Discurso de Posse Marivaldo Pereira – Secretário de Reforma do Judiciário Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Justiça, Senhor Luiz Paulo Barreto, Excelentíssimas autoridades aqui presentes, Excelentíssimo senhor representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Excelentíssimos senhores integrantes das carreiras da magistratura, do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Advocacia Pública, advogados, estimados colegas do Ministério da Justiça, senhoras e senhores, muito boa tarde. Quero cumprimentar de forma especial o Excelentíssimo Senhor Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e agradecer a presença de todos nesta cerimônia. Em breves palavras, quero externar a imensa alegria com que assumo a Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, órgão que simboliza mais um entre tantos avanços que vem marcando o Governo do Presidente Lula e contribui substancialmente para a busca da igualdade e da inclusão social por meio da formulação, coordenação e implementação das políticas públicas voltadas ao enfrentamento da morosidade e à promoção do acesso à justiça. ‐ 1 ‐ O combate à morosidade e a ampliação do acesso à justiça são ações imprescindíveis para a consolidação do nosso regime democrático. Uma justiça morosa ou restrita a alguns poucos privilegiados jamais será digna de seu próprio nome. A morosidade e a falta de acesso à justiça são problemas que jamais poderiam passar incólumes na construção de uma agenda marcada por políticas públicas voltadas para o fortalecimento do “Estado Social” e focada na inclusão social por meio da ampliação e efetivação dos direitos da população mais pobre. Foi a partir desse entendimento que o Governo Lula, por meio de seu primeiro ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, grande referência até hoje para todos nós, criou a Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça. A Secretaria nasceu a partir de uma decisão ousada e pioneira de trazer para o Poder Executivo o debate sobre a melhoria do sistema de justiça. Tal iniciativa teve como objetivo central atacar os dois dos principais problemas do nosso sistema, conforme já mencionado, a morosidade e a ‐ 2 ‐ falta de acesso à justiça, questões que afetam a credibilidade das instituições, o funcionamento da economia e, principalmente, a efetivação de direitos básicos dos cidadãos. Lembro que a criação da Secretaria não foi bem recebida, e vozes se levantaram para dizer que ela representaria uma intromissão indevida do Poder Executivo na competência de outros poderes. Foi especialmente neste ponto em que se destacou o excelente trabalho desenvolvido por seu primeiro titular, Dr. Sérgio Renault, que, em pouco tempo, com seu perfil conciliador e sua capacidade de articulação, conseguiu demonstrar aos órgãos envolvidos no sistema de justiça o importante papel de parceria que a Secretaria poderia desempenhar para o aprimoramento de suas instituições. A consolidação da Secretaria resultou na construção de uma pauta, fortemente apoiada pelos diversos órgãos que integram o sistema de justiça, dividida em quatro frentes principais: a reforma constitucional; a reforma infraconstitucional; a modernização do sistema de justiça; e o acesso à justiça. ‐ 3 ‐ Graças a essa parceria, foi possível aprovar a Emenda Constitucional nº 45, proposta que tramitava no Congresso Nacional há mais de dez anos. Tal Emenda trouxe uma série de inovações para o nosso ordenamento, como a criação dos Conselhos Nacionais de Justiça e do Ministério Público, instituições hoje consolidadas e que desempenham papel fundamental para o aperfeiçoamento e modernização do Poder Judiciário e do Ministério Público. A Emenda Constitucional nº 45 também assegurou autonomia orçamentária e financeira para as Defensorias Públicas Estaduais, medida essencial para o fortalecimento e ampliação desses órgãos imprescindíveis para a viabilização do acesso à justiça. No âmbito do processo judicial, a Emenda trouxe as súmulas vinculantes, o requisito da repercussão geral para o julgamento do recurso extraordinário e também elevou o direito a duração razoável do processo ao rol de direitos fundamentais dos cidadãos, além de outros pontos de grande importância para a modernização de nosso ordenamento processual. Já em relação à Reforma Infraconstitucional, a parceria firmada entre a Secretaria e os demais órgãos envolvidos na prestação jurisdicional resultou na assinatura do ‐ 4 ‐ festejado “Pacto de Estado em Favor de um Judiciário mais Rápido e Republicano”. Documento assinado pelos representantes dos três poderes e que selou a parceria entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em torno de um conjunto de medidas destinadas a reduzir a morosidade e a ampliar o acesso à justiça. Através do “Pacto”, os representantes dos três poderes elegeram os principais projetos de alteração legislativa capazes de reduzir a burocracia e a morosidade no processo judicial, além de ampliar o acesso da população à justiça. Desde a assinatura do “Pacto”, já foram aprovados mais de 16 projetos, referentes à reforma do processo civil, penal e trabalhista, com mudanças extremamente importantes para a redução da morosidade, como é o caso da reformulação do processo de execução civil, da permissão para a realização do divórcio e da partilha extrajudiciais, a instituição das bases para a informatização dos processos judiciais e a reformulação do procedimento do júri. Ainda no âmbito do “Pacto”, foram aprovados projetos que reformularam a Lei Orgânica da Defensoria Pública, regulamentando a autonomia trazida pela Emenda ‐ 5 ‐ Constitucional nº 45, assegurando sua legitimidade para a propositura de ações coletivas e prevendo expressamente os direitos de seus assistidos e a participação social em sua gestão. Vale ressaltar a importância para aprovação da reforma infraconstitucional, do apoio das associações representativas das carreiras ligadas ao sistema de justiça e dos parlamentares, tanto da Câmara, como do Senado. Também não poderia deixar de destacar, o excelente trabalho desenvolvido pelo Dr. Pierpaolo Bottini, que sucedeu o Dr. Sérgio Renault na Secretaria e o apoio da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. A experiência com o “Pacto” foi tão bem sucedida que, em 2009, a Secretaria de Reforma do Judiciário, desta vez tendo à frente o Dr. Rogério Favreto, com o amplo apoio do então ministro Tarso Genro, lançou o “Segundo Pacto Republicano”. Documento construído nos mesmos moldes do primeiro e que contém novas prioridades para a continuidade do processo de reforma do sistema de justiça. ‐ 6 ‐ No âmbito da modernização, o desempenho da Secretaria também tem sido extremamente importante. Foi ela a responsável pela publicação do primeiro Diagnóstico do Poder Judiciário, bem como do primeiro Diagnóstico do Ministério Público e da Defensoria Pública. Publicações que permitiram aos representantes destes poderes e a toda a população ter acesso a dados referentes à gestão e ao trabalho desenvolvido por esses órgãos, contribuindo com a formulação de políticas públicas para seu aperfeiçoamento. De enorme importância também foi a criação do Prêmio Innovare, fruto de parceria da Secretaria com a Fundação Getúlio Vargas, e que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento e a replicação de boas práticas no âmbito do sistema de justiça. Hoje, o prêmio Innovare tem sua importância reconhecida em todo o país e conta com grande prestígio junto à comunidade jurídica. Em sua atuação para o fortalecimento do acesso à justiça, além de ter elaborado o I, II e III Diagnósticos da Defensoria Pública, a Secretaria vem desenvolvendo ‐ 7 ‐ parcerias com esses órgãos em todo o país, fomentando a criação de núcleos de atendimento aos presos, presas e seus familiares e às vítimas de violência doméstica. Destaca-se também a criação da Força Nacional dos Defensores Públicos, força tarefa formada para atender Estados com grande deficiência no atendimento jurídico à população carcerária. Como todos podem ver, meu desafio é ainda maior, pois recebo a Secretaria já com uma longa história de realizações e conquistas. Meu principal objetivo será acrescentar mais um importante capítulo a essa história, à altura daqueles escritos pelos três grandes nomes que antecederam. Para isso, conto com o aprendizado adquirido nos dois anos em que ocupei o Departamento de Política Judiciária da Secretaria, tendo como tutor meu grande amigo Pierpaolo, e também com a experiência adquirida como Subchefe Adjunto da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, tendo dessa vez como exemplo dois outros grandes amigos, Beto Vasconcelos e Jaime César. Penso que a Secretaria deve reforçar ainda mais sua articulação com os demais órgãos do Sistema de Justiça, ‐ 8 ‐ de maneira a continuar construindo políticas voltadas para a redução da morosidade e ampliação da efetivação de direitos e garantias fundamentais por uma parcela cada vez maior da população. Nesse sentido, pretendo ajudar a fortalecer e disseminar os mecanismos extrajudiciais de solução de conflitos, como é o caso da mediação e da conciliação, trabalhando para que eles cheguem a lugares em que, hoje, o Estado já consegue chegar, graças às políticas sociais empreendidas pelo nosso governo. Como já disse a viabilização do acesso à justiça é de extrema importância para a inclusão social e para a pacificação de comunidades marcadas pela violência. Dessa forma, torna-se imprescindível a integração e a articulação das políticas de inclusão social e de segurança pública com a política de acesso à justiça empreendida pela Secretaria. Devemos ampliar nossa atuação na prevenção de conflitos, com o objetivo de garantir direitos aos cidadãos por meio de instrumentos extrajudiciais, medida fundamental para reduzir a demanda hoje dirigida ao Poder Judiciário. ‐ 9 ‐ Na mesma linha, devemos nos empenhar para apoiar o processo de informatização dos órgãos integrantes do sistema de justiça, medida que tem impacto direto na melhoria do atendimento aos cidadãos e na redução da morosidade. Repito, meu desafio é grande, mas esta é mais uma etapa da minha vida que pretendo cumprir com entusiasmo e honradez. Sempre tive bons exemplos no sentido de procurar trabalhar por um país mais justo e igualitário. Minha mãe foi meu primeiro grande exemplo com sua luta diária para me tornar um homem correto e entendedor de que a justiça é para todos, não somente para pequenos grupos. Foi ela também que me fez compreender que nossa persistência é garantia de êxito em nossas conquistas profissionais e pessoais. Tive a sorte de ter na figura dela meu suporte para entender que mudar a nossa realidade não só é possível, como é nosso dever. Outras pessoas que me são queridas e representam exemplos para mim, são meus amigos e verdadeiros irmãos, Pierpaolo Bottini, André Castro, Beto Vasconcelos e Jaime César. Atuantes homens do direito, que assim ‐ 10 ‐ como eu, pautam suas vidas profissionais e pessoais pelo ideal de justiça e igualdade, os quais agradeço imensamente o apoio dado em todas as horas. Agradeço também à minha esposa, Ana Paula que muita força me deu ao longo de toda essa jornada e certamente estará ao meu lado no enfrentamento desse novo desafio. Quero compartilhar a alegria que sinto neste momento com minha mãe e minha irmã aqui presentes e fazer uma saudação toda especial aos meus amigos da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, que muito me ajudaram e ensinaram ao longo dos últimos três anos, bem como aos sempre parceiros amigos da Secretaria de Assuntos Legislativos deste Ministério. A todos vocês e aos companheiros da equipe da Secretaria que comigo irão começar a escrever mais um capítulo dessa história fica o meu sincero compromisso de trabalhar incansavelmente pela ampliação do acesso à justiça, pela ampliação dos instrumentos de efetivação de direitos dos cidadãos e pela modernização do sistema de justiça. Com isso, estaremos contribuindo para essa bela obra construída sob o comando do Presidente Lula, e ajudaremos a entregar a nossos filhos o tão sonhado país ‐ 11 ‐ do futuro, pautado pela igualdade, modernidade e justiça social. Mais uma vez agradeço ao Ministro Luis Paulo pela confiança em mim depositada, ao mesmo tempo em que o congratulo pelo grande trabalho desenvolvido no Ministério da Justiça não apenas na sua gestão, mas também enquanto braço direito dos dois ministros da Justiça que o antecederam. Muito Obrigado! ‐ 12 ‐