RESSONÂNCIAS DECADENTISTAS NO MODERNISMO PORTUGUÊS Rafael Santana Gomes RESUMO É sabido que o movimento decadentista influenciou profundamente a modernidade inaugural do século XX português, apresentando uma série de temas de sua predileção no próprio seio da literatura desse período. Este trabalho tem por objetivo percorrer os diversos caminhos do Decadentismo deixados por Charles Baudelaire e por alguns artistas finisseculares, no intuito de mostrar as ressonâncias dessa escola literária em alguns escritos de Mário de Sá-Carneiro e de Fernando Pessoa. Palavras-chave: decadentismo, modernismo, Baudelaire, Sá-Carneiro, Fernando Pessoa ABSTRACT It is known that the decadent movement profoundly influenced the opening modernity of the Portuguese 20th century, showing a series of its favorite topics in the very literature of that period. The aim of this paper is to follow the several ways of Decadentism outlined by Charles Baudelaire and some other artists of the late 1800s, with the intention of revealing the resonances of that literary school in some writings of Mário de Sá-Carneiro and Fernando Pessoa. Keywords: decadentism, modernism, Baudelaire, Sá-Carneiro, Fernando Pessoa O artista não tem que se importar com o fim social da arte, ou, antes, com o papel da arte adentro da vida social. Preocupação é essa que compete ao sociólogo e não ao artista. (PESSOA, 2005, p.225) É um lugar comum dos estudos críticos sobre o Decadentismo o fato de considerá-lo um movimento literário que subvertera, de forma radical, os postulados do projeto realista-naturalista, e que instaurara, por conta disso, o trâmite para a modernidade1. O que talvez não se nos afigure tão claro sejam os traços que, para além dos pólos antagônicos denúncia social (Realismo) e culto à beleza da arte (Decadentismo), caracterizariam essa modernidade como tal. Como se sabe, embora o 1 Os estudos do professor Latuf Isaias Mucci, por exemplo, compreendem “a estética do Decadentismo enquanto subversão do projeto realista-naturalista e enquanto instauração do trâmite para a Modernidade” (1994, p.16). 1 Realismo se comprometesse a retratar, de um modo extremamente irônico, os descaminhos da sociedade de seu tempo, em diversas esferas, tais como a pública, a privada e a literária, teriam sido, ainda assim, os valores dessa mesma sociedade que esse movimento teria pretendido reafirmar. De fato, posto o Realismo traga para o centro da cena romanesca personagens de cujo interior despontam, não raro, características tão negativas como, dentre outras, egoísmo, cinismo e hipocrisia – já que o foco de sua preocupação reside, essencialmente, na humanidade falhada, como bem assinala Monica Figueiredo (2006, p.283) a propósito de Eça de Queirós –, teria sido, ainda assim, a pauta de valores da sociedade burguesa que esse escritor, de certo modo, teria pretendido revigorar. Ao desconstruir, em alguns aspectos, o paradigma da narrativa romântica, tomada, grosso modo, como a expressão máxima dos ideais da burguesia, o autores realistas estariam, de certa maneira, reafirmando os principais valores dessa sociedade, por meio de um processo de denegação. Se, geralmente, as personagens românticas apresentam, numa diegese, sentimentos puros e elevados, honra, honestidade, um agudo senso moral, uma consciência reta etc., e as personagens realistas o oposto de tudo isso, essa distinção entre ambas não poderia ser considerada um fator suficiente para conceber a literatura realista enquanto expressão estética contrária aos valores da burguesia. A esse respeito, escreve José Carlos Barcellos: [...] isso não nos deve levar à falsa conclusão de que o Realismo rompe com os valores burgueses enquanto tais. De maneira nenhuma! Os romances e contos realistas reafirmam toda a pauta daqueles valores: importância da família nuclear, ética do trabalho, nacionalismo, individualismo, liberdade, honradez, respeitabilidade etc. O Realismo é, na verdade, uma denúncia e um protesto contra a corrupção desses valores, numa sociedade que finge aceitá-los, mas que os reduz, na prática, a um mero jogo de aparências e de interesses. O grande propósito do Realismo é, em certo sentido, a denúncia da hipocrisia, que consiste em apresentar os interesses mais egoístas e mesquinhos sob a capa de valores nobres e respeitáveis. Com esse propósito, os autores realistas visavam a contribuir para a reforma e o aprimoramento da sociedade burguesa. A literatura que produziram queria ser um instrumento de esclarecimento das consciências, com a finalidade de transformar e melhorar diversos aspectos da vida social, política e econômica, que eles julgavam deficientes. Desse modo, encontram-se nos romances e contos realistas, de maneira direta ou indireta, apelos à reforma da educação, à promoção da mulher, à justiça social, ao aperfeiçoamento das leis e das instituições etc. (BARCELLOS, 2007, p.83-84. Grifos nossos) Ora, seria exatamente no ponto destacado na citação acima que radicaria a diferença básica entre o Realismo e o Decadentismo. Se o primeiro almejaria lograr uma espécie de recentramento do homem a partir da denúncia das mazelas sociais – dado 2 que, a seu modo, apostava na utopia burguesa da busca da unidade e da integridade do sujeito –, o segundo começaria a manifestar uma certa consciência da fragmentação do “eu”, porque se dava conta da multiplicidade identitária como sendo um fenômeno inerente à condição humana2. Além disso, vale reiterar o fato de a modernidade decadentista estar vinculada, dentre outros aspectos, à idéia de uma arte centrada em si, e que, por isso mesmo, romperia com a concepção burguesa de um fazer artístico obrigatoriamente voltado para o social. Frente a esse esfacelamento das certezas humanistas, o esteta finissecular vai-se dedicar à produção de obras extremamente refinadas, porque somente essas seriam capazes de dar algum sentido à sua vida. Repare-se que tanto a idéia da fragmentação do sujeito quanto a de uma arte centrada essencialmente na linguagem, ambas propagadas pelo Decadentismo, constituiriam, nas primeiras décadas do século XX europeu, a chancela-mor do Modernismo. Contudo, a modernidade, no âmbito da literatura, já havia começado a ser preparada antes mesmo do surgimento do Decadentismo, movimento que muito deve aos postulados de alguns artistas que, por suas obras iconoclastas, seriam, reconhecidamente, os tutores de uma nova escritura, em cujo eixo temático se encontrariam as bases do Modernismo. Baudelaire, Gautier, Huysmans e Wilde: tutores da modernidade A fonte mais copiosa do Decadentismo foi certamente a época histórica em que surgiu, um momento de encruzilhada, uma fase crucial da história da humanidade, quando pulularam tendências, revoltas, revoluções, filosofias, estéticas. A obra literária decadentista – única e frágil – brotou no miasma, no canteiro podre secular: flor do mal, flor explicando o estrume. (MUCCI, 1994, p.48) 2 Essa questão pode ser percebida no livro paradigmático do Decadentismo inglês, O Retrato de Dorian Gray, no qual Oscar Wilde trabalha, dentre outros assuntos, a temática do duplo. Segundo um verbete do E- Dicionário de Termos Literários da Universidade Nova de Lisboa, escrito por Carla Cunha, e revisado por Carlos Ceia, “O conceito mais comum relativamente ao duplo é que este é algo que, tendo sido originário a partir de um indivíduo, adquire qualidade de projecção e posteriormente se vem a consubstanciar numa entidade autónoma que sobrevive ao sujeito no qual fundamentou a sua génese, partilhando com ele uma certa identificação. Nesta perspectiva, o DUPLO é uma entidade que duplica o “eu”, destacando-se dele e autonomizando-se a partir desse desdobramento. [...] O DUPLO estabelece ainda um compromisso entre a interioridade e a exterioridade do sujeito, do “eu”, reflectindo o seu interior e assumindo-se-lhe exterior, porque autónomo, ele próprio diferente já do “eu” original”. 3 Charles Baudelaire (1821-1867), conhecido também pelo epíteto de o artista maldito, é, como se sabe, apontado e celebrado, na literatura ocidental, como a grande figura da modernidade. Devido ao seu tom profanador e à sua postura iconoclasta no que se refere aos campos tanto da arte quanto da vida, o poeta seria tomado como patrono e titular de algumas estéticas ulteriores: o Parnasianismo, o Decadentismo, o Simbolismo e o Modernismo. Por conta da retomada de seus postulados tanto éticos quanto estéticos por outros artistas, assim como pelo que sua poesia apresenta de inovador em relação à lírica tradicional, Baudelaire viria a ser considerado hegemonicamente, pela crítica, o primeiro escritor a prefaciar a modernidade. A esse respeito, assinala Fernando Monteiro de Barros: Baudelaire, figura tutelar dos desdobramentos pós-românticos da poesia ocidental, tem efetivamente, em sua complexa produção poética, germes que irão mais tarde vicejar nas escolas literárias a ele posteriores, a saber, Parnasianismo, Decadentismo, Simbolismo e Modernismo. (BARROS, 2008, p.3) Propagando em sua obra conceitos avessos aos instituídos pela sociedade de seu tempo, Baudelaire fizera de sua arte uma espécie de instrumento cortante, porque ligada ao prazer hedonista de desrespeitar a pauta dos valores mais sagrados, tais como a bondade, a honestidade, a moral, a importância da família, a ética do trabalho, o papel da mulher enquanto progenitora, mãe e esposa, o louvor a Deus etc. Dandy por excelência, e defensor heráldico de uma postura aristocratizante tanto na arte quanto na arte da vida, esse poeta encarnara uma atitude defensiva para com a cultura massificadora, atrelada por demais à ideologia burguesa, pela qual manifestava um profundo desdém. Com efeito, percebe-se em Baudelaire uma relação ambígua – a um só tempo de atração e repulsa – com a civilização e com o progresso, além de uma resistência declarada à opinião pública, ao senso comum, aos partidos parlamentares e ao puritanismo da classe burguesa. Nesse desejo intenso e intencional de desagradar, encontramos no seu famoso livro – As flores do mal (1957), representante máximo de suas idéias singulares – alusões constantes a diversos conceitos e temas ímpares, tais como o satanismo, a revolta, o repúdio à natureza e a concepção da poesia não como produto da inspiração, mas como uma formulação do pensamento3. 3 Podemos perceber essas alusões em alguns poemas, tais como o Hino à beleza (BAUDELAIRE, 2004, p.34); o poema “Porias o universo inteiro em teu bordel/ Mulher impura! [...]” (Idem, p.38), no qual o sujeito lírico relata sua perplexidade perante uma mulher despótica; o poema Sed non satiata – Cansada, mas não saciada – (Ibidem, p.39), em que o eu lírico se declara impotente para cessar a sede sexual de 4 Claro está que muitas das concepções artístico-literárias de Baudelaire seriam opostas às manifestadas pelo Romantismo. Como se sabe, não obstante a crítica também o situe nas sendas dessa escola literária, devido ao seu espírito de revolta e ao culto satânico que assinala em sua poesia, a poética baudelairiana, para além da idéia da inspiração como critério máximo do fazer artístico, postularia também o conceito de uma arte que é produto do intelecto, de um trabalho técnico, cujo eixo basilar residiria prioritariamente no culto ao artifício. Se a escritura romântica se quis essencialmente um produto da explosão sentimental de um “eu” interior, e, nesse sentido, não se fixara tanto no cuidado com a forma, a obra poética baudelairiana, ao contrário, a apresentaria como uma condição sine qua non, ao exacerbar a consciência de que a forma engendra necessariamente o sentido, e que o sentido está muitas vezes no próprio trabalho formal. A esse respeito, diz Fernando Monteiro de Barros, com grande acuidade: Na concepção da poesia como produto do cálculo e da imaginação, contrapondo-se ao primado romântico concedido à inspiração, Baudelaire dá o tom da produção poética que lhe é posterior, centrada no rigor técnico e no apuro formal [...]. (Idem) Na esteira baudelairiana da cisão entre a arte e a representação da realidade, Théophile Gautier (1811-1872), seu amigo e mestre, reivindicaria igualmente uma ruptura entre o fazer artístico e o compromisso com o social. Para ele, a arte deveria, pois, estar assentada essencialmente no primado da forma, visto que só poderia ser considerada bela se não servisse para nada. Em outras palavras, se escapasse ao utilitarismo da linguagem em prol da autorreferencialidade. Segundo o próprio Gautier, tudo aquilo que fosse útil deveria ser considerado veementemente feio e, portanto, desprezível. Essa idéia da inutilidade da arte estaria expressa, de forma patente, no bombástico prefácio a seu romance Mademoiselle de Maupin, a partir do qual estaria decretado o divórcio entre a literatura e a sociedade. A esse respeito, assinala Latuf Isaias Mucci: Alheio às preocupações político-sociais e corifeu desse movimento polêmico da arte como um fim em si mesma, Théophile Gautier [...] centrou sua atenção mais nas formas da beleza do que nas idéias, tema de seu contundente prefácio uma femme fatale, ao mesmo tempo que se lamenta do fato de não se poder tornar uma mulher (Proserpina) para lograr tal fim, referindo-se metaforicamente aos atos lésbicos de sua amante. Além disso, nos Escritos íntimos baudelairianos, se pode perceber igualmente essa “repulsa pelas mulheres que se adequam ao padrão familiar burguês do casamento e da maternidade” (BARROS, 2006, p.103), assim como uma negação de alguns valores cristãos como a bondade, a honestidade e a retidão. 5 a seu famoso romance Mademoiselle de Maupin [...]. No “Prefácio”, Gautier prega que o escritor deve se desinteressar dos problemas políticos, sociais e morais, bastando-lhe que ame, imagine e crie o belo. Essa teoria escandalizou os grandes românticos franceses – Lamartine [...], Victor Hugo [...] e Georges Sand [...] –, que se tinham voltado para a literatura social. (MUCCI, 1994, p.39) Embora primeiramente influenciado e interessado pela obra de Victor Hugo, Théophile Gautier, que, quando jovem, desejara dedicar-se à pintura, afastava-se cada vez mais do modelo romântico, no qual se iniciara, ao realizar em sua poesia descrições precisas de objetos e paisagens, motivo que somado à premissa da arte pela arte postulada a partir do célebre prefácio de que falamos, lhe viria a conferir, futuramente, o título de escritor parnasiano. Além disso, foi Gautier quem, no romance apontado, retomara o mito do andrógino, tema que se tornaria uma das obsessões dos estetas finisseculares. Lembre-se que tanto essa concepção da arte como teatralização e simulacro quanto como daquela que deveria tratar de temas deixados à margem, única e exclusivamente pelo mero prazer aristocrático de desagradar a sociedade vitoriana, seriam um dos leitmotive propagados pelos estetas decadentistas. Retomando alguns dos conceitos artísticos propagados por Baudelaire e Gautier, Joris Karl Huysmans (1848-1907), escritor paradigmático do Decadentismo, legaria ao mundo, em seu célebre livro, Às Avessas (1884), as principais bases desse movimento literário. Tais bases seriam, no dizer de Latuf Isaias Mucci, "uma trindade não santíssima, mas artificialíssima: o dandismo, a androginia e a artificialidade como simulacro” (Idem, p.48). Repare-se que esses três traços se encontrariam, tanto na vida quanto na obra do poeta Charles Baudelaire, assim como na do escritor Théophile Gautier4. Com efeito, o esteta finissecular trabalhara a partir de um verdadeiro sistema de parcerias textuais, no qual textos dialogaram constantemente com outros textos. Nesse palimpsesto, nesse “mosaico através do qual passam luz e sombra” (Ibidem, p.17), os postulados baudelairianos seriam permanentemente evocados, porque ressoariam como os mais importantes. Segundo Noel Richard, “o perfeito decadente reivindica filiação a Baudelaire, fundador da nova ordem estética, e lhe imita pelo 4 Théophile Gautier, por exemplo, assim como Baudelaire, também apresentava um certo dandismo em sua vestimenta. Trajando sempre um colete vermelho e calças verdes, o artista em questão tornara-se personagem conhecida antes mesmo de alcançar a fama como escritor. Além disso, Gautier, no prefácio a Mademoiselle de Maupin, manifesta um verdadeiro desdém pela moral, ao sustentar a tese de que não há absolutamente nada em comum entre a arte e esta, postura que o aproxima, mais uma vez, de Charles Baudelaire. 6 menos o dandismo exterior” (1968, p.225). Ou ainda, como diz Fernando Monteiro de Barros: Os postulados poéticos de Baudelaire serão a chancela-mor do Decadentismo do final do século XIX. Assim como o poeta de As flores do mal, os decadentistas terão igual aversão à natureza e ao natural, serão dândis e postularão uma concepção de arte enquanto pura poiesis, puro simulacro, consagrando, deste modo, a pose e o artifício do signo. (BARROS, 2007, p.77) Primeiramente discípulo de Émile Zola (1840-1902), um dos maiores expoentes do naturalismo, Huysmans romperia com os postulados de seu mestre, ao escrever o livro, Às Avessas, texto tutelar do Decadentismo. Nesse romance insólito, no qual não ocorre praticamente nenhuma ação, a apresentação da filosofia de vida da personagem principal, des Esseintes, pareceria ser, pois, o grande objetivo da diegese. O enredo do livro é, em si, bastante simples: por ser um aristocrata, e por manifestar aversão à massa, à chusma, des Esseintes, um dandy parisiense, decide retirar-se da grande capital. Feito isso, o protagonista de Às Avessas, instala-se numa mansão afastada da corte, local onde se cerca de objetos artísticos ligados à estética e à beleza, no intuito de apurar sua percepção sensorial. Significativamente, o romance de Huysmans, considerado pela crítica como a “bíblia” do Decadentismo, poderia ser lido, também, como um conjunto de monografias acerca de conceitos artísticos. Ora, tanto esse posicionar-se a favor da “arte pela arte”, quanto essa ostentação de "um desdém aristocrático pelos homens comuns e virtuosos de seu tempo" (BARROS, 2008, p.5), são marcas indeléveis, que podem ser encontradas tanto em Théophile Gautier como em Charles Baudelaire. De fato, o artista maldito se lhe afiguraria uma figura tutelar a des Esseintes, protagonista do romance Às Avessas: E quanto mais des Esseintes relia Baudelaire, mais reconhecia um indizível encanto nesse escritor que, num tempo em que o verso servia apenas para pintar o aspecto exterior dos seres e das coisas, alcançara exprimir o inexprimível, graças a uma linguagem musculosa e carnuda que, mais do que qualquer outra, possuía o maravilhoso poder de fixar, com uma estranha saúde de expressão, os estados mórbidos mais fugazes, mais tremidos dos espíritos esgotados e das almas tristes. (ASA, p.175) É, pois, a Charles Baudelaire que os artistas finisseculares rendem culto, porque nele enxergavam o mais profundo teórico da decadência. Como se sabe, foi a partir da reprodução dos conceitos de seu mestre a respeito do dandismo, da perversão e da 7 aversão à natureza, que J. K. Huysmans pôde lançar, de forma significativa, as bases principais do Decadentismo. Como afirma Fernando Monteiro de Barros, é de Baudelaire que "o Decadentismo tomará [...] a noção de dandismo como atitude de oposição à padronização burguesa na adoção de um aristocratismo amoral, cultuando o belo pelo viés da transgressão" (2008, p.4). Ao cultivar, acima de tudo, “o raro, o requinte, o anti-natural, como conseqüência imediata de sua filiação a Baudelaire, para quem a estranheza – ou extravagância – faz parte do belo” (MUCCI, 1994, p.57), o texto tutelar de Huysmans, Às Avessas, “declara, pois, ódio à natureza, que o artista deve desprezar e ultrapassar em sua produção (Idem, p.58), substituindo-a, “tanto quanto possível, pelo artifício” (ASA, p.54). Ora, parecem ter sido exatamente essas lições que Oscar Wilde absorvera do romance apontado acima. Flanando pelas ruas da Londres e da Paris fin-de-siècle, o escritor irlandês deparara-se, na capital francesa, com um volume do livro de Huysmans, o qual havia sido publicado no ano de 1884. Segundo James Laver, a bíblia huysmaniana “deve ter tido para Wilde uma atração imediata. O singular caráter do protagonista, des Esseintes [...] deve ter parecido, ao jovem inglês, encarnação das suas próprias idéias” (1986, p.22). Tal como o protagonista de Às Avessas, que manifestava aversão à opinião pública, o escritor Oscar Wilde pode ser considerado também uma espécie de reformador da estética, um mestre do paradoxo, visto que esteve constantemente em busca de desvirtuar a doxa, isto é, de combater o senso comum. Essas idéias se deixariam ver claramente em diversos escritos do autor em questão, dentre eles – e muito especialmente – no seu único romance, O Retrato de Dorian Gray, do qual analisaremos alguns fragmentos. Considerado pela crítica como “o texto clássico do decadentismo inglês” (FORTICHIARI, 1987, p.46) o romance apontado, além de, implicitamente, fazer alusão ao texto paradigmático de Huysmans, Às Avessas, discorre também sobre uma série de temas caros a essa estética, tais como o dandismo, o artificialismo, o simulacro, a aversão às massas, o pavor à velhice, o desprezo pela bondade, pela honra, pela ética do trabalho etc. Ademais, esse texto sui generis de Wilde, ao trabalhar a temática do duplo, exploraria uma questão que viria a tornar-se central nas primeiras décadas do século XX: a da fragmentação da identidade. Influenciado pela filosofia decadentista da personagem Lorde Henry, o belo jovem Dorian Gray toma conhecimento de um lado desconhecido de si mesmo, tornando-se, podemos dizer, um ser outro. E é justamente para isso que o próprio Lorde Henry chama a atenção do protagonista do romance, 8 quando interrogado por ele a respeito de seu poder de persuadir negativamente as pessoas: – O senhor é mesmo uma influência negativa, lorde Henry? Tão negativa quanto o diz Basil? – Influências positivas não existem, Sr. Gray. Toda influência é imoral... imoral, do ponto de vista científico. – Por quê? – Porque influenciar uma pessoa é dar a ela a própria alma. Ela passa a não pensar com seus pensamentos naturais. As virtudes que possui deixam de ser, para ela, reais. Os pecados que comete, se é que existem pecados, são todos tomados por empréstimo. Ela se torna um eco da musica de outrem, ator de um papel não escrito para ela. O objetivo da vida é o autodesenvolvimento; é perceber, com perfeição, nossa natureza... é para isto que estamos aqui, cada um de nós. (RDG, p.24) Como se vê, a partir dos ensinamentos do dandy Lorde Henry, Dorian Gray viria a descobrir um outro de si: “Por que coubera a um estranho revelá-lo a si mesmo?”, pergunta-se a figura central do romance de Wilde. Personagem típica da literatura decadente, o dandy wildiano é uma figura que funciona como uma espécie de “confidente que presta assistência ao herói ou heroína da história” (FARIA, 1988, p.186), é um ser cuja funcionalidade residiria essencialmente no papel dialógico, isto é, no exercício da fruição da situação conversacional. Ora, seria exatamente esse o lugar da personagem Lorde Henry na narrativa de que tratamos. Como vimos, foi ele quem, com seus aforismos, com sua sedução discursiva, e com sua postura iconoclasta, teve o poder de transformar, indelevelmente, a vida do protagonista: E por quase dez minutos ali permaneceu, imóvel, lábios entreabertos, os olhos vívidos, estranhos. Nele, a consciência longínqua de que influências inteiramente novas estavam a trabalhar dentro dele, e que pareciam originar-se no próprio interior. As poucas palavras que dissera o amigo de Basil... palavras fadadas ao acaso, sem dúvida, carregadas de um paradoxo obstinado... tocaram alguma corda secreta que, antes jamais tocada, agora, porém, ele sentia, vibrava e latejava em pulsações singulares. A música já o fizera estremecer, tanto assim. A música já o confundira muitas vezes. Mas a música não era articulada. Não um novo mundo, e sim mais um caos, ela criava em nós. Palavras! Meras palavras! Quão terríveis eram! Quão claras, vívidas e cruéis! Delas, ninguém consegue escapar. Mas, que mágica sutil contêm! Parecem capazes de dar uma forma plástica às coisas amorfas, e de conter uma música própria, doce como a da viola, do alaúde. Meras palavras! Existiria algo tão real quanto as palavras? Sim, ouve, na infância, coisas que não compreendera, e que agora compreendia. A vida, para ele, tomara, de repente, a cor do fogo. Ele, parecia, estivera a caminhar sobre o fogo. Por que não percebera? (RDG, p.26) 9 A citação acima tem a funcionalidade de nos permitir discutir acerca da força criadora da linguagem e, conseqüentemente, do poder inebriante da palavra. Seduzido pelo texto falado e vivido por Lorde Henry, Dorian Gray passa a experimentar as delícias e as dores de uma nova existência, a seguir os caminhos apontados por seu mestre, por essa figura por quem manifestava tanta admiração, e com quem tanto aprendera. Texto tutelar do Decadentismo inglês, O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, além de explorar diversas questões paradigmáticas dessa estética que prefacia a modernidade, trabalha também com a temática do duplo, apontando para a idéia da fragmentação do sujeito, idéia que, nas primeiras décadas do século XX, viria a tornarse uma das questões mais exploradas pelo Modernismo europeu. Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa: nas sendas do Decadentismo Só A Arte É Útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes – tudo isso passa. Só a arte fica, por isso só a arte vê-se, porque dura. (PESSOA, 2005, p.218) A respeito da relação entre literatura e sociedade, escreve Fernando Pessoa: “Todo o artista que dá à sua arte um fim extra-artístico é um infame” (Idem. p.435). De postura esteticista e não compromissada com a realidade, a Pessoa e, de um modo geral, à geração de Orpheu, o fazer artístico se lhes afigurava a única atividade dotada de algum sentido para a vida. Rejeitando veementemente as concepções artístico-literárias do mundo burguês, os escritores desse período se opuseram, de forma patente, à idéia de democratização da arte e de seu possível engajamento social5. Em relação a isso, assinala José Carlos Barcellos: Significativamente, os anos 10 e 20 conhecem uma grande efervescência cultural, em que diversas correntes estéticas e filosóficas – às vezes, muito diferentes entre si – têm como denominador comum a rejeição da sociedade burguesa e de seu sistema de valores, tais como o essencialismo no plano 5 Ao fazer tal afirmação, não estamos a dizer que a geração de Orpheu propunha, aos seus artistas, uma postura alienante para com a sociedade, mas apenas que não houvesse uma relação intrínseca entre a sua arte e os meios sociais. Porque “O artista deve escrever, pintar, esculpir, sem olhar a outra cousa que ao que escreve, pinta ou esculpe. Deve escrever sem olhar para fora de si. Por isso a arte não deve ser, propositadamente, moral nem imoral. É tão vergonhoso fazer arte moral como imoral” (PESSOA, 2005, p.434). 10 ontológico, o racionalismo no plano epistemológico, a respeitabilidade no plano ético ou a integridade e unidade do sujeito no plano psicológico. Daí o caráter iconoclasta da arte e da literatura européias do séc. XX. Num mundo em escombros, em que tudo parecia vacilar e os valores mais sólidos mostravam-se tão inconsistentes [...] as vanguardas artísticas vão-se dedicar à produção de obras extremamente refinadas e difíceis, em que a ruptura com a visão de mundo burguesa é o eixo dominante. (BARCELLOS, 2004, p.12). Imbuídos de um profundo tédio, cansados e descrentes das promessas progressistas da civilização burguesa, já por volta do último quartel do século XIX, os artistas encontravam-se mergulhados numa atmosfera de pessimismo e decadência6. Para se contraporem aos valores dessa sociedade, os intelectuais elevaram a arte ao seu mais alto patamar possível, porque eleita como forma de exílio cultural e de deleite estético, em um mundo sempre com vistas ao utilitarismo e cujo sistema de valores já mostrara imensas rachaduras em seu edifício ético7. Como se vê, recuperava-se uma concepção aristocrática do fazer artístico8, na qual uma série de valores que a burguesia retratara em suas obras seriam desprezados, tais como o relato da vida cotidiana, a valorização de personagens comuns, a concepção da literatura como sendo um instrumento pedagógico democrático etc. Herdeiras da estética decadentista e também das vanguardas européias – as quais, segundo José Carlos Barcellos, têm como denominador comum a ruptura com as convenções da sociedade burguesa – as obras de Fernando Pessoa e de Mário de Sá-Carneiro podem ser consideradas paradigmáticas desse contexto. Em um dos seus apontamentos 6 Latuf Isaias Mucci ressalta que “A ascensão da burguesia capitalista e os conseqüentes benefícios de uma nova civilização, construída sobre a ciência e a tecnologia, não conseguiram, no entanto, abafar totalmente o cheiro podre de algo na Europa e, em particular, na França finissecular. Como em outras sociedades anteriores, o progresso beneficiava uma casta de privilegiados, ficando a massa, mais informada, ao largo das benesses [...]. As fortes estruturas da sociedade vitoriana começaram a tremer [...], uma vez que, colocados em dúvida todos os valores morais, não surgiram substitutos na sociedade esgarçada. Face à falência do mundo progressista, antes prometido pelo racionalismo das luzes, reeditado pela sociedade burguesa, ocorreu uma crise aguda das instituições e do pensamento, ampliada pela revolta contra a concepção positivista que se implantava orgulhosamente” (MUCCI, 1994, p.27-28). 7 A esse respeito, escreve Edmundo Bouças: “Designado como Estética da Encruzilhada, o Decadentismo desencadeou sintomas que buscaram revitalizar um estado de fabulações, cujo endereçamento estava denegado pelas doutrinas de ordenação da verdade. Dessa forma, além de descondicionar a literatura de uma relação servil com a ciência, afirmou-se como ‘luta instintiva pela libertação da vida interior longamente amordaçada por dogmas racionalistas e convenções vitorianas’” (BOUÇAS, 1997, p.219). 8 Essa postura aristocratizante em relação à arte não significava uma ruptura total com sociedade, em prol de um furor passadista. Pelo contrário, o Decadentismo, como diz Edmundo Bouças, elencara uma série de parâmetros que puseram a literatura em trâmite para a modernidade, “estiolando o inventário de categorias da Ordem Clássica [...]” (Idem. p.220). 11 literários, intitulado A Arte Moderna É Aristocrática, escreve o próprio Fernando Pessoa: Que Essa Arte não é feita para o povo? Naturalmente que o não é – nem ela nem nenhuma arte verdadeira. Toda a arte que fica é feita para as aristocracias, para os escóis, que é o que fica na história das sociedades, porque o povo passa, e o seu mister é passar. A nossa arte é supremamente aristocrática, ainda porque uma arte aristocrática se torna necessária neste outono da civilização européia, em que a democracia avança a tal ponto que, para de qualquer maneira reagir, nos incumbe, a nós artistas, pormos entre a elite e o povo aquela barreira que ele, o povo, nunca poderá transpor – a barreira do requinte emotivo e da ideação transcendental, da sensação apurada até à sutileza [...]... É pela arte que, supremamente, essa aristocratização pode ser feita. (PESSOA, 2005, p.299). Como se pode perceber, nas primeiras décadas do século XX – e, principalmente, nas da Europa novecentista – o sujeito experimentava, talvez de uma forma ainda mais aguda do que a de antes, uma sensação de fim do mundo, de fim dos tempos, sensação que havia sido anunciada por Baudelaire9, reforçada pelos estetas decadentistas e levada até ao extremo pelos artistas modernistas. Segundo Teresa Cristina Cerdeira, o indivíduo do século XX se via em meio a mundo que se esboroava, a um universo que se desfazia em ruínas, dado que o tripé humanista, representado por “uma concepção político-social em que o primado do indivíduo estava garantido pela subjetividade da arte, pela existência de Deus e pela ascensão vitoriosa da burguesia” (2000, p.69) fora abalado, na viragem do século, “pelas inquietações marxistas, pela análise do eu como entidade psíquica não una e pela consciência de uma sociedade definitivamente desinstalada pela morte de Deus” (Idem). E é exatamente com tal consciência que, por exemplo, a poesia pessoana jogaria, uma vez que seu tecido deixaria transparecer a agonia de um sujeito perdido, ou seja, o desespero de um alguém que não mais pode crer na possibilidade do centramento e da inteireza do eu. Sobre o tema de que tratamos, discorre o historiador e ensaísta Eduardo Lourenço: Sempre a lírica se alimentou da nossa temporalidade, das folhas mortas e dos amores mais mortos do que elas. Mas na lírica clássica e ainda na romântica, o eu, o poeta e quem o lia, iam na barca do Tempo para alguma espécie de porto. Deus, ou alguém por ele, esperavam-nos no fim para conferir sentido à viagem. A viagem de Pessoa, a nossa viagem em Pessoa é, desde o começo, a de alguém definitivamente perdido. Nem o princípio nem o fim nos são 9 Segundo Antoine Compagnon, “os grandes escritores (os visionários) viram, antes dos demais, particularmente antes dos filósofos, para onde caminhava o mundo: “o mundo vai acabar” – anunciava Baudelaire em Fusées [Lampejos], no início da idade do progresso – e, realmente, o mundo não cessou de acabar” (2006, p.37). 12 conhecidos mais que nos símbolos que de princípio e fim podemos conceber. Não estamos no Tempo, somos Tempo. Mas se o Tempo é, nós não somos ou somos como Pessoa se esforçou por imaginar que seria, se fosse Caeiro, Reis ou Campos. Nenhum poeta da Modernidade exprimiu como Pessoa esta absoluta perdição do sentido do nosso destino enquanto mundo moderno e isto bastaria para que o autor da Tabacaria se tivesse convertido não apenas no mito que é para nós, mas numa das referências-chave da Cultura contemporânea. De uma maneira ou de outra, o homem moderno comparticipa desse sentimento de radical solidão e de absurdo que pouco a pouco emergiu com o processo de isolamento e de inumanidade da civilização actual. (LOURENÇO, 2008, p.14. Grifos do autor) Vítima da inquietude e do desassossego, sujeito plural e descentrado, Fernando Pessoa exprimira em sua poesia, no dizer de Teresa Cristina Cerdeira, a “terrível tensão entre a agonia de um eu finissecular dilacerado e a superexistência de um eu que em máscaras se multiplica” (2000, p.68). Frente a esse desalento, a essa “recusa de assentar-se no tapete das certezas” (Idem), Pessoa fizera de sua arte o critério máximo de sua vida, ou seja, o lugar no qual pudera praticar, de formas consideravelmente distintas, um exercício constante de despersonalização, ao exacerbar em linguagem a sua dolorosa sensação do vazio do ser, e o seu profundo desespero diante do absurdo da existência. Repare-se que essas questões exploradas pela poesia pessoana radicariam justamente naquilo que para esse artista seria um dos pontos representativos do aristocratismo arte moderna, a qual deveria preocupar-se, segundo ele, tão-somente com o “requinte emotivo”, com a “ideação transcendental” e com a apuração da sensação “até à sutileza”. Claro está que essa tessitura, que esse discurso urdido com vistas a um trabalho prioritário em si, a um cuidado minucioso com a linguagem, iria completamente de encontro – de forma intencional ou não – a muitos dos conceitos artísticos propagados pela burguesia. Como se sabe, diante da falência desse mundo e, conseqüentemente, de sua pauta de valores, o artista moderno, assim como o da decadência, rompera com todas as amarras representadas por dogmas e convenções impostos por essa sociedade, ao esgarçar o paradigma do romance realista-naturalista, ao readquirir o lirismo pessoal, e ao apelar para a “libertação do sujeito, que abominava o real circundante” (MUCCI, 1994, p.30). Ora, parece-nos que as reflexões de Fernando Pessoa que vimos explorando ao longo deste tópico – e muito especialmente as que o poeta tece acerca da aristocratização da arte moderna – poderiam funcionar, de forma efetiva, como um dos caminhos para a nossa leitura do universo ficcional da escrita d’A Confissão de Lúcio, 13 obra de seu amigo Mário de Sá-Carneiro, uma vez que esta narrativa, tal qual os conceitos postulados por Pessoa em relação à escrita artística, não se compatibilizaria, de forma alguma, com uma concepção burguesa e utilitária da arte, na qual, por meio da literatura e do romance, se buscasse, numa postura engajada, reformar os costumes sociais, tal como o fizera a literatura realista. Com efeito, A Confissão de Lúcio – romance antiburguês –, ao trilhar as sendas do Decadentismo, movimento que, segundo Latuf Isaias Mucci, “desconhece qualquer ética que possa sobrepor-se à estética”, postularia igualmente uma espécie de arte aristocrática, em que ambos os conceitos (a ética e a estética) estariam relacionados à construção de um discurso cujos significantes se rebelariam contra “um significado ou conceito fixo, esclerosado, anquilosado” (2004, p.16) [...], isto é, “a uma ideologia burguesa, mercantil, capitalista em seu nascedouro, sob o signo do total e avassalador utilitarismo, que os estetas todos combatem até a morte (Idem, p.15). Significativamente, percebemos nesse magistral romance de SáCarneiro uma série de traços que o vinculariam, sem sombra de dúvida, à estética decadentista, como, por exemplo, a concepção da arte enquanto simulacro, a exploração de temas paradigmáticos desse movimento literário, tais como o dandismo e a androginia, além de uma escritura cujo gozo residiria, sobretudo, no preciosismo da linguagem. Sobre esse assunto, buscaremos discorrer, de forma mais abrangente e satisfatória, nos capítulos posteriores deste trabalho. Referências Bibliográficas 1. AGUIAR e SILVA, Vitor Manuel de. Teoria da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1ª ed., 1976. 2. BARCELLOS, José Carlos. Literatura Portuguesa: Ficção. Rio de Janeiro: CCAA, 2007. 3. BARROS. Fernando Monteiro de. Ressonâncias decadentistas na poesia brasileira do fim do século XIX e da Belle Époque. In: Anais do V CLUERJ. Rio de Janeiro: Botelho, 2008, p. 1-29. 4. BAUDELAIRE, Charles. As Flores do mal. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2002. 5. BOUÇAS, Edmundo. Manobras do Truque Decadentista em Sá-Carneiro. In: Convergência Lusíada, N°14. Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 1997, p. 219-227. 6. COMPAGNON, Antoine. O Demônio da Teoria: Literatura e Senso Comum. Tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão & Consuelo Fortes Santiago. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. 14 7. FIGUEIREDO, Monica. E[ç]as Mulheres: um Estudo da Presença Feminina nas Narrativas de Eça de Queirós. In: Metamorfoses 7. Lisboa: Caminho, 2006, p. 281-291. 8. HUYSMANS, Joris Karl. Às Avessas. Tradução de José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. 9. MUCCI, Latuf Isaias. Ruína e Simulacro Decadentista: Uma Leitura de Il Piciare, de D’Annunzio. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. 10. PESSOA, Fernando. Obras em Prosa, Organização, Introdução e Notas de Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005. 11. WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. Porto Alegre: L&PM, 2001. 15