História da Arte
Professora: Andréa Lavareda
Série: 3º E.M
Vanguarda Europeia
Futurismo, Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo e
Surrealismo.
Vanguarda Europeia
As vanguardas europeias marcaram o início do século XX, influenciando todas as formas de manifestações
artísticas. Não se trata de um modelo literário, uma escola, mas sim, diversas formas de pensar o presente
daquela época, em diferentes países, retratando esse pensamento em esculturas, pinturas, poemas e romances.
CONTEXTO HISTÓRICO
Os movimentos de vanguarda emergiram na Europa nas duas primeiras décadas do século 20 e provocaram
ruptura com a tradição cultural do século 19. Foram extremamente radicais e influenciaram manifestações
artísticas em todo o mundo.
As cinco principais correntes vanguardistas foram: futurismo, cubismo, dadaísmo, expressionismo e surrealismo.
FUTURISMO
O futurismo é um movimento artístico e literário, surgido oficialmente em 20 de fevereiro de 1909, com a
publicação do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro.
Os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na
velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX. Os primeiros futuristas europeus também
exaltavam a guerra e a violência.
O Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou diversos artistas que depois fundaram outros
movimentos modernistas.
Fragmento "Fundação e manifesto do futurismo", 1908, publicado em 1909.
1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.
3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o
movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro.
4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da
velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito
explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de
Samotrácia.
5. Queremos celebrar o Iníciom que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada a
toda velocidade no circuito de sua própria órbita.
6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o entusiástico
fervor dos elementos primordiais.
7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser uma
obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para
obrigá-las a prostrar-se ante o Iníciom.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se queremos
arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o
absoluto, pois criamos a eterna velocidade onipresente.
9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto
destruidor dos anarquistas, as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo tipo, e combater o moralismo,
o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação;
cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante
fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas elétricas: as estações
insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens pelos
contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que transpõem as
fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor aventurosos que farejam o
horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os trilhos como enormes cavalos de
aço refreados por tubos e o vôo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices se agitam ao vento como
bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.
Fonte: http://www.historiadaarte.com.br/linha/futurismo.html
CUBISMO
Historicamente, o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da
natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne.
Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem
abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa
atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas,
com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os
como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo,
percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
• geometrização das formas e volumes
• renúncia à perspectiva
• o claro-escuro perde sua função
• representação do volume colorido sobre superfícies planas
• sensação de pintura escultórica
• cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave
Cubismo Analítico
- (1909) caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes,
o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura,
examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos
seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se
reduz aos tons de castanho, cinza e bege.
Cubismo Sintético
- (1911) reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa
tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz
letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação
pode ser explicada pela intenção dos artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações
visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.
Principais artistas:
Pablo Picasso
Georges Braque
Juan Gris
Fernand Léger
DESDOBRAMENTOS DO CUBISMO NO BRASIL
O Cubismo só apareceu aqui no Brasil em 1922 após a Semana de Artes Modernas. Os pintores brasileiros
tiveram muitas influências que eram do movimento em outros países. Os artistas principais eram: Tarsila do
Amaral, Anita Malfatti, Rego Monteiro e Di Cavalcanti.
“Mulheres", de Di Cavalcanti
EXPRESSIONISMO
O Expressionismo é a arte do instinto. Trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos
humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à
prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais. É uma corrente artística concentrada especialmente
na Alemanha, entre os anos de 1905 e 1930.
Principais características:
 Pesquisa no domínio psicológico;
 Cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
 Dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
 Pasta grossa, martelada, áspera;
 Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando
explosões;
 Preferência pelo patético, trágico e sombrio.
Surgimento
Em oposição ao Impressionismo, o Expressionismo surge no final do século XIX com características que
ressaltam a subjetividade. Neste movimento, a intenção do artista é de recriar o mundo e não apenas a de
absorvê-lo da mesma forma que é visto. Aqui ele se opõe à objetividade da imagem, destacando, em
contrapartida, o subjetivismo da expressão.
História e características
Seu marco ocorreu na Alemanha, onde atingiu vários pintores num momento em que o país atravessava um
período de guerra. As obras de arte expressionistas mostram o estado psicológico e as denúncias sociais de uma
sociedade que se considerava doente e na carência de um mundo melhor. Pode-se dizer que o Expressionismo
foi mais que uma forma de expressão, ele foi uma atitude em prol dos valores humanos num momento em que
politicamente isto era o que menos interessava.
O principal precursor deste movimento foi o pintor holandês Vincent Van Gogh, que, com seu estilo único, já
manifestava, através de sua arte, os primeiros sinais do expressionismo.
Outros artistas expressionistas:
 Paul Gauguin
 Edvard Munch
O Grito (Munch)
El Cristo amarillo, 1889, Paul Gauguin
Noite estrelada, 1889, Vincent Van Gogh
Os Retirantes, 1944, Candido Portinari
Expressionismo no Brasil
Em nosso país o movimento também foi importante. Podemos destacar, nas artes plásticas, os artistas
expressionistas mais importantes: Candido Portinari, que retratou em suas telas a migração do povo nordestino
para as grandes cidades e a vida dos agricultores, operários e desfavorecidos.
Outros representantes do expressionismo brasileiro:
- Anita Malfatti - pode ser considerada a artista que introduziu as vanguardas européias em território brasileiro.
Retratou em suas obras retratos nus, cenas populares cotidianas e paisagens. Usou cores fortes e violentas em
suas obras.
- Lasar Segall - é considerado o primeiro artista a introduzir o expressionismo alemão em território sul-americano.
Uma de suas obras mais conhecidas é "Emigrante Navio" de 1939.
- Osvaldo Goeldi (autor de diversas gravuras).
DADAÍSMO
Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem permanecido em seus
respectivos países, teriam sido convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de negação. Durante
a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento
dos seus próprios países na guerra.
Fundaram um movimento literário para expressar suas decepções em relação à incapacidade da ciência, religião e
filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A palavra “Dada” foi descoberta
acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário alemão-francês. Dada é uma palavra francesa
que significa, na linguagem infantil, "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia sentido, assim como a arte
que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra.
Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo
psíquico, selecionado, combinando elementos ao acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende o
absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente, firma-se como um protesto contra uma civilização que
não conseguiria evitar a guerra.
A geografia do movimento aponta para a formação de diferentes grupos, em diversas cidades, unidos pelo espírito
de questionamento crítico e pelo sentido anárquico das intervenções públicas. O clima mais amplo que abriga as
várias manifestações dada pode ser encontrado na desilusão e ceticismo instaurados pela Primeira Guerra
Mundial, 1914-1918, que alimenta reações extremadas por parte dos artistas e intelectuais em relação à
sociedade e ao suposto progresso social. Na Alemanha, nas cidades de Berlim e Colônia, destacam-se os nomes
de R. Ruelsenbeck, R.Haussmann, Johannes Baader, John Heartfield, G.Groz e Kurt Schwitters. Em Colônia, Max
Ernst - posteriormente um dos grandes nomes do surrealismo - aparece como um dos principais representantes
do dadaísmo. A obra e a atuação de Francis Picabia estabelecem um elo entre Europa e Estados Unidos.
Catalisador, com Albert Gleizes e A. Cravan, das expressões dada em Barcelona, onde edita a revista 391,
Picabia se associa também ao grupo de Tzara e Arp, em Zurique. Em Nova York, por sua vez, é protagonista do
movimento com Marcel Duchamp e Man Ray.
TRECHO DO MANIFESTO DADAÍSTA
Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos
(...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única
fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para
nem contra e não explico por que odeio o bom-senso.
Nas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram um
clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura europeia e a frágil condição humana
diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira
fantasiosa na realidade.
Difícil localizar influências diretas do dadaísmo na produção brasileira, mas talvez seja possível pensar que ecos
do movimento dada cheguem pela leitura que dele fazem os surrealistas, herdeiros legítimos do dadaísmo em solo
francês. Por exemplo, em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero Dias; nas fotomontagens de Jorge
de Lima, que podem ser aproximadas de trabalhos correlatos de Max Ernst; na produção de Flávio de Carvalho.
De Carvalho, as performances, tão ao gosto das vanguardas.
Fonte - obra ready-made de Duchamp de 1917
Ismael Nery – Auto-Retrato com Adalgisa
Cicero Dias – Mulheres
SURREALISMO
Surgimento e história do movimento surrealista
O surrealismo surgiu na França na década de 1920. Este movimento foi significativamente influenciado pelas
teses psicanalíticas de Sigmund Freud, que mostram a importância do inconsciente na criatividade do ser humano.
De acordo com Freud, o homem deve libertar sua mente da lógica imposta pelos padrões comportamentais e
morais estabelecidos pela sociedade e dar vazão aos sonhos e as informações do inconsciente. O pai da
psicanálise, não segue os valores sociais da burguesia como, por exemplo, o status, a família e a pátria.
O marco de início do surrealismo foi a publicação do Manifesto Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra francês
André Breton, em 1924. Neste manifesto, foram declarados os principais princípios do movimento surrealista:
ausência da lógica, adoção de uma realidade "maravilhosa" (superior), exaltação da liberdade de criação, entre
outros.
Os artistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores ditados pela burguesia, vão criar obras repletas
de humor, sonhos, utopias e qualquer informação contrária a lógica.
Outros marcos importantes do surrealismo foram a publicação da revista A Revolução Socialista e o segundo
Manifesto Surrealista, ambos de 1929. Os artistas do surrealismo que de destacaram mais na década de 1920
foram: o escultor italiano Alberto Giacometti, o dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador
Dalí e Joan Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel e os escritores
franceses Paul Éluard, Louis Aragon e Jacques Prévert.
A década de 1930 é conhecida como o período de expansão surrealista pelo mundo. Artistas, cineastas,
dramaturgos e escritores do mundo todo assimilam as ideias e o estilo do surrealismo. Porém, no final da década
de 1960 o grupo entra em crise e acaba se dissolvendo.
… Estou pintando quadros que me fazem morrer de alegria, estou criando com absoluta naturalidade, sem a menor
preocupação estética, estou fazendo coisas que me inspiram com uma profunda emoção e estou tentando pintá-los com
honestidade.
Salvador Dali
As ideias surrealistas vieram para o Brasil na década de 1930 e foram absorvidas pelo movimento Modernista. Os
Tarsila do Amaral e Ismael Nery foram os mais influenciados. Além deles, a escultora Maria Martins, o pintor
pernambucano Cícero Dias, o poeta Murilo Mendes e os escritores Aníbal Machado e Mário Pedrosa também
acrescentaram elementos surreais em suas obras.
A persistência da memória, Salvador Dali
O Sedutir (1956), René Magritte
O Carnaval do Arlequim (pintura em óleo de 1924)
Abaporu, 1928 Tarsila do Amaral
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