Já é possível eliminartumores novos medicamentos em quatro minutos com uma única dose de radioterapia. Há mais certeiros e adaptados a cada doente. E é maisfácil detectar a doença mais cedo com testes genéticos. Tudo isto se passa em Portugal. Por Luís Silvestre Este chip é colocado no interior do pulmão para localizar o tumor cancro não é uma doença. São várias doenças muito diferen- . H H tes", sublinha Sobrinho mões, director do Instituto Side Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup). O médico e cientista diz que esta nova Hospital de'Santa Maria, em Lisboa. A SÁBADO revela como as novas tecnologias revolucionárias já estão a ser aplicadas em Portugal e como estão a melhorar a qualidade de vida de muitos doentes. vez mais eficazes a eliminar os tumores muito os tecidos saudáveis. danificar MEIMOR fECNOLOCM tema desenvolvido wm Cario Greco, director cisos, dirigidos apenas às células dos tumores e feitos à medida de cada doente. Este ção Champalimaud, em Lisboa, olha para os monitores da sala de tratamento. Lá dentro, tratamentos. não é o único avanço na luta contra o cancro em Portugal. Registaram-se progressos nas análises está um doente deitado numa maca prestes colocados dos genes associados aos vários tipos de cancro, que permitem fazer o diagnóstico o tratamento com mais rigor. e Há mais opções de quimioterapia e cirurgia mais avançada. "A radioterapia foi um dos campos que progrediu imenso. Agora é mais precisa e permite fazer os tratamentos em menos sessões do que anteriormente", diz Zvi Fuks, director do Centro Clínico da Fundação Champalimaud. E os doentes beneficiam de cuidados te- com equipas multidisciplinares. incluem, além dos médifísicos e engecos, biólogos moleculares, nheiros informáticos altamente especializarapêuticos "Muitos centros dos", sublinha Luís Costa, director do Instituto de Medicina Molecular e médico no do departamento do centro clínico da Funda- co do paciente, com linhas vermelhas e ver- na Fundação Champa- e Antes de irradiar o tumoi, são no pulmão do doente três pequenos chips electrónicos à volta da zona "Já está. Basta uma única sessão de radioterapia para eliminar o tumor do pulmão" ainiciar uma terapia inovadora ali desenvolvida para tratar tumores do pulmão em fase inicial. As imagens nos ecrãs mostram o tron- sem O sis- que é pioneiro a nível mundial, acrescenta uma nova tecnologia para aumentar ainda mais a precisão neste tipo de limaud, abordagem, agora aceite por médicos e cientistas, tem criado medicamentos mais pre- de radioterapia mostra os enormes pro- Este exemplo gressos médicos no tratamento do cancro. As modernas máquinas de radioterapia que há nos centros oncológicos do País sáo cada onde se localiza o cancro, através de (um tubo que se inbroncoscopia sere nos brônquios e que permite visualizar o interior do pulmão). Esses aparelhos minúsculos, pouco maiores do que um grão de ar- roz, são inertes e ficam fixados no interior do corpo por filamentos metálicos, como se fossem anzóis microscópicos. Depois, transmitem sinais electrónicos para a máquina em tempo real, mostrando do tumor e as oscilações de causadas pela respiração. O des a assinalar os órgãos vitais. O especialis- de radioterapia, ta aponta para uma pequena mancha, com um centímetro de diâmetro, perto do coração. "Isto é o tumor", explica. "Agora vai ser a aplicada a radiação para o eliminar." Passados 4 minutos e 14 segundos o tratamento ção apenas para a zona do tumor, com impulsos que cessam quando o alvo se deslo- termina. " Já está. Basta uma única sessão para eliminar o tumor." localização movimento equipamento ca de sítio. é calibrado para emitir radia- "No fundo, esta é uma espécie as células de GPS celular, para irradiarmos cancerosas sem danificar muito os tecidos saudáveis." Esta tecnologia de localização ajustável foi desenvolvida pelos investigadores da Fun- "Depois do tratamendoente pode ir logo para casa, apenas sentirá algum cansaço nos dias seguintes, dação Champalimaud. to o mas faz parte do processo natural de cicatrização interna. Ao fim de três ou quatro meses não haverá vestígios do tumor", explica Nuno Pimentel, médico que acompanha o processo. rádio-oncologista 0 ESPECIALISTA SUBLINHA que a técnica, para já, só está a ser aplicada em casos de cancro do pulmão em estádios iniciais, quando o tumor está muito bem localizado e não tem muito mais do que um centíme"Mesmo assim, as vanta- tro de diâmetro. gens são enormes. O doente que fez o tratamento neste dia apresentava restrições médicas para ser um candidato a uma cirurgia convencional, pois já tinha tido um AVC e uma anestesia geral seria arriscada. Além instrumentos melhorar modernos o diagnóstico cancro: um microscópio que têm ajudado a de vários tipos de com laser incorpo- disso, o tumor estava muito perto do coração. Desta forma, o cancro foi tratado com rado capaz de isolar células cancerosas presentes nas amostras que são enviadas de vários hospitais do País. "Este equipamento o doente acordado, pode mesmo separar fragmentos sem ter qualquer dor ou Depois do tratamento, o doenteconfirma: "Não senti nada. Jáacabou?" O médico acrescenta que a mesma tecnologia de mate- incómodo." do aperfeiçoamento deste tipo de equipamentos. O software avançado permite obter imagens de alta resolução e os impulsos de rial genético radiação são muito precisos. "Mesmo assim, ainda há doentes que preferem a cirurgia convencional, que continua válida para ver células normais sublinha Zvi Fuks. Antigamente, os pacientes tinham de ser sempre submetidos a vários ciclos de radioterapia para se conseguir eliminar os tumores. Agora, como a precisão dos aparelhos é maior, é possível em muitas situações di- minuir o número de sessões de radioterapia ou mesmo aplicar a técnica uma só vez, com alta dosagem de radiação, quando o tumor está muito bem localizado. Ou seja, há mais hipóteses para os médicos escolherem é mais indicado para cada doente. o que operações para remover tumoTambém no caso res no fígado. do cancro da mama é possível fazer cirurgias reconstrutivas mais perfeitas quando têm de se remover as glândulas que seja preciso analisar", explica. Depois indica no ecrã uma amostra retirada de um paciente, onde se conseguem com outras cancerosas no meio. "Conseguimos distinguir estão alteradas e depois podemos as que separá- Em muitos casos, graças ao progresso Actualmente, Champalimaud? EM LISBOA, E DA FUN- ESTÁ ABERTA AO PÚBLICO ABRIU há dois anos e alia ção científica ao tratamento instrumentos dos tes- aperfeiçoamento dos cirúrgicos, em muitas situae ao extrair apenas os tumores danificar pouco os tecidos saudáveis. Joaquim Abreu Sousa, cirurgião do IPO do Porto, acrescenta outro factor fundamental: "A ções já é possível e A CLINICA SITUA-SE NO EDIFÍCIO-SEDE DAÇÃO, mamarias. intervenção é ainda meum dos procedimentos em retirar todos os gânglios na zona do peito das doentes e um dos efeitos secundários frequentes eram dores que permaneciam para o resto da vida." tes de diagnóstico O que é o Centro Clínico a nor. "Antigamente, mais comuns consistia Mas agora os mé- dicos têm mais esta opção, que pode ser aplicada em casos onde a operação tem incon- venientes", gia convencional aplicadas ao cancro. "Hoje, já se consegue retirar muitos tumores conservando mais os órgãos onde surgem", explica, dando como exemplo as Poderá vir a ser usada no cancro da próstata minutos. Moreira, médico do Instituto António Português de Oncologia (IPO) de Lisboa salienta ainda o avanço das técnicas de cirur- A radiação é aplicada em 4,14 tem potencial para ser usada em outros tipos de tumores e que já está em estudo a sua aplicação em cancros da próstata. Em grande medida, este trabalho é fruto este género de situações. las para as analisar com mais pormenor." melhoria das técnicas de imagiologia permie localite que os cirurgiões identifiquem zem com mais exactidão os tumores que a investiga- médico, precisam de remover nas operações." Este é o multidisciplinares. do Centro Clínico Champali- com equipas objectivo maud, em Lisboa, que aposta no diae tratamento do cancro da M José Antunes, gnóstico da uniSandra Casimiro, investigadora dade de Oncologia do Instituto de Medici- mama, do pulmão, da próstata e do aparelho digestivo. Tem acordos com na Molecular, em Lisboa, mostra outro dos ADSE e com vários seguros de saúde a 57anos, guia turístico, descobriu que tinha cancro há três anos. Os médivários pólipos cancerígecos extraíram-lhe nos do intestino mas a doença já tinha alas- se arrepende do Centro Clínico minha independência, continuo " e vou buscar a minha neta. da Fundação Champalimaud, (à esq a ), pioneiro na aplicação de novas técnicas de radioterapia médicos -me que não era operável. Restavam-me apenas os tratamentos paliativos", recorda. Mas cancerosas. os avanços científicos vieram alterar o caso. Os um novo medica- sugeriram-lhe mento, composto por substâncias anticorpos chamadas a acção de células para bloquear Para sua surpresa, o tumor diminuiu. Passou por alguns efeitos secundários desagradáveis, como hemorragias, mas não "Consigo ter a a conduzir Este novo tipo de fármacos é composto por moléculas que se ligam apenas a alguns compostos presentes nas células cancerosas, ou seja, são apontados a alvos específicos. "Hoje, sabe-se que os cancros são muito diferentes trado para o fígado e para as glândulas supra-renais. "A certa altura o tumor no fígado já tinha quase 10 centímetros e disseram- da experiência. Zvi Fuks, director ma pessoa, entre si. Mesmo numa mesdois tumores podem ter distintas, por isso os laboratêm lançado várias substâncias cada vez mais especializadas para bloquear as células cancerosas de forma características tórios farmacêuticos mais precisa", sublinha José Carlos Macha- ? Luísa Maria do Carmo, 63 anos, ultrapassou um cancro de mama com a ajuda dos progressos médicos e hoje tem uma vida normal Os ecrãs da sala de radioterapia a localização altamente Até porque hoje sabe-se que o tumor evolui ao longo do tempo. Aquilo que é detectado no inicio do diagnóstico pode ser mui- resultados to diferente mor mostram exacta do tumor no pulmão ? do, investigador O princípio do lpatimup. é corno o dos mísseis usados na guerra que apontam tos e bem definidos. Os para alvos concremedicamentos mais recentes são feitos com moléculas que se li- gam a um dos componentes do tumor, geralmente bloqueando a sua acção e levando à morte das células malignas. Funcionam como uma chave que entra numa fechadura, encravando-a. E como só se ligam a partes de células cancerosas, os tecidos saudá- veis são pouco afectados. O ARSENAL DE DROGAS para combater a doença também inclui fármacos mais precisos que inibem à fome", diz |osé Carlos Machado. Esta abordagem formação de vasos sanguíneos à volta dos tumores sólidos para lhes levar alimento. Os cientistas descobria ram que as células malignas enviam sinais químicos para o organismo, estimulando o crescimento de artérias em seu redor, mas quando esse mecanismo é bloqueado os tumores acabam por definhar. "No fundo, o que este tipo de fármacos faz é matar o tu- de guerra bioquímica dirigida e especializada deu bons em vários tipos de cancro, como o da mama e da próstata, e ainda em linfomas (tumores sanguíneos) ou melanomas (de pele). Mas, apesar de parecer uma so- lução simples, nem sempre resulta, pois as células cancerosas acabam por desenvolver resistência a muitas drogas ao fim de ai- ao fim de alguns meses", es- clarece fosé Carlos Machado. A Oncologia moderna é cada vez mais feita à medida de cada paciente . Até há pouco s anos, os médicos tinham apenas como al- ternativa o uso de cirurgia, radioterapia ou Estes métodos continuam quimioterapia. válidos e as descobertas "Restavam-me apenas os tratamentos paliativos." Para sua surpresa, o tumor diminuiu recentes indicam que a chave do tratamento com sucesso pode ser a combinação de várias técnicas. Um dos exemplos consiste em cro aliar a quimioterapia, que destrói todo o tipo de células que estão em multiplicação muito acelerada (por isso é que um dos efeitos secundários é a queda do cabelo), com novos medicamentos moleculares dirigidos ao tumor. Assim, para os médicos a doença é atacada gum tempo e voltam a desenvolver-se. Apesar de tudo, o maior número de medicamentos destinados a diversos tipos de canpermite ter um maior leque de escolha poderem sugerir a terapia mais adequada a cada caso e durante a evolução da doença. "O cancro pode não ser curável, mas neste momento trolável. Se um determinado xa de funcionar, é mais con- fármaco dei- pode usar-se outra droga. em duas frentes. Agora está a ser aplicada uma nova geração de fármacos que alia as vantagens de duas classes, por exemplo juntando um anticorpo com uma molécula de quimioterapia. "É como um carteiro que entrega o veneno apenas na morada certa: a célula do tumor", conclui Duro da Costa, médico no A evolução do cancro COMO SE A DOENÇA, DESENVOLVE NO CASO DOS TUMORES SÓLI- A MUTAÇÃO O TUMOR AS METÁSTASES Os genes de As células As células uma célula so- podem aglomerar-se dando origem a malignas podem soltar-se do seu órgão vasos sanguíneos à sua volta. Conti- de origem, invadindo outros Luísa Maria Carmo, comerciante, 63 anos, gosta de passear e visitar a família. É uma sobrevivente de cancro da mama. Os primei- nuam a multiplicar•se descontrolada tecidos ros sinais da doença surgiram frem alterações no ADN que provocam defeitos DOS, DOS ESTÁDIOS na sua estrutura. INICIAIS À FASE MAIS Passam a multi- CRAVE mentí plícar-se trolo. saudáveis do organismo. IPO de Lisboa. ¦i i há cerca de 10 anos. "Senti um pequeno caroço no peito e fui ao médico. Já tinhacasos de cancro na família e estava de sobreaviso", sem con- [ malignas conta. Fez quimiote- tumores e vários rapia ecirurgiaparaextrairos exames clínicos para determinar o melhortra- ? ? tamento. "Cada vez mais fazemos terapias medida de cada doente, depois de analisar à as genéticas associadas ao cancro. Antigamente, tratava-se o cancro da mama da mesma maneira. Hoje, sabemos que há pelo menos três grandes subtipos da doença, idenalterações tificados através de testes genéticos, e que são tratados de maneiras totalmente distintas", explica Luís Costa, médico oncologista do Hospital de Santa Mariaeinvestigador do Ins- tituto de Medicina Molecular. Há novas drogas e métodos de diagnóstico que sáo dirigidos especificamente aos genes das células cancerosas. Isso permite que haja menores efeitos secundários, pois não afectam tanto as células saudáveis. "Os progressos médicos nesta área sáo enormes, sobretudo nos cancros da mama, cólon do Instituto Os cientistas de Medicina em Lisboa, analisam e guardam Molecular, e pulmão, que sáo dos mais frequentes", sublinha Manuel Teixeira, médico geneticis- centenas de amostras de vários tumores ta do IPO do Porto. O especialista acrescenta que já foram identificadas dezenas de alterações genéticas nas células cancerosas apresenta um risco muito elevado de poder desencadear alguns tipos de tumores, os médicos recomendam que os doentes sejam seguidos em consultas de risco familiar, que funcionam nos IPO. Estas famílias sáo alvo de vigilância mais regular, com exa- que dão origem a proteínas específicas. Um dos avanços mais marcantes da Medicina nos últimos anos foi a produção de moléculas que se ligam apenas a essas proteínas picas de alguns tipos de cancro. tí- É a chama- da terapia dirigida. têm uma alta probabilidade de dar origem a cancros. Por isso, muitos doentes optam por prevenir o aparecimento da doença, mesmo que isso implique NESTES CASOS, USAM-SE os chamados an produzidos em laticorpos monoclonais, boratório, mas que têm uma estrutura semelhante às moléculas ma imunitário que compõem o siste- humano. Estas alterações genéticas nas células can- cerosas podem ser hereditárias ou adquiridas ao longo da vida, por exposição a subs- radiações ou vírus. O diagnóstico precoce é um dos factores que mais contribui para vencer a doença e, neste capítulo, a Medicina também teve grandes tâncias tóxicas, progressos na detecção de anomalias mo antes de haver qualquer sinal. É José Carlos Machado, cientista do Ipatimup, no Porto, diz que os tumores podem alterar-se ao longo do tempo mes- mutações detectadas pemétodos da genética clínica que algumas los modernos e, por isso, as terapias por vezes são adaptadas medidas mais cx- mes médicos frequentes, tar cedo o aparecimento Além de alguns tipos de cancro da mama ovários, também há casos de cancro do cólon que se encaixam nesta e dos "Algumas descobertas são muito recentes, alguns dados só surgiram no ano passado" tremas, como por exemplo a cirurgia de remoção da mama. 0 recente caso mediático da actriz Angelina tação hereditária folie, que tinha uma mudeste tipo de tumor e de- cidiu fazer a operação, não é um exemplo isolado. "Só aqui no IPO do Porto conheço pelo menos 40 casos de mulheres que tomaram essa decisão", diz Manuel Teixeira. Quando o património genético herdado detec- permitindo de problemas. categoria. Os médicos dam colonoscopias quentes para identificar recomenmais free extrair pólipos, pequenas saliências no intestino que podem dar origem a tumores. É uma microcios rurgia que não é complicada e que tem salvo muitas vidas nos últimos anos. A genética tem registado progressos não só a encontrar as mutações mas também as adquiridas. hereditárias Tsso permitiu, por exemplo, afinar o tratamento de muitos doentes. "Descobriu-se muito recentemente que as pessoas que têm uma falha num gene chamado KRAS não respondem bem à chamada terapia dirigida com anticorpos. Aliás até pioravam com aqueles medicamentos de última geração. Desdeo mês passado que se começou a fazer este teste genético prévio, para encontrar a melhor para cada doente", estratégia terapêutica diz Manuel Teixeira. acrescenta que as novas vieram permitir realizar análises genéticas mais rápidas e com mais pormenores sobre cada doente. É agora possíO especialista tecnologias vel, por exemplo, identificar uma mutação Manuel Teixeira, médico geneticista do IPO do Porto. Em breve, o centro terá uma máquina que analisa 94 genes em minutos presente em alguns tumores no cancro do pulmão que podem ser tratados com anticorpos. terações Noutros casos, os doentes têm algenéticas em que os tumores rea- clássica. Ou gem melhor à quimioterapia seja: este tipo de análise torna possível estabelecer uma receita médica mais à medi- da de cada paciente. "Algumas destas dessão muito recentes, alguns dados cobertas só surgiram no ano passado mas já estão a beneficiar os doentes actualmente", diz o especialista. No caso do melanoma, o cancro de pele mais agressivo, foi desenvolvido um teste para detectar uma mutação que reponde bem às terapias biológicas com anticorpos. "Hoje, é corrente fazer um teste genético na altura do diagnóstico e também durante o tratamento para afinar os métodos tera- ¦ foi enorme. Um dos da mama, a evolução Margarida Marques, 45 anos, lembra-se bem do dia em que o cancro de mama deu o progressos foi a possibilidade de identificar vários tipos diferentes de tumores. Um de- primeiro sinal. Foi em Agosto, há três anos,e estava a passar um dia com os amigos e os les pode ser controlado, filhos, despreocupada, a dar mergulhos no rio. "Quando saí da água, senti uma dor no bloqueando os re- ceptores internos das células cancerosas que reagem aos estímulos das hormonas, os es- No caso das leucemias, peito e na altura nem liguei muito. Pensei que tinha apenas dado um mau jeito." Os dias trogénios que circulam no corpo da mulher. "Esta hormonoterapia permite anular um dos factores de crescimento do cancro e com- foram muito significativos. Na leucemia mielóide crónica, por exemplo, foram passando e a dor permanecia. Decidiu ir ao médico e fez vários exames e análises. O bater assim a doença", explica Fátima Cardoso, oncologista do Centro Clínico da Fun- pêuticos aplicados." os progressos taxa de sobrevivência é superior a 95%. Até há pouco tempo, um dos maiores obstáculos da genética médica era o tempo que este tipo de análises demoravam. Muia tas vezes, decorriam ao longo de várias semanas ou meses. Com as novas máquinas que lêem o código sequenciadoras, "Por incrível que pareça, sinto-me mais saudável agora do que antes do diagnóstico" taxas de sobrevivência rios tipos de tumores em poucas horas, nomeadamente no cancro da mama e do có- Há alguns anos, casos como este seriam muito difíceis de tratar, mas agora a medicina tem várias armas ao seu dispor e os tratamentos deste tipo de cancro permitiram reduzir muito a mortalidade e melhorar a lon. Tudo numa única análise e em poucos minutos. Nas próximas semanas, o IPO do Porto irá receber uma máquina deste género", sublinha Manuel Teixeira. as taram muito nos últimos anos, sobretudo quando é feito o diagnóstico precoce. Mas mesmo quando processo durou cerca de um mês. Foi-lhe detectado um tumor na mama que já tinha metástases nos ossos. o que dos dife- rentes cancros da mama aumen- genéti- processo tornou-se muito mais rápido. "Já há equipamentos capazes de identificar 94 genes implicados em váco das células, dação Champalimaud. A especialista sublinha qualidade de vida dos doentes. No cancro só se detecta em fases mais avançadas há mais terapêuticas. "0 essencial é que sejam seguidas em centros especializados de cancro da mama, com uma equi- alternativas as doentes pa de especialistas de várias áreas." OS MEDICAMENTOS bloqueadores de hormonas funcionam como uma menopausa precoce. Foi essa a terapêutica seguida por Marques. A empresária recorda Margarida Os modernos PORQUE SE CONGELAM CANCEROSOS E que os primeiros momentos após o diagnóstico foram difíceis, mas conta que depois aprendeu a viver com o problema. bancos de tumores GUARDAM TECIDOS DURANTE VÁRIOS ANOS? OS BANCOS de tumores mentas fundamentais à doença. As amostras são ferra- para o combate são colhidas em biópsias ou em cirurgias das em arcas congeladoras se posterior. estudar e guardapara análi- "São essenciais para novos medicamentos e identi- Toma uma injecção todos os meses e diz que os efeitos secundários são suportáveis: "Só peço às enfermeiras para não me mostrarem as agulhas". A doença fez com que Margarida Maro seu estilo de vida. Hoje, ques alterasse tenta controlar ficação de genes ligados ao cancro, comparando-os com células normais", o stresse e passou a ter mais cuidado com a alimentação, faz refeições à base de vegetais e peixe, não come carne explica Fátima Cardoso, médica patologista e coordenadora da rede de nem doces. "Por incrível que pareça, sintome mais saudável agora do que antes do bancos de tumores criada este ano. diagnóstico." •