A magia da roda
Ms. Edilene Modesto de Souza
1
Dra. Maria Angela Barbato Carneiro
2
(PUCSP-2013)
Vamos brincar de roda?
Mas o que é a brincadeira roda senão um momento mágico? Como surgiu?
Não se conhece exatamente qual é a origem da brincadeira de roda. No entanto, sabe-se
que desde os povos primitivos, muitas atividades eram realizadas em círculo.
.Possivelmente, as primeiras atividades desse tipo surgiram nos ritos religiosos ou de
iniciação, porém, entre os diversos grupos humanos, sabe-se, por exemplo, que os
denominados “povos bárbaros” 3 utilizavam a formação circular para dividir
igualmente entre os participantes daquele grupo o produto dos saques.
Segundo Nairzinha (2006), o que consideramos como cantiga de roda ou ronda é uma
brincadeira completa e que tem uma coreografia própria e que se suspeita tenha
chegado ao Brasil na forma de minueto4.
Souza (2007) mostrou que a cantiga de roda é uma reunião de canções anônimas que
integram a cultura popular e são originárias da experiência de vida de determinados
grupos.
Para Warschauer (1993), a roda consiste em uma reunião de diferentes pessoas, com
histórias de vida e maneiras de pensar próprias, capazes de dialogar entre si.
Apesar das inúmeras tentativas de conceituar o que é a atividade de roda, parece ter
sido Luís da Câmara Cascudo (s/d) o pesquisador que nos ofereceu uma das definições
mais clara sobre esse assunto. De acordo com ele, roda foi “a primeira dança humana,
expressão religiosa instintiva, a oração inicial pelo ritmo, deve ter sido em roda, bailado
ao redor de um ídolo”. (p. 784) Ele mostrou ainda, em sua obra, que ela é um tipo de
brincadeira folclórica5 que pode ser cantada ou dançada e que, em geral, possui
coreografia simples.
Uma das modalidades mais comuns entre nós de brincadeiras de roda são as cirandas,
cujo vocábulo, segundo Souza (op. cit.), advém de ZARANDA que significa
instrumento de peneirar farinha e que pode ser uma variação da palavra árabe
ÇARAND.
1
Edilene Modesto de Souza é Mestre em Psicologia da educação pela PUC/SP e Docente na Rede
Municipal de educação de São Paulo.
2
Maria Angela Barbato Carneiro é doutora em Comunicação Social pela Escola de Comunicações e Artes
da universidade de São Paulo e Professora titular da faculdade de educação da PUC/SP.
3
Bárbaros era o nome atribuído pelos romanos, para os grupos humanos que viviam ao norte da Europa e
que tinham costumes diferentes daqueles adotados em Roma.
4
Minueto é uma modalidade de dança praticada principalmente na França na época dos reis Luís XIV,
XV e XVI.
5
Folclore termo utilizado pela primeira vez pelo antropólogo inglês Willian John Thomas em 1846 (Fok=
povo; lore=saber), para designar “antiguidades populares”. Vocábulo esse que passou a ser aceito
somente em 1878.
Apesar das várias tentativas de definir o que é a brincadeira de roda e de tentar
caracterizá-la como uma atividade folclórica, é importante salientar que nela não há
princípio e nem fim e, especialmente, que todos os participantes são iguais.
É principalmente através dela que se transmite, resgata e valoriza a cultura popular.
Brincando de roda as crianças conhecem o folclore, desenvolvem a linguagem,
cooperam, memorizam, se movimentam, aprendem a respeitar os limites do outro, se
apropriam da cultura de inúmeros povos e gerações.
Bibliografia
Cascudo, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro.
s/d.
Nairzinha (Nair Spinelli Lauria). Cirandando Brasil. Salvador: Press Colors. 2006.
Souza, Edilene Modesto. Brincadeiras de Roda. Texto elaborado durante a realização
da Semana Presencial do Programa de Educação Continuada (PEC-) 2007.
Warschauer, Cecília. A roda e o registro. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1993
Outras fontes de pesquisa
www.ac.gov.br/outraspalavras
www.mineiros-uai.com.br
www.taturana.com/cantigas.html
www.tvebrasil.com.br
www.fundaj.gov.br
www.jangadabrasil.com.br/realejo
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