Guiné Equatorial
Carta de Fernando Gamboa
Montagem: Tomás
O Presidente Teodoro Obiang Nguema estudou na
Universidade de Navarra (da Opus Dei).
Estava alojado numa pensão da rua
Martín Azpilicueta do bairro de San
Juan de Pamplona.
O que se expõe a seguir descobre o que é capaz de
fazer a cobiça humana.
Para que os que não me conhecem,
chamo-me Fernando Gamboa, e há
uns meses terminei uma nova novela
de aventuras intitulada GUINÉ que
neste mês de Outubro foi publicada
pelas Edições El Andén. O motivo da
minha mensagem é o desejo de
compartilhar com a maior quantidade
de pessoas possível e não só com as
que adquiram a novela, tudo o que averiguei nos
meses de investigação prévios à redacção do livro.
O que conto a seguir, embora possa parecer exagerado
ou tendencioso (quando não simplesmente incrível), é
rigorosamente certo e pode ser contastado pelas fontes
que cito.
Muito poucos devem conhecer um pequeno país
chamado Guiné Equatorial, e ainda menos saberão
onde situá-lo num mapa de África, e serão contados
os que recordem que, até faz exactamente quarenta
anos, os equato guineenses eram tão cidadãos
espanhóis como um alicantino ou um gaditano.
Nessa
altura, a
Guiné
Equatorial
era
uma
província mais de Espanha encravada na costa
Africana do Golfo da Guiné; “A pérola de África"
chamavam-na.
Hoje,
quatro
decénios
depois
da
sua
independência, debaixo do jugo ditatorial da
família Obiang Nguema e com o beneplácito das
grandes potências cujas empresas exploram os
seus campos de petróleo e expoliam as suas
reservas madeireiras, a Guiné Equatorial…
…converteu-se
num
dos
países
mais
subdesenvolvidos e corruptos do mundo, e o
povo
equatoguineense
num
dos
mais
aterrorizados nas mãos do seu próprio
governo.
O
actual
presidente
da
Guiné
Equatorial
Teodoro Obiang Nguema, que está há 29 largos
anos no poder depois de executar o anterior
presidente Francisco Macías (o seu próprio tio,
outro assassino), saqueou, roubou e assassinou
sistematicamente
até
extremos
inconcebíveis, juntando uma fortuna que o torna
num dos homens mais ricos do planeta, num dos
países mais pobres de África.
Embora, para ser exactos, não se possa dizer
que o país em si seja pobre, pois alberga uma
das maiores reservas petrolíferas do continente,
cujos lucros de exploração rendem ao regime
guineano milhares de milhões de euros. O que
sucede, é que a família Obiang fica com
ABSOLUTAMENTE
TUDO
o
que
pagam
governos e petrolíferas estrangeiras (norteamericanas e chinesas sobretudo) pelos direitos
de extracção.
Mas, ainda que pareça mentira, a família
Obiang não se limita só a ficar com essa enorme
quantidade de dinheiro, mas que além disso se
dedicam
a
roubar
propiedades
privadas
(apoderaram-se aproximadamente de metade
dos terrenos do país, e não pagaram um cêntimo
por eles), salários (muitos trabalhadores têm de
pagar à família do presidente grande parte do
que ganham)…
…ou negócios dos guineenses não ligados ao
governo ou à família Obiang (que ao fim e ao
cabo é o mesmo), cuja ignomínia chega ao ponto
de despojar impune e caprichosamente, os seus
empobrecidos compatriotas, de qualquer bem
que possuam sem justificação alguma.
…Teodoro Obiang e o seu clan governam a
Guiné
Equatorial
como
o
faria
um
esclavagista na sua fazenda. Para eles, os
cidadãos guineenses são escravos à sua
disposição, e o país uma quinta privada que
saqueiam sem ter que dar contas a ninguém.
…Apesar do rio do dinheiro que corre neste
desgraçado
rincão
de
África,
os
seus
habitantes não dispõem de serviços sanitários,
educação, segurança ou justiça. Por exemplo,
ante qualquer emergência médica o Hospital
de Malabo é a única opção de assistência, mas
sob certas condições como: pagar a estadia e o
tratamento adiantado, e além disso, levar
tudo o que é necessário para a dita estadia e
tratamento…
(e com tudo, refiro-me a TUDO: desde as
seringas ou medicamentos necessários, ao
colchão, os lençóis ou a comida). Para não ir
mais longe, quando há uns anos estive na
Guiné, para fazer à minha mulher uma
análise de sangue, o método de extracção
consistiu em fazer-lhe um corte na mão com
um pedaço de vidro.
Mas, por mais inaceitável que isto seja, isto é
só o princípio, e muito menos a pior parte.
O que torna Teodoro Obiang (conhecido como
"El Jefe") e os seus acólitos não só em ladrões,
mas também em perigosos criminosos, é a
política de detenções arbitrárias, prisões
injustificadas,
torturas
e
assassinatos
cometidos contra os seus próprios cidadãos.
Calcula-se que durante o seu mandato, o actual
governo guineense exterminou nada menos que
10% da população do país, e uma quantidade
indeterminada desapareceu ou encontra-se
presa ilegalmente e sem julgamento prévio.
Segundo a última informação da Amnistia
Internacional, os detidos pela polícia e o
exército são torturados sistematicamente
com métodos tão brutais como mutilações,
rotura
de
ossos,
violações,
descargas
eléctricas nos genitais ou, atenção: cravar
garfos na vagina das detidas...
E para quem goste de dados e estatísticas
imparciais, aí vão umas quantas.
- Guiné Equatorial produz 400.000 barris
diários de petróleo.
- Exporta quase 1.000.000 de metros cúbicos
de madeira tropical por ano.
- O seu Rendimento per Capita situa-se no
número 38 do ranking mundial (acima do
Kuwait ou Arábia Saudita).
Em
compensação,
no
Índice
de
Desenvolvimento Humano da ONU ocupa o
lugar 121.
- O 151 de 163 na corrupção, segundo
Transparency International.
- A esperança de vida é só de 43,3 anos,
segundo a Amnistia Internacional.
- A elite governante possui à volta de 98% do
rendimento nacional
-80% da população vive com menos de 20
euros por mês.
- O governo de Obiang converteu a Guiné
Equatorial no centro do tráfico de drogas da
África Ocidental.
Teodoro Obiang ganhou as últimas eleições com
99,5% dos votos. Os 13 partidos políticos
autorizados, eram formados por membros do
governo.
-Numa recente visita aos Estados Unidos, a
secretária
de
estado
Condoleezza
Rice
descreveu Obiang como "bom amigo".
- Em Julho de 2003, a rádio estatal anunciou
que: “O presidente é um deus que está em
contacto permanente com o todopoderoso, e
pode matar qualquer um sem que ninguém lhe
peça contas e sem ir para o inferno, porque é o
deus mesmo"
E o que pessoalmente faz com que esta vergonha
comum me custe mais, é que o povo guineense,
um dos mais amáveis, hospitaleiros e generosos
que já conheci, tenha sido, como citei no
princípio, parte integrante do estado espanhol.
A atropelada e negligente descolonização da
Guiné Equatorial por parte da Espanha em
1968, é a origem da inadmissível situação que
agora sofrem os guineenses e a que hoje
assistimos com absoluta indiferença.
Mas há que recordar que os equatoguineenses
não só continuam a falar espanhol, como muitos
dos seus costumes, celebrações e tradições
continuam a ser iguais às nossas. Os seus filhos
cantam as mesmas canções que cantam os
nossos no colégio, as suas brincadeiras são as
mesmas, até os seus palavrões são os mesmos
que os nossos.
São, por assim dizer, uns primos próximos de
que nos esquecemos totalmente, uma parte da
nossa família com que nos desentendemos,
alheios e às vezes cúmplices de um castigo que
de nenhum modo merecem.
Porque provavelmente, enquanto lês esta
mensagem, uma anciã, agonizando com
malária, pede um médico que nunca chegará.
Uma criança estará perguntando onde estão os
seus pais desaparecidos.
Uma mulher implora a Deus que a mate,
enquanto é violada e torturada selvaticamente
numa esquadra de polícia.
E dia a dia, a Guiné Equatorial afunda-se um
pouco mais nas trevas.
A cada dia, a nossa ignorância
faz-nos mais culpados.
Cada dia conta.
Alguém disse uma vez que “O que é preciso para o
mal triunfar, é que os homens bons não façam
nada”.
Talvez este seja um bom momento, para
averiguar que tipo de homens e mulheres somos
na realidade.
E se te estás perguntando neste instante “Mas
bom, e eu que posso fazer? Aquilo fica muito
longe".
O certo é que, por desgraça, isso é verdade.
Guinea Ecuatorial es víctima de la maldición del
petróleo, y como puedes imaginar, estados como
China, U.S.A. o Francia harán todo lo posible
para mantener a Obiang en su poltrona y así
garantizar un suministro fiable de crudo para
sus compañías petroleras.
Assim será muito difícil mudar as coisas a curto
prazo na maltratada mas ainda formosa Guiné.
E com certeza, sim há algo que podemos fazer
por aquela gente: passar a palavra.
Estes ditadores de opereta, só se mantêm graças
ao desconhecimento que tem o resto do mundo
das maldades que cometem. Quantos mais de
nós soubermos o que sucede, e por que sucede,
mais probabilidades há de que um dia talvez não
muito distante, sejamos suficientes para dizer
basta.
Cuando políticos propios y ajenos sientan
vergüenza de tratar con asesinos como Obiang,
o descubran que darse abrazos dictadores que
no respetan los más elementales derechos
humanos tiene un costo político que sus votantes
les van a hacer pagar, puede que las cosas
cambien, y entre todos expulsemos de una vez
por todas a esos demonios del paraíso.
Mas esta carta é só o primeiro passo,
agora toca-te a ti dar o seguinte
ajudando a que chegue à maior
quantidade possível de pessoas.
Se acreditas que esta luta tem sentido e
desejas pôr o teu grão de areia, reenvia
esta mensagem a todos os teus contactos.
Graças pelo teu tempo e tua ajuda.
FERNANDO GAMBOA
Fá-lo para que
não me magoem
e possa brincar com a
minha boneca
Fá-lo para que os
meus filhos sejam livres
e vivam em paz.
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