Alianza GIST embarca em um novo plano para promover o apoio e a defesa dos pacientes com GIST na América Latina Por Piga Fernández Representate do Chile ntre e 25 e 28 de março, 28 representantes de 12 países da América Latina se reuniram em Miami e receberam um treinamento completo acerca do tratamento de GIST e de como melhorar a educação, o apoio e a defesa da comunidade de pacientes com GIST na América Latina. Antes do encontro, os representantes realizaram uma análise das diferenças em seus países e identificaram áreas nas quais o acesso ao tratamento tem dificuldades. Durante a reunião, eles destacaram a importância e os objetivos de seu trabalho e se capacitaram nos distintos níveis de apoio e defesa dos pacientes, tratando temas como: criação de políticas públicas, criação de alianças estratégicas e compromisos com as autoridades do governo, utilização dos meios para a defesa e o apoio aos pacientes e a peregrinação dos pacientes para obter o E Representantes de 12 países da América Latina se reuniram em Miami para realizar a Terceira Reunião Anual da Alianza GIST. Lançamento da página web da Alianza GIST! A lianza GIST tem o orgulho de comunicar-lhes o lançamento oficial de sua nova página web: www.alianzagist.org. Com o objeto de alcançar a maior quantidade de habitantes da América Latina, esta página web estará disponivel em três idiomas: inglês, espanhol e portugués. Os interessados encontrarão informação acerca da Alianza GIST, seu trabalho, os comunicados de imprensa, boletins, relatórios e apresentações. Também encontrarão uma grande quantidade de informação acerca de GIST, seu tratamento e efeitos secundários; o mais importante é PAGINA WEB Página 5 MIAMI, Página 2 A VozAlone do GIST Página 2 — de Raft 2012 Group — February 2010 — PAGE 2 Ensuring That No One Has To Face GIST —— Newsletter ofJunho the Life REUNIÃO ANUAL DE 25 A 28 DE MARÇO, 2012 – MIAMI, FL. USA MIAMI informação estatística relacionada com a incidência desta enfermidade e à De La Página 1 sobrevivência dos pacientes tratamento necessário. com GIST na América Life Raft Group apresentou um Latina, informação programa de registro de pacientes, uma desconhecida até este ferramenta que será usada por Alianza momento. GIST para fazer um acompanhamento às Com a direção de Bob tendências dos tratamentos e suas doses; Chapman, de American que por sua vez é um valioso auxílio para Cancer Society, Alianza os investigadores de GIST, em áreas GIST estableceu sua missão como o Banco Colaborativo de Tecido, focada em três áreas: um programa que oferece gratuitamente, Educação e Apoio, Defesa e María Helena Matamala, Sandra Mesri, Piga Fernández, Silvia Castillo de Armas e estudos mutacionais a todos os pacientes Acesso ao Tratamento, e a Vicky Ossio. com GIST que os solicitem, assim como Investigação e Vigilância. tecido doado para a investigação. Ambas “Nosso compromisso é com a Nosso compromisso é trabalhar daquí iniciativas, o Registro de Pacientes como sobrevivência dos pacientes com GIST em diante unindo nossos esforços para o Banco de Tecidos, são formas nas na América Latina e que nenhum deles melhorar a qualidade de vida dos quais os pacientes com GIST da América tenha que enfrentar esta enfermidade pacientes com GIST na América Latina, Latina podem participar ativamente na sozinho” afirmou Vicky Ossio, da temos que comprometer os distintos investigação que tem como objetivo Bolivia. setores da sociedade para garantir que o salvar vidas. Estes programas permitem a O compartilhamento de modelos cenário em que os pacientes se movam Alianza GIST coletar importante exitosos, motivou os membros deste para conseguir seu tratamiento seja um grupo a cenário digno e efetivo”. trabalharem mais arduamente em seus programas de difusão, apoio e defesa na América Latina. Como disse Piga Fernández do Chile: “Este é um novo ponto Xiomara Barrientos, Silvia Castillo de de partida de nosso trabalho Armas e María Teresa Ponce. como Rodrigo Salas, Alex Miranda, Sandra Mesri, Sara Rothschild, MIAMI, Página 3 coligação. Roberto Pazmino, Mo Mayrides e María Helena Matamala. A Voz do GIST — Página 3 — Junho de 2012 MIAMI Da Página 2 Sandra Mesri, Rafael Vega e Melisa Biman María Teresa Ponce, Vicky Ossio e Piga Fernández. Norman Scherzer, Melisa Biman, Sara Rothschild e Sandra Mesri. Durante a reunião, tivemos a oportunidade de ver interessantes apresentações. Da esquerda para a direita: Alejando Miranda, María Isabel Gómez, Silvia Castillo de Armas, María Teresa Ponce e Maurice Mayrides. Alianza GIST realiza seu primeiro evento para arrecadar fundos! D urante a Reunião em Miami, no restaurante NOVECENTO, aconteceu o primeiro evento da Alianza GIST para arrecadar fundos em beneficio dos pacientes com GIST da América Latina. Queremos agradecer a NOVECENTO por seu apoio nesta iniciativa, assim como a todos os generosos doadores que Melisa Biman e um generoso doador. tornaram possível a arrecadação de USD 970. Esperamos no futuro continuar contando com sua ajuda. Não podemos deixar de agradecer â Melisa Biman, que, com a ajuda de Roberto Pazmino mostrou inacreditáveis dotes de “recrutadora de fundos”. Obrigada Meli por sua colaboração na organização deste exitoso evento! Rostos sorridentes ao finalizar a primeira atividade da Alianza GIST para arrecadar fundos. A Voz do GIST — Página 4 — Junho de 2012 ACESSO AO TRATAMENTO NA AMÉRICA LATINA D e acordo com a informação dada por nossos representantes, pudemos constatar que um dos grandes problemas que enfrentam os pacientes com GIST em alguns países da América Latina é o acesso ao tratamento indicado, que os manterá com vida. Existem países, como o Chile, em que a patología não está reconhecida como tal, o que significa que seu tratamento não tem cobertura por parte dos sistemas de saúde tanto públicos (FONASA) como privados (ISAPRES). Os pacientes tratados pelo sistema público de saúde, obtêm o tratamento de primeira línha (GLIVEC), unicamente graças ao programa de doação GIPAP do laboratorio Novartis; e os pacientes cobertos por sistemas de saúde privados, para poder ter acesso ao tratamento necessário, têm que fazer uso de seus seguros catastróficos, pagando altos valores. No caso de o paciente necessitar de tratamento de segunda linha, (SUTENT), para ter acesso ao tratamento, seja pelo sistema público de saúde ou pelo sistema privado, deve iniciar uma ação legal baseada no “Direito à Vida”, trâmite longo e complicado e que ainda implica em um desembolso econômico significativo por parte do paciente. Há outros países como Argentina, Brasil, Colombia, Costa Rica e Guatemala, onde o cenário é mais alentador pois nestes países, o GIST é reconhecido como uma patología. Na Argentina, Brasil e Costa Rica, o tratamento com Glivec (primeira linha) e com Sutent (segunda linha) estão aprovados, se bem que se requer uma ação por parte dos pacientes em conjunto com seu médico. Na Argentina, os pacientes atendidos pelo sistema público ou privado, têm acesso ao tratamento necessário já que existe uma lei que establece que: “É um direito legal do paciente receber o tratamento indicado por seu médico”. No Brasil, os pacientes que são atendidos pelo sistema público de saúde, recebem seu tratamento desde que tenham sido avaliados por um oncologista do Sistema Único de Saúde e que o caso tenha sido revisado pela Secretaría Municipal de Saúde. Os pacientes com cobertura privada, obtém seu tratamento nas farmácias do Sistema Único de Saúde, uma vez que seu oncologista tenha feito um requerimento ao SUS. Se por alguma razão for negada aos pacientes o acesso ao tratamento, estes devem iniciar uma ação judicial para obtê-lo, já que a Constituição Brasileira garante aos pacientes o acesso ao tratamento necessário. Na Colombia e Guatemala, apesar de a patología estar reconhecida como tal, o acesso do paciente ao tratamento, não é fácil. Na Colombia, os pacientes devem entrar com uma ação legal para obter o tratamento e na Guatemala, para acessar o tratamento de primeira linha (GLIVEC), os pacientes atendidos pelo sistema público de saúde e pelo Instituto Guatemalteco de Seguro Social (IGSS) devem entrar no programa de doação GIPAP. Os pacientes que são atendidos mediante seguros privados, têm valores pre-estabelecidos de cobertura, o que significa que uma vez excedido este valor, a seguradora deixa de prover o tratamento ao paciente. No caso de necessitar do tratamento de segunda linha (SUTENT), os pacientes atendidos em hospitais públicos não têm nenhuma possibilidade de accessar a este tratamento e os pacientes atendidos no IGSS devem interpor Recursos de Amparo aos Direitos Humanos e esperar que se saia a resolução de amparo para ter garantido o tratamento que necessitam. Em Honduras, a situação de pacientes com GIST é crítica. Em primeiro lugar, não existe um registro de pacientes, o que nos faz supor que o número de pacientes mal diagnosticados seja muito alto. Os pacientes que são tratados pelo sistema público de saúde, não têm nenhuma possibilidade de ter acesso ao medicamento necessário. A situação dos pacientes que se encontram cobertos pelo Seguro Social Oncológico é mais alentadora, já que eles recebem o tratamento que necessitam. Aos pacientes com seguros médicos privados, algumas companhías seguradoras cobrem 80 % do custo do tratamento, outras cobrem o total do tratamento, caso os pacientes tenham sido avaliados por meio de exames clínicos. Os medicamentos genéricos são outro tema de grande relevância para os pacientes con GIST na América Latina já que em muitos países, estes estão aprovados. Nesse cenário, o paciente com o apoio de seu médico deve iniciar uma ação legal contra o sistema de saúde para defender seu direito ao tratamento que necessita para manter-se com vida. Isto tem um alto custo para o paciente, tanto emocional como materialmente e em nenhum caso, garante que o paciente obterá o tratamento com a medicina convencional. De tudo o que foi exposto anteriormente, salta à vista que a situação dos pacientes com GIST na América Latina não é fácil. Deduz-se a importância da formação e da continuidade dos grupos de apoio que em cada país dão aos pacientes o apoio necessário, os mantém informados dos avanços da investigação, os orientam e apoiam no processo de obter o tratamento que precisam. Salta à vista também, a importância de unir forças a nível latinoamericano para enriquecermo-nos com as experiências dos países que tiveram avanços, criar uma conciência internacional do problema e em conjunto, garantir que todos os pacientes com GIST da América Latina obtenham o tratamento necessário para continuar vivendo em condições que os permitam ter uma vida normal. A Voz do GIST — Página 5— Junho de 2012 Homenagem nosso amigo Rafael Over 100 attendao3rd national Italian GISTBecerra meeting UM GERREIRO QUE NOS DEIXOU COMO HERANÇA, O EXEMPLO DE UM GRANDE LUTADOR Por Piga Fernández Representate do Chile “N ão se preocupe, nós GISTERS somos guerreiros” foi a mensagem que recibí de Rafa Becerra antes de submeter-me a uma cirurgia. Precisamente, isto é o que Rafa foi: um guerreiro que nos deixou o exemplo de uma pessoa excepcional. A luta de Rafa começou como a de todos os pacientes com GIST: enfrentando um diagnóstico para o qual não estamos preparados. Depois de sua cirurgía inicial, retomou sua vida normal, porém dando-se o tempo para estudar a enfermidade, aprender sobre os tratamentos que havia disponíveis e a lidar com os efeitos colaterais que estes tratamentos produzem. Em suas idas e vindas aos controles médicos, Rafa conheceu outras pessoas com a mesma enfermidade: Rafael Vega, María Helena Matamala. Juntos decidem formar uma organização de pacientes com GIST. Assim nasceu a Fundação GIST Colombia (www.fundaciongistcolombia.org), com o propósito de educar e informar aos PAGINA WEB Da Página 1 que nesta página encontraremos informação atualizada acerca das notícias e eventos de relevância para os pacientes com GIST, ou “GISTers” na América Latina. Além do mais, as pessoas que visitam a página e que desejem contatar uma pessoa em seu país para solicitar apoio e informação, terão acesso à informação de contato do representante de cada país. Para facilitar ainda mais a comunicação, Alianza GIST inaugurou uma comunidade de redes sociais na qual os pacientes ou seus acompanhantes possam acessar a pacientes e à comunidade médica acerca dos tratamentos e manejo dos efeitos colaterais que estes tratamentos produzem. RAFAEL BECERRA Incansáveis, os “Rafas” se uniram aos representantes de outros países da América Latina, para formar Alianza GIST, uma aliança com o propósito de melhorar a base dos conhecimentos e os padrões de cuidados para todos os pacientes com GIST da América Latina. Durante o desempenho de suas múltiplas obrigações na Colombia e na América Latina em geral, as que incluíam visitar em suas casas a cada paciente com GIST e membro da Fundação, a enfermidade de Rafa progrediu, se expandiu e finalmente venceu ao tratamento contra o GIST. Rafa faleceu em 8 de dezembro de 2011, mas como Jairo, irmão de Rafa escreveu Comunidade Alianza GIST e participar de “chat” entre eles. Agregamos também a opção na qual as organizações de pacientes de cada país possam participar dos “chats” em Grupos e assim comunicar-se internamente apenas com os membros do Grupo. Esta opção é muito útil para que os pacientes com GIST ou “GISTers”, possam obter apoio daquelas pessoas que estão perto deles, organizar reuniões e tratar temas de importância para os pacientes em seu próprio país ou em sua região. Atualmente o endereço da comunidade só está disponivel em espanhol. no blog de Rafa: “nos deixou um legado de luta, de constância e de positivismo frente às circunstâncias adversas que nos apresente a vida”. Rafa foi um exemplo para todos os pacientes com câncer, assim o destacou Rafa Vega em suas palavras de despedida: “Rafa foi o primeiro paciente na América Latina que conseguiu que o Seguro Social da Colombia aprovasse a medicina para o tratamento de GIST, antes que fosse aprovado no resto do mundo”. Isto comprova uma vez mais as palavras de Vicky Ossio, Coordenadora da Alianza GIST: “ Apesar do GIST ser terrivel, nos tem permitido conhecer pessoas excepcionais como Rafael Becerra”. No que concerne a Rafa, escolheu a forma de como enfrentar a vida e inclusive a morte. Em uma oportunidade disse a seu irmão: "Parto no día que tiver de partir, não antes". Nunca será justo que tenhamos que perder os nossos guerreiros, mas nos consola o imenso legado que eles nos deixaram. O mundo não será o mesmo sem eles, mas será um mundo diferente graças às grandes mudanças que eles fizeram. Se desejar mais informação acerca do site, ou tem perguntas, por favor contatenos por meio de: [email protected]. A Voz do GIST — Página 6 — Junho de 2012 Entrevista com o Dr. Rafael Aron Schmerling: Centro Avançado de Oncologia, Hospita São José, Brasil Por Dianne Waterland Representante do Brasil SUA FORMAÇÃO O pensamento científico unido ao trabalho foi algo que atraiu o Dr. Rafael Aron a ser um médico. Ele não se lembra exatamente quando decidiu… já passou tanto tempo! Se formou na Universidade de São Paulo (Escola Paulista de Medicina) em 1999. Se especializou em medicina clínica e mais tarde, em oncología. Durante a etapa de universitário, pensou em ortopedia e especialmente em pediatría DR. SCHMERLING por muito tempo, mas depois de fazer um curso de oncología, lhe pareceu óbvio que esse era o caminho. Sendo residente de Medicina Geral, ouviu falar de um novo medicamento que estava revolucionando o tratamento da Leucemia Mieloide Crônica (nesse momento, o imatinib era conhecido como STI-571) e no início de sua residência em oncología, se encontrou novamente com o mesmo medicamento, como um tratamento revolucionário para uma enfermidade que até a data, não tinha tratamento: os GIST. A perspectiva de poder tratar uma enfermidade de forma eficaz, atraiu a todos os médicos que tratavam GIST. Mas, o que chamou a atenção foi o inacredítável número de perguntas e dúvidas que surgíam do conhecimento do mecanismo do c-kit e de sua relação com o imatinib. Para o Dr. Rafael, este era um exemplo de como a ciência deve proceder, e de fato, um modelo a seguir na investigação de vários tumores. Com sua saída do serviço público, o número de pacientes com GIST Hospital São José que estão em tratamento com o Dr. Rafael, diminuiu. Pensa que só cinco pacientes estão em tratamento atualmente. A maioria dos pacientes o consulta para pedir sua opinião e logo voltam aos centros de saúde onde são atendidos. A meta é ir em busca da cura para aqueles pacientes que têm possibilidade de cura. E nos casos em que a cura não é possivel, tratar a toxicidade e a efetividade de maneira que os pacientes recuperem uma qualidade de vida o mais próxima do normal. CENTRO AVANÇADO DE ONCOLOGIA HOSPITAL SÃO JOSE, BRASIL A visão do Centro Avançado de Oncología do Hospital São José é a de dar aos pacientes o melhor, através da integração dos profissionais e especialistas que irão tratá-los. Apesar do oncologista ter um papel central na tomada de decisões, é sempre necessário o apoio da enfermagem e psicología, além da opinião dos médicos que possam estar envolvidos como os radiologistas, cirurgiões e inclusive os patologistas. Para alcançar todo o Brasil com sua visão, um número cada vez maior de médicos se relacionam com o Centro Avançado de Oncología do Hospital São José, seja em prática clínica como em programas de segunda opinião e inclusive, na referência para estudos clínicos de investigação. Inclusive, existe um programa de consulta de uma segunda opinião, através de um video por internete na qual um médico que atende um paciente em qualquer lugar do país pode apresentar seu caso para uma discussão formal. Recebemos pacientes para estudos clínicos do todo o Brasil, e inclusive de outros países Latino Americanos. Devido ao fato de que os sarcomas são patologias pouco frequentes, este sistema de consulta de uma segunda opinião é muito importante, ja que muitos médicos não poderiam tratar este tipo de enfermidade, e por sua vez o Centro se beneficia com os pacientes com GIST. O Dr. Rafael opina que existem dois problemas grandes que os pacientes com GIST no Brasil enfrentam. Um tema é a cirurgía. Muitos pacientes são operados por cirurgiões com pouca experiência nesta área, o que compromete os resultados a longo prazo… por isso é importante divulgar o conhecimento e como é impossivel que todos os cirurgiões tenham a habilidade necessária, é importante que aumente a cultura de encaminhar os pacientes a centros especializados. O outro tema é o acesso aos medicamentos em caso de uma enfermidade avançada. Apesar do sistema público fazer o tratamento, isto não é universal. Outra limitação é a falta de cobertura, inclusive nos sistemas privados. (Planos médicos e seguros). SUA VIDA FORA DO TRABALHO O Dr. Rafael é casado, tem uma filha de 4 anos e outra nascida em abril de 2012. Gosta de viajar, quando tem oportunidade. Tenta practicar esporte regularmente, porém uma lesão em seu ombro lhe impediu de jogar squash nos últimos meses. A Voz do GIST — Página 7— Junho de 2012 DIZEM OS ESPECIALISTAS A influência dos genes no desenvolvimento do câncer Por Dr. Eduardo Guzman Monterrey, Mexico G Introdução raças aos avanços científicos, atualmente se reconhece que em quase todos os cânceres existe uma influência genética importante para que se desenvolva um tumor malígno. Se estima que em até 15 % dos cânceres se encontra uma associação familiar e em 5% deles, o câncer é causado pela presença de uma síndrome de câncer hereditário. É DR. GUZMAN muito importante identificar aquelas pessoas com uma provável síndrome de cáncer hereditario, pois nos dá a oportunidade de prevenir o desenvolvimento de câncer na pessoa e em seus familiares. Com um só paciente diagnosticado com uma síndrome de câncer hereditário se pode ter um impacto significativo sobre centenas de pessoas em gerações subsequentes. Desafortunadamente, em muitas ocasiões o médico oncologista tem contato com um paciente com câncer, quando o tumor já se encontra avançado e existem poucas possibilidades de cura. No entanto, quando o câncer é diagnosticado precocemente, o tratamento é mais efetivo e menos mórbido. Igualmente, podemos ser muito mais efetivos ao prevení-lo que ao tentar tratar um tumor que esteja avançado. O avanço na área de genética do câncer tem sido tão importante nos últimos anos, que podemos prever que este representará a base dos futuros tratamentos oncológicos. Como reconhecer um câncer familiar? Para poder reconhecer uma possível síndrome de câncer hereditário é muito importante estar alerta em relação às características do câncer que se apresentem na familia. No geral, podemos suspeitar da presença de uma síndrome de câncer hereditário quando identificamos o câncer em situações incomuns. Alguns sinais que sugerem a presença de uma síndrome de câncer hereditario, são: 1. Aparição de câncer em pessoas jóvens 2. A presença de dois ou mais cânceres em um individuo 3. Aqueles tipos de câncer pouco comuns 4. Cânceres associados ao sexo em uma pessoa de sexo diferente (ex. câncer de mama em uma pessoa do sexo masculino) 5. A existência de um ou mais familiares em primeiro grau com o mesmo tipo de câncer 6. Quando se conhece que há familiares diagnosticados com uma síndrome de câncer hereditário 7. Certas raças com predisposição genética a determinados tipos de câncer (ex. judeus askenazi) A importância de conhecer a história familiar em relação ao câncer É muito importante conhecer sua história familiar em relação ao câncer. Desta maneira, é possível identificar padrões que nos possam fazer suspeitar de uma síndrome de câncer hereditário e tomar ações para prevenir o seu desenvolvimento futuro. Uma boa história familiar se realiza fazendo muitas perguntas e registrando, utilizando o formato do pedigree. Se deve incluir o máximo de informação disponivel em relação ao câncer e extender-se por pelo menos duas gerações atrás. É importante documentar o tipo de câncer, a idade de diagnóstico, a etapa em que o câncer foi diagnosticado e se este causou a morte. Principios de genética oncológica Quando existe uma síndrome de câncer hereditário, significa que existe uma alteração nos genes da pessoa que a predispõem ao desenvolvimento de câncer seja porque estes promovem o câncer (proto-oncogene) ou porque interferem num mecanismo de supressão do câncer (genes supressores tumorais). Esta alteração genética se transfere aos filhos, o que pode por sua vez causar o desenvolvimento de câncer neles e em um sem fim de gerações subsequentes. Cada ser humano tem dois pares de genes que se encontram distribuidos em 21 cromosomos. Um par genético vem do pai e o outro da mãe. Os genes podem ser dominantes ou recessivos. Uma mutação em um gene dominante pode causar o desenvolvimento de câncer apenas ao apresentar uma só copia alterada. O gene dominante se passa subsequentemente aos filhos, com uma probabilidade de 50 % de que estes apresentem a mesma alteração genética (Figura 1). Os filhos afetados podem então sofrer a enfermidade ou transferí-la a gerações subsequentes. Para que uma alteração em um gene recessivo cause câncer, esta precisa estar presente em ambos genes. Os genes recessivos são mais comuns na população, no entanto, raramente são responsáveis pelo desenvolvimento de câncer pois se requer que duas pessoas com a mesma alteração genética recessiva se unam para que seus filhos apresentem a enfermidade (Figura 2) Diagnóstico Para poder realizar o diagnóstico, é preciso identificar um posível portador com as características clínicas e familiares do câncer em questão. Atualmente é muito simples e cada vez mais barato fazer o diagnóstico de uma síndrome de câncer hereditário. Para as síndromes mais comuns, se tem muito claramente identificado o local específico no cromosomo onde se encontra a mutação causadora do câncer. Este estudo se realiza através da sequenciação completa do gene ou com o uso de testes específicos para as GUZMAN, Página 8 A Voz do GIST — Página 8 — Junho de 2012 Figura 1. Padrão de transmissão genética autossômica dominante. GUZMAN Da Página 7 mutações mais frequêntes em determinada síndrome de câncer hereditário que se suspeite. O estudo genético se pode realizar em uma mostra de células de qualquer tipo como uma mostra de sangue ou células da garganta. Uma vez identificada a alteração genética específica, então é extremamente simples e barato poder diagnosticar os familiares em primeiro grau com a mesma alteração genética. É sumamente importante que o processo de diagnóstico genético seja feito por uma consultoria genética adequada, onde se expliquem antecipadamente os beneficios e os riscos dos testes genéticos a serem realizados. Tratamento Mesmo não sendo possível alterar a informação genética de um individuo com o fim de reparar a mutação presente, sim, existem várias oportunidades de ajudar a pessoa a não Figura 2. Padrão de transmissão genética autosômica recessiva. ter o desenvolvimento do câncer. Uma vez identificada a predisposição genética, então se pode intervir para diagnosticar o câncer em uma etapa precoce ou em prevenir o desenvolvimento de câncer no futuro. O tratamento depende de um processo adequado de educação ao paciente, tomando em conta o risco que este tem de desenvolver câncer no futuro, assim como suas situações emocionais e sociais correspondentes. Através dele, se pode desenvolver uma estratégia terapêutica que tenha como objetivo primordial, a prevenção do desenvolvimento de câncer na pessoa e em seus familiares ou a identificação do câncer em uma etapa precoce, quando a sobrevida é muito alta. Por exemplo, em uma pessoa com predisposição hereditária ao câncer de mama se pode realizar uma ressonância magnética anual, o que permitiria diagnosticar o câncer em uma etapa muito precoce com excelente sobrevida associada. Ou inclusive, através de uma consultoria adequada, a mulher pudesse submeter-se a procedimentos cirúrgicos preventivos como uma mastectomia bilateral, o que diminui significativamente as probabilidades de desenvolver câncer de mama em sua vida futura. Síndromes comuns de câncer hereditário 1. Síndrome de câncer hereditário de mama e ovário (BRCA): É uma das síndromes de câncer hereditário mais comuns. Pode ser causada por uma alteração genética no gene BRCA 1 ou o gene BRCA 2. Esta mudança genética causa o subsequente desenvolvimento de câncer de mama em até 85 % das mulheres afetadas e de ovário em 45% delas. Por ser comum, existem guías claros de diagnóstico e tratamento destas pessoas. Se transmite de forma autossômica dominante, pela qual 50% dos filhos (homens ou mulheres) de pessoas afetadas podem apresentar a alteração genética e a enfermidade subsequente. GUZMAN, Página 9 A Voz do GIST — Página 9 — Junho de 2012 GUZMAN Da Página 8 2. Síndrome Li Frauneni (p53): O p53 é um gene supresor tumoral e as pessoas nas que apresentam uma mutação nele, estão predispostas ao desenvolvimento de múltiplos tipos de câncer como retinoblastoma, sarcoma, câncer de mama, etc. Também se transmite de forma autossômica dominante. Típicamente, os pacientes apresentan câncer na infância ou juventude. 3. Poliposis adenomatoidea familiar: É uma síndrome de transmissão autossômica dominante onde as pessoas apresentam uma mutação no gene APC. Os pacientes desenvolvem múltiplos pólipos adenomatosos no colon em idade precoce e desenvolvem câncer de colon no início da idade adulta se não se submetem a uma cirurgia profilática. 4. Síndrome de câncer de colon não associado a poliposis (HNPCC): Se utiliza este nome para separá-lo da poliposis adenomatoidea familiar. As pessoas com HNPCC apresentam alterações genéticas em um dos seguintes 6 genes MLH1, MSH2, MSH6 e PMSS. Também se transmite de forma autossômica dominante. As pessoas desenvolvem câncer de colon preferencialmente direito e numa idade mais prematura que o usual. 5. GIST familiar: Ainda quando o tumor de estroma gastrointestinal (GIST) é um tipo de tumor que poucas vezes é causado por uma alteração genética, têm sido reconhecidos casos onde se pode encontrar um padrão hereditário de disseminação. Estes casos são chamados de GIST familiar e neles a alteração genética se transmite de forma autossômica dominante com uma alta penetranção. Se pode suspeitar quando uma pessoa desenvolve GIST na infância ou juventude e quando se identificam famílias com vários casos de GIST. Em caso de suspeitar da presença de uma síndrome de GIST familiar, recomendamos contatar Alianza GIST, o Life Raft Group ou algum dos investigadores de FLAG study https:// projectflag.org/. Além do mais, as pessoas diagnosticadas com uma síndrome rara chamada síndrome Carney-Stratakis apresentan uma maior probabilidade de apresentar GIST. 6. Existem muitas outras síndromes de câncer hereditário para quase qualquer tipo de câncer, no entanto, sua exposição está fora do alcance deste boletím informativo. Conclusões O avanço científico em oncología e genética nos permite reconhecer que em quase todos os tipos de câncer, existem contribuções diretas dos genes e que em uma porcentagem cada vez maior se há localizado um gene específico causador do câncer. É importante identificar aquelas pessoas com possiveis síndromes de câncer hereditário pois isto nos permite dar-lhes um tratamento oncológico específico, além de poder prevenir o desenvolvimento de câncer na pessoa, em seus familiares e em múltiplas gerações subsequentes. É recomendável conhecer em detalle sua história familiar associada ao câncer e comunicar-se com seu médico em caso de identificar relações que levem a suspeitar de uma posivel síndrome de câncer hereditário. Exitoso seminário em linha: Compreendendo os Tumores do estroma gastrointestinal (GIST) desde o básico até à clínica A lianza GIST agradece a todos os participantes do Seminário em linha: “COMPREENDENDO OS TUMORES DE ESTROMA GASTRO INTESTINAL (GIST) DESDE O BÁSICO ATÉ À CLINICA” apresentado pelo Dr. Matías Chacón do Instituto Alexander Fleming, de Buenos Aires, Argentina. De forma especial, agradecemos ao Dr. Matías Chacón por sua interessante apresentação e em especial, por sua colaboração na difusão de seus conhecimentos acerca deste raro tipo de câncer. Agradecemos também a todos os representantes da Alianaça GIST, pelo esforço realizado para difundir este seminário em seus respectivos países. Para a Alianza GIST, este tem sido um grande passo no cumprimento de seus propósitos: diminuir a brecha entre o conhecimiento científico e a prática; entregar aos médicos, pacientes e seus familiares, a maior quantidade possível de informação acerca de GIST e acompanhá-los para que não se sintam sós nesta realidade que vivenciam. Lhes convidamos a visitar nossa página web www.alianzagist.org/ webinar onde colocamos o seminário, para que os que desejem, possam acessar a informação que ele apresentou. Ainda, lembramos que podem enviar suas perguntas ou dúvidas para [email protected] Muito obrigado novamente por sua participação no seminário. Médicos na Bolivia reunidos no auditório do Instituto de Gastroenterología Boliviano – Japonês participando na videoconferência. . A Voz do GIST — Página 10 — Junho de 2012 Do ponto de vista do patologista Diagnóstico de tumor estromal gastrointestinal Por Dr. Chris Corless Oregon Health and Science University P ara um paciente que tenha sido confrontado com um diagnóstico de câncer inesperadamente, pouco interessa o processo pelo qual o diagnóstico foi obtido. O que importa é o resultado – traumático, que mudará toda sua vida. Mas, na verdade, existe uma trajetória bem definida pela qual a descoberta inicial de uma massa suspeita é transformada em um diagnóstico final de tumor estromal gastrointestinal (GIST). O objetivo deste artigo é avaliar os eventos que levam ao diagnóstico, com ênfase na importância do trabalho em equipe e na experiência, elementos necessários para garantir a precisão desse diagnóstico. É claro que é importante que haja um diagnóstico preciso para determinar o curso de tratamento do paciente. Quando um tumor é descoberto, suas características são inicialmente avaliadas por meio de um ou mais exames de imagem, como ultrassom ou tomografia computadorizada. Por esses estudos são definidos o tamanho e a localização anatômica da lesão. Geralmente no caso de GIST, a lesão encontra-se na parede do estômago ou no intestino. Como existem bem mais de 250 tipos diferentes de tumores humanos reconhecidos, muitos dos quais podem ocorrer no abdome, as informações obtidas pelos estudos de imagem são importantes para reduzir essa longa lista de possibilidades para aproximadamente algumas “suspeitas prováveis”. Dependendo da experiência do radiologista, gastroenterologista ou cirurgião que avalia os estudos de imagem, a lista pode ser reduzida ainda mais e o GIST pode se tornar a principal suspeita. No entanto, o diagnóstico final de um tumor requer a análise da lesão em microscópio. O microscópio tem sido DR. CORLESS usado como o principal meio para o diagnóstico do câncer por mais de 130 anos. Por meio do exame de vários tumores por gerações de patologistas em colaboração com cirurgiões, oncologistas, gastroenterologistas e pesquisadores científicos, foi definido o atual “dicionário” de diagnóstico que utilizamos hoje. O termo GIST foi inserido no dicionário há não muito tempo; até 1990, os GISTs eram agrupados com outros tumores semelhantes. Nossa compreensão sobre a diferença entre o GIST e outros tipos de câncer agora é maior, assim o diagnóstico pode ser feito com maior precisão do que antes. A maioria dos pacientes desconhecem o processo pelo qual uma amostra de um tumor recém-descoberto passa até chegar ao microscópio de um patologista uma vez que o mesmo ocorre nos bastidores do laboratório do hospital. A primeira etapa consiste em obter uma amostra do tumor. Essa amostra é obtida por biópsia endoscópica, pela qual pequenos fragmentos do tumor são removidos pelo endoscópio do gastroenterologista ou através de biópsia com agulha guiada por um método de imagem. Em geral, a quantidade de tumor retirada nessas biópsias é muito pequena (fragmentos medindo 1/8 de uma polegada ou menos), mas são geralmente suficientes para fazer o diagnóstico de GIST com alto grau de confiabilidade. Em algumas ocasiões, um cirurgião pode remover o tumor todo antes que o diagnóstico seja formalmente estabelecido. Nesses casos, o diagnóstico é direto. Independentemente do método, o tecido tumoral fresco obtido deve ser primeiro colocado em formaldeído para preservá-lo. Isso é necessário porque todo tecido removido do corpo pode ressecar rapidamente e dessa maneira impossibilitar o diagnóstico (imagine um pedaço de frango deixado por muito tempo em uma tábua de carne). A etapa seguinte é fixar o tecido em parafina para criar o chamado “bloco de parafina” (esquerda). Esse processo, inventado há bem mais de 100 anos, requer que a água contida no tecido seja lentamente substituída mergulhando o tecido em álcool e, em seguida, transferindo-o para uma solução orgânica chamada xilênio, um elemento um pouco parecido com a gasolina. Isso é necessário porque a água e a parafina se repelem naturalmente, enquanto que as soluções orgânicas podem ser misturadas com parafina quente e permitirem que o tecido seja CORLESS, Página 11 A Voz do GIST — Página 11 — Junho de 2012 CORLESS Da Página 10 completamente fixado nela. O objetivo de fixar o tecido em um bloco de parafina é obter um molde que possa ser usado em um dispositivo chamado micrótomo (à direita) – que é essencialmente um fatiador de frios sofisticado. Essa máquina possui uma lâmina fixa e não giratória e faz cortes muito finos de tecido de até cinco micrômetros (5 x um milionésimo de um metro) de espessura. Esses cortes devem ser manuseados com cuidado pois serão dispostos em lâminas de vidro que serão usadas no microscópio do patologista. A etapa final é a coloração do tecido com corantes especiais que permitem que detalhes das células do tumor sejam visualizados pelo microscópio. É importante enfatizar que as principais etapas da fixação em parafina e dos cortes do tumor são realizadas totalmente à mão e que a habilidade dos técnicos para a realização desse trabalho é fundamental na preparação da lâmina que será examinada pelo patologista. Rugas, buracos e espessura desigual podem dificultar a interpretação desses cortes no microscópio e por esse motivo os técnicos de laboratório são parte essencial da equipe de apoio para determinação precisa do diagnóstico. A análise do corte de um tumor ao microscópio geralmente é realizada cuidadosamente por um patologista. Ele/ela pode saber a idade do paciente e que a localização do tumor é o estômago, intestino ou fígado, mas poucas outras informações são necessárias uma vez que é importante que o patologista se mantenha aberto a todos os diagnósticos possíveis que possam corresponder às características microscópicas do tumor. No caso do GIST, existem vários outros tumores, tanto benignos quanto malignos, que podem ter aspecto semelhante, incluindo fibromatose, leiomiossarcoma, schwannoma e tumor fibroso solitário, entre outros. Um patologista experiente poderá colocar o GIST no topo da lista de suspeitas, mas existe ainda uma outra etapa importante para a determinação do diagnóstico: o uso de colorações imunohistoquímicas especiais que produzirão resultado positivo ou negativo, dependendo do fato de o GIST ser realmente o diagnóstico correto. Essas colorações foram desenvolvidas nos anos 1970 e se tornaram a base da patologia moderna. São usados anticorpos preparados comercialmente (geralmente purificados de coelhos ou camundongos) que funcionam como “marcadores” específicos de proteínas presentes em um tumor. Em geral, um laboratório de patologia de grande porte possui mais de 150 desses anticorpos para ajudar a distinguir diferentes tumores. Um dos anticorpos mais importantes para o GIST é o CD117. Esse marcador é positivo em 96% de todos os casos e é negativo em outros tipos de tumores que possam se assemelhar ao GIST ao microscópio. CD117 é um outro nome para o KIT, que é o alvo do tratamento com imatinibe. Como já avaliado em vários artigos dos boletins do LRG, as mutações do gene KIT estão comumente presentes nos GISTs e a realização de testes para detecção dessas mutações se tornaram lugar-comum na avaliação inicial de um GIST. No entanto, pode haver confusão sobre o fato de um tumor ser CD117-positivo (conforme determinado pela coloração especial com anticorpos) ou se o mesmo contém mutação do gene KIT. A coloração dos GISTs com CD117 é rotineira e encontra-se disponível em quase todos os laboratórios de patologia nos Estados Unidos. A adoção dessa coloração aumentou muito a precisão do diagnóstico de GIST durante a última década. Já a avaliação do GIST por meio da mutação do gene KIT é um processo muito mais complexo que requer a purificação e a análise do DNA do tumor. Esse tipo de exame encontra-se disponível somente em alguns poucos laboratórios especializados no mundo todo. Quando o tratamento com imatinibe começou a ser avaliado em estudos clínicos e a coloração com CD117 ainda era recente, nenhum laboratório de patologia era capaz de fazer um diagnóstico de GIST de maneira confiável. Atualmente, praticamente todos os patologistas estão cientes da importância de identificar corretamente os GISTs para que os pacientes possam receber o tratamento correto e o diagnóstico está sendo feito com maior precisão em todo o mundo. A Voz do GIST — Página 12 — Junho de 2012 DIZEM OS PACIENTES Testemunho de um Mal Diagnóstico Por Xiomara Barrientos Representate de Honduras A que só se realiza no exterior. Apesar da sugestão do patologista, não lhe fizeram nenhum dos exames sugeridos. Com a suposta enfermidade diagnosticada pela Patología, meu esposo começou em fevereiro de 2011, 400 mg de Glivec diários. Os efeitos secundários foram náuseas e inflamação de pálpebras. Nós, a familia Suazo Barrientos, tínhamos inquietantes perguntas e dúvidas que mereciam respostas mais concretas. Isto nos obrigou como interessados diretos, a fazer outras proximadamente em 15 de novembro de 2010 meu esposo Gustavo Suazo Caballero, de 55 anos de idade, começou a sentir-se mal de saúde, com sangramentos internos, perda de peso, perda de apetite, vômitos em grandes quantidades e gastrite. Estes mal-estares foram parcialmente controlados em uma clínica particular onde foi hospitalizado por cinco días. Três días mais tarde, voltamos à clínica por desmaios e desidratação. Esse mesmo dia, foi encaminhado ao Seguro porque teve um quadro séptico e devido à sua gravidade, necessitava de cuidados intensivos, já que estava a ponto de uma parada respiratória. No Seguro, seu quadro foi normalizado e fizeram uma serie de exames como: ultrassonografias abdominais, de pulmões, exames de sangue, tomografía, endoscopia e tránsito intestinal, e com este último exame foi diagnosticado obstrução no intestino delgado. Xiomara e Gustavo Em 20 de dezembro, meu esposo foi submetido à intervenção cirúrgica pelo explorações em busca de opcões que nos Seguro Social, em Tegucigalpa, permitissem conhecer mais sobre GIST. Honduras por causa de uma obstrução Nessa incessante busca de respostas e no intestino delgado. Foi removido um de informacção esperançosas, tumor e enviada uma amostra ao encontramos pela internete, a existência departamento de Patología do Seguro, da Fundação GIST na Colombia, que para biopsia. tem ligação com a Organização “The Um mês depois, antes de retornar ao Life Raft Group”. controle oncológico do Seguro, Esse mesmo día, enviamos um e-mail solicitamos à Patología, os resultados da à Fundação GIST Colombia, a fim de biopsia mas nos informaram que ainda solicitar informação e apoio. não estavam disponíveis. Chegamos à Sinceramente, não críamos que nos consulta e para nossa surpresa, uma hora fossem responder, mas para nossa e meia mais tarde, nos deram o alegría, aproximadamente duas horas diagnóstico. depois o Sr. Rafael Becerra (QDDG) nos O diagnóstico emitido pela Patología estava respondendo. Foi nesse momento foi: GIST (Tumor de Estroma que sentimos que não estávamos sós. Gastrointestinal), um câncer bastante Parte da valiosa informação recebida raro. O patologista sugeriu que se foi que a organização Life Raft Group realizasse mais exames para confirmar o ajuda os pacientes diagnosticados com diagnóstico. Um deles é o GIST a realizarem testes de mutação das Imunohistoquímico que é feito em mostras de tecido dos tumores primários, Honduras e o segundo é o de mutação, com o propósito de ajudá-los a confirmar os resultados da Patología e assim possibilitar-lhes o tratamento indicado. Através dele, no final de Junho de 2011, mandamos a mostra de tecido aos Estados Unidos para que fizessem a prova de mutação. Em agosto nos enviaram os resultados e para nossa surpresa, soubemos que o diagnóstico dado pelo Seguro não coincidía com o diagnóstico americano. Este último indica que há GRANDES CELULAS LINFOMA. Como pode-se concluir, os diagnósticos eram totalmente diferentes e isto indicava que meu esposo tinha que iniciar um novo tratamento relacionado com o diagnóstico confirmado. Devido a não terem sido realizados oportunamente os estudos completos e exames necessários, como familia vivemos momentos de muita angústia, medo e desespero . Em 5 de setembro meu esposo começou sua primera quimioterapia de um total de 6 quimios. Ao final de dezembro, fez a quinta. Dos efeitos colaterais, o pior foi o da terceira, porém com a ajuda de Deus, vamos seguindo em frente. Sabemos que o Seguro de nosso país enfrenta graves problemas econômicos, mas cremos que simultaneamente deveria oferecer melhores opcões aos pacientes, como a que nós encontramos em nossa árdua busca. Isto, de forma geral, parte de um atendimento de qualidade, cheio de humanismo e de prolongação da vida. Agradecemos a Deus que nos abriu as portas de Life Raft Group para realizar os exames do meu esposo, o que lhe permitiu ter um tratamento mais adequado e efetivo para sua recuperação. Com a misericórdia de Deus, alcançaremos a cura do meu esposo. Por toda a vida, seremos agradecidos a todos os membros de Life Raft Group pelo apoio. A Voz do GIST — Página 13 — Junho de 2012 Um Testemunho de Fé e Esperança Crônica e também ajuda, apoia e mesma “para que continuar lutando, se colabora com os pacientes que sofrem de nada vai valer tanto esforço”. de GIST e nos interessamos em ser parte Logo, analiso melhor as coisas, penso de ALIANZA GIST para dar um serviço em meu filho de 2 aninhos e me dou audações de qualidade à conta que tenho que seguir em frente, especiais para população na vivendo por ele e por toda minha os membros, Guatemala. familia. amigos e O curso virtual que Me prescrevem um medicamento que colaboradores de Alianza o Tecnológico de pode ajudar a melhorar minha vida, GIST. Para ASOMonterrey deu, nos então volto ao médico e lhe pergunto: PALEU é uma grande pareceu Como faço para obter o medicamento? honra fazer parte deste extraordinariamente Me diz que devo ir ao Hospital San Juan importante grupo, que importante, porque de Dios. Busco o lugar e faço todos os busca melhorar a consideramos que trâmites e graças a Deus, sou qualificada qualidade de vida e o com isto trascendeu a obter o medicamento através do acesso às terapias de -se as barreiras da programa GIPAP. Começo a consumir última geração para distância, e nos primeiros dias os síntomas são: CASTILLO DE ARMAS combater o GIST. atualizando os mal-estar estomacal, tonturas, náuseas, É importante que os pacientes, médicos e os professionais envolvidos vômitos, cólicas. Porem, apesar de médicos, cuidadores e familiares se na atenção destes pacientes. todos os mal-estares que provoca o envolvam para juntos conseguir Compartilhamos com vocês o medicamento, minha vida começa a melhorar a qualidade de vida dos testemunho de uma jovem mulher, que mudar bastante. As dores e mal-estares pacientes que padecem desta doença. desempemha com entusiasmo seu papel se reduzem e minha qualidade de vida é Precisamos identificar líderes nos de esposa, mãe, filha e colaboradora, muito boa… países da América Latina, para que que leva uma vida com fé e esperança Graças a Deus já não tenho sentido apoiem localmente às pessoas que de ver seu filho crescer. Dedicando à nenhuma anormalidade em meu sofrem de GIST, ajudá-los e apoiá-los, sua familia, seu amor, tempo e cuidado. estômago.”… dando-lhes informação científica para …”Oi, meu nome é Ingrid, minha vida Como ela, há varios pacientes que dão melhorar sua qualidade de vida e unir era normal, adorava praticar esporte, seu testemunho de vida e de gratidão esforços a nível latinoamericano para jogava futebol e estudava. Aos 18 anos pela oportunidade que Deus nos dá de alcançar políticas regionais em saúde e me casei; Quando acabara de me casar, viver cada día com fé, entusiasmo e comprometer os governos a comecei a ter fortes dores de estômago e positivismo. responderem às necessidades de acesso quando fazia meus trabalhoss Compartilhamos com vocês algumas a medicamentos adequados para este domésticos, me adormecía quase a fotos de nosso grupo. tipo de sofriemento, provendo a atenção metade direita do corpo. Então, Saudações para todos e obrigada pela integral necessária. comecei a buscar ajuda dos médicos. oportunidade de compartilhar esta Na Guatemala, o acesso a Me fizeram varios exames e ao receber sessão com a comunidade GIST. medicamentos de última geração é os resultados, o médico me dice: “Tem escasso e na maioría dos casos, os um tumor próximo à veia cava pacientes têm que conformar-se com as crescendo muito rápido, é preciso terapias a que têm acesso, ao menos aos extirpá-lo. Ao fazê-lo, o analizam e assistidos pelos serviços públicos. Por dizem que é benigno. tudo isto, temos a firme convicção de Logo após esta operação, minha que devemos unir-nos para conseguir o vida volta ao normal como antes. apoio internacional e dar oportunidades Quatro anos depois do primeiro de vida aos pacientes e isto podemos tumor, tudo começa de novo, só que alcançar, dando poder aos pacientes agora um poco mais abaixo, na parte sobre sua situação de saúde, do músculo do quadril. Voltam a proporcionando-lhes informação extirpá-lo, o analizam e aí é quando científica e atualizada. dizem os médicos que tenho câncer, ASOPALEU dá educação, apoio tumor Gist. Sinto que o céu emocional, serviços de monitoramento a desmorona e que não tenho saída Membros de ASOPALEU. pacientes com Leucemia Mieloide por nenhum lado e digo a mim Por Silvia Castillo de Armas ASOPALEU Representante da Guatemala S A Voz do GIST — Página 14 — Junho de 2012 Asociación GIST Argentina (AGA) realiza seu primeiro encontro de pacientes Surgiu assim a asociação como confiável e ideia de formar recomendável por nossos pacientes. um grupo, uma No âmbito internacional, também asociação de temos estado presentes. Em abril, fomos m 19 de dezembro, em pacientes com convidados à reunião da Alianza GIST, Buenos Aires, Argentina, 15 GIST, com o onde representantes de 14 países da pacientes com GIST, nos propósito de América latina nos reunimos para reunimos pela primeira vez convocar às pessoas que sofrem desta trabalhar em conjunto e alcançar junto com Sandra Mesri e a equipe da enfermidade, com o objetivo de objetivos locais e regionais, Asociação GIST Argentina. Foi uma compartilhar nossas necessidades e compartilhando experiências e instância em que os pacientes expectativas. adquirindo maiores conhecimentos. Em compartilhamos nossas histórias, Desde esse momento até hoje, demos outubro, fomos mencionados por Life chegando à conclusão da importância de grandes passos. No âmbito nacional, Raft Group (LRG) em sua Newsletter, trabalhar juntos e a convicção de que obtivemos a inscrição oficial da em um artigo em que dão a conhecer juntos alcançaremos a cura para GIST. Inspeção Geral de Justiça e ser nossas conquistas e reconhecem nosso A Asociação GIST Argentina (AGA), considerados como uma ONG oficial. trabalho. Também fomos convidados, nasceu em 2010, quando um grupo de Criamos um blog participamos em capacitações, cursos, pacientes com GIST, a quem a vida nos (www.gistargentina.com.ar) deu a oportunidade de nos conhecermos página de encontro para pacientes devido a nos unír o fato de termos uma com GIST, dirigida e orientada mesma enfermidade. Começamos a pela equipe de AGA. Realizamos interagir e nos demos conta de que um encontro com a comunidade compartílhávamos as mesmas médica em que participaram 6 preocupações com respeito à falta de médicos que estudaram alguns informação existente em nosso país casos, nos deram palestras acerca desta enfermidade. O informativas e nos apoiaram na desconhecimento geral da mesma, o investigação e na difusão de nossa deficiente acesso aos meios disponiveis associação. Com respeito aos para o diagnóstico, o tratamento médico pacientes, atendemos Pacientes desfrutam conversando com cirúrgico e a atenção que necessitamos pessoalmente a mais de 30 para sobreviver, e sobretudo, a grande pacientes em temas relacionados a os médicos. dificuldade para encontrar cirurgiões, seus tratamentos, acesso à medicação, jornadas e seminários, adquirindo patologistas, radiologistas e cobertura por parte das obras sociais, conhecimentos acerca de aspectos oncologistas com experiência neste tipo apoio emocional e dando-lhes legais, direitos dos pacientes, gestão e de tumores. informação sobre a enfermidade. Isto arrecadação de fundos. nos permitiu atualizar nossa base Mesmo tendo dado grandes passos, de dados para poder fazer um estamos conscientes das necessidades acompanhamento intensivo e de nossa comunidade, pela qual temos detalhado dos pacientes. novos propósitos e objetivos que Em relação ao acesso ao pensamos alcançar durante o ano de tratamento, também tivemos 2012. Buscamos estender nossa conquistas: pudemos concretizar asociação, com o objetivo de chegar à o trâmite governamental e dar a maior quantidade de pacientes que vários pacientes com problemas necessitem de nossa ajuda, continuar de acesso, a gestão do com o assessoramento legal e contábil tratamento. No âmbito legal, a de nossaa associação, o que permite o gestão realizada para obter a correto funcionamento operacional e a assessoria permanente de um atenção a nossos pacientes no dia a dia. estudo de advogados e um Brindemos por um excelente 2012, Reunião da Asociación GIST Argentina. estudo contábil, posiciona nossa cheio de saúde, amor e alegrias! Por Melisa Biman Presidente da Asociación GIST Argentina E A Voz do GIST — Página 15— Junho de 2012 Bem-Vindos GIST! Over 100 attend à 3rdfamilia nationalAlianza Italian GIST meeting Nos alegramos muito pelo nascimento destas três pequenas. Da esquerda para a diireita: Emma, filha de Eva María Ruiz, de Castilla Yabar e Maurice Mayrides, do Perú. Sol Crisóstomo, filha de Georgette Sir e Nicolás Crisóstomo. E Paz, filha de Carolina Crisóstomo e Ignacio Sánchez. Sol e Paz são netas de Piga Fernández, do Chile . Estamos seguros de que as três pequenas trarão muitas alegrias e bendições a suas familias! Maxi-Vida celebra o fim do ano 2011 No início de Dezembro de 2011, um grupo de pacientes junto a seus familiares e amigos se reuniram no auditório da Municipalidade de San Miguel, em Santiago, CHILE, para celebrar o fim do ano, compartilhar experiências e planejar o trabalho do ano seguinte. Cenas da reunião em que vemos Ximena Nuñez, presidente de Maxi-Vida atendendo aos convidados, pacientes celebrando junto a suas familias e ao grupo completo dos assistentes. A Voz do GIST — Página 16 — Junho de 2012 Saiba Mais: Alianza GIST A *********************************************** lianza GIST se organiza internamente: Com o objetivo de otimizar seu trabalho, Alianza GIST formou os seguintes Comitês e seus respectivos responsáveis: Infraestrutura: Captação de Recursos - Melisa Biman, Argentina Recrutamento de voluntários María Teresa Ponce, Nicaragua Capacitação e Treinamento - Rafael Vega, Colombia Formação de Alianças, Alejando Miranda, da República Dominicana Comunicação interna e externa, Silvia Castillo de Armas, da Guatemala Coordenação geral, Piga Fernández, do Chile Pilares da nossa missão: Educação e apoio, dirigido por Vicky Ossio, da Bolivia Acesso a tratamento e apoio, dirigido por Maurice Mayrides, do Perú Investigação e sobrevivência, dirigido por Roberto Pazmino, de LRG Doe dinheiro para a investigação http://www.acureisinourreach.org/ investinthecure.aspx Doe tecido tumoral http://www.liferaftgroup.org/ TissueBank.html E-mail: [email protected] Solicite um folheto informativo sobre O Banco Colaborativo de Tecido GIST E-mail: [email protected] www.alianzagist.org Contatos na América Latina Argentina Bolivia Brasil Chile Colombia Costa Rica Guatemala Honduras México Nicaragua Perú República Dominicana Uruguay Venezuela Melisa Biman Virginia Ossio Dianne Waterland Piga Fernández Rafael Vega Michael Josephy Silvia Castillo de Armas Xiomara Barrientos Rodrigo Salas Maria Teresa Ponce Maurice Mayrides Alejandro Miranda Fabrizio Martilotta María Isabel Gómez [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] Os membros da Alianza GIST são também representantes da Global GIST Network http://www.globalgist.org Este Boletím foi criado por El LRG ©2012 Contate o Life Raft Group 155 US Highway 46, Ste 202 Wayne, NJ 07470 Teléfono: 973-837-9092 Fax: 973-837-9095 Internet: www.liferaftgroup.org E-mail: [email protected] http://groups.google.com/group/lrg-en-latinoamerica