algozes
alguma motivação para o trabalho ou mesmo para o
empreendimento. E mais: após trinta décadas demonstrando
orgulhosamente que o trabalho era algo aviltante, coisa de negros
Na antiga região cafeeira onde, para reter a força de trabalho, foi
necessário oferecer salários relativamente elevados, observou-se de
imediato um afrouxamento nas normas de trabalho. Podendo
satisfazer seus gastos de subsistência com dois ou três dias de trabalho
por semana, ao antigo escravo parecia muito mais atrativo ‘comprar’
o ócio que seguir trabalhando quando já tinha o suficiente ‘para
viver’. (...) Por toda a primeira metade do século XX, a grande massa
dos descendentes da antiga população escrava continuará vivendo
dentro de seu limitado sistema de ‘necessidades’, cabendo-lhe um
papel puramente passivo nas transformações econômicas do País.
Furtado, 1984, p. 140 e 141.
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PARTE III | A INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA CAPITAL | A USINA E A TECELAGEM
A USINA
VIII
E A TECELAGEM
O açúcar superou esses resultados em termos de valores
ganhos monetariamente. Mesmo no século XIX, diante da ascensão
do café sudestino, o açúcar (produzido principalmente em
Pernambuco, mas também em outras regiões do País) teve um
extraordinário crescimento.
UMA
HISTÓRIA DE SUCESSO EM
PERNAMBUCO
A
produtividade do engenho bangüê colonial, que seria
(...) A despeito da queda do volume de exportação de açúcar durante
o século XVIII, o valor ganho nesta atividade quase que ininterrupta
superou o valor produzido pela extração de ouro e diamantes no ciclo
da mineração, 1700-1760. De maneira semelhante, durante o século
XIX, embora o café superasse o açúcar após 1830, o volume absoluto
das exportações deste último chegou a um nível 500% acima do
apogeu do ciclo do açúcar colonial .
inimaginável hoje em termos de competitividade, foi uma
Eisenberg, 1977, p. 30.
das principais atividades econômicas do capitalismo moderno
nos séculos XVI a XVIII. João de André Antonil, o cronista maior
No final do século XVIII, o açúcar teve revalorização no mercado
daqueles tempos, nos deixou dados interessantíssimos que
internacional. As lutas coloniais em torno da Revolução Francesa
explicam a produção e a produtividade de um bangüê (Maranhão,
quebraram a produção antilhana (Pinto, 1982 IN: Mota, 1982). Na
2003, p. 142):
Bolsa de Amsterdã, o valor do produto, mesmo com altos e baixos,
subiu 145,4% entre 1790 e 1799 (Pinto, 1982 IN: Mota, 1982).
Outro produto que se valorizou nesse período foi o algodão.
A guerra de independência dos Estados Unidos — maior produtor
Durante o período colonial, o açúcar foi sempre o produto
à época, cujo plantio enfrentou sérias dificuldades com os combates
mais importante da economia brasileira, ao contrário do que se
— e as Guerras Napoleônicas foram fatores impulsionadores do
costuma pensar quando estudamos o chamado ciclo do ouro.
preço e da abertura de mercados.
Mauricéia Buescu e Vicente Tapajós (in Maranhão, 2003, p. 215)
A classe produtora pernambucana soube fazer uma gestão
calcularam que a produção total de ouro na Colônia foi bem
muito eficiente de suas possibilidades de crescimento na conjuntura
abaixo das propaladas 3 mil toneladas:
político-econômica que antecede o surgimento das usinas. O que
ocorreu, na verdade, foi uma perda de posição relativa, ou seja,
a) Até 1700:......15.000 kg
b) 1701-1780...731.000 kg
comparativamente, o boom cafeeiro dos sudestinos diminuiu o
peso da importância nordestina no quadro nacional. Para
compreender parte desse processo, vejamos a perda da posição
c) 1781-1820...164.000 kg
relativa do açúcar nas exportações brasileiras entre 1500 e 1910
TOT
AL: 910.000 kg
TOTAL:
(Eisenberg, 1977, p. 31).
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