VITÓRIA, ES, SÁBADO, 08 DE AGOSTO DE 2015 ATRIBUNA 29 Economia THIAGO COUTINHO - 18/09/2015 Salários de mais de 30 mil reais para 80 delegados ANTONIO COSME - 22/05/2015 Esses seriam os ganhos no Estado com a aprovação da PEC 443/09, que vincula remuneração a de ministros do Supremo Samantha Dias elo menos 80 delegados da Polícia Civil no Estado vão receber salário de R$ 30 mil com a aprovação da PEC 443/09. Além deles, a proposta contempla procuradores e defensores públicos federais, estaduais e municipais, carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU) e delegados da Polícia Federal, vinculando a remuneração dessas carreiras a dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No Estado, são cerca de 416 delegados da Polícia Civil e 182 procuradores, segundo a Secretaria de Estado de Gestão de Recursos Humanos (Seger), além de 185 defensores estaduais, segundo a Associação dos Defensores Públicos do Espírito Santo (Adepes). Porém, o texto aprovado na Câmara dos Deputados prevê a remuneração de 90,25% do STF somente para quem está no último nível de carreira. “Hoje, no Estado, cerca de 80 delegados estão nessa fase da carreira e estariam, portanto, aptos a receber essa remuneração. Os demais seriam contemplados com 10% a 30% desse salário”, explicou o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Espírito Santo (Sindelpo), Rodolfo Laterza. Hoje, delegados em último nível de carreira recebem, mensalmente, cerca de R$ 19 mil, segundo Laterza. Ainda para ele, como a proposta só começaria a valer a partir de 2019, o impacto para as contas públicas seria mínimo. Para o presidente da Adepes, Renzo Soares, a remuneração é um dos grandes problemas da Defensoria Pública. “Nossa remuneração está muito defasada. No último nível de carreira, ganhamos cerca de R$ 15 mil. Em todo o Espírito Santo, só existem quatro pessoas nessa fase”, disse ele. Sobre os impactos para o orçamento estadual, Soares afirmou que “o pagamento da categoria representa 0,4% dos gastos públicos. Mesmo dobrando, a porcentagem é muito pequena”. A proposta precisa passar, ainda, por aprovação em 2º turno na Câmara dos Deputados, cuja votação deve acontecer na próxima semana, e por votação, também em dois turnos, no Senado. Durante a análise dos destaques e emendas, na próxima votação, deputados indicaram a possibilidade de retirar algumas carreiras do projeto. LEVY e equipe defenderam inclusão Levy e Receita dão apoio aos auditores para evitar rebelião P BRASÍLIA RODOLFO LATERZA destacou que delegados em último nível de carreira recebem cerca de R$ 19 mil mensais FIQUE POR DENTRO Reajuste para último nível de carreira Proposta vel de carreira. aproximada de R$ 19 mil. > DELEGADOS das Polícias Civil e Fe- deral, procuradores e defensores federais, estaduais e municipais, e carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU) vão ter salários de R$ 30 mil. > PEC 443/09 vincula salários dessas categorias aos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), na porcentagem de 90,25%. > O SALÁRIO DE ministros, atualmente, é de aproximadamente R$ 33 mil. > ESSA REMUNERAÇÃO só seria destinada aos profissionais em último ní- Beneficiários no Estado Votação > 80 DELEGADOS no Estado recebe- > EM PRIMEIRO turno, a PEC foi apro- riam essa remuneração, por estarem no último nível de carreira, segundo a Sindelpo. > NO ESTADO, são cerca de 416 delegados, 182 procuradores e 185 defensores estaduais. Remuneração vada na Câmara dos Deputados. > AINDA PRECISA ser aprovada em 2º turno, e também em dois turnos no Senado. > ALGUMAS CARREIRAS podem ser retiradas do projeto durante a análise dos destaques e emendas pelos deputados. > DELEGADOS em último nível de car- reira, no Estado, têm remuneração pagamento é de responsabilidade da União, a proposta responsabiliza estados e municípios com mais de 500 mil habitantes pelo pagamento. O professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de CaGILBERTO BRAGA disse que, do ponto de vista econômico, o momento não é adequado FALA, LEITOR! LEONE IGLESIAS/AT Fonte: Órgãos e especialistas citados. Especialistas alertam para gastos A aprovação da PEC 443/09 traz impactos para o orçamento do Estado que, segundo especialistas em economia, não têm recursos, atualmente, para arcar com essas despesas. Inicialmente, a proposta tratava unicamente do reajuste a procuradores estaduais e de carreira da Advocacia-Geral da União (AGU). Os outros cargos, como delegados ADRIANO CARDOZO DA COSTA das Polícias Civil e Federal, procuradores municipais e defensores federais, estaduais e municipais, foram incluídos em comissão especial. Dessa forma, além do aumento para as carreiras cujo A cúpula da Receita Federal e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, manifestaram apoio aos auditores fiscais para acalmar os ânimos e evitar uma rebelião que pode derrubar ainda mais a arrecadação federal. A Receita enviou e-mail a todos os superintendentes do órgão se comprometendo a apoiar a inclusão da categoria na proposta de emenda constitucional 443, que aumentou o teto salarial de advogados públicos e delegados. Na quinta-feira, o gabinete de Levy divulgou nota afirmando que “o respeito e reconhecimento da atuação da secretaria da Receita Federal do Brasil e de seu corpo funcional, além de merecido, é indispensável para se garantir a estabilidade econômica e a prosperidade do País”. Embora a equipe econômica tenha tentado evitar a votação da PEC 443 na Câmara dos Deputados na última quarta-feira, o governo se viu obrigado a defender que a Receita Federal fosse incluída na proposta. pitais (Ibmec) e da Fundação Dom Cabral, Gilberto Braga, disse que do ponto de vista econômico, o momento não é adequado. “Uma alternativa seria se o reajuste fosse escalonado e que começasse a vigorar só daqui a um tempo. Assim, a despesa poderia ser planejada no orçamento”. Para o professor da Fucape Valcemiro Noss, o Estado não tem sobra fiscal e vai passar aperto com essa nova despesa. “Esse pagamento pode atingir a lei de responsabilidade fiscal. Aprovar algo nesse sentido, sem levantamento de impacto disso nos cofres do governo, é uma grande responsabilidade”. A Secretaria de Estado de Gestão de Recursos Humanos (Seger) foi procurada para comentar os impactos no orçamento estadual, mas informou que só vai se manifestar após a aprovação. Acho um absurdo esse aumento em momento de crise econômica. Mesmo com o risco que eles correm, não se justifica “ ” ADIMAR DOS SANTOS, 57, vendedor autônomo Pela função que eles desempenham, acho que eles merecem. Melhor eles ganharem esse valor do que os políticos “ GABRIEL CUNHA, 25, contador ” O governo não tem a menor condição de bancar esse reajuste. Sobre o salário mínimo, ninguém fala em aumento “ SANDRA SAMPAIO, 47, administradora ”