PROC. Nº 5321/07 PLL Nº 173/07 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Encaminho à consideração desta Casa o presente Projeto de Lei, que tem por objetivo conceder o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Frei Albano Roberto Bohn. Albano Roberto Bohn, nascido a 21 de fevereiro de 1947, filho de Waldemar José Bohn e Irma Elizabeta Bohn, é o terceiro de treze filhos do casal de agricultores. O pai exerceu a profissão de marceneiro e carpinteiro, tendo construído quase todas as casas das famílias da localidade de Dom Diogo, que foi, posteriormente, denominada de Sede, na região que pertencia a Montenegro, hoje pertencente ao Município de São José do Sul. Família de costumes e de tradição muito religiosa, sempre esteve envolvida nas causas comunitárias da escola paroquial e da comunidade filiada à Paróquia. Desde criança, as filhas, além das lidas domésticas junto com a mãe, respondiam pelos serviços ligados à lavoura e aos cuidados com os animais. Os filhos, desde cedo, acompanhavam o pai nos trabalhos da carpintaria e da marcenaria. Desse conjunto de elementos formou-se a convicção familiar, expressa no tripé: “fé, festa e trabalho”. Sim, ser Bohn é sinônimo de vivência de fé, amante de festa e dedicação ao trabalho. Numa família numerosa, as chances de alguém sair do seu meio familiar e social não são muito grandes. O casal Waldemar e Irma estimularam sua prole com um convite em forma de um desejo: “quem desejar ser padre ou irmã pode ir para um colégio ou seminário para estudar”. Sem retomar muito esse lema, a pedagogia familiar girava em torno de alguns pequenos serviços fixos da convivência para cada filho e filha, de muita presença e freqüência às celebrações comunitárias e de muito respeito às pessoas idosas, aos doentes, ao padre, ao professor e aos líderes da comunidade. Na vida familiar e comunitária, os pais e líderes procuravam evitar críticas ou comentários que pudessem vir em desabono dessas mesmas pessoas. E, ao mesmo tempo, havia um esforço nítido para que as crianças crescessem nesse clima, com o desejo de assumir um cargo ou serviço de relevância ímpar. Ao completar a quarta série, o professor primário reunia seus alunos e alunas, com o desejo de incentivar algum menino ou menina para ir a um seminário ou colégio. Conta-se que, desde muito cedo, o menino Albano manifestava desejo de ser padre, ao ser perguntado sobre o que iria ser quando fosse mais velho. Num determinado dia, um frei fez uma visita à escola e celebrou missa na comunidade, quando externou o convite para os meninos para serem freis e padres. Chegando PROC. Nº 5321/07 PLL Nº 173/07 em casa, manifestou a seus pais seu desejo, dizendo: “quero ser um padre como o Frei Vito Mallmann”. Foram dez anos de Seminário, em Taquari, crescendo nos estudos e na convicção de ser frei e padre. Durante o tempo em que freqüentou as Faculdades de Filosofia e de Teologia, no período de férias participou do projeto Diáspora, da Diocese de Caxias do Sul, em trabalhos pastorais e sociais, em Barra do Garças e em Rio Negro, no Mato Grosso, onde teve oportunidade para assimilar muitas das coisas que eram estudadas nos bancos acadêmicos. Para poder permanecer, por meio ano, na Barra do Garças, interrompeu os estudos na Pontifícia Universidade Católica – PUC. Frei Albano voltou ao Sul e, em época pouco comum no calendário da província, fez sua profissão solene como frade menor, no dia 3 de março de 1974. Dia 6 de dezembro de 1975, foi ordenado padre, reunindo a comunidade com inúmeros amigos e conhecidos. Na sua primeira nomeação como padre, Frei Albano foi ser promotor vocacional na região de Três Passos, percorrendo toda a região com visitas a escolas e comunidades, despertando o desejo vocacional em outros meninos. Em 1980, foi nomeado para trabalhar na Paróquia de Horizontina, onde a Pastoral da Juventude e a formação de lideranças receberam grande impulso. Por solicitação da municipalidade, e em consonância com seu confrade da Paróquia, Frei Albano assumiu a coordenação do Centro do Bem-estar do Menor – CEBEM – implantando nesse setor um caráter mais humano, baseado nos princípios evangélicos e nos valores franciscanos. Esse trabalho lhe proporcionou a realização de muita amizade com os menores, de entrosamento com as famílias empobrecidas e de unidade com o grupo de funcionários. Foram três anos de boa notícia para muitos. Em janeiro de 1984, assumiu a Paróquia de Progresso, onde introduziu o Curso para o Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão e despendeu muita atenção à formação de catequistas. Após oito meses nesta Paróquia, Frei Albano havia visitado todas as 1.500 famílias das comunidades que a compõem, a grande maioria das visitas realizadas no lombo de um cavalo, para melhor poder atender um povo sedento da proximidade do padre. Junto com um grupo de lideranças, formou e coordenou a comissão de emancipação de Progresso, fazendo esse Município tornar-se parte do programa de evangelização. Uma vez alcançado esse objetivo, foi necessário enfrentar um pesado confronto, pois as lideranças sindicais do município-mãe e algumas pessoas influentes do novo município desejavam que a organização sindical dos colonos fosse extensão daquele, enquanto que o espírito reinante era, também nesse campo, PROC. Nº 5321/07 PLL Nº 173/07 o de emancipação. Numa grande assembléia, o Frei foi porta-voz do desejo popular, enfrentando publicamente e com sucesso o enviado da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul – Fetag/RS. Foi emocionante a comemoração dos agricultores por esse feito. Em janeiro de 1990, o Frei assumiu a Paróquia São Cristóvão, em Lajeado, num clima de muita expectativa por aquilo que dele se anunciava. Como discípulo de São Francisco, foi percorrendo o chão da Paróquia, conversando com lideranças, ouvindo clamores. Passados alguns meses, deu encorajamento ao grupo de pessoas que estava diante de um impasse para melhorar a infra-estrutura paroquial. Hoje, quem vai a Lajeado encontra uma obra moderna, na entrada do bairro São Cristóvão, com uma pujante igreja matriz. Se o prédio da Matriz São Cristóvão expressa a garra do Frei, com certeza lhe dão maior alegria e satisfação três coisas totalmente novas na Paróquia São Cristóvão: o revigoramento da Obra Social São Cristóvão, voltada ao atendimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, especialmente no bairro Santo André; a criação do Abrigo São Chico, que oferece boa acolhida, refeições, vestuário e atendimentos diversos a moradores de rua; e, também, a fundação, junto com um grupo de lideranças da cidade de Lajeado, do Centro Terapêutico São Francisco, voltado à recuperação de dependentes químicos. Hoje, é, com certeza, uma referência regional pela qualidade de atendimento e pela boa acolhida. Desde 1995, a Cáritas da Diocese de Santa Cruz do Sul conta com valiosa contribuição do Frei Albano, como presidente desta instituição filantrópica que coordena todas as Pastorais Sociais em 39 municípios dos Vales do Taquari e do Rio Pardo. Desde 2004, o Frei Albano está na Paróquia Santa Clara da Lomba do Pinheiro, realizando seu trabalho movido pelo pensamento de que o mundo vai ser salvo pela beleza do amor que partilha a dor. Neste ambiente, soube reunir, ao seu redor, a fraternidade dos freis e das irmãs franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, presentes na Lomba há mais de trinta anos, nas comunidades e no Centro de Promoção da Criança e do Adolescente – CPCA . Diante da situação de pobreza e das infindas procuras de auxílio por pessoas em situação de vulnerabilidade, juntou-se ao Conselho da Comunidade e ao grupo de lideranças paroquiais para implantar núcleos do Fome Zero, reorganizar a Pastoral da Criança, auxiliar na organização de hortas comunitárias, grupos de pão, recolhimento e distribuição de alimentos e implementação de refeições para crianças pobres em diversas comunidades. Frei Albano soube também usar de sua influência e amizade para trazer recursos federais (junto ao Ministério do Esporte, por meio do Deputado PROC. Nº 5321/07 PLL Nº 173/07 Beto Albuquerque) e de entidades estrangeiras (Adveniat, Diocese de Colônia e Missionszentrale der Franziskaner), para que fosse possível construir o primeiro ginásio de esportes comunitário da Lomba do Pinheiro. Pessoa simples, não se abala com a crítica e nem com a oposição, não se ensoberbece frente a elogios, sensível diante da dor, amigo leal de quem lhe o é, grande devoto de Nossa Senhora e, por saber o porquê das coisas, procura torná-las possíveis. Ao fim da apresentação desses motivos, destaco uma qualidade e uma virtude do Frei Albano, que é a sua disponibilidade de se fazer porta-voz da Igreja em programas de rádio. Desde 1993, participa de um programa semanal na Rádio Independente de Lajeado, com entrevista ao vivo sobre assuntos livres e polêmicos. Já teve várias participações, com entrevistas, na Rádio Aliança e, também, no Programa Polêmica da Rádio Gaúcha. Sua desenvoltura tem a marca da espontaneidade, da abertura ao diálogo e do respeito ao diferente. Sala das Sessões, 2 de agosto de 2007. VEREADORA MARISTELA MAFFEI /DBF PROC. Nº 5321/07 PLL Nº 173/07 PROJETO DE LEI Concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Frei Albano Roberto Bohn. Art. 1º Fica concedido o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Frei Albano Roberto Bohn, nos termos da Lei nº 9.659, de 22 de dezembro de 2004. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.