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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
Bruna Morais de Moura
Charlene de Oliveira Fonseca
Taynã Feliz Paixão
RELAÇÃO QUANTITATIVA ENTRE O PESO DA MOCHILA
ESCOLAR X O PESO DA CRIANÇA E SUAS POSSÍVEIS
ALTERAÇÕES POSTURAIS E ALGIAS
BELÉM
2009
1
Bruna Morais de Moura
Charlene de Oliveira Fonseca
Taynã Feliz Paixão
RELAÇÃO QUANTITATIVA ENTRE O PESO DA MOCHILA
ESCOLAR X O PESO DA CRIANÇA E SUAS POSSÍVEIS
ALTERAÇÕES POSTURAIS E ALGIAS
Monografia apresentada à Universidade da
Amazônia para a obtenção do título de
Bacharel em Fisioterapia.
Orientadora: Prof. Dra. Angélica Homobono
Nobre.
BELÉM
2009
2
Bruna Morais de Moura
Charlene de Oliveira Fonseca
Taynã Feliz Paixão
RELAÇÃO QUANTITATIVA ENTRE O PESO DA MOCHILA
ESCOLAR X O PESO DA CRIANÇA E SUAS POSSÍVEIS
ALTERAÇÕES POSTURAIS E ALGIAS
Monografia apresentado à Universidade da
Amazônia para a obtenção do título de
Bacharel em Fisioterapia.
Orientadora: Prof. Dra. Angélica Homobono
Nobre.
Banca Examinadora
__________________________________
Prof. Dra. Angélica Homobono Nobre
Orientadora
__________________________________
Prof. Esp. Erielson Bossini
__________________________________
Prof. Esp. Said Kalif Kalume
__________________________________
Prof. Esp. Nelson Higino de Oliveira Filho
Apresentado em: _____/____/____
Conceito: ____________________
BELÉM
2009
3
Aos
nossos
pais,
pelo
amor,
paciência,
compreensão e apoio nas horas difíceis;
Às nossas famílias que sempre estiveram ao
nosso lado durante todos os dias de nossas vidas,
nos momentos de felicidade e nos momentos de
dificuldade;
Aos nossos amigos que incentivaram nesta
jornada com palavras de apoio;
E todos aqueles que torceram por nós, que
acreditaram em nosso potencial e que hoje
vibram com nosso sucesso.
4
AGRADECIMENTOS
Aos professores do curso de Fisioterapia, que com paciência e dedicação souberam transmitir
o conhecimento para que pudéssemos chegar onde estamos e por saber usar o lado humano e
profissional em todos os momentos, nossa eterna gratidão.
Aos professores que apresentavam obstáculos durante o curso, ficamos gratas por nos ensinar
a superá-los, em especial os professores Erielson Bossini e Nelson Higino.
Aos nossos pais: Oceanira e José (Bruna), Maria Celina e José Maria (Charlene) e Maria das
Dores e Carlos Natanael (Taynã), por tudo o que fizeram, pelos sacrifícios realizados, pelo
amor dedicado e por contribuírem para formação de nossas personalidades, nossa sincera
homenagem.
Gostaria (bruna) de oferecer um agradecimento em especial aos meus avós Ernesto (In
memorian) e Brasília, e aos meus tios Virgínia e Venícios por todo o apoio e dedicação nesses
anos de jornada.
Às nossas famílias (tios, tias, primos, primas, avós e animais), amigos e colegas, que muitas
vezes ouviam nossos desabafos de maneira compreensiva e sempre nos deram força para
continuar.
A Deus, por colocar em nosso caminho tantas pessoas maravilhosas e fazer acontecer todos os
nossos objetivos.
A nossa orientadora Prof. Drª. Angélica Homobono Nobre pela dedicação durante o
desenvolvimento desse estudo.
À equipe do Colégio CESEP, aos pais dos alunos e as crianças que foram de fundamental
importância para a realização deste trabalho.
5
Penso noventa e nove vezes e nada descubro;
deixo de pensar, mergulho em profundo
silêncio - e eis que a verdade se revela.
Albert Einstein
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RESUMO
Muitos desvios posturais e algias são adquiridos na fase de desenvolvimento corporal do
indivíduo. Um dos fatores contribuintes está relacionado ao ambiente escolar, visto que
crianças transportam mochilas muito pesadas. Devido tal problemática, realizamos este estudo
com o objetivo de correlacionar o sobrepeso das mochilas escolares a possíveis alterações
posturais e algias nos estudantes do Centro de Serviços Educacionais do Pará (CESEP) na
cidade de Belém-PA. A pesquisa aconteceu com a participação voluntária de 40 estudantes,
do sexo feminino e masculino, na faixa etária de 9 a 11 anos. Os materiais utilizados para
coletar os dados foram: uma ficha de avaliação postural, uma balança e um questionário. Os
resultados obtidos foram: o desvio postural mais prevalente foi a hiperlordose, seguido de
escoliose e hipercifose. A hiperlordose e a hipercifose não aumentou significativamente a
sensação de dor, diferentemente da escoliose. A hiperlordose associada à sobrecarga da
mochila escolar foi evidenciada, diferentemente da hipercifose e da escoliose. Os desvios
hiperlordose e escoliose estão associados ao hábito de carregar a mochila pela lateral. Não
existe real associação entre a sobrecarga da mochila e níveis de dor. A hiperlordose e
hipercifose não estão associados à dor, diferentemente da escoliose. O peso da mochila tem
influência somente no aparecimento da hiperlordose. Concluímos com este estudo que é
fundamental adotarmos medidas educativas e preventivas em torno deste problema a fim de
minimizar os efeitos deletérios da sobrecarga das mochilas sobre a coluna vertebral dos
escolares e evitar disfunções posturais na vida adulta dos mesmos.
Palavras-chave: Crianças. Peso da Mochila Escolar. Alterações Posturais. Algias.
7
ABSTRACT
Many postural deviations and localized pains are acquired during the development of the
individual body. One of the contributing factors is related to the school environment, as
children carry backpacks too heavy. Because of this problem, we conducted this study in
order to correlate the overweight school bags to possible localized pains and postural changes
in the students of the Centro Centro de Serviços Educacionais do Pará (CESEP) in Belém-PA.
The research took place with the voluntary participation of 40 students, female and male, aged
9 to 11 years. The materials used to collect data were: a summary of postural evaluation, a
scale and a questionnaire. The results were the most prevalent postural deviation was
concavity, followed by scoliosis and kyphosis. The concavity and kyphosis did not
significantly increase the sensation of pain, unlike the scoliosis. Deviations concavity and
scoliosis are associated with the habit of carrying a backpack from the side. There is no real
association between the burden of the backpack and levels of pain. The concavity and
kyphosis are not associated with pain, unlike the scoliosis. The weight of the backpack has
influence only in the appearance of the concavity. We conclude from this study it is essential
we adopt preventive measures and education around this problem in order to minimize the
deleterious effects of overloading the backpack on the spine of school and avoid postural
dysfunctions in adult life the same.
Key-words: Children. School Bag Weight. Postural Changes. Localized Pains.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Coluna Vertebral........................................................................................ 17
Figura 2 - Atlas e Áxis................................................................................................ 19
Figura 3 - Sacro Cóccix.............................................................................................. 20
Figura 4 - Hipercifose Torácica.................................................................................. 27
Figura 5 - Hiperlordose Lombar................................................................................. 28
Figura 6 - Escoliose.................................................................................................... 29
Figura 7 - Testes de verificação de presença de escoliose........................................ 30
Figura 8 - Desenvolvimento Postural........................................................................ 37
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Prevalência de hiperlordose, hipercifose e escoliose.................................... 55
Gráfico 2 - Variação e tendência de dor conforme os desvios posturais: hiperlordose,
hipercifose e escoliose.................................................................................... 56
Gráfico 3 - Percentuais de hiperlordose e a sobrecarga da mochila escolar................... 57
Gráfico 4 - Percentual de hipercifose associada à sobrecarga da mochila escolar........
58
Gráfico 5 - Percentual de escoliose associado à sobrecarga da mochila escolar............. 59
Gráfico 6 - Distribuição dos desvios posturais conforme a maneira de carregar
a mochila......................................................................................................... 60
Gráfico 7 - Diagrama de dispersão da dor em relação à sobrecarga da mochila............. 61
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Prevalência de hiperlordose, hipercifose e escoliose.................................... 55
Tabela 2 - Variação e tendência de dor conforme os desvios posturais: hiperlordose,
hipercifose e escoliose.................................................................................... 56
Tabela 3 - Presença de hiperlordose associada à sobrecarga da mochila escolar............ 57
Tabela 4 - Presença de hipercifose associada à sobrecarga da mochila escolar.............. 58
Tabela 5 - Presença da escoliose associada à sobrecarga da mochila escolar................ 59
Tabela 6 - Formas de carregar a mochila e os desvios posturais.................................... 60
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO……………………………………………….……...…………..... 13
2 COLUNA VERTEBRAL E AS DESORDENS POSTURAIS………......……......16
2.1 COLUNA VERTEBRAL E A IMPORTÂNCIA DE SUAS FUNÇÕES…..…...... 16
2.1.1 Evolução histórica………………………......……………..…...……………..... 16
2.1.2 Sistema esquelético: osteologia da coluna vertebral ........................................ 16
2.1.3 Tecidos moles não contráteis e ligamentos da coluna vertebral...................... 20
2.1.4 Grupos musculares: manutenção e estabilidade da coluna vertebral............ 24
2.1.5 Os desvios da coluna vertebral............................................................................26
2.1.5.1. Hipercifose..................................................................................................
27
2.1.5.2 Hiperlordose..................................................................................................
28
2.1.5.3 Escoliose............................................................................................................. 29
2.1.6 Biomecânica da coluna vertebral antes das alterações posturais................... 31
2.2 POSTURA................................................................................................................ 33
2.2.1 Definição............................................................................................................... 33
2.2.2 Boa e má postura................................................................................................. 34
2.2.3 Fatores que alteram a postura.............................................................................35
2.2.4 Desenvolvimento postural infanto-juvenil......................................................... 36
2.3 DESARRANJOS E DESCONFORTOS POSTURAIS............................................ 38
2.3.1 Dor: consequências na musculatura estabilizadora da coluna.........................40
2.3.1.1 Cervicalgia........................................................................................................ 41
2.3.1.2 Dorsalgia............................................................................................................ 42
2.3.1.3 Lombalgia.......................................................................................................... 42
2.4 AMBIENTE ESCOLAR.......................................................................................... 43
2.5 AMBIENTE ESCOLAR X POSTURA NA INFÂNCIA......................................... 44
2.6 MOCHILA ESCOLAR E AS LEIS......................................................................... 46
3 OBJETIVOS............................................................................................................... 49
3.1 GERAL.................................................................................................................... 49
3.2 ESPECÍFICO........................................................................................................... 49
4 DELINEAMENTO DA PESQUISA........................................................................ 50
4.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................... 50
4.2 POPULAÇÃO / AMOSTRA.................................................................................. 50
12
4.2.1 Critérios de inclusão e exclusão........................................................................... 50
4.3 INSTRUMENTOS E COLETA DE DADOS......................................................... 51
4.4 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS..............................51
52
4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RESULTADOS..................................................................
5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS......................................................................... 54
5.1 RESULTADOS....................................................................................................... 54
5.2 DISCUSSÃO........................................................................................................... 61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 68
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 69
APÊNDICES.............................................................................................................. 77
ANEXOS..................................................................................................................... 79
13
1 INTRODUÇÃO
As afecções posturais não são um problema recente, acometem o homem há milhares
de anos. Desde 5.000 anos atrás, existem relatos dos antigos egípcios sobre o assunto e no ano
de 1.600 era a maior preocupação do fundador da medicina ocupacional, Bernardino
Ramazzini. (SNOOK apud BRACCIALLI; VILARTA, 2000)
A postura bípede, adotada pelo homem, foi conquistada a partir de várias adaptações
no corpo humano. Essas adaptações facilitaram, de certo modo, as habilidades de um homem
que vivia em habitat primitivo, para trabalhos mais específicos que desenvolveriam
habilidades complexas. Porém, com isso alguns agravantes surgiram e as chamadas alterações
posturais começaram aparecer e com elas suas alterações secundárias, como os desconfortos
corporais. (NASCIMENTO, 2005)
Atualmente, as doenças nas costas, mais especificamente as dores na região lombar
(lombalgia), são muito prevalentes na população adulta (WEBB et al., 2003) e também na
população adolescente (HAKALA et al., 2002). Muitas vezes, a ocorrência da lombalgia
precede ou é concomitante às alterações da postura corporal. Essa associação pode ser
explicada pelo fato de que muitas posturas corporais adotadas no dia-a-dia são inadequadas
para as estruturas anatômicas, pois aumentam o estresse total sobre os elementos do corpo,
especialmente sobre a coluna vertebral, podendo gerar desconfortos, dores ou incapacidades
funcionais. (GROSS et al., 2000)
Muitos problemas posturais, em especial aqueles relacionados com a coluna vertebral,
têm sua origem no período de crescimento e desenvolvimento corporais, ou seja, na infância e
na adolescência (BUNNEL, 2005 e NISSINEN et al., 2000). Além disso, durante o período
de desenvolvimento motor/físico, os indivíduos estão sujeitos a comportamentos de risco para
a coluna, principalmente aqueles relacionados à utilização de mochilas e à postura sentada
(para assistir à televisão e utilizar o computador, por exemplo) (SHEHAB et al., 2005). Tais
comportamentos podem acarretar alterações posturais tanto laterais como ântero-posteriores.
(DETSCH et al., 2001)
Crianças são indivíduos em crescimento e desenvolvimento, por isso, as rápidas
mudanças que ocorrem durante a adolescência fazem com que seus tecidos sejam
estruturalmente mais frágeis à ação deletéria de cargas mecânicas quando comparados a
indivíduos maduros. Por conseguinte, as cargas impostas durante o período de crescimento
podem modelar o tamanho, o formato e a estrutura da coluna vertebral e levar ao
14
aparecimento de curvaturas posturais anormais na coluna vertebral do indivíduo jovem
quando aplicadas rotineiramente. (WINTER et al., 1994; WATKINS, 1999; HONG e
CHEUNG, 2003)
As alterações posturais e dores na coluna vertebral em crianças são apontadas como
multicausais. Isto é, um dos fatores mais destacados em relatos científicos refere-se aos
hábitos relacionados às atividades escolares. Embora, a comunidade científica não tenha ainda
identificado a quantidade de carga crítica por criança acima da qual ela estaria sujeita a
problemas na coluna vertebral e a melhor maneira de transporte, vários autores concordam
que a quantidade de carga transportada não deve exceder a 10% da massa corporal do
indivíduo, que o transporte deve acontecer com apoio nos dois ombros e que as crianças
devem ser orientadas sobre o uso correto das mochilas. (CATTALORDA et al.;
SIAMBANES et al., 2004)
Desta forma, ao relacionar ambiente escolar e postura percebe-se que os problemas
são diversos, desde dificuldades ergonômicas, como as encontradas no transporte do material
escolar, arquitetura desfavorável do imóvel, disposição e proporções inadequadas do
mobiliário, as quais, provavelmente, serão responsáveis pela manutenção, aquisição ou
agravamento de hábitos posturais inapropriados. (BRACCIALLI; VILARTA, 2000)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o peso de mochilas, pastas e
similares não deve ultrapassar 5% do peso de crianças da pré-escola e 10% do peso do aluno
de ensino fundamental. (WHO, 2009)
Mochilas são utilizadas para transportar cargas e habitualmente usadas pelos
estudantes para carregar materiais pessoais e escolares; essa atividade representa a forma mais
comum de esforço físico relacionado ao manuseio e transporte de peso pelo indivíduo jovem.
(FORJUOH, 2003; MACKIE et al., 2003)
Segundo Braccialii e Vilarta (2000), aqueles alunos que transportam seu material
escolar em mochilas apresentam maior tendência a desequilíbrios do tronco levando a
desequilíbrios musculares e sobrecargas indevidas em determinados pontos da coluna. O
excesso de peso e o transporte inadequado do material escolar, a ausência de atividade física
específica e posturas incorretas adotadas durante as aulas e em período extra-escolar, são
fatores que contribuem ou até mesmo agravam desvios posturais nos escolares.
Acima de tudo, a Fisioterapia atua neste ponto, analisando tanto as posturas,
desconfortos corporais, flexibilidade, estudando aspectos ergonômicos do ambiente escolar,
sugerindo melhoras e/ou adaptações nestes ambientes, como também orientando os
adolescentes e crianças em seus hábitos posturais, podendo não só desvendar quais os
15
desarranjos encontrados como também intervir não invasivamente nessas alterações tratando
desordens osteomioarticulares, para assim evitar, que cerca de 80% das pessoas de todo o
mundo tenham ou terão um problema de dor relacionado com a coluna. (CAILLIET apud
KNOPLICH, 1984)
Considerando que, as crianças e os adolescentes passam em média a 4 a 6 horas no
ambiente escolar, torna-se importante uma intervenção neste período, preventivo, para que
essas alterações não se tornem agravantes e possam prejudicar sua qualidade de vida.
Portanto, é baseado nestes preceitos que buscamos por meio deste estudo verificar a
possibilidade das variáveis analisadas serem capazes de indicar a ocorrência de dor na coluna
e de alterações posturais em crianças de nove a 11 anos da 4ª série do Ensino Básico
avaliadas, para que possíveis intervenções sejam tomadas, entre elas: palestras educativas
sobre hábitos posturais.
16
2 COLUNA VERTEBRAL E AS DESORDENS POSTURAIS
2.1 COLUNA VERTEBRAL E A IMPORTÂNCIA DE SUAS FUNÇÕES
2.1.1 Evolução histórica
A coluna vertebral ou esqueleto axial do homem, o torna a espécie mais evoluída.
(VILADOT; COHI; CLAVELL apud NASCIMENTO, 2005)
Com isso, diferenciando-se dos demais animais, o homem assume a postura ereta e
marcha bípede, da qual provém de várias alterações no eixo da coluna vertebral.
Sendo assim, Palastanga, Field e Soames (2000), descrevem quatro alterações
fundamentais que ocorreram na coluna vertebral e no tórax durante a evolução humana para
uma postura ereta: Primeiro, os corpos vertebrais aumentam em tamanho em direção à região
lombar, devido às forças de compressão ao longo do tronco aumentaram de cima a baixo
deixando de ser constantes; Segundo, os processos espinhosos são mais ou menos igualmente
desenvolvidos ao longo da coluna vertebral, porque a tendência à flexão não é mais
restringida às cinturas dos membros, mas distribuídas uniformemente. Terceiro, o efeito
enrijecedor do esterno e dos músculos abdominais sobre a coluna vertebral tornou-se menos
importante. Desse modo, o esterno veio a situar-se mais perto da coluna vertebral, de modo
que o tórax é mais largo e menos profundo. E por último, a transmissão aumentada de peso
através da pelve e das pernas produziu um aumento do sacro, tal que o sacro humano
usualmente é composto de cinco segmentos fundidos. Ele também é relativamente largo e
mais convexo na sua superfície pélvica. (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
2.1.2 Sistema esquelético: osteologia da coluna vertebral
Segundo Knoplich (2004) relata que a coluna vertebral do ponto de vista da
engenharia é de uma constituição perfeita. E ainda faz uma comparação entre a coluna de um
prédio que tivesse que suportar toda a estrutura e ao mesmo tempo tivesse que movimentar
esse prédio. Seria “impossível”. Mas a coluna faz isso.
A coluna vertebral é composta por 33 vértebras e estão divididas em quatro regiões:
cervical (sete vértebras), torácica ou dorsal (dose vértebras), lombar (cinco vértebra), sacro
17
(cinco vértebras) e cóccix (três ou quatro vértebras) (KNOPLICH, 2004). Conforme ilustração
da figura 1:
Figura 1: Coluna vertebral.
Fonte: Netter, 1999.
As vértebras têm formas diferentes conforme a região, mas de uma maneira geral são
semelhantes, pois todas têm uma região posterior formada por três asinhas duas chamadas
apófises transversas e uma apófise espinhosa. A região anterior ao orifício por onde passa a
medula desempenha a função de sustentação. (KNOPLICH, 2004)
No entanto, com a exceção da primeira e segunda vértebras cervicais, todas as demais
possuem um grande corpo que sustenta peso anteriormente e um arco vertebral
posteriormente, o qual consiste em uma série de processos ósseos. (PALASTANGA; FIELD;
SOAMES, 2000)
Sendo assim, o corpo vertebral consiste em uma fina camada externa de osso cortical.
Em virtude disto, o corpo vertebral tenderia a permanecer colapsado, se não fosse seu recheio
de osso esponjoso, cujas trabéculas agem como apoio sem torná-lo excessivamente pesado.
(WAINWRINGHT et al, apud OLIVER; MIDDLEDITCH, 1998)
18
Watkins (2001) realça que a incisura vertebral inferior da vértebra inferior forma um
orifício chamado forame intervertebral, na qual é ocupado por um nervo periférico. Este
originado da junção de cada pedículo e lâmina, além disso, há três processos: o processo
transverso, que se projeta lateralmente, e os processos articulares, um dirigido para cima e
outro para baixo. (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000).
E projetando-se posteriormente a partir da junção das duas lâminas encontram-se os
processos espinhosos (HAMILL; KNUTZEN, 2007). Contudo, tanto o processo espinhoso
quanto o transverso servem como locais de inserção para os músculos espinhais que correm
pela coluna. (HAMILL; KNUTZEN, 2007)
Todas as vértebras cervicais (C1 a C7) têm um buraco chamado forame transverso,
dentro de cada processo transverso. Aliás, esta é uma característica dessas vértebras.
(WATKINS, 2001)
A sétima vértebra cervical, que apresenta o maior processo espinhoso na área cervical,
não é bífido, é denominada vértebra proeminente, mas geralmente não é o processo espinhoso
mais proeminente. (MC MINN apud GOULD III, 1993)
Já as vértebras torácicas são em número de doze, sendo que o tamanho das estruturas é
intermediário entre os da cervical e lombar, com a característica de terem processos
transversos maiores e duas semifacetas no corpo vertebral para a articulação das costelas.
(KNOPLICH, 1986)
Além disso, os corpos das vértebras torácicas são mais altos e mais quadrados no
plano transverso. Entretanto, os corpos das vértebras torácicas médias geralmente apresentam
uma forma semelhante a um coração em função da aorta descendente. (GOULD III, 1993)
As vértebras lombares são em número de cinco, sendo as de maior tamanho
(KNOPLICH, 1986). Deste modo, elas não possuem nem forames transversários nem facetas
articulares para as costelas. (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
As vértebras lombares são caracterizadas por grandes corpos vertebrais ovóides, com
pedículos largos, pilares articulares, processos transversos relativamente pequenos, e
processos espinhosos quadrangulares. (GOULD III, 1993)
Neste sentido, a principal característica diferenciadora da vértebra lombar é a
orientação das facetas nos processos articulares, superior e inferior. Desta forma, as facetas
nos processos articulares superior orientam-se medial e posterior, e as facetas nos processos
articulares inferior estão viradas, lateral e anterior. (WATKINS, 2001)
19
Deste modo, a quinta vértebra lombar possui o maior corpo, o qual é mais
acentuadamente cuneiforme (mais achatado na frente do que atrás). (OLIVER;
MIDDLEDITCH, 1998)
Falando sobre as vértebras atípicas, Warwick e Willians (apud Gould III,1993)
salienta que: às vértebras cervicais atípicas (C1 e C2) são caracterizadas pela ausência de
corpo em C1 (atlas) e pela fusão embriológica do corpo de C1 com C2 (áxis), formando um
pilar proeminente na superfície de C2, denominado processo odontóide ou dens. Conforme
ilustração da figura 2:
Figura 2: Atlas e áxis
Fonte: Netter,1999.
O atlas é também caracterizado por grandes superfícies articulares semelhantes a um
disco, para se articular superiormente com o occipício e inferiormente com o áxis. (GOULD
III, 1993)
Hamill e Knutzen (2007), descrevem o atlas como tendo um processo transverso largo
com forame transverso pelo qual passa a suprimento sangüíneo. Também não tem processo
espinhoso. Superiormente, tem uma fores, ou depressão em forma de prato, para receber o
occípito do crânio.
Para Viladot, Cohi e Clavell apud Nascimento (2005), o áxis ou segunda vértebra
cervical, apresenta um corpo em cuja face superior eleva-se a apófise odontóide.
Na sua face anterior encontra-se uma superfície articular para o atlas, enquanto que na
face posterior acha-se uma outra superfície articular para o ligamento transverso. (VILADOT;
COHI; CLAVELL apud NASCIMENTO, 2005).
20
Não há disco intervertebral entre o atlas e o áxis. A espinha do áxis é bastante curta, e
sua ponta é bífida, ou seja, dividida em dois ramos. (WATKINS, 2001)
O sacro é formado pela fusão ou junção parcial das vértebras sacrais. (WATKINS,
2001)
Figura 3: Sacro e Cóccix
Fonte: Netter,1999.
O sacro consiste em cinco vértebras fundidas sendo alargado pela incorporação de
grandes elementos costais e processos transversos dentro das pesadas massas laterais.
(PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000). Desta maneira, o sacro está prensado entre os
nossos direito e esquerdo do quadril e, assim, fornece uma firme base para o resto da coluna
vertebral. (WATKINS, 2001)
Assim, o sacro e os ossos direito e esquerdo do quadril formam um anel ósseo
completo chamado pelve ou cintura pélvica. Conseqüentemente, o sacro é uma parte
importante da coluna vertebral e pelve. (WATKINS, 2001)
Entretanto, o cóccix geralmente consiste em quatro vértebras fundidas formando uma
peça única ou duas peças de osso, as quais representam principalmente os corpos.
(PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
2.1.3 Tecidos moles não contráteis e ligamentos da coluna vertebral
Os ligamentos são estruturas fibrosas não contráteis que se encontram ao longo de
toda a coluna. Todos os ligamentos apresentam um suprimento sanguíneo pobre, mas um bom
21
nervoso. E são comuns a todas as áreas da coluna: ligamento longitudinal anterior e ligamento
longitudinal posterior, ligamento amarelo, e os ligamentos interespinhoso e supra espinhoso.
(GOULD III, 1993).
A seguir serão descritos alguns desses ligamentos:
As estruturas finais da porção anterior do segmento vertebral são os ligamentos
longitudinais que correm por toda a extensão da coluna desde a base do occípito até o sacro.
(HAMILL; KNUTZEN, 2007)
Além disso, o ligamento longitudinal anterior suporta a face anterior da coluna
vértebra, incluindo os discos intervertebrais. (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000).
Este ligamento limita a hiperextensão da coluna e restringe o movimento para frente de uma
vértebra sobre a outra, além de manter uma carga constante na coluna vertebral e suporta a
porção anterior do disco durante um levantamento. (HAMILL; KNUTZEN, 2007).
De outro lado, o ligamento longitudinal posterior, de acordo com Dângelo e Fattini
(1998), situa-se na parede anterior do canal vertebral, alongando-se sobre o contorno posterior
dos discos intervertebrais, aos quais está firmemente aderido. No entanto, este ligamento
começa como uma faixa relativamente longa na região cervical. E à medida que desce, ele
gradualmente se estreita, tornando-se tão estreito na região lombar, que durante os
levantamentos de peso, apresenta um valor de proteção aos discos lombares pequenos.
(GOULD III, 1993)
Ademais, o ligamento amarelo é um ligamento elástico que atravessa as vértebras
adjacentes (GOULD III, 1993). E seu aspecto amarelado deve-se à presença de uma grande
quantidade de tecido elástico dentro dele (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000). Esses
ligamentos amarelos auxiliam a refrear o movimento de flexão e dão assistência aos músculos
paravertebrais para restaurar a postura ereta do tronco (OLIVER; MIDDLEDITCH, 1998).
Além disto, ele se deforma e retorna ao comprimento original, alonga-se na flexão do tronco e
contrai-se na extensão, quando na posição neutra, fica sob tensão constante, impondo uma
tensão contínua sobre o disco. (HAMILL; KNUTZEN, 2007)
E ainda, nos intervalos intervertebrais há dois ligamentos, um direito e um esquerdo.
Cada um fixa-se na frente do bordo inferior da lâmina acima e passa para baixo a para trás
para o dorso do bordo superior da lâmina de baixo (PALASTANGA; FIELD; SOAMES,
2000). Assim, eles são contínuos com os ligamentos amarelos anteriormente e com os
supraespinhosos posteriormente. (OLIVER; MIDDLEDITCH, 1998)
22
O ligamento interespinhoso não é considerado um ligamento elástico, mas, a menos
que tenha alguma condição patológica, é frouxo o suficiente para permitir a flexão completa.
(GOULD III, 1993)
Já o ligamento supra-espinhoso está localizado entre ou acima dos processos
espinhosos adjacentes, e é considerado o mais superficial dos ligamentos da coluna e o mais
distante do eixo de flexão, devido a isso possui um maior potencial de estiramento. (GOULD
III, 1993)
Os ligamentos intertransversos, que ligam um processo transverso ao outro, resistem à
inclinação lateral do tronco (HAMILL; KNUTZEN, 2007). Tendem a ser ausentes nos níveis
cervicais e óbvios na região lombar, na parte superior da coluna vertebral são muitas vezes
substituídos pelos músculos intertransversos. (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
O ligamento costotransversal estende-se do dorso do colo da costela à face anterior do
processo transverso (DÂNGELO; FATTINI, 1998). Desta maneira, o ligamento
costotransversal lateral liga a extremidade do processo transverso à porção articular rugosa do
tubérculo da costela. Este ligamento reforça a região póstero-lateral da cápsula articular
(OLIVER; MEDDLEDITCH, 1998). No entanto, o ligamento costotransverso superior
consiste em uma faixa anterior que passa a partir da costela para cima e lateralmente e uma
faixa posterior que passa para cima e medialmente a partir da costela. (PALASTANGA;
FIELD; SOAMES, 2000)
A região lombar apresenta dois ligamentos principais: o ligamento iliolombar e a
fáscia toracolombar (GOULD III, 1993). Este forte ligamento inferior origina-se lateralmente
desde a ponta do processo transverso da quinta vértebra lombar à parte posterior do lábio
interno da crista ilíaca. (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
Além disso, cinco porções do ligamento iliolombar foram identificadas: ligamento
iliolombar anterior, ligamento iliolombar superior, iliolombar posterior, iliolombar inferior, e
ligamento
iliolombar
vertical.
(SHELLSHEAR;
MACINTOSH
apud
OLIVER;
MIDDLEDITCH, 1998)
Os ligamentos iliolombares que estão localizados posterior, inferior e lateralmente
servem para estabilizar os segmentos L4 e L5 durante a flexão e rotação (GOULD III, 1993).
Apesar de não ser um ligamento do ponto de vista técnico, a fáscia toracolombar apresenta
uma tensão significante sendo uma das mais importantes estruturas não contráteis na região
lombar. (GOULD III, 1993)
Os ligamentos da região sacral são descritos a seguir:
23
O ligamento sacroilíaco anterior é largo e chato, constituindo em numerosas faixas
finas que residem no lado pélvico da articulação. Este se estica da asa à superfície pélvica do
sacro, acima e a baixo rebordo pélvico, à margem adjacente da superfície auricular do ílio.
(PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
Assim, o ligamento sacroilíaco interósseo, formado pro feixes de colágenos espessos,
situa-se póstero-superiormente à área sinovial auricular (DÂNGELO; FATTINI, 1998). Já, o
ligamento sacroespinhoso tem forma triangular, residindo profundamente ao ligamento
sacrotuberoso. E sua base larga está fixada ao bordo dos segmentos sacros inferiores e
coccígeos superiores na frente do ligamento sacrotuberoso. (PALASTANGA; FIELD;
SOAMES, 2000)
No entanto, a articulação sacrococcígea é completamente rodeada e reforçada por
filamentos fibrosos, chamados coletivamente ligamentos sacrococcígeos. Por consequência,
esses filamentos formam o limite lateral do forame de onde parte o ramo anterior do quinto
nervo sacro. (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
Concomitantemente, fazendo parte das estruturas não contráteis da coluna vertebral as
cápsulas envolvem todas as articulações zigapofisárias, e a articulação da cabeça com o atlas,
funcionando com ligamentos para orientar e limitar os movimentos articulares, servindo ainda
como suporte e proteção para membrana sinovial. Por conseguinte, as cápsulas são também
integrantes da formação das posições de impactação total e parcial das facetas articulares da
coluna. (GOULD III, 1993)
Contudo, separando os corpos vertebrais adjacentes, encontramos o disco
intervertebral, uma estrutura que une uma vértebra à outra e, ao mesmo tempo, permite que
ocorra movimentação entre as estruturas. (HAMILL; KNUTZEN, 2007)
Ademais, há pelo menos 24 discos intervertebrais interpostos entre os corpos
vertebrais: seis na região cervical, doze na torácica e cinco na lombar, com um entre o sacro e
o cóccix (Discos adicionais podem estar presentes entre segmentos sacros fundidos).
(PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000)
Knoplich (1986) cita que os discos intervertebrais contribuem com cerca de um terço
de todo o comprimento da coluna lombar, constituindo, mais ou menos, um quinto do
comprimento cervical.
Analogamente, Palastanga, Field e Soames (2000), completam dizendo que os discos
responsabilizam se por aproximadamente um quarto do comprimento total da coluna vertebral
e são primordialmente responsáveis pela presença das várias curvaturas. Todavia, para
Dângelo e Fattini (1998), são coxins compressíveis de fibrocartilagem que absorvem as forças
24
de tração muscular, gravidade e carga que, de outro modo, tenderiam a esmagar uma vértebra
contra outra.
Certamente, o disco é tanto avascular quanto aneural, exceto por algum impulso
sensorial nas camadas externas do anel fibroso (HAMILL; KNUTZEN, 2007). Contudo, os
mesmos autores supracitados relatam que um disco intervertebral saudável funciona
hidrostaticamente, respondendo com flexibilidade sob baixas cargas e respondendo com
rigidez quando é sujeito a altas cargas. Portanto, o disco é constituído de duas porções: anel
fibroso e o núcleo pulposo. (GOULD III, 1993)
Neste sentido, quando o disco é sobrecarregado em compressão, o núcleo pulposo
distribui uniformemente a pressão pelo disco e age como um amortecedor. Neste caso, o disco
achata-se e alarga-se e o núcleo pulposo expande-se lateralmente à medida que o disco perde
líquido. (HAMILL; KNUTZEN, 2007)
Knoplich (1986) comprovou que um aumento súbito da força de compressão pode
produzir uma ruptura do corpo vertebral, mas dificilmente produzirá o rompimento do anel
fibroso, (annulus), haja vista que, os discos intervertebrais são sujeitos a compressão, torção,
cisalhamento.
Entretanto, os esforços de cisalhamento estão mudando constantemente, sendo
dependentes do centro instantâneo de rotação entre as vértebras adjacentes. (PALASTANGA;
FIELD; SOAMES, 2000)
2.1.4 Grupos musculares: manutenção e estabilização da coluna vertebral
Baseados no relato de Willian, Bandy e Sander (apud Martarello, 2004), há alguns
músculos que estão envolvidos na coordenação da estabilidade postural, seja no movimento
ou apenas para ficar em pé, e reações posturais. Logo, para ficarmos em pé e não termos um
desequilíbrio postural dependemos, basicamente, dos sinergismos dos músculos entre o tronco
e os membros inferiores, o equilíbrio envolve as ações musculares em torno do quadril,
músculos da coluna e abdômen.
“Os músculos abdominais participam em contração para estabilizar as vértebras para
resistir ao peso, aplicado as contrações nas extremidades e as forças de reação do solo, mas a
sua primordial ação é de sustentação do conteúdo abdominal.” (SMITH; WEISS;
LEHMKUHL, 1997)
25
Pires et al. (1990), afirma que a fraqueza do músculo reto do abdômen resulta em uma
diminuição da capacidade de fletir a coluna vertebral, ou seja: trazer de encontro à pelve, na
posição supina; já na posição ereta permite a Antero - versão de pelve e uma postura lordótica
(convexidade anterior aumentada da coluna lombar).
Uma Ressonância Magnética demonstrou que durante a contração inferior do
abdômen, o transverso do abdômen (TrA) contrai bilateralmente para formar um banda
musculofascial que aperta (colete) e estabiliza a região lombopélvica. (HOGDES et al..,
2003)
Em estudos realizados por Hodges et al. (1999), descobriram que o TrA tem ação
antecipada quando são realizados movimentos naturais e rápidos, unilateral e bilateral, dos
membro em qualquer direção e essa ativação é independente dos músculos do tronco.
Embora, a extensão do tronco seja um movimento importante pra levantar o tronco e
manter a postura ereta, os músculos usados ativamente para estender o tronco também têm
papéis dominantes na flexão de tronco. (HAMILL; KNUTZEN, 2007)
Os mesmos autores citados acima afirmam que vários músculos fazem parte do grupo
muscular extensor, porém, podem ser classificados em dois grupos: os eretores da espinha
(iliocostal, longo, espinhal) e os posteriores profundos ou paravertebrais (intertransversais,
interespinhais, rotadores, multifídio). Os dois grupos musculares correm duplamente para e
para baixo na coluna vertebral e agem estendendo quando ativados bilateralmente rodam ou
fletem lateralmente quando são ativados em apenas um lado.
Segundo Hamill e Knutzen (2007), os três eretores da espinha constituem a maior
massa de músculos contribuindo para extensão do tronco. No entanto, o movimento de
extensão também é produzido pelas contribuições dos músculos vertebrais profundos e outros
músculos específico de cada região. Esses músculos profundos contribuem para a geração de
extensão de tronco e outros movimentos de tronco e também servem para suportar a coluna
vertebral, manter sua rigidez e produzir alguns movimentos finos no segmento móvel.
Segundo Wike et al. (1995) os multífidos são responsáveis por 2/3 da estabilidade
articular em L4/L5. Eles têm ativação tônica em posição de bípede e caminhando, são ativos
na postura ereta, e tem ativação diferente das fibras profundas e superficiais durante o
movimento dos membros inferiores. (MOSELEY et al., 2002)
Só
para
especificar,
pacientes
com
dor
lombar
crônica
têm
multífidos
significativamente menor que em assintomáticos nos níveis de L4/L5. E esses pacientes têm
redução da amplitude de atividade do multífido durante atividades funcionais, do dia-a-dia.
(HOGDES et al., 2003)
26
Para Hamill e Knutzen (2007), os músculos eretores da coluna e multífido possuem de
57% a 62% de fibras musculares Tipo I, mas tem também proporções de fibras do Tipo IIa e
Tipo IIb, tornando-os versáteis funcionalmente, podendo gerar movimentos rápidos forçados
e, ao mesmo tempo, serem resistentes à fadiga para manutenção de posturas por longos
períodos.
Neste sentido, Lippert (1996) descreve o músculo grande dorsal como um forte
agonista na extensão, adução e rotação interna do ombro, devido ao fato de atravessar a
articulação do ombro inferior medialmente em direção do eixo articular. Gold III (1993),
afirma que este músculo se insere no úmero, conjuntamente com o trapézio e agem para
posicionar o ombro e retraí-lo durante levantamento de cargas.
Contudo, a contribuição do transverso do abdômen na estabilização depende da
contração do diafragma e do assoalho pélvico (AP) para manter as vísceras na cavidade
abdominal. (SAPSFORD et al., 2001)
Os mesmo autores supracitados afirmam que, há um aumento na atividade do TrA
durante a contração do AP, logo há um aumento da contração do músculo pubococcígeo
durante a contração voluntária do TrA e quando a pelve está em posição neutra, aumenta a
atividade isolada do TrA. E que durante os exercícios deve realizar uma respiração
diafragmática relaxada, pois se for realizado uma respiração muito apical, a tendência é usar a
musculatura acessória na expiração, forçando a compressão abdominal e causando a descida
do AP.
Assim, o AP apresenta atividade tônica durante os movimentos repetitivos do membro
superior. (HODGES et al., 2003)
Entretanto, a função do glúteo mínimo é: estabilizador primário durante a fase
intermediária e final do ciclo da marcha (HODGES et al., 2003). Desse modo, o glúteo médio
possui a função de controlar a rotação e deslocamento lateral da pelve na cabeça do fêmur em
funções de cadeia fechada, previne queda lateral, em posição neutra é rotador externo, com
40° começa a mudar sua função para rotador interno e a parte mais profunda relacionada com
a estabilidade diminui atividade com presença de disfunção. (HODGES et al., 2003)
2.1.5 Os desvios da coluna vertebral
Os estudos de Bricot (2001) relatam que, o desequilíbrio postural pode ser
considerado uma desarmonia do sinergismo das cadeias musculares que pode acontecer por
27
falha da função dos captadores sensitivos responsáveis por enviar informações ao sistema
nervoso central para manutenção da postura. O mesmo autor, ainda afirma que os captadores
que intervêm prioritariamente no ajustamento postural estático e dinâmico são principalmente,
os pés e os olhos.
Além disso, as alterações posturais são definidas por Bricot (2001) como sendo
resultado das forças contrárias que agem nas superfícies articulares e pelo excesso de
solicitação dos músculos e ligamentos. Isto porque a postura não é regida apenas por um
músculo isolado e sim por um conjunto de músculos, ou seja, depende da harmonia dos
mesmos.
Afirma também, que as alterações posturais são significativamente numerosas em
decorrência da desarmonia muscular e, dentre elas podemos citar a hiperlordose, hipercifose,
escoliose, e como sintomatologias em conseqüência das alterações posturais temos:
lombalgias, cervicalgias e dorsalgias.
2.1.5.1. Hipercifose
Entende-se por hipercifose o aumento da curva convexa, para trás da região dorsal da
raque (OCHOA apud NASCIMENTO, 2005).
Figura 4: Hipercifose torácica
Fonte: RICHARDSON, 2009.
Pela sua origem, a hipercifose pode ser classificada em quatro grupos: posturais ou
atitudes cifóticas; essenciais ou idiopáticas; congênitas e adquiridas (OCHOA apud
NASCIMENTO, 2005).
28
No grupo das cifoses adquiridas podemos considerar como mais importantes as
traumáticas, infeccionais; inflamatórias e neoplásicas que alteram ou destroem a parte anterior
discossomática de um ou mais corpos vertebrais provocando por seu afundamento cuneiforme
e curvatura da coluna para frente, com gibosidade dorsal secundárias (OCHOA apud
NASCIMENTO, 2005).
Já na região lombar não é raro haver uma lombar retificada, ou cifose lombar, que
pode ser desenvolvida pelo posicionamento pélvico ou rigidez na coluna (HAMILL;
KNUTZEN, 2007).
Dessa forma, a cifose cervical é uma curvatura retificada e dobrada posteriormente, e
pelas idéias do autor supra-citado é uma condição menos comum.
Para Magee (2002), é um distúrbio de crescimento vertebral que afeta
aproximadamente 10% da população, e na maioria dos casos várias vértebras são afetadas. A
região mais comum de ocorrência da doença é entre T10 e L2.
2.1.5.2 Hiperlordose
A hiperlordose é o resultado de uma hiperextensão espinhal excessiva, mais
comumente vista na área lombar. “Ela é acompanhada por uma protusão anterior do abdômen
e uma protusão posterior das nádegas [...]” (ALTER, 1999).
Assim sendo, a hiperlordose é um exagero permanente da curva fisiológica das
colunas cervical e lombar, mas é uma correção da curva na região dorsal (BIENFAIT, 1995).
Figura 5: Hiperlordose lombar
Fonte: RICHARDSON, 2009.
29
As curvas de lordose aumentada incluem: deformidade postural; músculos frouxos,
especialmente os abdominais; um abdômen pesado, resultado de gravidez ou peso em
excesso; mecanismos compensadores que resultam de outra deformidade como cifose;
contratura em flexão do quadril; espondilolistese; problemas congênitos, como luxação
congênita bilateral do quadril; falta de segmentação do arco neural ou de um segmento da
articulação facetaria; ou moda como o uso de sapatos de salto alto. (MAGEE, 2002)
No entanto, a lordose lombar é responsável por uma anteversão pélvica de
compensação em um processo descendente. (BIENFAIT, 1995)
Porém, na lordose cervical a tensão dos semi-espinhais da cabeça, que sempre estão
envolvidos, puxa o occipital e faz seus côndilos deslizarem para frente, em posição fletida.
Essa flexão leva o queixo e a linha do olhar para frente e pra cima, (BIENFAIT, 1995).
Portanto, uma lordose cervical geralmente está associada a uma anteriorização da cabeça.
(HAMILL; KNUTZEN, 2007)
2.1.5.1.3 Escoliose
A palavra escoliose tem origem no grego e significa curvatura. Apesar de, a escoliose
ser uma deformidade complexa que deve ser avaliada tridimensionalmente, podemos defini-la
como uma curvatura da coluna vertebral no plano frontal. Ao contrário da cifose e da lordose
que dentro de certos limites, são curvaturas fisiológicas da coluna, a escoliose é sempre
patológica. (BONETTI apud BARROS FILHO; BASILE JÚNIOR, 1997)
Figura 6: Escoliose.
Fonte: RICHARDSON, 2009.
30
As diversas etiologias da escoliose estão relacionadas às diferenças históricas naturais.
Essas histórias naturais variáveis influenciam profundamente o efeito da curvatura na vida do
paciente, e as indicações para tratamento. (WEINSTEIN; BUCKWALTER, 2000)
Figura 7: Testes de verificação de presença de escoliose.
Fonte: Delfino apud Nascimento, 2005.
Bienfait (1995) considera a escoliose como uma afecção de crescimento, e relata que
a gravidade da escoliose geral não está em sua causa inicial, mas em seu grau de evolução.
De acordo com Bonetti (apud BARROS FILHO; BASELI JÚNIOR, 1997), do ponto
de vista de sua flexibilidade a escoliose pode ser classificada em não estrutural e estrutural.
Enquanto, a escoliose estrutural é definida por Weinstein e Buckwalter (2000) como
“uma curvatura lateral fixa com rotação.” A escoliose estrutural é uma deformidade da coluna
vertebral em que ocorrem alterações estruturadas de seus elementos. (BONETTI apud
BARROS FILHO; BASILE JÚNIOR, 1997)
Do ponto de vista etiológico podemos classificar as escolioses pelos tipos a seguir,
baseando-se na classificação de Scoliosis Research Society: escoliose estrutural idiopática,
neuropática, miopática; congênitas; neurofibromatose, doenças do mesenquima, doenças
reumáticas, traumáticas, contraturas extra-espinhais; osteocondrodistrofias, infecções,
doenças metabólicas, alterações lombo-sacras, e tumores constituem esse grupo. (BONETTI
apud BARROS FILHO; BASILE JÚNIOR, 1997)
31
A escoliose idiopática é o tipo mais comum de escoliose estrutural. Desse modo, esse
tipo de escoliose tem predisposição genética, e embora muitas teorias etiológicas tenham sido
propostas sua causa permanece desconhecida. (WEINSTEIN, BUCKWALTER, 2000)
Por conseguinte, a escoliose idiopática é o tipo estrutural de escoliose mais
importante. Inicia-se na infância ou na adolescência e tende a aumentar progressivamente até
cessar o crescimento ósseo. Embora, às vezes provoque deformidades severas e feias,
especialmente quando a região torácica é afetada. (ADAMS; HAMBLEN, 1994)
Sob o mesmo ponto de vista, Weinstein e Buckwalter (2000), a escoliose idiopática
é subclassificada em três grupos, pela idade de surgimento do problema: infantil (0 a 3 anos
de idade), juvenil (3 a 10 anos de idade) e adolescente (mais de 10 anos de idade mas antes da
maturidade).
Entretanto, Mathias e Romero (2009) relatam: “a escoliose idiopática em
adolescentes atinge 75 a 85% dos casos, geralmente adolescentes do sexo feminino. Teoria
das possíveis causas: má formação óssea durante o desenvolvimento, fraqueza muscular
assimétrica, má postura”.
Os fatores que influenciam a probabilidade de progressão da curva no paciente
imaturo são fatores potenciais do crescimento (idade, sexo, maturidade) e fatores da curva
dupla têm maior tendência para progressão que padrões de curvas simples. Em síntese, quanto
maior a magnitude da curva por ocasião da detecção, maior a possibilidade de progressão.
Quanto mais baixo o grau de Risser por ocasião da detecção da curva maior o risco de
progressão. (WEINSTEIN; BUCKWALTER, 2000).
2.1.6 Biomecânica da coluna vertebral
A coluna vertebral tem três funções mecânicas bem definidas: é o eixo de suporte do
corpo; protege a medula e as raízes nervosas; é o eixo de movimentação do corpo.
(KNOPLICH, 1986).
O mesmo autor menciona que os movimentos podem ser mais bem obtidos com uma
estrutura de múltiplas articulações com vários graus de liberdade e eixos de movimentação, as
duas primeiras funções mecânicas da coluna, que são mais estáveis, podem ser melhor obtidas
por uma estrutura sólida.
32
A estabilização dinâmica depende dos sistemas musculares, capsular e ligamentar e
sua inter-relação com as facetas para permitir movimento, e ainda permanecer estáveis
durante a descarga de peso. (GOULD III, 1993)
Assim, pode-se definir que a função de sustentação é realizada pelos elementos
anteriores (corpo vertebral, disco, ligamentos longitudinais anteriores e posteriores), enquanto
os elementos posteriores dos arcos neurais e articulações são responsáveis pela
movimentação. (KNOPLICH; 1986)
As curvas cervical, torácica e lombar têm sido descritas como funcionamentos para
aumentar a capacidade da coluna em suportar a compressão axial. (GOULD III, 1993)
As curvas fisiológicas permitem que a coluna aumente a sua flexibilidade e capacidade
de absorver os choques, enquanto mantém a tensão e estabilidade adequada das articulações
intervertebrais. (KNOPLICH, 1986)
Neste sentido, a mecânica da coluna é específica, comparada com quaisquer outras
mecânicas do corpo, pelo fato de que 24 vértebras são conectadas por discos que servem
como eixo semielástico para os movimentos de coluna, bem como transmissores e
absorvedores de forças. (GOULD III, 1993)
O mesmo autor supracitado relata que os discos localizados entre cada vértebra de C2
até o sacro consistem em duas porções: o núcleo pulposo, e o anel fibroso agem em conjunto
com uma força associada para transmitir, dispensar e absorver forças axiais que adentram a
coluna.
A força da flexão é uma das mais agressivas do disco, podendo causar herniações do
núcleo pulposo. No entanto, as forças de torção ou rotação são mais danosas para o anel
fibroso. E as forças inclinadas, que são forças de compreensão que encontram a estrutura
discal na posição inclinada, atuam causando diversas alterações. (KNOPLICH, 1986)
Knoplich (1986), ainda menciona que se podem identificar mais duas funções
mecânicas da coluna, sendo que a coluna transfere o peso e o movimento de flexão da cabeça
e do tronco para a pélvis; e permite o suficiente movimento entre a cabeça, o tronco e a pélvis.
Sendo assim, a coluna pode ser considerada como uma vara elástica modificada por
causa da flexibilidade da medula espinhal, comportamento de absorção de choque das
vértebras e discos, função estabilizante dos ligamentos longitudinais e da elasticidade dos
ligamentos amarelos. (NORDIN; FRANKEL, 2003)
33
2.2 POSTURA
Termo derivado do italiano positura, com significado original: posição, atitude ou
hábitos posturais (TRIBASTONE, 2001). A coluna vertebral, peça mestra do eixo corporal,
evidentemente encontra-se consideravelmente implicada nos fenômenos posturais. (GAGEY;
2000)
2.2.1 Definição
Segundo o comitê de postura da American of Orthopaedic Sugerious (apud Kendall,
2003): “Postura define-se geralmente como o arranjo relativo das partes do corpo”.
Neste sentido, FERNANDES; AMADIO; MOCHIZUKI (apud MARTARELLO,
2004, p. 27) afirmam que “A postura é uma posição ou atitude do corpo, formada por meio de
arranjo relativo de suas partes para uma atividade específica, ou ainda uma maneira individual
de sustentação orientada em função da força de gravidade.
Desse modo, postura é a posição assumida pelo corpo, quer seja por meio da ação
integrada dos músculos operando para contra-atuar com a força da gravidade, quer seja
quando mantida durante inatividade muscular. (OLIVER; MIDDLEDITCH, 1998)
Roaf (apud KNOPLICH, 1986) define a postura dinamicamente, afirmando que é a
posição que o corpo assume na preparação do próximo movimento. A posição de pé, estática
não seria uma verdadeira postura para o autor.
De acordo com Knoplich (1986), postura envolve o conceito de balanço (equilíbrio),
coordenação neuromuscular e adaptação e deve ser aplicado a um determinado momento
corporal e para uma determinada circunstância – postura para andar, postura para jogar tênis
ou dar a partida para uma disputa de natação.
Conforme Kendall (2003), é a posição do corpo que envolve o mínimo de estiramento
e de “stress” das estruturas do corpo, e com menor gasto de energia para se obter o máximo de
eficiência.
Sendo assim, o principal fator da postura é o tônus muscular, que não é somente a base
da acomodação postural, mas também a expressão das emoções e dos movimentos ou
atitudes. (TRIBASTONE, 2001)
34
Logo a postura normal é mantida por músculos equilibrados, fortes e flexíveis;
articulações funcionando apropriadamente; uma linha de gravidade equilibrada; e bons
hábitos posturais. (GROSS; FETTO; ROSEN, 2000)
2.2.2 Boa e má postura
Para Magee (2002), a postura correta é a posição na qual mínimo estresse é aplicado
em cada articulação. De certo, a postura ereta é a postura em pé normal dos humanos. Se esta
postura for correta, uma atividade muscular mínima mantém essa posição.
Dessa maneira, para desenvolver uma simetria corporal e uma boa postura, a pessoa
deve engajar-se em grandes atividades motoras em vez de especializar-se em uma atividade
que desenvolva somente uma área do corpo. (ALTER, 1999)
Segundo Kendall (2003), quando há um alinhamento ideal de determinadas estruturas
anatômicas, o corpo apresenta sua eficiência máxima com um mínimo de estresse e esforço.
Por conseguinte, as alterações no alinhamento postural podem ser secundarias à má formação
estrutural, degeneração articular, uma mudança no centro de gravidade, maus hábitos
posturais, ou dor. (GROSS; FETTO; ROSEN, 2000)
Todavia, alguma posição incorreta assumida pelo indivíduo pode causar a expressão
de esquemas motores errados e estes, por sua vez, a anunciação de movimentos incorretos.
(TRIBASTONE, 2001).
Qualquer posição que aumenta o estresse sobre as articulações pode ser denominada
postura defeituosa. (MAGEE, 2002)
Os problemas posturais podem ter início numa idade precoce e um número crescente
de crianças parece apresentar dores na região dorsal, sendo a principal causa indicada, a
inadequação das carteiras escolares (OLIVER; MIDDLEDITCH, 1998).
Por fim, se uma pessoa tiver músculos fortes, flexíveis, posturas defeituosas podem
não afetar as articulações, porque elas podem mudar facilmente de posição, fazendo com que
o estresses não sejam excessivos. No entanto, se as articulações forem rígidas ou demasiado
móveis ou os músculos forem fracos ou encurtados, a postura não pode ser facilmente alterada
para o alinhamento correto e o resultado pode ser alguma forma de patologia. (MAGEE,
2002).
35
2.2.3 Fatores que alteram a postura
Brito (2001), divide os fatores que interferem na postura em cinco grupos distintos:
fatores mecânicos, fatores orgânicos secundários a doenças, hereditariedade, raça e fatores
emocionais.
Às vezes, o problema não está na estrutura física da coluna, mas sim na flexibilidade
limitando os movimentos da mesma. Em virtude disto, deformidades podem ter origem
hereditária ou se desenvolver a partir de influências ambientais, padrões culturais da
civilização moderna e sobrecargas sobre o corpo humano, principalmente quanto às atividades
repetitivas, especializadas e excessivas. (KENDALL, 2003)
Diversas características anatômicas podem afetar a postura correta. Por isso, estes
fatores podem ser intensificados ou causar problemas adicionais quando combinados com
estados patológicos ou congênitos. (MAGEE, 2002)
Magee (2002), ainda cita como fatores que alteram a postura: desequilíbrio muscular
ou contratura muscular (Ex.: músculo iliopsoas encurtado aumenta a lordose lombar); dor
(Ex.: pressão sobre uma raiz nervosa); condições respiratórias (Ex.: enfisema), fraqueza geral,
excesso de peso, perda de propriocepção ou espasmo muscular.
A coluna vertebral além dos problemas que ela mesma pode conhecer, é então, o
depósito preferencial de todas as agressões ou desequilíbrios, de qualquer proveniência. Mas
ela deve ser capaz de adaptar-se, sempre salvaguardando o equilíbrio e, se possível, sem
sofrer ela própria com essas torções compensatórias. (SOUCHARD; OLLIER, 2001)
Por todo o complexo da coluna vertebral, atuam cadeias musculares, onde uma tensão
inicial é responsável por uma sucessão de tensões associadas. Cada vez que um músculo se
encurta, ele aproxima suas extremidades e desloca os ossos sobre as quais ele se insere, assim,
as articulações se bloqueiam e o corpo se deforma. Por outro lado, todos os outros músculos
que se inserem sobre esse osso, vão ser alterados pelo deslocamento que se propagará a outros
ossos e músculos e assim sucessivamente. (SOUCHARD; OLLIER, 2001)
Assim, as deformidades estruturais podem ser: o resultado de anomalias congênitas,
problemas de desenvolvimento, trauma ou doença, envolvem principalmente alterações
musculoesqueléticas e não são tão fáceis de correção. (MAGEE, 2002)
Segundo Tribastone (2001), a postura é expressão somática de emoções, impulsos e
regressões. Cada um reflete, inconscientemente, no movimento exterior, a condição interior e
a sua personalidade. “[...] a postura exprime o que experimenta um organismo na situação
36
atual, como ele a vive, e é, por isso, uma resposta global da acomodação a certo ambiente,
uma correlação entre aspectos corporais e mentais do comportamento.”
Quando na fase se estirão de crescimento, por exemplo, a criança não quer parecer
mais alto que os colegas e tem uma tendência a deixar-se encurvar para não salientar
diferença (MAGEE, 2002). Desta maneira, a consciência corporal está associada à
autoconsciência mental e psíquica. E em certas desordens mentais, o indivíduo dissocia a sua
consciência de seu corpo e passa como se fosse outrem. (KNOPLICH, 1986)
Outro fator que aumenta a incidência de dores nas costas está relacionado com a
quantidade de anos que a pessoa chega a viver. E toda atividade a qualquer tempo poderá
danificar os componentes da coluna, produzindo dores nas costas. O cuidado com a coluna
deve ser perpétuo. (KNOPLICH, 1986)
Desse modo, a postura não se altera, constrói-se a partir da vivência corporal e da
modificação da atitude de cada um perante a vida. (BRACCIALLI; VILARTA, 2000)
Dentre os fatores de risco se destacam principalmente a sobrecarga sobre a coluna
vertebral como as mochilas escolares, onde as mesmas contêm material escolar as quais a
maioria dos escolares carregam no dia-a-dia para o colégio. Noone et al
(apud
BRACCIALLI; VILARTA, 2000), descrevem que o transporte de uma carga externa
assimétrica, durante um tempo significativo, por crianças e pré-adolescentes, seria um dos
fatores para o aparecimento de curvas escolióticas. Mostram ainda que crianças podem ter
uma resultante força muscular ineficiente para equilibrar a carga externa, recorrendo à
inclinação lateral da coluna para suportar a carga.
2.2.4 Desenvolvimento postural infanto-juvenil
Após o nascimento, no primeiro dia de vida, a coluna lombar é côncava para frente,
evidenciando uma pequena curva lordótica compensatória na região cervical, que capacita a
criança a erguer a cabeça. Esta curva, também é responsável junto com a musculatura do
pescoço pela manutenção e movimentação da cabeça do bebê. Com cinco meses a curvatura
continua sendo ligeiramente côncava para frente; e somente aos treze meses a coluna lombar
se torna retilínea. A partir dos três anos pode-se observar uma pequena lordose lombar que
aumenta gradativamente até aos 8 anos e adotará sua curvatura definitiva entre 10 e 12 anos
quando esta terá sido amenizada pelo crescimento óssea da criança e pela maior distribuição
de seu peso corporal. (KAPANDJI, 2000)
37
A coluna lombar da criança tem uma curva lombar exagerada. Essa curva acentuada é
causada pela presença do grande conteúdo abdominal, da fraqueza da musculatura abdominal
e da pelve pequena, características das crianças nessa idade. Por volta dos 10 – 12 anos de
idade, esse fator que se modifica quando a musculatura do abdome passa a realizar uma
contenção melhor do conteúdo abdominal. (KENDALL, 2003)
FIGURA 8: Desenvolvimento Postural
Fonte: Avaliação musculoesquelética. Magee, 2002.
Na criança, de acordo com Magee (2002), o centro de gravidade encontra-se no nível
da 12ª vértebra torácica. À medida que a criança cresce, o centro desloca-se para baixo,
acabando por se localizar no nível da segunda vértebra sacral nos adultos. A criança fica em
pé com uma base mais larga e com os joelhos flexionados para manter o equilíbrio. Os
desvios laterais da articulação dos joelhos estão presentes nas crianças pequenas, e
desaparecem progressivamente durante o crescimento. (KAPANDJI, 2000)
O eixo do membro inferior se desenvolve dinamicamente através da primeira década
de vida (YANIV et al., 2006). O joelho valgo ou varo pode ser normal ou anormal,
dependendo da magnitude da angulação e da idade da criança. Assim que a criança começa a
aprender a andar, o varo é habitualmente percebido, havendo então uma diminuição deste por
volta dos 18 – 24 meses passando para o valgismo dos joelhos. A angulação progride, com
pico de amplitude por volta dos 3 – 4 anos e regredindo até o alinhamento com valgismo
fisiológico de 5º a 6º, por volta dos 6 – 7 anos. (MAGEE, 2002)
Durante a adolescência, a postura modifica em virtude das mudanças hormonais com o
início da puberdade e do desenvolvimento musculoesquelético. Os seres humanos apresentam
38
dois estirões de crescimento, um na infância e outro na adolescência. Este segundo estirão de
crescimento dura 2,5 a 4 anos. (MAGEE, 2002)
O aparecimento da puberdade está relacionado com o aumento rápido da velocidade
de crescimento vertebral. (RICHARDS, 2002)
Durante este período, o crescimento é acompanhado por maturação sexual. As
mulheres desenvolvem-se mais rapidamente e mais cedo que os homens. Elas entram na
puberdade entre 8 e 14 anos de idade e dura cerca de 3 anos. (MAGEE, 2002)
Geralmente a partir dos dez anos a menina cresce vários centímetros em pouco tempo,
sua cintura se afina, os quadris se alargam, os seios começam a avolumar-se e surge uma leve
pilosidade no púbis e nas axilas. (BALLONE, 2009)
Os homens entram na puberdade entre 9,5 e 16 anos de idade, e ela dura até 5 anos. É
durante este período que se originam as diferenças corporais entre homens e mulheres, com os
homens tendendo a maior comprimento das pernas e braços, ambos mais largos, menor
largura de quadril, e maior tamanho esquelético global e altura que as mulheres. (MAGEE,
2002)
Em virtude do estirão de crescimento rápido, indivíduos, especialmente homens,
podem parecer desajeitados, e maus hábitos e alterações posturais tendem a ocorrer com mais
freqüência nesta idade. (MAGEE, 2002)
Deste modo, Sacco et al. (apud CAMPOS; SILVA; FISBERG, 2009), observaram a
associação da obesidade com alterações ósteo-articulares pelo excesso de peso corporal,
diminuição da estabilidade e aumento das necessidades mecânicas para adaptação corporal.
2.3 DESARRANJO E DESCONFORTO POSTURAL
O desconforto postural, o qual é caracterizado por dor ou perda de conforto decorrente
de diversos fatores, entre eles, sobrecarga mecânica e condições patológicas. (LÉO apud
MORAES, 2002)
Rash (1991) descreve como sendo a posição que o indivíduo assume no espaço em
função de um equilíbrio osteomusculotendinoso, e ainda completa, que é este equilíbrio de
forças que mantém o corpo na posição desejada evitando danos às estruturas corporais, pois
só assim o indivíduo é então capaz de se sustentar em pé por um longo período de tempo, sem
apresentar dor ou cansaço.
39
Hábitos posturais inadequados, como impostos pela posição sentada, agindo sobre o
organismo humano de forma repetitiva, são capazes de levar seus vários mecanismos de
defesa e ação compensatórias. (MUNHOZ; BRENZIKOFER; VILARTA apud MORAES,
2002).
Para Kisner (1998), muitas algias da coluna são resultado de sobrecargas em áreas
sensíveis a dor, devido à má postura.
Por sua vez, Cailliet (2001), comenta que além da coluna vertebral ser bastante
suscetível à incidência de problemas musculares e distúrbios álgicos, a região cérvico-dorsal,
as extremidades superiores e inferiores, e as demais partes do sistema corporal, também
podem vir a sofrer com os problemas citados, já que estas regiões estão compostas de
numerosos tecidos moles. Portanto, a maioria destes tecidos está concentrada em áreas
sujeitas a sofrer numerosos movimentos, tensões e deformações.
Este autor ainda cita que a dor pode se originar, principalmente pela redução do aporte
sanguíneo (isquemia) resultante da tensão muscular decorrente da manutenção de determinada
postura. As contrações mantidas por longos períodos podem acumular catabólitos no tecido
muscular e ao mesmo tempo prejudicar a irrigação intrínseca. A dor e a hiperestesia podem
ocorrer dentro da massa muscular, como resultado de uma contração, aguda, repetida ou
constante. A contração muscular cria pressão intramuscular, seja esta contração isométrica ou
estática, quando um músculo desenvolve tensão, porém não há movimento e contração
isotônica ou dinâmica, quando há tensão e o movimento ocorre.
Para Gonçalves (apud Nascimento, 2005), quando se estabelece uma relação de
desequilíbrio entre as diversas partes do corpo, uma solicitação excessiva dos elementos de
apoio e uma diminuição do perfeito arranjo das estruturas corporais sobre a base de
sustentação, uma alteração postural começa e se estabelecer.
Já Bienfait (1995) menciona que o aparecimento dos desvios e deformidades na coluna
é causado por erros na funcionalidade das entidades funcionais globais do corpo humano, de
modo que todos os elementos constitutivos são indissociáveis: aponeuroses, tendões e tecidos
musculares contráteis. Este “esqueleto mole”, formado por um imenso tecido conjuntivo
fibroso, quando em desequilíbrio, leva ao surgimento de deformidades e desvios no esqueleto
passivo rígido, formado por ossos interligados por articulações.
A inadequação de posturas adotada principalmente em casa e na escola leva a um
desequilíbrio na musculatura global do corpo, produzindo alterações posturais. (PIRES et al.,
1990).
40
A conscientização precoce da postura e o desenvolvimento de programas de exercícios
em termos de força e flexibilidade contribuem para prevenção de síndromes dolorosas e
desvios da coluna. Na criança, bons hábitos posturais são importantes para evitar sobrecargas
anormais em ossos em crescimento e alterações adaptativas em músculos e tecido mole.
(MONTEIRO apud NASCIMENTO, 2005).
2.3.1 Dor: consequências na musculatura estabilizadora da coluna
A dor é uma sensação em que uma pessoa experimenta desconforto, angustia ou
sofrimento, devido à provocação dos nervos sensitivos. (O’SULLIVAN, 1993)
Todo processo de dor de alguma região do corpo implica necessariamente na presença
de um nervo local e receptor, e da integridade do cérebro como analisador.
(KNOPLICH,1986)
O mesmo autor explica que o caminho da dor segue pelas terminações locais, passa
pela medula espinhal e vai ao cérebro, que registra a sua intensidade, a sua localização, a sua
característica (se é cólica, em queimação ou outro tipo) ou se piora com movimento ou
repouso.
Segundo Cailliet (2001), a contração muscular sustentada descrita como “espasmo” ou
“tensão” é causada por tensão emocional, estímulos dolorosos e trauma. O resultado imediato
é isquemia por compressão dos vasos sanguíneos internos, com acumulação de metabólitos e
consequentemente mais dor que aumenta mais a contração. As sequelas a longo prazo são: a
limitação do movimento articular, atrofia muscular e contratura. Como resultado final ocorre
à incapacidade funcional.
No organismo humano, se todos os movimentos não são executados com equilíbrio
adequado (postura) as estruturas anatômicas sofrem um desgaste precoce que irá criar
condições especiais para que os nervos que saem da coluna, próximos a essas estruturas
desgastadas, sejam agredidos, surgindo as “dores nas costas” tão incômodas às pessoas.
(KNOPLICH, 1986)
Com a dor, há uma diminuição da área seccional transversa da musculatura
estabilizadora, o que deixa mais suscetível a lesões recorrentes, que por sua vez, causa dor, e
essa musculatura não se recupera espontaneamente, portanto, necessita de um trabalho
específico como: a técnica de estabilização segmentar, que tem uma abordagem para
tratamento da dor de origem somática, a qual envolve a restauração da habilidade dos
41
músculos do tronco, incluindo os músculos profundos, para realizar o controle da estabilidade
vertebral dinâmica protegendo a coluna de lesões. (FALLA et al., 2004)
A dor causa uma série de compensações musculares, entre elas podemos citar:
- aumento da fadigabilidade e diminuição da endurance;
- alteração da composição das fibras musculares, alteração da estrutura interna do
músculo tipo I;
- musculatura flexora superficial, a qual apresenta fadiga ipsilateral em paciente com
cervicalgia unilateral e insuficiência na ativação de programas de contração antecipada das
musculaturas cervicais;
- mudança na coordenação muscular, alteração no suporte, potencial para sobrecarga
sobre as estruturas, ou seja, acontece uma força muscular exacerbada, que vai comprimir as
vértebras (FALLA et al.; 2004).
- perda da antecipação do transverso do abdômen em pacientes com dor lombar;
- diminuição da assistência do multífido em pacientes com dor lombar aguda
(HODGES et al., 2003).
- alteração da cinestesia do posicionamento lombar em pacientes com dor lombar;
- diminuição da endurance dos eretores espinhais;
- ameaça ou presença de dor altera ativação muscular;
- o medo da dor pode inibir o transverso do abdômen quando há uma antecipação de
choques (MOSELEY et al., 2002).
2.3.1.1 Cervicalgia
A cervicalgia é uma entidade que se caracteriza pela dor ao nível da coluna cervical
alta, sendo aí incluída a nucalgia (cefaléia da nuca). (KNOPLICH, 1986)
A cervicalgia é caracterizada por limitação funcional e por forte dor na coluna cervical
irradiada, frequentemente, na região da nuca, na região escapular, nas costas e nos ombros.
(TRIBASTONE, 2001)
Greve e Amatuzzi (1999) relatam que a cervicalgia pode ser devido a degeneração do
disco cervical, artrose das articulações uncovertebrais cervicais e se desenvolve a partir uma
combinação hereditária constitucional e ambientais. As alterações de forame intervertebral,
canal vertebral ou artérias vertebrais podem causar a sintomatologia.
42
A dor é despertada por movimentos do pescoço, fortemente limitados. Na cervicalgia,
a coluna torácica é normalmente desviada em uma módica cifose e os músculos paravertebrais
estão quase sempre contraídos. (TRIBASTONE, 2001)
De acordo com o autor supracitado, a cervicalgia crônica é causada por contratura
muscular dos extensores do pescoço, isto é, trapézio superior, os esplênios e a musculatura
posterior da nuca. Junto com a dor, pode-se observar uma retificação da lordose fisiológica e
limitação moderada da mobilidade do pescoço.
2.3.1.2 Dorsalgia
A região dorsal, por apresentar menos mobilidade, é a que tem menor número de casos
de artrose. Entretanto, as dores na região dorsal são frequentemente associadas às patologias
mais raras, como: tumores (principalmente metastáticos), tuberculose, herpes zóster,
achatamento de vértebras, etc. (KNOPLICH, 1986)
Ela também é uma causa frequente da dor abdominal, devido ao espasmo do psoas e
da dor na articulação costovertebral das últimas duas costelas, devido a um ponto gatilho no
quadrado lombar que se insere nesse local. É excepcional que a disfunção toracolombar seja
sentida no seu próprio local. A dor no processo xifóide pode ser secundária à lesão da sétima
ou oitava costela, mas com mais frequencia à tensão dos músculos abdominais. (LEWIT apud
NASCIMENTO, 2005)
Poderão ser causas de dorsalgia: a frouxidão ligamentar, as posturas mantidas por
muito tempo (seja em flexão de tronco, como acontece nos agricultores, ou nas datilografas,
seja com braços elevados, como no caso das cabeleireiras), a sobrecarga (por transporte de
peso, em especial quando não se repartem as cargas), e aos fatores psicossociais (estados de
ansiedade e personalidades emocionalmente lábeis contribuem para que o paciente somatize
seu estado de ânimo através de uma dorsalgia. (GABRIEL; PETIT; CARRIL apud
NASCIMENTO, 2005).
2.3.1.3 Lombalgia
Cailliet (2001), afirma que a dor lombar é uma aflição comum, cuja causa específica e
tratamento preciso, ainda frustram a profissão médica. Há outras doenças do corpo que podem
43
e devem causar dor lombar. Estas condições incluem doenças renais, gástricas, pancreáticas e
intestinais, doenças malignas e outras deformidades ósseas, metabólicas e sistêmicas. Esses
distúrbios devem ser sempre considerados pelo médico se a dor lombar for diferente,
associada a outros sintomas, estranhamento persistente, ou ainda, se não responder aos
tratamentos-padrões recomendados.
Cailliet (2001), afirma que a coluna vertebral é uma estrutura mecânica que sustenta o
indivíduo durante toda sua vida, desafiando a gravidade ou, pelo menos, estando em
equilíbrio com ela, permitindo que o ser humano fique de pé e sente-se, incline-se, abaixe-se,
fique de cócoras, balanceie, volte-se, além disso, funcione durante as atividades da vida
diária. É preciso compreender a função normal da coluna vertebral para entender a função
anormal, que podem causar dor e incapacitação. Em algum local dos tecidos da coluna lombar
há um ponto ou uma parte que está sendo ou foi irritada, estressada, ofendida, lesada, utilizada
de forma inadequada, deteriorada ou, até mesmo, doente. A dor pode ter origem nesta lesão
dos tecidos. Pode-se avaliar, compreender e reduzir a dor, se for possível esclarecer sua
localização.
A lombalgia consiste em uma dor no trato lombar inferior ou na passagem
lombossacral, às vezes, associada a algumas irradiações à nádega ou a face posterior da coxa.
(TRIBASTONE, 2001)
O segmento lombar, em bipedestação, forma uma lordose fisiológica que mantém seu
equilíbrio as expensas da pélvis. A anteversão pélvica, portanto, trará como consequência um
aumento da lordose lombar, enquanto a retroversão a retificará. (GABRIEL; PETIT; CARRIL
apud NASCIMENTO, 2005)
O mesmo autor acima citado relata ainda que a hiperlordose com a conseguinte
anteversão da pelve provocará uma contratura da musculatura posterior. A retificação
dolorosa do segmento lombar poderá ocorrer devido ao espasmo da musculatura eretora da
coluna ou paravertebral.
A experiência dolorosa na região lombar pode ser suscitada por compressão direta das
raízes nervosas, como nos casos de hérnia de disco. (GREVE; AMATUZZI, 1999)
2.4 AMBIENTE ESCOLAR
A incidência dos problemas relacionados aos desequilíbrios posturais é tão frequente e
usual, que a orientação à população para um programa de educação postural, objetivando a
44
consciência corporal, prevenção e compensação dos desequilíbrios do nosso corpo, torna-se
cada dia menos pertinentes. (VERDERI apud BARBOSA, 2002)
Entre 7 e 12 anos, a postura da criança sofre grande transformação na busca do
equilíbrio compatível com as novas proporções do seu corpo. As crianças na fase escolar
podem apresentar problemas posturais, pois passam várias horas em uma posição sentada e,
muitas vezes, em carteiras e cadeiras inadequadas a sua estatura. (PEREIRA; ÁVILA, 2004)
Os hábitos posturais incorretos, adotados desde o ensino fundamental, são motivos de
preocupação. Pelo fato de serem crianças, o esqueleto está em fase de formação, sendo mais
suscetível a processos de deformação e às estruturas musculoesqueléticas, suportando assim,
menos carga. É fundamental lembrar que as estruturas que compõem a unidade vertebral
(ligamentos e disco intervertebral) sofrem um processo de degeneração ao longo da vida e não
possuem mecanismos de regeneração. Sendo assim, o conjunto de alterações de prejuízos
significativos ao sistema musculoesquelético aos escolares, particularmente as estruturas que
compõem a coluna vertebral. (ZAPATER et. at., 2004)
O problema não se encontra apenas nas dimensões do mobiliário e do ambiente
escolar; enfrentam-se, também, dificuldades relacionadas ao transporte do material escolar.
Observando-se que, constantemente, a carga transportada é excessiva e a maneira como se
transporta é ineficiente, Bracciali e Vilarta (2000), relatam que existe uma crescente
preocupação em relação aos problemas posturais de crianças e adolescente, pois a mídia
constantemente coloca em discussão tais problemas, como o transporte de material escolar e
modelos inadequados de carteiras escolares. Ao mesmo tempo, a indústria anualmente lança
novos modelos de mochilas e carrinhos para o transporte do material escolar, em que todos se
preocupam em enfatizar os aspectos ergonômicos de seu produto e os benefícios para a coluna
da criança. No entanto, crianças e adolescente continuam utilizando mobiliário inadequado e
transportando uma carga exagerada em suas mochilas.
2.5 AMBIENTE ESCOLAR X POSTURA NA INFÂNCIA
Kendall et al. (2003), considera importante as observações e a identificação de desvios
posturais em indivíduos em crescimento. Desta maneira, devemos reconhecer que a criança
não se enquadra ao alinhamento ideal estabelecido para os adultos, pois ela encontra-se em
desenvolvimento, exibindo maior mobilidade articular e flexibilidade.
45
Outro ponto a ser considerado é que suas estruturas crescem em velocidades
diferentes, em que a maioria das alterações posturais observadas em crianças, se enquadra na
categoria de desvios do desenvolvimento, que podem melhorar ou mesmo desaparecer sem
qualquer necessidade corretiva. No entanto, quando os desvios tornam-se estáticos, ou
aumentam, temos uma alteração postural típica. Se o desvio vai ou não se tornar permanente,
só podemos determinar por avaliações repetidas e continuas, e não por um único exame.
Nas crianças, bons hábitos posturais são importantes para evitar sobrecargas anormais
nos ossos em crescimento e, também, alterações adaptativas em músculos e outros tecidos
moles, como a fáscia muscular. (KISNER; COLBY, 1998)
Verderi (apud BARBOSA, 2002), afirma que o conhecimento do corpo deve iniciar na
infância, quando a criança está em desenvolvimento e seu corpo sujeito a transformações.
Desequilíbrios articulares, musculares e tendíneos, são todos decorrentes de forças anormais
agindo sobre o corpo, tais como as compressões, torções e rotações. Os danos são grandes
quando não detectados precocemente. Muitos sintomas como dores de cabeça, formigamento
nos braços, dores em diferentes locais do corpo, têm origem nos desequilíbrios posturais.
Para Kendall (2003), as atividades diárias do indivíduo terão influencia favorável ou
adversa na postura. A natureza das atividades e o tempo gasto nelas são fatores determinantes.
Verderi (Idem), afirma que vícios de postura, durante o manuseio do material escolar e nas
atividades diárias na escola, nas quais o corpo do aluno permanece em uma só posição por
tempo prolongado, são observadas em criança em idade escolar.
O assento e a mesa escolar são fatores ambientais importantes para o desenvolvimento
sadio das crianças. Kendall (2003), descrevem que na posição sentada, as coxas devem
posicionar-se horizontalmente, com flexão dos joelhos a 90º e pés com as face plantar inteira
no chão. Ao sentar-se é preciso manter as curvas da coluna, para isso, o encosto deve apoiar a
região intermediária entre a torácica e a lombar. A mesa deve ser levemente inclinada e
próxima o suficiente para os braços apoiarem-se nela. (VERDERI, op. cit.).
Além dos cuidados em sala de aula, a maneira como a criança permanece fora da
escola é de extrema importância para seu desenvolvimento postural. Verderi (Idem), orienta
que as crianças devem evitar sentar em cadeiras sem encostos, sofás muito fofos e fundos,
utilizar mesas muito baixas e sentar no chão ao fazer as tarefas de casa.
Algumas considerações sobre a maneira mais adequada dos alunos levarem o material
escolar são pertinentes. A mochila deve ser carregada na altura do dorso, apoiada nos ombros,
distribuindo o peso entre o lado direito e o esquerdo da coluna. Deve estar posicionada
próxima as costas com as alças bem ajustadas, sem folgas, pois assim evitam a sobrecarga na
46
região dorsal que pode levar a uma hipercifose torácica. Como compensação da hipercifose
torácica o corpo desenvolve hiperlordose lombar e cervical, com a projeção da cabeça para
frente (VERDERI, Idem).
Com base em dados epidemiológicos, fisiológicos e biomecânicos o peso da mochila
nunca deve ultrapassar 10 a 15% do peso da criança. Quando a carga da mochila é superior à
capacidade de sustentação dos grupos musculares, ocorre sobrecarga para a coluna vertebral,
podendo determinar alterações posturais, dor ou disfunção da mesma (RODRIGUES;
MONTEBELO e TEODORI, 2008).
Barbosa et al. (2002), percebem que os problemas posturais são diversos. As posturas
adotadas pelas crianças, necessárias às atividades, sofrem influências diversas como a
manutenção da postura por grande período de tempo, arquitetura desfavorável do imóvel,
dificuldades ergonômicas no transporte do material escolar, disposição e proporções
inadequadas no mobiliário e atividades desenvolvidas em sala de aula e no lar. Essa influência
pode ser responsável pela manutenção, aquisição ou agravamento de alterações posturais na
criança em idade escolar. A identificação de posturas erradas permite a inserção de atividades
compensatórias, prevenindo as alterações posturais dentro do ambiente escolar.
2.6 MOCHILA ESCOLAR E AS LEIS
O transporte do material escolar é um dos grandes problemas enfrentados pelos alunos
que transportam diariamente uma carga de 4,33 Kg até 7,60 Kg, equivalente ao material
escolar em suas mochilas. (REBELLATO; CALDAS; VITTA apud BRACCIALLI;
VILARTA, 2000).
Os mesmos autores supracitados, em seus estudos, sugeriram que as crianças deveriam
transportar, no máximo, cargas que fossem iguais à força dos grupos musculares, de acordo
com a idade e com o tipo de equipamento que utilizam para o transporte de carga.
Noone (apud BRACCIALLI; VILARTA, 2000) menciona que o transporte de uma
carga externa assimétrica, durante um tempo significativo, por crianças e pré-adolescentes,
seria um dos fatores que contribuem para o aparecimento de curvas escolióticas. Mostraram
ainda que crianças podem ter uma resultante de força muscular ineficiente para equilibrar a
carga externa, recorrendo à inclinação lateral da coluna para suportar a carga. Os mesmos
autores demonstram ainda que o transporte de um peso assimétrico de 250N equivale ao
47
transporte de um peso simétrico de 1000N em relação à compressão exercida na região
inferior da coluna.
Segundo especialistas, o peso da mochila não deve ultrapassar 10% do peso do
usuário. A assembléia legislativa estadual derrubou um veto do governo catarinense e
promulgou a Lei nº 10.759/98, a qual determina que o peso de mochilas, pastas e similares
não deve ultrapassar 5% do peso de criança da pré-escola e 10% do peso do aluno de 1º Grau,
percentual, inclusive, indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). (IDEC, apud
NASCIMENTO, 2005).
Em um estudo realizado em Milão, Itália, por Negrini (apud MORAL; SÁNCHEZ;
MARÍN, 2004) constatou-se que o transporte do material escolar em mochila ocasiona, em
alunos de escola primária, dor na coluna em 46,1%. Os autores do estudo concluem que levar
peso diariamente é uma causa de desconforto para os alunos, recomendando, portanto, a
redução de peso carregado nas mochilas levadas pelos alunos, porque excede
proporcionalmente os limites legais estabelecidos para os adultos.
Deve-se, ainda, considerar que os escolares fazem trajetos relativamente curtos com a
mochila em sua coluna, com uma media estimada de meia hora de duração. Incluindo em
casos de carga excessiva, este tempo é insuficiente para provocar lesões ou problemas na
coluna. (FERRANTE apud MORAL; SÁNCHEZ; MARÍN, 2004)
No entanto, no transporte de cargas os músculos se vêm obrigados a uma série de
ajustes posturais, que exigem contrações isométricas que, se repetem ou se mantêm no tempo,
ocasionando distúrbios circulatórios e químicos a nível intramuscular que terminarão por
ocasionar as chamadas contraturas. Outro aspecto a ser observado é a modificação da postura
que meninos e meninas realizam para compensar as cargas da mochila. Contudo, ao efetuar
essa manobra se desloca mais adiante, aumentando a lordose fisiológica, acrescentando por
sua vez o ângulo sacro alterado. Como resultado, esta modificação ocasiona um aumento de
estresse no deslizamento das vértebras L5-S1. (MORAL; SÁNCHEZ; MARÍN, 2004).
Atualmente, as pesquisas indicam a prevalência de crianças com problemas posturais,
quadro álgico, sobrecarga nas mochilas escolares, tendo início no Ensino Básico e se prolonga
na adolescência e na vida adulta. Este tipo de preocupação, felizmente, chegou aos nossos
governantes, que entenderam a importância de se criar uma lei que tem como objetivo,
prevenir as possíveis alterações posturais causadas pela sobrecarga no transporte da mochila
escolar. Sendo assim, os mesmos elaboram uma lei dispondo sobre o peso máximo tolerável
do material escolar a ser transportado, cada Estado possui suas próprias leis:
48
- Rio Grande do Sul rege a Lei nº 42/48, 1998;
- Rio de Janeiro, Lei de nº 2772, de 25 de Agosto de 1997;
- Santos, com a Lei de nº 2.084, de 17 de Fevereiro de 2003;
- Santa Catarina rege a Lei de nº 10.759, de 16 de Junho de 1998.
49
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Verificar a relação entre a ocorrência de dor e desvios posturais da coluna e a
sobrecarga das mochilas escolares em crianças do Ensino Básico.
3.2 ESPECÍFICOS
1) Identificar a prevalência dos desvios posturais (hiperlordose, hipercifose
e
escoliose) das crianças de 9 a 11 anos da 4ª série do Ensino Básico avaliadas;
2) Relacionar a ocorrência de dor com os desvios posturais na coluna das crianças
avaliadas;
3) Correlacionar a sobrecarga da mochila escolar (> 10% do peso da criança) com os
desvios posturais dos escolares;
4) Correlacionar os desvios posturais com a forma de carregar a mochila;
5) Correlacionar a sobrecarga da mochila escolar com possíveis casos de algias;
50
4. DELINEAMENTO DA PESQUISA
4.1 TIPO DE PESQUISA
O presente estudo se caracteriza por ser uma pesquisa de campo do tipo Inquérito
Transversal Quantitativo Analítico. Em virtude disto, foi utilizado como instrumentos de
coleta de dados um questionário de autoria das próprias autoras e uma ficha de avaliação
postural.
4.2 POPULAÇÃO / AMOSTRA
A população foi constituída por alunos do Centro de Serviços Educacionais do Pará
(CESEP), na faixa etária de 9 a 11 anos de ambos os sexos da 4ª série do Ensino Básico, que se
inscreveram para o estudo, e a amostra foi constituída daqueles que dentro da população,
apresentaram-se em todas as etapas e que entregaram o termo de consentimento livre e
esclarecido assinados pelos responsáveis. Optou-se por essa idade devido à maioria dos
estudantes, nesta faixa etária, serem aptos a fornecer informações fidedignas ao questionário.
Desse modo, foram selecionados 62 alunos dos quais 40 deles preencheram os
critérios de inclusão e trouxeram os termos de consentimento livre e esclarecido assinados
pelos responsáveis. Dos 40 alunos componentes da amostra, 25 eram do sexo feminino, e 15
dos alunos eram do sexo masculino.
4.2.1 Critérios de inclusão e exclusão
Foram inclusos no estudo, estudantes da 4ª série do Ensino Básico do Colégio CESEP
com idade entre 9 a 11 anos que utilizavam mochila na lateral ou nas costas de duas alças,
munidos do termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos responsáveis.
Assim, foram excluídos, os indivíduos que não se enquadraram nos critérios de
inclusão.
51
4.3 INSTRUMENTOS E COLETA DE DADOS
Foi utilizado para coleta de dados: questionários elaborados pelas próprias autoras,
fichas de avaliação postural básica e uma balança calibrada.
O questionário é composto de dados pessoais (nome, idade, sexo, série, data de
nascimento, peso da mochila e da criança, formas de carregar a mochila e a Escala Visual
Analógica – EVA (Apêndice A).
Uma balança da marca Health Scale, máximo 150 kg / 330 lb – d = 0.1 kg / 0.2 lb.
Digital ping Na Chen. Qc 06. Turno n auto & Switch by shake, para verificar o peso dos
escolares e das mochilas.
A ficha de avaliação postural, baseada na Avaliação Postural do Instituto Polestar
Pilates Estúdio e Reabilitação (Anexo C).
Foi entregue aos alunos o Termo de Concentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
apresentando informações sobre a pesquisa, seu objetivo e sua importância (Anexo B).
4.4 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da
Amazônia (CEP - UNAMA) por meio do Protocolo Nº. 293984/09, sob a orientação da
Pesquisadora Angélica Homobono Nobre, e está de acordo com os princípios éticos adotados
pela Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (CONEP) em cumprimento à Resolução CNS Nº
196/96 referente à pesquisa envolvendo seres humanos.
O primeiro momento da pesquisa refere-se à seleção da amostra, composta por alunos
do Ensino Básico do Colégio CESEP, que foram notificados e esclarecidos por meio da
psicóloga da instituição, a qual entregou um informativo confeccionado pelas pesquisadoras
juntamente com o termo de consentimento livre e esclarecido, expondo os objetivos da
pesquisa e de sua importância, para que os alunos entregassem aos responsáveis. Ao se
interessarem, os pais assinaram o TCLE, permitindo que seus filhos participassem de todas as
etapas da pesquisada (avaliação postural, questionário e pesagem das mochilas e dos alunos).
Dessa forma, as crianças deveriam trazer este documento assinado pelos responsáveis, para
participar do processo de coleta de dados.
52
O segundo momento foi a coleta de dados, realizada no Colégio CESEP, onde foram
cedidas salas para a realização da pesquisa, sendo que meninas e meninos foram avaliados
separadamente, para evitar possíveis constrangimentos para as crianças.
Assim sendo, na primeira etapa da coleta de dados, foram colhidos os dados pessoais e
aplicado o questionário, logo após foi solicitado a todos os alunos que ficassem descalços. Os
alunos do sexo feminino participaram da avaliação postural vestidos de “short” e “top” e os
alunos do sexo masculino, de bermuda.
Pouco depois, a pesquisadora realizou a avaliação postural com o aluno na posição
anatômica, nos planos anterior, posterior e lateral.
Após a avaliação postural foi verificado o peso da criança e da mochila, e o cálculo de
sobrecarga foi feito posteriormente no programa Microsoft Excel 2000.
Deste modo, cada etapa da avaliação (questionário/avaliação postural/verificação do
peso da criança e da mochila) foi realizada por uma pesquisadora específica, evitando assim
possíveis vieses.
Ao final da pesquisa foi realizada uma palestra esclarecendo sobre a melhor forma de
carregar a mochila, como melhorar a postura, os efeitos da sobrecarga à coluna e como evitar
desvios posturais, para alunos, pais e professores.
4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RESULTADOS
Os dados colhidos do questionário foram digitados numa planilha de dados eletrônicos
do programa Microsoft Excel 2000.
Para avaliar a associação entre sobrecarga da mochila e alterações posturais foram
aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. De fato, a estatística descritiva
constou das medidas de tendência central e variação. No entanto, a parte inferencial constou
de testes de hipóteses.
A prevalência foi determinada a partir do cálculo das proporções de desvios posturais
na amostra de 40 crianças.
A associação de níveis de dor com os desvios posturais foi avaliada pelo teste de
Mann-Whitney.
A presença de desvios posturais associados à sobrecarga foi avaliada pelo teste Exato
de Fisher. (AYURES, 2007)
53
A avaliação da associação entre as formas de carregar a mochila e os desvios posturais
foi avaliada pelo teste do Qui-Quadrado.
A correlação entre a sobrecarga da mochila e os níveis de dor foi avaliada pelo método
de Pearson. O qual foi previamente fixado o nível de significância alfa = 0.05 para rejeição da
hipótese de nulidade. Os testes de hipótese foram efetuados pelo software BioEstat versão 5.
54
5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS
5.1 RESULTADOS
A partir desse capítulo, procuramos descrever os dados colhidos em nossa pesquisa.
Como objetivo, priorizamos traçar um perfil das alterações posturais encontradas, dos
desconfortos corporais (algias), formas de carregar as mochilas escolares e suas relações.
Para maiores esclarecimentos estes dados são descritos a seguir em forma de gráficos
e tabelas, e correlacionando os achados com dados bibliográficos.
A partir da análise dos dados coletados por meio do questionário, da avaliação postural
e da pesagem das mochilas e dos escolares do Colégio CESEP, em Belém-PA, os resultados
obtidos serão descritos abaixo. A amostra foi composta por 40 escolares do sexo feminino e
masculino, com idade entre nove e 11 anos, estudantes da 4ª série do ensino básico. Dos 40
alunos avaliados, 62.5% apresentavam hiperlordose, 57.5% apresentavam escoliose e 22.5%
apresentavam hipercifose.
Dentre aquelas crianças que apresentavam hiperlordose e hipercifose, a sensação de
dor não foi significante. Porém, nas crianças que apresentavam escoliose, os níveis de dor
eram significativamente maiores do que naquelas que não apresentavam esse desvio postural.
A relação entre a sobrecarga da mochila escolar e a presença de hiperlordose ficou
evidente pelo fato de que 80% das crianças com esta alteração postural usavam mochila com
sobrecarga (maior que 10% do seu próprio peso). Entretanto, a relação entre a sobrecarga da
mochila escolar e as alterações posturais hipercifose e escoliose, não se mostrou real, visto
que entre as crianças com hipercifose, havia 55.6% que usavam mochilas com sobrecarga,
contudo, entre as crianças sem tal alteração de postura, a proporção de sobrecarga da mochila
aumentava para 71%. Semelhante à alteração postural anteriormente mencionada, entre as
crianças com escoliose havia 65.2% que usavam mochilas com sobrecarga, por outro lado
entre as crianças sem escoliose a proporção de sobrecarga da mochila aumentava para 70,6%.
Em relação ao modo de carregar a mochila escolar, pode-se afirmar que a escoliose e a
hiperlordose estão associadas ao hábito de utilizar a mochila lateralmente ao corpo.
O trabalho em questão mostrou, ao final, que a sobrecarga da mochila escolar não tem
relação com quadros álgicos.
As prevalências foram determinadas a partir do cálculo das proporções em amostra de
40 crianças. O resultado apurado evidenciou que o desvio postural hiperlordose (62.5%) é o
55
mais prevalente, seguido de escoliose (57.5%) e hipercifose (22.5%), conforme mostram a
tabela 1 e a figura 1.
Tabela 1 - Prevalências de Hiperlordose, Hipercifose e Escoliose, (n=40).
CASOS
PREVALÊNCIA
HIPERLORDOSE
25
62.5%
HIPERCIFOSE
9
22.5%
ESCOLIOSE
23
57.5%
Fonte: Protocolo da pesquisa, 2009.
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Hiperlordose
Hipercifose
Escoliose
Gráfico 1 - Prevalências de Hiperlordose, Hipercifose e Escoliose, (n=40).
56
Entre as 40 crianças avaliadas, a presença de hiperlordose (n=25) não aumentou
significativamente a sensação de dor (p-valor = 0.8015). por sua vez, as crianças que
apresentavam hipercifose (n=9) não apresentavam níveis diferenciados de dor (p-valor =
0.1089). Entretanto, as crianças portadoras de escoliose (n=23) apresentaram níveis de dor
significativamente maiores (mediana = 7) em relação às que não apresentavam aquele desvio
postural (mediana = 4), observe que o p-valor = -0.0389* é estatisticamente significante,
conforme mostram a tabela 2 e a figura 2.
Tabela 2 - Variação e tendência de dor conforme os desvios posturais: Hiperlordose, Hipercifose e Escoliose,
(n=40)
HIPERLORDOSE
HIPERCIFOSE
ESCOLIOSE
Presente
Ausente
Presente
Ausente
Presente
Ausente
Ocorrências
25
15
9
31
23
17
Mínimo
2
1
2
1
2
1
Máximo
10
9
9
10
10
9
Amplitude total
8
8
7
9
8
8
Mediana
5
5
8
5
7
4
Primeiro quartil
3
4
5
3
5
2
Terceiro quartil
7
8
8
7
8
7
Fonte: Protocolo da pesquisa, 2009.
p-valor (hiperlordose) = 0.8015, Teste de Mann-Whitney
p-valor (hipercifose) = 0.1089, Teste de Mann-Whitney
p-valor (escoliose) = 0.0389*, Teste de Mann-Whitney
Escala de Dor
10
8
*
6
4
2
0
Presente
Ausente
Hiperlordose
Presente
Ausente
Hipercifose
Presente
Ausente
Escoliose
Gráfico 2 - Variação e tendência de dor conforme os desvios posturais: Hiperlordose, Hipercifose e
Escoliose, (n=40).
57
A avaliação da presença de hiperlordose associada à sobrecarga da mochila escolar foi
evidenciada pelo fato que, entre as crianças com hiperlordose, havia 80% que usavam
mochilas com sobrecarga, por outro lado entre as crianças sem hiperlordose, a proporção de
sobrecarga da mochila caía para 46.7%. Para avaliar essa diferença foi aplicado o teste exato
de Fisher o qual evoluiu para o p-valor = 0.0412* que é estatisticamente significante,
indicando que existe uma real associação entre o peso excessivo da mochila e a presença do
desvio postural, conforme mostram a tabela 3 e a figura 3.
Tabela 3 - Presença de Hiperlordose associada à sobrecarga da mochila escolar.
COM HIPERLORDOSE
SEM HIPERLORDOSE
TOTAL
n
%
n
%
COM SOBRECARGA
20
80.0%
7
46.7%
27
67.5%
SEM SOBRECARGA
5
20.0%
8
53.3%
13
32.5%
TOTAL
25
100.0%
15
100.0%
40
100.0%
p-valor = 0.0412*, teste Exato de Fisher
ComSobrecarga
Sem Sobrecarga
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Com Hiperlordose
Sem Hiperlordose
Gráfico 3 - Percentuais de Hiperlordose e a sobrecarga da mochila escolar.
58
Na avaliação da presença de hipercifose associada à sobrecarga da mochila escolar foi
mostrado que entre as crianças com hipercifose, 55.6% delas usavam mochilas com
sobrecarga. Por outro lado, entre as crianças sem hipercifose, a proporção de sobrecarga da
mochila aumentava para 71%. Essas proporções foram comparadas pelo teste Exato de Fisher,
o qual evoluiu para o p-valor = 0.4371, que não é significante, indicando que não existe uma
real associação entre o peso excessivo da mochila e a presença desse desvio postural,
conforme mostram a tabela 4 e a figura 4.
Tabela 4 - Presença de Hipercifose associada à sobrecarga da mochila escolar.
COM HIPERCIFOSE
SEM HIPERCIFOSE
TOTAL
n
%
n
%
COM SOBRECARGA
5
55.6%
22
71.0%
27
67.5%
SEM SOBRECARGA
4
44.4%
9
29.0%
13
32.5%
TOTAL
9
100.0%
31
100.0%
40
100.0%
p-valor = 0.4371, teste Exato de Fisher
Com Sobrecarga
Sem Sobrecarga
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Com Hipercifose
Sem Hipercifose
Gráfico 4 - Percentual de Hipercifose associada à sobrecarga da mochila escolar.
59
Na avaliação da presença de escoliose associada à sobrecarga da mochila escolar foi
mostrado que, entre as crianças com escoliose, havia 65.2% que usavam mochilas com
sobrecarga. Por outro lado, entre as crianças sem escoliose, a proporção de sobrecarga da
mochila aumentava para 70.6%. Essas proporções foram comparadas pelo teste Exato de
Fisher o qual evoluiu para o p-valor = 0.7479, que não é significante, indicando que não
existe uma real associação entre o peso excessivo da mochila e a presença desse desvio
postural, conforme mostram a tabela 5 e a figura 5.
Tabela 5 - Presença de Escoliose associada à sobrecarga da mochila escolar.
COM ESCOLIOSE
SEM
ESCOLIOSE
TOTAL
n
%
n
%
COM SOBRECARGA
15
65.2%
12
70.6%
27
67.5%
SEM SOBRECARGA
8
34.8%
5
29.4%
13
32.5%
TOTAL
23
100.0%
17
100.0%
40
100.0%
p-valor = 0.7479, teste Exato de Fisher
Com Sobrecarga
Sem Sobrecarga
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Com Escoliose
Sem Escoliose
Gráfico 5 - Percentual de Escoliose associada à sobrecarga da mochila escolar.
60
Para avaliar a associação entre as formas de carregar a mochila e os desvios posturais
foi utilizado o teste do Qui-Quadrado, o qual apontou que os desvios hiperlordose (p-valor =
0.0003*) e escoliose (p-valor = 0.0123*) estão associados ao hábito de carregar a mochila
para o lado, conforme mostram a tabela 6 e a figura 6.
Tabela 6 - Formas de carregar a mochila e os desvios posturais.
HIPERLORDOSE
HIPERCIFOSE
ESCOLIOSE
Como carrega a mochila
n
%
n
%
n
%
PRA TRÁS
22
88.0%
6
66.7%
18
78.3%
LATERAL
3
12.0%
3
33.3%
5
21.7%
TOTAL
25
100.0%
9
100.0%
23
100.0%
p-valor (hiperlordose) = 0.0003*, Qui-Quadrado
p-valor (hipercifose) = 0.5032, Teste G
p-valor (escoliose) = 0.0123*, Qui-Quadrado
Gráfico 6 - Distribuição dos desvios posturais conforme a maneira de carregar a mochila.
61
A análise de correlação entre a sobrecarga da mochila e os níveis de dor foi avaliada
pelo método de Pearson, o qual obteve p-valor = 0.8086 e um coeficiente de correlação
(r=0.0399) que não tem significância estatística indicando que não existe real associação entre
esses dois fatores, conforme mostra a figura 7.
Gráfico 7 - Diagrama de dispersão da Dor em relação à sobrecarga da mochila.
5.2 DISCUSSÃO
A partir da análise dos dados coletados em nossa pesquisa, observou-se que a
hiperlordose (65.5%) é a mais prevalente, seguida de escoliose (57.5%) e hipercifose (22.5%).
O mesmo, também, foi observado em um estudo realizado no município de Guaraniaçu com
40 escolares na faixa etária de 10 a 12 anos, estudantes de 5ª a 6ª série do ensino fundamental.
Nesta pesquisa, o autor realizou uma avaliação postural, na qual 45% apresentaram uma
lordose lombar aumentada e 25% com presença de escoliose (MIORANZA, 2007). Portanto,
percebe-se que esta pesquisa apresenta um percentual próximo ao encontrado no presente
estudo.
62
Outro dado significativo para nossa pesquisa foi encontrado em um levantamento de
dados preexistentes em fichas de avaliação postural arquivadas de 2004, aplicadas em
escolares do 2º ao 5º ano do ensino fundamental das escolas municipais da cidade de Porto
Ferreira – SP. Nesse estudo foram analisadas 465 fichas de avaliação postural de crianças com
idades entre sete a doze anos de ambos os sexos. Do total de fichas avaliada, observou-se que
em 50% houve alteração na coluna torácica, 68% mostraram alteração na coluna lombar e
28% apresentaram gibosidade. A presença de gibosidade não pode ser indicativa de escoliose,
pois não foram realizados exames de imagem nesse estudo, mas sugere tendência para
alteração da curvatura lateral da coluna vertebral (CONTRI et al., 2009).
Ao contrário ao nosso estudo Carneiro et al.. (2005), em pesquisa realizada com
escolares de uma escola do sudoeste da Bahia foram encontrados para hiperlordose 17,4%,
hipercifose 30,5% e escoliose 69,6%, sendo a escoliose de maior índice.
Jassi; Pastre (2004), em estudo com 169 crianças da 1ª a 6ª do ensino fundamental da
cidade de Adamantina-SP, com idades entre seis a 11 anos, realizou uma avaliação postural
em cada criança. O resultado coletado nesta pesquisa mostrou que: hipercifose torácica
25.4%, seguida pela escoliose tóraco-lombar 24.3% e a hiperlordose lombar 15,4%.
Diante de todo esse dado vale apena entender que entre sete a 14 anos de idade, a
postura da criança sofre grande transformação na busca do equilíbrio compatível com as
novas proporções de seu corpo. Nessa idade, em que sua mobilidade é extrema, associada ao
surgimento dos hormônios sexuais, a postura se adapta às atividades que ela está
desenvolvendo (PEREZ, 2002).
Correa; Perreira; Silva (apud CONTRI et al.,2009), relata que os desvios posturais que
ocorre em crianças, na fase de crescimento, podem aumentar durante as atividades escolares e
que não existe conhecimento específico por parte dos educadores sobre esse assunto.
As alterações posturais na infância podem ser um dos fatores que predispõe a
condições degenerativas da coluna no adulto, manifestadas geralmente por um quadro álgico,
tornando necessário estabelecer mecanismos de intervenção como meio profilático
(BRACCIALLE; VILARTA 2000).
Detsch; Candoti (2001), comentam que até os nove anos de idade, a presença da
hiperlordose lombar é considerada como alteração do desenvolvimento, uma vez que não há
estabilidade postural, gerando a necessidade de busca pelo equilíbrio corporal por meio da
protusão abdominal e aumento da inclinação pélvica anterior. A partir dos nove anos de idade,
este processo não é mais necessário, e a hiperlordose lombar passa a ser mesmo uma alteração
63
postural patológica, que deve receber intervenção terapêutica a fim de evitar agravação do
problema.
Em relação à dor com desvio postural nossa pesquisa apresentou que as crianças com
hiperlordose e hipercifose não apresentaram valores significativos quando relacionados com o
relato de dor. Entretanto, as crianças com escoliose apresentaram níveis significantes de dor
estatisticamente.
Na literatura não foram encontrados dados com referencias à dor e desvio postural. No
entanto, todos os estudos pesquisados relataram presença de dores em crianças do ensino
fundamental, como demonstra um estudo realizado por Ritter; Souza (2006), com 86 crianças
do ensino fundamental da cidade de Porto Alegre, onde foi verificado que à dor era a terceira
causa mais frequente á afetar as crianças e adolescente em suas atividades escolares e de
Lazer.
Segundo Cailliet (1976), a dor pode originar-se na área da coluna devido a uma das
três maneiras básicas: 1- tensão anormal sobre uma coluna normal; 2- esforço normal sobre
uma coluna anormal; e 3- esforço normal sobre uma coluna normal, porém, despreparada para
o esforço.
Sabemos que vários são os fatores que influem no aparecimento de algias e desvios na
coluna vertebral, que a adoção de medidas de prevenção de agravos posturais incluem a
orientação de posturas adequadas de forma que o indivíduo possa ter um menor gasto
energético e proteja sua coluna. A coluna sofre quando nos mantemos muito tempo numa
mesma posição, ou quando adotamos posições que aumentam as curvas fisiológicas, quando
realizamos grandes esforços ou pequenos esforços repetidos, ou quando realizamos
movimentos bruscos ou adotamos posturas muito forçadas (MANGUEIRA, 2004).
Analisando os problemas relacionados às dores na região da coluna vertebral, segundo
Bankoff et al.. (2004), procurou caracterizá-las e defini-las a partir da observação de sua
intensidade e frequência, identificando as principais causas para as dores e indicando dois
fatores que incidem diretamente no problema, sedentarismo e posturas inadequadas.
No entanto, Mangueira (2004), de acordo com sua pesquisa, comenta em relação à
presença de dor, que 72,9% dos estudantes referiram dor na coluna. Estas dores estavam mais
localizadas na região torácica (40,4%) e lombar (41,0%). Já Lee (apud CARVALHO;
PAMATO, 2008), associa que técnicas incorretas de carregar objetos pesados muitas vezes
são responsáveis pela instalação de dor aguda na região lombar, pélvica e do quadril.
Contudo, Mangueira (2004) contribui para essa problemática, que é considerado correto
conduzir o material numa mochila (quando as duas alças estão devidamente nos dois ombros),
64
na bolsa universitária, por dividir o peso do material nos dois lados e na mochila com
carrinho, por livrar o peso do material do tronco do indivíduo. Entretanto, para Lovato; Silva
(apud MIORANZA, 2007), os problemas de deformidades na postura são causados por
inúmeros fatores, mas sem dúvida alguma o peso das mochilas é um fator extremamente
evidente. Dessa forma, os mesmos acrescentam que a fase mais crítica é no período em que a
criança está na fase de maior crescimento, quando dizemos que ela “esticou”. Ela ainda
ressalta que o agravante é o ato repetitivo, uma vez que a criança carrega o material cinco
vezes por semana, ao longo de muitos anos.
Ainda, os autores acima lembram que o peso excessivo da mochila faz com que a
criança ou adolescente incline seu corpo para o lado ou para frente. Uma vez que, as
consequências vão desde uma escoliose – inclinação lateral da coluna; hiperlordose –
aumento da curvatura lombar (concavidade localizada na região da cintura) ao hipercifose –
aumento da curvatura localizada na região dorsal (corcunda). Da mesma forma, Bardini (apud
ALEMEIDA 2006), afirma que “[...] o esforço excessivo nas costas pode ocasionar o desvio
postural, levando a doenças como a escoliose ou sobrecarga ou desgaste de disco lombar”.
Com relação à sobrecarga da mochila escolar associado a alterações posturais nossa
pesquisa mostra que entre as crianças com hiperlordose, havia 80% que usavam mochilas com
sobrecarga, por outro lado entre as crianças sem hiperlordose a proporção de sobrecarga da
mochila caia para 46.7% o qual é estatisticamente significante, indicando que existe uma real
associação entre o peso excessivo da mochila e a presença do desvio postural. Já na
hipercifose a pesquisa nos mostrou que entre as crianças com este tipo de desvio postural
havia 55.6% que usavam mochilas com sobrecarga e as crianças sem hipercifose a proporção
da sobre cargo da mochila escolar aumentava para 71%, indicando que não existe uma real
associação entre o peso excessivo da mochila e a presença desse desvio postural. Na avaliação
da presença de escoliose associado à sobrecarga da mochila escolar mostra que, entre as
crianças com escoliose havia 65.2% que usavam mochilas com sobrecarga e nas crianças sem
escoliose essa proporção de sobrecarga aumentou para 70.6%, identificando também que não
existe uma real associação entre o peso excessivo da mochila e a presença de escoliose.
Ferst (2003), em um estudo objetivando a relação do uso da mochila escolar com o
surgimento e⁄ou aumento de desvios posturais na coluna vertebral em 105 alunos da 5ª série
do Ensino Fundamental do Colégio Militar de Curitiba, sob duas avaliações posturais
comparativas, com um intervalo de aproximadamente um ano e quatro meses, e também um
controle semanal das mochilas, por meio de uma pesagem, concluiu que os desvios posturais
que podem surgi são a escoliose, a lordose e a cifose; o surgimento e⁄ou aumento dos desvios
65
posturais na segunda avaliação em relação à primeira foi significante; quanto maior for o peso
da mochila, maior será a possibilidade do aluno, tanto masculino como feminino, de
desenvolverem algum tipo de desvio postural; existe um aumento no peso das mochilas com a
evolução das séries e que é significante o surgimento e⁄ou aumento dos desvios posturais na
coluna vertebral, porém é importante um acompanhamento do crescimento corporal do aluno,
tanto familiar quanto escolar, pois as mochilas, conforme os cálculos estatísticos, conforme
seu peso pode oferecer risco à saúde postural do aluno.
Rebelatto; Caldas; Vitta (1991), examinaram 197 estudantes, de ambos os sexos, com
idade entre oito e 14 anos e constataram que os indivíduos do sexo masculino transportavam
entre 4,33 e 5,47 kg, enquanto que o sexo feminino transportava de 4,43 a 4,63 kg em suas
mochilas.
Tais autores encontraram como valor máximo de transporte de carga 7,60 kg na idade
entre 11 e 12 anos. Os autores concluíram que aqueles que utilizavam mochilas com fixação
dorsal apresentavam um pronunciamento da flexão anterior do tronco, provocando um
aumento da demanda da musculatura lombar e um aumento no nível de compressão
intradiscal entre a 5ª vértebra lombar e a 1ª vértebra sacral. Os meninos realizavam uma
inclinação anterior média de 4,77º e as meninas, de 5,02º. Já os indivíduos que usavam
mochilas com fixação escapular, apresentaram modificações no plano látero-lateral,
observando alterações no deslocamento torácico e lombar, na linearidade do ombro e na
distância cotovelo-tronco, desenvolvendo curvaturas laterais.
Em outros estudos realizados na Suécia, EUA, Itália e Brasil demonstram que a
mochila provoca um deslocamento do centro de gravidade do corpo para trás, quanto mais
pesada, maior será a deslocação. Esse desequilíbrio é compensado com a projeção do corpo
para frente, o que pode provocar o desvio da coluna, além de sobrecarga nas articulações e
nos músculos das pernas (PEREZ, 2002).
Os desequilíbrios posturais gerados quando se transporta uma sobrecarga são
agravados pelo fato do peso carregado ser freqüentemente desproporcional ao peso do próprio
corpo e pelo uso inadequado da mochila, como no caso do apoio em um único ombro
(SACCO; MELO apud AINHAGNE; SANTHIAGO, 2009).
Rebelatto, Caldas e De Vitta (1991), descrevem ainda que o excesso de material
transportado por meio de mochilas pode causar alterações na postura da criança. Deste modo,
considera-se excesso, quando o peso transportado extrapola os 10% do peso corporal, o que
pode provocar uma maior inclinação do tronco a fim de alcançar um melhor equilíbrio
(HONG; BRUEGGEMANN apud VIEIRA, 2009).
66
Tais informações oferecem uma interessante compreensão do porque a cidade de
Santa Catarina elaborou a Lei n° 10.795, 1998 que “Dispõe sobre o peso máximo tolerável do
material escolar transportado diariamente por alunos do Pré-Escolar e 1° Grau da Rede
Escolar Pública e Privada do Estado de Santa Catarina.”
Existem inúmeros fatores ambientais que influenciam no desenvolvimento e
manutenção da boa postura. Após uma criança iniciar na escola, a quantidade de tempo gasto
na posição sentada aumenta consideravelmente devendo tanto a cadeira como a carteira ser
ajustada á criança segundo Kendall et al.. (2003). É então a parti desse ajuste ergonômico
prolongado que muitas das alterações surgem e se fixam pela ação muscular, resultando em
exageros de curva e deslocamentos laterais que prejudicam a função, levando a processo
degenerativo na coluna vertebral. Nesse estudo, embora a maioria dos participantes não tenha
sida acometida por alterações da postura, observou uma elevada taxa das mesmas em todos os
grupos, atentando para a necessidade de observação, controle e tratamento dessas afecções.
De acordo com a nossa pesquisa, os desvios posturais hiperlordose e escoliose estão
relacionados ao hábito de transportar a mochila lateralmente, isto estar parcialmente de acordo
com o estudo realizado por Noone et al.. (apud BRACCIALLI; VILARTA, 2000), em que os
mesmos sugeriram que o transporte de uma carga externa assimétrica, durante um tempo
significativo, por crianças e pré-adolescentes, seria um dos fatores para o aparecimento de
curvas escolióticas. Tais estudos mostraram que crianças podem ter uma resultante de força
muscular insuficiente para equilibrar a carga externa, recorrendo à inclinação lateral da coluna
para suportar a carga.
Noone et al.. (apud BRACCIALLI; VILARTA, 2000), argumentam que as crianças
deveriam ser encorajadas a usarem mochilas com fixação nas costas que são menos
prejudiciais do que as transportadas em uma das mãos ou no ombro.
Ainda em relação ao quadro de escoliose que pode ser provocado pelo transporte da
mochila na lateral, neste sentido, Ferst (2003), afirma que a maioria dos alunos que
transportam os materiais em apenas um dos lados contribui para o desenvolvimento de
curvaturas laterais, ou seja, escolioses.
Estudos realizados por Rebelatto, Caldas e Vitta (1991), mostram que a mochila com
fixação dorsal é o equipamento mais utilizado para o transporte de material escolar,
semelhante a nossa pesquisa, onde, dos 40 alunos avaliados, 31 transportavam a mochila da
mesma forma. Em contrapartida, estudos feitos por De Vitta, Madrial e Sales (2003),
mostraram que carrinho é uma nova forma de transportar o material.
67
Ferst (2003), em estudo com 105 alunos de ambos os sexos do Colégio Militar de
Curitiba egresso na 5ª do ensino fundamental no ano de 2000, evidenciou que quanto maior é
o peso da mochila, maior é a possibilidade do aluno, tanto masculino quanto feminino, de
desenvolverem algum tipo de desvio postural.
Em relação à sobrecarga da mochila escolar e presença de dor em crianças do ensino
básico, em nossa pesquisa não foram encontrados dados significativos, indicando que não
existe real associação entre o peso excessivo da mochila escolar com a presença de algias. O
mesmo resultado foi encontra em um estudo realizado com 194 alunos de duas escolas
publicas de Portugal, de 5º á 7º do ensino básico, onde os valores registrados não pareceram
estar associados a uma possível relação entre a dor e o transporte de mochilas com peso maior
ou igual a 10% do peso corporal.
Para Rego; Scartoni (2007), em estudo com alunos de 5º e 6º série do ensino
fundamental na cidade do Rio de Janeiro, constatou que o transporte de mochila com material
escolar de peso excessivo, gera dor constante na coluna.
Estas dores podem ter diversas origens, mas para De Vitta; Madrigal; Sales (2003), ela
pode estar relacionada ao excesso de peso do material escolar, uma vez que já se conhece que
estas cargas provocam um aumento na compressão intradiscal e sobrecarga nos músculos
eretores da coluna.
68
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo atingiu parcialmente as metas esperadas, pois a instituição onde foi
realizada a pesquisa, Centro de Educação Tecnológica do Estado do Pará (CESEP), por
motivos de provas e atividades escolares, disponibilizou pouco tempo para a coleta dos dados.
Por meio da análise dos dados obtidos em nossa pesquisa, pode-se concluir que a
maioria dos escolares carrega a mochila com sobrecarga, ou seja, a mochila tem um peso
maior que 10% do peso dos escolares, além disto, o transporte do material é realizado de
maneira inadequada, exigindo um esforço adicional da coluna vertebral e dos músculos que a
auxiliam no equilíbrio corporal. Tais fatores podem estar associados à presença de alterações
posturais, como foi observado em 36 dos 40 escolares avaliados e a quadros álgicos,
encontrados em todos os escolares.
Entretanto, é importante lembrar que o dia-dia de crianças bem como os ambientes
frequentados pelas mesmas, favorecem o aparecimento destas alterações de postura. Alguns
hábitos como, ficar horas em frente à televisão jogando vídeo game em postura inadequada,
padrões de postura errados ao sentar, andar inadequado, sedentarismo e obesidade infantil são
fatores que vem a contribuir para o aparecimento e evolução deste desalinhamento corporal.
Para evitar o agravamento de tal problemática, bem como prevenir as futuras gerações,
se faz necessária uma conscientização de pais, alunos e das próprias instituições de ensino por
meio de palestras e campanhas educativas. Neste caso, a adoção de novas medidas como, o
implemento de armários nas escolas, o uso do carrinho como meio de transportar a mochila e
a adequação das cadeiras escolares, são também fundamentais para a resolução ou
minimização do problema.
A escola e a família têm grande importância na construção e consolidação de
conhecimento, capazes de atuar na prevenção de doenças, bem como em anormalidades
músculoesqueléticas, preparando crianças e adolescentes para cuidar da sua própria saúde e
bem estar. Sendo assim, o fisioterapeuta, profissional capaz de atuar na prevenção e
reabilitação, tem o papel de repassar de forma simples algumas das diversas condutas
profiláticas aos meios familiar e escolar.
Por tanto, cuidar da postura e prevenir deformidades à coluna vertebral são hábitos que
devem ser adotados desde a infância, reduzindo assim os riscos de adquirir problemas
posturais permanentes e melhorando significativamente a qualidade de vida de crianças,
adolescentes e adultos.
69
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77
APÊNDICE
78
APÊNDICE A – FICHA DE AVALIAÇÃO DE DOR E DO MATERIAL ESCOLAR.
AVALIAÇÃO DE DOR E DO MATERIAL ESCOLAR
Dados Pessoais
Nome:
Série:
Sexo: F( ) M( )
Avaliação do material escolar
Peso da criança:
Idade:
Data de nascimento:____/____/____
Peso da mochila:
1. Como você transporta o material escolar?
(
(
(
(
(
(
) mochila de 2 alças posterior ao tronco
) mochila de 2 alças anterior ao tronco
) mochila de 2 alças apoiada no ombro esquerdo
) mochila de 2 alças apoiada no ombro direito
) mochila de 1 alça no ombro esquerdo
) mochila de 1 alça no ombro direito
ESCALA VISUAL ANALÓGICA – EVA
( )0
( )5
( )1
( )6
( )2
( )7
( )3
( )8
( )4
( )9
( ) 10
79
ANEXOS
80
ANEXO A – CARTA DE ACEITAÇÃO
81
ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
1. Identificação do Projeto de Pesquisa
Título do projeto: RELAÇÃO QUANTITATIVA ENTRE O PESO DA MOCHILA ESCOLAR X
PESO DA CRIANÇA E SUAS POSSÍVEIS ALTERAÇÕES POSTURAIS E ALGIAS.
Área de conhecimento: Ciências da saúde
Curso: Fisioterapia
Instituição onde será realizada: colégio CESEP ensino básico 4ª série.
Nomes das pesquisadoras: - Bruna Morais de Moura - celular: 81840295
- Charlene de Oliveira Fonseca - celular: 91842557
- Taynã Feliz Paixão - celular: 82688284
Seu(sua) filho(a) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima
identificado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa
que será realizada. Sua colaboração nesse estudo será de extrema importância para nós, mas
se desistir a qualquer momento, isso não lhe causara nenhum prejuízo.
3. Identificação do pesquisador responsável:
Nome: Angélica Homobono Nobre
Profissão: Fisioterapeuta
Nº do registro no conselho: 13649
Endereço: Av. Alcindo Cacela
Telefone: 81113766
E-mail: angé[email protected]
Eu,......................................................................................., responsável pelo menor
............................................................................., autorizo a sua participação, como voluntário
no presente projeto de pesquisa. Estou ciente que:
a) Os objetivos desta pesquisa são realizar avaliação posturais dos alunos que utilizam
mochilas, mensurar o peso das mochilas e dos alunos, avaliar a presença de quadro
álgico e analisar os problemas ocasionados pelo excesso de peso.
b) Os procedimentos de coletas de dados serão através de avaliação postural, pesagem das
mochilas escolares e dos alunos e questionário.
c) Não está prevista nenhuma forma de remuneração para a participação de meu filho (a)
no presente estudo.
d) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração de meu filho (ou do
menor sobre minha responsabilidade) nesta pesquisa no momento em que desejar, sem
necessidade de qualquer explicação.
e) A desistência não causará nenhum prejuízo á saúde ou bem estar de meu filho (ou do
menor sobre minha responsabilidade). Não causará danos materiais, efeitos colaterais e
nem reações adversas.
82
f)
Os dados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo, sendo que as imagens
serão utilizadas somente para a realização da pesquisa, mas concordo que sejam
divulgadas em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam
mencionados;
g) Poderei consultar o pesquisador responsável (acima identificado) sempre que
necessário para obter informações ou esclarecimento sobre o projeto de pesquisa e a
participação de meu filho no mesmo.
h) Tenho a garantia de tomar conhecimento, pessoalmente, do (os) resultado (os) parcial
(is) e final (is) desta pesquisa.
i) Os desconfortos e riscos esperados são: os alunos se sentirem constrangidos por serem
avaliados, os meninos de bermuda e as meninas de ”short” e “top”, sendo que para
minimizá-los será realizada a avaliação em um ambiente fechado e a avaliação dos
meninos não será no mesmo dia da avaliação das meninas. Os benefícios esperados
são de orientar os alunos quanto à melhor forma de carregar as mochilas para diminuir
a sobrecarga e assim evitar maiores complicações posturais e algias no futuro.
Declaro que obtive todas as informações necessárias e esclarecimento quanto as duvidas
por mim apresentadas e, por estar de acordo, assino o presente documento em duas vias de
igual teor (conteúdo) e forma, ficando uma em minha posse.
__________,____ de ______________ de __________
_____________________________
Responsável pelo sujeito da pesquisa
83
ANEXO C – FICHA DE AVALIAÇÃO POSTURAL BÁSICA.
AVALIAÇÃO POSTURAL
Referência Anatômica
Avaliação
Altura da orelha . . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
Altura do ombro. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
Ângulo inferior da escápula. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
Espaço entre braços e cintura. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
Crista Ilíaca. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
EIAS. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
EIPS. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
Posição do joelho. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
Posição do tornozelo. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
Posição do pé. . . . . . . Simétrico _____E______ D ______
84
AVALIAÇÃO POSTURAL BÁSICA
Referência Anatômica
Avaliação
Posição da cabeça. . . . . . . Normal ____ Protusão; min ____mod ____max ____
Coluna cervical. . . . . . . . . Normal ____ Lordose; aumentada____ diminuída ____
Posição do ombro. . . . . . .Normal ____ Protusão; min ____ mod_____ max ___
Coluna torácica. . . . . . . . . Normal ____ Cifose; aumentada ____ diminuída ____
Coluna lombar. . . . . . . . . .Normal ____ Lordose; aumentada____ diminuída ____
Posição pélvica. . . . . . . . .Normal ____ Anterior ____ Posterior ____
Trôcanter maior. . . . . . . . .Simétrico ___ E ____ D ____
85
ANEXO D – ACEITE DO ORIENTADOR
86
ANEXO E – CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)
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relação quantitativa entre o peso da mochila escolar x o