Vivência em gestão da qualidade em laboratório de ensaios Instituto Biológico – Laboratório de Resíduo de Pesticidas MINICURSO Dra Claudia Helena Ciscato – [email protected] MsC Angelo Stefani Junior – [email protected] Porque implantar um Sistema de Qualidade em Laboratório de ensaio ? Compulsório – legislação específica (Órgãos Regulamentadores ) Exigência do mercado (cliente) Oferece padrão de qualidade Confiabilidade (garantia de bom serviço prestado, competência técnica, Instalações adequadas) Tipos de Sistemas da Qualidade - ensaios: ISO/IEC 17025 – ISO(ABNT) - Suiça ISO – International Organization for Standardization (1947) Rede não governamental de normalização presente em mais de 140 países Elaboração: 1999 BPL – OECD (INMETRO) OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development Grupo de mais de 30 países membros em cooperação com mais de 70 países Elaboração: 1997 (Good Laboratory Practices – GLP) BR: NIT-DICLA 035 e complementares Objetivos comuns X meios diferentes NBR ISO/IEC 17025:2005 BPL Mais requerimentos Conjunto de Normas (INMETRO) Abrange todo o Laboratório Aplicação mais específica Foco nos ensaios/análises Foco nos estudos Certificado de análise (laudo) Plano de Estudo Exige um Manual da Qualidade Relatório Final Rastreabilidade Rastreabilidade Competência analítica Exige um Diretor de Estudo (DE) Órgão de Reconhecimento/Acreditador - INMETRO Autarquia federal ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que acredita ou reconhece o sistema de Qualidade adotado Acreditação na Norma NBR ISO/IEC 17025:2005 Reconhecimento na NIT-DICLA 035 e complementares (BPL) Órgãos Regulamentadores: (legislação específica) - ANVISA - MAPA - IBAMA - CETESB - ANA (Agência Nacional de Águas) Como implantar um Sistema de Qualidade NBR ISO/IEC 17025 em Laboratório ? Documentar e registrar as operações e atividades do laboratório, tendo como orientação o Sistema de Qualidade a ser adotado Manual da Qualidade POP – Procedimento Operacional Padrão Formulários/Registros (dados brutos a serem gerados) Manual da Qualidade – Documento que define as responsabilidades, os comprometimentos, Organograma, fluxograma organizacional, interrelações dos procedimentos Procedimento – Documento que define e padroniza a sistemática de qualquer a atividade e/ou operação realizadas no laboratório e envolvidas na garantia da qualidade Registros – Evidências de dados brutos gerados (Formulários, livros de registro, caderno de equipamentos, cromatogramas, arquivo digital, entre outros) Implantação do Sistema de Gestão da Qualidade NBR ISO/IEC 17025:2005 - Comprometimento de todos os envolvidos - Nomear um responsável/coordenador - Elaborar a documentação (MQ, POPs, formulários/registros) - Praticar o processo de implementação - Auditar o processo de implantação por meio de auditorias - corrigir as não-conformidades (ação corretiva) - Reavaliação do Sistema (gerencial e técnica) - Auditoria de Acreditação (INMETRO) Organograma Alta direção (gerente da unidade operacional GUO) Garantia da Qualidade Área técnica Gerente (GQ), arquivista, assistentes, auditores Coordenadores, analistas, assistentes NBR ISO/IEC 17025:2005 Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração - Requisitos da direção - Requisitos técnicos 4. Requisitos da direção 4.1 Organização 4.2 Sistema de gestão 4.3 Controle de documentos 4.4 Análise crítica de pedidos, propostas e contratos 4.5 Subcontratação de ensaios e calibrações 4.6 Aquisição de serviços e suprimentos 4.7 Atendimento ao cliente 4.8 Reclamações 4.9 Controle de trabalho de ensaios e/ou calibração não-conforme 4.10 Melhorias 4.11 Ação corretiva 4.12 Ação preventiva 4.13 Controle de registros 4.14 Auditorias internas 4.15 Análise crítica pela direção 5. Requisitos técnicos 5.1 Generalidades 5.2 Pessoal 5.3 Acomodações e condições ambientais 5.4 Métodos de ensaio e calibração e validação de métodos 5.5 Equipamentos 5.6 Rastreabilidade de medição 5.7 Amostragem 5.8 Manuseio de itens de ensaio e calibração 5.9 Garantia da qualidade de resultados de ensaio e calibração 5.10 Apresentação de resultados Operações abordadas pela Norma NBR ISO/IEC 17025:2005 para o controle da qualidade em laboratórios de ensaio Técnicas Análise Crítica da Preparo da Amostra Análise (escopo) Amostragem (lab. ou cliente) Armazenamento da Amostra Cálculo da Incerteza Transporte da Amostra Recebimento da Amostra Elaboração do Certificado de Análise Solicitação Técnicas (outras) Condições Ambientais Validação de Métodos Descarte de Resíduos Satisfação do Cliente Gerenciais Aquisições (Fornecedor) Auditorias Internas Calibração de Equipamentos Controle de Documentos e Registros Gerenciamento das Ações Corretivas e Preventivas CRITÉRIO • aquilo que serve de regra • modo de proceder • ponto de vista • política Porém, sempre em conformidade com as exigências da Norma 17025 O que DEVE: • prescrito, compulsório, obrigatório O que PODE: • recomendação, autorização, ter direito Análise Crítica da Solicitação Possui método analítico ? O método é validado ? O LOD e LOQ atendem ao cliente ? Os equipamentos estão disponíveis e calibrados ? O prazo pode ser atendido ? Será necessário subcontratação total ou de fases ? Amostragem (lab. ou cliente) Faz parte do contrato ? (laboratório) Necessita de alguma recomendação ? (cliente) método específico - quantidade Transporte da Amostra Características da amostra - Volatilidade - Armazenamento - Fotosensibilidade - Degradabilidade - Higroscopicidade - Explosivo - Toxicidade - Fragilidade Recebimento da Amostra Armazenamento da Amostra Preparo da Amostra - Critério de aceitação (integridade) - Identificação / codificação - Registro da entrada e das condições da amostra no recebimento - Armazenamento deve considerar as características da amostra - Processamento e homogeneização da amostra (seleção estatística) Validação de Métodos - Comprova competência às análises - Garante a exatidão do método analítico utilizado - Garante reprodutibilidade e flexibilidade sobre uma faixa específica de análise - Garante resultados confiáveis - Garante a conformidade com as exigências legais - Não existe consenso de parâmetros a serem apresentados (variável) - Diferentes resoluções e normativas dos órgãos regulamentadores - Considera diferentes amostras e equipamentos (revalidação) Orientações para Validação - EuraChem - US FDA - US EPA - USP - FAO - Codex Alimentarius - INMETRO - MAPA - IBAMA (MMA) - ANVISA (MS) Parâmetros na Validação de Método - Precisão (repetibilidade, precisão intermed. ou reprodutibilidade) - Exatidão (recuperação) - Limite de detecção - LOD - Limite de quantificação - LOQ - Sensibilidade e especificidade (Seletividade/interferências) - Linearidade (faixa de trabalho; faixa linear) - Robustez (resistência à variações) - Intervalo de aplicação (níveis) - Estabilidade Os parâmetros devem ser contemplados em procedimento Análises (escopo) - Realizada por analistas qualificados e treinados - Conforme procedimentos dos ensaios e equipamentos - Todas as fases devem ser registradas (dados brutos gerados) - A Garantia da Qualidade de Análise é um item importante da Norma NBR ISO/IEC 17025: (estabilidade da amostra, estabilidade na quantificação; uso de padrão interno; cartacontrole da qualidade de padrões analíticos, entre outros) Cálculo da Incerteza É a incerteza associada ao resultado de uma medição, e que demonstra a dispersão de valores atribuídas ao mensurando (grandeza específica na medição) Na maioria dos casos o mensurando será a concentração de um analito, valor de pH, volume de titulação, entre outros Cálculo da Incerteza Fontes de incerteza – exemplos - Amostragem - Preparo e processamento da amostra - Materiais de referência - Efeito de interferentes - Condições ambientais - Pesagens - Vidrarias e equipamentos volumétricos (calibração) - Aproximações Cálculo da Incerteza Incerteza padronizada – incerteza de um componente expressa por desvio padrão Incerteza padronizada combinada – é a incerteza obtida pela combinação de todos os componentes Incerteza expandida (U) – é a incerteza padronizada combinada corrigida por um fator de abrangência (k) e calculada na tabela t de Student. Cálculo da Incerteza Exemplo (pesagem) Incerteza da calibração (ucal) = 0,01 mg Desvio padrão de 5 repetições de pesagem (upes) = 0,08 mg Incerteza padrão combinada (ucom) = √ 0,012 + 0,082 = 0,081 mg Grau de liberdade (n-1) = 5-1 = 4 (valores bi-caudal com 95% de confiança - tabela t de Student) K = 2,8 Incerteza expandida (U) = 2,8 x 0,081 = 0,23 mg (2 algarismos signifivativos) Elaboração do Certificado de Análise - Codificação/numeração única; página numerada – x/y - Nome e endereço do Laboratório (logotipo) - Símbolo da acreditação INMETRO – 17025 - Nome e endereço do Cliente - Identificação da análise realizada (matriz, analito, método) - Resultado da análise e da incerteza - Descrição do material analisado - Data de recebimento da amostra - Data de emissão do certificado - Nome e assinatura do responsável Auditorias Internas (ação corretiva) O Sistema da Qualidade deve definir critérios para a auditoria interna em procedimento - Existência de um cronograma de auditoria interna cobrindo todos os elementos do Sistema (instalações, fases críticas de análises, documentação) - Responsabilidade é do Gerente da Qualidade - Os auditores devem ser treinados e qualificados, não auditar áreas que possam haver conflito de interesses - As auditorias devem ser registradas (relatório de auditoria) - As não-conformidades devem ser apresentadas e comunicadas aos envolvidos que irá analisar as causas e propôr ações corretivas - GQ deve verificar a eficácia das ações corretivas propostas Ações Preventivas Ação importante para a melhoria contínua do Sistema de Qualidade - Agir nas possíveis fontes de não-conformidades Controle de Documentos e Registros DOCUMENTOS EXTERNOS (Biblioteca) - Normas - Métodos de ensaio - Legislação - Manuais DOCUMENTOS INTERNOS (Elaborados para compor o Sistema de Qualidade) - Manual da Qualidade - Procedimentos, Registros, Listas Mestras, Agenda Mestra Os documentos externos devem codificados e compor uma lista mestra Ex.: DE-XXX ser Os documentos internos devem ser: - Elaborados e verificados pela equipe de colaboradores - Formatados - Codificados - Datados - Assinados - Aprovados pela Gerência Técnica - Distribuídos (disponíveis aos colaboradores) - Controlados (revisão, distribuição, obsolescência) Sugestão Controle de Procedimentos Por meio de Lista mestra de procedimentos - Administrativos (PA-XXX) - Gestão da qualidade (GQ-XXX) - Equipamentos (PE-XXX) - Técnicos (PT-XXX) Sugestão Controle de Registros Por meio de Lista mestra de registros - Administrativos (RA-XXX) - Gestão da qualidade (RQ-XXX) - Equipamentos (RE-XXX) - Técnicos (RT-XXX) Controle de documentos Distribuição: - Cópia controlada - Cópia não controlada - Cópia exata do original, revisão e obsolescência Revisão/versão: - Recolher e substituir, obsoletar e arquivar a revisão anterior - Treinamento Fora de uso: - Forma de utilização de codificação Arquivo Compõe os documentos e as substâncias-teste e/ou padrões de referência vencidos, armazenados. - Garantir a integridade – Local seguro e protegido, disposição segura, numeração - Permitir pronta recuperação de documentos – codificações - Controle de solicitação de documentos O Arquivo de documentos da qualidade deve ser único e separados de demais Arquivista – Responsável pela garantia da integridade e do controle de solicitação de documentos Equipamentos - Codificados - Calibrados - Compor uma Lista Mestra (informações sobre calibração) - Conveniente (etiqueta: Fora de Uso, em manutenção) Exemplos de registro Exercício (em grupo) 1) Escolher um escopo único e simples para um Laboratório e definir o fluxo de trabalho com todas as operações e fases da análise escolhida. 2) Elaborar um procedimento viável para a realidade do Laboratório, que cumpra com o requisito 4.3 da NBR ISO/IEC 17025 – Controle de documentos. 3) Identificar todos os equipamentos e instrumentos críticos envolvidos na realização do ensaio escolhido. 4) Quais ações o Laboratório deve tomar antes de utilizar os equipamentos para a realização do ensaio escolhido? 5) Estabelecer um critério de recebimento da amostra/matriz do escopo escolhido que permita a sua integridade, rastreabilidade e qualidade da análise realizada pelo Laboratório. Referências bibliográficas OLIVARES, B. R. I. Gestão da qualidade em laboratórios. II edição. Editora Átomo, 2009, 143 pg. BAHIA, F. O. Tópicos em validação de métodos. Escola avançada de metrologia em Química. Nov./2003 ABNT ISO IEC 17025:2005