TERAPÊUTICA NUTRICIONAL EM ONCOLOGIA Ana Cristina Matioski Nutricionista PRINCIPAIS OBJETIVOS: ◦ Cálculo das necessidades ◦Manter ou recuperar o estado funcional ◦ Normalizar a composição corpórea e os déficits acumulados ◦ Garantir o desempenho dos sistemas vitais (capacidade de cicatrização, função imunológica) ◦ Contribuir para melhor qualidade de vida CÂNCER E IMPACTO NUTRICIONAL Doença de base Tratamentos EN prévio Condição sócioeconômica Aspectos psicológicos Deterioração do EN Anorexia + Alterações metabólicas e hormonais = SÍNDROME DA CAQUEXIA NEOPLÁSICA Manifestações clínicas da Caquexia Neoplásica Anorexia Alterações laboratoriais Saciedade precoce Alterações da Fator limitante para sensibilidade o Atrofia de do paladar sucesso da Terapia órgãos Nutricional! viscerais Perda de peso Perda rápida de tecido adiposo Atrofia Muscular esquelética Fraqueza Complicações Associadas à Desnutrição Maiores taxas de complicações no pós-operatório Comprometimento da cicatrização Resposta imunológica deficitária Menor tolerância a procedimentos de QT e RXT, e conseqüente interrupção do tratamento Maior tempo de internação hospitalar Maiores custos institucionais (antimicrobianos, TN etc.) Cerca de 67% dos pacientes internados, com diagnóstico de Câncer, encontram-se desnutridos. WAITZBERG et. al. 2004 O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 1. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Capacidade funcional quanto a alimentação Presença de sintomas Avaliação física e antropométrica Capacidade funcional O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 2. DOENÇA DE BASE – EFEITOS LOCAIS DO TUMOR -Disfagia ou odinofagia por obstrução mecânica total ou parcial da luz do tubo digestivo -Ulcerações em cavidade oral dificultando a alimentação O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 2. DOENÇA DE BASE – EFEITOS LOCAIS DO TUMOR -Plenitude gástrica, vômitos, menor capacidade de armazenamento, dificuldade de esvaziamento gástrico -Obstrução parcial do TGI, interferindo negativamente na absorção de nutrientes -Deficiências enzimáticas e síndrome de má absorção O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS Cirúrgico Quimioterapia Radioterapia TMO O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS - CIRURGIAS - Comprometimento dos processos de armazenamento, digestão e absorção -Restrições severas ou eliminação da ingestão oral -Mutilações -Complicações WAITZBERG, 2004. O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS - RADIOTERAPIA As seqüelas nutricionais causadas pela radioterapia estão relacionadas com a região anatômica irradiada, número de aplicações e se concomitante ou não à quimioterapia COTRIM, 2003. O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS - RADIOTERAPIA Localização SNC Cabeça e pescoço Tórax Abdômen e Pélvis Efeitos Colaterais Anorexia, náuseas e vômitos Mucosite, disfagia, xerostomia, odinofagia, alterações gustativas e olfativas, anorexia Disfagia, odinofagia, esofagite, náuseas e vômitos Náuseas, vômitos, diarréia, ulceração, fístula, obstrução COTRIM, 2003. O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS - QUIMIOTERAPIA Os efeitos colaterais da quimioterapia dependem do tipo de droga utilizada, da dose utilizada e se concomitante ou não à radioterapia. COTRIM, 2003. O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS - QUIMIOTERAPIA Efeitos colaterais relacionados à alimentação Náuseas, vômitos, anorexia, estomatite, mucosite, disgeusia, dor abdominal, constipação, diarréia, fadiga, anemia, nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, mielodepressão, leucopenia. COTRIM, 2003. O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS – TMO O paciente submetido ao transplante de medula óssea é um candidato à desnutrição em potencial, em virtude do aumento do metabolismo e da dimimuição da ingestão oral. SHIBUYA & TRINTIN, 2003. O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 3. TRATAMENTOS – TMO -Aumento do metabolismo: Febre, infecção, doença do enxerto contra o hospedeiro, QT e RXT. -Decréscimo da ingestão oral: Distúrbios gastrointestinais como mucosite, enterites, náuseas, vômitos, diarréia, alterações da salivação,etc. SHIBUYA & TRINTIN, 2003. O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 4. ASPECTOS PSICOLÓGICOS -Diagnóstico -Mutilações -Limitações impostas pela doença e pelo tratamento -Dependência -Suporte nutricional O planejamento da Terapia Nutricional deve considerar: 5. ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS -Alfabetização -Situação econômica -Acesso aos serviços básicos de saúde -Pacientes institucionalizados CÁLCULO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS Necessidades calóricas: 25 e 40 kcal/kg/dia Necessidades protéicas: 1,2 a 2,5g/kg/dia MUTLU & MOBARHAN, 2000; NITENBERG & RAYNARD, 2000; BOZZETTI, 2001. ACESSO PARA A TERAPIA NUTRICIONAL ORAL ENTERAL ASSOCIAÇÃO PARENTERAL ACESSO PARA A TERAPIA NUTRICIONAL Avaliar as ressecções cirúrgicas, localização do tumor e suas influências sobre a TN: local anatômico, alterações anatômicas,capacidade gástrica, capacidade de absorção Via de acesso, composição da dieta, Volume e fracionamento, consistência e planejamento da progressão da TN quando possível ACESSO PARA A TERAPIA NUTRICIONAL INDICAÇÕES VIA ORAL -Tubo digestivo íntegro ou passível de alimentação via oral: capacidade de mastigação, deglutição, digestão e absorção -Tolerância gastrointestinal -Capacidade de adesão ao plano dietético ESTRATÉGIAS PARA A TN VIA ORAL ANOREXIA -Orientar sobre a necessidade de um bom estado nutricional -Aumentar o fracionamento das refeições -Aumentar a densidade calórica das preparações -Melhorar a apresentação dos pratos -Associar suplementos calóricos e bebidas nutritivas - Possibilitar a escolha das refeições COTRIM, 2003. NÁUSEAS E VÔMITOS -Aumentar o fracionamento das refeições -Não ingerir líquidos durante as refeições -Evitar alimentos condimentados, gordurosos e excessivamente doces -Sugerir preparações de alta digestibilidade em temperatura fria ou gelada - Não deitar-se após as refeições COTRIM, 2003. MUCOSITE / ODINOFAGIA / ULCERAÇÕES EM OROFARINGE -Evitar alimentos irritantes (ácidos, secos etc.) -Evitar extremos de temperatura -Modificar a consistência da dieta conforme tolerância -Cuidados com higiene oral -Evitar bebidas alcoólicas, cafeína e tabaco COTRIM, 2003. XEROSTOMIA -Ingerir pequenas quantidades de líquidos freqüentemente -Estimular o consumo de balas de limão ou hortelã e gomas sem açúcar - Introduzir mais molhos, caldos, sopas na dieta COTRIM, 2003. SACIEDADE PRECOCE - Aumentar o fracionamento das refeições -Não ingerir líquidos em abundância durante as refeições -Evitar alimentos gordurosos ou preparações ricas em molhos -Evitar alimentos crus COTRIM, 2003. DIARRÉIA -Suspender o consumo de alimentos laxativos -Aumentar a ingestão de líquidos -Substituir açúcar refinado, mascavo, mel por adoçante ou maltodextrina -Evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras -Introduzir alimentos obstipantes na dieta COTRIM, 2003. OBSTIPAÇÃO -Introduzir alimentos laxativos na dieta -Aumentar a ingestão de líquidos -Aumentar o consumo de alimentos fontes de fibras - Evitar o consumo de alimentos obstipantes COTRIM, 2003. ACESSO PARA A TERAPIA NUTRICIONAL VIA ENTERAL INDICAÇÕES VIA ENTERAL -Funções digestivas e absortivas do TGI íntegras -Procedimentos cirúrgicos -Localização do tumor ou metástases -Necessidades nutricionais abaixo de 60% por mais de 48 horas - Estágio avançado da doença POSICIONAMENTO -Gástrica (SNG, Gastrostomia) -Pós-pilórica (SNE, Jejunostomia) ALMEIDA et al., 2003 ACESSO PARA A TERAPIA NUTRICIONAL INDICAÇÕES VIA PARENTERAL -Manifestações gastrointestinais graves e impossibilidade do uso do TGI -Necessidades nutricionais abaixo de 60% por mais de 48 horas ALMEIDA et al., 2003 NUTRIENTES IMUNOMODULADORES Ácido Eicosapentaenóico (EPA) – Modulação da membrana celular : inibição da produção de citoquinas pró-inflamatórias, proteínas de fase aguda, fator indutor de proteólise. BAUER & CAPRA, 2005; ELIA et al., 2006; SENKAL et al.,2005 Associação de EPA em suplementos energéticos, propiciaram aumento de peso e massa magra em pacientes com caquexia e diagnóstico de câncer pancreático. TISDALE, 2002. NUTRIENTES IMUNOMODULADORES Arginina: Precursor do óxido nítrico; Influência nas respostas inflamatórias e imunes; produção e liberação de hormônios anabólicos; síntese de colágeno Nucleotídeos: Importantes durante o desafio imunológico para o desenvolvimento e ativação de células imunes especializadas. SPONSORED, 1990 Nutritional approach in malnourished surgical patients: a prospective randomized study. Arch Surg, 2002. EPR – duplo-cego: Oferta de Dieta com Imunonutrientes (argina e ômega-3) no período peri ou pós-operatório RESULTADOS - incidência de complicações infecciosas - tempo de internação - Não influenciou as taxas de mortalidade BRAGA M, GIANOTTI L, et al. Arch Surg. 2002; 137:174-80 Immune and Nutritional Effects of Early Enteral Nutrition after Major Abdominal Operations. Eur J Surg, 1996. Oferta de Dieta Enteral suplementada com Imunonutrientes (argina, RNA e ômega-3) no período pós-operatório RESULTADOS - Recuperação das variáveis nutricionais e imunológicas mais rapidamente que o grupo controle BRAGA M, GIANOTTI L, et al. Eur J Surg. 1996; 162:105-112 ESPEN Guidelines on Enteral Nutrition: Intensive care - 2006 Suplementação de imunonutrientes para pacientes que sofreram cirurgia eletiva do TGI e trauma (A) ESPEN, Critical Nutrition, 2006 CONCLUSÕES Paciente oncológico apresenta características peculiares O atendimento e acompanhamento do paciente oncológico devem ser iniciados precocemente Atendimento individualizado TN deve envolver toda a equipe multiprofissional OBRIGADA!