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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
Encaminho à consideração desta Casa o presente Projeto de Lei, que
tem por objetivo conceder o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Frei
Albano Roberto Bohn.
Albano Roberto Bohn, nascido a 21 de fevereiro de 1947, filho de
Waldemar José Bohn e Irma Elizabeta Bohn, é o terceiro de treze filhos do casal de
agricultores. O pai exerceu a profissão de marceneiro e carpinteiro, tendo
construído quase todas as casas das famílias da localidade de Dom Diogo, que foi,
posteriormente, denominada de Sede, na região que pertencia a Montenegro, hoje
pertencente ao Município de São José do Sul.
Família de costumes e de tradição muito religiosa, sempre esteve
envolvida nas causas comunitárias da escola paroquial e da comunidade filiada à
Paróquia.
Desde criança, as filhas, além das lidas domésticas junto com a mãe,
respondiam pelos serviços ligados à lavoura e aos cuidados com os animais. Os
filhos, desde cedo, acompanhavam o pai nos trabalhos da carpintaria e da
marcenaria. Desse conjunto de elementos formou-se a convicção familiar, expressa
no tripé: “fé, festa e trabalho”. Sim, ser Bohn é sinônimo de vivência de fé, amante
de festa e dedicação ao trabalho.
Numa família numerosa, as chances de alguém sair do seu meio
familiar e social não são muito grandes. O casal Waldemar e Irma estimularam sua
prole com um convite em forma de um desejo: “quem desejar ser padre ou irmã
pode ir para um colégio ou seminário para estudar”. Sem retomar muito esse lema,
a pedagogia familiar girava em torno de alguns pequenos serviços fixos da
convivência para cada filho e filha, de muita presença e freqüência às celebrações
comunitárias e de muito respeito às pessoas idosas, aos doentes, ao padre, ao
professor e aos líderes da comunidade.
Na vida familiar e comunitária, os pais e líderes procuravam evitar
críticas ou comentários que pudessem vir em desabono dessas mesmas pessoas. E,
ao mesmo tempo, havia um esforço nítido para que as crianças crescessem nesse
clima, com o desejo de assumir um cargo ou serviço de relevância ímpar. Ao
completar a quarta série, o professor primário reunia seus alunos e alunas, com o
desejo de incentivar algum menino ou menina para ir a um seminário ou colégio.
Conta-se que, desde muito cedo, o menino Albano manifestava desejo
de ser padre, ao ser perguntado sobre o que iria ser quando fosse mais velho. Num
determinado dia, um frei fez uma visita à escola e celebrou missa na comunidade,
quando externou o convite para os meninos para serem freis e padres. Chegando
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em casa, manifestou a seus pais seu desejo, dizendo: “quero ser um padre como o
Frei Vito Mallmann”.
Foram dez anos de Seminário, em Taquari, crescendo nos estudos e na
convicção de ser frei e padre.
Durante o tempo em que freqüentou as Faculdades de Filosofia e de
Teologia, no período de férias participou do projeto Diáspora, da Diocese de
Caxias do Sul, em trabalhos pastorais e sociais, em Barra do Garças e em Rio
Negro, no Mato Grosso, onde teve oportunidade para assimilar muitas das coisas
que eram estudadas nos bancos acadêmicos.
Para poder permanecer, por meio ano, na Barra do Garças,
interrompeu os estudos na Pontifícia Universidade Católica – PUC. Frei Albano
voltou ao Sul e, em época pouco comum no calendário da província, fez sua
profissão solene como frade menor, no dia 3 de março de 1974.
Dia 6 de dezembro de 1975, foi ordenado padre, reunindo a
comunidade com inúmeros amigos e conhecidos.
Na sua primeira nomeação como padre, Frei Albano foi ser promotor
vocacional na região de Três Passos, percorrendo toda a região com visitas a
escolas e comunidades, despertando o desejo vocacional em outros meninos.
Em 1980, foi nomeado para trabalhar na Paróquia de Horizontina,
onde a Pastoral da Juventude e a formação de lideranças receberam grande
impulso. Por solicitação da municipalidade, e em consonância com seu confrade da
Paróquia, Frei Albano assumiu a coordenação do Centro do Bem-estar do Menor –
CEBEM – implantando nesse setor um caráter mais humano, baseado nos
princípios evangélicos e nos valores franciscanos. Esse trabalho lhe proporcionou a
realização de muita amizade com os menores, de entrosamento com as famílias
empobrecidas e de unidade com o grupo de funcionários.
Foram três anos de boa notícia para muitos. Em janeiro de 1984,
assumiu a Paróquia de Progresso, onde introduziu o Curso para o Ministério
Extraordinário da Sagrada Comunhão e despendeu muita atenção à formação de
catequistas. Após oito meses nesta Paróquia, Frei Albano havia visitado todas as
1.500 famílias das comunidades que a compõem, a grande maioria das visitas
realizadas no lombo de um cavalo, para melhor poder atender um povo sedento da
proximidade do padre.
Junto com um grupo de lideranças, formou e coordenou a comissão de
emancipação de Progresso, fazendo esse Município tornar-se parte do programa de
evangelização. Uma vez alcançado esse objetivo, foi necessário enfrentar um
pesado confronto, pois as lideranças sindicais do município-mãe e algumas pessoas
influentes do novo município desejavam que a organização sindical dos colonos
fosse extensão daquele, enquanto que o espírito reinante era, também nesse campo,
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o de emancipação. Numa grande assembléia, o Frei foi porta-voz do desejo
popular, enfrentando publicamente e com sucesso o enviado da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul – Fetag/RS. Foi
emocionante a comemoração dos agricultores por esse feito.
Em janeiro de 1990, o Frei assumiu a Paróquia São Cristóvão, em
Lajeado, num clima de muita expectativa por aquilo que dele se anunciava. Como
discípulo de São Francisco, foi percorrendo o chão da Paróquia, conversando com
lideranças, ouvindo clamores. Passados alguns meses, deu encorajamento ao grupo
de pessoas que estava diante de um impasse para melhorar a infra-estrutura
paroquial. Hoje, quem vai a Lajeado encontra uma obra moderna, na entrada do
bairro São Cristóvão, com uma pujante igreja matriz.
Se o prédio da Matriz São Cristóvão expressa a garra do Frei, com
certeza lhe dão maior alegria e satisfação três coisas totalmente novas na Paróquia
São Cristóvão: o revigoramento da Obra Social São Cristóvão, voltada ao
atendimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade,
especialmente no bairro Santo André; a criação do Abrigo São Chico, que oferece
boa acolhida, refeições, vestuário e atendimentos diversos a moradores de rua; e,
também, a fundação, junto com um grupo de lideranças da cidade de Lajeado, do
Centro Terapêutico São Francisco, voltado à recuperação de dependentes
químicos. Hoje, é, com certeza, uma referência regional pela qualidade de
atendimento e pela boa acolhida.
Desde 1995, a Cáritas da Diocese de Santa Cruz do Sul conta com
valiosa contribuição do Frei Albano, como presidente desta instituição filantrópica
que coordena todas as Pastorais Sociais em 39 municípios dos Vales do Taquari e
do Rio Pardo.
Desde 2004, o Frei Albano está na Paróquia Santa Clara da Lomba do
Pinheiro, realizando seu trabalho movido pelo pensamento de que o mundo vai ser
salvo pela beleza do amor que partilha a dor. Neste ambiente, soube reunir, ao seu
redor, a fraternidade dos freis e das irmãs franciscanas de Nossa Senhora
Aparecida, presentes na Lomba há mais de trinta anos, nas comunidades e no
Centro de Promoção da Criança e do Adolescente – CPCA .
Diante da situação de pobreza e das infindas procuras de auxílio por
pessoas em situação de vulnerabilidade, juntou-se ao Conselho da Comunidade e
ao grupo de lideranças paroquiais para implantar núcleos do Fome Zero,
reorganizar a Pastoral da Criança, auxiliar na organização de hortas comunitárias,
grupos de pão, recolhimento e distribuição de alimentos e implementação de
refeições para crianças pobres em diversas comunidades.
Frei Albano soube também usar de sua influência e amizade para
trazer recursos federais (junto ao Ministério do Esporte, por meio do Deputado
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Beto Albuquerque) e de entidades estrangeiras (Adveniat, Diocese de Colônia e
Missionszentrale der Franziskaner), para que fosse possível construir o primeiro
ginásio de esportes comunitário da Lomba do Pinheiro.
Pessoa simples, não se abala com a crítica e nem com a oposição, não
se ensoberbece frente a elogios, sensível diante da dor, amigo leal de quem lhe o é,
grande devoto de Nossa Senhora e, por saber o porquê das coisas, procura torná-las
possíveis.
Ao fim da apresentação desses motivos, destaco uma qualidade e uma
virtude do Frei Albano, que é a sua disponibilidade de se fazer porta-voz da Igreja
em programas de rádio. Desde 1993, participa de um programa semanal na Rádio
Independente de Lajeado, com entrevista ao vivo sobre assuntos livres e
polêmicos. Já teve várias participações, com entrevistas, na Rádio Aliança e,
também, no Programa Polêmica da Rádio Gaúcha. Sua desenvoltura tem a marca
da espontaneidade, da abertura ao diálogo e do respeito ao diferente.
Sala das Sessões, 2 de agosto de 2007.
VEREADORA MARISTELA MAFFEI
/DBF
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PROJETO DE LEI
Concede o título honorífico de Cidadão
de Porto Alegre ao Frei Albano Roberto
Bohn.
Art. 1º Fica concedido o título honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Frei Albano Roberto Bohn, nos termos da Lei nº 9.659, de 22 de
dezembro de 2004.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
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