PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Unidade IV
5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
Caros alunos,
Vamos agora entrar no módulo 4 da disciplina Planejamento
Operacional Marketing e Produção (POMP).
Essa parte visa contemplar os procedimentos, programações
5 e regulamentos dentro da área industrial, ressaltando o
planejamento e o controle da produção, suas finalidades, fases,
isto é, o que será necessário para poder produzir, a administração
de materiais e seus movimentos para ter a matéria-prima
necessária e no momento certo para se ter uma perfeita dinâmica
10 para atingir as metas traçadas pelo planejamento estratégico
que deram forma ao planejamento operacional, trazendo para o
administrador um sentido claro de contribuir com a organização
com todos os benefícios oriundos dessa importante área de apoio
para realização do que foi determinado pela área comercial no
15 atendimento ao cliente ou ao usuário.
Para tanto e para a estruturação desse trabalho, utilizamos o
conteúdo do livro Administração da produção: uma abordagem
introdutória, de Idalberto Chiavenato (Rio de Janeiro: Campus,
2005).
20
Importante ressaltar que o assunto por si não se esgota,
sendo relevante a busca contínua por novos conhecimentos,
consultando essa e outras bibliografias sobre o assunto e
também das suas vertentes.
135
Unidade IV
Objetivos
Ao final, os alunos deverão compreender e entender:
1. o significado do planejamento e o controle da
produção;
2. a administração de materiais e sua estrutura.
Planejamento e controle da produção
“Para produzir, e bem, é necessário planejar, organizar,
dirigir e controlar. Para atender a requisitos de eficiência e
de eficácia, a produção precisa repousar em um sistema de
5 planejamento e controle confiável. Há muita atividade a ser
planejada, organizada e coordenada para que a produção
ocorra da melhor maneira possível. A complexidade do
sistema produtivo exige necessariamente um esquema
de planejamento e controle. Grosso modo, enquanto o
10 sistema de produção constitui o hardware, o planejamento
e o controle de produção representam o software que o
comanda”.
As empresas não produzem ao acaso, nem funcionam
de maneira improvisada. Para atingir seus objetivos e aplicar
15 adequadamente seus recursos, elas precisam planejar
antecipadamente e controlar adequadamente sua produção.
Para isso, o planejamento e controle da produção, PCP, visa
aumentar a eficiência e a eficácia da empresa por meio da AP
(administração da produção).
20
Conceito de PCP
O planejamento é a função administrativa que determina
antecipadamente quais são os objetivos que deverão ser atingidos
e o que deve ser feito para atingi-los da melhor forma possível.
O planejamento fixa rumos, focaliza o futuro e está voltado para
25 a continuidade da empresa. A sua importância reside nisto: sem
planejamento, a empresa fica perdida no caos.
136
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
A partir da definição dos objetivos a alcançar, o planejamento
determina a priori o que se deve fazer, quando fazer, quem deve
fazê-lo e de que maneira. Por essa razão, o planejamento é
feito na base de planos. O planejamento constitui um conjunto
5 integrado de planos.
PLanejamento
• O que se deve fazer
• Quando fazer
• Quem deve fazer
• Como fazer
Objetivos a alcançar
Figura 1 – O planejamento e seus desdobramentos.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração de produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.100.
Por outro lado, o controle é função administrativa que
consiste em medir e corrigir o desempenho para assegurar que
os planos sejam executados da melhor maneira possível. Na
figura 2, uma visão clara de como isso acontece. A tarefa do
10 controle é verificar se tudo está sendo feito em conformidade
com o que foi planejado e organizado, de acordo com as ordens
dadas, para identificar os erros ou desvios, a fim de corrigi-los e
evitar sua repetição.
Controle
Medir o desempenho
Comparar com o planejado
Corrigir o desempenho
Identificar erros ou corrigir
Figura 2 – O controle e seus desdobramentos.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração de produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus,2005, p.100.
O planejamento e o controle fazem parte do processo
15 administrativo, conforme figura 3 abaixo:
Planejamento
Controle
Organização
Direção
Figura 3 – As quatro etapas do processo administrativo.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração de produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.101.
137
Unidade IV
Ambas as definições apresentadas, de planejamento e de
controle, são genéricas, mas ilustram muito bem o seu significado.
No caso específico da produção, o planejamento e controle da
produção, PCP, planeja e controla todas as atividades produtivas
5 da empresa.
Se a empresa é produtora de bens ou mercadorias, o PCP
cuida das matérias-primas necessárias, da quantidade de mãode-obra, das máquinas e equipamentos e do estoque de produtos
acabados disponíveis no tempo e no espaço para que a área de
10 vendas possa entregar aos clientes.
Se a empresa é produtora de serviços, o PCP planeja e controla
a produção dos serviços e operações, cuidando da quantidade
de mão-de-obra necessária, das máquinas e equipamentos
e dos demais recursos necessários, para a oferta dos serviços
15 no tempo e no espaço para atender a demanda dos clientes e
usuários.
Partindo dos objetivos da empresa, o PCP planeja e programa
a produção e as operações da empresa, bem como controla
adequadamente para tirar o melhor proveito possível em termos
20 de eficiência e eficácia.
Planejamento e controle são fundamentais no processo
produtivo.
“Nada na empresa deve ser improvisado ou feito ao acaso.
Tudo deve ser planejado e controlado para alcançar eficiência
e eficácia. Para tanto, a finalidade e as funções do PCP devem
ser claras e explícitas no sentido de permitir trabalho conjunto
e coordenado para alcançar resultados excelentes”!
Finalidade e funções do PCP
A finalidade do PCP é aumentar a eficiência e a eficácia
25 do processo produtivo da empresa. É, portanto, uma dupla
138
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
finalidade: atuar sobre os meios de produção no sentido
de aumentar a eficiência e cuidar para que os objetivos de
produção sejam plenamente alcançados a fim de aumentar a
eficácia.
5
Para atender a essa dupla finalidade, o PCP tem uma dupla
função:
• planejar a produção;
• controlar o seu desempenho.
De um lado, o PCP estabelece antecipadamente o que a
10 empresa deve produzir e, consequentemente, o que deverá
dispor de matérias-primas e materiais, de pessoas, de máquinas
e equipamentos, bem como de estoques de produtos acabados
para suprir as vendas.
Por outro lado, o PCP serve para monitorar e controlar o
15 desempenho da produção em relação ao que foi planejado,
corrigindo eventuais desvios ou erros que possam surgir no
decorrer das operações. Assim, o PCP atua antes, durante e
depois do processo produtivo. Antes, planejando o processo
produtivo, programando materiais, máquinas, pessoas e
20 estoques.
Atua durante, ao controlar o funcionamento do processo
produtivo, para mantê-lo de acordo com o que foi planejado.
Depois, verificando os resultados alcançados e comparando-os
com os objetivos definidos previamente. Com essas funções, o
25 PCP assegura a obtenção da máxima eficiência do processo de
produção da empresa.
Ao desenvolver as suas funções, o PCP mantém uma
rede de relações com as demais áreas da empresa. As interrelações entre o PCP e as demais áreas da empresa se devem
30 ao fato de que o PCP procura utilizar racionalmente os recursos
empresariais, sejam eles materiais, humanos, financeiros, etc.
139
Unidade IV
Assim, as principais inter-relações do PCP com as demais áreas
da empresa são os seguintes:
1 – Com a área de engenharia industrial
O PCP programa o funcionamento de máquinas e
5 equipamentos e se baseia em boletins de operações (BO)
fornecidos pela engenharia industrial.
2 – Com a área de suprimentos e compras
O PCP programa materiais e matérias-primas que devem
ser obtidos no mercado fornecedor por meio do órgão de
10 compras e estocados pelo órgão de suprimentos. Assim, a área
de suprimentos e compras funciona com base naquilo que é
planejado pelo PCP.
3 – Com a área de recursos humanos
O PCP programa a atividade da mão-de-obra, estabelecendo
15 a quantidade de pessoas que devem trabalhar no processo de
produção. O recrutamento, a seleção e o treinamento do pessoal
são atividades estabelecidas em função do PCP.
4 – Com a área financeira
O PCP se baseia nos cálculos financeiros fornecidos pela
20 área financeira para estabelecer os níveis ótimos de estoques
de matérias-primas e produtos acabados, além dos lotes
econômicos de produção.
5 – Com a área de vendas
O PCP se baseia na previsão de vendas fornecida pela área de
25 vendas para elaborar o plano de produção da empresa e planejar
a quantidade de produtos acabados necessária para suprir as
entregas aos clientes.
140
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
6 – Com a área de produção
O PCP planeja e controla a atividade da área de produção.
A figura 4, na sequência, mostra-nos a representação dessas
inter-relações.
Área de
produção
Área de vendas
Área de
engenharia
industrial
Área de RH
PCP
Área de
suprimentos e
compras
Área de
finanças
Figura 4 – As inter-relações do PCP com as diversas áreas da empresa.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 104.
O PCP está intimamente ligado ao sistema de produção
utilizado pela empresa. As características de cada sistema de
produção devem ser plenamente atendidas pelo PCP. Em outros
termos, o PCP deve fazer funcionar da melhor maneira possível
o sistema de produção utilizado pela empresa, que a tabela 1
10 a seguir nos mostra. No fundo, os três sistemas de produção
constituem gradações diferentes do contínuum representado na
figura 5, também na sequência.
5
Assim, a produção por encomenda é o sistema em que ocorre
maior descontinuidade e irregularidade na produção, enquanto
15 a produção contínua é o sistema em que há maior continuidade
e regularidade no processo produtivo.
A produção por lotes representa o sistema intermediário,
no qual a continuidade e a descontinuidade se alternam. Isso
141
Unidade IV
significa que o PCP é influenciado pela descontinuidade da
produção por encomenda e alcança a máxima regularidade na
produção contínua.
Na realidade, o PCP é feito sob medida para cada encomenda
5 na produção sob encomenda, enquanto é feito para o exercício
mensal ou anual da produção contínua. A tabela 2 permite uma
visão simplificada nas três situações.
Tabela 1 – Características dos três sistemas de produção
Aspectos
principais
Produção por
encomenda
Produção em lotes
Produção
contínua
Produto
Um único produto
de cada vez
Um lote de produto
de cada vez
Sempre o mesmo
produto
Variedade de
Máquinas e máquinas
e pouca
equipamentos
padronização
Máquinas agrupadas
em baterias do
mesmo tipo
Alto grau de
padronização
Mão-de-obra
Variedade e
especialização
Compensa o
desequilíbrio entre
departamentos
Regularmente
utilizada
Métodos de
trabalho
Mutáveis e
genéricos
Mutáveis (com o
lote) e rígidos
Fixos e rígidos
Ritmo de
produção
Descontínuo e
irregular
Contínuo no lote
e descontínuo na
mudança do lote
Contínuo e regular
Sucesso do
processo
produtivo
Depende do
supervisor da
oficina-base
Depende do PCP
planejar os lotes de
produção
Depende do PCP
no longo prazo
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.105.
Descontinuidade
(da produção)
Contínuum
Continuidade
(da produção)
Produção sob
encomenda
Produção por
lotes
Produção
contínua
Figura 5 – Os três sistemas de produção.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.105.
142
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
As quatro fases do PCP
Para poder funcionar satisfatoriamente, o PCP trabalha
com um enorme volume de informações. Na realidade, o PCP
recolhe dados de várias fontes e produz informações de forma
5 incessante. Basicamente, é um centro de informações para a
produção. Nesse sentido, apresenta quatro fases principais, cada
qual analisada indistintamente, a saber:
10
• projeto de produção;
• coleta de informações;
• planejamento da produção;
• controle da produção.
Tabela 2 – Os sistemas de produção e os sistemas de PCP
Depósito de
produtos
acabados
Sistemas de
produção
Almoxarifado de
matérias-primas
Produção
por
encomenda
Planejamento e
Planejamento e
controle de MP em controle da produção
cada encomenda em cada encomenda
Produção em
lotes
Planejamento e
controle da MP
em cada lote e no
conjunto de lotes
Planejamento e
Planejamento e
controle da produção
controle de PA
em cada lote e no
em cada lote e no
conjunto de lotes
conjunto de lotes
Produção
contínua
Planejamento e
controle de MP
para o período
mensal ou anual
Planejamento e
controle da produção
para o período
mensal ou anual
Produção
Planejamento e
controle de PA a
cada encomenda
Planejamento e
controle de PA
para o período
mensal ou anual
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.106.
1 – Projeto de produção
Constitui a primeira fase do PCP. O projeto de produção
é também denominado pré-produção ou planejamento de
15 operações. Nessa primeira fase, procura-se definir o sistema de
produção e quais são as suas dimensões para se estabelecer os
143
Unidade IV
parâmetros do PCP. O projeto de produção varia conforme o
sistema de produção.
No caso do sistema de produção por encomenda, cada
encomenda requer um específico projeto de produção. No caso
5 da produção em lotes, cada lote deve, em princípio, ter um
projeto de produção. É relativamente permanente na produção
contínua e sofre poucas mudanças com o tempo, a não ser que
o sistema de produção passe por alterações como a aquisição
de novas máquinas, mais pessoal, novas tecnologias, etc. Essas
10 mudanças alteram o projeto de produção.
Plano de
produção
Coleta de
informações
Planejamento
de produção
Controle de
produção
Formulação do
plano de produção
Implementação do
plano de produção
Execução do plano
de produção
Figura 6 – As 4 fases do PCP.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória.
Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.107.
O projeto de produção constitui um esquema básico que se
fundamenta nos seguintes aspectos do sistema de produção
da empresa (cuja demonstração será mostrada na figura 7, na
sequência):
15
20
144
• quantidade e características de máquinas e dos
equipamentos: as baterias de máquinas em cada
departamento ou seção, para se conhecer a capacidade
de produção das máquinas de cada departamento
ou seção da empresa. Esses dados são obtidos por
meio do inventário de máquinas por seção, que é
um levantamento das máquinas e dos equipamentos
existentes e disponíveis em cada seção e de sua
capacidade de produção;
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
5
10
15
20
• quantidade de pessoal disponível: o efetivo de
empregados e cargos ocupados em cada departamento
ou seção, para se conhecer a capacidade de trabalho
em cada departamento ou seção. Esses dados são
obtidos por meio do inventário do efetivo por seção,
que é um levantamento dos funcionários existentes
em cada seção e respectivos cargos ocupados para
proporcionar uma ideia de força de trabalho existente
em cada seção;
• volume de estoques e tipos de matérias-primas:
bem como procedimentos de requisição de materiais
ao almoxarifado, para se conhecer a disponibilidade de
insumos de produção. Esses dados são obtidos por meio
do inventário de estoques de matérias-primas, que é um
levantamento das matérias-primas em disponibilidade e
das necessidades de compras a curto e médio prazos de
modo a garantir a produção;
• métodos e procedimentos de trabalho: bem como
cálculos dos tempos de execução das tarefas dos boletins
da operação (BO), para se conhecer como o trabalho
deverá ser realizado e qual a sua duração.
Todos esses aspectos do sistema de produção formam o
arcabouço do projeto de produção no qual o PCP deverá se
basear.
25
O projeto de produção procura oferecer um quadro geral de
todo o conjunto do sistema de produção da empresa e de todas
as suas possibilidades de operação, bem como suas necessidades
e requisitos para produzir resultados. No fundo, o projeto de
produção constitui uma visão estática e inerte do sistema de
30 produção. É como se fosse um continente (contêiner) sem o seu
conteúdo ou uma rua sem trânsito. O conteúdo, como o tráfego
de rua, constitui a segunda fase do PCP.
145
Unidade IV
Quantidade e características das máquinas
Plano de
produção
Quantidade de pessoal necessário
Estoque necessário de matérias-primas
Boletins de produção
Figura 7 – Arcabouço do projeto de produção.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem introdutória.
Rio de Janeiro: Campus, 2005, p.109.
2 – Coleta de informações
A segunda fase do PCP resume-se à coleta de informações
necessárias para que o esquema do projeto de produção possa
ser devidamente montado, quantificado e dinamizado. No fundo,
5 a coleta de informações constitui o detalhamento da primeira
fase, isto é, do projeto de produção. A coleta de informações
tem por finalidade dar subsídios para a formulação do plano de
produção e engloba os seguintes fatores:
10
15
20
• capacidade de cada máquina: de cada bateria ou grupo
de máquinas, e fatores de eficiência e de demora de cada
máquina. Essa informação proporciona uma ideia da
capacidade de produção de cada máquina, de cada bateria
de máquinas e de cada seção produtiva da empresa. No
conjunto, a capacidade de produção que a empresa tem;
• sequência do processo de produção: o fluxo de
movimentação das matérias-primas ao longo do processo
produtivo e seus gargalos ou pontos de estrangulamento
ou de demora. Essa informação permite uma visão de
todo o fluxo de produção, ou seja, de toda a cadência e
sequência do processo produtivo da empresa, bem como
dos pontos de restrições;
• métodos de trabalho: de cada operário e tempo padrão
para cada tarefa executada. Essa informação permite saber
146
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
quantos operários são necessários em cada máquina, em
cada bateria de máquinas e em cada seção produtiva da
empresa;
5
• horário de trabalho e esquemas de incentivos de
produção: essa informação permite conhecer qual a carga
normal de trabalho a ser atribuída a cada seção produtiva
da empresa e qual a carga adicional que se poderia obter
com a adoção de incentivos de produção (prêmios de
produção) ou de horas extras;
10
• volume de estoque para cada item de matéria-prima e
controle de estoque: essa informação permite saber qual
é o volume de matéria-prima necessário para abastecer o
processo produtivo durante determinado período e como
deverá ser constituído o estoque.
15
A coleta de informações adentra minúcias e detalhes,
conforme tabela 3, na sequência:
Tabela 3 – A coleta de informações para detalhamento do
projeto de produção
Projeto de produção
Coleta de informações
Quantidade e
características das
máquinas
Capacidade de produção de cada máquina, de cada
bateria de máquinas e de cada seção produtiva.
Quantidade de
pessoal necessário
Quantidade de empregados por cargo ou por seção
produtiva com horário de trabalho.
Estoque necessário de
matérias-primas
Itens de matérias-primas e volume de estoque para
cada item. Controle de estoque. Procedimentos de
requisição de matéria-prima.
Boletins de operação
Sequência e cadência do processo produtivo, fluxo
de trabalho e movimentação de MP e seus gargalos e
demoras.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 110.
147
Unidade IV
3 – Planejamento da produção
O planejamento da produção (PP) constitui a terceira fase
do PCP. O PP visa estabelecer a priori o que a empresa deverá
produzir em um determinado período, tendo em vista, de um
5 lado, a sua capacidade de produção e, de outro lado, a previsão
de vendas que deve ser atendida.
O PP visa compatibilizar a eficácia (alcance dos objetivos
de vendas) e a eficiência (utilização rentável dos recursos
disponíveis). O PP procura coordenar e integrar máquinas,
10 pessoas, matérias-primas, materiais e vias e processos produtivos
em um todo sistêmico, harmonioso e integrado. A figura 8 será
importante para mostrar essa síntese.
Processo produtivo
• Máquinas
Insumos
• Mão-de-obra
Produtos
acabados
• Matérias-primas
• Materiais em processo
Eficiência
Eficácia
Figura 8 – A eficiência e a eficácia do processo produtivo.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 111.
O PP se assenta na 1ª e na 2ª fase do PCP, isto é, no projeto de
produção e na coleta de informações sobre o processo produtivo.
15 O PP é realizado em três etapas, a saber: formulação do plano
de produção, implementação do plano de produção por meio
da programação de produção, execução do plano de produção
por meio de emissões de ordens, cuja explicação acontecerá na
sequência.
148
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Formulação do plano de produção
O plano de produção (PP) ou plano-mestre (PM)
representa o que a empresa pretende produzir dentro de
um determinado exercício ou período. Geralmente, esse
5 exercício ou período é de um ano, quando se trata de
produção contínua e em lotes. Quando se trata de produção
sob encomenda e produto de grande porte (como construção
de navios, edifícios ou fábricas, por exemplo), o PP cobre o
tempo necessário para a execução do produto. A elaboração
10 do plano de produção depende do sistema de produção
utilizado pela empresa.
Se a empresa utiliza o sistema de produção sob encomenda,
a própria encomenda ou pedido do cliente é que vai definir o
plano de produção, pois cada encomenda é, em si mesma, um
15 plano de produção. Se a empresa utiliza o sistema de produção
em lotes ou de produção contínua, a previsão de vendas é
transformada em plano de produção.
No sistema de produção em lotes e no de produção
contínua, o plano de produção é função da previsão de
20 vendas. Se houver estoque de produtos acabados no depósito
de PA no início do período, isso representa uma produção
já executada no período anterior. A previsão de vendas é a
estimativa do volume de vendas que a empresa pretende
atingir em um dado período de tempo. A capacidade de
25 produção representa o potencial de produção que a empresa
pode desenvolver.
O plano de produção, qualquer que seja o sistema de
produção utilizado pela empresa, deve dimensionar a carga de
trabalho que aproveite integralmente a capacidade de produção
30 da empresa da melhor forma possível. Carga de trabalho é o
cálculo do volume de trabalho a ser atribuído a cada seção ou
máquina, em um determinado período de tempo, para atender
ao plano de produção.
149
Unidade IV
O dimensionamento da carga de trabalho não pode ser
exagerado nem insuficiente. No primeiro caso, pode provocar
sobrecarga, que é a atribuição de carga acima da capacidade
de produção. No segundo caso, quando o dimensionamento
5 está muito além da capacidade de produção não aproveitada
e que permanece sem utilização. Um custo que não tem
retorno.
Capacidade de
produção
(O que podemos
produzir)
Previsão de
vendas
Plano de
produção
(O que esperamos
vender)
(O que temos de
produzir)
Capacidade de
produção
(O que podemos
produzir)
Figura 9 – A elaboração do plano de produção.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 113.
Implementação do plano de produção por meio da
programação de produção
10
A partir da formulação do plano de produção, o PCP passa
a cuidar da sua implementação através da programação da
produção. A programação da produção é o detalhamento do
plano de produção para que ele possa ser executado de maneira
integrada e coordenada pelos diversos órgãos produtivos com a
15 ajuda dos demais órgãos de assessoria.
Programar a produção é determinar quando deverão ser
realizadas tarefas e operações de produção e quanto deverá
150
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
ser feito. Na verdade, programar produção é estabelecer uma
agenda de compromissos para as diversas seções envolvidas no
processo produtivo.
A programação da produção detalha e fragmenta o plano
5 de produção, que é amplo e genérico, para que possa ser
executado no dia a dia da empresa. Para tanto, a programação
de produção faz o roteiro (sequência do processo produtivo)
e o aprazamento (estabelecimento de datas de início e fim da
atividade).
10
A programação da produção utiliza duas variáveis para
detalhar o plano de produção: o tempo (definido em dias,
semanas ou meses) e a produção (definida em quantidade
de unidades, quilos, metros, etc.). Em resumo, a programação
da produção trata de estabelecer cronogramas detalhados
15 de execução do plano de produção. Assim, as técnicas de
programação se resumem basicamente em cronogramas, como
o gráfico de Gantt, do qual seguiu um exemplo na tabela 12,
constante na unidade II desta apostila, e também na figura 10
abaixo.
20
Quando a programação da produção envolve casos de
montagens, pode-se utilizar o gráfico de montagem, cujo
exemplo seguiu na tabela 11, constante na unidade II, e também
na figura 11, na sequência.
Em casos mais complexos de programação de produção,
25 quando há muitas interdependências no processo produtivo,
pode-se utilizar técnicas de programação mais sofisticadas,
como o PERT (Program Evaluation Review Technique), também
denominada técnica de avaliação e revisão de programas, ou
CPM (Critical Path Method), também denominado método do
30 caminho crítico.
Feito o roteiro e o aprazamento por meio de cronogramas, a
programação da produção passa a cuidar da emissão de ordens
aos órgãos envolvidos direta ou indiretamente no processo
produtivo.
151
Unidade IV
Seções
Janeiro
1
2
Fevereiro
3
4
1
2
Março
3
4
1
2
3
4
A
Máquina 1
lote 402
lote 405
Máquina 2
lote 401
Máquina 3
lote 398
Máquina 4
lote 408
manut
lote
410
lote 400
lote 402
lote 405
lote 404
lote 401
B
Máquina 11
lote 403
Máquina 12
lote 399
Máquina 13
Máquina 14
lote 407
lubrif.
lote 402
lote 398
lubrif
lote 403
manut
lote 411
Máquina 15 manut
lote 412
Figura 10 – Programação da produção por meio do gráfico de Gantt.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 115.
Atividades
Janeiro
1
Projeto da produção
2
Fevereiro
3
4
1
2
3
Março
4
1
2
3
4
Especificação
Produto
Especificação
materiais
Aprovação final
Equipamento
Especificação
produto
definição do
fluxo
MTG.
Layout
Mão-de-obra
Recrutamento e seleção pessoal
Treinamento pessoal
Lote piloto
Pré -lote piloto
Lote piloto
Produção
Prepara
Início da produção normal
Figura 11 – Programação da produção por meio de gráfico de montagem.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 115.
152
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Execução do plano de produção por meio de emissões
de ordens
Programada a produção, os diversos órgãos envolvidos
direta e indiretamente no processo produtivo têm condições de
5 executá-la de maneira integrada e coordenada.
Para que isso possa acontecer, a programação da produção
transforma o plano de produção em uma infinidade de ordens
que deverão ser executadas no devido tempo pelos diversos
órgãos da empresa, como produção, compras, almoxarifado,
10 depósito, controle de qualidade, custos, contabilidade, pessoal,
etc. Para tanto, existem vários tipos de ordens que o PCP adota,
a saber:
15
• ordem de produção (OP): é a comunicação para produzir
enviada à seção produtiva, autorizando-a a executar
determinado volume de produção;
• ordem de montagem (OM): corresponde a uma OP
destinada aos órgãos produtivos de montagem ou de
acabamento;
20
• ordem de compra (OC): é a comunicação para comprar
matéria-prima (MP) ou material, que é enviada ao órgão
de compras;
• ordem de serviço (OS): é a comunicação sobre prestação
interna de serviços, como serviço de inspeção de qualidade,
serviço de reparo ou de manutenção de máquinas, etc.;
25
• requisição de materiais (RM): é a comunicação que
solicita matéria-prima ou material ao almoxarifado para
alguma seção produtiva.
Por serem rotineiras e constantes, essas ordens envolvem um
grande número de formulários destinados aos diversos órgãos
30 envolvidos no processo produtivo para que cada um saiba
153
Unidade IV
exatamente o que fazer e quando. Assim, ocorre um fluxo de
comunicação que é coordenado pela programação de produção
para integrar todo o processo produtivo.
Com as emissões das diversas ordens, todos os órgãos
5 envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo
passam a trabalhar em conjunto e articuladamente. No fundo,
as ordens representam as decisões previamente tomadas pelo
PCP que cada órgão deverá executar para que todo o processo
produtivo se desenvolva da melhor maneira possível. Isso
10 significa coordenação e, sobretudo, sinergia, para que a atividade
produtiva possa alcançar eficiência e eficácia.
Plano de produção
Programa de produção
(Emissão de ordens)
Compras
Seção A
Seção B
Seção C
Depósito de
produtos
acabados
Almoxarifado de materiais
Figura 12 – O fluxo de comunicação da programação de produção.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 117.
4 – Controle da produção
O controle da produção (CP) constitui a quarta e última fase
do PCP. A finalidade do CP é acompanhar, monitorar, avaliar e
15 regular as atividades produtivas para mantê-las dentro do que
foi planejado e assegurar que atinjam os objetivos pretendidos.
Em capítulo específico, esse assunto será desdobrado; na
sequência, visão de funcionamento da ferramenta MRP – II , de
muita utilidade nessa fase.
154
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Manufacturing resources planning (MRP II)
Dá-se o nome de Material Requirement Planning (MRP) ao
planejamento de necessidades de materiais, e de Manufacturing
Resources Rlanning (MRP II) ao planejamento dos recursos de
manufatura. Tanto o MRP quanto o MRP II surgiram com o
5 advento do computador.
O MRP II é um software que parte do plano-mestre que
integra estoques de materiais, estoques de componentes, listas
de materiais, restrições de mão-de-obra, disponibilidade de
equipamentos, gera as necessidades de compra (ou até mesmo
10 as ordens de compras) para os itens fornecidos por terceiros e
ordens de produção para as necessidades de fabricação própria.
Em geral, o MRP II envolve os seguintes parâmetros:
• estoque de segurança (ES): a quantidade mínima do
item que se deseja manter em estoque;
15
• lote: a quantidade em que o item é produzido internamente
ou fornecido por terceiros;
• tempo de atendimento (TA): ou lead time, é o prazo de
entrega, ou seja, o tempo previsto para a produção de
lotes ou para a entrega dos pedidos feitos;
20
• estoque em mãos: é a quantidade disponível do item
quando se faz o planejamento;
• períodos consecutivos de planejamento: geralmente
em semanas;
25
• necessidade de produção projetada (NP): é a demanda
projetada, ou seja, as quantidades que devem estar
disponíveis em cada semana;
• recebimentos previstos (RP): são as quantidades
encomendadas e cuja entrega está prevista para o período
planejado;
155
Unidade IV
• disponível à mão (DM): é o estoque que estará disponível
no fim de cada semana;
• necessidade líquida de produção (NL): são as quantidades
que devem ser produzidas ou compradas;
5
• liberação de ordem: é a quantidade que deve ser pedida
e a semana em que deve ser efetuada.
Além disso, o MRP II envolve os tempos de entrega para
os itens comprados e os tempos de fabricação para os itens
produzidos internamente, estoques de segurança e quantidade
10 requisitada. Outros dados sobre o produto, como preço unitário,
fornecedores, processo de fabricação, equipamento, roteiros
de fabricação e respectivos centros de custos, mão-de-obra
atualizada por categorias profissionais, ferramentas utilizadas
também são comuns no MRP II.
15
Na figura 13, abaixo, o esquema de funcionamento do MRP II.
Entradas
Projeção da
demanda
Transformação
Saídas
Transações nos
estoques
Estoques
disponíveis à mão
MRP II
Ordens de produção
e ordens de compra
Programa-mestre
de produção
Relatórios:
Lista de materiais
• Planejamento
• Desempenho
• Exceções
Figura 13 – O esquema do MRP II.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 119.
156
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Administração de materiais – suprimentos
“Em toda fábrica pode-se encontrar, ao longo do
processo produtivo, uma enorme quantidade de materiais.
Alguns em processamento, outros já parcialmente
processados e muitos outros aguardando em algum lugar
ou desvio a oportunidade de serem processados. Em geral,
isso pode significar um grande desperdício: de espaço, de
tempo, de capital empatado sem necessidade e de enorme
risco de acidentes, incêndios, etc. Muitas empresas já
se deram conta disso. E estão tomando providências
para que o volume de materiais dentro da fábrica seja
o menor possível. Esse cuidado já foi tomado há muito
tempo por indústrias japonesas. Primeiro elas pensaram
no housekeeping. Depois, no just-in-time. E chegaram à
fábrica enxuta”.
A produção de bens e serviços requer o processamento
de matérias-primas que serão transformadas em produtos
acabados ao longo do processo de produção. Na realidade, toda
5 a produção nas empresas secundárias constitui quase sempre a
transformação de materiais e de matérias-primas em produtos
acabados. Os materiais e as matérias-primas serão doravante
denominados simplesmente materiais.
Todavia, seja nas empresas primárias, secundárias ou
10 terciárias, o problema de administrar materiais é crucial.
Tanto os fabricantes como os distribuidores, atacadistas e
varejistas estão constantemente às voltas com a obtenção,
utilização e movimentação de materiais para garantir as suas
operações.
15
Os materiais precisam ser adequadamente administrados.
Suas quantidades devem ser planejadas e controladas para que
não haja faltas que paralisem a produção nem excessos que
elevem os custos desnecessariamente. Nem menos, nem mais.
157
Unidade IV
A administração de materiais consiste em ter os
materiais necessários na quantidade certa, no local certo
e no tempo certo à disposição dos órgãos que compõem
o processo produtivo da empresa. O enorme volume de
5 dinheiro investido em materiais faz com que as empresas
procurem sempre o mínimo tempo de estocagem e o
mínimo volume possível de materiais em processamento
capazes de garantir a comunidade do processo produtivo.
Conceitos básicos
10
O termo administração de materiais tem tido diferentes
definições. Na prática, utilizam-se indistintamente vários
termos, como gestão de materiais, suprimentos, fornecimento,
abastecimento, materiais, compras, logística, etc. para designar
áreas diferentes, mas com idênticas responsabilidades.
Conceito de administração de materiais
15
É o conceito mais amplo de todos. A administração de
materiais envolve a totalidade dos fluxos de materiais na
empresa: desde o planejamento e o controle dos materiais,
compras, recepção, tráfego de entrada e controle de qualidade
20 na recepção, almoxarifado e armazéns, controle do inventário,
movimentação de materiais e transporte interno.
Na realidade, encontra-se essa totalidade de funções em
poucas empresas. Quase sempre as empresas adotam uma posição
mais restrita e parecida com o conceito de suprimentos.
25
Conceito de suprimentos
A palavra suprimentos serve para designar todas as atividades
de programação (compras) e movimentação de materiais para
colocação à disposição das seções produtivas de modo que
estas possam realizar suas atividades. Assim, suprir significa
30 programar as necessidades de materiais, comprar, armazenar e
movimentar (transporte interno) os materiais para abastecer as
diversas seções. Muitas vezes, o termo suprimento é substituído
com o mesmo significado pelos termos fornecimento ou
abastecimento.
158
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
O fluxo de materiais
Em toda a empresa, os materiais não podem ficar estáticos
ou parados. Manter materiais sem uso representaria um custo
desnecessário. Os materiais seguem um movimento incessante
5 que vai desde o recebimento do fornecedor, passando pelas
diversas etapas do processo produtivo até chegar ao depósito de
produtos acabados. Em outros termos, os materiais entram na
empresa, fluem e transitam por meio dela e saem pelo depósito
com destino aos clientes como produtos acabados.
10
A essa movimentação incessante dá-se o nome de fluxo
de material, conforme demonstra a figura 14, abaixo. Todo o
processo produtivo envolve um fluxo constante de materiais.
Quase sempre, o fluxo envolve algumas paradas ou passa
por alguns gargalos de produção, nos quais o material fica
15 estacionado em algum lugar durante algum tempo. Gargalo
de produção é o ponto no qual a produção é mais demorada,
fazendo com que o material fique parado por maior tempo do
que seria necessário.
À medida que caminham pelo processo produtivo, os
20 materiais recebem acréscimos, transformações, adaptações,
reduções, alterações, etc., que vão mudando progressivamente
suas características. No fluxo, eles passam a ser materiais em
processamento (em vias ou em trânsito de uma seção para
outra), depois materiais semiacabados (estocados após algumas
25 operações por serem transformados em submontagens) e
materiais acabados ou componentes (peças isoladas), para,
então, completarem-se como produtos acabados.
Entradas
Almoxarifado
de materiais
Fornecedores
Saída
Produção
Depósito de
Produtos
Acabados
Clientes
Figura 14 – O fluxo de materiais desde sua entrada até a saída da empresa.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 126.
159
Unidade IV
Assim, do almoxarifado de materiais até chegar ao depósito
como produtos acabados, os materiais sofrem várias e sucessivas
modificações ao longo do processo positivo. O exemplo da figura
15 mostra um processo produtivo:
Processo produtivo
Almoxarifado
Matérias-primas
Preparação
Processo produtivo
Montagem
Montagem
Acabamento
• Materiais em processamento (em vias)
• Materiais semiacabados
• Materiais acabados (componentes)
Figura 15 – O fluxo de materiais no processo produtivo.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 127.
5
Cada empresa tem um fluxo de materiais específico que
depende do produto, do sistema de produção utilizado, da
tecnologia, etc.
O dilema da produção
O problema básico para muitas empresas está em
definir claramente o volume de materiais necessário para
uma produção excelente. Excesso de materiais significa
perdas, pois tudo aquilo que exceder as necessidades
não é produtivo nem agrega valor. Pelo contrário, agrega
desperdícios e custos adicionais. Por outro lado, escassez
de materiais significa parada de máquinas e pessoas, o que
também significa perdas e custos adicionais. O meio termo:
o necessário e suficiente. Não é fácil definir esse ponto
ótimo.
Classificação de materiais
Tendo em vista o fluxo dos materiais, estes podem ser
classifi
cados em cinco tipos diferentes, a saber:
10
160
Depósito
Produtos
acabados
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
1 – Matérias-primas
As matérias-primas (MP) constituem os insumos e materiais
básicos que ingressam no processo de produção. Constituem
todos os itens iniciais para a produção. Em uma tecelagem, por
5 exemplo, as matérias-primas são os fios dos quais se produz o
tecido.
Na indústria de geladeiras, são os metais, parafusos,
material plástico, tintas, caixas, embalagens, etc. Na
indústria de tintas são os pigmentos, produtos químicos e
10 petroquímicos, latas para embalagem, etc. Geralmente, as
matérias-primas precisam ser adquiridas de fornecedores
externos, isto é, precisam ser compradas de fornecedores.
Como nenhuma empresa tem condições de produzir todos
os materiais de que necessita, ela passa a depender dos
15 fornecedores.
2 – Materiais em processamento
São também denominados materiais em vias porque vão
sendo processados ao longo das diversas seções que compõem
o processo produtivo da empresa. São, portanto, os materiais
20 em processo que estão sendo utilizados nas diversas seções
da empresa. Na realidade, os materiais em processamento
ingressam na empresa na forma de matérias-primas e estão no
fluxo passando pelas etapas do processo produtivo.
3 – Materiais semiacabados
São os materiais parcialmente acabados cujo processo
está em algum estágio intermediário de acabamento e que
se encontra ao longo das diversas seções que compõem o
processo produtivo. Diferem dos materiais em processamento
pelo estágio mais avançado, pois se encontram quase acabados,
30 faltando apenas algumas etapas do processo produtivo para se
transformarem em materiais ou produtos acabados.
25
161
Unidade IV
4 – Materiais acabados
São também denominados componentes porque constituem
peças isoladas ou componentes já acabados e prontos para
serem anexados ao produto. São, na realidade, partes prontas
5 que, quando unidas, constituirão o produto acabado.
5 – Produtos acabados
São os produtos já prontos e cujo processamento já foi
completado. Constituem o estágio final do processo produtivo
e já passaram pelas fases de matérias-primas, materiais em
10 processamento, materiais semiacabados e materiais acabados
ou componentes.
Assim, o fluxo incessante dos materiais faz com que eles
passem gradativamente de uma classe para outra à medida
que sofrem acréscimos e transformações ao longo do processo
15 produtivo. Na figura 16, a seguir, o fluxo dessa condição.
Matérias-primas
Materiais em
processamento
Materiais
semiacabados
Materias
acabados
Produtos
acabados
Figura 16 – Classificação dos materiais em função do seu fluxo
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 129.
Na realidade, os materiais são classificados em função do
seu estágio no processo produtivo da empresa. À medida que
passam pelas diversas etapas do processo de produção, vão
sofrendo acréscimos e alterações que provocam sua gradativa
20 diferenciação até se tornarem produtos acabados. Assim,
para que haja um produto acabado, ele deve ter passado
pelos estágios de material acabado, material semiacabado,
material em processamento e, inicialmente, matéria-prima
básica.
162
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Ao se avaliar a empresa em um dado momento, ela terá
certa quantidade de cada um desses tipos de materiais ao longo
do processo de produção, totalizando um volume de materiais
em geral. Essa quantidade pode variar em sua proporção,
5 dependendo do maior ou menor trabalho realizado em cada
uma das seções produtivas.
Onde está o segredo?
Focalizar materiais em processamento e minimizar ou
eliminar os demais tipos de materiais. O ideal: ter apenas
materiais em vias. Como? Programando adequadamente os
materiais necessários. Fábrica enxuta é isso. just-in-time,
exatamente o volume necessário no tempo adequado.
Nada mais.
Programação de materiais
Os materiais não são adquiridos dos fornecedores
nem convertidos no processo produtivo ao acaso. Eles são
10 previamente programados pelo PCP com uma enorme
antecedência. Ao programar a produção, detalhando as
máquinas e mão-de-obra necessárias, o PCP também
detalha os materiais necessários ao programa de produção
da empresa. Com um detalhe: como os materiais precisam
15 ser comprados, e isso leva tempo, torna-se necessária uma
antecedência de dias, semanas ou meses para que possam
ser pedidos, comprados e recebidos e ingressar no processo
produtivo.
É por meio da programação de materiais que se determina
20 a necessidade de materiais para o processo produtivo. Ela deve
especificar a quantidade de materiais e a data em que devem
estar à disposição de cada órgão produtivo da empresa.
A programação de materiais é, geralmente, feita usando
cronogramas, como o gráfico de Gantt ou cronograma simples,
163
Unidade IV
já visto por diversas vezes, e mais focalmente na figura 17, na
sequência.
Discriminação
itens
1
Janeiro
2
3
4
1
Fevereiro
2
3
4
1
Março
2
3
0120 - Parafuso 1” 100
0135- Parafuso 2” 250
0142 - Parafuso 3” 100
100
250
100
100
250
100
100
250
100
100
250
100
100
250
100
100
250
100
100
250
100
0
0
0
0
0
0
200 0
200 0
200 0
0148 - Parafuso 3” 220
220
220
220
220
220
220
220
0
0
200 0
1122 - Rebite 030
1138 - Rebite 040
1145 - Rebite 050
1157 - Rebite 060
1190 - Arruela 1”
580 580 580 580 580
600 600 600 600 600
250 250 250 250 0
600 600 600 600 0
500 500 500 500 0
580
600
0
0
0
580
600
0
0
0
580
600
0
0
0
580
600
0
0
0
580
600
100
100
100
580
600
100
100
100
1195 - Arruela 2”
500
0
0
0
0
100
100 0
500
500
500
0
Figura 17 – Exemplo de uma programação de materiais.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 131.
Com a programação de materiais, a empresa fica sabendo
antecipadamente as quantidades de materiais e as épocas
5 determinadas para colocá-los à disposição dos órgãos que
compõem o processo produtivo. A partir da programação de
materiais, o PCP pode emitir as ordens de compras (OCs) para
que o órgão de compras possa trabalhar juntamente com os
fornecedores.
10
Compras
Toda atividade empresarial requer matérias-primas, materiais,
máquinas, equipamento e serviço para poder operar. Em todo
o processo produtivo, o início de cada operação exige que os
materiais e insumos estejam disponíveis e o seu abastecimento
15 seja garantido com certo grau de certeza para atender às
necessidades atuais e futuras.
164
4
0
0
0
0
0
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
A área de compras tem por objetivo a aquisição
de materiais, componentes e serviços para suprir as
necessidades do sistema de produção da empresa nas
quantidades certas e nas datas aprazadas. E, certamente,
5 com a melhor qualidade, os menores preços e as melhores
condições de pagamento.
Para atingir tal objetivo, a finalidade básica do órgão de
compras é pesquisar, localizar, desenvolver e manter fontes
de suprimentos. Se a empresa pode ser visualizada como um
10 sistema aberto, o subsistema de compras é que garante seus
insumos e entradas, atuando como interface em relação ao
ambiente externo.
Apesar de ser um subsistema orientado para fora da
empresa, isto é, voltado para os fornecedores externos, o
15 órgão de compras interage internamente com vários órgãos
da empresa, como o PCP, engenharia de produto, controle de
qualidade, controle de estoques, a área financeira, etc. Em
síntese, a atividade de compras envolve um relacionamento
com diversos órgãos da empresa, a fim de assegurar um
20 perfeito esquema de apoio e suporte ao subsistema de
produção.
A atividade de compras envolve um ciclo composto de cinco
etapas, mostrado na figura 18, abaixo:
1 - Análise das Ocs. recebidas
2 – Pesquisa, identificação e seleção de fornecedores
3 – Negociação de cada OC com o fornecedor selecionado
4 – Acompanhamento do fornecimento e entrega da OC (follow-up)
5 – Recebimento do material da OC
Figura 18 – As etapas do ciclo de compras.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 133.
165
Unidade IV
1 – Análise das OCs recebidas
A primeira etapa do ciclo de compras começa com o
recebimento das OCs emitidas pelo PCP e sua análise para
conhecer as especificações dos materiais solicitados,
5 suas respectivas quantidades e épocas adequadas para
recebimento. Em muitas empresas, as OCs são encaminhadas
ao órgão de compras por meio de listas ou listagens por
computador, quantidade fornecida e preço de venda da
última compra.
10
Nessa primeira etapa, o órgão de compras planeja as suas
atividades de modo a atender às OCs e providenciar as compras
necessárias.
2 – Pesquisa, identificação e seleção de fornecedores
A segunda etapa consiste em pesquisar os possíveis
fornecedores
dos materiais requisitados, consultar seus preços
15
e condições de pagamento, bem como especificações, dados de
qualidade e prazos de entrega.
Nessa etapa, faz-se um levantamento dos fornecimentos já
efetuados de cada fornecedor para se ter uma ideia da qualidade
20 dos materiais entregues e da confiabilidade quanto a prazos
contratados. Com esses dados, o órgão de compras seleciona
os fornecedores confiáveis (que entregam no prazo combinado)
e que apresentam melhores condições de preço e prazos de
pagamento.
Fornecedor é a empresa que produz as matérias-primas
e os insumos necessários e que se dispõe a vendê-los e
entregá-los. O órgão de compras deve ter um banco de
dados sobre os fornecedores contendo os fornecimentos
já efetuados e as condições negociadas para facilitar
30 os futuros trabalhos de localização e seleção de
fornecedores.
25
166
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
A seleção de fornecedores deve atender a critérios como
preço, condições de pagamento, qualidade, confiabilidade,
prazos de entrega, etc.
3 – Negociação de cada OC com o fornecedor
5 selecionado
Escolhido o fornecedor mais adequado segundo os critérios
anteriores, o órgão de compras negocia com a aquisição do
material requisitado dentro das condições mais adequadas de
preço e pagamento.
10
O atendimento às especificações exigidas do material e o
estabelecimento de prazos de entrega devem ser assegurados
na negociação. Feita a negociação, faz-se a emissão do pedido
de compra (PC) ao fornecedor.
4 – Acompanhamento do fornecimento e entrega da OC
15 (follow-up)
Feito o pedido de compra, o órgão de compras precisa
assegurar que a entrega do material seja feita de acordo com as
especificações dos materiais e dentro dos prazos estabelecidos.
Para tanto, deve haver um acompanhamento ou seguimento
20 (follow-up) do pedido de compra por meio de constantes contatos
pessoais ou telefônicos com o fornecedor, para saber como está
sendo providenciada a produção do material requisitado.
O seguimento permite localizar problemas e evitar surpresas
desagradáveis, pois, através dele, o órgão de compras pode
25 urgenciar o pedido, cobrar a entrega nos prazos estabelecidos
ou tentar complementar o atraso com outros fornecedores.
5 – Recebimento do material da OC
É a quinta e última etapa do ciclo, quando a empresa recebe
do fornecedor o material solicitado no pedido de compras. Muitas
167
Unidade IV
empresas recebem o material comprado pelo almoxarifado,
que deve informar imediatamente ao órgão de compras o
recebimento do material, a fim de verificar as quantidades e
providenciar a inspeção de qualidade e comparar a adequação
5 do material às especificações contidas no pedido de compra.
Efetuado o recebimento do material e confirmadas a
quantidade e a qualidade, o órgão de compras encaminha à
tesouraria ou contas a pagar a autorização para pagamento do
pedido de compras dentro das condições de preço e prazo de
10 pagamento.
O ciclo de compras é contínuo e ininterrupto, sucedendo-se
a cada OC recebida pelo PCP. Algumas etapas podem ser
queimadas em determinados casos de compras repetitivas em
que a análise da OC, a localização e a seleção dos fornecedores
15 podem ser omitidas.
Modernamente, o órgão de compras tem sido visualizado
como um centro de lucro na medida em que traz grandes
economias e retornos para a empresa. Saber produzir é uma
grande vantagem para a empresa. Mas ela precisa também saber
20 comprar, fazendo economias e evitando desperdícios.
O segredo de comprar
Comprar exige estratégia. Saber localizar fornecedores
confiáveis em termos de qualidade, quantidade, preço
e entrega. Muitas empresas estão selecionando seus
fornecedores para atuar com eles como se fossem parceiros
do negócio. Assim, elas estão reduzindo o leque de
fornecedores para atuar com eles como se fossem parceiros
do negócio,para transformá-los em partes integrantes do
seu processo produtivo. Uma espécie de terceirização em
que os fornecedores trabalham em conjunto com a empresa
dentro de seu processo produtivo, não só entregando
materiais, mas também instalando componentes inteiros
dentro de padrões de qualidade assegurada.
168
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Estoques
Uma vez comprados, os materiais passam a fazer parte dos
estoques da empresa. Estoque é a composição dos materiais que
não são utilizados em determinado momento, mas que existem
5 em função de futuras necessidades. Estocar significa guardar
algo para utilização futura.
Se essa utilização for muito remota no tempo, a sua guarda
se torna prolongada: ocupa espaço alugado ou comprado, requer
pessoal adicional, significa capital empatado, exige seguro
10 contra incêndio ou roubo, etc. Isso significa que ter estoque é ter
despesas de estocagem. Se, contudo, essa utilização for imediata,
pode não haver tempo suficiente para estocar, havendo risco de
paralisação da empresa, por qualquer atraso no fornecimento.
15
Essas duas situações extremas, estoque demasiado e por
longo tempo ou estoque insuficiente e atrasado são indesejáveis
e devem ser evitadas. O desafio é conhecer o meio termo e
aplicá-lo a todos os itens de estoque.
Despesas de estocagem
• Aluguel do espaço do depósito
• Salários do pessoal do depósito
• Seguro contra incêndio e roubo
• Máquinas e equipamentos de movimentação
• Despesas financeiras de ter estoque, etc.
Figura 19 – Despesas de estocagem
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 136.
Item de estoque é toda matéria-prima, material, componente,
ferramenta ou produto acabado que esteja em estoque. Quanto
mais complexo e diversificado for o produto final, maior será a
diversidade de itens estocados e mais complicado o seu controle.
169
Unidade IV
Fornecedor é a empresa que produz ou comercializa os
insumos necessários para o processo produtivo e os coloca
no mercado. O suprimento ou fornecimento constitui o ato
de proporcionar a entrada dos insumos ou itens necessários à
5 produção ou ao funcionamento da empresa, cujas finalidades
são:
• garantir a operação ou funcionamento da empresa,
neutralizando os efeitos de:
– demora ou atraso no fornecimento;
– sazonalidade no suprimento;
10
– riscos de dificuldade no fornecimento;
• proporcionar economias de escala:
– por meio de compra ou produção de lotes econômicos;
– pela flexibilidade no processo produtivo.
A responsabilidade pelo estoque se dilui por toda a empresa
e por quase todos os níveis hierárquicos de sua administração. A
direção quase sempre se preocupa apenas com o volume global
dos estoques, sem se ater a detalhes sobre o estoque específico
de cada item. Cabe aos gerentes e equipes a responsabilidade do
20 controle específico de cada item de estoque.
15
Os estoques constituem um ativo circulante necessário
para que a empresa possa produzir e vender com um mínimo
de risco ou preocupações. Os estoques representam um meio
de investimento de recursos e podem alcançar uma proporção
25 enorme dos ativos totais da empresa.
A administração dos estoques apresenta aspectos
financeiros que exigem um estreito relacionamento entre o
órgão (ou órgãos) da empresa que cuida dos estoques, como
170
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
produção, almoxarifado ou depósito de produtos acabados e
o órgão de administração financeira. O órgão que cuida dos
estoques sempre está voltado para a facilitação do fluxo físico
de produção e comercialização, enquanto a administração
5 financeira se preocupa com o lucro, com a liquidez da empresa
e com a boa aplicação dos recursos empresariais.
Quase sempre ocorre um certo conflito entre as ações
do órgão que cuida dos estoques (normalmente tentando
aumentar o volume e a disponibilidade dos estoques, o que
10 provoca aumento dos custos) e a área financeira (quase sempre
tentando reduzir os estoques para reduzir custos).
Como os estoques constituem um investimento, torna-se
necessário minimizá-los, buscando uma rotação mais rápida
dos estoques como objetivo financeiro. Mas esse objetivo pode
15 conflitar com a manutenção de estoques suficientes para
atender às necessidades da produção e reduzir o risco de faltas
de estoque. Assim, a empresa precisa determinar qual é o nível
de estoques capaz de conciliar esses objetivos antagônicos e
conflitantes.
A flexibilidade dos estoques
Apesar da necessidade de minimizar estoques, é bom
não se esquecer de que eles constituem um vínculo entre
as etapas do processo de compra e venda (no processo de
comercialização em empresas comerciais) e as etapas de
compra, transformação e venda (no processo de produção
das empresas industriais). Em qualquer ponto do processo
formado por essas etapas, os estoques desempenham
um papel importante na flexibilidade operacional da
empresa. Eles funcionam como amortecedores das
entradas e saídas entre as duas etapas dos processos de
comercialização e produção, pois minimizam os efeitos
de erros de planejamento e as oscilações inesperadas de
oferta e procura, ao mesmo tempo em que isolam ou
diminuem a interdependência das diversas partes da
organização empresarial ou a dependência em relação aos
fornecedores.
171
Unidade IV
Os estoques não ficam apenas no almoxarifado ou no
depósito. Eles se distribuem também pelas diversas seções
produtivas à medida que as MP estão sendo processadas
e transitam de uma seção para outra, como materiais
5 semiacabados (partes do produto) e como materiais
acabados (que são componentes que, depois de montados,
constituirão o PA).
Assim, numa ponta, temos a MP e, na outra, o PA. Entre
as duas pontas, estão os materiais em vias de processamento,
10 os materiais semiacabados e os materiais acabados. À
medida que evoluem no processo produtivo e lhes são
incorporados outros materiais, componentes, mão-deobra, energia, etc., as matérias-primas se transformam em
materiais em processamento, em curso de fabricação, em
15 materiais semiacabados ou, ainda, em materiais acabados
ou componentes. Uma vez terminado o processo de
produção, os produtos prontos constituirão o estoque de PA.
Resumindo, existem cinco tipos de estoques,e passaremos a
descrevê-los.
20
1 – Estoque de matérias-primas
O estoque de matérias-primas (MP) é constituído de materiais
básicos que entram diretamente no processo de produção. O
estoque de MP é formado por todos os itens comprados de
fornecedores utilizados para a produção de produtos ou serviços
25 produzidos pela empresa. O estoque de MP pode ser constituído
de plásticos, chapas de aço, parafusos, tecidos, produtos
químicos, embalagens, etc.
Em muitos casos, o estoque de MP pode incluir também
componentes, que são itens já processados e constituídos
30 de diversos tipos de MP, como, por exemplo, rádios, motores,
caixas de câmbio, sistemas de freios, no caso das indústrias
automobilísticas, ou teclados, chips, cartões de memória,
monitores, mouses, no caso das indústrias de computadores.
172
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
Nem sempre o estoque de MP está no almoxarifado. Ele
pode estar distribuído entre as seções produtivas esperando o
momento de sua utilização na produção.
O nível ótimo de estoque em cada MP depende do tempo
5 de espera para receber novos pedidos de fornecedores,
da frequência de sua utilização, das características físicas
do estoque e, sobretudo, do investimento exigido. As MP
ficam, geralmente, estocadas no almoxarifado. Toda vez que
nos referimos ao almoxarifado, queremos dizer que ali se
10 encontram os estoques de MP que serão utilizados no processo
produtivo.
2 – Estoques de materiais em processamento
São os estoques de materiais que estão sendo processados
nas diversas seções que compõem o processo de produção. São
15 também denominados estoques de materiais em vias ou em
processo e se encontram sendo trabalhados nas diversas seções
que compõem o processo produtivo. Quase sempre os estoques
de materiais em processamento se encontram distribuídos entre
as seções produtivas, seja em operação, seja aguardando o
20 momento de sua utilização na produção.
3 – Estoques de materiais semiacabados
Os estoques de matérias-primas semiacabadas são
constituídos de todos os itens que estão sendo usados ao
longo do processo produtivo. São, na realidade, materiais
25 parcialmente acabados que estão em algum estágio
intermediário de produção. Assim, são geralmente estocados
ao longo das diversas seções que compõem o processo
produtivo da empresa. Seu nível ótimo de estocagem depende
da extensão e da complexidade do processo de produção.
30 São também denominados estoques de materiais em vias,
mas essa denominação os confunde com os materiais em
processamento.
173
Unidade IV
4 – Estoques de materiais acabados ou componentes
Os estoques de materiais acabados constituem peças isoladas
ou componentes já montados e prontos para serem anexados ao
produto. São, na realidade, partes prontas que, quando unidas,
5 constituirão o produto acabado. Quase sempre estão distribuídos
entre as seções produtivas, podendo ou não ser estocados no
almoxarifado para economizar espaço produtivo.
5 – Estoque de produtos acabados
Os estoques de produtos acabados (PA) são constituídos
10 pelos itens que foram produzidos pela empresa, mas que ainda
não foram vendidos ou entregues aos clientes. As empresas que
produzem sob encomenda costumam manter estoques de PA
muito baixos, pois praticamente todos os itens são vendidos
antes de serem produzidos.
15
Contudo, nas empresas que produzem em lotes ou em
produção contínua, a maioria dos produtos é produzida antes da
venda. Nesse caso, o nível ótimo de estoque de PA é determinado
em conjunto pela previsão de vendas, pelo processo produtivo
e pelo investimento exigido em produtos acabados. Os PA ficam
20 geralmente estocados no depósito de PA. Em alguns casos, ficam
estocados durante curto tempo nas seções produtivas enquanto
aguardam sua movimentação para o deposto.
Estoques de:
• Matérias-primas
• Materiais em processamento
• Materiais semiacabados
• Materiais acabados ou componentes
• Produtos acabados
Figura 20 – A classificação dos estoques.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 140.
174
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
O conjunto desses cinco tipos de estoque compõe o estoque
geral das empresas. À medida que caminham pelo processo
produtivo, os estoques aumentam gradativamente a sua liquidez,
pois vão se aproximando do produto acabado, que pode ser,
5 finalmente, vendido e transformado em moeda corrente.
Material Requirement Planning (MRP)
Ou planejamento das necessidades de materiais é um
sistema integrado que serve para proporcionar uma visão das
necessidades de materiais. Seu ponto de partida é a demanda
10 dependente, isto é, a decorrência da demanda independente que
define as necessidades do mercado quanto a produtos acabados
que devem ser entregues ao consumidor.
Na maioria dos casos, a AP trata de muitos produtos
que utilizam vários materiais ou componentes comuns;
15 fica extremamente complexo tratar de cada um destes em
termos de estoques disponíveis, entregas previstas, compras
em seguimento, prazos de entregas e possíveis atrasos.
Todos esses dados precisam ser processados com auxílio
de computador. Cada produto é fragmentado em seus
20 componentes até o último nível de detalhamento para definir
a lista de materiais, que é também denominada lista técnica
ou BOM (Bill of Material).
A lista de materiais constitui a espinha dorsal do MRP. E este
quase sempre é um software destinado a processar todos os
25 dados referentes aos itens (comuns ou não) dos produtos para
verificar se há estoque suficiente ou lista de itens faltantes. O
MRP envolve os seguintes aspectos:
30
• lista de materiais (BOM): todos os produtos são
fragmentados em seus componentes, subcomponentes
e peças para alimentar o software. A lista de materiais
deve ser continuamente atualizada pelo pessoal de
engenharia;
175
Unidade IV
• controle de estoques: os estoques disponíveis são
essenciais para o sistema;
• plano-mestre: define a demanda a ser atendida, ou seja,
aquilo que deve ser realmente produzido;
5
• compras: o MRP fornece a relação dos itens a serem
comprados para que o departamento de compras possa
agir com os fornecedores.
Como muitas empresas trabalham em parcerias, elas
interligam seus sistemas aos dos fornecedores para que os
10 pedidos de reabastecimento sejam feitos pelo computador.
Nesse caso, existe o Eletronic Data Interchange (EDI), cujo maior
expoente é o supply chain management.
Logística
O termo logística costuma incluir várias atividades,
15 como distribuição física, gestão de materiais, engenharia de
distribuição e gestão de transportes. Na verdade, logística
significa o processo de planejar, implementar e controlar o fluxo
e o armazenamento eficientes e eficazes de bens, serviços e
informação relacionada desde o ponto de origem até o ponto
20 de consumo com o propósito de se adequar aos requisitos do
consumidor.
Logística significa o fluxo de produtos para dentro e para
fora do processo produtivo. Três tendências são evidentes na
logística atual:
25
• centralização;
• outsourcing;
• Internet.
Para ganhar sinergia entre as unidades de negócios, as
empresas estão centralizando sua logística em um grupo central
176
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
composto de especialistas com experiência em diferentes tipos
de modos de transporte (como ferroviário, rodoviário, aéreo,
fluvial, marítimo), para reduzir custos e aumentar a agilidade e
o tempo de entrega.
5
10
Apesar de todos os progressos da moderna tecnologia da
informação, o problema básico de entregar com rapidez e presteza
os materiais e produtos permanece e desafia as empresas, sendo
os principais componentes de um sistema logístico:
• cadeia de fornecedores: que abastece o processo
produtivo da empresa;
• unidade de manufatura: o conjunto de etapas utilizadas
para transformar a matéria-prima e os componentes
entrantes em produtos acabados;
15
• cadeia de consumidores: que é o grupo de centros de
distribuição, atacadistas, varejistas e os consumidores
finais que recebem os produtos acabados da empresa.
Importante é lembrar que deve haver uma forte interface
entre produção, marketing e logística, como mostra a tabela 4,
abaixo:
Tabela 4 (início) – Interface entre
produção, marketing e logística
Interface
•
•
•
•
•
Produção e operações
Produção e logística
Atividades básicas
Atividades de interface
Programação da produção
Manutenção de equipamentos
Desenho do trabalho
Controle de qualidade
Padrões de medida do trabalho
• Programação de produtos
• Localização industrial
• Compras
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 143.
177
Unidade IV
Tabela 4 (final) – Interface entre
produção, marketing e logística
Interface
•
•
•
•
•
Logística
Marketing e logística
Marketing
Atividades básicas
Atividades de interface
Atividades
Transporte
Manutenção do inventário
Processamento de pedidos
Depósito de produtos acabados
Manuseio de materiais
•
•
•
•
Padrões de serviço ao consumidor
Preço
Embalagem
Localização de lojas
•
•
•
•
Promoção
Pesquisa de mercado
Mix de produtos
Gestão da força de vendas
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração da produção: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005, p. 143.
Cadeia de valor
Cada empresa pode ser definida como uma coleção de
atividades que desenham, produzem, comercializam, entregam
e apoiam seus produtos ou serviços. Cada atividade pode
5 contribuir para uma posição de custo da companhia em relação
aos concorrentes ou capacitar a empresa a diferenciar seus
produtos ou serviços.
Para examinar as atividades de uma empresa e suas relações
que contribuem para agregar vantagens competitivas, pode-se
10 utilizar o conceito de cadeia de valor. A cadeia de valor é um
modelo conceitual que ajuda a empresa a reconhecer as
atividades que são estrategicamente importantes, examinar
seus custos e identificar meios potenciais para diferenciar seus
produtos e serviços.
15
Em termos competitivos, valor significa a quantidade de
consumidores que querem pagar por um produto ou serviço.
A medida de valor é o faturamento total, ou seja, o preço
multiplicado pelo número de unidades vendidas. Para que uma
empresa seja rentável, o valor de seus produtos ou serviços deve
20 exceder seu custo. Proporcionar melhor valor aos compradores,
178
PLANEJAMENTO OPERACIONAL MARKETING E PRODUÇÃO
e acima dos concorrentes, é o objetivo último da estratégia de
negócios de uma empresa.
As atividades de valor podem ser desdobradas em atividades
principais e atividades de apoio. As atividades principais estão
5 relacionadas com a criação física do produto ou serviço e sua
venda e transferência ao consumidor. As atividades de apoio
envolvem compras, insumos, tecnologia, recursos humanos e
outras funções internas da empresa.
Embora as atividades de valor estejam colocadas em blocos
10 de vantagem competitiva, na verdade, a cadeia de valor não é
uma mera coleção de atividades independentes. O que vale é
sua integração e íntimo inter-relacionamento para proporcionar
resultados alavancados.
Supply chain management
Integrar e inter-relacionar atividades envolvidas com o fluxo
de materiais e de produtos para dentro e para fora é o desafio
das empresas modernas. Supply chain management (SCM) ou
gestão da cadeia de suprimentos é uma filosofia que descreve
como a organização deve gerenciar suas várias cadeias de
20 suprimentos para alcançar vantagem estratégica.
15
O objetivo do SCM é sincronizar os requisitos do consumidor
final com o fluxo de materiais e informação ao longo da
cadeia de suprimentos para atingir um equilíbrio entre
elevada satisfação do consumidor e os custos. A satisfação do
25 consumidor é a meta do sistema inteiro e os resultados dos
esforços combinados de todos os elementos que constituem a
cadeia de suprimentos.
Bibliografia básica
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e
prática. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2007.
179
Unidade IV
__________. Administração de vendas: uma abordagem
introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A. Administração da
produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem
estratégica. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert.
Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Bibliografia complementar
WANKE, Peter; JULIANELLI, Leonardo. Previsão de vendas:
processos organizacionais & métodos quantitativos e
qualitativos. São Paulo: Atlas, 2006.
180
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Unidade IV - Ambiente Virtual de Aprendizado