PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Unidade IV 5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Caros alunos, Vamos agora entrar no módulo 4 da disciplina Planejamento Operacional Marketing e Produção (POMP). Essa parte visa contemplar os procedimentos, programações 5 e regulamentos dentro da área industrial, ressaltando o planejamento e o controle da produção, suas finalidades, fases, isto é, o que será necessário para poder produzir, a administração de materiais e seus movimentos para ter a matéria-prima necessária e no momento certo para se ter uma perfeita dinâmica 10 para atingir as metas traçadas pelo planejamento estratégico que deram forma ao planejamento operacional, trazendo para o administrador um sentido claro de contribuir com a organização com todos os benefícios oriundos dessa importante área de apoio para realização do que foi determinado pela área comercial no 15 atendimento ao cliente ou ao usuário. Para tanto e para a estruturação desse trabalho, utilizamos o conteúdo do livro Administração da produção: uma abordagem introdutória, de Idalberto Chiavenato (Rio de Janeiro: Campus, 2005). 20 Importante ressaltar que o assunto por si não se esgota, sendo relevante a busca contínua por novos conhecimentos, consultando essa e outras bibliografias sobre o assunto e também das suas vertentes. 135 Unidade IV Objetivos Ao final, os alunos deverão compreender e entender: 1. o significado do planejamento e o controle da produção; 2. a administração de materiais e sua estrutura. Planejamento e controle da produção “Para produzir, e bem, é necessário planejar, organizar, dirigir e controlar. Para atender a requisitos de eficiência e de eficácia, a produção precisa repousar em um sistema de 5 planejamento e controle confiável. Há muita atividade a ser planejada, organizada e coordenada para que a produção ocorra da melhor maneira possível. A complexidade do sistema produtivo exige necessariamente um esquema de planejamento e controle. Grosso modo, enquanto o 10 sistema de produção constitui o hardware, o planejamento e o controle de produção representam o software que o comanda”. As empresas não produzem ao acaso, nem funcionam de maneira improvisada. Para atingir seus objetivos e aplicar 15 adequadamente seus recursos, elas precisam planejar antecipadamente e controlar adequadamente sua produção. Para isso, o planejamento e controle da produção, PCP, visa aumentar a eficiência e a eficácia da empresa por meio da AP (administração da produção). 20 Conceito de PCP O planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente quais são os objetivos que deverão ser atingidos e o que deve ser feito para atingi-los da melhor forma possível. O planejamento fixa rumos, focaliza o futuro e está voltado para 25 a continuidade da empresa. A sua importância reside nisto: sem planejamento, a empresa fica perdida no caos. 136 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO A partir da definição dos objetivos a alcançar, o planejamento determina a priori o que se deve fazer, quando fazer, quem deve fazê-lo e de que maneira. Por essa razão, o planejamento é feito na base de planos. O planejamento constitui um conjunto 5 integrado de planos. PLanejamento • O que se deve fazer • Quando fazer • Quem deve fazer • Como fazer Objetivos a alcançar Figura 1 – O planejamento e seus desdobramentos. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.100. Por outro lado, o controle é função administrativa que consiste em medir e corrigir o desempenho para assegurar que os planos sejam executados da melhor maneira possível. Na figura 2, uma visão clara de como isso acontece. A tarefa do 10 controle é verificar se tudo está sendo feito em conformidade com o que foi planejado e organizado, de acordo com as ordens dadas, para identificar os erros ou desvios, a fim de corrigi-los e evitar sua repetição. Controle Medir o desempenho Comparar com o planejado Corrigir o desempenho Identificar erros ou corrigir Figura 2 – O controle e seus desdobramentos. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus,2005, p.100. O planejamento e o controle fazem parte do processo 15 administrativo, conforme figura 3 abaixo: Planejamento Controle Organização Direção Figura 3 – As quatro etapas do processo administrativo. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.101. 137 Unidade IV Ambas as definições apresentadas, de planejamento e de controle, são genéricas, mas ilustram muito bem o seu significado. No caso específico da produção, o planejamento e controle da produção, PCP, planeja e controla todas as atividades produtivas 5 da empresa. Se a empresa é produtora de bens ou mercadorias, o PCP cuida das matérias-primas necessárias, da quantidade de mãode-obra, das máquinas e equipamentos e do estoque de produtos acabados disponíveis no tempo e no espaço para que a área de 10 vendas possa entregar aos clientes. Se a empresa é produtora de serviços, o PCP planeja e controla a produção dos serviços e operações, cuidando da quantidade de mão-de-obra necessária, das máquinas e equipamentos e dos demais recursos necessários, para a oferta dos serviços 15 no tempo e no espaço para atender a demanda dos clientes e usuários. Partindo dos objetivos da empresa, o PCP planeja e programa a produção e as operações da empresa, bem como controla adequadamente para tirar o melhor proveito possível em termos 20 de eficiência e eficácia. Planejamento e controle são fundamentais no processo produtivo. “Nada na empresa deve ser improvisado ou feito ao acaso. Tudo deve ser planejado e controlado para alcançar eficiência e eficácia. Para tanto, a finalidade e as funções do PCP devem ser claras e explícitas no sentido de permitir trabalho conjunto e coordenado para alcançar resultados excelentes”! Finalidade e funções do PCP A finalidade do PCP é aumentar a eficiência e a eficácia 25 do processo produtivo da empresa. É, portanto, uma dupla 138 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO finalidade: atuar sobre os meios de produção no sentido de aumentar a eficiência e cuidar para que os objetivos de produção sejam plenamente alcançados a fim de aumentar a eficácia. 5 Para atender a essa dupla finalidade, o PCP tem uma dupla função: • planejar a produção; • controlar o seu desempenho. De um lado, o PCP estabelece antecipadamente o que a 10 empresa deve produzir e, consequentemente, o que deverá dispor de matérias-primas e materiais, de pessoas, de máquinas e equipamentos, bem como de estoques de produtos acabados para suprir as vendas. Por outro lado, o PCP serve para monitorar e controlar o 15 desempenho da produção em relação ao que foi planejado, corrigindo eventuais desvios ou erros que possam surgir no decorrer das operações. Assim, o PCP atua antes, durante e depois do processo produtivo. Antes, planejando o processo produtivo, programando materiais, máquinas, pessoas e 20 estoques. Atua durante, ao controlar o funcionamento do processo produtivo, para mantê-lo de acordo com o que foi planejado. Depois, verificando os resultados alcançados e comparando-os com os objetivos definidos previamente. Com essas funções, o 25 PCP assegura a obtenção da máxima eficiência do processo de produção da empresa. Ao desenvolver as suas funções, o PCP mantém uma rede de relações com as demais áreas da empresa. As interrelações entre o PCP e as demais áreas da empresa se devem 30 ao fato de que o PCP procura utilizar racionalmente os recursos empresariais, sejam eles materiais, humanos, financeiros, etc. 139 Unidade IV Assim, as principais inter-relações do PCP com as demais áreas da empresa são os seguintes: 1 – Com a área de engenharia industrial O PCP programa o funcionamento de máquinas e 5 equipamentos e se baseia em boletins de operações (BO) fornecidos pela engenharia industrial. 2 – Com a área de suprimentos e compras O PCP programa materiais e matérias-primas que devem ser obtidos no mercado fornecedor por meio do órgão de 10 compras e estocados pelo órgão de suprimentos. Assim, a área de suprimentos e compras funciona com base naquilo que é planejado pelo PCP. 3 – Com a área de recursos humanos O PCP programa a atividade da mão-de-obra, estabelecendo 15 a quantidade de pessoas que devem trabalhar no processo de produção. O recrutamento, a seleção e o treinamento do pessoal são atividades estabelecidas em função do PCP. 4 – Com a área financeira O PCP se baseia nos cálculos financeiros fornecidos pela 20 área financeira para estabelecer os níveis ótimos de estoques de matérias-primas e produtos acabados, além dos lotes econômicos de produção. 5 – Com a área de vendas O PCP se baseia na previsão de vendas fornecida pela área de 25 vendas para elaborar o plano de produção da empresa e planejar a quantidade de produtos acabados necessária para suprir as entregas aos clientes. 140 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO 6 – Com a área de produção O PCP planeja e controla a atividade da área de produção. A figura 4, na sequência, mostra-nos a representação dessas inter-relações. Área de produção Área de vendas Área de engenharia industrial Área de RH PCP Área de suprimentos e compras Área de finanças Figura 4 – As inter-relações do PCP com as diversas áreas da empresa. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 104. O PCP está intimamente ligado ao sistema de produção utilizado pela empresa. As características de cada sistema de produção devem ser plenamente atendidas pelo PCP. Em outros termos, o PCP deve fazer funcionar da melhor maneira possível o sistema de produção utilizado pela empresa, que a tabela 1 10 a seguir nos mostra. No fundo, os três sistemas de produção constituem gradações diferentes do contínuum representado na figura 5, também na sequência. 5 Assim, a produção por encomenda é o sistema em que ocorre maior descontinuidade e irregularidade na produção, enquanto 15 a produção contínua é o sistema em que há maior continuidade e regularidade no processo produtivo. A produção por lotes representa o sistema intermediário, no qual a continuidade e a descontinuidade se alternam. Isso 141 Unidade IV significa que o PCP é influenciado pela descontinuidade da produção por encomenda e alcança a máxima regularidade na produção contínua. Na realidade, o PCP é feito sob medida para cada encomenda 5 na produção sob encomenda, enquanto é feito para o exercício mensal ou anual da produção contínua. A tabela 2 permite uma visão simplificada nas três situações. Tabela 1 – Características dos três sistemas de produção Aspectos principais Produção por encomenda Produção em lotes Produção contínua Produto Um único produto de cada vez Um lote de produto de cada vez Sempre o mesmo produto Variedade de Máquinas e máquinas e pouca equipamentos padronização Máquinas agrupadas em baterias do mesmo tipo Alto grau de padronização Mão-de-obra Variedade e especialização Compensa o desequilíbrio entre departamentos Regularmente utilizada Métodos de trabalho Mutáveis e genéricos Mutáveis (com o lote) e rígidos Fixos e rígidos Ritmo de produção Descontínuo e irregular Contínuo no lote e descontínuo na mudança do lote Contínuo e regular Sucesso do processo produtivo Depende do supervisor da oficina-base Depende do PCP planejar os lotes de produção Depende do PCP no longo prazo Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.105. Descontinuidade (da produção) Contínuum Continuidade (da produção) Produção sob encomenda Produção por lotes Produção contínua Figura 5 – Os três sistemas de produção. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.105. 142 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO As quatro fases do PCP Para poder funcionar satisfatoriamente, o PCP trabalha com um enorme volume de informações. Na realidade, o PCP recolhe dados de várias fontes e produz informações de forma 5 incessante. Basicamente, é um centro de informações para a produção. Nesse sentido, apresenta quatro fases principais, cada qual analisada indistintamente, a saber: 10 • projeto de produção; • coleta de informações; • planejamento da produção; • controle da produção. Tabela 2 – Os sistemas de produção e os sistemas de PCP Depósito de produtos acabados Sistemas de produção Almoxarifado de matérias-primas Produção por encomenda Planejamento e Planejamento e controle de MP em controle da produção cada encomenda em cada encomenda Produção em lotes Planejamento e controle da MP em cada lote e no conjunto de lotes Planejamento e Planejamento e controle da produção controle de PA em cada lote e no em cada lote e no conjunto de lotes conjunto de lotes Produção contínua Planejamento e controle de MP para o período mensal ou anual Planejamento e controle da produção para o período mensal ou anual Produção Planejamento e controle de PA a cada encomenda Planejamento e controle de PA para o período mensal ou anual Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.106. 1 – Projeto de produção Constitui a primeira fase do PCP. O projeto de produção é também denominado pré-produção ou planejamento de 15 operações. Nessa primeira fase, procura-se definir o sistema de produção e quais são as suas dimensões para se estabelecer os 143 Unidade IV parâmetros do PCP. O projeto de produção varia conforme o sistema de produção. No caso do sistema de produção por encomenda, cada encomenda requer um específico projeto de produção. No caso 5 da produção em lotes, cada lote deve, em princípio, ter um projeto de produção. É relativamente permanente na produção contínua e sofre poucas mudanças com o tempo, a não ser que o sistema de produção passe por alterações como a aquisição de novas máquinas, mais pessoal, novas tecnologias, etc. Essas 10 mudanças alteram o projeto de produção. Plano de produção Coleta de informações Planejamento de produção Controle de produção Formulação do plano de produção Implementação do plano de produção Execução do plano de produção Figura 6 – As 4 fases do PCP. CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.107. O projeto de produção constitui um esquema básico que se fundamenta nos seguintes aspectos do sistema de produção da empresa (cuja demonstração será mostrada na figura 7, na sequência): 15 20 144 • quantidade e características de máquinas e dos equipamentos: as baterias de máquinas em cada departamento ou seção, para se conhecer a capacidade de produção das máquinas de cada departamento ou seção da empresa. Esses dados são obtidos por meio do inventário de máquinas por seção, que é um levantamento das máquinas e dos equipamentos existentes e disponíveis em cada seção e de sua capacidade de produção; PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO 5 10 15 20 • quantidade de pessoal disponível: o efetivo de empregados e cargos ocupados em cada departamento ou seção, para se conhecer a capacidade de trabalho em cada departamento ou seção. Esses dados são obtidos por meio do inventário do efetivo por seção, que é um levantamento dos funcionários existentes em cada seção e respectivos cargos ocupados para proporcionar uma ideia de força de trabalho existente em cada seção; • volume de estoques e tipos de matérias-primas: bem como procedimentos de requisição de materiais ao almoxarifado, para se conhecer a disponibilidade de insumos de produção. Esses dados são obtidos por meio do inventário de estoques de matérias-primas, que é um levantamento das matérias-primas em disponibilidade e das necessidades de compras a curto e médio prazos de modo a garantir a produção; • métodos e procedimentos de trabalho: bem como cálculos dos tempos de execução das tarefas dos boletins da operação (BO), para se conhecer como o trabalho deverá ser realizado e qual a sua duração. Todos esses aspectos do sistema de produção formam o arcabouço do projeto de produção no qual o PCP deverá se basear. 25 O projeto de produção procura oferecer um quadro geral de todo o conjunto do sistema de produção da empresa e de todas as suas possibilidades de operação, bem como suas necessidades e requisitos para produzir resultados. No fundo, o projeto de produção constitui uma visão estática e inerte do sistema de 30 produção. É como se fosse um continente (contêiner) sem o seu conteúdo ou uma rua sem trânsito. O conteúdo, como o tráfego de rua, constitui a segunda fase do PCP. 145 Unidade IV Quantidade e características das máquinas Plano de produção Quantidade de pessoal necessário Estoque necessário de matérias-primas Boletins de produção Figura 7 – Arcabouço do projeto de produção. CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.109. 2 – Coleta de informações A segunda fase do PCP resume-se à coleta de informações necessárias para que o esquema do projeto de produção possa ser devidamente montado, quantificado e dinamizado. No fundo, 5 a coleta de informações constitui o detalhamento da primeira fase, isto é, do projeto de produção. A coleta de informações tem por finalidade dar subsídios para a formulação do plano de produção e engloba os seguintes fatores: 10 15 20 • capacidade de cada máquina: de cada bateria ou grupo de máquinas, e fatores de eficiência e de demora de cada máquina. Essa informação proporciona uma ideia da capacidade de produção de cada máquina, de cada bateria de máquinas e de cada seção produtiva da empresa. No conjunto, a capacidade de produção que a empresa tem; • sequência do processo de produção: o fluxo de movimentação das matérias-primas ao longo do processo produtivo e seus gargalos ou pontos de estrangulamento ou de demora. Essa informação permite uma visão de todo o fluxo de produção, ou seja, de toda a cadência e sequência do processo produtivo da empresa, bem como dos pontos de restrições; • métodos de trabalho: de cada operário e tempo padrão para cada tarefa executada. Essa informação permite saber 146 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO quantos operários são necessários em cada máquina, em cada bateria de máquinas e em cada seção produtiva da empresa; 5 • horário de trabalho e esquemas de incentivos de produção: essa informação permite conhecer qual a carga normal de trabalho a ser atribuída a cada seção produtiva da empresa e qual a carga adicional que se poderia obter com a adoção de incentivos de produção (prêmios de produção) ou de horas extras; 10 • volume de estoque para cada item de matéria-prima e controle de estoque: essa informação permite saber qual é o volume de matéria-prima necessário para abastecer o processo produtivo durante determinado período e como deverá ser constituído o estoque. 15 A coleta de informações adentra minúcias e detalhes, conforme tabela 3, na sequência: Tabela 3 – A coleta de informações para detalhamento do projeto de produção Projeto de produção Coleta de informações Quantidade e características das máquinas Capacidade de produção de cada máquina, de cada bateria de máquinas e de cada seção produtiva. Quantidade de pessoal necessário Quantidade de empregados por cargo ou por seção produtiva com horário de trabalho. Estoque necessário de matérias-primas Itens de matérias-primas e volume de estoque para cada item. Controle de estoque. Procedimentos de requisição de matéria-prima. Boletins de operação Sequência e cadência do processo produtivo, fluxo de trabalho e movimentação de MP e seus gargalos e demoras. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 110. 147 Unidade IV 3 – Planejamento da produção O planejamento da produção (PP) constitui a terceira fase do PCP. O PP visa estabelecer a priori o que a empresa deverá produzir em um determinado período, tendo em vista, de um 5 lado, a sua capacidade de produção e, de outro lado, a previsão de vendas que deve ser atendida. O PP visa compatibilizar a eficácia (alcance dos objetivos de vendas) e a eficiência (utilização rentável dos recursos disponíveis). O PP procura coordenar e integrar máquinas, 10 pessoas, matérias-primas, materiais e vias e processos produtivos em um todo sistêmico, harmonioso e integrado. A figura 8 será importante para mostrar essa síntese. Processo produtivo • Máquinas Insumos • Mão-de-obra Produtos acabados • Matérias-primas • Materiais em processo Eficiência Eficácia Figura 8 – A eficiência e a eficácia do processo produtivo. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 111. O PP se assenta na 1ª e na 2ª fase do PCP, isto é, no projeto de produção e na coleta de informações sobre o processo produtivo. 15 O PP é realizado em três etapas, a saber: formulação do plano de produção, implementação do plano de produção por meio da programação de produção, execução do plano de produção por meio de emissões de ordens, cuja explicação acontecerá na sequência. 148 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Formulação do plano de produção O plano de produção (PP) ou plano-mestre (PM) representa o que a empresa pretende produzir dentro de um determinado exercício ou período. Geralmente, esse 5 exercício ou período é de um ano, quando se trata de produção contínua e em lotes. Quando se trata de produção sob encomenda e produto de grande porte (como construção de navios, edifícios ou fábricas, por exemplo), o PP cobre o tempo necessário para a execução do produto. A elaboração 10 do plano de produção depende do sistema de produção utilizado pela empresa. Se a empresa utiliza o sistema de produção sob encomenda, a própria encomenda ou pedido do cliente é que vai definir o plano de produção, pois cada encomenda é, em si mesma, um 15 plano de produção. Se a empresa utiliza o sistema de produção em lotes ou de produção contínua, a previsão de vendas é transformada em plano de produção. No sistema de produção em lotes e no de produção contínua, o plano de produção é função da previsão de 20 vendas. Se houver estoque de produtos acabados no depósito de PA no início do período, isso representa uma produção já executada no período anterior. A previsão de vendas é a estimativa do volume de vendas que a empresa pretende atingir em um dado período de tempo. A capacidade de 25 produção representa o potencial de produção que a empresa pode desenvolver. O plano de produção, qualquer que seja o sistema de produção utilizado pela empresa, deve dimensionar a carga de trabalho que aproveite integralmente a capacidade de produção 30 da empresa da melhor forma possível. Carga de trabalho é o cálculo do volume de trabalho a ser atribuído a cada seção ou máquina, em um determinado período de tempo, para atender ao plano de produção. 149 Unidade IV O dimensionamento da carga de trabalho não pode ser exagerado nem insuficiente. No primeiro caso, pode provocar sobrecarga, que é a atribuição de carga acima da capacidade de produção. No segundo caso, quando o dimensionamento 5 está muito além da capacidade de produção não aproveitada e que permanece sem utilização. Um custo que não tem retorno. Capacidade de produção (O que podemos produzir) Previsão de vendas Plano de produção (O que esperamos vender) (O que temos de produzir) Capacidade de produção (O que podemos produzir) Figura 9 – A elaboração do plano de produção. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 113. Implementação do plano de produção por meio da programação de produção 10 A partir da formulação do plano de produção, o PCP passa a cuidar da sua implementação através da programação da produção. A programação da produção é o detalhamento do plano de produção para que ele possa ser executado de maneira integrada e coordenada pelos diversos órgãos produtivos com a 15 ajuda dos demais órgãos de assessoria. Programar a produção é determinar quando deverão ser realizadas tarefas e operações de produção e quanto deverá 150 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO ser feito. Na verdade, programar produção é estabelecer uma agenda de compromissos para as diversas seções envolvidas no processo produtivo. A programação da produção detalha e fragmenta o plano 5 de produção, que é amplo e genérico, para que possa ser executado no dia a dia da empresa. Para tanto, a programação de produção faz o roteiro (sequência do processo produtivo) e o aprazamento (estabelecimento de datas de início e fim da atividade). 10 A programação da produção utiliza duas variáveis para detalhar o plano de produção: o tempo (definido em dias, semanas ou meses) e a produção (definida em quantidade de unidades, quilos, metros, etc.). Em resumo, a programação da produção trata de estabelecer cronogramas detalhados 15 de execução do plano de produção. Assim, as técnicas de programação se resumem basicamente em cronogramas, como o gráfico de Gantt, do qual seguiu um exemplo na tabela 12, constante na unidade II desta apostila, e também na figura 10 abaixo. 20 Quando a programação da produção envolve casos de montagens, pode-se utilizar o gráfico de montagem, cujo exemplo seguiu na tabela 11, constante na unidade II, e também na figura 11, na sequência. Em casos mais complexos de programação de produção, 25 quando há muitas interdependências no processo produtivo, pode-se utilizar técnicas de programação mais sofisticadas, como o PERT (Program Evaluation Review Technique), também denominada técnica de avaliação e revisão de programas, ou CPM (Critical Path Method), também denominado método do 30 caminho crítico. Feito o roteiro e o aprazamento por meio de cronogramas, a programação da produção passa a cuidar da emissão de ordens aos órgãos envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo. 151 Unidade IV Seções Janeiro 1 2 Fevereiro 3 4 1 2 Março 3 4 1 2 3 4 A Máquina 1 lote 402 lote 405 Máquina 2 lote 401 Máquina 3 lote 398 Máquina 4 lote 408 manut lote 410 lote 400 lote 402 lote 405 lote 404 lote 401 B Máquina 11 lote 403 Máquina 12 lote 399 Máquina 13 Máquina 14 lote 407 lubrif. lote 402 lote 398 lubrif lote 403 manut lote 411 Máquina 15 manut lote 412 Figura 10 – Programação da produção por meio do gráfico de Gantt. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 115. Atividades Janeiro 1 Projeto da produção 2 Fevereiro 3 4 1 2 3 Março 4 1 2 3 4 Especificação Produto Especificação materiais Aprovação final Equipamento Especificação produto definição do fluxo MTG. Layout Mão-de-obra Recrutamento e seleção pessoal Treinamento pessoal Lote piloto Pré -lote piloto Lote piloto Produção Prepara Início da produção normal Figura 11 – Programação da produção por meio de gráfico de montagem. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 115. 152 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Execução do plano de produção por meio de emissões de ordens Programada a produção, os diversos órgãos envolvidos direta e indiretamente no processo produtivo têm condições de 5 executá-la de maneira integrada e coordenada. Para que isso possa acontecer, a programação da produção transforma o plano de produção em uma infinidade de ordens que deverão ser executadas no devido tempo pelos diversos órgãos da empresa, como produção, compras, almoxarifado, 10 depósito, controle de qualidade, custos, contabilidade, pessoal, etc. Para tanto, existem vários tipos de ordens que o PCP adota, a saber: 15 • ordem de produção (OP): é a comunicação para produzir enviada à seção produtiva, autorizando-a a executar determinado volume de produção; • ordem de montagem (OM): corresponde a uma OP destinada aos órgãos produtivos de montagem ou de acabamento; 20 • ordem de compra (OC): é a comunicação para comprar matéria-prima (MP) ou material, que é enviada ao órgão de compras; • ordem de serviço (OS): é a comunicação sobre prestação interna de serviços, como serviço de inspeção de qualidade, serviço de reparo ou de manutenção de máquinas, etc.; 25 • requisição de materiais (RM): é a comunicação que solicita matéria-prima ou material ao almoxarifado para alguma seção produtiva. Por serem rotineiras e constantes, essas ordens envolvem um grande número de formulários destinados aos diversos órgãos 30 envolvidos no processo produtivo para que cada um saiba 153 Unidade IV exatamente o que fazer e quando. Assim, ocorre um fluxo de comunicação que é coordenado pela programação de produção para integrar todo o processo produtivo. Com as emissões das diversas ordens, todos os órgãos 5 envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo passam a trabalhar em conjunto e articuladamente. No fundo, as ordens representam as decisões previamente tomadas pelo PCP que cada órgão deverá executar para que todo o processo produtivo se desenvolva da melhor maneira possível. Isso 10 significa coordenação e, sobretudo, sinergia, para que a atividade produtiva possa alcançar eficiência e eficácia. Plano de produção Programa de produção (Emissão de ordens) Compras Seção A Seção B Seção C Depósito de produtos acabados Almoxarifado de materiais Figura 12 – O fluxo de comunicação da programação de produção. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 117. 4 – Controle da produção O controle da produção (CP) constitui a quarta e última fase do PCP. A finalidade do CP é acompanhar, monitorar, avaliar e 15 regular as atividades produtivas para mantê-las dentro do que foi planejado e assegurar que atinjam os objetivos pretendidos. Em capítulo específico, esse assunto será desdobrado; na sequência, visão de funcionamento da ferramenta MRP – II , de muita utilidade nessa fase. 154 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Manufacturing resources planning (MRP II) Dá-se o nome de Material Requirement Planning (MRP) ao planejamento de necessidades de materiais, e de Manufacturing Resources Rlanning (MRP II) ao planejamento dos recursos de manufatura. Tanto o MRP quanto o MRP II surgiram com o 5 advento do computador. O MRP II é um software que parte do plano-mestre que integra estoques de materiais, estoques de componentes, listas de materiais, restrições de mão-de-obra, disponibilidade de equipamentos, gera as necessidades de compra (ou até mesmo 10 as ordens de compras) para os itens fornecidos por terceiros e ordens de produção para as necessidades de fabricação própria. Em geral, o MRP II envolve os seguintes parâmetros: • estoque de segurança (ES): a quantidade mínima do item que se deseja manter em estoque; 15 • lote: a quantidade em que o item é produzido internamente ou fornecido por terceiros; • tempo de atendimento (TA): ou lead time, é o prazo de entrega, ou seja, o tempo previsto para a produção de lotes ou para a entrega dos pedidos feitos; 20 • estoque em mãos: é a quantidade disponível do item quando se faz o planejamento; • períodos consecutivos de planejamento: geralmente em semanas; 25 • necessidade de produção projetada (NP): é a demanda projetada, ou seja, as quantidades que devem estar disponíveis em cada semana; • recebimentos previstos (RP): são as quantidades encomendadas e cuja entrega está prevista para o período planejado; 155 Unidade IV • disponível à mão (DM): é o estoque que estará disponível no fim de cada semana; • necessidade líquida de produção (NL): são as quantidades que devem ser produzidas ou compradas; 5 • liberação de ordem: é a quantidade que deve ser pedida e a semana em que deve ser efetuada. Além disso, o MRP II envolve os tempos de entrega para os itens comprados e os tempos de fabricação para os itens produzidos internamente, estoques de segurança e quantidade 10 requisitada. Outros dados sobre o produto, como preço unitário, fornecedores, processo de fabricação, equipamento, roteiros de fabricação e respectivos centros de custos, mão-de-obra atualizada por categorias profissionais, ferramentas utilizadas também são comuns no MRP II. 15 Na figura 13, abaixo, o esquema de funcionamento do MRP II. Entradas Projeção da demanda Transformação Saídas Transações nos estoques Estoques disponíveis à mão MRP II Ordens de produção e ordens de compra Programa-mestre de produção Relatórios: Lista de materiais • Planejamento • Desempenho • Exceções Figura 13 – O esquema do MRP II. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 119. 156 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Administração de materiais – suprimentos “Em toda fábrica pode-se encontrar, ao longo do processo produtivo, uma enorme quantidade de materiais. Alguns em processamento, outros já parcialmente processados e muitos outros aguardando em algum lugar ou desvio a oportunidade de serem processados. Em geral, isso pode significar um grande desperdício: de espaço, de tempo, de capital empatado sem necessidade e de enorme risco de acidentes, incêndios, etc. Muitas empresas já se deram conta disso. E estão tomando providências para que o volume de materiais dentro da fábrica seja o menor possível. Esse cuidado já foi tomado há muito tempo por indústrias japonesas. Primeiro elas pensaram no housekeeping. Depois, no just-in-time. E chegaram à fábrica enxuta”. A produção de bens e serviços requer o processamento de matérias-primas que serão transformadas em produtos acabados ao longo do processo de produção. Na realidade, toda 5 a produção nas empresas secundárias constitui quase sempre a transformação de materiais e de matérias-primas em produtos acabados. Os materiais e as matérias-primas serão doravante denominados simplesmente materiais. Todavia, seja nas empresas primárias, secundárias ou 10 terciárias, o problema de administrar materiais é crucial. Tanto os fabricantes como os distribuidores, atacadistas e varejistas estão constantemente às voltas com a obtenção, utilização e movimentação de materiais para garantir as suas operações. 15 Os materiais precisam ser adequadamente administrados. Suas quantidades devem ser planejadas e controladas para que não haja faltas que paralisem a produção nem excessos que elevem os custos desnecessariamente. Nem menos, nem mais. 157 Unidade IV A administração de materiais consiste em ter os materiais necessários na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à disposição dos órgãos que compõem o processo produtivo da empresa. O enorme volume de 5 dinheiro investido em materiais faz com que as empresas procurem sempre o mínimo tempo de estocagem e o mínimo volume possível de materiais em processamento capazes de garantir a comunidade do processo produtivo. Conceitos básicos 10 O termo administração de materiais tem tido diferentes definições. Na prática, utilizam-se indistintamente vários termos, como gestão de materiais, suprimentos, fornecimento, abastecimento, materiais, compras, logística, etc. para designar áreas diferentes, mas com idênticas responsabilidades. Conceito de administração de materiais 15 É o conceito mais amplo de todos. A administração de materiais envolve a totalidade dos fluxos de materiais na empresa: desde o planejamento e o controle dos materiais, compras, recepção, tráfego de entrada e controle de qualidade 20 na recepção, almoxarifado e armazéns, controle do inventário, movimentação de materiais e transporte interno. Na realidade, encontra-se essa totalidade de funções em poucas empresas. Quase sempre as empresas adotam uma posição mais restrita e parecida com o conceito de suprimentos. 25 Conceito de suprimentos A palavra suprimentos serve para designar todas as atividades de programação (compras) e movimentação de materiais para colocação à disposição das seções produtivas de modo que estas possam realizar suas atividades. Assim, suprir significa 30 programar as necessidades de materiais, comprar, armazenar e movimentar (transporte interno) os materiais para abastecer as diversas seções. Muitas vezes, o termo suprimento é substituído com o mesmo significado pelos termos fornecimento ou abastecimento. 158 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO O fluxo de materiais Em toda a empresa, os materiais não podem ficar estáticos ou parados. Manter materiais sem uso representaria um custo desnecessário. Os materiais seguem um movimento incessante 5 que vai desde o recebimento do fornecedor, passando pelas diversas etapas do processo produtivo até chegar ao depósito de produtos acabados. Em outros termos, os materiais entram na empresa, fluem e transitam por meio dela e saem pelo depósito com destino aos clientes como produtos acabados. 10 A essa movimentação incessante dá-se o nome de fluxo de material, conforme demonstra a figura 14, abaixo. Todo o processo produtivo envolve um fluxo constante de materiais. Quase sempre, o fluxo envolve algumas paradas ou passa por alguns gargalos de produção, nos quais o material fica 15 estacionado em algum lugar durante algum tempo. Gargalo de produção é o ponto no qual a produção é mais demorada, fazendo com que o material fique parado por maior tempo do que seria necessário. À medida que caminham pelo processo produtivo, os 20 materiais recebem acréscimos, transformações, adaptações, reduções, alterações, etc., que vão mudando progressivamente suas características. No fluxo, eles passam a ser materiais em processamento (em vias ou em trânsito de uma seção para outra), depois materiais semiacabados (estocados após algumas 25 operações por serem transformados em submontagens) e materiais acabados ou componentes (peças isoladas), para, então, completarem-se como produtos acabados. Entradas Almoxarifado de materiais Fornecedores Saída Produção Depósito de Produtos Acabados Clientes Figura 14 – O fluxo de materiais desde sua entrada até a saída da empresa. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 126. 159 Unidade IV Assim, do almoxarifado de materiais até chegar ao depósito como produtos acabados, os materiais sofrem várias e sucessivas modificações ao longo do processo positivo. O exemplo da figura 15 mostra um processo produtivo: Processo produtivo Almoxarifado Matérias-primas Preparação Processo produtivo Montagem Montagem Acabamento • Materiais em processamento (em vias) • Materiais semiacabados • Materiais acabados (componentes) Figura 15 – O fluxo de materiais no processo produtivo. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 127. 5 Cada empresa tem um fluxo de materiais específico que depende do produto, do sistema de produção utilizado, da tecnologia, etc. O dilema da produção O problema básico para muitas empresas está em definir claramente o volume de materiais necessário para uma produção excelente. Excesso de materiais significa perdas, pois tudo aquilo que exceder as necessidades não é produtivo nem agrega valor. Pelo contrário, agrega desperdícios e custos adicionais. Por outro lado, escassez de materiais significa parada de máquinas e pessoas, o que também significa perdas e custos adicionais. O meio termo: o necessário e suficiente. Não é fácil definir esse ponto ótimo. Classificação de materiais Tendo em vista o fluxo dos materiais, estes podem ser classifi cados em cinco tipos diferentes, a saber: 10 160 Depósito Produtos acabados PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO 1 – Matérias-primas As matérias-primas (MP) constituem os insumos e materiais básicos que ingressam no processo de produção. Constituem todos os itens iniciais para a produção. Em uma tecelagem, por 5 exemplo, as matérias-primas são os fios dos quais se produz o tecido. Na indústria de geladeiras, são os metais, parafusos, material plástico, tintas, caixas, embalagens, etc. Na indústria de tintas são os pigmentos, produtos químicos e 10 petroquímicos, latas para embalagem, etc. Geralmente, as matérias-primas precisam ser adquiridas de fornecedores externos, isto é, precisam ser compradas de fornecedores. Como nenhuma empresa tem condições de produzir todos os materiais de que necessita, ela passa a depender dos 15 fornecedores. 2 – Materiais em processamento São também denominados materiais em vias porque vão sendo processados ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo da empresa. São, portanto, os materiais 20 em processo que estão sendo utilizados nas diversas seções da empresa. Na realidade, os materiais em processamento ingressam na empresa na forma de matérias-primas e estão no fluxo passando pelas etapas do processo produtivo. 3 – Materiais semiacabados São os materiais parcialmente acabados cujo processo está em algum estágio intermediário de acabamento e que se encontra ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo. Diferem dos materiais em processamento pelo estágio mais avançado, pois se encontram quase acabados, 30 faltando apenas algumas etapas do processo produtivo para se transformarem em materiais ou produtos acabados. 25 161 Unidade IV 4 – Materiais acabados São também denominados componentes porque constituem peças isoladas ou componentes já acabados e prontos para serem anexados ao produto. São, na realidade, partes prontas 5 que, quando unidas, constituirão o produto acabado. 5 – Produtos acabados São os produtos já prontos e cujo processamento já foi completado. Constituem o estágio final do processo produtivo e já passaram pelas fases de matérias-primas, materiais em 10 processamento, materiais semiacabados e materiais acabados ou componentes. Assim, o fluxo incessante dos materiais faz com que eles passem gradativamente de uma classe para outra à medida que sofrem acréscimos e transformações ao longo do processo 15 produtivo. Na figura 16, a seguir, o fluxo dessa condição. Matérias-primas Materiais em processamento Materiais semiacabados Materias acabados Produtos acabados Figura 16 – Classificação dos materiais em função do seu fluxo Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 129. Na realidade, os materiais são classificados em função do seu estágio no processo produtivo da empresa. À medida que passam pelas diversas etapas do processo de produção, vão sofrendo acréscimos e alterações que provocam sua gradativa 20 diferenciação até se tornarem produtos acabados. Assim, para que haja um produto acabado, ele deve ter passado pelos estágios de material acabado, material semiacabado, material em processamento e, inicialmente, matéria-prima básica. 162 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Ao se avaliar a empresa em um dado momento, ela terá certa quantidade de cada um desses tipos de materiais ao longo do processo de produção, totalizando um volume de materiais em geral. Essa quantidade pode variar em sua proporção, 5 dependendo do maior ou menor trabalho realizado em cada uma das seções produtivas. Onde está o segredo? Focalizar materiais em processamento e minimizar ou eliminar os demais tipos de materiais. O ideal: ter apenas materiais em vias. Como? Programando adequadamente os materiais necessários. Fábrica enxuta é isso. just-in-time, exatamente o volume necessário no tempo adequado. Nada mais. Programação de materiais Os materiais não são adquiridos dos fornecedores nem convertidos no processo produtivo ao acaso. Eles são 10 previamente programados pelo PCP com uma enorme antecedência. Ao programar a produção, detalhando as máquinas e mão-de-obra necessárias, o PCP também detalha os materiais necessários ao programa de produção da empresa. Com um detalhe: como os materiais precisam 15 ser comprados, e isso leva tempo, torna-se necessária uma antecedência de dias, semanas ou meses para que possam ser pedidos, comprados e recebidos e ingressar no processo produtivo. É por meio da programação de materiais que se determina 20 a necessidade de materiais para o processo produtivo. Ela deve especificar a quantidade de materiais e a data em que devem estar à disposição de cada órgão produtivo da empresa. A programação de materiais é, geralmente, feita usando cronogramas, como o gráfico de Gantt ou cronograma simples, 163 Unidade IV já visto por diversas vezes, e mais focalmente na figura 17, na sequência. Discriminação itens 1 Janeiro 2 3 4 1 Fevereiro 2 3 4 1 Março 2 3 0120 - Parafuso 1” 100 0135- Parafuso 2” 250 0142 - Parafuso 3” 100 100 250 100 100 250 100 100 250 100 100 250 100 100 250 100 100 250 100 100 250 100 0 0 0 0 0 0 200 0 200 0 200 0 0148 - Parafuso 3” 220 220 220 220 220 220 220 220 0 0 200 0 1122 - Rebite 030 1138 - Rebite 040 1145 - Rebite 050 1157 - Rebite 060 1190 - Arruela 1” 580 580 580 580 580 600 600 600 600 600 250 250 250 250 0 600 600 600 600 0 500 500 500 500 0 580 600 0 0 0 580 600 0 0 0 580 600 0 0 0 580 600 0 0 0 580 600 100 100 100 580 600 100 100 100 1195 - Arruela 2” 500 0 0 0 0 100 100 0 500 500 500 0 Figura 17 – Exemplo de uma programação de materiais. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 131. Com a programação de materiais, a empresa fica sabendo antecipadamente as quantidades de materiais e as épocas 5 determinadas para colocá-los à disposição dos órgãos que compõem o processo produtivo. A partir da programação de materiais, o PCP pode emitir as ordens de compras (OCs) para que o órgão de compras possa trabalhar juntamente com os fornecedores. 10 Compras Toda atividade empresarial requer matérias-primas, materiais, máquinas, equipamento e serviço para poder operar. Em todo o processo produtivo, o início de cada operação exige que os materiais e insumos estejam disponíveis e o seu abastecimento 15 seja garantido com certo grau de certeza para atender às necessidades atuais e futuras. 164 4 0 0 0 0 0 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO A área de compras tem por objetivo a aquisição de materiais, componentes e serviços para suprir as necessidades do sistema de produção da empresa nas quantidades certas e nas datas aprazadas. E, certamente, 5 com a melhor qualidade, os menores preços e as melhores condições de pagamento. Para atingir tal objetivo, a finalidade básica do órgão de compras é pesquisar, localizar, desenvolver e manter fontes de suprimentos. Se a empresa pode ser visualizada como um 10 sistema aberto, o subsistema de compras é que garante seus insumos e entradas, atuando como interface em relação ao ambiente externo. Apesar de ser um subsistema orientado para fora da empresa, isto é, voltado para os fornecedores externos, o 15 órgão de compras interage internamente com vários órgãos da empresa, como o PCP, engenharia de produto, controle de qualidade, controle de estoques, a área financeira, etc. Em síntese, a atividade de compras envolve um relacionamento com diversos órgãos da empresa, a fim de assegurar um 20 perfeito esquema de apoio e suporte ao subsistema de produção. A atividade de compras envolve um ciclo composto de cinco etapas, mostrado na figura 18, abaixo: 1 - Análise das Ocs. recebidas 2 – Pesquisa, identificação e seleção de fornecedores 3 – Negociação de cada OC com o fornecedor selecionado 4 – Acompanhamento do fornecimento e entrega da OC (follow-up) 5 – Recebimento do material da OC Figura 18 – As etapas do ciclo de compras. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 133. 165 Unidade IV 1 – Análise das OCs recebidas A primeira etapa do ciclo de compras começa com o recebimento das OCs emitidas pelo PCP e sua análise para conhecer as especificações dos materiais solicitados, 5 suas respectivas quantidades e épocas adequadas para recebimento. Em muitas empresas, as OCs são encaminhadas ao órgão de compras por meio de listas ou listagens por computador, quantidade fornecida e preço de venda da última compra. 10 Nessa primeira etapa, o órgão de compras planeja as suas atividades de modo a atender às OCs e providenciar as compras necessárias. 2 – Pesquisa, identificação e seleção de fornecedores A segunda etapa consiste em pesquisar os possíveis fornecedores dos materiais requisitados, consultar seus preços 15 e condições de pagamento, bem como especificações, dados de qualidade e prazos de entrega. Nessa etapa, faz-se um levantamento dos fornecimentos já efetuados de cada fornecedor para se ter uma ideia da qualidade 20 dos materiais entregues e da confiabilidade quanto a prazos contratados. Com esses dados, o órgão de compras seleciona os fornecedores confiáveis (que entregam no prazo combinado) e que apresentam melhores condições de preço e prazos de pagamento. Fornecedor é a empresa que produz as matérias-primas e os insumos necessários e que se dispõe a vendê-los e entregá-los. O órgão de compras deve ter um banco de dados sobre os fornecedores contendo os fornecimentos já efetuados e as condições negociadas para facilitar 30 os futuros trabalhos de localização e seleção de fornecedores. 25 166 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO A seleção de fornecedores deve atender a critérios como preço, condições de pagamento, qualidade, confiabilidade, prazos de entrega, etc. 3 – Negociação de cada OC com o fornecedor 5 selecionado Escolhido o fornecedor mais adequado segundo os critérios anteriores, o órgão de compras negocia com a aquisição do material requisitado dentro das condições mais adequadas de preço e pagamento. 10 O atendimento às especificações exigidas do material e o estabelecimento de prazos de entrega devem ser assegurados na negociação. Feita a negociação, faz-se a emissão do pedido de compra (PC) ao fornecedor. 4 – Acompanhamento do fornecimento e entrega da OC 15 (follow-up) Feito o pedido de compra, o órgão de compras precisa assegurar que a entrega do material seja feita de acordo com as especificações dos materiais e dentro dos prazos estabelecidos. Para tanto, deve haver um acompanhamento ou seguimento 20 (follow-up) do pedido de compra por meio de constantes contatos pessoais ou telefônicos com o fornecedor, para saber como está sendo providenciada a produção do material requisitado. O seguimento permite localizar problemas e evitar surpresas desagradáveis, pois, através dele, o órgão de compras pode 25 urgenciar o pedido, cobrar a entrega nos prazos estabelecidos ou tentar complementar o atraso com outros fornecedores. 5 – Recebimento do material da OC É a quinta e última etapa do ciclo, quando a empresa recebe do fornecedor o material solicitado no pedido de compras. Muitas 167 Unidade IV empresas recebem o material comprado pelo almoxarifado, que deve informar imediatamente ao órgão de compras o recebimento do material, a fim de verificar as quantidades e providenciar a inspeção de qualidade e comparar a adequação 5 do material às especificações contidas no pedido de compra. Efetuado o recebimento do material e confirmadas a quantidade e a qualidade, o órgão de compras encaminha à tesouraria ou contas a pagar a autorização para pagamento do pedido de compras dentro das condições de preço e prazo de 10 pagamento. O ciclo de compras é contínuo e ininterrupto, sucedendo-se a cada OC recebida pelo PCP. Algumas etapas podem ser queimadas em determinados casos de compras repetitivas em que a análise da OC, a localização e a seleção dos fornecedores 15 podem ser omitidas. Modernamente, o órgão de compras tem sido visualizado como um centro de lucro na medida em que traz grandes economias e retornos para a empresa. Saber produzir é uma grande vantagem para a empresa. Mas ela precisa também saber 20 comprar, fazendo economias e evitando desperdícios. O segredo de comprar Comprar exige estratégia. Saber localizar fornecedores confiáveis em termos de qualidade, quantidade, preço e entrega. Muitas empresas estão selecionando seus fornecedores para atuar com eles como se fossem parceiros do negócio. Assim, elas estão reduzindo o leque de fornecedores para atuar com eles como se fossem parceiros do negócio,para transformá-los em partes integrantes do seu processo produtivo. Uma espécie de terceirização em que os fornecedores trabalham em conjunto com a empresa dentro de seu processo produtivo, não só entregando materiais, mas também instalando componentes inteiros dentro de padrões de qualidade assegurada. 168 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Estoques Uma vez comprados, os materiais passam a fazer parte dos estoques da empresa. Estoque é a composição dos materiais que não são utilizados em determinado momento, mas que existem 5 em função de futuras necessidades. Estocar significa guardar algo para utilização futura. Se essa utilização for muito remota no tempo, a sua guarda se torna prolongada: ocupa espaço alugado ou comprado, requer pessoal adicional, significa capital empatado, exige seguro 10 contra incêndio ou roubo, etc. Isso significa que ter estoque é ter despesas de estocagem. Se, contudo, essa utilização for imediata, pode não haver tempo suficiente para estocar, havendo risco de paralisação da empresa, por qualquer atraso no fornecimento. 15 Essas duas situações extremas, estoque demasiado e por longo tempo ou estoque insuficiente e atrasado são indesejáveis e devem ser evitadas. O desafio é conhecer o meio termo e aplicá-lo a todos os itens de estoque. Despesas de estocagem • Aluguel do espaço do depósito • Salários do pessoal do depósito • Seguro contra incêndio e roubo • Máquinas e equipamentos de movimentação • Despesas financeiras de ter estoque, etc. Figura 19 – Despesas de estocagem Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 136. Item de estoque é toda matéria-prima, material, componente, ferramenta ou produto acabado que esteja em estoque. Quanto mais complexo e diversificado for o produto final, maior será a diversidade de itens estocados e mais complicado o seu controle. 169 Unidade IV Fornecedor é a empresa que produz ou comercializa os insumos necessários para o processo produtivo e os coloca no mercado. O suprimento ou fornecimento constitui o ato de proporcionar a entrada dos insumos ou itens necessários à 5 produção ou ao funcionamento da empresa, cujas finalidades são: • garantir a operação ou funcionamento da empresa, neutralizando os efeitos de: – demora ou atraso no fornecimento; – sazonalidade no suprimento; 10 – riscos de dificuldade no fornecimento; • proporcionar economias de escala: – por meio de compra ou produção de lotes econômicos; – pela flexibilidade no processo produtivo. A responsabilidade pelo estoque se dilui por toda a empresa e por quase todos os níveis hierárquicos de sua administração. A direção quase sempre se preocupa apenas com o volume global dos estoques, sem se ater a detalhes sobre o estoque específico de cada item. Cabe aos gerentes e equipes a responsabilidade do 20 controle específico de cada item de estoque. 15 Os estoques constituem um ativo circulante necessário para que a empresa possa produzir e vender com um mínimo de risco ou preocupações. Os estoques representam um meio de investimento de recursos e podem alcançar uma proporção 25 enorme dos ativos totais da empresa. A administração dos estoques apresenta aspectos financeiros que exigem um estreito relacionamento entre o órgão (ou órgãos) da empresa que cuida dos estoques, como 170 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO produção, almoxarifado ou depósito de produtos acabados e o órgão de administração financeira. O órgão que cuida dos estoques sempre está voltado para a facilitação do fluxo físico de produção e comercialização, enquanto a administração 5 financeira se preocupa com o lucro, com a liquidez da empresa e com a boa aplicação dos recursos empresariais. Quase sempre ocorre um certo conflito entre as ações do órgão que cuida dos estoques (normalmente tentando aumentar o volume e a disponibilidade dos estoques, o que 10 provoca aumento dos custos) e a área financeira (quase sempre tentando reduzir os estoques para reduzir custos). Como os estoques constituem um investimento, torna-se necessário minimizá-los, buscando uma rotação mais rápida dos estoques como objetivo financeiro. Mas esse objetivo pode 15 conflitar com a manutenção de estoques suficientes para atender às necessidades da produção e reduzir o risco de faltas de estoque. Assim, a empresa precisa determinar qual é o nível de estoques capaz de conciliar esses objetivos antagônicos e conflitantes. A flexibilidade dos estoques Apesar da necessidade de minimizar estoques, é bom não se esquecer de que eles constituem um vínculo entre as etapas do processo de compra e venda (no processo de comercialização em empresas comerciais) e as etapas de compra, transformação e venda (no processo de produção das empresas industriais). Em qualquer ponto do processo formado por essas etapas, os estoques desempenham um papel importante na flexibilidade operacional da empresa. Eles funcionam como amortecedores das entradas e saídas entre as duas etapas dos processos de comercialização e produção, pois minimizam os efeitos de erros de planejamento e as oscilações inesperadas de oferta e procura, ao mesmo tempo em que isolam ou diminuem a interdependência das diversas partes da organização empresarial ou a dependência em relação aos fornecedores. 171 Unidade IV Os estoques não ficam apenas no almoxarifado ou no depósito. Eles se distribuem também pelas diversas seções produtivas à medida que as MP estão sendo processadas e transitam de uma seção para outra, como materiais 5 semiacabados (partes do produto) e como materiais acabados (que são componentes que, depois de montados, constituirão o PA). Assim, numa ponta, temos a MP e, na outra, o PA. Entre as duas pontas, estão os materiais em vias de processamento, 10 os materiais semiacabados e os materiais acabados. À medida que evoluem no processo produtivo e lhes são incorporados outros materiais, componentes, mão-deobra, energia, etc., as matérias-primas se transformam em materiais em processamento, em curso de fabricação, em 15 materiais semiacabados ou, ainda, em materiais acabados ou componentes. Uma vez terminado o processo de produção, os produtos prontos constituirão o estoque de PA. Resumindo, existem cinco tipos de estoques,e passaremos a descrevê-los. 20 1 – Estoque de matérias-primas O estoque de matérias-primas (MP) é constituído de materiais básicos que entram diretamente no processo de produção. O estoque de MP é formado por todos os itens comprados de fornecedores utilizados para a produção de produtos ou serviços 25 produzidos pela empresa. O estoque de MP pode ser constituído de plásticos, chapas de aço, parafusos, tecidos, produtos químicos, embalagens, etc. Em muitos casos, o estoque de MP pode incluir também componentes, que são itens já processados e constituídos 30 de diversos tipos de MP, como, por exemplo, rádios, motores, caixas de câmbio, sistemas de freios, no caso das indústrias automobilísticas, ou teclados, chips, cartões de memória, monitores, mouses, no caso das indústrias de computadores. 172 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO Nem sempre o estoque de MP está no almoxarifado. Ele pode estar distribuído entre as seções produtivas esperando o momento de sua utilização na produção. O nível ótimo de estoque em cada MP depende do tempo 5 de espera para receber novos pedidos de fornecedores, da frequência de sua utilização, das características físicas do estoque e, sobretudo, do investimento exigido. As MP ficam, geralmente, estocadas no almoxarifado. Toda vez que nos referimos ao almoxarifado, queremos dizer que ali se 10 encontram os estoques de MP que serão utilizados no processo produtivo. 2 – Estoques de materiais em processamento São os estoques de materiais que estão sendo processados nas diversas seções que compõem o processo de produção. São 15 também denominados estoques de materiais em vias ou em processo e se encontram sendo trabalhados nas diversas seções que compõem o processo produtivo. Quase sempre os estoques de materiais em processamento se encontram distribuídos entre as seções produtivas, seja em operação, seja aguardando o 20 momento de sua utilização na produção. 3 – Estoques de materiais semiacabados Os estoques de matérias-primas semiacabadas são constituídos de todos os itens que estão sendo usados ao longo do processo produtivo. São, na realidade, materiais 25 parcialmente acabados que estão em algum estágio intermediário de produção. Assim, são geralmente estocados ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo da empresa. Seu nível ótimo de estocagem depende da extensão e da complexidade do processo de produção. 30 São também denominados estoques de materiais em vias, mas essa denominação os confunde com os materiais em processamento. 173 Unidade IV 4 – Estoques de materiais acabados ou componentes Os estoques de materiais acabados constituem peças isoladas ou componentes já montados e prontos para serem anexados ao produto. São, na realidade, partes prontas que, quando unidas, 5 constituirão o produto acabado. Quase sempre estão distribuídos entre as seções produtivas, podendo ou não ser estocados no almoxarifado para economizar espaço produtivo. 5 – Estoque de produtos acabados Os estoques de produtos acabados (PA) são constituídos 10 pelos itens que foram produzidos pela empresa, mas que ainda não foram vendidos ou entregues aos clientes. As empresas que produzem sob encomenda costumam manter estoques de PA muito baixos, pois praticamente todos os itens são vendidos antes de serem produzidos. 15 Contudo, nas empresas que produzem em lotes ou em produção contínua, a maioria dos produtos é produzida antes da venda. Nesse caso, o nível ótimo de estoque de PA é determinado em conjunto pela previsão de vendas, pelo processo produtivo e pelo investimento exigido em produtos acabados. Os PA ficam 20 geralmente estocados no depósito de PA. Em alguns casos, ficam estocados durante curto tempo nas seções produtivas enquanto aguardam sua movimentação para o deposto. Estoques de: • Matérias-primas • Materiais em processamento • Materiais semiacabados • Materiais acabados ou componentes • Produtos acabados Figura 20 – A classificação dos estoques. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 140. 174 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO O conjunto desses cinco tipos de estoque compõe o estoque geral das empresas. À medida que caminham pelo processo produtivo, os estoques aumentam gradativamente a sua liquidez, pois vão se aproximando do produto acabado, que pode ser, 5 finalmente, vendido e transformado em moeda corrente. Material Requirement Planning (MRP) Ou planejamento das necessidades de materiais é um sistema integrado que serve para proporcionar uma visão das necessidades de materiais. Seu ponto de partida é a demanda 10 dependente, isto é, a decorrência da demanda independente que define as necessidades do mercado quanto a produtos acabados que devem ser entregues ao consumidor. Na maioria dos casos, a AP trata de muitos produtos que utilizam vários materiais ou componentes comuns; 15 fica extremamente complexo tratar de cada um destes em termos de estoques disponíveis, entregas previstas, compras em seguimento, prazos de entregas e possíveis atrasos. Todos esses dados precisam ser processados com auxílio de computador. Cada produto é fragmentado em seus 20 componentes até o último nível de detalhamento para definir a lista de materiais, que é também denominada lista técnica ou BOM (Bill of Material). A lista de materiais constitui a espinha dorsal do MRP. E este quase sempre é um software destinado a processar todos os 25 dados referentes aos itens (comuns ou não) dos produtos para verificar se há estoque suficiente ou lista de itens faltantes. O MRP envolve os seguintes aspectos: 30 • lista de materiais (BOM): todos os produtos são fragmentados em seus componentes, subcomponentes e peças para alimentar o software. A lista de materiais deve ser continuamente atualizada pelo pessoal de engenharia; 175 Unidade IV • controle de estoques: os estoques disponíveis são essenciais para o sistema; • plano-mestre: define a demanda a ser atendida, ou seja, aquilo que deve ser realmente produzido; 5 • compras: o MRP fornece a relação dos itens a serem comprados para que o departamento de compras possa agir com os fornecedores. Como muitas empresas trabalham em parcerias, elas interligam seus sistemas aos dos fornecedores para que os 10 pedidos de reabastecimento sejam feitos pelo computador. Nesse caso, existe o Eletronic Data Interchange (EDI), cujo maior expoente é o supply chain management. Logística O termo logística costuma incluir várias atividades, 15 como distribuição física, gestão de materiais, engenharia de distribuição e gestão de transportes. Na verdade, logística significa o processo de planejar, implementar e controlar o fluxo e o armazenamento eficientes e eficazes de bens, serviços e informação relacionada desde o ponto de origem até o ponto 20 de consumo com o propósito de se adequar aos requisitos do consumidor. Logística significa o fluxo de produtos para dentro e para fora do processo produtivo. Três tendências são evidentes na logística atual: 25 • centralização; • outsourcing; • Internet. Para ganhar sinergia entre as unidades de negócios, as empresas estão centralizando sua logística em um grupo central 176 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO composto de especialistas com experiência em diferentes tipos de modos de transporte (como ferroviário, rodoviário, aéreo, fluvial, marítimo), para reduzir custos e aumentar a agilidade e o tempo de entrega. 5 10 Apesar de todos os progressos da moderna tecnologia da informação, o problema básico de entregar com rapidez e presteza os materiais e produtos permanece e desafia as empresas, sendo os principais componentes de um sistema logístico: • cadeia de fornecedores: que abastece o processo produtivo da empresa; • unidade de manufatura: o conjunto de etapas utilizadas para transformar a matéria-prima e os componentes entrantes em produtos acabados; 15 • cadeia de consumidores: que é o grupo de centros de distribuição, atacadistas, varejistas e os consumidores finais que recebem os produtos acabados da empresa. Importante é lembrar que deve haver uma forte interface entre produção, marketing e logística, como mostra a tabela 4, abaixo: Tabela 4 (início) – Interface entre produção, marketing e logística Interface • • • • • Produção e operações Produção e logística Atividades básicas Atividades de interface Programação da produção Manutenção de equipamentos Desenho do trabalho Controle de qualidade Padrões de medida do trabalho • Programação de produtos • Localização industrial • Compras Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 143. 177 Unidade IV Tabela 4 (final) – Interface entre produção, marketing e logística Interface • • • • • Logística Marketing e logística Marketing Atividades básicas Atividades de interface Atividades Transporte Manutenção do inventário Processamento de pedidos Depósito de produtos acabados Manuseio de materiais • • • • Padrões de serviço ao consumidor Preço Embalagem Localização de lojas • • • • Promoção Pesquisa de mercado Mix de produtos Gestão da força de vendas Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 143. Cadeia de valor Cada empresa pode ser definida como uma coleção de atividades que desenham, produzem, comercializam, entregam e apoiam seus produtos ou serviços. Cada atividade pode 5 contribuir para uma posição de custo da companhia em relação aos concorrentes ou capacitar a empresa a diferenciar seus produtos ou serviços. Para examinar as atividades de uma empresa e suas relações que contribuem para agregar vantagens competitivas, pode-se 10 utilizar o conceito de cadeia de valor. A cadeia de valor é um modelo conceitual que ajuda a empresa a reconhecer as atividades que são estrategicamente importantes, examinar seus custos e identificar meios potenciais para diferenciar seus produtos e serviços. 15 Em termos competitivos, valor significa a quantidade de consumidores que querem pagar por um produto ou serviço. A medida de valor é o faturamento total, ou seja, o preço multiplicado pelo número de unidades vendidas. Para que uma empresa seja rentável, o valor de seus produtos ou serviços deve 20 exceder seu custo. Proporcionar melhor valor aos compradores, 178 PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO e acima dos concorrentes, é o objetivo último da estratégia de negócios de uma empresa. As atividades de valor podem ser desdobradas em atividades principais e atividades de apoio. As atividades principais estão 5 relacionadas com a criação física do produto ou serviço e sua venda e transferência ao consumidor. As atividades de apoio envolvem compras, insumos, tecnologia, recursos humanos e outras funções internas da empresa. Embora as atividades de valor estejam colocadas em blocos 10 de vantagem competitiva, na verdade, a cadeia de valor não é uma mera coleção de atividades independentes. O que vale é sua integração e íntimo inter-relacionamento para proporcionar resultados alavancados. Supply chain management Integrar e inter-relacionar atividades envolvidas com o fluxo de materiais e de produtos para dentro e para fora é o desafio das empresas modernas. Supply chain management (SCM) ou gestão da cadeia de suprimentos é uma filosofia que descreve como a organização deve gerenciar suas várias cadeias de 20 suprimentos para alcançar vantagem estratégica. 15 O objetivo do SCM é sincronizar os requisitos do consumidor final com o fluxo de materiais e informação ao longo da cadeia de suprimentos para atingir um equilíbrio entre elevada satisfação do consumidor e os custos. A satisfação do 25 consumidor é a meta do sistema inteiro e os resultados dos esforços combinados de todos os elementos que constituem a cadeia de suprimentos. Bibliografia básica CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e prática. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2007. 179 Unidade IV __________. Administração de vendas: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005. CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A. Administração da produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2004. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Bibliografia complementar WANKE, Peter; JULIANELLI, Leonardo. Previsão de vendas: processos organizacionais & métodos quantitativos e qualitativos. São Paulo: Atlas, 2006. 180