APLICAÇÃO DE DESSECANTES EM PRÉ-COLHEITA E SEU EFEITO NO
RENDIMENTO E NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE CANOLA
Orivaldo Marchiori Jr. ([email protected])
Bolsista PIBIC/CNPq-UEM
Alessandro de Lucca e Braccini
Universidade Estadual de Maringá - Departamento de Agronomia
INTRODUÇÃO
A cultura de canola representa uma opção atraente para os sistemas de cultivo que predominam no
Brasil, sendo mais uma alternativa de inverno que o agricultor passa a ter. Além disso, ela é indicada
para entrar em esquemas de rotação de culturas, bem como para diversificação agrícola e cobertura
vegetal do solo no período de inverno (Baier & Roman, 1992). A colheita é a etapa mais crítica, uma vez
que nem todas as síliquas se formam e amadurecem ao mesmo tempo. A maturação se dá de forma
acrópeta (de baixo para cima na haste principal e nos ramos secundários) e, com o amadurecimento, as
síliquas abrem-se, gerando grandes perdas e possibilidade de baixo rendimento devido à deiscência
natural (Conterjnic, Amaro & Moreno, 1991).
A utilização de dessecantes tem por finalidade promover uma maturação mais uniforme das sementes
sem, no entanto, levar em consideração a qualidade final do produto obtido. A maioria dos trabalhos
realizados nessa linha de pesquisa apontam para o fato de que a aplicação de dessecantes, quando
realizada por ocasião da maturidade fisiológica, não prejudica a germinação das sementes, podendo,
em alguns casos, até melhorá-la. Por outro lado, existem trabalhos que indicam efeitos negativos da
adoção desta prática sobre a qualidade das sementes.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação de herbicidas dessecantes no
rendimento e na qualidade fisiológica e sanitária das sementes de canola do cultivar Hyola 401.
Tabela 1 – Médias de umidade das sementes, teores de extrato etéreo e de proteína, massa de cem
sementes (MCS) e produtividade de sementes de canola, após a aplicação de dessecantes.
(Maringá, PR – 2001).
Características avaliadas1
Tratamentos
A área experimental foi semeada em 30/03/2001, utilizando sementes híbridas de canola do cultivar
Hyola 401. O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições.
As parcelas, cujas dimensões apresentavam 2 x 5 m, perfazendo uma área útil de 10 m2, receberam as
doses dos herbicidas em 05/08/2001, quando as plantas de canola encontravam-se em plena
maturação, no estágio G5, ou seja, com aproximadamente 35% de umidade nas sementes.
Os herbicidas utilizados foram glufosinato de amônio (0,5 kg ha-1), carfentrazone-ethyl (30 g ha-1),
paraquat (0,4 kg ha-1) e diquat (0,3 kg ha-1), mais a testemunha sem aplicação, totalizando cinco
tratamentos. A aplicação dos herbicidas foi realizada nas parcelas, utilizando-se um pulverizador costal
com pressão constante (mantida pelo CO2 comprimido), com quatro bicos de jato plano (tipo “leque”)
XR11002, espaçados entre si de 0,5 m, aplicando-se o volume de calda equivalente a 200 L ha-1.
A colheita foi realizada manualmente no período de 10 a 17/08/2001. Partindo-se do rendimento das
parcelas foram calculadas as produtividades em kg ha-1, bem como a massa de cem sementes. A
qualidade das sementes foi avaliada por meio dos testes de germinação (primeira contagem e contagem
final), de envelhecimento acelerado, de condutividade elétrica, de emergência em areia, de velocidade
de emergência e de sanidade (método do papel-filtro).
RESULTADOS
60
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
Precipitação (mm)
Temperatura (ºC)
60
0
Set.
Out.
Nov.
2000/2001
Precipitação
Máxima
Produtividade
---- g ----
--- kg ha-1 --2235,95 a
7,00 b
41,81 a
22,45 b
0,32 a
Carfentrazone-ethyl
7,35 a
41,48 a
22,45 b
0,35 a
2297,15 a
Paraquat
7,26 a
41,12 a
23,18 a
0,33 a
1945,76 a
Diquat
6,92 b
41,66 a
23,00 a
0,32 a
2059,80 a
Testemunha (sem herbicida)
6,97 b
41,21 a
22,92 a
0,34 a
2663,38 a
C.V. (%)
2,2
2,2
1,7
6,0
15,8
médias seguidas por uma mesma letra minúscula, na coluna, não diferem significativamente entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Características avaliadas1
Tratamentos
Germinação
Primeira
Envelhec.
Final
I.V.E.
V.E.
Condutividade
Sementes
elétrica
infectadas
-- dias --
-- mmhos.cm-1.g-1 --
---- % ----
acelerado
------------------------ % -----------------------Amônio-glufosinato
70,12 a
81,12 a
54,00 a
29,40 a
7,04 a
213,00 a
4,37 ab
Carfentrazone-ethyl
74,50 a
81,37 a
63,75 ab
30,33 a
7,04 a
164,82 a
6,00 ab
Paraquat
81,62 a
89,25 a
78,00 a
29,19 a
7,54 a
200,50 a
7,50 a
Diquat
75,62 a
85,12 a
62,25 ab
28,54 a
7,66 a
202,20 a
10,00 a
Testemunha (sem herbicida)
79,50 a
89,25 a
68,75 ab
30,89 a
7,01 a
154,41 a
0,75 b
C.V. (%)
11,1
6,0
16,0
9,7
9,9
25,3
50,5
médias seguidas por uma mesma letra minúscula, na coluna, não diferem significativamente entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
CONCLUSÕES
Aplicação dos herbicidas

Ago.
MCS
Amônio-glufosinato
1 As
Jul.
Proteína
Tabela 2 – Plântulas normais obtidas nos testes de germinação (primeira contagem e contagem final), de
envelhecimento acelerado, do índice de velocidade de emergência (I.V.E.), da velocidade de
emergência (V.E.), de condutividade elétrica e porcentagem de infecção no teste de sanidade
das sementes de canola, após a aplicação de dessecantes (Maringá, PR – 2001).
MATERIAL E MÉTODOS
Jun.
Extrato-etéreo
------------------------------ % ---------------------------
1 As
0
Mai.
Umidade
Mínima
Figura 1 – Valores de temperatura (máxima e mínima) e precipitação pluvial em 24 h, durante o período
de condução do experimento no campo. (Maringá, PR – 2001).
 A aplicação dos produtos dessecantes permitiu uma antecipação de sete dias na colheita das
sementes de canola.
 Os componentes da produção de sementes não foram afetados pela dessecação.
 A aplicação do glufosinato de amônio e do carfentrazone-ethyl reduziu significativamente (p<0,05) os
teores de proteínas das sementes.
 A utilização dos produtos químicos não apresentou efeitos negativos na qualidade fisiológica das
sementes.
REFERÊNCIAS
BAIER, A.C.; ROMAN, E.S. Informações sobre a cultura da “canola” para o Sul do Brasil. In: SEMINARIO
ESTADUAL DE PESQUISA DE CANOLA, 1, 1992, Cascavel, PR. Resultados... Passo Fundo:
EMBRAPA/CNPT, 1992. p.1–10.
CONTERJNIC, S.; AMARO, E.; MORENO, C.M. Colza: cultivo, cosecha y comercialización. Buenos
Aires: Departamento de Estudos y Prensa y Difusión de AACREA, CREA. 1991. 18p. (Fascículo de
divulgación).
Departamento de Engenharia de Produção
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