UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA EFEITOS DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS LOCAIS SOBRE A ABUNDÂNCIA, A RIQUEZA E A BIOMASSA DA MACROFAUNA DE SOLO EM UM ECOSSISTEMA SEMIÁRIDO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL DANIEL DE OLIVEIRA NATAL/RN 2012 DANIEL DE OLIVEIRA EFEITOS DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS LOCAIS SOBRE A ABUNDÂNCIA, A RIQUEZA E A BIOMASSA DA MACROFAUNA DE SOLO EM UM ECOSSISTEMA SEMIÁRIDO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL ORIENTADOR: ALEXANDRE VASCONCELLOS NATAL/RN 2012 DANIEL DE OLIVEIRA EFEITOS DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS LOCAIS SOBRE A ABUNDÂNCIA, A RIQUEZA E A BIOMASSA DA MACROFAUNA DE SOLO EM UM ECOSSISTEMA SEMIÁRIDO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL Banca Examinadora: Prof. Dr. Alexandre Vasconcellos - UFPB (Orientador) Prof. Dr. Ricardo Andreazze - UFRN (Membro Interno) Prof. Dr. Gindomar Gomes Santana - UFPB (Membro Externo) AGRADECIMENTOS Primeiramente à Deus, ao meu mentor espiritual e a todos os espíritos bem-aventurados pelo transcorrer deste trabalho; À minha mãe Magali de Oliveira e aos meus avós Raimundo José e Maria de Lourdes pela educação, carinho e amor que culminaram neste momento; Ao meu irmão Rafael de Oliveira, e à minha tia Marisa de Oliveira e ao seu marido Heriberto Pimentel por toda a ajuda prestada; À CAPES, pelo apoio financeiro; À Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela oportunidade concedida; Ao programa de Pós-Graduação em Ecologia por ter proporcionado a realização deste trabalho; Ao professor Alexandre Vasconcellos por ter me recebido como orientando e por toda a paciência e incentivo; Ao professor Bruno Bellini pelo inestimável auxílio de recursos financeiros para as análises de solo; Aos grandes mestres que ativamente forneceram seu conhecimento valioso durante as aulas do Mestrado; Aos professores Ricardo Andreazze e Hebert Tadeu por todo o conhecimento taxonômico e gosto pelos insetos que tenho e que foi primordial para o meu trabalho; Ao Laboratório de Ecologia e Conservação da Biodiversidade que, sob o comando de meu querido amigo Victor Hugo, forneceu tantos subsídios para as etapas desta pesquisa; Ao Dr. Helder Souza que tão gentilmente forneceu hospedagem, alimentação e apoio durante a execução da etapa de campo no município de João Câmara; À prefeitura do município de João Câmara por ter cedido a área da escola municipal em Cauaçú, que foi muito importante como base para a realização das expedições; Aos meus queridos companheiros de equipe Reberth Ricelle, Thiago Felipe, Uirandé Oliveira, Heitor Bruno, Aila Soares, Nicolas Sebastian, Pedro Capistrano e Milena Cordeiro pelos tantos momentos de ajuda e pelas conversas acaloradas sobre ecologia, estatística, ciência e coisas da vida em campo; Sem vocês esse trabalho seria impossível; Aos amigos que corajosamente me acompanharam nas aventuras de campo: Isabel Souza, George Pacheco, Aderson Stanrley, Gilberto Benigno, Igor Galvão, Marcos Targino, Emerson de Souza, Leonardo Emmanuel e Madson Reis, às vezes deixando suas atividades pessoais para correr em auxílio da equipe; Às belas amizades que me receberam, me aconselharam e teceram palavras doces de estima ao longo desta contenda: Isabella Monteiro, Marina de Siqueira, Lara Cavalcanti, Waldemar Alves, Jéssica Roberts, Bruno Gazola, Renata Soares, Fabricio Camacho, Cristina Bispo, Fernanda Vasconcelos, Emanuel Dias, Fernando Barbosa, Anita Emerenciano, Larissa Azevedo, Natalia Boccardi, Felipe Torquato, Vitor Sampaio, Luciana Lopes, Manuelisa Souza, Rosaly Araújo, Camila Morais, Paloma Gomes, Honara Morgana, Mateus Meira, Paula Ortiz, Demétrios Nascimento, Gustavo André, Hortência Carvalho, Liêvin Faustino, Paulo Marinho, Luis Cláudio, Paulo Leonardo, Raquel Souza, Mariana Rodrigues, Jaciana Cassia, João Gabriel, Bruno Rafael, Augusto Marques, Maíra Manzan, Rodrigo Xavier, Françoise Lima, Ivon Lima, Rodolfo Tavares, Thaisa Accioly, Ithalo Cesar, Jenifer Lúcio, Liugo Menezes, Nerivânia Godeiro, Danielle Brilhante, Brunno Freire, Monalisa Rodrigues, Allan Torrecilla, Gabriela Pereira, Luis Felipe, José Elieudo, Taulli Braga, Talita Yohana, Alessandra de Campo, Rayane Fernandes, Talita Wartuza, James Lucas, Ariadna Varela, Ariana Mota, Jamilly Eduardo, Ivana Nicácio, Guido Grimaldi, François Ribeiro, Igor Galvão, Anízio Souza, Tonny Marques entre outros; E à todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho. Meus sinceros agradecimentos!! Faço minhas as palavras do entomólogo José Buzzi e dedico este trabalho a todos que lutam para que: o deserto tenha mais vida; o solo seja mais preservado; a água seja mais cristalina; os peixes não sejam intoxicados; o ar seja mais limpo; a mata seja preservada; as aves não cessem de cantar; a fauna não seja exterminada; os insetos vivam para sempre; a vida seja eterna; a morte seja protelada. RESUMO A macrofauna de solo está sujeita a diversos fatores ambientais bióticos e abióticos, desde variações no ambiente físico à variedade de interações entre as espécies envolvidas, afetando os padrões de biodiversidade da fauna de solo. A força e a especificidade dos mecanismos que atuam sobre os organismos de solo variam bastante de acordo com as condições ambientais em diferentes escalas de espaço e de tempo. A Ccaatinga apresenta grande heterogeneidade espacial da vegetação, clima e solo, sendo assim, a macrofauna de solo acompanharia essa variação espacial local no ambiente? Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos das variáveis ambientais locais sobre os parâmetros biológicos (riqueza de táxons, abundância de indivíduos e biomassa) da macrofauna de solo em um fragmento de Caatinga no município de João Câmara, Rio Grande no Norte, Nordeste do Brasil. O estudo foi conduzido na fazenda Cauaçu, onde foi traçada uma grade de 2000m x 500m, e posteriormente, foram sorteados 30 pontos de coleta. A metodologia usada para a coleta da macrofauna foi o método TSBF. Foram testados os efeitos de 10 variáveis ambientais sobre a macrofauna ao longo das parcelas e ao longo das camadas de solo. A hipótese de que a macrofauna de solo responde as variações no ambiente não foi corroborada ao longo das parcelas, mas foi confirmada para as camadas de solo. A macrofauna de solo apresenta um padrão de concentração na camada superficial e diminui consideravelmente nas camadas mais profundas. Padrão esse que teve relação significativa e positiva com a biomassa vegetal aérea e o estoque de raízes finas. A biomassa vegetal aérea libera necromassa vegetal que se acumula na camada de superfície, constituindo uma importante fonte de recurso e de abrigo para a macrofauna de solo, explicando sua maior abundância nessa camada. As raízes servem como via para a chegada ao solo de nutrientes provenientes da produção vegetal, dessa forma, uma maior quantidade de raízes condiciona maior entrada de alimento para a macrofauna, principalmente os herbívoros. Palavras-chave: fauna de solo; determinantes ambientais locais; bioma Caatinga; método TSBF ABSTRACT The soil macrofauna is influenced to several biotic and abiotic environmental factors, from changes in the physical environment to a variety of interactions among the species involved, affecting the patterns of biodiversity of soil fauna. The power and specificity of the mechanisms that act on soil organisms vary greatly depending on environmental conditions at different scales of space and time. The Caatinga has great spatial heterogeneity of vegetation, climate and soil, so the soil macrofauna would follow this local spatial variation in the environment? This study aimed to investigate the effects of local environmental variables on biological parameters (taxa richness, total abundance and biomass) of soil macrofauna in a fragment of caatinga in João Câmara, Rio Grande Norte, Northeast Brazil. The study was conducted in the Cauaçu farm, where a grid of 2000m x 500m was drawn, and later, 30 sampling points were randomly selected. The methodology used to collect the macrofauna was the TSBF method. We tested the effects of 10 environmental variables on macrofauna across the plots and across the layers of soil. The hypothesis that macrofauna soil responds to changes in the environment was not supported throughout the plots, but was confirmed to soil layers. The soil macrofauna shows a pattern of concentration in the surface layer and decreases considerably in the deeper layers. This pattern had significant and positive relationship with the aerial plant biomass and fine root stock. The aerial plant biomass releases plant necromass that accumulates in the surface layer, providing an important source of resource and shelter for soil macrofauna, explaining their greater abundance in this layer. The roots are used as a means for the arrival of nutrients to the soil from the primary production, thus a greater amount of root conditions higher food intake for macrofauna, especially the herbivores. Key-words: soil fauna; local environment determinants; Caatinga biome; TSBF method LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapa do Estado do Rio Grande do Norte mostrando a localização (em preto) do município de João Câmara em relação ao município de Natal (em cinza)...............................................................................................................................16 Figura 2. Etapas da extração do monolito aplicadas na metodologia Tropical Soil Biology and Fertility Programme ...................................................................................19 Figura 3. Coletor de liteira na fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil............................................................................................21 Figura 4. Variação na abundância da macrofauna de solo ao longo das parcelas no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão...................................................................................................27 Figura 5. Variação na riqueza da macrofauna de solo ao longo das parcelas no período de 29/05/2011 à 15/06/2012 na fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão.......................................................................................................................28 Figura 6. Variação na biomassa da macrofauna de solo ao longo das parcelas no período de 29/05/2011 à 15/06/2012 na fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte. Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão....................................................................................................................29 Figura 7. Variação na abundância da macrofauna ao longo das camadas de solo no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão. .................................................................................................31 Figura 8. Variação na riqueza da macrofauna ao longo das camadas de solo no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão.......................................................................................................................32 Figura 9. Variação da biomassa da macrofauna ao longo das camadas de solo no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão...................................................................................................33 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Riqueza de táxon, abundância (indiv./m2) e biomassa (g/m2 de peso úmido) no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil...........................................................................25 Tabela 2. Média e desvio padrão da riqueza, abundância (indiv./m2) e biomassa (g/m2 de peso úmido) da macrofauna de solo por camada no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil.....................................................................................................................30 Tabela 3. Resultado da análise de granulometria, da análise de quantidade de matéria orgânica, da análise de pH e da classificação do tipo de solo no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. A = Areia; AF = Areia Franca; e FA = FrancoArenoso............................................................................................................................49 Tabela 4. Variação da densidade de plantas (indiv./m2), da riqueza de plantas (número de espécies), da biomassa vegetal aérea (t/ha), do estoque de raízes finas (g/m2) e da necromassa vegetal acumulada (t/ha) por parcela na fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil.............................................................53 Tabela 5. Média de temperatura do solo (°C), da quantidade de areia do solo (g.kg-1), da quantidade de argila do solo (g.kg-1), da quantidade de matéria orgânica do solo (g.dm-3) e do PH do solo por parcela no período de 29/05/2011 à 15/06/2011 na fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil..............................54 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................12 2. OBJETIVO.................................................................................................................14 2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................15 3. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................15 3.1. ÁREA DE ESTUDO................................................................................................15 3.2. DELINEAMENTO AMOSTRAL...........................................................................17 3.3. COLETA DA MACROFAUNA DE SOLO...........................................................17 3.4. DETERMINAÇÃO DA RIQUEZA, ABUNDÂNCIA E BIOMASSA................18 3.5. VARIÁVEIS AMBIENTAIS..................................................................................19 3.5.1. Fitossociologia e Florística....................................................................................20 3.5.2. Cálculo da Biomassa Aérea para as Parcelas........................................................20 3.5.3. Necromassa Vegetal Acumulada.........................................................................20 3.5.4. Estoque de Raízes Finas........................................................................................21 3.5.5. Temperatura do Solo.............................................................................................22 3.5.6. Variáveis Ambientais de Solo...............................................................................22 3.6. ANÁLISES ESTATÍSTICAS..................................................................................23 4. RESULTADOS..........................................................................................................24 5. DISCUSSÃO..............................................................................................................33 6. CONCLUSÃO............................................................................................................37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................38 8. ANEXOS.....................................................................................................................49 12 1. INTRODUÇÃO A biota de solo constitui-se em um grupo de organismos invertebrados que habitam o solo durante toda a sua vida ou que tenham pelo menos um estágio de seu ciclo de vida no solo (GULLAN & CRANSTON, 2008). Essa biota inclui a microflora (bactérias, algas e fungos) e uma fauna complexa composta por protozoários, nematódeos, anelídeos e artrópodes. A fauna de solo é classificada em três sub-grupos de acordo o comprimento do corpo: a microfauna, compreendendo os invertebrados com comprimento corporal inferior a 2mm; a mesofauna com invertebrados medindo entre 0,2mm e 2mm; e a macrofauna que inclui organismos com comprimento entre 2 mm e 20mm (SCHAEFER & SCHAEURMANN, 1990; LAVELLE et al., 1988). Os principais grupos de organismos da macrofauna são: Isoptera, Formicidae, Oligochaeta, Coleoptera, Araneae, Diplopoda, Chilopoda, Gastropoda, Isopoda entre outros (LAVELLE, 1996). A macrofauna tem papel imprescindível nos processos ecossistêmicos de solo e por consequência na saúde do ecossistema. Sua atividade influencia processos como o fluxo de energia, a ciclagem de nutrientes, a infiltração de água e a estocagem de matéria orgânica no solo (WHITFORD, 1996), além de interferir nas suas propriedades físico-químicas (VELÁSQUEZ, 2010; LAVELLE et al., 1994). A macrofauna acaba tendo papel chave nos processos de mineralização e humificação do solo, contribuindo para a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pelas plantas (DECÄENS et al., 2004), o que interfere na produtividade vegetal (LAVELLE et al., 1994). Alguns grupos de organismos característicos da macrofauna, como as formigas, térmitas e minhocas, atuam como bioengenheiros de solo, isto é, modificam as propriedades físico-químicas de solo, o que interfere na dinâmica de vida da pedofauna (LAVELLE et al., 2006; BARROS et al., 2004; HÖFER et al., 2001; LIJBERT, 1998). A macrofauna tem ainda papel relevante no processo de decomposição, fragmentando e ingerindo matéria orgânica, interagindo com microorganismos que decompõem e mineralizam os detritos (HÄTTENSHWILER et al., 2005; COLEMAN et al., 2008; HÖFER et al., 2001). O processo de decomposição é extremamente dependente da ação da macrofauna sendo ditado de acordo com os atributos funcionais e o modo como esta explora o ambiente (HEENSBERGEN et al., 2004). A macrofauna 13 também faz o controle populacional da microfauna, mesofauna e da própria macrofauna (FROUZ et al., 2006), isso sem falar na melhoria da estocagem de carbono e nitrogênio no solo (LAVELLE, 1997; PETERSEN & LUXTON, 1982). Sabe-se que a macrofauna de solo está sujeita a diversos fatores ambientais bióticos e abióticos, desde variações no ambiente físico à variedade de interações entre as espécies envolvidas, afetando os padrões de biodiversidade da fauna de solo (DECAËNS, 2010) A força e a especificidade dos mecanismos que atuam sobre os organismos de solo variam bastante de acordo com as condições ambientais em diferentes escalas de espaço e de tempo (BARDGETT et al., 2005b). Entre esses fatores, há alguns que tem efeitos mais conhecidos para a ciência. A complexidade vegetal do local, de uma forma geral, afeta a estrutura e a abundância das comunidades da macrofauna (LAVELLE et al., 1992), isso por que influencia a qualidade da matéria orgânica produzida, via necromassa liberada no solo (TIAN et al., 1997; 1995). A retirada de dossel, por exemplo, pode causar perda de liteira, matéria orgânica e nutrientes do solo (BARROS et al., 2004), afetando diretamente a macrofauna. A comunidade vegetal pode ainda, influenciar a fauna de solo através da extensão dos sistemas radiculares, isso por que, grande parte dos organismos de solo se concentra nas proximidades da rizosfera, onde o aporte de alimento é maior (POLLIERER et al., 2007). Os regimes hídrico e de temperatura do solo tem efeitos poderosos sobre o ciclo de vida dos organismos de solo (DOBLAS-MIRANDA, et al., 2007), levando à variações de diversidade da macrofauna. As características do solo, como a relação areia-argila, o pH, o conteúdo de matéria orgânica e a umidade determinam padrões de biodiversidade já bem conhecidos para diversos membros da macrofauna, como as minhocas (DECAËNS, 1998). No mundo, a agricultura desponta como um agente poderoso que afeta a dinâmica do solo. De acordo com Lal (1988), as práticas agrícolas podem influenciar de forma favorável ou não a riqueza de espécies, a densidade populacional e a atividade da macrofauna, com isso, algumas espécies engenheiras como os térmitas e minhocas podem desaparecem (LAVELLE et al., 2001; DECÄENS et al., 1999) e o ecossistema perde estruturas biogênicas construídas por esses organismos e o processo de degradação da comunidade acaba se acelerando. A compactação do solo, consequência da agricultura, pode causar danos físicos à 14 macrofauna (LEE, 1985), destruir esconderijos que servem como verdadeiros “hot spots" de biodiversidade local (MATHIEU et al., 2004) e levar a fuga destes organismos. O bioma Caatinga é um típico ecossistema semi-árido caracterizado pela alta taxa de radiação, alta taxa de evapotranspiração potencial, baixa nebulosidade, temperatura média anual alta, taxa de umidade relativa baixa, e precipitação baixa e irregular, limitada a um período curto do ano (REIS, 1976). A vegetação é bastante heterogênea variando de floresta arbórea a mata arbustiva, compreendendo árvores e arbustos de pequeno porte, alguns apresentando espinhos, microfilia e/ou xerofilia (PRADO, 2005). Na estação seca, grande parte da vegetação da Caatinga perde suas folhas e permanecem apenas os troncos lisos e de coloração acinzentada (ALBUQUERQUE et al., 1995). De acordo com Jacomine (2002), os solos da Caatinga são, de uma forma geral, rasos, ricos em minerais, mas pobres em matéria orgânica, podendo variar de arenosos a pouco argilosos cobertos ou não por rochas desprendidas da matriz. Diante de tamanha heterogeneidade espacial de vegetação, de solo e de clima neste ecossistema vem a hipótese: Será que a macrofauna de solo varia espacialmente acompanhando a variação espacial das variáveis ambientais locais? A Caatinga vem sofrendo perdas inestimáveis para a agropecuária, corte de lenha e criação extensiva e contínua de rebanhos (LEAL et al., 2005). A alteração da Caatinga leva à perda de cobertura vegetal, exposição do solo à erosão, modificação dos microclimas locais e superficiais, redução de matéria orgânica e da retenção de água no solo (MENDES & ALVES, 1986). Os efeitos das variáveis ambientais sobre este grupo permanecem negligenciados como ocorre com outros tipos de ecossistemas no mundo, como os ecossistemas árido, úmido e subúmido (DECAËNS, 2008; DECAËNS et al., 2006), tornando-se importante o estudo da macrofauna e dos efeitos dos fatores ambientais sobre este grupo. 2. OBJETIVO • Investigar os efeitos das variáveis ambientais locais sobre os parâmetros biológicos (riqueza de táxons, abundância de indivíduos e biomassa) da 15 macrofauna de solo em um fragmento de caatinga no município de João Câmara, Rio Grande no Norte, Nordeste do Brasil. 2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Determinar a riqueza de táxons, a biomassa e a abundância da macrofauna ao longo das camadas de verticais de solo (0-10, 10-20 e 20-30cm de profundidade); • Investigar os efeitos das variáveis ambientais locais sobre os parâmetros biológicos (riqueza de táxons, abundância de indivíduos e biomassa) da macrofauna ao longo das camadas de solo; 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. ÁREA DE ESTUDO O presente estudo foi realizado em uma área particular, a fazenda Cauaçú, localizada no distrito de Cauaçú, município de João Câmara (05º32’15’’S e 35º49’11’’O), microrregião da Baixa Verde, no Estado do Rio Grande do Norte (Figura 1). O município de João Câmara está localizado ao noroeste do município de Natal, e dista cerca de 100 km deste último. O fragmento onde ocorreu o estudo possui aproximadamente 700 hectares. A vegetação encontrada na região onde está localizado o fragmento é classificada como floresta espinhosa decídua, inserida no bioma brasileiro chamado Caatinga (www.mapas.mma.gov.br/mapas/aplic/probio/datadownload.htm?caatinga/mapas_pdf/v egetação/). O solo da região é predominantemente de areias quartzosas (SANTOS et al., 2006). A temperatura média anual é de 24,7°C com temperatura máxima de 32°C e mínima de 21°C. A estação chuvosa ocorre de março a julho, enquanto que a estação seca se estende de setembro a janeiro. A média anual da umidade relativa do ar e da precipitação pluviométrica é de 70% e 648,6mm, respectivamente (http://www.emparn.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/emparn/arquivos/meteorologia/t emperatura.asp data:12/05/2012 ). 16 O ano de 2011(ano em que ocorreu o estudo) foi considerado atípico, do ponto vista climático para toda a região nordeste (influência do fenômeno La Niña). Como consequências, a umidade relativa do ar (80%) e a precipitação pluviométrica (930,3mm) para este ano ficaram acima da média anual normalmente registrada para o município de João Câmara. Enquanto isso, a temperatura média anual ficou em torno dos 26,6°C, chegando a uma mínima de 23,5°C e uma máxima de 29,6°C. (www.emparn.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/emparn/arquivos/meteorologia/tem peratura.asp). Além disso, o período de chuvas se iniciou no mês de fevereiro e se estendeu até o início do mês de agosto. A área de estudo apresenta uma grande variação na cobertura vegetal, com pontos mais aberto dominados por árvores, onde o dossel é mais elevado (cerca de 9 m) e mais largo. Enquanto em outros pontos ocorre uma vegetação mais fechada, principalmente arbustiva e com poucas árvores (cerca de 5 m). Vale salientar que esta área de estudo serviu para a agricultura e corte de lenha, e atualmente, conta com um pequeno rebanho de gado bovino (cerca de 30 cabeças de gado), que tem acesso a todo o fragmento. Figura 1. Mapa do Estado do Rio Grande do Norte, mostrando a localização (em preto) do município de João Câmara em relação ao município de Natal (em cinza) (IBGE). 17 3.2. DELINEAMENTO AMOSTRAL No fragmento foi traçada uma grade de 2000m x 500m. No interior desta área foram sorteados 30 pontos onde foram estabelecidas parcelas de 20m x 20m. Para o sorteio foram usados números para identificar as colunas da grade e letras para representar as linhas da grade. Assim, foram sorteados o número (coluna) e a letra (linha), a interseção entre os dois correspondia ao ponto sorteado. Em cada parcela, foram extraídos três monólitos, medindo 20 x 20 x 30cm (12 litros), totalizando 90 monolitos. A coleta da macrofauna ocorreu dentro das parcelas entre o fim do mês de maio e o início do mês de junho de 2011, correspondendo um total de 18 dias. Este período de tempo foi escolhido devido a grande incidência de chuvas na região. A precipitação pluviométrica afeta bastante a fauna de solo, levando-a se deslocar para lugares mais úmidos (DIDDEN, 1993) ou mesmo, conduzindo a quebra da dormência de certos organismos que permaneciam em fases inativas (ovos dormentes) por falta de recursos ou condições adequadas para sua sobrevivência (DENLINGER, 1986). 3.3. COLETA DA MACROFAUNA DE SOLO A macrofauna de solo foi coletada usando a metodologia recomendada pelo Tropical Soil Biology and Fertility Programme (ANDERSON & INGRAM, 1993). Em cada parcela foram extraídos três monolitos de 20cm x 20cm x 30cm (12 litros), totalizando 90 monolitos. Os monolitos foram escavados com a ajuda de uma chapa de aço de 20cm x 20cm x 30cm e uma marreta de 5kg. Uma pá de aço de 24cm x 24cm foi usada para extrair os monolitos (Figura 2). Cada monolito foi dividido em três camadas de 10 cm de espessura: camada A (0-10cm), camada B (10-20cm) e camada C (20-30). Cada camada foi analisada por uma única pessoa. As camadas foram postas em bandejas e os espécimes encontrados foram capturados durante o tempo máximo de 40 minutos. Esgotado o tempo, a captura era imediatamente suspensa, mesmo que ainda houvesse espécimes à vista. O material biológico coletado foi conservado em álcool 70%. O horário de coleta diário se estendeu das 7hs até aproximadamente às 16hs. Isso por que, aproximadamente nessa faixa de tempo, a fauna permanece escondida no solo, saindo para a superfície com o anoitecer, quando a temperatura está mais amena. 18 3.4. DETERMINAÇÃO DA RIQUEZA, ABUNDÂNCIA E BIOMASSA DA MACROFAUNA DE SOLO A riqueza de taxa foi determinada através da identificação dos espécimes do nível mínimo de filo até o nível máximo de família. O nível máximo de família foi atingido apenas para Formicidae (Ordem Hymenoptera), isso por que, de acordo com Lavelle (1996), esse grupo desponta como um dos mais importantes da macrofauna de solo, sobressaindo-se às demais famílias dessa ordem. Para a identificação dos aracnídeos, chilópodes, hexápodes e formicídeos foram utilizadas, respectivamente, as chaves de identificação propostas por Triplehorn & Jonnson (2010a; 2010b; 2010c; 2010d). Posteriormente à identificação dos espécimes, foi registrada a abundância de indivíduos por táxon. Por fim, mediu-se a biomassa através da pesagem em balança de precisão com quatro casas decimais. A biomassa foi corrigida para as perdas resultantes da fixação em álcool, 19% para Oligochaeta e Isoptera, 9% para Formicidae, 11% para Coleoptera, 6% para Aracnida, Diplopoda e Chilopoda, e 13% para outros grupos de artrópodes (DECAËNS et al.,1994). Estes dados foram anotados para cada parcela e para cada camada. 19 Figura 2. Etapas da extração do monolito aplicadas com base na metodologia adotada pelo Tropical Soil Biology and Fertility Programme (Ilustrado por Silva, M.P.). 3.5. VARIÁVEIS AMBIENTAIS Em cada parcela as seguintes variáveis foram mensuradas: riqueza de plantas (TARGINO, M. Dados ainda não publicados); densidade de plantas (TARGINO, M. Dados ainda não publicados); biomassa vegetal aérea (TARGINO, M. Dados ainda não publicados); estoque de raízes finas (COSTA, U.O. Dados ainda não publicados); necromassa vegetal acumulada (LOPES, M.C.A. Dados ainda não publicados); temperatura do solo; quantidade de areia do solo; quantidade de argila do solo; quantidade de matéria orgânica do solo; e pH do solo. 20 3.5.1. Fitossociologia e Florística Seguindo o método de parcelas proposto por Mueller-Dombois & Ellemberg (1974), foram determinadas a riqueza de espécies e a densidade de plantas por parcela. Para o estudo foram consideradas apenas as plantas com diâmetro à altura do solo (DAS) igual ou superior a 3cm, e altura total igual ou superior a 1m (RODAL, 1992). A diversidade de plantas pode condicionar uma maior variedade de recursos alimentares, já que altera a qualidade e a quantidade da necromassa vegetal (liteira) disponível para os organismos de solo, influenciando os parâmetros biológicos dos organismos edáficos (WARREN & ZOU, 2002) 3.5.2. Cálculo da Biomassa Aérea para as Parcelas Para estimar a biomassa vegetal aérea de cada área de amostragem, utilizou-se a equação geral para plantas da Caatinga, proposta por Sampaio & Silva (2005). Para a espécie Cereus jamacaru De Candolle (Família Cactaceae, com nome popular mandacaru), no entanto, foi utilizada outra equação específica sugerida pelos autores: Equação geral (exceto C. jamacaru) = 0,0644*DAS2,3948 Equação C. jamacaru = 0,0268*DAS2,3440 Onde DAS é o diâmetro do tronco no nível do solo. A biomassa aérea está diretamente ligada à quantidade de necromassa vegetal (liteira) que chega aos solos, sendo, esta última, um recurso valioso para a macrofauna (DEYN & PUTTEN, 2005). 3.5.3. Necromassa Vegetal Acumulada A quantidade de necromassa vegetal caída por parcela foi contabilizada de acordo com Costa et al. (2007). Para isso, foram usados 30 coletores de 1m x 1m (um por parcela), cuja estrutura era feita de metal e malha confeccionada em náilon com trama de 1mm x 1mm (Figura 3). Os coletores foram colocados no início do mês de 21 novembro de 2010, e a coleta da serrapilheira acumulada era mensal. Para este estudo foi usada a quantidade de necromassa acumulada desde novembro de 2010 até o mês de maio de 2011. A quantidade e a qualidade da necromassa acumulada no solo estão diretamente relacionadas com a disponibilidade de matéria orgânica para os organismos de solo, servindo como recurso de fundamental importância (AUBERT, et al., 2005). Figura 3. Coletor de liteira instalado em uma das parcelas sorteadas na área estudada (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). Foto: Barca, 2011. 3.5.4. Estoque de Raízes Finas O estoque de raízes finas foi estimado utilizando uma sonda metálica de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, onde eram recolhidas, com auxílio de peneiras, as raízes finas (diâmetro menor à 2mm) das amostras de solo (DORNBUSH et al., 2002). As raízes foram pesadas em balança de precisão e os valores encontrados foram dados em g/m2 de peso fresco. A quantidade de raízes influencia na diversidade da biota de solo já que serve como porta para a entrada, no meio subterrâneo, de nutrientes provenientes da produção primária aérea, favorecendo as teias alimentares animais de solo (POLLIERER et al., 2007). 22 3.5.5. Temperatura do Solo A temperatura para cada camada de solo foi medida com o auxílio de termômetros digitais. Foram feitos três monolitos por parcela, cada monolito contando com as seguintes camadas de solo: A (0-10cm); B (10-20cm); e C (20-30cm). A temperatura foi medida por camada de solo e, posteriormente, fez-se uma média aritmética de temperatura entre as camadas de solo de mesmo nível, ou seja, entre as camadas A de cada monolito, entre as camadas B, e entre as camadas C. A temperatura do solo afeta diversos aspectos da vida dos organismos de solo, como o desenvolvimento e a reprodução de vários insetos (ARAÚJO, V.F.P. 2009). 3.5.6. Variáveis Ambientais de Solo Foi coletada uma única amostra de solo para cada camada. As amostras de solo dos três monolitos de cada parcela foram homogeneizadas de acordo com a camada correspondente, ou seja, as camadas A de cada um dos três monolitos foram misturadas entre si, assim como foi feito para as camadas B e C. As amostras de solo foram acondicionadas em sacos plásticos bastante resistentes à passagem de umidade. O número total de amostras chegou a 90. As amostras foram encaminhadas para a realização das análises de granulometria, quantidade de matéria orgânica e pH no Laboratório de Análises de Solo, Água e Planta, na Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). A análise granulométrica foi realizada através do método densitométrico (BOUYOUCOS, 1936), enquanto que a quantidade de matéria orgânica do solo foi determinada pelo método colorimétrico, calibrado com o método de Walkley-Black (1934). O pH do solo foi determinado mediante a análise do solo em meio aquoso pelo método do potenciômetro combinado com eletrodo (EMBRAPA, 1979). O tamanho das partículas de solo e os agregados que estas formam também influencia a macrofauna de solo, principalmente, facilitando ou dificultando a penetração e a locomoção no solo, estando aí, a relevância da granulometria para este grupo de organismos (GILLER, 1996). A quantidade de matéria orgânica do solo (principalmente os teores de C e N) serve como recurso indispensável para a fauna de solo, tendo grandes efeitos sobre este grupo (BARDGETT et al., 2005a). O pH do solo aparece como uma condição que pode influenciar de forma decisiva a macrofauna de 23 solo. Assume-se que o pH neutro facilita a vida para este grupo de organismos (DECAËNS, 1998). 3.6. ANÁLISES ESTATÍSTICAS Para as análises utilizou-se um delineamento aninhado (GOTELLI & ELLISON, 2011), em que foram feitos três monolitos (subamostras) para cada parcela. Posteriormente foi feita a média aritmética entre os monolitos em cada parcela. Esse delineamento amostral permitiu aumentar a precisão com que se estima a resposta para cada parcela. O efeito das variáveis ambientais sobre os parâmetros biológicos da macrofauna de solo por parcela foi testado através de análise de regressão múltipla, tipo forward stepwise. Para tanto foram utilizadas as seguintes variáveis ambientais com valores por parcela: riqueza vegetal; densidade vegetal; biomassa vegetal aérea; necromassa vegetal acumulada no ano; quantidade de raízes finas; temperatura do solo; quantidade de matéria orgânica do solo; quantidade de areia do solo: quantidade de argila do solo (soma da areia fina e areia grossa); e pH do solo. Para analisar a variação da abundância de indivíduos, riqueza de táxons e biomassa da macrofauna ao longo das camadas realizou-se uma ANOVA one way com um teste de Tukey a posteriori. Posteriormente usou-se um modelo linear geral para testar os efeitos das variáveis ambientais sobre a macrofauna ao longo das camadas de solo. As variáveis usadas em tal modelo foram as seguintes: riqueza vegetal; densidade vegetal; biomassa aérea; necromassa vegetal acumulada no ano; quantidade de raízes finas; temperatura do solo; quantidade de matéria orgânica do solo; quantidade de areia do solo: quantidade de argila do solo (soma da areia fina e areia grossa); e pH do solo. Foi usada a Correlação de Pearson para averiguar se existia alguma correlação superior a 95% entre as variáveis ambientais se acaso sim, uma das variáveis era excluída. Igualmente, foi utilizada a Correlação de Pearson para testar se existia alguma correlação entre as variáveis dependentes (abundância, riqueza e biomassa da macrofauna), sendo excluída, qualquer variável que tivesse correlação superior a 95%. Foram utilizados os programas SYSTAT 12.0 (SYSTAT, 2007), STATISTICA 7.1 (STATSOFT, 2005) e MATLAB 7.1 (MATHWORKS, 2010). 24 4. RESULTADOS Foram obtidos 2262 indivíduos, distribuídos em 18 grupos taxonômicos (Tabela 1). Os grupos dominantes foram Oligochaeta com 31,05% (703 indiv./m2), Formicidae (30,07%; 681 indiv./m2), Isoptera (19,08%; 432 indiv./m2), Diplopoda (7,99%; 181 indiv./m2) e Coleoptera (7,06%; 160 indiv./m2) que juntos representaram mais de 95% dos espécimes coletados. A biomassa total chegou a pouco mais de 64g/m2 de peso úmido, sendo que os grupos Oligochaeta (37,31%), Diplopoda (17,35%), Coleoptera (16,43%), Formicidae (11,39%) e Isoptera (9,74%) somaram mais de 92% desse valor (Tabela 1). A média de biomassa da macrofauna entre as parcelas chegou a 0,728g/m2 de peso úmido, variando entre 0g/m2 e 3,211g/m2 de peso úmido. 25 Tabela 1. Riqueza de taxa, biomassa (g/m2 de peso úmido) e abundância (indiv./m2) da macrofaunano período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). TÁXON Filo Mollusca Classe Gastropoda Filo Annelida Classe Oligochaeta Filo Arthropoda Classe Diplopoda Classe Chilopoda Ordem Geophilomorpha Ordem Scolopendromorpha Classe Aracnida Ordem Solifugae Ordem Scorpiones Ordem Araneae Classe Hexapoda Sub-Classe Entognatha Ordem Diplura Sub-Classe Ectognatha Ordem Thysanura Ordem Isoptera Ordem Mantodea Ordem Blattodea Ordem Hemiptera(Ninfas) Sub-Ordem Heteroptera Sub-Ordem Auchenorryncha Ordem Coleoptera Ordem Hymenoptera Família Formicidae Ordem Diptera(Larvas) Abundância total g/m2 de peso úmido indiv./m2 0,1923 g/m2 4 indiv./m2 23,9211 g/m2 703 indiv./m2 11,1308 g/m2 181 indiv./m2 1,1021 g/m2 0,6907 g/m2 29 indiv./m2 5 indiv./m2 0,0081 g/m2 0,0081 g/m2 1,7622 g/m2 1 indiv./m2 1 indiv./m2 29 indiv./m2 0,0005 g/m2 3 indiv./m2 0,0002 g/m2 6,2406 g/m2 0,0009 g/m2 0,0012 g/m2 1 indiv./m2 432 indiv./m2 1 indiv./m2 5 indiv.m2 0,1824 g/m2 0,7214 g/m2 10,5315 g/m2 3 indiv./m2 7 indiv./m2 160 indiv./m2 7,3027 g/m2 0,3103 g/m2 64,1177 g/m2 681 indiv./m2 16 indiv./m2 2262 indiv./m2 26 A abundância da macrofauna variou muito entre as parcelas (Figura 4). O modelo de regressão múltipla com nove das variáveis ambientais (retirando apenas a variável quantidade de areia do solo), usado para testar os efeitos das variáveis ambientais sobre a abundância da macrofauna ao longo das parcelas foi o que melhor explicou (25,9%) a variação desse parâmetro, porém, não foi significativo (F = 0,001; g.l.= 1 e p= 0,976). Além disso, nenhuma das variáveis ambientais testadas no modelo teve efeito significativo sobre a abundância. A riqueza da macrofauna mostrou uma variação pequena entre as parcelas (Figura 5). O modelo gerado pela regressão múltipla, que melhor explicou os efeitos das variáveis ambientais sobre a riqueza da macrofauna ao longo das parcelas, excluiu as variáveis ambientais quantidade de areia e densidade de plantas, mas não foi significativo (F= 0,001; g.l.= 1 e p= 0,975) e explicou 27,5% da variação de riqueza. Nenhuma das variáveis ambientais testadas teve efeito significativo sobre a riqueza da macrofauna. A biomassa da macrofauna variou bastante entre as parcelas (Figura 6). O modelo gerado pela regressão múltipla, que melhor explicou os efeitos das variáveis ambientais sobre a biomassa da macrofauna ao longo das parcelas, excluiu as variáveis ambientais quantidade de argila de solo e necromassa acumulada no ano, mas não foi significativo (F= 0,017; g.l.= 1 e p= 0,897) e explicou 31,7% da variação de biomassa. A biomassa não sofreu influência significativa de nenhuma das variáveis ambientais envolvidas no modelo. A matriz de Pearson não revelou qualquer tipo de correlação acima de 95% entre as variáveis ambientais, com isso nenhuma delas foi excluída dos modelos. Semelhantemente, nenhuma correlação acima de 95% foi encontrada entre as variáveis dependentes (abundância, riqueza e biomassa da macrofauna), com isso todas foram mantidas. 27 180 ABUNDÂNCIA DA MACROFAUNA 160 140 120 100 80 60 40 20 0 -20 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 PARCELA Figura 4. Variação na abundância da macrofauna de solo, ao longo das parcelas no período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão. 28 7 RIQUEZA DA MACROFAUNA 6 5 4 3 2 1 0 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 PARCELA Figura 5. Variação na riqueza da macrofauna de solo, ao longo das parcelas no período de29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasi). Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão. 29 5 BIOMASSA DA MACROFAUNA 4 3 2 1 0 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 PARCELA Figura 6.Variação na biomassa da macrofauna de solo, ao longo das parcelas no período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte). Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão. A camada A (mais superficial) teve uma riqueza taxonômica de 18 grupos. A camada B chegou a uma riqueza de 10 grupos taxonômicos, enquanto a camada C somou 12 grupos. Os seguintes táxons ocorreram nas três camadas: Oligochaeta, Formicidae, Isoptera, Diplopoda, Coleoptera, Geophilomorpha, Araneae, Diptera e Gastropoda. Os grupos Blattodea e Scolopendromorpha foram encontrados nas camadas A e C. O grupo Auchenorryncha foi encontrado nas camadas A e B. Os grupos Hemiptera, Scorpiones, Solifugae, Mantodea e Thysanura foram encontrados apenas na camada A enquanto Diplura ocorreu na camada C. A riqueza média para cada camada encontra-se indicada na Tabela 2.. 30 A abundância alcançou o valor de 1392 indivíduos (61,53% do total coletado) na camada A. Na camada B a abundância chegou a 538 indivíduos (23,78%). A camada C registrou a abundância de 331 indivíduos (14,69%) (Tabela 2). A biomassa da macrofauna somou 44,57g/m2 de peso úmido (69,52%) para a camada A, 10,76g/m2 (16,79%) para a camada B, e 8,77g/m2 (13,69%) para a camada C (Tabela 2). Tabela 2. Média (M) e desvio padrão (DP) da riqueza, abundância (indiv./ m2) e biomassa (g/m2) da macrofauna de solo por camada, no período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). CAMADA RIQUEZA M±DP ABUNDÂNCIA (indiv./m2) M±DP BIOMASSA (g/m2) M±DP A (0-10cm) B (10-20cm) C (20-30cm) 2,65 ± 1,31 1,47 ± 0,94 1,11 ± 0,99 15,24 indiv./m2 ± 12,45 5,87 indiv./m2 ± 7,13 4,78 indiv./m2 ± 8,66 0,51 g/m2 ± 0,65 0,13 g/m2 ± 0,19 0,12 g/m2 ± 0,31 O modelo linear geral que testou os efeitos das variáveis ambientais sobre a abundância da macrofauna ao longo das camadas de solo foi significativo (F= 2,03; g.l.= 12 e p= 0,03) e explicou 28,5% da variação deste parâmetro. A variável camada de solo (F= 4,51; g.l.= 2; p= 0,015) e a variável biomassa vegetal aérea (F= 4,55; g.l.= 1; p= 0,037) tiveram efeito significativo e positivo sobre a abundância da macrofauna ao longo das camadas de solo. A abundância foi maior na camada A em relação às camadas B e C, mas entre estas últimas duas camadas foi semelhante (Figura 7). O teste de Tukey a posteriori, usado para testar diferenças matemáticas entre as camadas de solo, mostrou uma variação de abundância significativa entre as camadas A e B (p<0,05) e entre as camadas A e C (p<0,05), porém não mostrou significância entre as camadas B e C (p= 0,8). O modelo linear geral adotado para avaliar os efeitos das variáveis ambientais sobre a riqueza da macrofauna ao longo das camadas de solo explicou 39,3% e foi significativo (F= 3,29; g.l.= 12 e p=<0,001). A única variável significativa sobre a riqueza da macrofauna foi a camada de solo (F= 7,4; g.l.= 2 e p=0,001), que teve efeito 31 positivo. A camada A teve uma riqueza maior em comparação com as camadas B e C (Figura 8). O teste de Tukey indicou que a camada A tem riqueza significativamente maior que a camada B (p<0,05) e que a camada C (p<0,05), mas entre as camadas B e C não houve variação significativa (p= 0,362). O modelo linear geral testado para investigar os efeitos das variáveis ambientais sobre a variação da biomassa da macrofauna de solo ao longo das camadas explicou 24,7% da variação e foi significativo (F= 1,67; g.l.= 12 e p= 0,04). A variável camada de solo (F= 2,06; g.l.= 2; p= 0,04) e o estoque de raízes finas (F= 3,45; g.l.= 1; p= 0,03) tiveram efeitos significativos e positivos sobre a biomassa da macrofauna ao longo das camadas de solo. O teste de Tukey indicou que a camada A tem biomassa significativamente maior que as camadas B (p<0,05) e C (p<0,05), mas entre as camadas B e C não houve variação significativa (p= 0,07) (Figura 9). A variação de biomassa entre as camadas foi bastante homogênea (Figura 9). 18 ABUNDÂNCIA DA MACROFAUNA 16 14 12 10 8 6 4 2 A B C CAMADA Figura 7. Variação na abundância da macrofauna ao longo das camadas de solo, no período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Rio Grande do Norte, Brasil). Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão. 32 3,0 2,8 RIQUEZA DA MACROFAUNA 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 A B C CAMADA Figura 8. Variação na riqueza da macrofauna ao longo das camadas de solo, no período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão. 33 0,7 BIOMASSA DA MACROFAUNA 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 A B C CAMADA Figura 9. Variação da biomassa da macrofauna ao longo das camadas de solo, no período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). Os quadrados pretos são pontos médios e as barras são o erro padrão. 5. DISCUSSÃO Os valores de abundância, riqueza e biomassa da macrofauna de solo registradas para este estudo foram semelhantes aos estudos realizados em ecossistemas semiáridos localizados na Austrália (DAWES, 2010a; DAWES, 2010b; DAWES-GROMADZK, 2007), na Califórnia (ELKINS & WHITFORD, 1982) e na Costa do Marfin (LAVELLE, 1983). A hipótese de que a macrofauna de solo responde às variações do ambiente não foi corroborada para as parcelas, mesmo com a grande variação observada, principalmente, para a abundância da macrofauna. Apesar da enorme heterogeneidade comumente mencionada para o ambiente de caatinga, nenhuma das variáveis ambientais testadas foi capaz de explicar os padrões de variação espacial 34 observados para a riqueza, abundância e biomassa da macrofauna de solo ao longo das parcelas. De fato, a riqueza e a abundância da macrofauna não variaram muito ao longo das parcelas, mostrando valores muito semelhantes. A abundância da macrofauna, no entanto, teve uma grande variação, com parcelas completamente desprovidas de indivíduos até parcelas com média de 90 indivíduos. Esperava-se que a grande heterogeneidade espacial da vegetação encontrada na área de estudo pudesse exercer algum tipo de influencia seja positiva, seja negativa sobre os padrões de biodiversidade observados para a macrofauna. Entre as variáveis ambientais relacionadas à vegetação, a biomassa vegetal aérea e o estoque de raízes finas tiveram grande variação ao longo das parcelas estudadas e, justo por isso, supunha-se que alguma delas pudesse estar relacionada com a macrofauna. Quanto às variáveis ambientais de solo, havia grande expectativa na quantidade de matéria orgânica do solo, já que esta serve como recurso direto para a fauna de solo. Porém, a quantidade pequena e uniforme de matéria orgânica de solo ao longo das parcelas não interferiu de forma alguma. É característico dos solos da caatinga a pobreza em matéria orgânica e a riqueza em mineiras (JACOMINE, 2002), fato que pode dificultar a dinâmica da macrofauna de solo. Vale salientar um pouco o fator clima que não foi contemplado neste estudo. No ano de 2011 a precipitação pluviométrica esteve sob o efeito do fenômeno La Ninã, que torna o período de chuvas mais longo e vigoroso. As chuvas podem facilitar a vida para a macrofauna em ecossistemas semiáridos, já que influenciam as condições do ambiente (como o regime de água e a umidade do solo) e a disponibilidade dos recursos (SALMON et al., 2008; DOBLAS-MIRANDA et al., 2007; WHITFORD, 1996; WHITFORD, 1981). A maior parte da macrofauna coletada neste estudo é representada pelos grupos Oligochaeta, Formicidae, Isoptera, Diplopoda e Coleoptera, esses são grupos que já são bem conhecidos como sendo os mais abundantes em ecossistemas úmidos e subúmidos (PAULI et al., 2011; SILESHI & MAFANGOYA, 2006; BROWN et al., 2004), mas ainda pouco conhecida para ecossistemas áridos e semiáridos. Estes grupos representam juntos mais de 95% da abundância da macrofauna registrada neste trabalho. Observa-se uma dominância de poucos grupos de organismos, que apresentam características próprias de história de vida, como as sociedades para as formigas e térmitas, e a tendência à formação de agregados de indivíduos de mesma espécie nas minhocas (HÖFER, et al., 2001). Portanto, não podem ser descartadas as particularidades da dinâmica de cada população, especialmente a habilidade de 35 dispersão, demografia e capacidade de reprodução que podem gerar padrões específicos sem qualquer contribuição de fatores ambientais (DECAËNS & ROSSI, 2001; ETTEMA & WARDLE, 2002). As competições intra- e interespecíficas por recursos para as formigas (TRANIELO & LEVINGS, 1986), e, a exclusão competitiva e a complementaridade ecológica para as minhocas (JIMÉNEZ & ROSSI, 2006; JIMÉNEZ et al., 2006) podem também gerar padrões para a macrofauna independentes do ambiente. Esse pode se o caso do grupo Oligochaeta que apresentou valores de abundância e biomassa muito superiores aos registrados para os demais grupos taxonômicos neste estudo. Radford et. al. (2001) afirmam que as minhocas são escassas em solos de ecossistemas áridos e semiáridos devido à dependência que estas apresentam em relação à água. Enquanto isso, Araújo (2009) diz que as chuvas periódicas em ecossistemas áridos ou semiáridos podem mediar a atividade da fauna de solo. O fato de as coletas terem ocorrido no período chuvoso para a região pode ter implicações reais sobre a resposta fisiológica e comportamental das minhocas, gerando esse padrão da macrofauna (com grande contribuição do grupo oligochaeta), já que estas são organismos que permanecem em estado de latência (na forma de ovos) quando as condições ambientais são impróprias e voltam às suas atividades quando o ambiente se torna próprio. Como já foi mencionada no início deste estudo, a área onde foi conduzida a pesquisa passou e ainda passa (em menor escala) por perturbações como a agropecuária, o corte de lenha e as queimadas. Huston & Deangelis (2002) apontam as perturbações criadas pelo homem tais como o fogo, o pastoreio por gado e a agricultura como fatores de forte ação sobre a macrofauna. Um dos fatores relacionados às atividades humanas e que pode ter relação com as flutuações da macrofauna é o grau de compactação do solo (grande parte do solo da área de estudo é bastante compactada). A compactação induz mudanças biofísicas e bioquímicas no solo, mata e expõe a macrofauna à ação de predadores (ROGER-ESTRADE et al., 2010), desestabiliza as relações ecológicas da macrofauna e quebra a dominância de espécies-chave (ALTIERI, 1999). O estado de conservação de um ecossistema tem efeitos diretos sobre os padrões de biodiversidade do solo (PIMM et al., 1995). São necessários, no entanto, estudos sazonais longos que contemplem de preferência vários anos seguidos de pesquisa para que se possa observar e analisar as flutuações da macrofauna de solo. 36 Verificou-se neste estudo que a macrofauna ao longo das camadas de solo tende a se concentrar na superfície e diminui nas camadas de solo mais profundas. Esse padrão foi observado para todos os parâmetros estudados para a macrofauna de solo. A camada A (mais superficial) sustenta a maior parte da abundância, da riqueza, e da biomassa da macrofauna em relação à camada B (intermediária) e à camada C (profunda). Esse padrão de distribuição da macrofauna ao longo das camadas, mostrando uma concentração marcante desta na camada mais superficial de solo (010cm), já é bem conhecido de trabalhos realizados em ecossistema semiárido no Mediterrâneo (DOBLAS-MIRANDA et al., 2008; DOBLAS-MIRANDA et al., 2007), em ecossistema subtropical na Flórida (FROUZ et al., 2004), em ecossistema temperado na Escócia (BERG & BENGTSSON, 2007; BERG et al., 1998) e florestas temperadas no leste europeu (SADAKA & PONGE, 2003). A biota de solo tende a situar-se na superfície decrescendo gradualmente com a profundidade (PETERSEN & LUXTON, 1982), informação essa, reforçada por DoblasMiranda et. al. (2008) que afirmam que em solos de ecossistemas áridos e semiáridos onde a liteira está distintamente separada do solo mineral, a macrofauna pode estar intimamente ligada a esta. De fato, a biomassa vegetal aérea neste estudo teve uma influência positiva sobre a abundância da macrofauna ao longo das camadas de solo. A biomassa vegetal aérea libera necromassa vegetal que se acumula na camada de superfície, constituindo uma importante fonte de recurso e de abrigo para a macrofauna de solo, explicando sua maior abundância nessa camada. A biomassa da macrofauna que teve influencia positiva do estoque de raízes finas foi beneficiada na camada mais superficial justamente por que nessa camada, a quantidade dessas raízes é maior que nas camadas inferiores, assim, tem-se mais recursos alimentares para este grupo de organismos. As raízes servem como via para a chegada ao solo de nutrientes provenientes da produção vegetal, dessa forma, uma maior quantidade de raízes (camada de superfície) condiciona maior entrada de alimento para a macrofauna, principalmente os herbívoros (POLLIERER et al., 2007). Os recursos são mais abundantes na camada superficial (camada A), sendo assim, a permanência em camadas mais profundas, significaria um deslocamento até a superfície em busca de alimento e um consequente gasto de energia, o qual poderia ser bastante desvantajoso. 37 O fato de não ter havido diferença entre as camadas B (10-20cm) e C (20-30cm) pode estar relacionado com a profundidade a que se encontra a rocha matriz e à estrutura do solo. Observou-se que a rocha matriz neste estudo estava a uma pequena profundidade, às vezes menos de 30 cm. Bardgett (2005b) e Materna (2004) dizem que a rocha matriz pode atuar como fator determinante na biodiversidade de solo. Isso poderia explicar os valores de abundância, biomassa e riqueza baixos e parecidos entre as camadas B e C, neste estudo. As rochas desprendidas da matriz podem diminuir a circulação da macrofauna (ARAÚJO, 2009), o que poderia diminuir ou até impedir à passagem da macrofauna para as camadas mais profundas do solo. A verdade é que existe urgência na organização de novos estudos para a macrofauna e seus determinantes ambientais. O bioma Caatinga é o mais crítico quanto ao estado de conhecimento (MARQUES & LAMAS, 2006) e necessita muito de novos esforços nesse sentido. 6. CONCLUSÃO A macrofauna de solo não responde em escala local às variações de riqueza de plantas, densidade de plantas, biomassa vegetal aérea, estoque de raízes finas, necromassa vegetal acumulada, temperatura do solo, quantidade de areia do solo, quantidade de argila do solo, quantidade de matéria orgânica do solo e pH do solo. A macrofauna deste estudo apresentou abundância, riqueza e biomassa semelhantes aos estudos anteriores realizados em ecossistemas semiáridos. A macrofauna tende a se concentrar na camada de solo mais superficial (camada A) em relação às camada B (camada intermediária) e C (camada profunda) A maior abundância da macrofauna na camada A é explicada pela biomassa vegetal aérea. Quanto maior a biomassa vegetal aérea, maior a quantidade de necromassa e consequentemente, maior a quantidade recursos. A maior biomassa da macrofauna na camada de superfície é explicada pela maior quantidade de raízes finas nas parcelas analisadas. 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, S.G. & BANDEIRA, G.R.L. 1995. Effect of thinning and slashing on forage phytomass from a Caatinga of Petrolina, Pernambuco, Brazil. Pesquisa Agropecuária Brasileira 30: 885-891; ALTIERI, M.A. 1999. The ecological role of biodiversity in agroecosystems. Agriculture. 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PARCELA CAMADA AREIA (g.kg-1) ARGILA (g.kg-1) SILTE (g.kg-1) MATÉRIA ORGÂNICA (g.dm-3) PH TIPO DE SOLO PARCELA1 A 877 20 103 19,08 5,91 A PARCELA1 B 651 80 269 48,27 5,32 FA PARCELA1 C 846 40 114 9,19 5,78 AF PARCELA2 A 620 100 280 39,31 4,75 FA PARCELA2 B 605 160 235 27,81 4,95 FA PARCELA2 C 651 160 189 20,23 5,45 FA PARCELA3 A 740 80 180 28,27 4,75 AF PARCELA3 B 622 100 278 17,47 4,95 FA PARCELA3 C 756 80 164 14,71 5,45 FA PARCELA4 A 744 40 216 35,17 4,99 AF PARCELA4 B 704 80 216 22,99 5,39 FA PARCELA4 C 697 140 163 19,77 5,88 FA PARCELA5 A 657 80 263 26,89 5,38 FA PARCELA5 B 708 8 212 27,81 5,08 FA PARCELA5 C 750 80 170 45,03 4,5 FA PARCELA6 A 845 20 135 19,31 5,6 AF PARCELA6 B 750 60 190 22,07 5,33 FA PARCELA6 C 758 100 142 15,4 5,88 FA PARCELA7 A 678 100 222 30,8 5,49 FA PARCELA7 B 663 80 257 22,99 5,24 FA PARCELA7 C 725 100 175 18,16 4,8 FA 50 PARCELA CAMADA AREIA ARGILA SILTE (g.kg-1) (g.kg-1) (g.kg-1) MATÉRIA ORGÂNICA pH TIPO DE SOLO (g.dm-3) PARCELA8 A 761 80 159 32,64 5,95 AF PARCELA8 B 695 100 205 25,06 5,31 FA PARCELA8 C 634 120 246 21,61 5,17 FA PARCELA9 A 768 80 152 28,27 4,65 AF PARCELA9 B 736 60 204 26,43 5 FA PARCELA9 C 683 80 237 25,75 5,02 FA PARCELA10 A 653 60 287 29,42 6,64 FA PARCELA10 B 617 80 303 23,45 6,52 FA PARCELA10 C 613 100 287 22,07 6,14 FA PARCELA11 A 648 80 272 43,9 5,48 FA PARCELA11 B 606 100 294 25,97 5,68 FA PARCELA11 C 606 140 254 17,7 5,6 FA PARCELA12 A 797 60 143 37,01 5,05 AF PARCELA12 B 673 80 247 28,5 4,68 FA PARCELA12 C 839 80 81 19,54 5,39 AF PARCELA13 A 691 60 249 25,52 5,33 FA PARCELA13 B 713 60 227 37,01 4,58 FA PARCELA13 C 619 140 241 20,23 5,74 FA PARCELA14 A 755 40 205 38,62 5,39 AF PARCELA14 B 676 100 224 22,76 5,35 AF PARCELA14 C 654 120 226 19,08 5,76 FA PARCELA15 A 596 120 284 32,18 5,14 FA PARCELA15 B 794 20 186 27,58 5,47 AF PARCELA15 C 750 60 190 17,47 6,17 FA PARCELA16 A 715 60 225 31,26 4,85 FA 51 PARCELA CAMADA AREIA ARGILA SILTE (g.kg-1) (g.kg-1) (g.kg-1) MATÉRIA ORGÂNICA pH TIPO DE SOLO (g.dm-3) PARCELA16 B 947 40 13 19,08 5,65 A PARCELA16 C 880 20 100 9,65 6,82 A PARCELA17 A 826 20 154 18,16 6,12 AF PARCELA17 B 869 20 111 9,19 5,65 A PARCELA17 C 875 40 85 11,03 6,04 A PARCELA18 A 787 100 113 20,46 5,03 FA PARCELA18 B 814 20 166 14,94 5,84 AF PARCELA18 C 826 60 114 11,03 5,84 AF PARCELA19 A 624 100 276 49,88 5,35 FA PARCELA19 B 664 80 256 23,68 4,88 FA PARCELA19 C 655 80 265 18,62 5,31 FA PARCELA20 A 621 100 279 40,92 5,25 FA PARCELA20 B 608 80 312 24,83 4,71 FA PARCELA20 C 604 120 276 26,66 5,12 FA PARCELA21 A 701 60 239 32,64 5,33 FA PARCELA21 B 668 80 252 27,12 5,4 FA PARCELA21 C 677 100 223 19,31 4,85 FA PARCELA22 A 861 20 119 25,28 5,29 A PARCELA22 B 851 20 129 16,78 5,09 AF PARCELA22 C 846 60 94 14,02 6,1 AF PARCELA23 A 623 40 328 46,2 3,95 FA PARCELA23 B 838 20 142 17,01 4,69 AF PARCELA23 C 820 40 140 15,63 4,72 AF PARCELA24 A 729 60 211 35,63 4,93 FA PARCELA24 B 741 60 199 23,22 5,33 FA 52 PARCELA CAMADA AREIA ARGILA SILTE (g.kg-1) (g.kg-1) (g..kg-1) MATÉRIA ORGÂNICA pH TIPO DE SOLO (g.dm-3) PARCELA24 C 717 80 203 24,6 4,96 FA PARCELA25 A 924 40 36 24,6 4,62 A PARCELA25 B 825 20 155 20,23 4,97 AF PARCELA25 C 639 80 281 27,12 5,17 FA PARCELA26 A 816 20 164 30,11 5,63 AF PARCELA26 B 823 20 157 19,31 4,76 AF PARCELA26 C 824 20 156 14,02 5,33 AF PARCELA27 A 767 60 173 43,9 5,11 AF PARCELA27 B 745 80 175 26,2 5,12 FA PARCELA27 C 714 120 166 24,83 - FA PARCELA28 A 924 20 56 7,59 6,49 A PARCELA28 B 842 20 138 22,53 5,33 AF PARCELA28 C 851 20 129 12,18 4,88 AF PARCELA29 A 733 60 207 28,73 4,93 FA PARCELA29 B 716 80 204 19,08 4,99 FA PARCELA29 C 721 100 179 19,31 4,83 FA PARCELA30 A 736 100 164 24,6 4,76 FA PARCELA30 B 744 100 156 30,11 5,02 FA PARCELA30 C 730 80 190 20 5,64 FA A determinação da granulometria do solo foi realizada com base no fracionamento de amostras de 1000 mg de solo. 53 Tabela 4. Variação da densidade de plantas (indiv./100m2), riqueza de plantas, biomassa vegetal aérea (t/ha), estoque de raízes finas (g/m2) e necromassa vegetal acumulada (t/ha) por parcela em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçú, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). PARCELA DENSIDADE DE PLANTAS (indiv./100m2) RIQUEZA DE PLANTAS (número de espécies) BIOMASSA VEGETAL AÉREA (t/ha) ESTOQUE DE RAÍZES FINAS (g/m2) NECROMASSA ACUMULADA NO ANO (t/ha) PARCELA 1 PARCELA 2 PARCELA 3 PARCELA 4 PARCELA 5 PARCELA 6 PARCELA 7 PARCELA 8 PARCELA 9 PARCELA 10 PARCELA 11 PARCELA 12 PARCELA 13 PARCELA 14 PARCELA 15 PARCELA 16 PARCELA 17 PARCELA 18 PARCELA 19 PARCELA 20 PARCELA 21 PARCELA 22 PARCELA 23 PARCELA 24 PARCELA 25 PARCELA 26 PARCELA 27 PARCELA 28 PARCELA 29 PARCELA 30 0,92 0,85 0,91 0,75 0,75 0,52 0,39 0,52 0,62 0,33 0,75 0,6 0,34 0,78 0,44 0,15 0,13 0,62 0,39 0,48 0,44 0,32 0,38 0,41 0,32 0,38 0,28 7 8 8 10 5 8 8 8 7 3 10 10 9 8 3 4 6 7 12 11 7 7 9 15 10 11 8 305,6745 242,4057 240,6885 239,7844 234,3183 176,0999 141,1633 251,5308 206,692 152,5601 232,02 189,211 120,0914 153,6752 212,3127 49,7276 191,0035 141,1576 164,7824 237,67 214,4012 177,9758 208,6666 123,2301 155,7748 305,6745 242,4057 1,447 0,511 0,732 0,79 0,714 0,697 0,46 1,193 1,147 0,416 0,451 0,573 0,53 1,041 0,763 0,67 0,259 0,568 0,766 0,587 1,211 0,337 1,112 0,657 0,716 0,494 0,775 0,61 - 18,94 13,59 12,02 15,49 10,08 10,15 8,44 18,79 16,78 10,3 8,36 18,46 2,26 16,63 18,08 9,5 7,82 7,39 19,87 10,5 18,06 6,9 11,91 8,95 4,81 6,91 6,58 11,28 10,01 10,53 54 Tabela 5. Variação de temperatura do solo (°C), quantidade de areia do solo (g.kg-1), quantidade de argila do solo (g.kg-1), matéria orgânica do solo (g.dm-3) e do pH do solo por parcela, no período de 29/05/2011 à 15/06/2011, em uma área de caatinga (Fazenda Cauaçu, município de João Câmara, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). PARCELA TEMPERATURA DO SOLO (°C) QUANTIDADE DE AREIA DO SOLO (g.kg-1) QUANTIDADE DE ARGILA DO SOLO (g.kg-1) QUANTIDADE DE MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO (g.dm-3) PH DO SOLO PARCELA 1 PARCELA 2 PARCELA 3 PARCELA 4 PARCELA 5 PARCELA 6 PARCELA 7 PARCELA 8 PARCELA 9 PARCELA 10 PARCELA 11 PARCELA 12 PARCELA 13 PARCELA 14 PARCELA 15 PARCELA 16 PARCELA 17 PARCELA 18 PARCELA 19 PARCELA 20 PARCELA 21 PARCELA 22 PARCELA 23 PARCELA 24 PARCELA 25 PARCELA26 PARCELA 27 PARCELA 28 PARCELA 29 PARCELA 30 25,8 26,5 26,7 25,7 26,8 25,1 26,2 26,6 26,2 26,6 26,2 26,5 26,5 25,9 25,5 26,9 26,4 26,8 26,7 26,3 25,7 26,9 26,2 26,2 26,2 26,1 25,9 26,3 26,1 25,7 791,3 625,3 706 715 705 784,3 688,6 696,6 729 627,6 620 769,6 674,3 695 713,3 847,3 856,6 809 647,6 611 682 852,3 760,3 729 796 821 742 872,3 723,3 736,6 46,6 140 86,6 86,6 80 60 93,3 100 73,3 80 106,6 73,3 86,6 86,6 66,6 40 26,6 60 86,6 100 80 33,3 33,3 66,6 46,6 20 86,6 20 80 93,3 25,51 29,11 20,15 25,97 33,24 18,92 23,98 26,43 26,81 24,98 29,19 28,35 27,58 26,82 25,74 19,99 12,79 15,47 30,72 30,8 26,35 18,69 26,28 27,81 23,98 21,14 31,64 14,1 22,37 24,9 5,6 5 5 5,4 4,9 5,6 5,1 5,4 4,8 6,4 5,5 5 5,2 5,5 5,5 5,7 5,9 5,5 5,1 5 5,1 5,4 4,4 5 4,9 5,2 5,1 5,5 4,9 5,1