INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS MORDIDA CRUZADA POSTERIOR FELIPE ANTÔNIO CAVALHEIRO SIMÃO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS-FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista. Brasília, 2011 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS MORDIDA CRUZADA POSTERIOR FELIPE ANTÔNIO CAVALHEIRO SIMÃO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS-FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista. Orientador: Prof. Marden de Oliveira Bastos Brasília, 2011 FELIPE ANTÔNIO CAVALHEIRO SIMÃO MORDIDA CRUZADA POSTERIOR Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista. Orientador: Prof. Marden de Oliveira Bastos Aprovada em ______/_________/_________ COMISSÃO EXAMINADORA ________________________________________ Orientador: Prof. Marden de Oliveira Bastos ________________________________________ Professora Wanessa ________________________________________ Professor Cláudio RESUMO Realizou-se uma revisão literária sobre a mordida cruzada posterior, onde denominou-se que tal tipo de má oclusão, à qual ocorre a inversão dos contatos oclusais, decorre de inclinações indesejáveis dos dentes ou uma deficiência transversal da maxila. A etiologia está relacionada a hábitos bucais de sucção, respiração bucal, deglutição atípica, entre alguns outros fatores. O tratamento relacionado a tal maloclusão encontra-se baseado na utilização de expansores maxilares fixos, como os tipos quadrihélice, Haas, expansor com cobertura oclusal e arco transpalatino entre outros. Palavras-chave: Mordida cruzada. Maloclusão. Aparelhos ortodônticos. ABSTRACT We conducted a literature review on the posterior cross bite, which was called such type of malocclusion, which occurs on a reversal of occlusal contacts, the result of undersirable inclinations of the teeth or a transverse maxillary deficiency. The etiology is related to suction oral habits, mouth breathing, atypical swallowing, among other factors. Treatment related to such malocclusion is based on the use of straight track plans, fixed jaw expanders such as kinds Quad-Haas expander and transpalatal arch occlusal coverge among others. Keywords: crossbite. Malocclusion. Braces. SUMÁRIO Resumo............................................................................................................04 Abstract...........................................................................................................05 1. Introdução.......................................................................................................07 2. Proposição.......................................................................................................09 3. Revisão Literária ............................................................................................10 3.1 Etiologia...................................................................................................................................13 3.1.1 Mordida Cruzada Funcional............................................................................................................15 3.1.2 Mordida Cruzada Esquelética Bilateral – Com desvio....................................................................16 3.1.3 Mordida Cruzada Esquelética Bilateral – Sem desvio.....................................................................16 3.1.4 Mordida Cruzada Esquelética Unilateral – Com desvio..................................................................17 3.1.5 Mordida Cruzada Esquelética Unilateral – Sem desvio...................................................................18 3.1.6 Mordida Cruzada Posterior – Com desvio.......................................................................................18 3.1.7 Mordida Cruzada Posterior – Sem desvio........................................................................................18 3.1.8 Mordida Cruzada Posterior Vestibular Total...................................................................................19 3.2 Prevalência...............................................................................................................................19 3.3 Tratamento Precoce.................................................................................................................21 3.4 Diagnóstico e Tratamento.......................................................................................................23 3.5 Tratamento Ortodôntico..........................................................................................................27 4 Discusão.............................................................................................................31 5 Conclusão.............................................................................................................34 Referências Bibliográficas..............................................................................................35 INTRODUÇÃO Denomina-se mordida cruzada posterior ao tipo de maloclusão em que ocorre uma inversão dos contatos oclusais, decorrente de inclinações indesejáveis dos dentes e/ou de deficiência na dimensão transversal da maxila (SILVA FILHO et al,1986). Etiologicamente pode estar relacionada a fatores como: hábitos bucais deletérios,obstrução das vias aéreas superiores com conseqüente respiração bucal, perda precoce ou retenção prolongada de dentes decíduos, pressionamento lingualatípico, ou ainda a fatores genéticos (SALGADO et al, 1986). A mordida cruzada posterior, que se caracteriza por uma relação bucolingual anormal dos dentes posteriores, e também como uma incapacidade das arcadas dentárias ocluírem normalmente na relação transversal, é a discrepância mais freqüente no plano transverso oclusal na fase da dentição decídua e pode estar relacionada a fatores ambientais que perturbam o equilíbrio das forças aplicadas aos dentes pelos tecidos moles. A maloclusção é um desvio morfofuncional, do sistema mastigatório. Portanto, todo e qualquer fator que interfira na formação e padrões de contratação muscular aprendidos, denominados hábitos bucais, podem estimular o crescimento facial. (VADIKAS et al.,1991). Ao nascimento, a sucção é uma atividade imprescindível para o desenvolvimento do bebê. Porém, a persistência desse e de outros hábitos como a sucção do polegar, a interposição de língua e de lábio e a deglutição atípica, podem provocar alterações na posição dos dentes. (VADIKAS et al.,1991). A definição de mordida cruzada posterior, é a incapacidade dos arcos em ocluir normalmente na sua relação lateral, podendo ser resultante de problemas de posição dentária, crescimento alveolar ou desarmonia entre maxila e mandíbula. (ARAÚJO e PRIETSCH, 1995). No tratamento da mordida cruzada posterior, diversos aparelhos fixos e removíveis são utilizados com o objetivo de incrementar as dimensões transversais da maxila seja pela movimentação dos segmentos maxilares, ou produzindo uma inclinação vestibular dos processos dento alveolares separando a sutura palatina mediana (MARTINS et al, 1998). Tipicamente, esta maloclusão se estabelece com a irrupção dos dentes decíduos. Quando o indivíduo oclui em relação cêntrica ocorre contato topo-a-topo indesejável destes dentes, em virtude da constrição superior. Então, na tentativa de garantir a intercuspidação, a mandíbula desliza para um lado, resultando em uma oclusão cêntrica adquirida e caracterizando a mordida cruzada posterior unilateral. Contudo, é interessante ressaltar que, embora haja expressão unilateral, o problema é originalmente bilateral, com a arcada dentária superior simétrica, porém estreita em relação à inferior (HARRISON et al, 2001). Muitos autores indicam o tratamento da mordida cruzada ainda na dentição decídua com o objetivo de normalizar o desenvolvimento dos arcos dentários e estabelecer a oclusão normal. O momento ideal para o início do tratamento precoce da Classe III deve coincidir com a irrupção dos incisivos centrais permanentes superiores sendo que nesta época os incisivos inferiores já irrupcionaram. A importância desta fase é propiciar ao longo do tratamento o trespasse vertical e horizontal adequado, fundamental para normalizar o crescimento e propiciar estabilidade na fase de contenção. (MCNAMARA JR, 2002). Problemas como o hábito de sucção digital, são considerados reversíveis pela ação da musculatura pericubal quando retirados até os quatro anos de idade, mas após essa idade, ocorre a erupção dos incisivos permanentes, e as deformidades podem se tornar mais severas, precisando então de uma correção ortodôntica, para conseguir solucionar. Também pode-se relatar que as modificações no crescimento e desenvolvimento do ser humano, não acontecem apenas por fatores morfogenéticos, e também por variações morfológicas influenciadas por fatores pós – natais, a postura e respiração, vêm sendo descritas como possíveis modificadoras no controle de crescimento e na morfologia dentofacial, uma posição que chama muita atenção com relação ao que foi descrito em relação a posição oclusal dentária, é a cabeça projetada para frente. (MCNAMARA JR, 2002). 2.0 PROPOSIÇÃO Este trabalho tem como propósito a apresentação de uma revisão literária sobre a mordida cruzada posterior, ressaltando informações sobre a prevalência, etiologia, diagnóstico e tratamento. 3. REVISÃO LITERÁRIA Segundo COHEN (1979) o tratamento das medidas cruzadas posteriores de forma precoce, desperta o interesse de muitos profissionais, que focalizam a intervenção nas dentições decíduas e mista para corrigir as discrepâncias ósseas e alterações oclusais. Essas más oclusões são consideradas como sendo de origem ambiental ou funcional, esquelética e dentária. Para COHEN (1979), a classificação de mordida cruzada posterior vem a ser: De origem ambiental ou funcional: constituem a maioria das mordidas cruzadas posteriores encontradas na dentadura decídua, sendo o fator etiológico um contato prematuro nos dentes decíduos; Esquelética: seriam resultantes de um desenvolvimento desarmonioso, na maxila ou mandíbula, e que se manifestaria em um desequilíbrio da oclusão, anterior ou posterior, podendo ser uni ou bilateral; Dentária: as que ocorreria quando os molares inferiores apresentassem línguo ou lábio-versão, e os molares superiores em línguo-versão e/ou extrema lábio-versão. MOSSAZ (1989) na dentadura mista, o tratamento da MCP é baseado em expansão maxilar através de uma variada gama de aparelhos, que pode ser lenta, através de quadrihélice ou placa expansora removível ativada em ¼ de volta a cada cinco dias; semi-rápida, com ativação de ¼ de volta por dia; ou rápida, com ativação de um disjuntor palatal, por exemplo, o do tipo Hyrax ou Haas, em 2/4 de volta por dia, uma pela manhã e outra à noite. MOSSAZ-JOELSON & MOSSAZ (1989) compararam os efeitos de dois aparelhos expansores da maxila, um bandado e outro encapsulado, sobre a expansão maxilar lenta e os efeitos dentais e esqueletais obtidos pela expansão lenta em contraste aos da expansão rápida da maxila em cinco pacientes, entre 8 e 12 anos, em cada grupo experimental. A expansão lenta durou entre 7 e 12 semanas, seguida de um período de três meses de contenção, e, após mais três meses, foram realizadas as observações. Concluíram que nenhuma diferença significante foi encontrada, comparando-se os resultados obtidos com os diferentes aparelhos (bandado e encapsulado), referentes às respostas dentais e esqueletais, e nem sobre o grau de recidiva. Salientaram ainda que, a quantidade de movimento esquelético e dental, obtidos com a expansão lenta da maxila, foi equivalente àquele obtido pela rápida. NGAN et al (1990) afirmaram que os dentes permanentes irropem na mesma relação da mordida cruzada apresentada por seus antecessores decíduos e que, portanto, devem receber tratamento tão logo sejam detectadas. Relatam ainda que uma mordida cruzada posterior não tratada, pode ocasionar tensões e pressões anormais aplicadas pelos músculos mastigatórios e faciais sobre o complexo ósseo, que, após um longo período, podem alterar a simetria da face e o desenvolvimento da articulação temporomandibular. MOYERS (1991) menciona que o significado da expressão mordida cruzada posterior, consiste na relação anormal, vestibular ou lingual de um ou mais dentes da maxila, com um ou mais dentes da mandíbula, quando os arcos dentários estão em relação cêntrica, podendo ser uni ou bilateral. MOYERS (1991) classificou as mordidas cruzadas, com base em sua etiologia, em: Dentária – quando resultante de um sistema imperfeito de erupção, onde um ou mais dentes posteriores irrompem numa relação de mordida cruzada, mas não afetando o tamanho ou a forma do osso basal; Muscular – quando ocorre uma adaptação funcional às interferências dentárias, sendo que os dentes não estão inclinados dentro do processo alveolar, porém, apresentando um deslocamento da mandíbula e um desvio da linha média; e Óssea – que ocorre em conseqüência de uma discrepância na estrutura da mandíbula ou maxila, conduzindo a uma alteração na largura dos arcos. GUEDES (1993) acrescentou que a mordida cruzada na dentição decídua via de regra deve-se a um hábito postural e o diagnóstico diferencial é importante para o tratamento e deve ser feito através da manipulação da mandíbula em relação cêntrica, baseando-se no comportamento da linha média durante a abertura e fechamento da mandíbula, onde deve-se realizar um cuidadoso exame clínico incluindo radiografia, estudo do modelo e análise do comprimento do arco. INGERVALL et al. (1995) recomendam o uso do arco trans palatino, com torque vestibular de raiz, no dente de ancoragem para correção de MCP unilateral de molar. Ao se avaliar longitudinalmente o efeito da correção da MCP na dentadura decídua e início da mista, sobre a erupção dos pré-molares e sugeriram que o tratamento precoce resulta numa erupção dos pré-molares em posição normal, se a distância intermolar for satisfatória, o desgaste de caninos temporários para eliminar contatos prematuros poderá ser o único tratamento necessário. Quando há uma distância inter molares e inter caninos estiverem diminuídas, a expansão do arco superior é indicada. ZHU et al (1996) definiram a mordida cruzada posterior como uma discrepância existente no sentido transversal e na relação entre as arcadas dentárias maxilar e mandibular. Esta foi classificada como dentária, funcional e esquelética, conforme esteja a sua origem nos dentes, na musculatura temporomandibular ou no esqueleto craniofacial. Pode ser classificada também como anterior, posterior ou total; uni ou bilateral e, ainda, lingual, lingual completa ou vestibular, sendo a primeira a mais comum. Sua etiologia está relacionada a fatores como traumatismos de dentes decíduos ou permanentes; retenção prolongada de dente decíduo ou de sua raiz; dente supranumerário; erupção ectópica; perímetro inadequado do arco e interferência de cúspides. O diagnóstico é realizado por meio de exame clínico cuidadoso, do estudo dos modelos em gesso, analisando tridimensionalmente no sentido transversal e da observação dos movimentos funcionais da mandíbula. Segundo ZHU et al (1996) a correção da mordida cruzada posterior dentária ou funcional pode ser executada por diversos tipos de aparelhos fixos ou removíveis, que visem devolver as inclinações corretas dos dentes alterados, como é o caso do arco em W, bi-hélice ou quadri-hélice e aparelhos removíveis com parafuso expansor. Já na mordida cruzada com estreitamento da maxila ou esquelética, o protocolo de tratamento baseia-se na utilização dos expansores maxilares fixos, como os tipos Haas, Hyrax e expansor com cobertura oclusal. As ativações só se finalizam quando se observa o toque da cúspide palatina dos molares superiores sobre as cúspides vestibulares dos molares inferiores, denotando, com isso, uma sobrecorreção desejada, a fim de evitar possíveis recidivas da expansão obtida. Posteriormente os expansores devem permanecer em contenção por um período de três a seis meses e após a sua remoção indica-se uma placa de contenção removível CIAMBOTTI et al. (2001) compararam a efetividade de um expansor palatino com níquel-titânio com um disjuntor palatal para expansão rápida e afirmaram que ambos os aparelhos são capazes de corrigir mordidas cruzadas posteriores e que a escolha clínica deve ser baseada nos objetivos terapêuticos. 3.1 Etiologia MOYERS (1991) classificou a mordida cruzada pela etiologia em três tipos: dental, esquelética e muscular (ou funcional), a dental envolve um ou dois dentes permanentes, na esquelética há um estreitamento da abóboda palatina e os dentes apresentam inclinação inadequada. GUEDES (1993) acrescentou que a mordida cruzada na dentição decídua via de regra deve-se a um hábito postural e o diagnóstico diferencial é importante para o tratamento e deve ser feito através da manipulação da mandíbula em relação cêntrica, baseando-se no comportamento da linha média durante a abertura e fechamento da mandíbula, onde deve-se realizar cuidadoso exame clínico incluindo radiografia, estudo do modelo e análise do comprimento do arco. KOCH et al (1995) descreveram os fatores etiológicos citados da mordida cruzada posterior: hábitos de sucção de dedo e chupeta; problemas respiratórios; posição postural durante o sono; má posição dentária, ainda que, de apenas um dente; perda precoce ou retenção prolongada de decíduos e interferências oclusais. Na prática, o que se observa com freqüência, é a associação de alguns desses fatores, exemplos: problemas respiratórios, atresias maxilares e interferências oclusais. Cerca de 90% dos casos de mordidas cruzadas posteriores em crianças podem ser atribuídas a interferências cuspídeas na área de caninos. Fatores como hábitos bucais deletérios, obstrução das vias aéreas superiores devido à respiração bucal, perda ou retenção prolongada de dentes decíduos, posicionamento da língua atípico, como também a base óssea maxilar com deficiência transversal congênita em relação à mandíbula, tudo isso são intervenções que causam maloclusões da mordida cruzada posterior. SOLIGO (1999) relata que há diferentes fatores como prováveis causadores da referida má oclusão tais como a respiração bucal, hábitos bucais deletéricos: A relação entre os hábitos bucais deletéricos e as más olcusões tem sido intensamente explorada na literatura. Esses hábitos nocivos podem interferir no padrão de crescimento facial, bem como no desenvolvimento normal da oclusão; perda precoce ou retenção prolongada de dentes decíduos; migração do germe do dente permanente, interferências oclusais, anomalias ósseas congênitas, falta de espaço nos arcos (discrepância entre o tamanho do dente e o tamanho do arco), fissuras palatinas e hábitos posturais deletérios. SILVA FILHO (2001) relata que a falta de espaço para a acomodação dos dentes alinhados nas arcadas dentárias, mais conhecidas como “apinhamento dentário”, podem ter origem em distintos fatores etiológicos, como: Discrepância óssea - dentária negativa: consiste numa desproporção entre tamanhos de dentes e de maxilares, ou mais propriamente dita, de arcadas ósseas, podendo vir a aparecer em decorrência de existência de dentes desproporcionalmente grandes em relação a uma arcada normal; Dentes normais associados a arcadas pequenas, e dentes grandes em arcadas subdesenvolvidas, dentre os fatores determinantes de tais situações podem figurar o padrão morfo-genético e/ou agentes dos mais diversos que prejudiquem o normal desenvolvimento das arcadas ósseas. Perdas de espaço nas arcadas: mesmo nas arcadas normais nas dimensões, podem deixar de oferecer espaço aos dentes pelos seguintes fatores: seqüência anômala de erupção dentária; Perdas precoces de dentes decíduos; Cáries dentárias nas faces proximais; Presença de dentes supranumerários e a restauração dimensionalmente incorreta nos dentes decíduos. Todos esses fatores evidenciam perigos que proporcionam ao equilíbrio das arcadas dentárias. Sobremordida (Overbite): esse fator etiológico pode estar presente em qualquer dos tipos de má – oclusa, que significa um excessivo trespasse dos incisivos, no sentido vertical. A sobremordida pode ocorrer devido à perda precoce de dentes decíduos na zona de sustentação, perdendo assim a dimensão vertical; decorrendo também da falta de relação antero-posterior adequada entre as arcadas dentárias maxilar e mandibular, favorecendo uma sobre-erupção dos incisivos em busca de contato oclusal. Sobressaliência (Overjet): Caracteriza-se por um excessivo trespasse horizontal dos incisivos, estando os dentes superiores à frente dos inferiores ou vice-versa, associando-se a uma sobremordida, porém apresenta-se independente desta. Classificam as causas mais comuns como: falta de desenvolvimento mandibular; hábito de sucção de dedos (principalmente polegar); Deglutição atípica (onde a língua venha a forçar para labial os incisivos superiores) e uso de certos instrumentos musicais de sopro. SILVA FILHO (2001) observa que na prática é uma freqüência de alguns fatores, como: problemas respiratórios, atresias maxilares e interferências oclusais, quase 90% dos casos de mordida cruzada posterior em crianças podem ser atribuídas a interferências cuspídeas na área de caninos. Quando há constrição bilateral de maxila e interferências dentais, muitas vezes são em caninos decíduos. SILVA FILHO (2001) menciona que etiologicamente, as más oclusões se resultam da interação de uma variedade de fatores durante o crescimento, relatando como principais fatores dessa interação e conseqüente causa da mordida cruzada, a hereditariedade; defeitos de desenvolvimento de origem desconhecida; traumatismos; agentes físicos como: extração prematura ou retenção prolongada de dentes decíduos; hábitos de sucção; enfermidades sistêmicas; distúrbios endócrinos, enfermidades nasofaríngeas e função respiratória perturbada. 3.1.1 Mordida Cruzada Funcional EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que quando se observa o paciente de uma forma facial frontal, apresenta-se uma assimetria facial por desvio em lateralidade da mandíbula, quando se observa a presença de mordida cruzada unilateral e desvio de linha média inferior para o lado da mordida cruzada. Devido à memória muscular, muitas vezes vem a ocorrer uma assimetria mandibular, mesmo quando a mandíbula se encontra em posição de repouso. Todos os fatos descritos acima são realizados no início do tratamento. EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) diz que ao se obter um diagnóstico definitivo, a mandíbula é manipulada em relação cêntrica, a fim de se observar o relacionamento dentário posterior, normalmente o paciente que apresenta mordida cruzada funcional quando em relação cêntrica, acaba não ocorrendo a presença de mordida cruzada posterior, observando-se contato prematuro de algum elemento dentário, geralmente caninos decíduos. EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que em alguns casos de mordida cruzada funcional, não ocorre real atresia maxilar, mas somente uma acomodação mandibular para a melhor intercuspidação dentária, objetivando o desvio dos contatos prematuros; geralmente a mordida cruzada funcional ocorre muito precocemente na dentadura decídua, tal mordida quando não tratada neste período, acaba por evoluir para uma mordida cruzada verdadeira, pois pode ter sua etiologia em algum hábito. O tratamento vem a ser indicado como um desgaste seletivo em dentes decíduos, para eliminação de interferências oclusais. 3.1.2 Mordida Cruzada Esquelética Bilateral, com Desvio Mandibular EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que a Mordida cruzada Esquelética, com desvio mandibular é também conhecida como Dentoalveiolar Posterior Bilateral com Desvio de Mandíbula, o paciente com esse tipo de característica, tem em norma facial um desvio em lateralidade da mandíbula, ocorrendo da mesma forma dos casos de mordida cruzada funcional, ao se realizar exames é encontrado a presença de mordida cruzada unilateral e desvio da linha média inferior ao lado da mordida cruzada, semelhante ao da funcional. EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) menciona que quando se manipula a mandíbula para a posição de RC, nota-se uma relação posterior bilateral de topo – a – topo, ou seja, contato das cúspides vestibulares dos dentes superiores com as cúspides vestibulares dos dentes inferiores, demonstrando uma atesia maxilar, ou raramente uma sobreexposição mandibular. Assim o diagnóstico em RC indica a necessidade de expansão simétrica da maxila, pois o problema é bilateral e não unilateral. 3.1.3 Mordida Cruzada Esquelética Bilateral, Sem Desvio Mandibular EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que esses são pacientes que apresentam assimetria evidente, pois não há desvio de mandíbula, entretanto intra bucalmente é verificada a presença de mordida cruzada posterior bilateral caracterizada por atresia maxilar acentuada, pois as cúspides vestibulares dos dentes superiores ocluem no sulco principal dos seus respectivos antagonistas. EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) diz que muitos casos de mordida cruzada esquelética posterior bilateral possuem maxila atrésica ou inclinação vestibular dos dentes superiores posteriormente bilateralmente, assim diferente da mordida com desvio mandibular como a atresia de maxila é maior, as cúspides vestibulares superiores ocluem no sulco principal dos dentes inferiores, resultando numa oclusão estável e sem desvio mandibular, ocorre então a necessidade de uma expansão simétrica da maxila de uma maneira mais acentuada, pois a atresia é de grande importância. 3.1.4 Mordida Cruzada Esquelética – Unilateral com Desvio Mandibular EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que a mordida cruzada funcional e a posterior bilateral com desvio mandibular, quando realizado o exame facial, o paciente apresenta assimetria facial pelo desvio em lateralidade da mandíbula. Ao se resultar um diagnóstico definitivo, realiza-se a manipulação da mandíbula em RC e se for constatada a permanência da mordida cruzada unilateral, verifica-se uma mordida cruzada posterior esquelética unilateral com desvio de mandíbula. EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) diz que quando analisado o arco maxilar numa visão posterior, nota-se a aresia do lado da mordida cruzada, demonstrando um arco assimétrico, com mais ação do lado da mordida cruzada; e quando diz respeito ao arco inferior, geralmente é observada uma verticalização dos dentes do lado da mordida cruzada, como conseqüência da oclusão invertida. 3.1.5 Mordida Cruzada Esquelética – Unilateral sem Desvio Mandibular EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que a mandíbula não apresenta desvio ou assimetria, o paciente pode por vezes apresentar coincidência de linhas médias e presença de mordida cruzada unilateral, com as cúspides vestibulares superiores ocluindo no sulco principal dos dentes inferiores. Para se ter um diagnóstico definitivo, a mandíbula deve ser manipulada em RC, a fim de se obter um padrão oclusal; ao se realizar o exame do arco superior, normalmente apresenta-se atresia no lado da mordida cruzada, enquanto no arco inferior ocorre uma verticalização dos dentes do lado do cruzamento da mordida. 3.1.6 Mordida Cruzada Posterior – Com Desvio Mandibular EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) observa uma assimetria facial por desvio mandibular, normalmente o paciente apresenta um ou dois elementos dentários posteriores com assimetria em relação aos outros dentes e em mordida cruzada com seu antagonista. Ao se ter contato prematuros, a mandíbula seja desviada para um dos lados, mas há um desvio de linha média inferior para o lado do cruzamento. EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que o paciente apresenta uma mordida cruzada posterior dentária com desvio mandibular quando, em RC, tem-se a presença de um ou dois elementos dentários em mordida cruzada com os antagonistas, por causa das inclinações axiais errôneas, sem componentes esqueléticos, sendo indicado somente correção destes dentes, posicionando-os corretamente em suas bases alveolares. 3.1.7 Mordida Cruzada Posterior – Sem Desvio Mandibular EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) relata que na Mordida Cruzada Posterior, sem desvio mandibular não se verifica assimetria facial, pois a mandíbula não tem desvio ou assimetria, o paciente costuma apresentar um ou dois elementos dentários posteriores com assimetria em relação aos outros dentes e em mordida cruzada com seus antagonistas. Por não ocorrer um primeiro contato não se observa desvio da linha média inferior. Os arcos dentários não apresentam nenhuma atresia esquelética dos mesmos. É indicado a correção dos elementos dentários para que suas posições normais tornem-se simétricos em relação aos outros. 3.1.8 Mordida Cruzada Posterior Vestibular Total EDGARD MATTA; RICARDO MACHADO; PAULENE SILVA (2008) diz que tal mordida é também conhecida como síndrome de Brodie, que possui como característica uma relação anormal no sentido vestíbulo-lingual entre a maxila e a mandíbula, onde a maxila engloba toda a mandíbula, ou seja, em mordida cruzada vestibular total, tal oclusão pode resultar de uma maxila excessivamente larga, de uma atresia severa da mandíbula ou até mesmo de uma combinação de ambas. Observa-se um arco maxilar totalmente por vestibular em relação ao arco mandibular, englobando-o de tal modo que os dentes superiores posteriores não ocluem com seus antagonistas. Dependendo da gravidade da mordida cruzada, o caso só será tratado prioritariamente por um ortodontista ou até com o auxílio de cirurgia. 3.2 Prevalência SILVA & ARAÚJO (1983) examinaram 600 crianças com idades entre 5 e 7 anos, da rede escolar municipal da Ilha do Governador no Rio de Janeiro, para estabelecer a situação desta comunidade, em relação a maloclusão. Avaliou-se a prevalência dos tipos de maloclusão de acordo com a classificação de Angle, em função de três grupos étnicos: branco, mulato e negro. Procurou-se verificar também a prevalência da mordida cruzada. Os resultados obtidos foram: 1) A Classe I foi a maloclusão mais prevalente seguida da Classe II (em especial a Classe II, 1ª divisão) e finalmente a Classe III que ocorreu raramente; 2) Comparando os três grupos étnicos: branco, mulato e negro, o mulato foi o grupo que apresentou o maior percentual de maloclusões e o branco o que apresentou a maior prevalência de maloclusão Classe II; 3) A mordida cruzada foi encontrada em 19,17% da população, não havendo diferença entre a prevalência da anterior e da posterior. Houve uma prevalência de 9,5% para mordida cruzada posterior sendo que, a unilateral foi bem mais prevalente que a bilateral, 75,4% contra 8,8%, respectivamente; 4) A alta prevalência da maloclusão, o elevado percentual de cáries, o baixo percentual de dentisteria presente e a falta de cuidado com a higiene comprometem sobremaneira a saúde bucal de nossa população. GRIBEL (1999) relata que cerca de 61,7% das dimensões sagitais da mandíbula de um adulto, já estão presentes no primeiro ano de vida e cerca de 80% por volta dos 06 anos de idade, todas estas observações e constatações nos levam a pensar com seriedade na necessidade de intervenções cada vez mais precoces para estas maloclusões. GRIBEL (1999) diz que quando se tem o conhecimento dos valores normais das medidas dos arcos e dentes, existe uma possibilidade de acompanhar o desenvolvimento da oclusão normal, dando sustentação às medidas necessárias a serem adotadas quando houver um distúrbio nesse desenvolvimento. É preciso que haja uma autocorreção da mordida cruzada posterior, quando não houver tratamento na dentadura decídua, podendo implicar em uma mordida cruzada nas dentaduras mistas e permanentes. GRIBEL (1999) relata que as mordidas cruzadas posteriores unilaterais podem ser funcionais ou esqueléticas, obtendo como diagnóstico diferencial quando possível á realização de uma relação cêntrica (RC); quando a mordida é bilateral, em relação cêntrica, os dentes posteriores ficam de topo-a-topo, e unilateral quando, mesmo em RC, os dentes continuarem em mordida cruzada unilateralmente, tal diferenciação é muito importante, pois tais tipos de mordida cruzada exigem diagnósticos diversificados. THOMAZINE & IMPARATO (2000) observaram a prevalência de mordida aberta e mordida cruzada posterior em 525 crianças de ambos os gêneros da cidade de Campinas (SP). Das crianças examinadas 71 (13,52%), apresentava mordida aberta, 78 (14,86%), mordida cruzada posterior e 30 (5,71%), apresentavam simultaneamente mordida aberta e mordida cruzada posterior. A prevalência de mordida aberta foi maior no gênero feminino. No entanto, em se tratando da mordida cruzada posterior, a prevalência mostrou-se igual para ambos os gêneros, com predominância pela mordida cruzada posterior (16,95%). Verificaram ainda uma elevada prevalência de mordida cruzada posterior unilateral (73,03%), enquanto a mordida cruzada anterior não foi freqüentemente observada (3,05%), sendo ainda mais raros, os casos em que ocorriam simultaneamente, mordida cruzada anterior e mordida cruzada posterior (0,57%). MORAES et al (2001) avaliaram uma amostra de 989 crianças, de ambos gêneros, entre 2 a 5 anos, procedentes de creches públicas de Aracajú (SE), Bayeux (PB), João Pessoa (PB) e Recife (PE). Verificaram que 396 (59,95%) das crianças portavam mordida aberta, 126 (12,73% apresentavam mordida cruzada anterior, 82 (8,28%) mordida cruzada posterior unilateral e 23 (2,32%) crianças exibiam mordida cruzada posterior bilateral. Das crianças com mordida aberta, 143 era portadoras do hábito de sucção de chupeta (37,14%). A mordida cruzada posterior este associada ao hábito de sucção em 14 casos (3,63%). Concluíram que foi elevado o número de crianças que apresentam maloclusão na dentição decídua, particularmente mordida aberta, estando esta comumente relacionada à sucção de chupeta. SILVA FILHO et al (2003) utilizando uma amostra de 2016 crianças de 8 préescolas particulares e 12 pré-escolas públicas do município de Bauru, São Paulo, Brasil, sendo 1032 do gênero masculino e 984 do gênero feminino, no estágio de dentadura decídua, compreendendo a faixa etária entre 3 e 6 anos, verificaram que a oclusão normal esteve presente em 26,74% da amostra e 73,26% das crianças apresentaram algum tipo de maloclusão. Entre as maloclusões foram diagnosticados: mordida cruzada posterior unilateral (11,65%), mordida aberta anterior associada a mordida cruzada posterior (6,99%), mordida cruzada posterior bilateral (1,19%), mordida cruzada posterior unilateral associada a mordida cruzada anterior (0,79%) e mordida cruzada total (0,19%). A presença de desvio funcional da mandíbula em crianças com mordida cruzada posterior unilateral foi de 91,91%, caracterizando a mordida cruzada posterior unilateral funcional. Os resultados mostraram uma prevalência de mordida cruzada posterior compatível com a literatura, predominando as mordidas cruzadas posteriores unilaterais de caráter funcional. 3.3 Tratamento Precoce SCHORODER & SCHORODER (1984) menciona que em estudo longitudinal, encontram que a correção das mordidas cruzadas funcionais resultou na erupção do primeiro molar permanente em uma relação transversal normal em 84% dos casos. Nenhuma reincidência na relação transversa corrigida dos dentes decíduos no início da dentição mista. SCHORODER & SCHORODER (1984) Argumenta que o potencial auto-corrigível da mordida cruzada na dentição mista e permanente, poderia contra-indicar a intervenção na dentição decídua, contudo nota-se que a mordida cruzada posterior é usualmente perpetuada na unidade sucessora do dente permanente e nos primeiros molares permanentes. As mordidas cruzadas funcionais resultam em quase 90% dos primeiros molares permanentes e 100% dos pré-molares erupcionados cruzados, quando não existe tratamento. SALGADO & SALGADO (1986) observa que todas as abordagens terapêuticas possíveis, o uso da disjunção platina combinada com a protração maxilar nos casos de Classe III, devidos à retrusão maxilar associada ou não a protrusão mandibular, se mostra a mais adequada durante a dentadura mista por produzir resultados mais dramáticos em um pequeno período de tempo. Ao intervir precocemente no desenvolvimento da face, os efeitos da terapia são incorporados ao crescimento craniofacial futuro do paciente que ocorre durante um longo período, podendo ser citado à: Correção de discrepância entre RC – OC; Protração esquelética da maxila; Protrusão dos dentes anteriores superiores; Inclinação lingual dos dentes anteriores inferiores, e; Redirecionamento do crescimento mandibular para baixo e para trás. SALGADO & SALGADO (1986) afirmaram que é de fundamental importância o tratamento precoce da mordida cruzada. Dentre as várias razões, estão: o fato da mordida cruzada posterior não se corrigir espontaneamente, de provocar desgastes anormais dentários, desenvolver problemas periodontais por trauma oclusal, provocar interferências no desenvolvimento e crescimentos normais dos arcos dentários, além de que nos casos de mordidas cruzadas funcionais que apresentam desvio lateral da mandíbula pela presença de interferências oclusais, há uma alteração na posição dos côndilos. A não correção destes desvios em idade precoce pode acarretar uma assimetria facial na idade adulta. PLANAS (1988) preconizou, como primeira conduta para o tratamento precoce de mordida cruzada posterior, o desgaste de interferências oclusais. Nos casos em que o desgaste oclusal não for suficiente para a eliminação das interferências oclusais, a construção de planos com resina fotopolimerizável por sobre as faces oclusais dos dentes decíduos posteriores, as chamadas pistas diretas Planas, seria o suficiente para a correção da mordida cruzada posterior. No entanto, não são observados estudos metodologicamente apropriados avaliando a efetividade deste método simples e de baixo custo no tratamento desta importante maloclusão. PLANAS (1988) relata que ao se realizar uma correção precoce da mordida cruzada elimina-se a possibilidade de deformações da crista alveolar, que poderia ocorrer como uma alteração compensatória para acomodar a má oclusão. Quando há um redirecionamento da dentição em uma relação de oclusão normal pode reduzir a perda de comprimento do arco e problemas de erupção. DRUMOND et al (1991) ressaltara que a correção precoce aproveita a maior bioelasticidade óssea, redirecionando os germes dos dentes permanentes em desenvolvimento, para promover um melhor relacionamento esquelético entre as bases ósseas, eliminando as posições desfavoráveis da ATM e proporcionando um padrão de fechamento mandibular normal, evitando, portanto, tratamentos posteriores mais complexos. DRUMOND et al (1991) recomenda que se realize um tratamento para á correção das mordidas cruzadas posteriores, o mais breve possível, tal má oclusão se deixada sem tratamento, podem vir a ter efeitos deletérios sobre o desenvolvimento e função da ATM. Tanto os espaços verticais como horizontais, a correção da mordida cruzada, permite uma simetria condilar bilateral, uma adaptação subseqüente da neuromusculatura para a posição mandibular adquirida, que pode levar a um crescimento mandibular assimétrico, desarmonia facial, mordida cruzada óssea severa com alteração permanente. 3.4 Diagnóstico e Tratamento MYERS (1980) diz que para obter um bom resultado, é necessário que o diagnóstico entre uma constrição bilateral do arco e uma mordida cruzada unilateral verdadeira, deve ser realizado antes de se iniciar o tratamento. Ao se fazer o exame, inclui-se o posicionamento da mandíbula em relação cêntrica e observa-se a trajetória de movimento para a máxima intercuspidação. Quando há ocorrência de um discrepância entre a relação cêntrica-oclusão existe assim um desvio presente. A presença de um arco superior simétrico é, usualmente, diagnosticada por uma constrição bilateral superior. MYERS (1980) reportou que há evidência de que a correção dos arcos na dentição decídua pode influenciar positivamente o posicionamento dos sucessores permanentes. Em trinta e dois casos de mordidas cruzadas funcionais tratados precocemente (3-6 anos), observaram em 84% dos casos, um relacionamento normal entre os primeiros molares permanentes. Em contrapartida, em quarenta e oito casos de mordidas cruzadas não tratadas na dentição decídua, os molares permanentes irromperam numa posição normal somente em quatro casos. Segundo MOYERS (1991), a mordida cruzada posterior pode ser classificada em dentária, funcional e esquelética. A mordida cruzada posterior dentária é causada por inclinações indesejáveis dos dentes; a esquelética é devido à deficiência transversal maxilar e a funcional, caracterizada por interferências dentárias durante o fechamento mandibular. A correção da mordida cruzada posterior dentária ou funcional pode ser executada por diversos tipos de aparelhos fixos ou removíveis, que visem devolver as inclinações corretas dos dentes alterados, como exemplo, o arco em W, bihélice ou quadrihélice e aparelhos removíveis com parafuso expansor. MOYERS (1991) diz que na mordida cruzada com grande estreitamento da maxila ou esquelética, o protocolo de tratamento baseia-se na utilização dos expansores maxilares fixos, como os tipos Haas, Hyrax e expansor com cobertura oclusal (preconizado por Mcnamara) para propiciar a abertura da sutura palatina mediana. As ativações dos aparelhos removíveis devem ser de modo lento, para não desestabilizar o aparelho, sendo que o protocolo bastante aceito é o de ¼ de volta por semanal, no arco em W, a ativação deve ser aproximadamente de 4 a 5 mm de cada lado. Já para os expansores fixos, como o tipo Haas, Hyrax e o com cobertura oclusal, as ativações deverão ser correspondentes ¼ de volta pela manhã e ¼ à noite. Normalmente, via de regra, as ativações só são finalizadas quando se verifica o toque da cúspide palatina dos molares superiores sobre as cúspides vestibulares dos molares inferiores, denotando, com isso, uma sobrecorreção desejada, a fim de evitar possíveis recidivas da expansão obtida. Os expansores devem permanecer em contenção por um período de três a seis meses e após a sua remoção, indica-se uma placa de contenção removível, tipo Hawley por aproximadamente seis meses. MOYERS (1991) menciona que em tratamentos relacionados à mordida cruzada, o diagnóstico diferencial no segmento esquelético, dentário ou ambos é funcional; onde grande parte dos estudos apontam a deficiência do desenvolvimento maxilar como fator determinante das alterações entre as bases apiciais. É necessário uma atenção redobrada ao se realizar o exame clínico, para que se diferencie a mordida cruzada esquelética, da mordida cruzada funcional; pois quando a mordida cruzada funcional não é tratada precocemente pode vir a levar ao crescimento adverso da mandíbula e maxila, tensão excessiva nas articulações, interferências na função muscular, mastigatória e fonação. MARTINS et al (1998) relataram que em muitas situações clínicas a simples vestibularização dos processos dentoalveolares é suficiente para a correção da mordida cruzada posterior tornando desnecessária a disjunção da sutura palatina mediana, principalmente durante a fase de dentadura decídua ou mista. O efeito do aparelho Hyrax modificado sobre as estruturas ósteo-dentárias e faciais está caracterizado pela inclinação e extrusão dos dentes posteriores, favorecendo uma rotação no sentido horário da mandíbula, aumentando a AFAI e diminuindo a sobremordida profunda. Relataram ainda um caso clínico de um paciente do gênero masculino com 9 anos de idade que apresentava mordida cruzada posterior e relação molar de Classe II. Após a avaliação da anatomia dos molares decíduos evidenciou-se um formato cônico e com coroa clínica relativamente curta, optando-se pela correção a mordida cruzada posterior utilizando o disjuntor colado Hyrax modificado, cujo modo de ação é a aplicação de forças controladas sobre as superfícies palatinas dos dentes de ancoragem atingindo maior efeito ortodôntico do que efeito ortopédico, neste caso específico o efeito ortodôntico era desejado para corrigir a maloclusão. Não foram observadas inflamações gengivais nem durante a fase ativa do tratamento nem durante a fase passiva, embora estes problemas sejam mais freqüentes quando da utilização da técnica de bandagem convencional, tanto a confecção do aparelho quanto a instalação do mesmo dentro da boca foram considerados procedimentos relativamente simples, diminuindo tempo de cadeira e moléstias para o paciente. A performance clínica e laboratorial do Hyrax colado foi bastante satisfatória, razão pela qual este aparelho pode ser uma alternativa a mais para tratar a mordida cruzada posterior principalmente em etapas precoces de desenvolvimento oclusal. MARTINS et al (1998) menciona que no tratamento da mordida cruzada posterior, diversos aparelhos fixos e removíveis são comumente utilizados com o objetivo de incrementar as dimensões transversais da maxila, seja pela movimentação dos segmentos maxilares, ou produzindo uma inclinação vestibular dos processos dentro alveolares. O tratamento que melhor se enquadra nos casos de mordida cruzada posterior unilateral, é a expansão maxiliar, uma vez que as relações vestíbulo-linguaus e uma boa intercuspidação tenham sido alcançadas pelo tratamento, espera-se que estes casos sejam mantidos pela relação oclusal e função normal estabelecida. MARTINS et al (1998) diz que existe uma variável de evidências, de que a correção dos arcos na dentição decídua pode influenciar positivamente o posicionamento dos sucessores permanentes. Quando casos de mordida cruzada funcional, que são tratados de forma precoce obtém um resultado normal entre os primeiros molares permanentes, já no tratamento de mordida cruzada que não são tratadas na dentição decídua, os molares permanentes irromperam numa posição normal. MARTINS et al (1998) ressalta que é muito importante o tratamento precoce da mordida cruzada, e dentre as várias razões estão: o fato da mordida cruzada posterior não se corrigir espontaneamente, de provocar desgastes anormais dentários, desenvolver problemas periodontais por trauma oclusal, provocar interferências no desenvolvimento e crescimento normal dos arcos dentários, além de que nos casos de mordidas cruzadas funcionais que apresentam desvio lateral da mandíbula pela presença de interferências oclusais, há uma alteração na posição dos côndilos; quando não tratada de forma precoce, pode vir a acarretar uma assimetria facial na idade adulta. KENWORTHY & SHEATS (2001) com o objetivo de evitar alguns inconvenientes do tratamento através de expansão rápida da maxila, em que algumas vezes há uma sobre expansão do lado contralateral apresentaram uma rampa funcional encapsulada com o objetivo de produzir expansão assimétrica para correção da mordida cruzada posterior unilateral. 3.5 Tratamento Ortodôntico Segundo MOYERS (1988) diz que a mordida cruzada pode ser classificada em: Unilateral funcional, Unilateral Verdadeira e Bilateral, assim poderá obter alguns recursos para tratamento da mordida cruzada posterior, através da utilização de aparelhos ortodônticos, no caso dos recursos removíveis têm-se duas opções: 1. Placa de Hawley com expansor: mais utilizado para promover a expansão do arco dentário superior, para corrigir a mordida cruzada posterior na dentadura decídua e mista. É um processo lento, expandindo o arco e a inclinação dos dentes posteriores para vestibular, sem abrir sutura platina mediana. 2. Descruzador de mordida posterior com mola digital: consiste em uma placa de acrílico como mola digital localizada no dente cruzado, possibilitando a movimentação vestibular; usado convencionalmente quando se tem apenas um dente cruzado. Uma outra possibilidade de tratamento, vêm a ser através do recurso fixo: 1. Botão Lingual: são botões colocados sobre a face palatina superior e a face vestibular inferior dos dentes que estão cruzados, utilizando-se elásticos 1/8 para auxiliar o descruzamento; normalmente utilizado para tratamentos que envolvam apenas um elemento dentário cruzado. 2. Bi-hélice, Quadri-hélice e arco em W: são tratamentos realizados através de bandas ortodônticas cimentadas nos primeiros molares permanentes superiores e no primeiro pré-molar ou segundo molar decíduo; Convencionalmente indicado para expansão lenta na dentadura decídua e mista, podendo promover abertura da sutura palatina devido à sua calcificação incompleta. MOYERS (1988) conclui que enfim que a mordida cruzada vem a ser a incapacidade dos arcos em ocluir normalmente no relacionamento lateral e/ou ântero-posterior, sendo causada por inúmero fatores; sendo a mordida cruzada posterior quando os dentes posteriores encontram-se cruzados no sentido transverso, podendo ser uni ou bilateral, total e funcional. Segundo MOYERS (1988) o ortodontista é o profissional que atua no crescimento craniofacial, no desenvolvimento da oclusão dentária e no tratamento das alterações dentofaciais. MOSSAZ-JOELSON & MOSSAZ (1989) compararam os efeitos de dois aparelhos expansores da maxila, um bandado e outro encapsulado, sobre a expansão maxilar lenta e os efeitos dentais e esqueletais obtidos pela expansão lenta em contraste aos da expansão rápida da maxila em cinco pacientes, entre 8 e 12 anos, em cada grupo experimental. A expansão lenta durou entre 7 e 12 semanas, seguida de um período de três meses de contenção, e, após mais três meses, foram realizadas as observações. Concluíram que nenhuma diferença significante foi encontrada, comparando-se os resultados obtidos com os diferentes aparelhos (bandado e encapsulado), referentes às respostas dentais e esqueletais, e nem sobre o grau de recidiva. Salientaram ainda que, a quantidade de movimento esquelético e dental, obtidos com a expansão lenta da maxila, foi equivalente àquele obtido pela rápida. MOSSAZ-JOELSON & MOSSAZ (1989) diz que muitas situações clínicas, a vestibularização dos processos dentoalveolares é suficiente para a correção da mordida cruzada posterior, tornando desnecessária a disjunção da sutura palatina mediana, principalmente durante a fase de dentadura decídua ou mista. O aparelho Hyrax sobre as estruturas ósteo-dentárias e faciais está caracterizado pela inclinação e extrusão dos dentes posteriores, favorecendo uma rotação no sentido horário da mandíbula, aumentando a AFAI e diminuindo a sobremordida profunda. SCHNEIDMAN et al (1990) compararam dois tipos de aparelhos usados para expansão rápida de maxila, Hyrax com dois e com quatro pontos de apoio, avaliaram dois grupos de 25 crianças entre 7 e 15 anos, que foram tratadas com os referidos aparelhos. Os achados evidenciaram que os dois aparelhos foram equivalentes em efetividade referente à expansão maxilar, porém o dispositivo com dois pontos de apoio mostrou menor efeito sobre os dentes anteriores superiores e dentes inferiores. SCHNEIDMAN et al (1990) diz que muitos autores recomendam que no início do tratamento da MCP, na dentadura decídua, seja com DO e posterior uso de aparelho expansor fixo, quando os ajustes não tenham sido suficientes. Existe uma diversidade considerável de aparelhos que pode ser usado para obter expansão da maxila, podendo estes ser fixos ou removíveis, onde a expansão da maxila pode ser rápida, semi-rápida ou lenta. INGERVALL et al (1995) verificaram os efeitos do arco transpalatino com e sem torque vestibular de raiz para a correção de mordida cruzada posterior unilateral de primeiro molar. Utilizaram uma amostra de 35 pacientes, entre 6,8 e 15,11 anos de idade. Quinze indivíduos foram tratados com o arco ativado apenas para expansão e os outros 20 incorporando, além da ativação para expansão, torque vestibular de raiz no dente de ancoragem. Nas crianças tratadas com o arco apenas para expansão os molares de ambos os lados das arcadas moveram-se bucalmente, enquanto nas tratadas com a ativação do torque houve um movimento, significativo maior, do molar cruzado em relação ao de ancoragem. Baseados nos resultados, os autores recomendaram o uso do arco transpalatino com torque vestibular de raiz no dente de ancoragem, para correção de mordida cruzada posterior unilateral de molar. INGERVALL et al (1995) diz que normalmente, as ativações só são finalizadas quando se verifica o toque da cúspide palatina dos molares superiores sobre as cúspides vestibulares dos molares inferiores, denotando, com isso, uma sobrecorreção desejada, a fim de evitar possíveis recidivas da expansão obtida. Os expansores devem permanecer em conteção por um período de três a seis meses após a sua remoção, indica-se uma placa de contenção removível, tipo Hawley por aproximadamente seis meses. RICKETTS (1996) afirmou que essencialmente todas as Mordidas Cruzadas devem ser tratadas tão logo descobertas, e que "quanto mais o Ortodontista espera, ou quanto mais velho o paciente, mais difícil e menos provável que aconteçam alterações ortopédicas ou estruturais". CURETON (1998) relatou um caso clínico de um indivíduo do gênero masculino com 5 anos de idade que foi encaminhado pelo Departamento de Prótese Dentária com a solicitação de que o canino inferior direito fosse corrigido da mordida cruzada. O paciente possuía um arco superior relativamente simétrico com o incisivo lateral e canino direitos em boa relação transversa. O arco inferior também era simétrico exceto pelo canino direito deslocado vestibularmente. O canino inferior teria de ser lingualizado sem movimentação vestibular simultânea do canino superior direito. Tendo em vista que o canino superior estava numa posição aceitável, os elásticos cruzados eram contra-indicados. Uma placa de mordida posterior na maxila foi instalada para permitir a movimentação dentária a fim de corrigir a mordida cruzada e manter o canino superior direito na sua posição. Um fio lingual foi soldado às bandas nos segundos pré-molares direito e esquerdo e canino esquerdo deixando espaço para a lingualização do canino direito. Um fio vestibular 016" de níquel titânio foi inserido nos tubos dos segundos pré-molares e dobrado nas extremidades distais. Um segmento de tubo foi colocado no fio desde o canino esquerdo até cerca de 4mm do canino direito. Os amarrilhos foram presos do fio vestibular ao fio lingual, mesial e distal ao canino direito e apertados até que o fio de níquel titânio fosse adequadamente defletido. O tubo evitou que o amarrilho mesial se movimentasse mesialmente ao longo do fio vestibular. Os amarrilhos do fio lingual foram substituídos mensalmente. Após três meses, o canino inferior direito sofreu movimentação para uma relação topo-a-topo com seu oponente e estava em contato com o fio lingual. Este fio e as bandas foram então removidos e adicionadas dobras linguais para produzir mais movimento lingual do canino. O fio de níquel titânio foi substituído por um fio TMA 016" x .022" que foi amarrado ao fio lingual com amarrilhos mesiais e distais ao canino. Quando o canino movimentou-se lingualmente em relação à mordida cruzada, foi inserido um fio TMA .016" x 022" com um amarrilho somente no lado distal. O canino estava novamente em contato com o fio lingual. Depois de apenas seis meses de tratamento o canino inferior direito havia sido movimentado lingualmente com sucesso e a mordida cruzada corrigida. 4.0 Discussão Entende-se por mordida cruzada posterior a discrepância existente no sentido transversal e na relação entre as arcadas dentárias maxilar e mandibular, sendo ela de etiologia multifatorial (ZHU et al, 1996). MOYERS (1991) classificou a mordida cruzada conforme esteja a sua origem nos dentes, na musculatura temporomandibular ou no esqueleto craniofacial pela etiologia em três tipos: dental, esquelética e muscular (ou funcional), a dental envolve um ou dois dentes permanentes, na esquelética há um estreitamento da abóboda palatina e os dentes apresentam inclinação inadequada. Pode ser classificada também como anterior, posterior ou total; uni ou bilateral e, ainda, lingual, lingual completa ou vestibular, sendo a primeira a mais comum. Para VADIAKAS et al (1991), a mordida cruzada posterior caracteriza-se por uma relação bucolingual anormal dos dentes posteriores, e também como uma incapacidade das arcadas dentárias ocluírem normalmente na relação transversal, é a discrepância mais frequente no plano transverso oclusal na fase da dentição decídua e pode estar relacionada a fatores ambientais que perturbam o equilíbrio das forças aplicadas aos dentes pelos tecidos moles. A maloclusão é um desvio morfofuncional do sistema mastigatório. Os autores Silva Filho et. al (2000),relata que a relação de intercuspidação entre os arcos diante da mordida cruzada posterior unilateral revela a existência da deficiência transversal do arco superior, mas não identifica a sua natureza, se dentária ou esquelética. Para o diagnóstico diferencial relatam que torna-se necessário a avaliação do binômio: morfologia isolada do arco dentário superior e posição vestíbulo-lingual que os caninos e molares ocupam no arco alveolar. A morfologia tendendo a triangular, com caninos e molares bem posicionaos no sentido vestíbuo-lingual, caracteriza o envolvimento esquelético da atresia superior, sendo tal condição propícia para a mecânica de expansão ortopédica da maxila. Bartzela & Jonas (2007) adverte para avaliação do arco dentário inferior no exame de diagnóstico, pois afirmam que um arco inferior largo seria um cofator na etiologia da mordida cruzada lateral, e nestes casos o plano de tratamento deveria enfocar ambos os arcos e não limitar apenas ao arco superior atresiado. Os resultados dos estudos de prevalência de mordida cruzada posterior foram similares na literatura, predominando as mordidas cruzadas posteriores unilaterais de caráter funcional, conforme MORAES et al. (2001); PETERS et al (1986); SCHRODER & SCHRODER (1985); SILVA & ARAÚJO (1983); SILVA FILHO et al (2003); THOMAZINE & IMPARATO (2000) e VIANA et al (2004). Foi observado ainda por VIANA et al (2004) que com o avanço da idade, a freqüência da mordida cruzada posterior unilateral aumentou. Os autores Boysen et al. (1992) e Adimari et al. (1994), concluíram que para o tratamento da mordida cruzada posterior esquelética, o aparelho fixo Quadrihélice deve ser preferido em relação aos removíveis dotados de parafuso expansor, na fase de dentadura mista porque o tempo de tratamento é menor, independe da cooperação do paciente no que diz respeito ao uso. Matta et al. (2002), relataram efeitos cefalométricos e ortopédicos com abertura discreta da sutura palatina mediana em sete de nove casos tratados com Quadrihélice em pacientes com 3 a 8 anos de idade em tratamento de mordida posterior esquelética. Entretanto Herold (1989) comparando Aparelho expansor Removível e Quadrihélice, conclui que este oferece menor instabilidade pós tratamento que aquele. Ainda é relatado por Silva & Valle (2000) que o aparelho de Quadrihélice apresenta algumas desvantagens como possibilidade de provocar lesão na mucosa palatina quando mal adaptado, difícil reativação, dificuldade de deglutição e dicção devido ao trauma dos helicóides sobre a língua e susceptibilidade de quebra na região da solda. Mazziero et. al (1996) relataram que tanto o Hyrax como o Haas, no tratamento de mordida cruzada posterior esquelética em dentadura mista e permanente expandiram a maxila de forma eficiente e após a fase de contenção não registraram recidivas esqueléticas significativas indicando-se a estabilidade de ambos . Já Silva Filho et. al (2000), declaram sua preferência pelo uso do Haas por ser um aparelho fixo dento muco suportado o que oferece melhores resultados em dentaduras decíduas e mistas ,sendo estes resultados também comprovado por Haysaki (1998) que constatou ótimos resultados para o tratamento da mordida cruzada posterior esquelética em dentaduras mistas e decíduas com aparelho tipo Haas com grande estabilidade pós contenção. No tratamento da mordida cruzada posterior diversos aparelhos fixos e removíveis são utilizados com o intuito de aumentar as dimensões transversais da maxila ao movimentar os segmentos maxilares ou pela inclinação vestibular dos processos dentoalveolares separando a sutura palatina mediana, de acordo com MARTINS et al (1998), CIAMBOTTI et al (2001) e SOUSA JR. et al (2003) que utilizaram a expansão rápida da maxila em suas investigações. Considerado ainda por KENNEDY e OSEPCHOOK (2005) que a expansão rápida da maxila poderia ser usada nos estágios da dentição decídua, mista ou permanente utilizando um expansor tipo Haas, Hyrax ou superparafuso. THILANDER et al (1984) e LINDNER (1989) recomendaram que o início do tratamento da mordida cruzada posterior, na dentadura decídua, seja com desgaste oclusal e posterior uso de aparelho expansor fixo, para os casos em que o ajuste não tenha sido suficiente. PLANAS (1988) preconizou, como primeira conduta para o tratamento precoce de mordida cruzada posterior, o desgaste de interferências oclusais e as pistas diretas Planas. Já MOSSAZ-JOELSON & MOSSAZ (1989) compararam os efeitos de dois aparelhos expansores da maxila, um bandado e outro encapsulado, sobre a expansão maxilar lenta e os efeitos dentais e esqueletais obtidos pela expansão lenta em contraste aos da expansão rápida da maxila e não encontraram diferenças, referentes às respostas dentais e esqueletais. Enquanto que, SCHNEIDMAN et al (1990) compararam dois tipos de aparelhos usados para expansão rápida de maxila, Hyrax com dois e com quatro pontos de apoio e evidenciaram que os dois aparelhos foram equivalentes em efetividade referente à expansão maxilar, porém o dispositivo com dois pontos de apoio mostrou menor efeito sobre os dentes anteriores superiores e dentes inferiores. 5.0 CONCLUSÃO Ao se realizar o estudo, através da revisão bibliográfica, é possível concluir à respeito do que foi relatado que, primeiramente a Mordida Cruzada Posterior é um má oclusão que se dá principalmente, ou seja, possui grande prevalência, na dentição decídua, mista e permanente, deve ter a atenção para que tal tratamento seja realizado o mais precocemente possível. A Mordida Cruzada Posterior se relacionando fortemente à presença de hábitos bucais de sucção, respiração bucal, deglutição atípica e também é encontrado nos indivíduos que não possuem vedação labial e um tamanho anormal da língua. Para se obter um bom tratamento é preciso buscar em conversas com o paciente tudo que pode ter causado tal problema, realizando assim uma anamnese e diagnosticando corretamente, através de exames e raio X, para posteriormente determinar o plano de tratamento mais correto à ser realizado. O prognóstico do tratamento da mordida cruzada posterior relaciona-se através da utilização das Pistas Diretas Planas, de aparelhos removíveis ou fixos, com parafuso expansor, tais como os tipos arco W, Quadrihélice, Haas, Hyrax, expansores com cobertura oclusal e o arco transpalatino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COHEN, M. M. Ortodontia pediátrica preventiva. Rio de Janeiro: Interamericana, 1979. MYERS, D.R. Condilar position in children with functional posterior crossbite: before and after crossbite correction. Pediat Dent. Chicago, v. 2, n.2, p. 190-194, 1980. SILVA, C.H.T.; ARAÚJO, T.M. Prevalência de más oclusões em escolares na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Parte I. 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