8 1 INTRODUÇÃO As Unimeds de todo o país passam por momentos difíceis nos últimos anos. Vários custos foram incorporados com a regulamentação dos planos de saúde imposta pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como a colocação de órteses e próteses, e a diminuição de carências entre outros1. O limite de idade máximo imposto para apenas 59 anos ou mais, acabou diminuindo o número de usuários de 60 a 70 anos, uma vez que tornou muito caro o plano de saúde para esta faixa etária1. Usuários de planos não regulamentados têm conseguido coberturas através de liminares as quais por contrato não teriam direito2. Há também a diminuição do poder aquisitivo da população3, dificultando sua entrada em planos de saúde (Quadro 1). Estes números são ainda mais alarmantes quando levamos em consideração a inflação do período em questão. O Índice Geral de Preços Médios (IGPM) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que era de 148,291 em dezembro do ano de mil novecentos e noventa e oito, passou para 335,921 em abril do ano de 2006, portanto uma inflação de 126,5% (cento e vinte seis e meio por cento) no período4. A situação se torna ainda pior quando descobrimos que a classe média, que é a classe social com o maior potencial para a venda de planos de saúde, foi a mais afetada de todas. Segundo estudo de um economista da Universidade de Campinas-UNICAMP, nos últimos anos a classe média brasileira teria perdido um terço de sua renda e, dois e meio 9 milhões de pessoas perderam a condição de classe média (renda mensal superior a mil reais). Com isso, perderam também a possibilidade de enviar seus filhos para escolas particulares, e deixaram de freqüentar cinemas, teatros e clubes. Estima-se que nos últimos cinco anos, mais de quatro milhões de pessoas tenham abandonado planos privados de saúde5. A Unimed Pindamonhangaba, que já teve 38.856 usuários em março de 2003, tem agora em agosto de 2006, 30.249 usuários12. Situação semelhante ocorre com a maioria das Unimeds no país2. Quadro 1 - Rendimento mensal médio dos ocupados, por sexo (em reais). Região Metropolitana Período Total Homem Mulher Belo Horizonte 1998 956 1140 722 Belo Horizonte 1999 902 1071 705 Belo Horizonte 2000 884 1052 690 Belo Horizonte 2001 886 1062 685 Belo Horizonte 2002 891 1048 711 Belo Horizonte 2003 812 978 627 Belo Horizonte 2004 802 970 625 Belo Horizonte 2005 792 948 622 Belo Horizonte dez/05 822 968 663 Belo Horizonte jan/06 854 1005 687 Belo Horizonte fev/06 849 992 691 Belo Horizonte mar/06 863 1016 689 Belo Horizonte abr/06 850 996 686 Distrito Federal 1998 1601 1886 1282 Distrito Federal 1999 1629 1925 1305 10 Quadro 1 - Rendimento mensal médio dos ocupados, por sexo (em reais). Distrito Federal 2000 1535 1819 1222 Distrito Federal 2001 1541 1814 1245 Distrito Federal 2003 1317 1557 1060 Distrito Federal 2004 1301 1515 1073 Distrito Federal 2005 1314 1519 1098 Distrito Federal dez/05 1290 1498 1068 Distrito Federal jan/06 1309 1534 1065 Distrito Federal fev/06 1343 1578 1087 Distrito Federal mar/06 1348 1587 1091 Distrito Federal abr/06 1354 1617 1078 Porto Alegre 1998 1088 1243 871 Porto Alegre 1999 1052 1219 832 Porto Alegre 2000 1055 1226 837 Porto Alegre 2001 1020 1178 814 Porto Alegre 2002 1008 1153 826 Porto Alegre 2003 918 1044 754 Porto alegre 2004 915 1029 768 Porto Alegre 2005 927 1045 777 Porto Alegre Dez/05 915 1040 762 Porto Alegre jan/06 910 1031 759 Porto Alegre fev/06 919 1037 770 Porto Alegre mar/06 924 1043 772 Porto Alegre abr/06 926 1056 767 Recife 1998 801 945 603 Recife 1999 758 891 580 Recife 2000 745 878 566 Recife 2001 735 861 567 11 Quadro 1 - Rendimento mensal médio dos ocupados, por sexo (em reais). Recife 2002 713 827 566 Recife 2003 590 684 468 Recife 2004 568 665 445 Recife 2005 564 650 455 Recife dez/05 567 650 462 Recife jan/06 592 689 475 Recife fev/06 601 696 486 Recife mar/06 604 693 494 Recife abr/06 590 661 500 Salvador 1998 884 1083 660 Salvador 1999 821 996 630 Salvador 2000 820 987 633 Salvador 2002 802 955 632 Salvador 2003 719 856 572 Salvador 2004 737 869 595 Salvador 2005 741 878 589 Salvador dez/05 726 846 593 Salvador jan/06 741 864 603 Salvador fev/06 748 875 604 Salvador mar/06 738 858 599 Salvador abr/06 735 855 596 São Paulo 1998 1526 1811 1141 São Paulo 1999 1441 1704 1101 São Paulo 2000 1353 1621 1003 São Paulo 2001 1233 1469 941 São Paulo 2002 1131 1335 875 São Paulo 2003 1059 1255 818 12 Quadro 1 - Rendimento mensal médio dos ocupados, por sexo (em reais). São Paulo 2004 1074 1269 839 São Paulo 2005 1070 1278 821 São Paulo dez/05 1086 1307 835 São Paulo jan/06 1088 1290 859 São Paulo fev/06 1070 1267 845 São Paulo mar/06 1047 1227 834 São Paulo abr/06 1033 1205 830 Fonte: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE)3, 2006. O desemprego no país permanece alto há vários anos3 (Quadro 2). Enquanto antes o desemprego atingia, sobretudo as categorias de trabalhadores menos qualificados, com escolaridade incompleta e ocupados em tarefas manuais, hoje, o desemprego atinge cada vez mais as camadas “qualificadas” de técnicos, professores, profissionais liberais, funcionários públicos e parte do pequeno empresariado6. 13 Quadro 2 - Taxa de desemprego total, por sexo - (em %). Região Metropolitana Período Total Homem Mulher Belo Horizonte 1998 15,9 13,7 18,7 Belo Horizonte 1999 17,9 15,9 20,4 Belo Horizonte 2000 17,8 16,1 19,9 Belo Horizonte 2001 18,3 16,2 20,8 Belo Horizonte 2002 18,1 15,7 20,8 Belo Horizonte 2003 20 17,1 23,3 Belo Horizonte 2004 19,3 16,8 21,9 Belo Horizonte 2005 16,7 14 19,7 Belo Horizonte jan/06 15,5 13 18,2 Belo Horizonte fev/06 15,5 13,1 18,2 Belo Horizonte mar/06 16,2 13,2 19,6 Belo Horizonte abr/06 15,6 12,5 19,2 Belo Horizonte mai/06 15,1 12,2 18,5 Distrito Federal 1998 19,7 17,4 22,1 Distrito Federal 1999 22,1 19,2 25,2 Distrito Federal 2000 20,2 17,7 22,9 Distrito Federal 2001 20,5 17,6 23,6 Distrito Federal 2002 20,7 18 23,6 Distrito Federal 2003 22,9 20,2 25,7 Distrito Federal 2004 20,9 17,8 24 Distrito Federal 2005 19 15,9 22,2 Distrito Federal jan/06 18,6 15,2 22 Distrito Federal fev/06 19,5 16,4 22,7 Distrito Federal mar/06 20,6 17,5 23,9 Distrito Federal abr/06 20,7 18 23,5 Distrito Federal mai/06 19,5 17,1 22 14 Quadro 2 - Rendimento mensal médio dos ocupados, por sexo (em reais). Região Metropolitana Período Total Homem Mulher Porto Alegre 1998 15,9 13,7 18,6 Porto Alegre 1999 19 16,7 21,9 Porto Alegre 2000 16,6 14,23 19,6 Porto Alegre 2001 14,9 12,3 18,2 Porto Alegre 2002 15,3 13,1 17,9 Porto Alegre 2003 16,7 13,9 20,2 Porto Alegre 2004 15,9 13,1 19,1 Porto Alegre 2005 14,5 11,9 17,6 Porto Alegre jan/06 13,2 11,5 15,3 Porto Alegre fev/06 13,6 11,8 15,9 Porto Alegre mar/06 14,9 12,6 17,6 Porto Alegre abr/06 15,5 12,7 18,9 Porto Alegre mai/06 15,4 13 18,2 Recife 1998 21,6 19 24,9 Recife 1999 22,1 19,6 25,2 Recife 2000 20,7 18,2 23,9 Recife 2001 21,2 17,8 25,3 Recife 2002 20,3 17,6 23,6 Recife 2003 23,2 20 27 Recife 2004 23,1 20,3 26,5 Recife 2005 22,3 19,2 26 Recife jan/06 21,2 18 25,1 Recife fev/06 20,8 18,2 24 Recife mar/06 21,4 18,8 24,6 Recife abr/06 21,9 19,1 25,4 Recife mai/06 22,2 19,5 25,5 15 Quadro 2 - Rendimento mensal médio dos ocupados, por sexo (em reais). Salvador 1998 24,9 22,9 27,1 Salvador 1999 27,7 25,8 29,9 Salvador 2000 26,6 24,1 29,3 Salvador 2001 27,5 25 30,2 Salvador 2002 27,3 24,9 29,9 Salvador 2003 28 26,1 30,1 Salvador 2004 25,5 23,2 28 Salvador 2005 24,4 21,3 27,8 Salvador jan/06 23,7 20,5 27,2 Salvador fev/06 23,8 19,8 28 Salvador mar/06 24,7 20,5 29,1 Salvador abr/06 24,4 19,7 29,4 Salvador mai/06 24,4 20,3 28,8 São Paulo 1998 18,2 16,1 21,1 São Paulo 1999 19,3 17,3 21,7 São Paulo 2000 17,6 15 20,9 São Paulo 2001 17,6 14,9 20,8 São Paulo 2002 19 16,4 22,2 São Paulo 2003 19,9 17,2 23,1 São Paulo 2004 18,7 16,3 21,5 São Paulo 2005 16,9 14,4 19,7 São Paulo jan/06 15,7 13,7 18 São Paulo fev/06 16,3 14,1 18,7 São Paulo mar/06 16,9 14,3 19,8 São Paulo abr/06 16,9 14,5 19,6 São Paulo mai/06 17 14,5 19,9 Fonte: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio - Econômicos (DIEESE), 20063. 16 As empresas que pagam planos de saúde para seus funcionários relutam em conceder aumento para as operadoras, e além disto há um processo de terceirização em muitas delas, retirando assim vários usuários dos planos de saúde, pois geralmente as empresas terceirizadas não compram este serviço7. Os reajustes dos planos de saúde concedidos pela ANS tem sido inferior ao da inflação nos últimos anos8 como pode ser observado no Quadro 3. Além disto, a inflação no setor da saúde foi campeã de janeiro de 1997 até abril de 2004 pelos números do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio - Econômicos (DIEESE): 154,28% contra 64,26% dos outros setores3 (Quadro 4). Quadro 3 - Índices de reajuste autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) por ano, em comparação com a elevação do Índice Geral de Preços Médios (IGP-M) com base em maio, em porcentagem. Ano Reajustes Autorizados (máximo) IGP-M (base maio) 2000 5,42 % 13,87 % 2001 8,71 % 11,05 % 2002 7,69 % 8,88 % 2003 9,27 % 31,53 % 2004 11,75 % 5,38 % 2005 11,69 % 10,74 % 2006 8,89 % -0,92 % Acumulando 83,28% 109,39% Defasagem em relação ao Índice Geral de Preços Médios (IGP-M): 14,24%. Fonte: Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRANGE), 2006. 17 Quadro 4 - Índice acumulado do custo de vida pelos grupos saúde, outros e total, no período de janeiro de 1997 a abril de 2004 no Município de São Paulo, em porcentagem. Ano Saúde Outros Total 1997 11,29% 5,58% 6,11% 1998 19,13% 5,35% 6,63% 1999 36,67% 14,81% 16,84% 2000 49,86% 22,74% 25,26% 2001 76,08% 33,06% 37,06% 2002 107,08% 49,41% 54,75% 2003 138,27% 62,48% 69,48% 2004 154,28% 64,26% 72,63% Fonte: DIEESE 2006. Sendo que a inflação no setor da saúde continuou superior à inflação geral em 2005, e até julho de 20064, como observado nos Quadro 5, 6, 7 e 8. 18 Quadro 5 - Índice de Preços da Saúde e Cuidados Pessoais da Fundação Getúlio Vargas (comumente mencionada como IGP - Saúde), referente ao ano de 2005. MÊS Índice % no mês % no ano %12 meses JAN 267,799 0,45% 0,45% 5,40% FEV 268,731 0,35% 0,80% 5,43% MAR 269,378 0,24% 1,04% 5,20% ABR 272,102 1,01% 2,06% 5,33% MAI 274,967 1,05% 3,14% 5,37% JUN 275,568 0,22% 3,36% 5,05% JUL 276,822 0,46% 3,83% 5,19% AGO 277,786 0,35% 4,19% 5,34% SET 279,276 0,54% 4,75% 5,54% OUT 280,335 0,38% 5,15% 5,59% NOV 280,801 0,17% 5,32% 5,58% DEZ 281,567 0,27% 5,61% 5,61% Fonte: Fundação Getúlio Vargas 20064. 19 Quadro 6 - Índice Geral de Preços Médios (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas, referente ao ano de 2005. MÊS Índice % no mês % no ano %12 meses JAN 332,298 0,39% 0,39% 11,87% FEV 333,288 0,30% 0,69% 11,43% MAR 336,123 0,85% 1,55% 11,12% ABR 339,030 0,86% 2,42% 10,74% MAI 338,299 -0,22% 2,20% 9,08% JUN 336,801 -0,44% 1,75% 7,12% JUL 335,663 -0,34% 1,41% 5,38% AGO 333,474 -0,65% 0,75% 3,43% SET 331,690 -0,53% 0,21% 2,17% OUT 333,694 0,60% 0,81% 2,38% NOV 335,033 0,40% 1,22% 1,96% DEZ 335,006 -0,01% 1,21% 1,21% Fonte: Fundação Getúlio Vargas 20064. Quadro 7 - Índice de Preços da Saúde e Cuidados Pessoais da Fundação Getúlio Vargas (comumente mencionada como IGP-Saúde), referente ao período de janeiro a julho de 2006. MÊS Índice % no mês % no ano %12 meses JAN 283,121 0,55% 0,55% 5,72% FEV 284,563 0,51% 1,06% 5,89% MAR 286,271 0,60% 1,67% 6,27% ABR 288,885 0,91% 2,60% 6,17% MAI 290,636 0,61% 3,22% 5,70% JUN 292,114 0,51% 3,75% 6,00% Fonte: Fundação Getúlio Vargas, 2006. 20 Quadro 8- Índice Geral de Preços Médios (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas, referente ao período de janeiro a julho de 2006. MÊS Índice % no mês % no ano %12 meses JAN 338,083 0,92% 0,92% 1,74% FEV 338,128 0,01% 0,93% 1,45% MAR 337,339 -0,23% 0,70% 0,36% ABR 335,921 -0,42% 0,27% -0,92% MAI 337,185 0,38% 0,65% -0,33% JUN 339,712 0,75% 1,40% 0,86% Fonte: Fundação Getúlio Vargas, 2006. A taxa de juros no Brasil situa-se entre as maiores do mundo, dificultando os investimentos por parte das empresas, e reduzindo o crescimento econômico do país8. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil tem sido sistematicamente menor em comparação com a maioria do chamados países emergentes. Segundo dados divulgados recentemente pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), o país deve crescer 3,6 % no ano de dois mil e seis9, tornando o pior crescimento entre todos os países da América Latina, assim como o pior crescimento entre todos os países emergentes. Enquanto a economia mundial cresce a 4,0% ao ano, e países emergentes como China e Índia crescem mais de 9,0% em média, nos últimos dez a quinze anos, o Brasil, no entanto, continua a padecer com taxas de crescimento de 2,5% anuais em média6. 21 A carga fiscal brasileira, com 37,82% do Produto Interno Bruto (PIB), é a segunda maior do mundo, perdendo apenas para a da Suécia, que é de aproximadamente 51,00% do PIB segundo o IBPT10 (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), levando muitas cooperativas a trabalhar no vermelho e algumas até ao fechamento. Apesar do aumento de cerca de dez pontos percentuais da carga tributária nos últimos anos, o investimento federal em infra-estrutura tem diminuído de modo importante. O Governo central e as estatais investem, juntos, apenas 2% do PIB, o que desestimula os investimentos das empresas privadas no país11. Temos então um problema difícil de ser solucionado, pois de um lado temos nossos custos aumentando cada vez mais acima da inflação, e de outro não há como aumentarmos nossas receitas. Portanto talvez a única forma de resolver este problema é através da redução de despesas. Um fato que chama a atenção dentro das Unimeds é o gasto com quimioterapia para pacientes oncológicos. Somente na Unimed Pindamonhangaba o gasto médio com oncologia é de aproximadamente sessenta e quatro mil e quinhentos reais ao mês, levando–se em consideração apenas os usuários em pré-pagamento12, conforme podemos observar no quadro 9. 22 Quadro 9 - Gasto da Unimed Pindamonhangaba com quimioterapia no período de abril de 2005 a março de 2006, em reais. Instituto de Período Oncologia do Vale Intercâmbio Total abr/05 41.149,83 75.487,75 116.637,58 mai/05 39.289,49 30.119,90 69.409,39 jun/05 22.202,20 5.502,58 27.704,78 jul/05 43.246,55 113.140,26 156.386,81 ago/05 31.965,07 49.363,42 81.328,49 set/05 22.965,40 13.178,15 36.143,55 out/05 31.861,93 15.240,67 47.102,60 nov/05 5.560,94 25.112,40 30.673,34 dez/05 16.574,71 27.818,78 44.393,49 jan/06 5.595,54 38.835,82 44.431,36 fev/06 8.113,08 38.548,27 46.661,35 mar/06 1.428,78 71.900,90 73.329,68 Total ===> 269.953,52 504.248,90 774.202,42 Média mensal 64.516,87 Fonte: Unimed Pindamonhangaba 2006. Considerando o tamanho desta singular, podemos dizer que estes valores são bastante elevados. Normalmente este trabalho é feito através de empresas terceirizadas, que cobram posteriormente pelos serviços, assim como os materiais e medicamentos utilizados. No entanto analisando mais profundamente o assunto, notamos que normalmente estas empresas utilizamse da tabela do Brasíndice consumidor final para fazerem suas cobranças. Porém ao investigarmos um pouco mais, percebemos que os valores cobrados 23 pelos distribuidores de medicamentos são normalmente muito inferiores aos que constam no Brasíndice13. Situação semelhante é encontrada com relação aos materiais utilizados. Notamos também a cobrança de taxas discutíveis em alguns serviços, como vinte e seis reais de taxa de aplicação de soro, além da cobrança de taxa de quimioterapia sistêmica quando se utiliza apenas medicamento hormonal ou adjuvante11. Todos estes fatores acabam por aumentar bastante nossos custos com pacientes oncológicos. 1.1 Histórico O governo unificou todos os institutos de previdência e assistência social a partir da Revolução de Março de 1964, que também prestavam assistência médica, fundando o então Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), para se tornar uma instituição financeiramente forte, com o objetivo de dar assistência médica à população previdenciária, e que mais tarde se provaria de difícil controle administrativo. Havia nesta época, uma forte recessão econômica, gerando problemas a uma grande parcela da população que não podia pagar assistência médica de forma particular, bem como os serviços médico-hospitalares de que necessitassem. A atuação do INPS não foi satisfatória nas grandes capitais, estimulando então, o surgimento de empresas mercantilistas prestadoras de serviços de saúde. 24 Assim, surgiu um novo tipo de assistência médica no Brasil, que era do tipo mercantilista, cuja palavra-chave era o lucro, e este ia para um único dono: o proprietário da empresa prestadora de assistência médica14. Portanto, passamos a conviver com várias modalidades de assistência médica: a particular, onde o cliente pagava os serviços; a indigente, por conta da filantropia; a do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL), por conta do governo; a do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), em que os previdenciários pagavam a conta; e a mercantilista (de cobertura pelos planos de saúde)14. Fazia-se necessário oferecer à população, de particular modo à população obreira, um sistema de assistência médica eficiente que fosse economicamente viável, sem ser desprezível e que preservasse a dignidade do médico e os postulados éticos da profissão15. Ao ver crescer a assistência médica mercantilista, um grupo de médicos de Santos, juntamente com os dirigentes da Associação e do Sindicato dos Médicos, liderados pelo Doutor Edmundo Castilho e seu cunhado (advogado), uniram-se em pensamentos e idealizaram um modelo de gestão democrática e participativa, que se contrapunha à força mercantilista, onde a ética seria a maior parceria, em que o direito à livre escolha estaria preservado (o doente escolhe seu médico), posto que a assistência pudesse alcançar a maior parcela possível da população e os resultados fossem divididos proporcionalmente ao trabalho exercido por cada profissional14. Encontraram no cooperativismo o ideário inspirador dos propósitos almejados, passando da teoria à prática, onde cooperados (os donos), e 25 usuários (os clientes) teriam interesses recíprocos, para que a força de um fizesse a existência do outro14, e assim no dia dezoito de dezembro de mil novecentos e sessenta e sete, foi fundada a primeira cooperativa de trabalho médico do país, no Município de Santos, Estado de São Paulo, com apenas trinta médicos cooperados - a Unimed17. A criação da Unimed de Santos foi uma resposta da classe médica à exploração de saúde como fonte de lucros, patrocinada por empresas mercantilistas16. O Sistema Unimed traduz a rejeição e o combate à mercantilização da Medicina. Por ser uma cooperativa, não há intermediários entre médicos e pacientes e nem há objetivo de lucro. Representa um modelo alternativo e democrático de organização, que fortalece a ética médica e dignifica o paciente, oferecendo assistência personalizada e de qualidade16. Após 18 meses após a fundação da Unimed de Santos, 43 cooperativas médicas semelhantes já estavam instaladas em oito estados brasileiros18. Para preservar o ideal comum e manter a identidade da organização, as cooperativas definiram uma estrutura organizada de representação18. A consolidação do Sistema Unimed se dá com a formação de Federações Estaduais e da Confederação Nacional18. Aos poucos, o Sistema incorporou processos administrativos e gerenciais para consolidar sua posição de mercado. 26 A conseqüência foi desenvolver uma estrutura empresarial capaz de garantir agilidade e eficiência empresariais, sem colocar em risco sua natureza cooperativista18. Surge então um complexo de empresas para atuação em áreas afins, destinadas a aumentar a autonomia do Sistema, e sob controle das próprias cooperativas18. Hoje, a Unimed é a maior experiência cooperativista na área da saúde em todo o mundo e também a maior rede de assistência médica do Brasil, presente em setenta e cinco por cento de todo o território nacional. O sistema hoje é composto por 378 cooperativas médicas, que prestam assistência para mais de treze milhões e trezentos mil clientes, e setenta mil empresas em todo o país, operando em 4.286 municípios no Brasil, e em três países da América Latina19. Clientes Unimed contam com mais de cento e um mil médicos, três mil quinhentos e noventa e seis hospitais credenciados, além de prontoatendimentos, laboratórios, ambulâncias e hospitais próprios para garantir qualidade na assistência médica, hospitalar e de diagnóstico complementar oferecidos19. Além de deter trinta e três por cento do mercado nacional de planos de saúde, a Unimed possui lembrança cativa na mente dos brasileiros. De acordo com pesquisa nacional do Instituto Datafolha, a Unimed é pelo décimo segundo ano consecutivo a marca Top of Mind quando o assunto é plano de saúde. Outro destaque é o prêmio plano de saúde em que os brasileiros mais 27 confiam, recebido pela quarta vez consecutiva, na pesquisa Marcas de Confiança19. A Unimed Pindamonhangaba foi fundada por um grupo de médicos do município em 14 de março do 1976, que encontraram no cooperativismo uma alternativa para a medicina mercantilista, melhorando assim os serviços médicos prestados à população20. Crescendo junto com sua comunidade, a Unimed Pindamonhangaba completa seus trinta anos com mais de cento e dez médicos cooperados, cobrindo diversas especialidades e totalizando mais de trinta por cento de clientes da população, na sua área de abrangência, que compreende três municípios: Pindamonhangaba, Roseira e Lagoinha. Atualmente, a Unimed Pindamonhangaba conta com uma equipe qualificada de funcionários que prestam atendimento de alto padrão em suas unidades: Sede Administrativa, Laboratório de Análises Clínicas, Posto Avançado de Moreira César, Farmácia, e Hospital Unimed Doutor Caio Gomes Figueiredo, com vinte leitos para internações, onde também se encontra o Pronto Atendimento 24 horas20. A Unimed Pindamonhangaba conta com diversos serviços com tecnologia avançada, credenciados em diversas áreas, e o Serviço de Medicina Preventiva que orienta toda a comunidade de Pindamonhangaba20. O município também é sede da Unimed Vale do Paraíba Federação Intrafederativa das Cooperativas Médicas que foi fundada no dia 16 de agosto de 1996, com o nome de Federação das Unimeds do Vale do Paraíba. Em 23 de novembro de 2005, passou a receber o nome atual21. 28 A Unimed Vale do Paraíba conta com oito singulares, atendendo a região Vale Paraibana, Litoral Norte Paulista e Serra da Mantiqueira, contando atualmente com a seguinte estrutura: a) mais de mil e setecentos médicos cooperados. b) recursos credenciados como: hospitais, laboratórios, farmácias, clínicas e centros de diagnóstico. c) cerca de trezentos e cinqüenta mil usuários atendidos na região. De acordo com a legislação cooperativista, rege-se por estatuto e pelas normas legais tendo: a) Sede e administração em Pindamonhangaba – SP. b) Foro jurídico na comarca de Pindamonhangaba – SP. c) Área de ação para efeitos de admissão de associados circunscrita aos seguintes municípios do Estado de São Paulo21: • São José dos Campos: Área de ação: Caraguatatuba, Guararema, Ilhabela, Igaratá, Jacareí, Monteiro Lobato, Paraíbuna, Salesópolis, Santa Branca, São Sebastião, São José dos Campos e Ubatuba. • Cruzeiro: Área de ação: Arapei, Areias, Bananal, Cachoeira Paulista, Cruzeiro, Lavrinhas, Piquete, Queluz, São José do Barreiro e Silveiras. • Guaratinguetá: Área de ação: Aparecida, Cunha, Guaratinguetá e Potim. • Taubaté: 29 Área de ação: Natividade da Serra, Redenção da Serra, São Luiz do Paraitinga, Taubaté e Tremembé. • Pindamonhangaba: Área de ação: Lagoinha, Pindamonhangaba e Roseira. • Lorena: Área de ação: Canas, Lorena e Piquete. • Caçapava: Área de ação: Caçapava e Jambeiro. • Campos do Jordão: Área de ação: Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí. A Intrafederativa do Vale do Paraíba, com base na colaboração recíproca a que se obrigam suas associadas, tem por objetivo: a) a organização e orientação dos interesses econômicos, tecnológicos e assistenciais de caráter interativo de suas associadas, em função das peculiaridades da região onde atuam. b) a agilização, atualização constante, produtividade, e expansão dos serviços de assistência médica prestados pelas suas associadas. O diretor administrativo atual é o Doutor Marcos Aurélio Villardi, também vice-presidente da Unimed Pindamonhangaba21. 30 Com sua atualização constante e oferecendo inúmeros serviços aos usuários, a Home Page da Intrafederativa do Vale do Paraíba vem conquistando prêmios de grande importância21: Unibest 2003 - 3º colocado. Unibest 2004 - Top 5. 1.2 Objetivo da pesquisa O objetivo deste trabalho é verificar a possibilidade da redução de custo referente a tratamento oncológico, mantendo ou melhorando o padrão de atendimento da Unimed Pindamonhangaba. 31 2. DESENVOLVIMENTO Para a realização deste trabalho fizemos um modelo de serviço próprio de quimioterapia da Unimed Pindamonhangaba, com cotação sobre o custo da área física, equipamentos, e mobiliários respeitando-se todas as normas legais impostas pelos órgãos competentes, tais como: consultório com pelo menos 7,50 (sete e meio) metros quadrados, contendo torneira de água fria; área destinada á paramentação provida de lavabo; posto de enfermagem com no mínimo 6,00 (seis) metros quadrados; sala de preparação de quimioterápicos com pelo menos 5,00 (cinco) metros quadrados; área de armazenamento de medicamentos exclusiva com um mínimo de 3,00 (três) metros quadrados; sala de aplicação de quimioterápicos com pelo menos 7,00 (sete) metros quadrados por leito e 5,00 (cinco) metros quadrados por poltrona; além de gerador de chaveamento manual 24 (vinte e quatro) horas e cabine de segurança biológica classe II B 2 (dois B dois), entre outros22,23,24,25. Utilizamos o valor da cotação para fazermos quatro propostas de crédito, com base no dia 17 de agosto de 2006, com carência de seis meses para início do pagamento junto á Unicred Pindamonhangaba, que é uma cooperativa de crédito formada pelos profissionais da saúde do Município de Pindamonhangaba. Os empréstimos seriam feitos de três em três meses, para a realização do empreendimento que deve ser concluído em um ano. Os dois últimos empréstimos terão valor um pouco maior, para que se possam pagar as 32 primeiras parcelas dos dois primeiros, que se iniciarão seis meses depois, sem que haja a necessidade de se retirar dinheiro do caixa da cooperativa. Uma vez obtido o custo mensal com pagamento de empréstimo para a montagem do empreendimento, adicionamos o restante dos custos, como pagamento de médico oncologista que deverá prestar serviço duas vezes por semana, médicos que farão a retaguarda nos outros dias, pagamento de um enfermeiro com nível superior, um farmacêutico, e uma recepcionista, além de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), água, luz, e telefone. Fizemos também um cálculo do gasto com materiais e medicamentos, para isto utilizamos uma amostragem de contas de serviços oncológicos enviadas pelas empresas prestadoras à Unimed Pindamonhangaba que foram realizados no período de 15 de março a 15 de abril de 2006. Logo após, fizemos então uma comparação dos valores presentes nestas contas, com os materiais e medicamentos por nós cotados. Como sabemos o valor anual e o valor médio mensal que gastamos com as empresas prestadoras de serviço em quimioterapia, pudemos fazer o cálculo de quanto gastaríamos de materiais e medicamentos, e somamos com as demais despesas acima mencionadas. Com isto conseguimos de maneira bastante aproximada a comparação do que gastamos atualmente o para quanto gastaríamos com serviço próprio. Para fazermos a cotação do estabelecimento, utilizamos o serviço de um engenheiro civil que fez o projeto, e adicionamos os valores da cabine de segurança biológica classe II B 2 (dois B dois), e do gerador de 33 chaveamento manual por nós cotado, mais os valores referentes a leitos, poltronas para quimioterapia, ar condicionado, demais aparelhos, e mobiliários. Calculamos o gasto com luz em torno de cinco kilowatts/hora, por metro quadrado, por mês. Como em nosso projeto a área do edifício é de aproximadamente duzentos aproximadamente mil metros kilowatts/hora, quadrados, que deveremos geraria um consumir custo de aproximadamente quatrocentos reais por mês. O consumo de água foi calculado em torno de 0,25 metro cúbico por metro quadrado por mês, portanto 50,00 metros cúbicos de água, gerando uma despesa mensal em torno de cento e cinqüenta reais. A conta de telefone foi calculada em torno de quinhentos reais por mês, baseada em contas telefônicas de outros setores da Unimed Pindamonhangaba, com características bastante semelhantes. O Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) foi calculado tendo como parâmetro o laboratório da Unimed Pindamonhangaba, gerando uma despesa de aproximadamente cem reais por mês. Para determinarmos os profissionais da saúde necessários, fizemos um levantamento junto á Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), onde recebemos a informação de que há a necessidade de uma Equipe Multiprofissional de Quimioterapia Antineoplásica (EMQA), grupo constituído de profissional médico oncologista clínico com habilitação reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), além de enfermeiro com formação superior e farmacêutico habilitados22,23,24,25. A partir deste ponto iniciamos a pesquisa dos custos destes profissionais, para isto utilizamos os valores já 34 pagos pela cooperativa para os profissionais que já possuímos, e adicionamos 117,51%, relativo a gastos com décimo terceiro salário, fundo de garantia, vale transporte, férias, insalubridade, refeição, participação nos resultados, uniforme, plano de saúde, horas extras, e indenizações entre outros. Este número é um valor já previamente calculado pela Unimed Pindamonhangaba, através de levantamento realizado em seu quadro de funcionários. Fizemos então uma pesquisa junto ao Departamento Pessoal da Unimed Pindamonhangaba, para conseguir o valor que gastaríamos com vários dos profissionais envolvidos. A partir deste ponto fizemos então os seguintes cálculos: • Enfermeiro com nível superior: O salário pago pela Unimed Pindamonhangaba atualmente é de mil quinhentos e noventa e nove reais, e treze centavos, por uma jornada de cento e oitenta horas mensais12. Acreditamos que esta carga horária seja suficiente para cobrir as necessidades do nosso serviço. Portanto com a adição de 117,51% teremos então: R$ 1.599,13 + R$ 1.879,14 = R$ 3.478,27 mensais. • Farmacêutico: A Unimed Pindamonhangaba paga atualmente para seu farmacêutico a importância de dois mil, setecentos e sessenta e oito reais, e cinqüenta e cinco centavos por mês por uma jornada de quarenta e oito horas semanais12. No entanto, precisaremos de apenas metade desta carga horária para suprir nossas necessidades. Respeitando o piso salarial da categoria 35 deveremos pagar mil e quatrocentos reais, em vez de apenas cinqüenta por cento. Portanto com a adição de 117,51% temos: R$ 1.400,00 + R$ 1.645,14 = R$ 3.045,14 mensais. • Recepcionista: Apesar de não constar nas determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, achamos necessária a sua atuação no serviço. Recebe atualmente salário de quinhentos e setenta e seis reais, e cinqüenta centavos pela Unimed Pindamonhangaba12. Com a adição de 117,51% temos então: R$ 576,50 + R$ 677,44 = R$ 1.253,94 reais mensais. Para a cotação do médico oncologista, utilizamos o Banco e Empregos Médicos (BEM), que é um site na Internet especializado em oferta e procura de empregos médicos, vinculado ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), e Catho Online (também na Internet), bem como através de pesquisa direta com profissionais da área. Descobrimos que o valor médio pago pelo mercado de trabalho varia em torno de quinhentos e cinqüenta reais por dia em turno de oito horas em contrato através de pessoa jurídica, portanto livre de encargos e obrigações trabalhistas. Como este profissional deverá comparecer duas vezes por semana no serviço, teremos aproximadamente oito dias trabalhados por mês, já descontados os feriados. Portanto temos: 8 x R$ 550,00 = R$ 4.400,00 mensais. Devemos ainda levar em conta a necessidade de uma equipe de médicos que fará o apoio para o oncologista clínico. Esta equipe deverá atuar 36 nos dias úteis em que o oncologista não esteja presente no local. Podemos calcular usando o mesmo valor usado para pagar o médico oncologista. Descontando-se os feriados chegamos ao número de 12 dias trabalhados por mês. Temos portanto: 12 x R$ 550,00 = R$ 6.600,00 por mês. Obtivemos ainda o valor aproximado dos custos do serviço de limpeza baseando-se nos custos da atual empresa prestadora para o hospital da Unimed Pindamonhangaba, o Hospital Doutor Caio Gomes Figueiredo, fazendo-se os ajustes necessários de acordo com a diferença de área entre os dois estabelecimentos, e o período de funcionamento. Portanto este serviço deve gerar um custo aproximado de seiscentos reais mensais. O projeto do estabelecimento foi feito com o auxílio do Engenheiro Flávio Augusto Cirne Pellegrino (CREA 5060197557), respeitando todas as regulamentações necessárias para a sua aprovação junto às autoridades competentes, bem como tornando o local funcional e adequado para a finalidade proposta como se pode ver através da planta presente no Anexo A. Terminado o projeto, o mesmo profissional elaborou um trabalho que resultou em um laudo técnico sobre o custo do empreendimento conforme podemos verificar adiante no Anexo B. Adicionamos ao valor do imóvel, valores referentes à cabine de segurança biológica classe II B 2 (também conhecida como capela de fluxo laminar), marca Quimis, modelo Q216F22RB2, que atende as normalizações contidas na Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) de junho de 37 199626; gerador com chaveamento manual 24 horas, marca Toyama, modelo KGE 3000TC – 110V , motor à gasolina, com potência máxima de 2,6 quilovolt-ampère (KVA)27; três poltronas de quimioterapia oncológica marca Fowler, modelo Semi-Luxo28; uma cama para aplicação de quimioterapia oncológica marca Flowler, modelo Standart28; dois aparelhos de ar condicionado, marca LG, modelo Split Hi-Wall, eletrônico, com capacidade de refrigeração de nove mil British Thermal Unit (BTU) por hora29; eletrocardiógrafo portátil com sete derivações seqüenciais e impressora térmica de alta resolução marca Ecafix, modelo ECG-630; carro de emergência marca Long Life, modelo L.102, com estrutura em aço e bandeja superior com base giratória31; monitor cardíaco marca Emai, modelo MX-10, com proteção contra descarga de desfibrilador, rejeição de interferências e saída para sincronismo com desfibrilador32; aspirador portátil, marca NS, modelo MA 520, com protetor térmico e bomba de vácuo por diafragma33; desfibrilador cardíaco, marca Emai, modelo DX-10 Plus, provido de sincronismo e três circuitos de proteção34; e ainda demais mobiliários necessários para o correto funcionamento do empreendimento26, respeitando também toda a regulamentação das autoridades sanitárias22,23,24,25. Adicionamos também valor referente a despesas extras que sempre acabam aparecendo no processo de montagem e funcionamento do serviço. Obtivemos então os seguintes valores: 38 Quadro 10 - Itens necessários para a montagem e funcionamento do centro de quimioterapia, com seus respectivos valores em reais ITEM VALOR Capela de fluxo laminar: 35.208,00 Gerador com chaveamento manual: 2.590,00 Três poltronas para quimioterapia: 3 x 760,00 = 2.280,00 Um leito para quimioterapia: 899,00 Carro de emergência: 1.521,00 Desfibrilador: 5.580,00 Aspirador portátil: 270,75 Eletrocardiógrafo: 3.915,00 Dois aparelhos de ar condicionado: 2 x 1274,15 = 2.548,30 Monitor cardíaco: 2.592,00 Demais mobiliários: 22.350,00 Despesas extras: 20.000,00 Total: 99.754,05 Fonte: Departamento de Compras da Unimed Pindamonhangaba 2006, e sites especializados em equipamentos médico-hospitalares na Internet27,28,29,30,31,32,33,34. Fizemos então a aproximação do valor total de noventa e nove mil, setecentos e cinqüenta e quatro reais, e cinco centavos, para cem mil reais, divididos em quatro empréstimos, a fim de utilizarmos como valor base para o pedido de crédito. Para fazermos o cálculo com gastos relativos a materiais e medicamentos, observamos cuidadosamente todos os materiais e medicamentos presentes nas contas de nossa amostragem, e fizemos cotação própria. As cotações dos medicamentos foram feitas pelo farmacêutico da Unimed Pindamonhangaba que tem larga experiência em cotações de 39 medicamentos. Neste item existe margem para uma grande economia, visto que há uma diferença muito grande entre os valores encontrados em nossa amostragem e os valores cotados por nós. Vejamos então alguns exemplos: • Metotrexato 500 mg: encontrado em nossa amostra no valor de duzentos e quarenta e cinco reais e noventa centavos, foi cotado por trinta e seis reais e trinta centavos. • Docetaxel 80 mg: encontrado por até dois mil setecentos e dezesseis reais e noventa e cinco centavos, foi cotado a novecentos e noventa reais. • Granisetrona 1,0 mg: presente em nossa amostragem por oitenta e seis reais e cinqüenta e seis centavos, encontrado pelo valor de dezenove reais e dez centavos. • Filgrastima 300 mcg (30 MU): encontrado por quatrocentos e vinte e cinco reais e cinqüenta e quatro centavos, foi cotado por quarenta e três reais. • Ácido Zoledrônico 4 mg: presente na amostragem por mil trezentos e noventa e dois reais e noventa e dois centavos, cotado por oitocentos e setenta e três reais. • Goserelina 3,6 mg: presente no valor de quinhentos e quarenta reais e sessenta e quatro centavos, cotado por trezentos e noventa e seis reais. • Leuprolida 3,75 mg / ml: encontrada na amostragem no valor de quinhentos e doze reais e sessenta e seis centavos, cotado por nós em cento e sessenta reais. 40 • Paclitaxel 100 mg: presente no valor de dois mil cento e quarenta e oito reais e noventa e dois centavos, cotado por noventa e nove reais. • Carboplatina 150 mg: encontrada na amostragem no valor de seiscentos e trinta e um reais e sessenta e três centavos, foi cotado por oitenta e nove reais e vinte centavos. Como o custo com medicamentos representa uma parcela muito grande do valor total das contas que nos são enviadas, estas diferenças encontradas acabam por gerar uma grande redução de custos, como veremos mais adiante. Os materiais presentes em nossa amostragem, assim como grande parte dos equipamentos necessários para o funcionamento do centro de quimioterapia, foram cotados pelo Departamento de Compras da Unimed Pindamonhangaba, que possui grande experiência no assunto, e também através de sites especializados em venda de materiais médico-hospitalares na Internet27,28,29,30,31,32,33,34. Somamos então todas as contas da nossa amostragem, assim como todos os materiais e medicamentos cotados. Temos então de um lado o custo total da amostragem, e de outro, o custo total de todos os materiais e medicamentos dentro desta mesma amostragem se fossem cotados por nós. A partir disto, pudemos estabelecer uma proporcionalidade de custos entre as contas que nos são enviadas, com os custos que teríamos com materiais e medicamentos em um serviço próprio. 41 Através da soma de todas as contas da amostragem, chegamos ao valor de vinte e seis mil, oitocentos e trinta e nove reais e doze centavos. A soma de todos os materiais e medicamentos cotados por nós nesta mesma amostragem é de oito mil quatrocentos e cinqüenta e cinco reais e noventa e nove centavos. Como sabemos que o custo mensal médio da Unimed Pindamonhangaba com serviços de quimioterapia é de sessenta e quatro mil e quinhentos reais, aproximadamente, podemos através de uma simples regra de três, estabelecer facilmente um valor bastante aproximado do quanto gastaríamos com materiais e medicamentos em média por mês. Portanto podemos dizer que sessenta e quatro mil e quinhentos reais estão para vinte seis mil, oitocentos e trinta e nove reais, e doze centavos; assim como nossa média mensal de materiais e medicamentos (Y) esta para oito mil, quatrocentos e cinqüenta e cinco reais e noventa e nove centavos. Temos então: R$ 64.500,00 x R$ 8.455,99 = Y x R$ 26.839,12 Passando R$ 26.839,12 para o outro lado da equação temos: Y = R$ 64.500,00 x R$ 8.455,99 R$ 26.839,12 Y = R$ 545.411.355,00 R$ 26.839,12 Y = R$ 20.321,50 42 Portanto nosso custo com materiais e medicamentos deve estar em torno de aproximadamente vinte mil, trezentos e vinte e um reais e cinqüenta centavos em média, por mês. Quanto ao pagamento mensal dos empréstimos chegamos aos seguintes valores, baseados em simulação junto a Unicred Pindamonhangaba, tendo cem mil reais como valor base: quatro pagamentos todos os meses, sendo dois pagamentos de quatro mil oitocentos e dezoito reais e oitenta e quatro centavos, referentes aos dois primeiros empréstimos; um pagamento de cinco mil quinhentos e quinze reais e quarenta e oito centavos, referente ao terceiro empréstimo; e mais um de seis mil duzentos e doze reais e onze centavos, referente ao quarto e último empréstimo. Todos serão pagos em um período de trinta e seis meses, com carência de seis meses para início do pagamento. Somando-se todos os quatro pagamentos temos: R$ 4.818,84 + R$ 4.818,84 + R$ 5.515,48 + R$ 6.212,11 = R$ 21.365,27 Portanto o valor mensal com pagamento de empréstimo será de aproximadamente vinte e um mil, trezentos e sessenta e cinco reais, e vinte e sete centavos. A vantagem deste trabalho através de modelo comparativo é o de não se precisar montar um serviço, com todo o seu trabalho, tempo e custo, para se ter uma idéia aproximada sobre a viabilidade do projeto. Adequações: para a realização deste trabalho foi realizada amostragem de contas das empresas prestadoras de serviço de quimioterapia de apenas um mês, devido ao grande trabalho para seu levantamento e 43 comparação, sendo feita então a posterior extrapolação do valor gasto com materiais e medicamentos, através da regra de três, baseados nos dados que já possuímos referente aos nossos gastos. Algumas despesas como água, luz, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e telefone foram obtidas através de cálculo do provável gasto. Limitações: as comparações foram feitas baseadas em um modelo, portanto, embora devam ser bastante semelhantes, podem não corresponder exatamente aos valores encontrados. Para a obtenção dos resultados, somamos então os seguintes valores: Pagamento de empréstimos: R$ 21.365,27 Materiais e medicamentos: R$ 20.321,50 Equipe médica de apoio: R$ 6.600,00 Oncologista clínico: R$ 4.400,00 Enfermeiro: R$ 3.478,27 Farmacêutico: R$ 3.045,14 Recepcionista: R$ 1.253,94 Serviço de limpeza: R$ 600,00 Telefone: R$ 500,00 Conta de luz: R$ 400,00 Conta de água: R$ 150,00 IPTU: R$ 100,00 Total: R$ 62.214,12 44 Através deste resultado, verificamos que o custo com serviço próprio de quimioterapia seria em torno de sessenta e dois mil, duzentos e quatorze reais, e doze centavos mensais. Ao subtrairmos nosso custo médio mensal com serviços de quimioterapia pelo valor acima encontrado pelo temos: Custo médio mensal atual: R$ 64.516,87 Custo mensal do serviço próprio: - R$ 62.214,12 R$ 2.302,75 Portanto valor dois mil, trezentos e dois reais, e setenta e cinco centavos menor que o nosso atual custo mensal, mesmo com a inclusão do pagamento de empréstimo. Após o período de 36 meses, teremos quitado todo o pagamento de empréstimos; portanto vinte e um mil, trezentos e sessenta e cinco reais e vinte e sete centavos a menos. Economia nos primeiros 36 meses: R$ 2.302,75 Pagamento de empréstimo: + R$ 21.365,27 R$ 23.668,02 Teríamos então uma redução de gastos de vinte e três mil, seiscentos e sessenta e oito reais, e dois centavos ao mês; após período de trinta e seis meses. Calculando por período de doze meses temos: 45 Economia após 36 meses: R$ 23.668,02 x 12 Período de 12 meses: R$ 284.016,24 Portanto teríamos uma economia de duzentos e oitenta e quatro mil, dezesseis reais, e vinte e quatro centavos ao ano. Através dos números acima colocados, podemos perceber de maneira bastante clara que o modelo proposto de centro de quimioterapia próprio da Unimed Pindamonhangaba é bastante viável, sobre o ponto de vista econômico para a nossa cooperativa. Devemos também destacar que neste estudo não foram colocados os atendimentos relativos a usuários em contrato de custo operacional, intercâmbio ou auto-gestão. Estes usuários certamente poderiam ser atendidos por este serviço, diminuindo então de maneira importante nossa porcentagem de custos fixos, que no modelo proposto representa cerca de 60% dos custos durante os primeiros trinta e seis meses de funcionamento. Certamente todas as fontes pagadoras destes usuários, pagam para as empresas prestadoras de serviço oncológico, valores semelhantes aos que nós pagamos atualmente para o atendimento de nossos usuários. Com a utilização deste serviço, os referidos usuários poderão ser tratados com um custo significantemente menor para as fontes pagadoras, e ainda assim gerando boa receita financeira para a nossa cooperativa. Isto sem dúvida acaba gerando fidelização de nossos 46 clientes em custo operacional, além de melhorar bastante nosso relacionamento com as outras singulares da Unimed e empresas de autogestão. Outro fator importantíssimo a ser considerado é o de que o valor do empreendimento seria pago em sua totalidade em um período de trinta e nove meses após o início de funcionamento do serviço, portanto o custo do serviço irá diminuir em vinte e um mil, trezentos e sessenta e cinco reais, e vinte e sete centavos após este período, tornando o empreendimento ainda mais interessante, pois teremos um prédio nosso e totalmente quitado. Importante também salientar que é possível conseguir empréstimos com taxas muito menores junta à programas de desenvolvimento econômico do governo. Estes empréstimos mais favoráveis certamente diminuiriam de maneira importante as parcelas do seu pagamento, tornando o negócio ainda mais atraente. Devemos ainda comentar o fato de que os materiais e medicamentos foram cotados sem que houvesse negociação prévia, pelo simples fato de que não iríamos comprar realmente os produtos naquele momento, portanto certamente poderão receber um desconto ainda maior, conseguido através de negociação com fornecedores. Através da implantação deste centro de quimioterapia, deveremos também melhorar as oportunidades de trabalho para nossos cooperados, pois alguns deles poderão trabalhar no serviço, fazendo parte da equipe de apoio. Teríamos então seis mil e seiscentos reais a mais de renda no bolso de nossos cooperados. 47 Outro detalhe importante é que iríamos diminuir nosso gasto com intercâmbio, pois a maioria das empresas prestadoras de serviço oncológico atende em outros municípios. Nossos usuários seriam atendidos na própria cidade, o que também facilitaria de maneira importante o acesso destes pacientes ao tratamento, com a conseqüente melhora do índice de satisfação do cliente, uma vez que as doenças oncológicas são freqüentemente incapacitantes, dificultando bastante a locomoção para outros municípios. Devemos também considerar que a Unimed Pindamonhangaba deve fazer uma ampliação em seu hospital ou construir um novo em breve, isto cria condições muito mais favoráveis para a montagem de um centro de quimioterapia próprio, uma vez que várias partes do empreendimento, tais como: terreno, projeto, recepção, gerador, dispensário, guarda macas, copa, sala de materiais de limpeza, consultório, sala de espera, sala de utilidades, leito, banheiros, desfibrilador, monitor cardíaco, eletrocardiógrafo, carro de emergência e até mesmo alguns funcionários podem e devem ser compartilhados com outros setores, diminuindo de maneira importante os investimentos necessários para a sua implantação. Existe inclusive a grande possibilidade de que a Prefeitura de Pindamonhangaba faça uma doação da área para a construção do hospital. A implantação deste serviço deve atrair também usuários de outros municípios, provenientes de algumas Unimeds da região que não possuem serviço de quimioterapia, tais como: Campos do Jordão, Caçapava, Cruzeiro, e 48 Lorena e que devem encaminhar seus usuários para este serviço como forma de diminuir custos. Devemos admitir também que este centro de quimioterapia funcionaria como um grande diferencial de mercado, uma vez que as empresas concorrentes não possuem este tipo de serviço no município. 49 3 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos neste trabalho, concluímos que o modelo proposto de centro de quimioterapia próprio da Pindamonhangaba oferece bastante vantagem sobre o serviço atual. Unimed 50 4 REFERÊNCIAS 1 http://www.ans.gov.br/portal/site/legislacao/legislacao.asp. 12/06/2006. 2 http://www.unimeds.com.br/ 20/06/2006. 3 http://www.dieese.org.br/esp/listpub_soceconomicos.xml 15/07/2006. 4 http://www.abramge.com.br/internas.asp?secaonome=indices2 12/07/2006. 5 Folha de São Paulo, 14/11./2004. 6 Revista Espaço Acadêmico, número 57, fevereiro de 2006. 7 http://www.unimed.com.br/pct/index.jsp?cd_canal=34393&cd_secao = 34360, 18/07/2006. 8 Boletim Trevisan, 08 de março de 2006. 9 http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/index.htm 15/09/2006. 10 http://www2.uol.com.br/infopessoal/noticias/_IMPOSTOS_TOP_573852. shtml 12/09/2006. 11 Folha de S._Paulo - Estado aumenta impostos e diminui investimento total – 03/09/2006.htm. 12 Unimed Pindamonhangaba 2006. 13 http://www.hgepa.eb.mil.br/clinicas_sv/clinicas_sv.htm 20/06/2006. 14 http://www.unimedsobral.com.br/historia.html 15/06/2006. 15 http://www.unimedsor.com.br/historia.php 20/06/2006. 16 http://www.unimed-santos.com.br/layouts/capa/index_1.asp?cod=8543 18/06/2006. 51 17 http://www.unimedbelem.com.br/historia.asp 22/06/2006. 18 http://www.unimedcataguases.com.br/a_unimed.htm 15/06/2006. //www.unimed.com.br/pct/index.jsp?cd_canal=34393&cd_secao=34346. 25/08/2006. 19 http://www.unimedpinda.com.br/conheca_a_unimed.htm 23/08/2006. 20 http://www.federacaounimedsvale.srv.br/links/historico.htm 26/08/2006. 21 Resolução RDC/ANVISA nº 220, de 21 de setembro de 2004. 22 Resolução RDC/ANVISA nº 33, de 25 de fevereiro de 2003. 23 Resolução RDC/ANVISA nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. 24 Lei Federal 6.437, de 20 de agosto de 1977 25 Departamento de compras da Unimed Pindamonhangaba, 28 de julho de 2006. 26 http://www.comprafacil.com.br/product.asp?dept_id=34161&17/09/2006. 27 http://www.staluzia.com.br/linha/catalogo/sl-0180.html 17/09/2006. 28 http://www.poloar.com.br/ 17/09/2006. 29 http://www.rumo.com.br/sistema/ListaProdutos.asp? 17/09/2006. 30 http://www.rumo.com.br/sistema/ListaProdutos.asp?17/09/2006. 31 http://www.rumo.com.br/sistema/ListaProdutos.asp?17/09/2006. 32 http://www.compresaude.com.br/loja/detalhes.php?pCod_produto=117 17/09/2006. 33 http://www.rumo.com.br/sistema/ListaProdutos.asp?17/09/2006.