Compreender os gases de efeito de estufa Vapor de água: o principal gás de efeito de estufa é o vapor de água (H2O), que é responsável por cerca de dois terços do efeito de estufa natural. Na atmosfera, as moléculas de água capturam o calor irradiado pela terra e, em seguida, irradiam-no novamente em todas as direcções, aquecendo a superfície da terra, antes de este ser radiado de volta para o espaço. O vapor de água na atmosfera faz parte do ciclo hidrológico, um sistema fechado de circulação de água – que existe na terra numa quantidade finita – desde os oceanos e a terra, para a atmosfera e novamente de volta à terra, através da evaporação e transpiração, condensação e precipitação. As nossas actividades não acrescentam vapor de água à atmosfera. No entanto, o ar mais quente absorve muito mais humidade, por isso as temperaturas cada vez mais elevadas intensificam ainda mais a mudança do clima. Dióxido de carbono: o principal responsável pelo efeito de estufa ampliado (produzido pelo homem) é o dióxido de carbono (CO2). Globalmente, contribui com mais de 60% do efeito de estufa ampliado. Em países industrializados, o CO2 representa mais de 80% das emissões de gases de efeito de estufa. Na terra existe uma quantidade finita de carbono, que, à semelhança da água, é parte de um ciclo, o ciclo do carbono. Trata-se de um sistema muito complexo no qual o carbono se move através da atmosfera, a biosfera terrestre e os oceanos. As plantas absorvem o CO2 da atmosfera durante a fotossíntese, e utilizam o carbono para desenvolver os seus tecidos, libertando-o novamente para a atmosfera quando morrem e se decompõem. Os corpos dos animais (e dos seres humanos) também contêm carbono, uma vez que são constituídos pelo carbono absorvido através da ingestão de plantas - ou da carne de animais que ingeriram plantas. Este carbono é libertado sob a forma de CO2 quando respiram, e quando morrerem e se decompõem. Os combustíveis fósseis são os restos fossilizados de plantas e animais mortos, formados ao longo de milhões de anos sob determinadas condições, sendo esta a razão pela qual contêm um elevado teor de carbono. De uma forma geral, pode-se dizer que o carvão é composto pelos restos de florestas soterradas, ao passo que o petróleo é o resultado da conversão da vida vegetal dos oceanos. (Os oceanos absorvem CO2 que, na sua forma dissolvida, é utilizado na fotossíntese pela vida marinha.) A cada ano, verificam-se trocas naturais de milhares de milhões de toneladas de carbono entre a atmosfera, os oceanos e a vegetação terrestre. Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera parecem ter variado menos de 10% durante os últimos 10.000 anos antes da Revolução Industrial. No entanto, desde 1800 que as concentrações aumentaram cerca de 30%, em virtude das enormes quantidades de combustíveis fósseis que são queimados para produzir energia – especialmente nos países desenvolvidos. Actualmente, as emissões de CO2 para a atmosfera geradas por seres humanos ascendem a mais de 25 mil milhões de toneladas ao ano. Recentemente, investigadores Europeus descobriram que as actuais concentrações de CO2 na atmosfera atingiram os níveis mais elevados desde há 650.000 anos. As calotas polares do antárctico foram perfuradas a mais de 3 km de profundidade, e o gelo recolhido, formado há centenas de milhares de anos, contém bolhas de ar que fornecem dados históricos sobre a composição da atmosfera ao longo das diferentes eras da história do planeta. O CO2 é capaz de permanecer na atmosfera durante 50-200 anos, dependendo da forma como é reciclado novamente pela terra ou pelos oceanos. Metano: o segundo gás de efeito de estufa mais importante que contribui para o efeito de estuda ampliado é o metano (CH4). Desde o início da Revolução Industrial, as concentrações de metano na atmosfera duplicaram e contribuíram em cerca de 20% para a ampliação do efeito de estufa. Nos países industrializados, o metano é geralmente responsável por 15% das emissões de gases de efeito de estufa. O metano é criado predominantemente por uma bactéria que se alimenta de material orgânico quando se verifica uma falta de oxigénio. Como tal, é emitido por uma série de fontes de origem natural e humana, sendo que estas últimas constituem a maioria das emissões. As fontes naturais incluem os pântanos, térmitas e oceanos. As fontes de origem humana incluem a actividade mineira, a queima de combustíveis fósseis, explorações de gado (os animais ingerem plantas que fermentam nos seus estômagos, exalando metano que é depois expelido através do estrume), plantações de arroz (campos de cultivo alagados produzem metano, uma vez que a matéria orgânica no solo se decompõe sem ter oxigénio suficiente) e os aterros (igualmente devido à matéria orgânica no solo que se decompõe sem ter oxigénio suficiente). Na atmosfera, o metano captura calor, e é 23 vezes mais eficaz nesse processo que o CO2. O seu tempo de vida é no entanto consideravelmente mais reduzido, entre 10 e 15 anos. Óxido nitroso: O óxido nitroso (N2O) é libertado de forma natural pelos oceanos e florestas tropicais, e também pelas bactérias existentes nos solos. As fontes de origem humana incluem os fertilizantes à base de nitrogénio, a combustão de combustíveis fósseis e a produção química industrial que recorre ao nitrogénio, como por exemplo, as estações de tratamento de esgotos. Nos países industrializados, o N2O é responsável por cerca de 6% das emissões de gases de efeito de estufa. Tal como o CO2 e o metano, o óxido nitroso é um gás de efeito de estufa cujas moléculas absorvem o calor que tenta escapar para o espaço. O N2O é 310 vezes mais eficaz que o CO2 a absorver o calor. Desde o início da Revolução Industrial, as concentrações de óxido nitroso na atmosfera aumentaram cerca de 16% e contribuíram entre 4 a 6% para a ampliação do efeito de estufa. Gases fluoretados de efeito de estufa: trata-se do único tipo de gases de efeito de estufa que não se formam naturalmente, tendo antes sido desenvolvidos pelo homem para efeitos industriais. Nos países industrializados, são responsáveis por cerca de 1,5% das emissões de gases de efeito de estufa. No entanto, são extremamente potentes – são até 22.000 vezes mais eficazes a capturar o calor que o CO2 – e podem permanecer na atmosfera durante milhares de anos. Os gases fluoretados de efeito de estufa incluem os hidrofluorcarbonetos (HFCs) que são utilizados nos sistemas de arrefecimento e refrigeração, incluindo aparelhos de ar condicionado; hexafluoreto de enxofre (SF6), que é utilizado, por exemplo, na indústria electrónica; e o perfluorocarbono (PFCs), emitido durante o fabrico de alumínio, e utilizado igualmente pela indústria electrónica. Os mais conhecidos destes gases são sem dúvida os clorofluorocarbonos (CFCs), que não são apenas gases fluoretados de efeito de estufa, mas também responsáveis pelo empobrecimento da camada do ozono. A utilização destes gases está a ser gradualmente eliminada ao abrigo do Protocolo de Montreal de 1987, sobre Substâncias que Empobrecem a Camada de Ozono. Fontes das emissões de gases de efeito de estufa na UE em 2003 Utilizações energéticas excl. transporte 61% Transporte 21% Agricultura 10% Processos Industriais 6% Resíduos 2%