Portugalglobal
Pense global pense Portugal
Janeiro 2010 // www.portugalglobal.pt
NÚMERO
ESPECIAL
PORTUGAL-ESPANHA
NEGÓCIOS TRANSFRONTEIRIÇOS
Janeiro 2010 // www.portugalglobal.pt
sumário
Portugal – Espanha
Negócios transfronteiriços // 5
Espanha é o principal parceiro comercial de Portugal. Trata-se de um
mercado que tem assumido uma importância crescente para as empresas
portuguesas, mas a vertente do relacionamento bilateral onde se têm
registado alterações mais significativas é nas relações com as Comunidades
transfronteiriças de Andaluzia, Castela e Leão, Extremadura e Galiza.
Regiões transfronteiriças
Um enorme potencial por explorar // 9
Um texto de Álvaro Mendonça e Moura, Embaixador de Portugal em Espanha.
Cooperação e relações transfronteiriças // 10
Andaluzia // 12
A situação geoestratégica, a diversidade e a singularidade do seu território,
aliadas ao potencial dos seus recursos humanos e às infra-estruturas e
equipamentos económicos e tecnológicos ao serviço da inovação, fazem
da Andaluzia um lugar atractivo para investir.
Castela e Leão // 19
O reforço da cooperação entre Portugal e a Comunidade Autónoma de
Castela e Leão é fundamental para o incremento das relações económicas
entre ambos os lados. Região transfronteiriça de enorme potencial, Castela
e Leão tem já um peso significativo nas trocas comerciais com o país vizinho.
Extremadura // 26
Espanha é um mercado decisivo para o desenvolvimento sustentado da
economia portuguesa, mas existe ainda um enorme potencial de crescimento
e oportunidades por explorar. Para o comércio português, a Extremadura
assume relevo no quadro das regiões transfronteiriças espanholas.
Galiza // 36
A Galiza é um importante parceiro comercial de Portugal. A proximidade ao
Norte e o desenvolvimento de projectos de cooperação bilateral têm vindo
a reforçar o posicionamento desta Comunidade espanhola nas pautas do
nosso comércio externo e nas estatísticas do investimento.
Empresas // 46
Cimpor, BA Vidros, Delta Cafés e Banco Caixa Geral são algumas das cerca
de uma centena de empresas portuguesas presentes nas Comunidades
transfronteiriças espanholas.
EDITORIAL
Revista Portugalglobal
Av. 5 de Outubro, 101
1050-051 Lisboa
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Comissão Executiva
Basílio Horta (Presidente), José Abreu Aguiar,
José Vital Morgado, Luis Florindo,
Rui Boavista Marques
Investimento
transfronteiriço
Directora
Ana de Carvalho
[email protected]
Redacção
Cristina Cardoso
[email protected]
José Escobar
[email protected]
Vitor Quelhas
[email protected]
Colaboram neste número
Álvaro Mendonça e Moura, Carlos Martín
Tobalina, Guillermo Fernández Vara, Isabel Esteves,
José António Silva e Sousa, Juan Manuel Arribas
Loriga, Manuel Martinez,
Maria Teresa Salazar, Patrícia Liz Dias,
Pedro Aires de Abreu.
Fotografia e ilustração
©Fotolia, ©Sotur S.A. (Sociedad
de Promoción del Turismo de Castilla y León),
TURGALICIA (www.turgalicia.es),
©TURISMO ANDALUZ S.A.
Publicidade
[email protected]
Secretariado
Helena Sampaio
[email protected]
Assinaturas
REGISTE-SE AQUI
Projecto gráfico
aicep Portugal Global / Marketing Institucional
Paginação e programação
Rodrigo Marques
[email protected]
ERC: Registo nº 125362
A criação, o crescimento e o desenvolvimento da União Europeia nas últimas décadas libertaram as empresas
e os cidadãos europeus de uma série
de constrangimentos, especialmente
desde a criação do mercado único, no
qual as fronteiras passaram a ter uma
realidade mais virtual que real, ganhando progressivamente peso as relações de proximidade e de vizinhança
entre os países intra-comunitários.
É na dinâmica deste novo quadro
europeu, marcado pela proximidade
e pela cooperação, que o mercado ibérico e, neste, as regiões transfronteiriças de Portugal e Espanha (o
nosso principal parceiro comercial),
assumem particular relevo como mercado natural para ambos os países,
nomea-damente como plataformas
para o desenvolvimento dos seus negócios regionais e internacionais. É
nesta medida que um número cada
vaz maior de empresas portuguesas
percepcionam a Espanha, e as suas comunidades transfronteiriças, como um
mercado e um espaço propício ao seu
crescimento, o mesmo acontecendo
com as empresas espanholas, as quais
encaram com crescente optimismo o
elevado potencial económico destas
regiões de vizinhança com Portugal.
As opiniões expressas nos artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não necessariamente
da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global.
A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal
não implica qualquer compromisso por parte desta
com os produtos/serviços visados.
O espaço ibérico – com 55 milhões de
consumidores – é convidativo para as
empresas de ambos os países investirem e alargarem os seus negócios de
4 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
bens e serviços, sendo actualmente
mais de três centenas e meia as empresas portuguesas presentes em Espanha, com destaque para marcas e
organizações de visibilidade internacional, como a Cimpor, a Galp, a Sonae
ou a Luis Simões, entre muitas outras.
Por outro lado, o crescente interesse
pela dinâmica económica das regiões
transfronteiriças demonstra que estas
constituem importantes portas de entrada para as empresas portuguesas
no país vizinho, assim como para as
empresas espanholas em Portugal.
Estas regiões representam, graças à
sua proximidade e crescente desenvolvimento, um elevado potencial económico, sendo de prever que num futuro
próximo será significativo o investimento de pequenas e médias empresas
portuguesas nas comunidades transfronteiriças, o que reforça a importância de Espanha como um mercado
prioritário para a internacionalização da
economia portuguesa. Nesta medida,
as regiões transfronteiriças revelam-se
não apenas como um poderoso factor
de alavancagem do desenvolvimento
económico mútuo mas também como
um espaço privilegiado de interacção e
cooperação para as economias de Portugal e Espanha, que evidenciam, cada
vez mais, estratégias e interesses comuns no quadro global em que ambos
os países se movimentam.
BASÍLIO HORTA
Presidente do Conselho de Administração
da aicep Portugal Global
PORTUGAL – ESPANHA
NEGÓCIOS TRANSFRONTEIRIÇOS
A Espanha é o nosso principal parceiro comercial, quer em termos de exportações quer
a nível de importações. Estamos perante um mercado que vem, nos últimos 20 anos,
registando um grau de importância crescente para um cada vez maior número de
empresas portuguesas. A vertente do relacionamento bilateral onde se têm registado
alterações mais significativas, é, no entanto, a das relações transfronteiriças com as
Comunidades Autónomas espanholas de Andaluzia, Castela e Leão, Extremadura e Galiza.
PORTUGAL – ESPAÑA
NEGOCIOS TRANSFRONTERIZOS
España es nuestro principal socio comercial, tanto en términos de exportaciones como
de importaciones. Estamos ante un mercado que en los últimos 20 años ha registrado
un creciente grado de importancia para un número cada vez mayor de empresas
portuguesas. Pero en esta progresiva relación bilateral, los cambios más significativos
se han dado en las zonas transfronterizas, en especial con las Comunidades
Autónomas de Andalucía, Castilla y León, Extremadura y Galicia.
>POR PEDRO AIRES DE ABREU, DIRECTOR COORDENADOR DO CENTRO DE NEGÓCIOS DA AICEP
EM ESPANHA
>P
OR PEDRO AIRES DE ABREU, DIRECTOR COORDINADOR DEL CENTRO DE NEGOCIOS DE AICEP
EN ESPAÑA
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 5
O
panorama das relações económicas entre o nosso país
e as diferentes Comunidade Autónomas mudou radicalmente, nomeadamente na zona fronteiriça, após a adesão simultânea dos dois países à Comunidade Económica Europeia
em 1986. De um isolamento quase total entre os dois países,
iniciou-se uma fase de grande dinamismo nos negócios entre
Portugal e Espanha, duas economias vizinhas com um elevado
grau de abertura ao exterior e que viram o seu nível de vida e
poder de compra aumentar significativamente desde essa altura. As trocas transfronteiriças, que então eram praticamente
inexistentes, representam actualmente mais de 40 por cento
das exportações portuguesas para Espanha e mais de 30 por
cento das compras de Portugal em Espanha.
As estatísticas do comércio externo Espanha – Portugal
permitem destacar a importância das quatro Comunidades
transfronteiriças (Extremadura, Galiza, Andaluzia e Castela e
Leão) enquanto parceiros comerciais de Portugal. Assim, em
2008, e de acordo com a Secretaria de Estado do Comércio Externo de Espanha, as exportações portuguesas para as
quatro Comunidades espanholas transfronteiriças atingiram
E
l panorama de las relaciones económicas entre nuestro
país y las diferentes Comunidades Autónomas españolas, cambió radicalmente, y de forma significativa en las zonas fronterizas, tras la adhesión simultánea de ambos países
a la Comunidad Económica Europea en 1986. Partiendo de
un aislamiento casi total entre los dos países, se dio inicio a
una fase de gran dinamismo en los negocios entre Portugal
y España, dos economías vecinas con un elevado grado de
apertura al exterior que vieron como su nivel de vida y poder
de compra aumentaron significativamente desde ese momento. Los intercambios transfronterizos, que entonces eran prácticamente inexistentes, representan actualmente más del 40
por ciento de las exportaciones portuguesas a España y más
del 30 por ciento de las ventas españolas a Portugal.
Las estadísticas de comercio exterior España - Portugal permiten
destacar la importancia de las cuatro Comunidades limítrofes
con Portugal: Extremadura, Galicia, Andalucía y Castilla León,
como socios comerciales de Portugal. Así, de acuerdo con los
6 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
4,141 mil milhões de euros e as importações 5,340 mil milhões de euros, originando um saldo negativo na balança
comercial portuguesa de 1,198 mil milhões de euros.
Se tomarmos por referência o comércio externo bilateral em
2008, constatamos hoje que existem algumas Comunidades
Autónomas espanholas com um peso superior a alguns países,
enquanto clientes ou fornecedores de Portugal. Nesse ano,
Portugal vendeu mais para a Galiza do que para o Reino Unido, a Itália ou a Holanda. Se considerada isoladamente, esta
região é o nosso 5º maior cliente.
Na vertente de investimento, verificamos que, actualmente,
cerca de um terço das empresas portuguesas que estão instaladas em Espanha optam por fazê-lo nas regiões transfronteiriças, com especial destaque para a Galiza, onde estão
presentes cerca de 50 empresas portuguesas.
Destacamos algumas posições importantes de empresas portuguesas que estão localizadas nas Comunidades transfronteiriças como é o caso da Cimpor na Galiza, a BA Vidros na
Extremadura e em Castela e Leão, e a Sovena na Andaluzia.
datos de la Secretaria de Estado de Comercio de España, en el
año 2008 las exportaciones portuguesas destinadas a las cuatro
Comunidades españolas transfronterizas alcanzaron 4,141 mil
millones de euros y las importaciones 5,340 mil millones de
euros, originando un saldo negativo para la balanza comercial
portuguesa de 1,198 mil millones de euros.
Si tomamos como referencia el comercio exterior bilateral en
2008, constatamos que algunas Comunidades Autónomas
tienen hoy un peso superior a algunos países, tanto como
clientes o como proveedores de Portugal. Así, Portugal vendió
más a Galicia que al Reino Unido, Italia u Holanda. Considerada aisladamente, esta región sería nuestro 5º mayor cliente.
En la vertiente de la inversión verificamos que, actualmente, casi un tercio de las empresas portuguesas instaladas en
el mercado español optan por establecerse en las regiones
transfronterizas, especialmente en Galicia, donde están presentes cerca de 50 empresas de capital portugués.
Com a progressiva interacção das economias de Portugal e
Espanha, nomeadamente nas regiões transfronteiriças e em
zonas limítrofes, pensamos que iremos assistir, a curto e médio prazo, a um crescimento dos investimentos de pequenas
e médias empresas portuguesas nestas Comunidades.
As Comunidades transfronteiriças espanholas podem ainda
ver a sua importância reforçada enquanto “porta de entrada” para os empresários portugueses em Espanha. De facto,
para Portugal, Espanha tem que constituir um prolongamento do mercado interno e as regiões transfronteiriças são um
primeiro palco para a internacionalização das nossas PME.
Neste sentido, foi assinado recentemente um protocolo de
cooperação entre o governo de Castela e Leão e a aicep
Portugal Global tendo em vista o reforço da cooperação em
matéria do desenvolvimento económico, dinamização e internacionalização das empresas que operam em ambos os
mercados. Este protocolo insere-se numa estratégia que visa
abordar o mercado espanhol através das regiões transfronteiriças, tendo como meta fortalecer o tecido económico.
Podemos destacar la posición de algunas importantes empresas nacionales que están localizadas en las Comunidades limítrofes con Portugal, como el caso de Cimpor en Galicia, BA Vidros en Extremadura y Castilla y León, y Sovena en Andalucía.
Con la progresiva interacción de las economías de Portugal y
España, especialmente en las zonas transfronterizas, pensamos que a corto y medio plazo asistiremos a un crecimiento
de las inversiones de pequeñas y medianas empresas portuguesas en estas Comunidades.
Las Comunidades españolas transfronterizas pueden reforzar
su importancia como “puerta de entrada” para los empresarios portugueses en el mercado español. De hecho, para Portugal, el mercado español debe constituir una prolongación
del mercado interno, siendo estas regiones un primer paso
para la internacionalización de las PYMES portuguesas.
En este sentido, fue suscrito recientemente un protocolo
de cooperación entre el Gobierno de Castilla León y aicep
Anteriormente foi iniciada uma aproximação com as mesmas características com a Comunidade Autónoma da Extremadura, com base na qual se realizou o I Encontro Empresarial Extremadura Portugal, no passado mês de Novembro,
em Mérida. Participaram neste encontro, que contou com a
presença de mais de 350 assistentes, cerca de 70 empresas
portuguesas e foram agendados mais de 100 encontros.
Uma estratégia que pretende, fundamentalmente, criar e
manter uma sólida cooperação entre as partes, em matéria
de desenvolvimento económico, dinamização e internacionalização das empresas locais, contribuindo assim para o
desenvolvimento integral dos diferentes territórios.
A AICEP pretende continuar a trabalhar em acções que tenham como objectivo o fortalecimento da cooperação empresarial transfronteiriça, o apoio à formação de alianças e parceiras e a divulgação de oportunidades de investimento entre
empresas ibéricas nos dois países ou em países terceiros.
As relações entre as nossas economias têm um enorme potencial de crescimento e inúmeras oportunidades estão ainPortugal Global con el objeto de reforzar la cooperación en
materia de desarrollo económico, dinamización e internacionalización de las empresas que operan en ambos mercados.
Este protocolo forma parte de una estrategia dirigida a abordar el mercado español a través de las regiones transfronterizas, teniendo como meta fortalecer el tejido económico.
Anteriormente fue realizada una aproximación de idénticas
características con la Comunidad Autónoma de Extremadura, con base en la cual se realizó el Encuentro Empresarial
Extremadura Portugal, el pasado mes de Noviembre, en
Mérida. Participaron en este encuentro, que contó con la
presencia de más de 350 asistentes, cerca de 70 empresas
portuguesas, y se realizaron más de 100 reuniones.
Una estrategia que pretende, fundamentalmente, crear y mantener una sólida cooperación entre las partes, en lo que se refiere a desarrollo e internacionalización de las empresas locales,
contribuyendo al desarrollo integral de los diferentes territorios.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 7
da por explorar ao nível do comércio e do investimento, em
especial nas regiões transfronteiriças.
Finalmente, podemos destacar o apoio que a rede da AICEP
em Espanha, e que abrange o Centro de Negócios de Madrid, o Escritório de Barcelona e as Representações AICEP/
IAPMEI em Vigo e em Mérida, pode prestar às empresas portuguesas e às associações sectoriais no seu relacionamento
com o mercado espanhol.
AICEP pretende continuar trabajando en acciones que tengan
como objetivo el fortalecimiento de la cooperación empresarial
transfronteriza, el apoyo a la formación de alianzas empresariales, así como la divulgación de oportunidades de inversión entre
empresas ibéricas en ambos países o en terceros mercados.
Las relaciones entre nuestras economías tienen un enorme
potencial de crecimiento y quedan aún numerosas oportunidades sin explorar a nivel del comercio e inversión, especialmente en las comunidades más próximas a nuestro país.
Finalmente podemos destacar el apoyo que la red de AICEP en
España, que incluye el Centro de Negocios de Madrid, la Ofici-
Devemos ainda referir que, no primeiro semestre de 2010,
e com o objectivo de reforçar a relação de proximidade
com outras regiões espanholas, a rede da AICEP vai contar
com a colaboração de jovens participantes no programa
internacional de estágios INOV Contacto nas cidades de
León, Bilbau, Sevilha e também em Andorra. A missão destes jovens será realizar uma análise sobre as oportunidades
e dificuldades do mercado e identificar sectores com maior
potencial para as exportações portugueses.
na de Barcelona y las Representaciones AICEP/IAPMEI en Vigo y
Mérida, puede prestar a las empresas portuguesas y a las asociaciones sectoriales en su relación con el mercado español.
Debemos referir también que, con el objeto de reforzar la relación de proximidad con otras regiones españolas, en el primer
semestre de 2010 la red de aicep contará con la colaboración de
jóvenes becarios participantes en el programa internacional de
becas INOV Contacto, en las ciudades de León, Bilbao y Sevilla, y
también en Andorra. Su misión será realizar un análisis de oportunidades y dificultades del mercado local e identificar los sectores con mayor potencial para las exportaciones portugueses.
REDE AICEP EM ESPANHA / RED AICEP EN ESPAÑA
Pedro Aires
de Abreu
Manuel
Martinez
Isabel
Esteves
Maria Teresa
Salazar
CENTRO DE NEGÓCIOS
EM MADRID /
CENTRO DE NEGOCIOS
EN MADRID
ESCRITÓRIO
EM BARCELONA /
OFICINA EN BARCELONA
REPRESENTAÇÃO
DA AICEP/IAPMEI EM VIGO /
REPRESENTACIÓN
AICEP/IAPMEI EN VIGO
REPRESENTAÇÃO DA
AICEP/IAPMEI EM MÉRIDA /
REPRESENTACIÓN
AICEP/IAPMEI EN MÉRIDA
Calle Marques de Valladares,
23 - 1º
36201 Vigo
ESPAÑA
Tel.: +34 986 226 803
[email protected]
Representante: Isabel Esteves
Calle Juan Pablo Forner nº1
(Bajo)
06800 Mérida
ESPAÑA
Tel.: +34 924 003 662
[email protected]
Representante:
Maria Teresa Salazar
Paseo de la Castellana, 141 17ª D
28046 Madrid
ESPAÑA
Tel.: +34 91 761 7200
[email protected]
Director Coordenador /
Director Coordinador:
Pedro Aires de Abreu
Calle Bruc, 50 - 4º 3ª
08010 Barcelona
ESPAÑA
Te.: +34 93 301 4416
[email protected]
Director: Manuel Martinez
8 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
REGIÕES TRANSFRONTEIRIÇAS
UM ENORME POTENCIAL
POR EXPLORAR
>POR ÁLVARO MENDONÇA E MOURA, EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM ESPANHA
É
hoje inquestionável a importância e a necessidade mútua
de relacionamento entre os dois Países da Península Ibérica. Espanha assumiu-se, nos últimos anos, como o nosso
principal parceiro comercial, quer como cliente dos nossos
produtos e serviços, quer como nosso fornecedor.
Por outro lado, e não obstante este facto ser bem menos conhecido, Portugal tem assumido um papel prioritário para Espanha. Em 2008 fomos o seu terceiro destino de exportação de
bens e serviços, quase duplicando a soma das suas exportações
para, por exemplo, o conjunto de toda a América Latina.
A adesão dois Estados à União Europeia serviu como catalisador deste relacionamento a vários níveis. Na actualidade,
as relações entre Governos são intensas e diversificadas, mas
a própria sociedade civil tem procurado sinergias do “outro
lado da fronteira”. É exactamente neste ponto que sublinho
o muito que se tem realizado a nível transfronteiriço, entre as regiões portuguesas e espanholas que partilham uma
fronteira comum. Não se pode continuar a falar em “costas
voltadas” quando temos já nas diversas vertentes mais de
15 anos de cooperação transfronteiriça, mas sem dúvida que
sabemos ter ainda muito trabalho pela frente ou, melhor
dito, temos ainda um enorme potencial por explorar.
A crise económica que atravessamos vai obrigando a depurar algumas ilusões no desenvolvimento da actividade económica. A muito positiva vontade de internacionalização de
várias empresas de pequena e média dimensão, por vezes
seduzidas pelas fortes taxas de crescimento que se verificam
em mercados longínquos, como a China, não as deve levar
a esquecer os mercados de proximidade, onde os custos de
implantação, de transporte e, factor essencial, a proximidade cultural podem tornar particularmente atractivos esses
mercados mais próximos da sede original das empresas.
Pela sua dimensão, pelo seu poder de compra apesar da crise e antes de mais pela sua proximidade, Espanha representa
para as empresas nacionais um mercado apetecível e que
não pode ser menosprezado. As nossas empresas já o perceberam há muito tempo, daí que este seja, desde há anos, o
primeiro destino das nossas exportações.
Muito marcado pelo desenvolvimento das autonomias, o
mercado espanhol (ou se se preferir os vários mercados em
que se decompõe) contém ainda um enorme potencial para
o crescimento das relações entre Portugal e Espanha, e as
regiões transfronteiriças em particular: sabendo-se que cerca de um quarto das nossas empresas exportadoras ainda
não está presente no mercado espanhol e que cerca de 95
por cento das empresas portuguesas apenas produz para o
mercado luso, podemos calcular o leque de oportunidades
que se abre às nossas empresas. Para isso, é imprescindível
que os empresários portugueses deixem de encarar a divisão política dos Estados como uma fronteira, mas sim que
a encarem como uma porta aberta à criação de valor e ao
crescimento dos seus negócios.
Actualmente, as fronteiras da União Europeia assumiramse, felizmente, como um espaço de permeabilidade entre os
mercados, concretizando uma velha ambição dos Pais fundadores do projecto europeu. No caso concreto português,
esta via de acesso deverá estimular os nossos empresários a
estudar com atenção as Comunidades da Andaluzia, Castela
e Leão, Extremadura e Galiza como mercados que lhes poderão proporcionar, no seu conjunto, uma dimensão superior à que dispõem no mercado português. Devem olhá-los
como sendo também o seu próprio mercado interno.
E a AICEP, com um conhecimento acumulado em décadas
de presença em Espanha, está idealmente posicionada para
apoiar as empresas portuguesas na procura de oportunidades de negócio. Aqui bem perto.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 9
COOPERAÇÃO E RELAÇÕES
TRANSFRONTEIRIÇAS
A nova programação dos Fundos europeus para 2007-2013 veio mudar o papel da
cooperação entre os Estados membros, dotando-a de maior autonomia ao consagrar
a “Cooperação Territorial Europeia” numa das prioridades da União Europeia.
O
programa transfronteiriço Espanha - Portugal para este
período visa reforçar a cooperação económica já existente e promover o desenvolvimento das zonas fronteiriças
entre os dois países. A Galiza é o principal parceiro comercial
de Portugal entre as regiões transfronteiriças, que incluem
também a Andaluzia, a Extremadura e Castela e Leão.
O programa de cooperação transfronteiriça Espanha - Portugal envolve cinco áreas de cooperação, respeitando as particularidades dos territórios da maior fronteira interior da UE.
São elas: Galiza/Norte de Portugal, Norte de Portugal/Castela
e Leão, Centro/Castela e Leão, Alentejo/Centro/Extremadura
e Alentejo/Algarve/Andaluzia. Globalmente estão abrangidas
por este programa sete províncias espanholas e dez regiões
portuguesas, do Minho ao Algarve, numa superfície total de
quase 137 mil quilómetros quadrados (o equivalente a 23,5
por cento do espaço ibérico) e cinco milhões de habitantes.
conjunta em ordenamento do território e acessibilidades; e
cooperação e gestão conjunta para a integração sócio-económica e institucional.
Além de promover o desenvolvimento das zonas fronteiriças
entre Portugal e Espanha, reforçando as relações económicas
e as redes de cooperação já existentes entre as cinco áreas
referidas, este programa permitirá ainda aproveitar todo um
trabalho já desenvolvido neste domínio desde 1989, com a
execução de projectos de infra-estruturas, aos quais se têm
juntado outros sectores como o turismo, os serviços, o meio
ambiente, a inovação tecnológica, a saúde, a educação e a
cultura, entre outros.
O peso das regiões transfronteiriças
10 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
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COMUNIDADES AUTÓNOMAS – PRINCIPAIS
CLIENTES DE PORTUGAL (%) (2008)
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COMUNIDADES AUTÓNOMAS - PRINCIPAIS
FORNECEDORES DE PORTUGAL (%) (2008)
ha
Com uma dotação financeira de 354 milhões de euros, dos
quais 75,5 por cento são financiados pelo FEDER, o programa assenta em quatro eixos prioritários: cooperação e gestão conjunta para o fomento da competitividade e promoção de emprego; cooperação e gestão conjunta em ambiente, património e prevenção de riscos; cooperação e gestão
Sendo Espanha o nosso principal parceiro comercial, quer
como cliente quer como fornecedor, detalhando por regiões verifica-se que, sem contar com a Catalunha (terceiro
maior destino das nossas exportações para Espanha e primeiro enquanto fornecedor) e a Comunidade de Madrid (em
segundo lugar quer nas expedições, quer nas chegadas), as
relações transfronteiriças luso-espanholas podem também
ser medidas pelo peso que têm na balança comercial entre
os dois países.
TROCAS COMERCIAIS ESPANHA – PORTUGAL
JANEIRO/AGOSTO 09
2008 Jan./Ago.
2009 Jan./Ago.
Exportação
Importação
Exportação
Importação
Andaluzia
952.133
646.907
865.430
Aragão
400.271
197.666
304.958
Astúrias
257.467
80.258
Baleares
14.239
Canárias
Variação (%)
Exportação
Importação
389.535
-9,1%
-39,8%
151.849
-23,8%
-23,2%
148.728
47.549
-42,2%
-40,8%
20.839
33.547
25.760
135,6%
23,6%
7.460
39.678
7.125
42.655
-4,5%
7,5%
Cantábria
136.598
33.114
82.897
19.615
-39,3%
-40,8%
Castela e Leão
655.639
400.813
569.371
347.746
-13,2%
-13,2%
Castela - La Mancha
406.322
190.185
476.102
192.209
17,2%
1,1%
2.558.178
946.997
2.270.984
769.131
-11,2%
-18,8%
Catalunha
Ceuta
Comunidade Valenciana
Extremadura
8.322
1.109
-
-
711.445
445.530
596.786
278.953
-16,1%
-37,4%
284.831
312.004
239.701
188.833
-15,8%
-39,5%
Galiza
1.570.831
1.372.621
1.263.547
932.018
-19,6%
-32,1%
Madrid
1.759.503
1.054.546
1.467.069
776.479
-16,6%
-26,4%
Melilla
836
399
-
-
Múrcia
135.252
56.933
151.652
44.404
12,1%
-22,0%
Navarra
180.934
127.784
138.973
95.920
-23,2%
-24,9%
País Basco
673.651
195.022
456.540
128.001
-32,2%
-34,4%
Rioja (La)
82.993
45.385
71.720
40.233
-13,6%
-11,4%
249
33
199
2.963
-20,2%
8919,0%
10.787.997
6.175.474
9.145.328
4.475.363
-15,2%
-27,5%
Não determinado
TOTAL
Fonte: www.comercio.es; Unidade: Milhares de Euros
As trocas comerciais de Portugal com as Comunidades espanholas transfronteiriças da Andaluzia, Castela e Leão, Extremadura e Galiza representam actualmente mais de 40 por
cento das exportações portuguesas para Espanha e mais de
30 por cento das importações espanholas de Portugal.
Em 2008, as exportações portuguesas para as quatro Comunidades transfronteiriças espanholas atingiram 4.141 milhões de euros e as importações 5.340 milhões de euros,
verificando-se um saldo negativo para a parte portuguesa de
1.198 milhões de euros.
A Galiza surge à cabeça no ranking como cliente de Portugal, sendo o terceiro fornecedor, representando, em 2008,
22,9 por cento do total das exportações portuguesas para
Espanha. À Galiza seguem-se a Andaluzia, Castela e Leão e
a Extremadura.
Quanto ao investimento, e segundo dados publicados pelo
Ministério da Industria, Turismo e Comércio de Espanha, os
principais destinos do IDPE, ao nível das quatro Comunidades transfronteiriças, foram a Galiza (0,6 por cento do total),
a Extremadura (0,1 por cento), Castela e Leão e a Andaluzia.
O IDPE neste conjunto de Comunidades, em 2008, atingiu
5 milhões de euros e representou cerca de um por cento do
total do investimento nacional em Espanha.
Os principais destinos do investimento português em Espanha, em 2008, foram a Comunidade Valenciana (cerca de 390
milhões de euros, o que representa 64 por cento do total), a
Comunidade de Madrid (187 milhões de euros, 30,7 por cento) e a Catalunha (19 milhões de euros, 3,2 por cento).
Cerca de 30 por cento do total das empresas espanholas
com capitais portugueses em Espanha estão localizadas nas
Comunidades transfronteiriças.
As principais Comunidades Autónomas investidoras em Portugal, em 2008, foram a Catalunha (585 milhões de euros, o
que representou 50,3 por cento do total), seguida da Comunidade de Madrid (365 milhões de euros, 31,3 por cento), de
Castilla-La Mancha (70 milhões de euros, 6 por cento) e da
Andaluzia (58 milhões de euros, 5 por cento).
De acordo com a Secretaria de Estado do Comércio Externo
de Espanha, no período de Janeiro a Agosto de 2009, as
exportações espanholas para Portugal decresceram de 15,2
por cento, e as compras de Espanha a Portugal foram inferiores em 27,5 por cento em relação ao período homólogo
do ano anterior. As importações espanholas com origem nos
principais países fornecedores, Alemanha e França, registam
quebras de 27,2 por cento e 24,65 por cento, respectivamente. De sublinhar também o abrandamento das importações espanholas de países como a Itália (menos 36,4 por
cento) ou o Reino Unido (menos 29,4 por cento).
Refira-se ainda que, no âmbito no relacionamento económico entre os dois países, as exportações portuguesas para
as Comunidades de Castela e Leão e Catalunha registaram
quebras menos acentuadas no período em referência, respectivamente, de 13 por cento e de 18,8 por cento.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 11
ANDALUZIA
A situação geoestratégica, a diversidade e a singularidade do seu território,
aliadas ao potencial dos seus recursos humanos e às infra-estruturas e
equipamentos económicos e tecnológicos ao serviço da inovação, fazem da
Andaluzia um lugar atractivo para investir. Na região, há já cerca de duas
dezenas de empresas de capitais portugueses, entre as quais a Cimpor, a
Delta Cafés ou a Ferpinta. No relacionamento comercial, Portugal é o 4º
cliente da Andaluzia e o 10º fornecedor.
ANDALUZIA
A
Comunidade Autónoma da Andaluzia tem um importante peso
demográfico e territorial no conjunto de
Espanha: é a Comunidade com maior
população (cerca de 7,5 milhões de habitantes) e é a segunda maior em extensão (87.597 quilómetros quadrados).
Estes parâmetros tornam-na também excepcional no contexto europeu: a Andaluzia supera 14 dos países membros da
União Europeia em termos de extensão e
11 dos países em termos de população.
A superfície da Andaluzia é semelhante
à de países como a Áustria, Portugal, República Checa ou Hungria, sendo a sua
população muito aproximada à de países como a Áustria e a Suécia.
A Andaluzia conta com um governo
próprio, uma Câmara Legislativa e um
Tribunal Superior de Justiça. Territorialmente, está organizada em oito províncias (Almeria, Cádis, Córdova, Granada, Jaén, Huelva, Málaga e Sevilha) e
770 municípios.
A estabilidade social e o quadro legal
e fiscal, conjugados com outros factores complementares que facilitam, sustêm e animam a actividade económica
fazem da Andaluzia um local idóneo
para o desenvolvimento empresarial. O
seu capital humano, a diversidade de
ambientes geográficos com terrenos
disponíveis para a instalação de empresas de qualquer sector, o sistema
de incentivos, a qualidade de vida e o
dinamismo económico são aspectos a
ter em conta como valores que a Andaluzia adiciona durante o processo de
tomada de decisões de investimento de
empresas não locais.
A Andaluzia tem a classificação de Região
Objectivo 1 dentro da União Europeia, o
que lhe permite dispor de um quadro
próprio de incentivos ao investimento,
para além dos incentivos que se aplicam a
todo o território espanhol, sendo ambos
compatíveis e complementares.
A Comunidade andaluza, diferentemente de outras regiões de Espanha, dispõe,
em quase todas as suas províncias, de
terrenos industriais a preços competitivos. Adicionalmente, encontra-se disponível um importante conjunto de ajudas
suplementares que incentivam a criação
de emprego e a formação específica necessárias para responder à procura. A
nível de recursos humanos, a existência
de mão-de-obra qualificada é uma constante na Andaluzia, região que se destaca pela importância da juventude na
estrutura da população.
A Andaluzia tem a classifi“cação
de Região Objectivo 1
dentro da União Europeia, o
que lhe permite dispor de um
quadro próprio de incentivos
ao investimento.
”
A sua rede de universidades públicas e
privadas, de escolas de negócios e mais
de 300 centros de formação técnica
não universitária, conjuntamente com
um índice de população activa importante, constituem o suporte de um
mercado laboral completo e diversificado, no qual as empresas podem satisfazer as suas necessidades de recursos
humanos a custos competitivos.
Nos últimos anos, a Comunidade Autónoma andaluza faz esforços importantes no sentido de se dotar das infra-estruturas, de equipamentos de inovação
e tecnologia que lhe permitam aumentar a competitividade da sua economia
e favorecer a convergência ao nível das
principais regiões europeias.
Esta Comunidade conta com uma boa
rede de infra-estruturas de comunicações que a articula não só interiormente, mas também a interliga com o resto
da Espanha, a Europa e o mundo.
Relevo para os seis aeroportos civis,
três deles de importância internacional: o de Málaga, que serve mais de
12 milhões de passageiros por ano, o
de Sevilha, que possibilita o trânsito
COMUNIDADES
AUTÓNOMAS
Andaluzia
2008 (Jan/Ago)
de mais de quatro milhões de passageiros por ano, e o de Almería. Perto
destes, estão os aeroportos de Jerez
de la Frontera, Granada e Córdova.
Com 851 quilómetros de costa, a Andaluzia possui o maior porto marítimo
no que se refere a terminal de contentores de Espanha e do Mediterrâneo,
o de Algeciras.
Destaque, igualmente, para as vantagens competitivas face às demais regiões para a instalação e o desenvolvimento de novos negócios, como sejam
a sua localização estratégica, o clima de
negócios positivo, os recursos humanos
qualificados e a disponibilidade de terreno industrial, bem como um sistema
regional de incentivos eficiente.
Dispersa por toda a geografia andaluza encontra-se uma rede de parques
tecnológicos, parques industriais, pólos químicos e centros logísticos com
terreno disponível, que facilitam a
instalação de qualquer tipo de actividade produtiva ou de serviços a custos competitivos.
Relações económicas
com Portugal
No período de Janeiro a Agosto de 2009,
as exportações da Andaluzia para Portugal atingiram 865 milhões de euros e as
importações 389 milhões de euros.
Em 2008, Portugal ocupou o 4º lugar
como cliente e o 10º lugar como fornecedor da Andaluzia, com quotas de
mercado de 8,8 por cento e 3,3 por
cento, respectivamente.
Ao nível das trocas comerciais de Portugal com as Comunidades Autónomas espanholas, em 2008, os principais clientes foram a Galiza (22,9 por
cento do total), Madrid (16,6 por cento), Catalunha (16 por cento) e a Andaluzia (9,8 por cento). Estas quatro
Comunidades representam 65,3 por
cento das vendas totais de Portugal a
2009 (Jan/Ago)
Variação (%)
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
952.133
646.907
865.430
389.535
-9,1%
-39,8%
Fonte: Comercio.es; Unid.: Milhões de euros
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 13
ANDALUZIA
SECTORES COM POTENCIALIDADES
A estrutura económica actual da Andaluzia baseia-se na
convivência de sectores, tanto tradicionais como emergentes, com grande potencial de crescimento, sendo a estes últimos que o governo regional da Comunidade dedica
actualmente os seus melhores esforços no sentido da sua
promoção e desenvolvimento. Pela sua especial relevância, cabe citar os seguintes sectores:
Agro-indústria: a Andaluzia é uma referência mundial
nas tecnologias de agricultura intensiva e sob plástico e de
processamento posterior da produção, com especial relevância na engenharia genética de sementes e plantas, tecnologias do ciclo integral da água para utilização agrícola,
cultivos hidropónicos, equipamento de estufas, plásticos
agrícolas, etc.
Biotecnologia: com origens muito enraizadas na actividade agrícola e ganadeira, o sector da biotecnologia encontra-se actualmente diversificado para outros campos,
com especial destaque para as ciências da saúde, sendo
de realçar que é a região espanhola pioneira na investigação com células-mãe. A actividade das empresas do sector
está concentrada na produção agrícola (60 por cento), nas
ciências da saúde e genética (30 por cento) e melhoramento de processos (10 por cento).
Espanha, ou seja, cerca de 6 mil milhões de euros.
Por seu lado, os maiores fornecedores de Portugal em Espanha foram as
Comunidades da Catalunha (24,2 por
cento), Madrid (16,5 por cento), Galiza (14,7 por cento) e Andaluzia (9 por
cento). Assim, ao nível das trocas comerciais de Portugal com as Comunidades Autónomas espanholas, no ano
2008, a Andaluzia foi o 4º cliente e o 4º
fornecedor de Portugal.
Para a Andaluzia, Portugal exportou,
em 2008, um conjunto diversificado
de produtos como cobre e derivados,
química orgânica, produtos siderúrgicos, gorduras e azeites vegetais, cimento, gesso e cal, matérias-primas
e semi-manufacturados de plástico e
madeiras, em valor equivalente a 50
por cento do total exportado.
No mesmo ano, os principais produtos vendidas pela Andaluzia ao nosso
país foram o azeite, os produtos semimanufacturados de cobre e seus derivados, combustíveis e lubrificantes,
Aeronáutica: a Andaluzia é a única região espanhola
onde o fabrico de componentes e a montagem de aviões
tem sido uma constante histórica, de que é exemplo a sua
participação em programas como o do AIRBUS A380, ou
o futuro A350, assim como o novo avião de transporte
militar A400M.
Energias renováveis: a Andaluzia, pelas suas especiais
características orográficas e climáticas e com o impulso da
sua capacidade de inovação no sector das energias renováveis, especialmente a fotovoltaica, a eólica, a solar térmica e a biomassa, é uma referência a nível mundial tanto
na utilização destes tipos de energia como na tecnologia
de equipamentos e instalações para a sua produção.
Tecnologias de informação e comunicação (TIC): a instalação de um importante número de empresas nacionais
e internacionais com centros de I&D em TIC dedicadas ao
desenvolvimento de software ou hardware, desenham o panorama do dinamismo que este sector tem na Andaluzia.
É ainda de sublinhar o impulso que é dado por outros sectores,
tais como as indústrias de actividades ambientais e os serviços,
em especial os relacionados com o turismo ou a indústria química, também com um grande potencial na região.
hortaliças e legumes frescos, carnes
frescas, sementes e matérias-primas e
semi-manufacturados de plástico.
conta
“comEstaumaComunidade
boa rede de infraestruturas de comunicações
que a articula não só interiormente, mas também a interliga com o resto da Espanha,
a Europa e o mundo.
”
A nível do investimento, actualmente,
há 19 empresas espanholas de capitais portugueses na Andaluzia. Entre
estas contam-se os investimentos
da Cimpor na região – refira-se que
a empresa portuguesa é a segunda
maior cimenteira da Península Ibérica, graças também à sua expansão
em Espanha –, da Sovena e da Delta
Cafés no ramo alimentar e da Ferpinta
no sector metalomecânico.
14 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
Refira-se ainda que o ambiente de
trabalho e as condições de vida na
Comunidade andaluza foram alvo de
notícia em publicações como a FDI
Magazine, que seleccionou a Andaluzia como a primeira região onde
investir em Espanha e a terceira região europeia em qualidade de vida e
qualificação de recursos humanos no
seu ranking 2000-2005. Estas condições foram valorizadas positivamente
por empresas de países da União Europeia, Estados Unidos e Japão, que
instalaram as suas sedes ou centros
produtivos na Andaluzia.
Centro de Negócios
da AICEP em Espanha
Paseo de la Castellana, 141 - 17ª D
28046 Madrid
ESPAÑA
Tel.: +34 91 761 72 00
(Comércio e Investimento)
+34 91 761 72 30
(Turismo)
[email protected]
ANDALUZIA - OPINIÃO
ANDALUZIA, A VIZINHA DE BAIXO
>P
or José António
Silva e Sousa,
Vice-Presidente
da Fundação
Luso-Espanhola
C
ontrariamente ao que muitos afirmam, tenho defendido que Portugal e Espanha são realidades diametralmente diferentes. São diferentes na
língua, no funcionamento, na mentalidade, na organização, na visão do mundo. E essa diferença é boa para ambos:
é que não é geradora de incompatibilidades; antes pelo contrário, realça a
complementaridade entre as duas realidades. Complementaridade geográfica,
mas também complementaridade na
visão do mundo: os espanhóis entendem a América Latina como uma realidade que não existiria sem a Espanha;
e a Espanha como uma realidade que
não existiria sem a América Latina. Os
portugueses pensam o mesmo, mas da
África. Em comum têm a visão da Europa. Daí que me pareça que as relações
entre Portugal e Espanha só ganham
sentido quando levam a uma projecção
conjunta das duas economias, ou das
duas culturas a uma escala internacional, sobretudo multi-continental.
Vem-me isto à memória pelo anunciado encerramento do Consulado Geral
de Portugal em Sevilha e pela perda de
um edifício que, além de ter uma utilização gratuita por Portugal, é um dos
melhores símbolos nacionais no estrangeiro. E poderia ser uma plataforma
de promoção de Portugal numa região
fronteiriça e que atravessa um momento de renovação económica.
A Andaluzia é hoje uma economia pujante. Tem três sectores tradicionais,
com dimensão e projecção mundial: o
turismo, a agricultura e pecuária – com
predominância do azeite, das frutas e
do porco de pata negra – e os vinhos. E
apostou recentemente na alta tecnologia
como vector de transformação e modernização da sua vida social e económica.
Foi uma região fortemente beneficiada
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 15
ANDALUZIA - OPINIÃO
com os fundos comunitários, nomeadamente com os Fundos de Coesão. E
tais fundos foram aplicados de forma
exemplar, tendo proporcionado até ao
ano 2000 um aumento do rendimento
médio per capita em cerca de 5 pontos
percentuais. (Cfr.: Simon Sosvilla-Rivero,
El Impacto de los Fondos Europeos en la
Economia Andaluza: 1989-2013, FEDEA,
Madrid, 2008, www.fedea.es)
relações entre Por“tugal(...)easEspanha
só ganham
sentido quando levam a
uma projecção conjunta
das duas economias, ou das
duas culturas a uma escala internacional, sobretudo
multi-continental.
”
No sector do Turismo, a Andaluzia procura apresentar uma variedade e complementaridade de produtos: o sol e
mar, muito associado ao golfe e à náutica nas zonas de Málaga / Marbella e
hoje também de Cádis, Almería e de
Huelva; o turismo cultural em Sevilha,
Córdova, Ronda e Granada; o turismo
de Inverno em Granada / Serra Nevada,
o enoturismo nas zonas de Cádis, sobretudo no Porto de Santa Maria e Jerez de
la Frontera, e o agro-turismo disseminado por toda a Comunidade Autónoma.
Relativamente à agricultura salientamse o azeite, que tem particular importância na região de Córdova, hoje líder
mundial de produção e engarrafamento; e as frutas, com especial peso na
região de Almería. No que respeita à actividade vinícola, esta tem a sua base na
zona de Cádis, sobretudo no Porto de
Santa Maria e Jerez de la Frontera, onde
famílias antigas dominam um negócio
secular. Curiosamente, e tal como na região portuguesa do Douro, as principais
empresas pertencem ainda a famílias de
origem não espanhola: Osborne e Domecq de Inglaterra; Gonzalez Byass de
França. Na pecuária destaca-se a produção de porco de pata negra na região de
Jabugo (Huelva) e a sua transformação e
cura para produção de presuntos e enchidos, sector onde também assumem a
liderança mundial.
As comunicações entre a Andaluzia e
Portugal fazem-se por estrada e autoestrada Algarve-Huelva-Sevilha sendo
possível a conexão a partir desta cidade,
em estrela, por todo o território andaluz. Sevilha, Córdova e Málaga estão
integradas na rede espanhola de alta
velocidade ferroviária, tardando o per-
curso entre a primeira daquelas cidades
e Madrid cerca de duas horas e meia. A
conexão ferroviária entre Sevilha e Huelva, em comboio normal, teve outrora
um prolongamento até Ayamonte, o
qual, actualmente, não está activo.
A nova estrutura económica, focalizada nas novas tecnologias e no I&D tem
como pilares os parques tecnológicos
de Sevilha – Cartuja’93 – e de Málaga,
e o Parque Aeronáutico AEROPOLIS de
Sevilha, resultante da conjugação de
esforços de 144 empresas de torneiros
daquela região que se associaram formando um dos pólos de construção do
Consórcio EADS (vulgo Airbus).
A Andaluzia é hoje uma
“economia
pujante. Tem três
sectores tradicionais, com
dimensão e projecção mundial: o turismo, a agricultura
e pecuária - com predominância do azeite, das frutas
e do porco de pata negra - e
os vinhos.
”
A Comunidade portuguesa na Andaluzia está dispersa por todo o território
daquela região autónoma, assumindo
particular relevância os grupos de Sevilha e de Málaga. O grupo de portugueses em Sevilha é muito activo, reunindo-se sob a égide do Foro PortugalAndalucia, que promove eventos regulares, e do Centro Cultural Lusófono
de Sevilha, que tem sido um motor de
promoção da língua e da cultura portuguesa em todo o território andaluz. O
grupo de Málaga está muito concentrado na indústria hoteleira, sendo que
muitas das grandes unidades locais são
hoje geridas por quadros portugueses.
No que diz respeito às relações políticas
e de economia sectorial entre a Andaluzia e Portugal cabe dizer que estão muito assentes no diálogo transfronteiriço
com as regiões do Algarve e do Alentejo. Esse diálogo tem revelado alguns
desequilíbrios dada a força política da
Andaluzia como Comunidade Autóno-
16 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
ANDALUZIA - OPINIÃO
cipais propriedades agrícolas produtoras
de azeite do Alentejo são pertença de
investidores andaluzes e a maior empresa engarrafadora e exportadora de azeites da Andaluzia (Sovena) é pertença
de um grupo português (Nutrinveste).
No âmbito da produção de porco de
pata negra e de presuntos e enchidos
está definida uma região produtora que
engloba uma parte de Portugal (zona
de Barrancos) e uma parte de Espanha
(zona de Jabugo/Huelva).
Já no que respeita à complementaridade económica na área dos parques tecnológicos parece haver alguma disfunção entre os dois países. No entanto,
uma correcta gestão dos interesses das
universidades tecnológicas portuguesas no mercado da Andaluzia poderia
trazer boas parcerias e vantagens para
essas universidades. A este respeito
parece lógica uma maior aproximação
da Andaluzia com a região Centro de
Portugal como forma de proporcionar
um maior equilíbrio relacional.
ma de Espanha e a sua dimensão territorial e económica. Para além da pujança das suas empresas, dos seus grupos
económicos, e da sua estrutura bancária
própria (Cajas de Ahorros e Cajas Rurales). No entanto, a Junta da Andaluzia
está empenhada em projectar as suas
empresas e a sua imagem cultural por
todo o território de Portugal.
Como poderá Portugal gerir a vizinhança com esta realidade? Creio que
Portugal tem a ganhar com a força da
economia andaluza e pode tirar partido
da proximidade geográfica.
Ao nível do turismo, por exemplo, sobressaem grandes sinergias da junção
do potencial cultural de Sevilha ao potencial de lazer do Algarve. Parece, assim, útil para o sector turístico de ambos
os países o desenvolvimento de pacotes
complementares bilaterais conjugando estes dois tipos de ofertas. A estes
pacotes turísticos poderá começar a
estudar-se a junção do potencial turístico do lago do Alqueva. Ocorre que este
lago não tem ainda (e pelos projectos
já anunciados, não parece previsível que
venha a ter em breve) disponibilidade
hoteleira para ser considerado um complemento ao “sol e mar” algarvio e ao
turismo cultural da Andaluzia.
“
Ao nível do turismo, por
exemplo, sobressaem grandes
sinergias da junção do potencial cultural de Sevilha ao potencial de lazer do Algarve.
”
Creio ser, também, de particular interesse, em termos de transportes, o
estudo da viabilidade de recriar a linha
ferroviária entre Sevilha e Ayamonte,
juntando-a, depois, à linha do Algarve,
sobretudo ligando-a a Faro/Vilamoura.
A agricultura e pecuária de Portugal e
da Andaluzia têm já mercados bem integrados, pelo que haverá apenas que
gerir essa integração em termos de projecção internacional conjunta. As prin-
Também com vantagens para as universidades e pólos tecnológicos e industriais portugueses poderá ser a ligação
ao parque aeronáutico Aeropolis, de
Sevilha. Além de que, neste, se poderia
potenciar a ligação aos aeroportos portugueses de Faro e Beja como pistas de
recuo nos voos experimentais.
Não faltam assim razões para uma
maior aposta portuguesa na Andaluzia. E para a solidificação e unidade
das comunidades de portugueses naquela região espanhola. O anunciado
encerramento do Consulado-Geral de
Portugal em Sevilha e a perda da posse do edifício (sobretudo da sua zona
nobre), a acontecerem, são um mau
prenúncio quanto ao futuro. Diz o
povo que “quem não sabe para onde
vai, qualquer vento lhe serve”. Infelizmente para Portugal, a ausência de um
rumo estratégico consistente de médio
e longo prazo para Espanha traz-nos
perdas irrecuperáveis como o é a deste
símbolo nacional. E sem necessidade.
Espero que, com trabalho, vontade e
competência se consiga inverter este
presságio. Todos teremos a ganhar.
[email protected]
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 17
ANDALUZIA
ANDALUZIA
EM FICHA
CONTACTOS ÚTEIS
Junta de Andalucia
http://www.juntadeandalucia.es/
Confederación Granadina
de Empresarios (CGE)
www.cge.es
IDEA – Agencia de Innovación
y Desarrollo de Andalucía
[email protected]
www.agenciaidea.es
Confederación de Empresarios
de Jaén (CEJ)
www.cej.es
INVERCARIA – Inversión
y Gestión de Capital Riesgo
de Andalucia, S.A.
[email protected]
www.invercaria.es
Espanha
Madrid
Andaluzia
Federación Onubense
de Empresarios (FOE)
www.foe.es
Área: 87.597 km2 (Portugal 92.090 km2)
EUROCEI – Centro Europeo
de Empresas e Innovación
de Andaluzia, S.A.
[email protected]
www.eurocei.com
Confederación de Empresários
de Andalucia (CEA)
www.cea.es
Confederación de Empresarios
de Sevilla
www.cesevilla.es
Asempal Confederación
Empresarial
www.asempal.es
FIBES – Palacio de Congresos
y Exposiciones de Sevilla
[email protected]
www.fibes.es
FYCMA - Palacio de Ferias
y Congresos de Málaga
[email protected]
Confederación de Empresarios
de Cádiz (CEC)
www.ceccadiz.org
Confederación de Empresarios
de Malaga (CEM)
www.fycma.com
Palacio de Congresos de Granada
[email protected]
www.pcgr.org
www.cem-malaga.es
Confederación Empresarios
de Córdoba (CECO)
www.ceco-cordoba.es
Palacio de Exposiciones
y Congresos – Roquetas de Mar
[email protected]
www.almeriaferiasycongresos.com
População: 8,20 milhões, 17,8% total
nacional (2008) (Portugal: 10,6 milhões)
Distribuição do PIB: 13,7% do PIB
espanhol
PIB per capita: 18.507 euros, 77,0% da
média nacional espanhola (Portugal 15.639
euros)
Competitividade: 17ª posição no ranking
de Espanha
Relações Económicas com Portugal
Comércio Externo (2008)
Exportação para Portugal:
1.487 milhões de euros
Importação de Portugal:
903 milhões de euros
Cobertura:
165%
A Andaluzia é a 4ª Comunidade cliente de
Portugal, (9,8% do total das vendas a Espanha)
e também a 4ª Comunidade fornecedora
(9,0% do total).
Portugal é o 4º cliente da Andaluzia (quota de
8,8%) e o 10º fornecedor (quota de 3,3%).
Investimento:
IDPE Investimento português bruto:
0 milhões de euros, 0,0% do total.
IDE Investimento Directo bruto:
58 milhões de euros, 5% do total, 4ª posição
Na Andaluzia, há 19 empresas espanholas
com capitais portugueses, cerca de 5,6%
do total (Março, 2009)
Fontes: INE Espanha
ICEX
Ministério da Industria, Comércio
e Turismo de Espanha
18 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
CASTELA E LEÃO
CASTELA e LEÃO
O reforço da cooperação entre Portugal e a Comunidade Autónoma de
Castela e Leão é fundamental para o incremento das relações económicas
entre ambos os lados. Região transfronteiriça de enorme potencial,
Castela e Leão tem já um peso significativo nas nossas trocas comerciais
com o país vizinho.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 19
CASTELA E LEÃO
É
uma das quatro Comunidades Autónomas de Espanha que fazem
fronteira com Portugal e os governos
de ambos os lados têm privilegiado
uma boa colaboração institucional para
promover o relacionamento económico
bilateral. As trocas comerciais de Portugal com as Comunidades transfronteiriças da Andaluzia, de Castela e Leão, da
Extremadura e da Galiza representam
mais de 40 por cento das importações
espanholas com origem em Portugal e
mais de 30 por cento das exportações
espanholas para o nosso país. Igualmente, cerca de 30 por cento do total
das empresas espanholas com capitais
portugueses em Espanha estão localizadas nestas Comunidades.
A Espanha é um mercado prioritário
para a internacionalização da economia
portuguesa, dando-se especial ênfase
ao relacionamento com a Comunidade
de Castela e Leão e com as outras regiões fronteiriças de Portugal – Galiza,
Extremadura e Andaluzia.
Sendo certo que ainda há muito caminho por percorrer, torna-se necessário
reforçar a cooperação entre Portugal e
Castela e Leão, já que se está perante
uma região transfronteiriça dotada de
um enorme potencial no que diz respeito
ao comércio e ao investimento bilaterais.
Foi com este objectivo que o governo
de Castela e Leão organizou, recentemente, um conjunto de acções a
desenvolver em Portugal visando aumentar a projecção desta comunida-
de autónoma no mercado português,
tanto a nível empresarial como turístico ou institucional. Entre as acções
realizadas destaca-se a visita institucional que o presidente da Junta de
Castela e Leão, Juan Vicente Herrera,
acompanhado por uma delegação de
200 empresários desta região, efectuou a Portugal em finais de 2009.
“
Sendo certo que ainda há
muito caminho por percorrer,
torna-se necessário reforçar
a cooperação entre Portugal e Castela e Leão, já que
se está perante uma região
transfronteiriça dotada de
um enorme potencial no que
diz respeito ao comércio e ao
investimento bilaterais.
”
Na ocasião foi assinado um protocolo de cooperação entre o governo de
Castela e Leão e a AICEP no sentido de
reforçar a cooperação em matéria do
desenvolvimento económico, dinamização e internacionalização das empresas que operam em ambos os mercados. Este protocolo insere-se numa
estratégia que visa abordar o mercado
espanhol através das regiões transfronteiriças, tendo como meta fortalecer o
tecido económico.
20 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
Trata-se, fundamentalmente, de procurar criar e manter uma sólida cooperação entre as partes, em matéria de
desenvolvimento económico, dinamização e internacionalização das empresas que operem nos seus respectivos
âmbitos de actuação, contribuindo assim para o desenvolvimento integral de
ambos os territórios.
No decorrer destas jornadas, o presidente da Junta de Castela e Leão, Juan
Vicente Herrera, defendeu um tecido
empresarial e industrial moderno, baseado no sector agro-pecuário, e considerou sectores de actividade tais como
o industrial, o energético, o mineiro, o
automóvel e o aeronáutico como um
autêntico desafio. Foi também referido
o turismo rural, que já tem um peso importante no PIB da Comunidade.
No que concerne às relações da Comunidade de Castela e Leão com Portugal, destaca-se a importância das infraestruturas de ligação entre o Norte de
Portugal e Castela e Leão e dos portos
de Leixões e Aveiro para o sector logístico da Comunidade.
Economia regional
A Comunidade de Castela e Leão ocupa uma área ligeiramente superior à de
Portugal (94.224 quilómetros quadrados contra 92.090), sendo a 6ª Comunidade mais povoada de Espanha com
2,56 milhões de habitantes (5,5 por
cento do total da população).
CASTELA E LEÃO
A Comunidade de Castela e Leão tem
a sua capital na cidade de Valladolid e
é constituída por nove províncias: Ávila,
Burgos, León, Palencia, Salamanca, Segovia, Soria, Valladolid e Zamora.
to do total. No caso das importações,
essa participação é de 3 por cento do
total importado por Espanha.
A economia de Castela e Leão tem sido
alvo de um importante processo de dinamização nos últimos anos, com o tecido
empresarial a registar um crescimento
sólido e regular, permitindo perspectivar
positivamente o futuro da região. De
acordo com os últimos dados económicos divulgados pelo governo regional, a
evolução da economia regional continua
em recessão moderada. Esta Comunidade registou, no segundo trimestre de
2009, indicadores menos desfavoráveis
que a média espanhola.
lugar enquanto fornecedor, com uma
quota de 7,4 por cento do total.
Ao nível do relacionamento comercial
entre Portugal e as Comunidades Autónomas espanholas, no mesmo ano,
Castela e Leão foi o 5º cliente (quota de
7,1 por cento) e o 7º fornecedor (quota
de 5,9 por cento) de Portugal.
Afectadas pela crise económica internacional, as vendas de Castela e Leão
a Portugal atingiram os 569 milhões
Relações com Portugal
Em termos de Produto Interno Bruto
(PIB) per capita, esta Comunidade atinge 23.361 euros, em termos relativos,
atingindo 97 por cento da média nacional espanhola (Espanha = 100).
A forte concentração industrial, superior à média espanhola, tanto geográfica como sectorialmente, é determinante para os fluxos comerciais da região
de Castela e Leão. A balança comercial
desta Comunidade depende fortemente do sector automóvel, bem como do
mercado europeu, com especial destaque para a França, que é um dos principais investidores na região.
Os fluxos comerciais entre a comunidade
de Castela e Leão e Portugal têm vindo
a aumentar nos últimos anos. De acordo
com os dados do ICEX (Instituto do Comércio Externo espanhol), em 2008, as
exportações de Castela e Leão para Portugal atingiram 984 milhões de euros, contra importações do nosso país no valor de
659 milhões de euros, obtendo uma taxa
de cobertura de 149 por cento.
No entanto, em termos de tendência
estes valores correspondem a metade
do que se verifica para as importações
espanholas totais com origem em Portugal, as quais registam um decréscimo de
27,5 por cento nos primeiros oito meses
do ano passado, segundo o ICEX.
As províncias de Burgos, León, Palencia
e Valladolid concentram a maior parte
das actividades industriais, nomeadamente no sector automóvel e na indústria agro-alimentar, destacando-se
igualmente as indústrias da carne, de
vinhos e licores e de confeitaria.
Existem também três parques tecnológicos promovidos pela Junta de Castela e
Leão, propondo-se o governo regional
a diversificar e modernizar a economia,
apostando noutros sectores industriais,
nomeadamente, os sectores aeronáutico, telecomunicações, químico-farmacêutico, biotecnologia e da sociedade
da informação.
No contexto nacional, o contributo
desta Comunidade Autónoma para as
exportações espanholas é de 5 por cen-
de euros de Janeiro a Agosto de 2009,
o que traduz uma quebra de 13,2 por
cento face ao mesmo período de 2008.
Por seu lado, as exportações portuguesas para Castela e Leão caíram 13,2 por
cento no período em análise, cifrandose em 347,7 milhões de euros.
Globalmente, em 2008, Portugal ocupava a segunda posição como cliente
de Castela e Leão, com uma quota
de mercado de 10,2 por cento, e o 5º
COMUNIDADES
AUTÓNOMAS
Castela e Leão
2008 (Jan/Ago)
Entre os principais produtos exportados por Portugal para Castela e
Leão, em 2008, destacam-se: equipamento, componentes e acessórios
de automóvel, publicações periódicas,
produtos semi-manufacturados de
alumínio, mobiliário para o lar, pro2009 (Jan/Ago)
Variação (%)
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
655.639
400.813
569.371
347.746
-13,2%
-13,2%
Fonte: Comercio.es; Unid.: Milhões de euros
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 21
CASTELA E LEÃO
dutos siderúrgicos, matérias-primas
e semi-manufacturados de plástico,
conservas vegetais, preparados e conservas de carne, madeiras e frutos
oleaginosos, que no conjunto representaram 57 por cento do total das
vendas portuguesas a esta Comunidade espanhola.
Os principais produtos vendidos por
Castela e Leão a Portugal, em 2008, foram: automóveis, equipamento, componentes e acessórios de automóvel,
carnes frescas, produtos siderúrgicos,
produtos de higiene pessoal, cereais,
alimentos preparados para animais domésticos, pasta de papel e papel, bolachas, hortaliças e legumes frescos, o
que representa 55 por cento do total
das exportações desta Comunidade
para o nosso país.
No que se refere à presença portuguesa nesta Comunidade, dados do INE es-
panhol referem que 11,5 por cento dos
portugueses registados em Espanha se
encontram em Castela e Leão.
A forte concentração in“dustrial,
superior à média
espanhola, tanto geográfica como sectorialmente, é
determinante para os fluxos
comerciais da região de Castela e Leão.
”
A nível empresarial e de acordo com
os dados disponíveis no Centro de Negócios em Madrid, a Comunidade de
Castela e Leão conta com 15 empresas
espanholas com capitais portugueses,
merecendo destaque a presença da
Sonae Indústria – um dos maiores pro-
BA VIDRO
A BA Vidro adquiriu uma posição de controlo na Vilesa - Vidriera de León
(Castela e Leão) em 1999. Recentemente, anunciou um investimento de 20
milhões de euros na melhoria da estrutura produtiva localizada em León. Este
investimento está destinado à reconstrução de um dos fornos da fábrica, prevendo-se também a remodelação do segundo forno em 2010, o que irá representar um investimento adicional de 10 milhões de euros.
De referir que esta empresa, o segundo maior fornecedor ibérico de embalagens de vidro, possui em Espanha outras duas fábricas, uma situada em
Villafranca de los Barros (Badajoz, Comunidade Autónoma da Extremadura) e
outra em Xinzo de Limia (Orense, Galiza).
22 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
dutores mundiais de painéis derivados
de madeira, com quatro empresas na
região (Aserraderos de Cuellar, S.A.,
Ramafosa, Tableros Tradema, S.L., Tafibra) – e da BA Vidro.
Oportunidades para as
empresas portuguesas
Existe um forte relacionamento entre
Portugal e Castela Leão em sectores
tradicionais, nomeadamente o automóvel e as máquinas e equipamentos,
que devemos estreitar. A produção do
veículo eléctrico da Renault em Valladolid pode abrir novas potencialidades.
Mas também devemos apostar em novos sectores, como o aeronáutico, as
novas tecnologias ou a logística.
A crise económica que atravessa Espanha abre janelas de oportunidades
para as empresas portuguesas. Neste
momento, existem condições favoráveis para iniciar processos de aquisição
de empresas espanholas, ou unidades
de negócio, a um preço competitivo.
As oportunidades de negócios podem
surgir, sobretudo, ao nível das médias
e médias/grandes empresas, em quase todos os sectores de actividade.
É evidente que em sectores mais afectados directamente pela presente crise económica, como por exemplo o
imobiliário/construção, materiais de
construção, bens de consumo, agricultura e automóvel, poderão existir
melhores oportunidades. No entanto,
a forte retracção do consumo, pelas
suas consequências, também abre
possibilidades de negócio nas actividades relacionadas directamente com
a venda a retalho.
Centro de Negócios
da AICEP em Espanha
Paseo de la Castellana, 141 - 17ª D
28046 Madrid
ESPAÑA
Tel.: +34 91 761 72 00
(Comércio e Investimento)
+34 91 761 72 30
(Turismo)
[email protected]
CASTELA E LEÃO
CASTELA E LEÃO
UMA COMUNIDADE ABERTA
>POR CARLOS MARTÍN TOBALINA, DIRECTOR GERAL DA INDÚSTRIA DA JUNTA DE CASTELA E LEÃO
L
ocalizada no sudoeste do continente
europeu, a Comunidade Autónoma de
Castela e Leão está situada na sub meseta
setentrional da Península Ibérica e ocupa
uma área de 94.224 quilómetros quadrados, sendo não só a região mais extensa
de Espanha, como também uma das mais
amplas de todo o continente europeu.
A sua situação geográfica é privilegiada: limítrofe com outras nove regiões
espanholas, é igualmente considerada
a passagem fronteiriça para o norte de
Portugal, convertendo-se assim numa
área estratégica para o comércio entre
o sul da Europa e o resto do continente
e garantindo a proximidade do empresário a outras regiões e mercados.
Castela e Leão é Europa: concorre, em
igualdade de condições, com as regiões mais prósperas da União Europeia,
alcançando um regime de convergên-
cia de 97 por cento sobre o rendimento comunitário.
Castela e Leão é progresso: um desenvolvimento que se traduz na criação de
localizações industriais e parques tecnológicos, apostando na investigação e inovação; espaços preparados para receber
projectos de investimento vindos do exterior, demonstrando que estamos perante
uma comunidade aberta ao mundo.
Castela e Leão é qualidade: uma região que se destaca pela produção
agro-alimentar, baseada em matériasprimas de uma qualidade excepcional. Igualmente, os seus vinhos fazem
concorrência aos melhores néctares do
mundo, gozando os seus alimentos de
reputação internacional.
Por outro lado, sectores tais como o do
automóvel, químico, metalúrgico, mo-
biliário e maquinaria contribuem para
que esta região esteja presente nos
principais mercados internacionais.
Aliada a este moderno tecido industrial,
a Comunidade de Castela e Leão conta
com uma extensa rede de infra-estruturas, fazendo desta região um importante ponto nevrálgico de comunicações.
A dimensão geográfica coloca esta Comunidade numa magnífica posição estratégica; próxima de Madrid, torna-se
assim numa região chave para o desenvolvimento dos intercâmbios na zona
sul ocidental do mercado europeu.
Do ponto de vista económico, Castela e
Leão tem vindo a registar uma evolução
francamente positiva. Em relação ao PIB,
e de acordo com a evolução dos últimos
anos, evidencia-se um crescimento superior ao da média espanhola e europeia.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 23
CASTELA E LEÃO
Paralelamente, e acompanhando o
seu crescimento económico, verificase um desenvolvimento sem precedentes no que diz respeito às suas
infra-estruturas. Uma moderna rede
de auto-estradas liga Castela e Leão
às principais capitais europeias e espanholas. Por outro lado, esta Comunidade é um dos principais eixos
do tráfego ferroviário espanhol, eixo
este ampliado pelo aparecimento das
linhas de alta velocidade, que unem
Madrid e Segóvia em 20 minutos e
Valladolid em menos de uma hora,
desdobrando-se posteriormente em
dois eixos que ligam todo o noroeste
à capital espanhola.
A energia é outro factor a considerar.
Castela e Leão é o segundo maior enclave energético nacional, tanto pelo
seu volume de produção, como pela
diversidade dos seus recursos. Esse
volume de produção traduz-se numa
redução de custos, permitindo igualmente um fácil acesso às fontes de
abastecimento. Convém destacar o
compromisso da região para com o
desenvolvimento e aplicação das energias renováveis e a consequente criação de novas unidades de energia alternativa, tais como a solar e a eólica.
Os custos de mão-de-obra em Castela e Leão são considerados bastante
competitivos, se comparados com os
de outras regiões espanholas. De referir igualmente os índices mínimos
de abstenção laboral e a existência de
paz social permanente, resultado da
concertação proporcionada pelo governo regional.
parques Tecnológicos
“deOsCastela
e Leão não são
apenas destino da localização de empresas tecnológicas, mas são também
centros de inovação, assim
como um pilar fundamental
no que diz respeito ao desenvolvimento de ID&I em
Castela e Leão.
”
A Comunidade de Castela e Leão conta com mais de 320 parques empresariais. Como complemento à oferta
existente neste domínio, a Junta de
Castela e Leão desenvolveu um Plano
de Localização Industrial que amplia a
disponibilização de espaço para empresas nas zonas em que a procura de
solo é mais intensa.
A crescente procura de espaços tecnológicos adequados para empresas de
sectores de alto valor acrescentado é
coberta através de uma sociedade de
capitais públicos, denominada Parques
Tecnológicos de Castela e Leão.
24 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
Com os seus três parques tecnológicos
(Valladolid, León e Burgos) em diferentes graus de desenvolvimento, a Junta
de Castela e Leão pretende criar as
infra-estruturas necessárias para apoiar
a criação de emprego qualificado na região em sectores estratégicos.
Os parques Tecnológicos de Castela e
Leão não são apenas destino da localização de empresas tecnológicas, mas
são também centros de inovação, assim
como um pilar fundamental no que diz
respeito ao desenvolvimento de ID&I
em Castela e Leão.
Esta Comunidade conta umas excelentes
infra-estruturas de suporte à inovação. A
rede de centros tecnológicos de Castela
e Leão dispõe de mais de 700 investigadores que procuram dar soluções tecnológicas a empresas de sectores tão estratégicos como o automóvel, aeronáutico,
agro-alimentar, da biotecnologia ou da
sociedade da informação.
A posição predominante da indústria
em Castela e Leão pertence ao sector
automóvel, o qual representa, actualmente, mais de um terço do Valor
Acrescentado Bruto regional. A posição privilegiada desta Comunidade a
nível da energia supõe também uma
alta percentagem sobre o total do VAB
(mais de 20 por cento).
Haveria igualmente que destacar o elevado peso do sector agro-alimentar na
CASTELA E LEÃO
CONTACTOS ÚTEIS
CASTELA E LEÃO
EM FICHA
Junta de Castilla y León
http://www.jcyl.es
Confederación de Organizaciones
Empresariales de Castilla y León
(CECALE)
[email protected]
Castela e
Leão
http://www.cecale.es
Confederación Abulense de
Empresarios (CONFAE)
Madrid
Espanha
http://www.confae.org
Confederación de Asociaciones
Empresariales de Burgos (FAE)
http://www.faeburgos.org
Federación Leonesa de
Empresarios (FELE)
região, assim como aquele que diz respeito a sectores tais como o das telecomunicações, o químico-farmacêutico e
os sectores de alto valor acrescentado,
Castela e Leão é Europa:
“concorre,
em igualdade de
condições, com as regiões
mais prósperas da União
Europeia, alcançando um
regime de convergência de
97 por cento sobre o rendimento comunitário.
”
como a biotecnologia e a aeronáutica.
Todos estes completam a estrutura mais
significativa do tecido industrial da Comunidade de Castela e Leão.
Área: 94.225 km2 (Portugal 92.090 km2)
http://www.fele.es
População: 2,56 milhões, 5,5% total
nacional (2008) (Portugal: 10,6 milhões)
Confederación Palentina
de Organizaciones Empresariales
(CPOE)
Distribuição do PIB: 5,3% do PIB
espanhol (2008)
http://www.cpoepalencia.com
Confederación de Organizaciones
de Empresarios Salmantinos
(CONFAES)
http://www.confaes.es
Comércio Externo (2008)
http://www.fessegovia.com
Federación de Organizaciones
Empresariales Sorianas (FOES)
Exportação para Portugal:
984 milhões de euros
http://www.foes.es
Importação de Portugal:
659 milhões de euros
Confederación Vallisoletana
de Empresarios (CVE)
Cobertura: 149%
http://www.cve.es
Confederación de Organizaciones
Zamoranas de Empresarios
(CEOE-CEPYME ZAMORA)
http://www.ceoecepymeza.org
[email protected]
http://www.feriavalladolid.com/
Feria de Salamanca
[email protected]
www.feriadesalamanca.com
IFEZA Recinto Ferial de Zamora
www.jcyl.es
Competitividade: 8ª posição no ranking
(Espanha)
Relações Económicas com Portugal
Federación Empresarial
Segoviana (FES)
Feria de Valladolid
Concluindo, há que referir que todos estes sectores são o reflexo da aposta de
iniciativas empresariais, as quais, desde
o âmbito nacional e internacional, têm
confiado nesta Comunidade como destino dos seus projectos de investimento.
PIB per capita: 23.361 euros, 97,3% da
média nacional de Espanha, 10ª posição
ranking (2008), (Portugal 15.639 euros)
Castela e Leão é a 5ª Comunidade cliente
de Portugal, (7,1% do total das vendas
portuguesas a Espanha) e a 7ª Comunidade
fornecedora (5,9% do total).
Portugal é o 2º cliente de Castela e Leão
(quota de 10,2%) e o 5º fornecedor (quota
de 7,4%).
Na Comunidade, há 15 empresas
espanholas com capitais portugueses, cerca
de 4,4% do total (Fevereiro, 2009).
Fontes: INE Espanha
ICEX
Ministério da Industria, Comércio
e Turismo de Espanha
Tel.: +34 980 525 110
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 25
EXTREMADURA
Espanha é um mercado decisivo para o desenvolvimento sustentado
da economia portuguesa. Apesar da grande interdependência que
já se verifica entre as economias dos dois países, existe ainda um
enorme potencial de crescimento e muitas oportunidades de negócios
para explorar, quer ao nível das exportações, quer no que respeita ao
investimento. No âmbito do relacionamento bilateral entre Portugal e
Espanha, a Comunidade Autónoma da Extremadura assume relevo no
quadro das regiões transfronteiriças espanholas.
EXTREMADURA
O
s números expressam bem a
relevância do relacionamento
eco-nómico transfronteiriço, já que
as trocas comerciais de Portugal com
as Comunidades transfronteiriças da
Andaluzia, Castela e Leão, Galiza e Extremadura representaram, em 2008,
cerca de 45 por cento das exportações portuguesas para Espanha e 32
por cento das importações espanholas
com origem em Portugal.
Por seu lado, o investimento directo
português nestas quatro regiões espanholas, em 2008, atingiu 15,4 milhões
de euros e representou 3,6 por cento
do total do investimento nacional em
Espanha. Na Andaluzia, Castela e Leão,
Galiza e Extremadura existem actualmente mais de 90 empresas espanholas com capitais portugueses, segundo
a base de dados do Centro de Negócios da AICEP em Espanha.
Nesta edição, a revista Portugalglobal
dá especial destaque às Comunidades
transfronteiriças, nomeadamente às
suas potencialidades e perspectivas de
desenvolvimento económico e também
ao tipo de relacionamento que mantém
com a economia e as empresas portuguesas. A importância atribuída a estas
regiões para o incremento das relações
económicas entre Portugal e Espanha
levou já à abertura de representações
da AICEP, conjuntamente com o IAPMEI, em Mérida e em Vigo.
Radiografia bilateral
A nível das regiões transfronteiriças, a
Extremadura representou, em 2008,
5,1 por cento do total das exportações
portuguesas para Espanha e vendas no
valor de 473 milhões de euros. No que
se refere aos fornecedores da Extremadura, Portugal assume uma posição
de destacada liderança, com 34,4 por
cento do total, seguido da Alemanha
COMUNIDADES
AUTÓNOMAS
Extremadura
2008 (Jan/Ago)
(23,9 por cento), Itália (6,6 por cento)
e França (5,2 por cento). Em 2008, o
investimento da Extremadura em Portugal atingiu 1,6 milhões de euros,
ocupando a 8ª posição do investimento
directo espanhol no nosso país (menos
de um por cento do total).
Ao nível do comércio externo global,
De acordo com a Secretaria de Estado
do Comércio Externo de Espanha, no
período de Janeiro a Agosto de 2009,
as vendas extremenhas a Portugal al-
pela Extremadura a Portugal, em 2008,
cial da Extremadura, sendo simultaneamente o 1º fornecedor e o 1º cliente
desta Comunidade.
Entre os principais produtos comprados
destacam-se:
produtos
siderúrgicos
(15,5 por cento), farinha (13,7 por cento), vasilhame e embalagens de vidro
(13 por cento), semi-manufacturados
“
Ao nível do comércio externo global, Portugal foi o
primeiro parceiro comercial
da Extremadura, sendo simultaneamente o 1º fornecedor e o 1º cliente desta
Comunidade.
de plástico (9,4 por cento) e cereais
(7,6 por cento), que no conjunto representaram 59 por cento do total das
vendas portuguesas a esta Comunidade espanhola.
Os principais produtos vendidos pela
Extremadura a Portugal, nesse ano,
”
foram: produtos siderúrgicos (16 por
cançaram os 239,7 milhões de euros,
uma quebra de 15,8 por cento relativamente ao período homólogo de 2008.
Quanto às importações da região provenientes de Portugal, cifraram-se, no
mesmo período, em 188,8 milhões de
euros, o que representa um decréscimo
de 39,5 por cento.
frescas (5,2 por cento) e frutas frescas
Refira-se que a balança comercial com
Espanha é tradicionalmente desfavorável a Portugal, mas nos últimos anos
tem evoluído favoravelmente para o
nosso país, reduzindo-se a taxa de
cobertura de valores superiores a 300
por cento (2002) para 107 por cento
(2007). No período de 2002-2006 as
importações espanholas de Portugal
registaram taxas de crescimento anuais
superiores às exportações espanholas
para o nosso país. Em 2007, as exportações espanholas para Portugal cresceram 3,9 por cento, enquanto as importações aumentaram 4,6 por cento.
2009 (Jan/Ago)
cento), cortiça (11,9 por cento), vinhos de mesa (7,9 por cento), carnes
Variação (%)
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
284.831
312.004
239.701
188.833
-15,8%
-39,5%
Fonte: Comercio.es; Unid.: Milhões de euros
Portugal foi o primeiro parceiro comer-
(5,1 por cento), o que representa 46
por cento do total das exportações
extremenhas.
A presença empresarial portuguesa
na Extremadura distribui-se por diferentes sectores, merecendo destaque
a banca (BES, CGD e BANIF), o sector
alimentar (Nutrinveste, Novadelta e
Valouro), a construção civil e materiais
de construção (Somague e Blocotelha)
e as embalagens de vidro (BA Vidros),
tendo o Grupo EDP formalizado, no
ano passado, a aquisição da empresa
Gás de Merida, uma companhia distribuidora de gás natural.
Representação
da AICEP/IAPMEI
em Mérida
Calle Juan Pablo Forner nº1 (Bajo)
06800 Mérida
ESPAÑA
Tel.: +34 924 003 662
[email protected]
Representante: Maria Teresa Salazar
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 27
EXTREMADURA
COOPERAÇÃO PORTUGAL-EXTREMADURA
A cooperação institucional e empresarial entre Portugal e a Comunidade espanhola
da Extremadura vai de ‘vento em popa’! Depois da abertura, em Lisboa, de uma
delegação da Junta da Extremadura com o objectivo de fomentar as relações
empresariais com o nosso país, várias iniciativas têm-se sucedido procurando reforçar
os laços já existentes.
A
inda recentemente, realizou-se em
Mérida o I Foro Luso-Extremenho,
no qual participaram responsáveis de
instituições desta Comunidade e de
Portugal, bem como empresários de
ambos os lados, num encontro onde se
discutiram as oportunidades de negócio no mercado ibérico e que contou
com o apoio da AICEP.
Mas outras iniciativas merecem destaque no âmbito da cooperação lusoextremenha.
Projecto para o Alqueva
Com um investimento de 6 milhões de
euros para o período 2009-2010, e beneficiando de fundos do INTERREG, foi
já aprovado o projecto transfronteiriço
para o desenvolvimento das Terras do
Grande Lago do Alqueva. O projecto é
da responsabilidade da Associação Transfronteiriça dos Municípios das Terras do
Grande Lago – Alqueva e será desenvolvido no âmbito da cooperação entre
municípios e outras entidades públicas e
privadas do Alentejo e da Extremadura.
O projecto envolve quatro eixos fundamentais: o fomento da competitividade
e a promoção de emprego; meio ambiente, património e prevenção de risco;
ordenamento de território e acessibilidades; e integração socio-económica e
institucional, sendo visto como um instrumento estratégico para o progresso
das Terras do Grande Lago do Alqueva.
Alentejo, Centro
e Extremadura criam
EUROACE
As regiões portuguesas do Alentejo e do
Centro e a Extremadura espanhola cria-
ram, recentemente, o EUROACE, uma
eurorregião com o objectivo de melhorar
as condições de vida da população através da cooperação entre as várias áreas
territoriais. A constituição do EUROACE
decorre da cooperação desenvolvida ao
longo da última década entre estas regiões e está enquadrada na Convenção
Quadro Europeia para a Cooperação
Transfronteiriça entre as Comunidades
ou Autoridades Territoriais.
A cooperação entre o Alentejo, o Centro e a Extremadura tem-se caracterizado por uma grande flexibilidade,
desenvolvendo-se ao abrigo dos protocolos assinados entre a Extremadura e
o Alentejo em 1992, e entre a Extremadura e o Centro em 1995.
Agora, a EUROACE junta as três regiões e passa a ter mais de uma dezena
de áreas de cooperação prioritárias, tão
diversas como a agricultura, a saúde, a
tecnologia, a energia e a cultura.
Esta união é encarada como um fortalecimento das relações de vizinhança,
necessário para promover o processo
de crescimento económico e a melhoria das condições de vida da polulação local. A proximidade histórica e
geográfica das regiões do Alentejo, do
Centro e da Extremadura facilitaram
o processo de integração económica,
mas também a redução de barreiras de
ordem social e cultural.
Extremadura acolhe
língua portuguesa
O ensino da língua portuguesa na Extremadura tem protagonizado uma das
inovações mais significativas no desenvolvimento das relações transfronteiri-
28 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
ças. Os extremenhos revelam interesse
em aprender o português e dos 600
alunos que estudavam a língua de Camões em 1996, passou-se para mais de
9.000 no ano lectivo de 2005/2006,
sendo a Extremadura, actualmente, a
região que concentra a grande maioria
de estudantes de português em Espanha (cerca de 70 por cento do total).
O interesse pela língua portuguesa não
está circunscrito às populações que vivem junto à fronteira, mas estende-se,
praticamente, à totalidade do território
extremenho. Na Extremadura, o português pode-se hoje aprender em todas
as escolas oficiais de idiomas da região,
sendo a segunda língua mais procurada depois do inglês. Hoje leccionam-se
aulas de português nos níveis pré-escolar, na primária e secundária, sendo
ainda de destacar a existência de uma
licenciatura em Filologia Portuguesa na
Universidade da Extremadura.
Nos últimos anos foram alargadas, de
forma significativa, as ajudas concedidas anualmente pela Junta da Extremadura para a realização de cursos de
português em zonas da Comunidade
mais afastadas, mas onde tem aumentado a procura pela aprendizagem da
língua portuguesa, sobretudo por motivos comerciais ou profissionais.
E se é certo que as relações económicas, cada vez mais importantes entre a
Extremadura e Portugal, são o principal
motivo pela procura do ensino da língua
portuguesa, tem-se verificado que o
interesse dos extremenhos pelo idioma
português se deve igualmente ao desejo
de conhecer a cultura portuguesa como
forma de valorização pessoal.
EXTREMADURA
>GUILLERMO FERNÁNDEZ VARA, PRESIDENTE DA JUNTA DA EXTREMADURA
UMA NOVA ESTRATÉGIA EM COMUM
COM PORTUGAL
Guillermo Fernández Vara, Presidente da Junta da Extremadura espanhola
e entusiasta da cooperação com Portugal, traça o perfil do relacionamento
transfronteiriço entre o nosso país e a sua região. Em entrevista à Portugalglobal,
o político extremenho faz o ponto da situação das relações bilaterais e deixa uma
visão para o futuro claramente optimista. Aos empresários portugueses, lança uma
mensagem: a Extremadura é uma região com condições estratégicas em tudo
superiores às dos seus concorrentes.
Como caracteriza as actuais relações económicas entre a Extremadura e Portugal?
A importância das relações comerciais
entre Portugal e a Extremadura esteve,
está e estará presente historicamente na
nossa balança comercial, até porque o
país vizinho é o nosso principal cliente
e o destino da maior parte das nossas
transacções comerciais. A situação actual, apesar da crise económica que atravessam os mercados mundiais, está con-
solidada e cerca de um terço das nossas
exportações destinam-se ao mercado
luso. Tendo em conta a conjuntura actual, podemos considerar que as trocas
comerciais com Portugal conseguiram
manter-se a um nível bastante aceitável.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 29
EXTREMADURA
Quais são as perspectivas para
o futuro?
As perspectivas são optimistas, já que,
em alturas de crise económica, as empresas tendem a optar pelos mercados
mais próximos, como é o caso de Portugal e a Extremadura. A Junta tem
presentes as actuais dificuldades de
conjuntura, tendo definido políticas
com o objectivo de potenciar as relações económicas bilaterais, através, nomeadamente, da realização de missões
empresariais de divulgação de oportunidades de negócio. Um bom exemplo
desta estratégia foi o I Foro Empresarial
Luso-Extremenho, organizado conjuntamente pela AICEP e a Caixa Geral de
Depósitos (CGD), que, no passado mês
de Novembro, reuniu cerca de 200 empresas na cidade de Mérida. Consideramos que há sempre um pretexto para
a realização de iniciativas em matéria
de comércio externo. As empresas da
Extremadura deverão não só diversificar os riscos, mas também detectar
oportunidades de negócio, transferir
e importar novas ideias, tornando-se
mais inovadoras e competitivas a nível
regional, nacional e internacional.
Qual a importância de Portugal
para as empresas exportadoras da
Extremadura?
O empresário da Extremadura olha
para Portugal como uma continuação
do seu mercado natural, não o considerando distante, desconhecido ou di-
fícil de abordar. A percepção que cada
vez mais os empresários portugueses
têm dos seus interlocutores comerciais
espanhóis é a da existência de uma
relação baseada na confiança mútua
e no apoio das instituições de ambas
as partes, dentro de um conceito euro-
Um dos melhores investi“mentos
realizados pela Extremadura foi o desenvolvimento de uma estratégia de
aproximação a Portugal e de
intensificação do relacionamento com o país vizinho,
que revelou ter todo o interesse, tanto no plano económico como no político.
”
peu. Tendo em conta que Portugal é o
nosso principal cliente, as empresas da
Extremadura têm a obrigação de incluir
Portugal nas suas estratégias comerciais. Nos últimos anos registamos um
forte aumento do número de empresas
que solicitam informação e que pretendem participar nas missões comerciais a
Portugal, uma tendência crescente que
considero ser irreversível. Constatamos,
igualmente, um crescente interesse por
30 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
parte das empresas exportadoras da
Extremadura pelo mercado do Brasil e
pelos países africanos de língua portuguesa. Em 2009, a Junta organizou a
primeira missão comercial de empresas
da Extremadura a Angola.
A abertura de uma delegação da
Extremadura em Lisboa e a estreita
relação com a Representação
AICEP/IAPMEI em Mérida são
exemplos do interesse em
aumentar a cooperação entre
ambos os lados?
A Administração regional sempre defendeu este princípio de aproximação. Um dos melhores investimentos
realizados pela Extremadura foi o desenvolvimento de uma estratégia de
aproximação a Portugal e de intensificação do relacionamento com o
país vizinho, que revelou ter todo o
interesse, tanto no plano económico
como no político. Estou plenamente
convencido de que poderemos trabalhar conjuntamente no sentido de
intensificar a cooperação na saúde
pública, universitária, empresarial
e social. Espanha e Portugal deram
um grande salto desde a sua entrada na CEE, em 1986, mas considero
que ainda há muito por fazer. Por
isso, queremos trabalhar em estreita
colaboração com a AICEP e o IAPMEI no sentido de fortalecer o tecido
empresarial e organizar novas iniciativas, como foi o caso do Foro Luso-
EXTREMADURA
respectivamente. O Expaciomérida, com
mais de 207 hectares, colocará à venda
no mercado 1.360.271 metros quadrados de lotes com superfícies compreendidas entre 8.000 e 87.000 metros quadrados. O projecto vai desenvolver-se
em cinco etapas, a primeira delas a partir de 2009 e que irá urbanizar 493.000
metros quadrados, com um custo estimado de 23,5 milhões de euros.
Por seu lado, o Expacionavalmoral
tem uma dimensão de 336 hectares e
2.124.616 metros quadrados de lotes
à venda, com superfícies compreendidas entre 10.000 e 130.000 metros
quadrados. O projecto, neste caso, irá
desenvolver-se em quatro fases. A primeira fase implica um investimento de
52,3 milhões de euros, urbanizando
1.200.000 metros quadrados.
Extremenho de Mérida. Portugal é
visto como uma estratégia de futuro
para a Extremadura, tendo em conta
a nossa aposta para trabalharmos em
conjunto. Neste sentido, o ano 2009
foi muito importante. Abrimos a nossa Delegação em Lisboa, na qual já se
instalaram três empresas da Junta que
trabalhavam em Portugal: a Sociedade de Fomento Industrial da Extremadura (SOFIEX), o Fomento de Mercados e o Turismo de Extremadura.
Esta Delegação conta com um centro
de negócios à disposição dos empresários da Extremadura, tendo como
objectivo reforçar o relacionamento
institucional e económico com Portugal. Também em 2009 foi constituída
a comunidade de trabalho da euroregião Alentejo-Centro-Extremadura
(EUROACE) e, finalmente, concluímos
a reforma do nosso Estatuto de Autonomia, no qual está bem explicita
a importância de Portugal como um
parceiro comercial fundamental.
Que mensagem gostaria de
transmitir ao empresário português
interessado em estabelecer
negócios na Extremadura?
Existem factores que nos diferenciam
dos nossos concorrentes, nomeadamente a abundância de solo industrial
destinado à instalação de projectos, a
qualidade das infra-estruturas e a si-
tuação privilegiada da Extremadura.
A acrescentar a estes factores, o empresário português pode contar com o
apoio de um sócio financeiro com 20
anos regista“mosNosumúltimos
forte aumento do
número de empresas que solicitam informação e que pretendem participar nas missões comerciais a Portugal,
uma tendência crescente que
considero ser irreversível.
”
anos de experiência, a SOFIEX. E se
acrescentarmos a este pacote de vantagens a qualidade de vida e a estabilidade social gerada a partir da assinatura
da “Declaração de Diálogo Social” com
os agentes socio-económicos locais, a
Extremadura é, sem dúvida, uma região estratégica para as empresas.
E quanto a infra-estruturas
industriais?
A Extremadura conta com os Parques de
Desenvolvimento Norte e Sul da Extremadura, comercializados sob as marcas
Expacionavalmoral e Expaciomérida,
De referir ainda a Plataforma Logística
do Sudoeste Europeu, que irá colocar à
disposição das empresas mais de 500
hectares limítrofes com Portugal, destinados à logística e armazenamento,
com transporte multimodal.
Que irá fazer a Junta da
Extremadura para atrair os
empresários portugueses?
O escritório da SOFIEX em Portugal tem
vindo a desenvolver uma acção tripartida: o desenvolvimento de acções de
promoção que apresentem a Extremadura como destino de investimento,
através de jornadas e apresentações a
empresários; a identificação e desenvolvimento de oportunidades de investimento actuando conjuntamente com
os empresários e, por último, a procura
de parcerias no sentido de complementar o investimento que eventualmente
se estabeleça na Extremadura.
No âmbito da cooperação entre a
Extremadura e Portugal quais são
as áreas que considera com mais
potencial?
A cooperação deu os seus frutos em
muitas áreas, destacando-se as da saúde e do ensino da língua portuguesa.
No entanto, o espírito desta cooperação pode estender-se a muitos outros
campos, como a educação, a universidade, a cultura e a criação de estruturas
de cooperação para a gestão conjunta
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 31
EXTREMADURA
de serviços comuns em zonas rurais. É
importante sublinhar que cada lado da
antiga fronteira deve pensar no outro
quando pretende desenvolver projectos, ou seja, deve analisar aqueles em
que a cooperação os pode beneficiar
e eliminar os eventuais impedimentos
de carácter burocrático. Devemos também ter em conta que a cooperação
transfronteiriça é também uma forma
de construir a União Europeia.
O novo Estatuto de Autonomia da
Extremadura conta com um capítulo
dedicado às relações com Portugal.
O que fundamentou essa inclusão?
No Estatuto de Autonomia de 1983 já se
falava das relações com Portugal quando ainda não havia conceitos como
cooperação fronteiriça ou INTERREG. E
se há um quarto de século fomos capazes de apontar nessa direcção, seria
no mínimo insensato não integrar na
reforma do Estatuto essa componente
da vida quotidiana dos extremenhos,
que é Portugal. Quanto mais Lisboa e
Madrid trabalharem conjuntamente,
mais benefícios serão retirados dessa
relação. Quando apresentei o novo
Estatuto no Congresso dos Deputados
de Madrid, depois de ter sido aprovado
unanimemente pela Assembleia regional, a alguns parlamentares chamoulhes a atenção o facto se dedicar um
capítulo ao relacionamento com Portugal, tendo-lhes então explicado que
essa menção é reflexo de uma absoluta
normalidade nas relações entre as duas
partes. Não se converte numa obrigação para o futuro, mas sim no validar
do relacionamento de amizade entre as
duas regiões, bem como nos interesses
institucional e económico.
Quais são os projectos prioritários
da Junta no âmbito dos programas
INTERREG?
A investigação e a inovação são pilares
básicos para o desenvolvimento. Temos
um ambicioso projecto no sentido de
criar uma rede de centros de investiga-
um ambicioso pro“jectoTemos
no sentido de criar uma
rede de centros de investigação científica e tecnológica
entre a Extremadura, o Alentejo e a região Centro, com grupos de trabalho mistos, troca
de experiências e elaboração
de projectos conjuntos.
”
ção científica e tecnológica entre a Extremadura, o Alentejo e a região Centro,
com grupos de trabalho mistos, troca de
experiências e elaboração de projectos
conjuntos. Existem outras duas áreas de
desenvolvimento estratégico: Alqueva e
o Parque do Tejo Internacional, aos quais
32 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
se dedicará uma particular atenção com
dois projectos de carácter estruturante.
Estas duas zonas de indiscutível valor
ecológico têm grandes possibilidades de
desenvolvimento turístico, económico e
ambiental, que iremos desenvolver de
forma integrada e coordenada com outras entidades a nível central e local. Os
restantes projectos prioritários, apresentados no âmbito do Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal,
são de natureza diversa, abrangendo
campos como o sanitário, as energias
renováveis, a informação geográfica e o
desenvolvimento rural. Por outro lado, o
Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças
continuará a ser uma das nossas apostas
para o futuro, dado que a sua actividade dinamizadora e os bons resultados
que obteve ao longo dos seus 15 anos
de existência, demonstraram tratar-se de
uma ferramenta essencial para a cooperação transfronteiriça.
O Alentejo, a Região Centro
de Portugal e a Extremadura
criaram as bases da euro-região
denominada EUROACE. Quais os
objectivos desta iniciativa?
O principal objectivo deste organismo,
que não tem personalidade jurídica, é
fomentar a cooperação transfronteiriça.
Pretendemos melhorar a qualidade de
vida dos habitantes das três regiões, promover o crescimento económico e reduzir as barreiras sociais e culturais entre
ambos os lados da raia. Partimos de uma
estrutura de trabalho ágil e totalmente
aberta a todas as entidades e organismos, públicos e privados, interessados
em participar. A euro-região irá trabalhar
em várias áreas consideradas prioritárias,
nomeadamente na agricultura, recursos naturais e ambiente; protecção civil,
desenvolvimento local e rural e ordenamento do território; competitividade
regional, inovação e desenvolvimento
tecnológico; energia, transporte e comunicações; património, cultura e turismo; educação, formação e emprego;
juventude, desporto, saúde e serviços
sociais. Vamos pôr em prática projectos
transfronteiriços “de segunda geração”,
mais tangíveis e destinados a melhorar
as oportunidades e a qualidade de vida
dos cidadãos e das empresas.
EXTREMADURA
COOPERAÇÃO PORTUGAL – EXTREMADURA*
A entrada de Espanha e de Portugal na União Europeia converteu a cooperação
transfronteiriça, nos planos cultural, político e económico, numa das prioridades das
suas autoridades locais, regionais e nacionais. O Secretário-Geral da Confederação
Regional Empresarial da Extremadura (CREEX), é uma das vozes do diálogo
raiano, conhecendo por dentro os grandes desafios do desenvolvimento e das
oportunidades de negócio da região Extremenho-Alentejana.
>J uan Manuel Arribas
Loriga, SecretárioGeral da Confederação
Regional Empresarial da
Extremadura (CREEX)
A actual dinâmica dos negócios transfronteiriços, na região ExtremenhoAlentejana, bem como a sua evolução
e perspectivas de futuro no quadro das
relações bilaterais, são o cerne deste
balanço de Juan Manuel Arribas. Há
boas razões para este responsável do
CREEX estar optimista, dado o actual
volume de negócios desta região da
raia. Contudo, ele que tem sido um
entusiástico promotor das relações entre Portugal e a Extremadura, sublinha
a “necessidade de se retirar peso à
burocracia e de se simplificarem processos na região transfronteiriça”, de
forma a agilizar os procedimentos administrativos que se reflectem no dina-
mismo económico e na atractividade
do investimento.
Numa região em que existem empresas
portuguesas e espanholas à procura de
oportunidades de negócio, “o factor
de proximidade surge como o principal
atractivo das relações transfronteiriças,
nomeadamente em matéria do fluxo
de mão-de-obra, de relações comerciais e de captação de investimento em
ambos os sentidos”.
Foi precisamente este factor de proximidade, assim como tudo o que ele representa em termos de vantagens económicas para ambos os lados da raia,
D
ois terços dos alunos espanhóis da
língua portuguesa encontram-se
na Extremadura, região do país vizinho
em que a língua lusa é estudada por
quase dez mil pessoas, graças a uma
aposta pública, por parte dos dois países, iniciada na década de 90. “Desde
então o número de alunos aumentou
significativamente e as suas motivações
diversificaram-se, sendo o português
ensinado em todas as escolas de línguas,
sendo considerado o segundo idioma
estrangeiro mais procurado, logo atrás
do inglês”, refere o Secretário-Geral da
CREEX, Juan Manuel Arribas Loriga, em
declarações à revista Portugalglobal. O
Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças
(GIT) da Junta da Extremadura apoia
com cerca de 185 mil euros a realização de 91 cursos de português naquela
Comunidade espanhola. A cooperação
económica, tecnológica e académica,
associada à geografia mundial da língua portuguesa, reforçam igualmente
esta apetência pelo idioma de Camões.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 33
EXTREMADURA
– o Debate Peninsular – herda, amplia e
consubstancia igualmente este esforço
iniciado pelas estruturas empresariais.
“E nós, na CREEX e na COEBA (Confederação de organizações empresariais
da província de Badajoz)”, sublinha o
dirigente, “continuamos a ampliar e a
consolidar os nossos contactos partindo do nível regional para um âmbito
transfronteiriço bastante mais alargado
e nesta medida iniciámos contactos de
cooperação com a NERCAB (Associação Empresarial da Região de Castelo
Branco) e com empresários de Évora e
da Região Centro”. É neste novo universo de relações transfronteiriças que
os empresários do Norte Alentejano
encaram como uma mais-valia o novo
parque de exposições e feiras de Badajoz, perto da fronteira com Portugal, na
zona do Caia.
que “nos fez intensificar, ainda recentemente, as nossas relações institucionais
com os governos português e espanhol,
assim como com a Junta da Extremadura, no sentido de reforçar este valor
acrescentado em matéria de cooperação, investimento e comércio transfronteiriço, que é a proximidade, agilizando os procedimentos e reforçando as
infra-estruturas de comunicação”. Nas
actuais negociações dos empresários
extremenhos com o governo central,
local e com a UE, encontra-se em cima
da mesa tudo aquilo que facilite e torne
mais ágeis as relações transfronteiriças
entre empresas, como sejam o acesso
rodoviário (via Campo Maior-Badajoz
e a auto-estrada Madrid-Lisboa, com
passagem pela Extremadura) e o acesso
ferroviário (comboio de alta velocidade,
ou de velocidade elevada, tanto de passageiros como de mercadorias, também
com passagem pela Extremadura).
Os contactos entre as associações empresariais, tanto de um como do outro
lado da raia, que se intensificaram a
partir do final dos anos 80, têm agora
como objectivo a constituição de uma
Federação dos Empresários, não só da
Extremadura, mas que congregue tanto portugueses como espanhóis.
região em que exis“temNuma
empresas portuguesas
e espanholas à procura de
oportunidades de negócio, ‘o
factor de proximidade surge
como o principal atractivo
das relações transfronteiriças,
nomeadamente em matéria
do fluxo de mão-de-obra,
de relações comerciais e de
captação de investimento em
ambos os sentidos’.
”
Por seu lado, o Gabinete de Iniciativa
Transfronteiriça (GIT), da Junta da Extremadura, com a plataforma ÁGORA
34 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
Nas conversações de ambos os lados,
mas com particular ênfase na iniciativa
extremenha, tem sido feito um esforço significativo no plano sindical e dos
direitos de trabalho, de modo a haver
um organismo que enquadre adequadamente a acção empresarial e o fluxo
de mão-de-obra que se estabelecem
cada vez mais nos dois sentidos, fornecendo informação, assessoria jurídica e
apoios vários.
Com o apoio da Representação da
AICEP/IAPMEI em Mérida, a zona de
influência do Alqueva foi visitada por
empresários do outro lado da raia interessados em investir em Portugal. A
visita gerou fortes expectativas, dado
que “a barragem e as suas envolventes
representam enormes potencialidades,
podendo vir a constituir uma referência
no turismo mundial”, defende o mesmo responsável.
Dito de outra forma: “Os negócios
guiam-se pela rentabilidade do investimento e, caso esta não seja perceptível,
os negócios não avançam ou avançam
lentamente”, enfatiza. Primeiro, Portugal atravessou uma fase de dificuldades, “agora é a Espanha que a atravessa e sem uma plataforma logística
consolidada na região, gera-se uma
prudente retracção do investimento
e dos negócios”. Na sua óptica, uma
federação de empresários que revitali-
EXTREMADURA
ze os negócios ao longo da fronteira,
contribuirá certamente para relançar a
actividade económica transfronteiriça,
revalorizando o enorme potencial extre-
Os contactos entre as as“sociações
empresariais, tanto
de um como do outro lado da
raia (...), têm agora como objectivo a constituição de uma
Federação dos Empresários,
não só da Extremadura, mas
que congregue tanto portugueses como espanhóis.
CONTACTOS ÚTEIS
EXTREMADURA
EM FICHA
Junta de Extremadura
http://www.juntaex.es
SOFIEX Sociedad de Fomento
Industrial de Extremadura
Espanha
http://www.sofiex.es
Madrid
Extremadura
Fomento de Mercados
de Extremadura
www.fomentomercados.com
Área: 41.634 km2 (Portugal 92.090 km2)
População: 1,10 milhões, 2,4% total
nacional (2008) (Portugal: 10,6 milhões)
”
Distribuição do PIB: 18,7% do PIB
espanhol (2008)
menho-alentejano. “Estamos convictos
de que a crise e os desafios actuais abrirão novas perspectivas e regenerarão
o tecido empresarial transfronteiriço,
fortalecendo-o”, conclui.
PIB per capita: 16.828 euros, 70,1% da
média nacional, ocupando a última posição
ranking nacional (2008), (Portugal 15.639
euros)
Competitividade: 18ª posição no ranking
nacional
Relações Económicas com Portugal
*EXCERTOS DO ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA
PORTUGALGLOBAL DE NOVEMBRO DE 2008.
Comércio Externo (2008)
Confederación Regional
Empresarial Extremeña (CREEX)
Exportação para Portugal:
429 milhões de euros
[email protected]
Importação de Portugal:
473 milhões de euros
http://www.creex.es
Taxa de Cobertura: 91%
Confederación de Organizaciones
Empresariales de la Provincia
de Badajoz (COEBA)
http://www.coeba.es
A Extremadura é a 7ª Comunidade
Autónoma espanhola cliente de Portugal
(5,1% do total das vendas a Espanha) e 10ª
comunidade fornecedora (2,6% do total
das compras).
Portugal é o 1º cliente da Extremadura
(quota de 35%) e o 1º fornecedor (quota
de 34%).
Federación Empresarial
Cacereña (FEC)
Investimento (2008)
Investimento de Portugal na Extremadura 0,4 milhões de euros, 0,1% do total
http://www.fec.es
FEVAL - Institucion Ferial
de Extremadura
Investimento da Extremadura em Portugal
1,6 milhões de euros, 0,14% do total, 8ª
posição
[email protected]
http://www.feval.com
14 empresas espanholas com capitais
portugueses, cerca de 4,1% do total (Julho,
2009)
IFEBA - Institución Ferial
de Badajoz
Fontes: INE Espanha
ICEX
Ministério da Industria, Comércio e
Turismo Espanha
[email protected]
http://www.ifeba.net
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 35
GALIZA
De todas as regiões transfronteiriças, a Galiza é a que, de longe, tem
o maior peso no relacionamento económico de Portugal com o país
vizinho, que é o nosso maior parceiro comercial. A proximidade ao Norte
de Portugal e o desenvolvimento de projectos de cooperação bilateral
têm vindo a reforçar o posicionamento desta Comunidade espanhola nas
pautas do nosso comércio externo e nas estatísticas do investimento.
GALIZA
F
oi na Galiza que a Caixa Geral de
Depósitos e a Cimpor, por exemplo,
iniciaram a sua expansão em Espanha,
mas o número de empresas espanholas
com capitais portugueses nesta Comunidade atinge quase a meia centena.
As perspectivas são de crescimento.
Pela importância de Espanha como parceiro comercial de Portugal, a Comunidade Autónoma da Galiza merece destaque
pelo contributo que, sobretudo nos últimos anos, tem dado para o incremento
das relações económicas bilaterais.
Igualmente, das cinco regiões transfronteiriças abrangidas pelo programa
de cooperação Portugal – Espanha, é
a da Galiza – Norte de Portugal que
sobressai, não apenas no plano económico mas também pelos avanços registados e projectos desenvolvidos no
âmbito deste programa europeu.
Politica e culturalmente, Galiza e Portugal encontram afinidades que têm procurado desenvolver com o apoio empenhado dos governos dos dois países.
Para as empresas portuguesas, a Galiza tem sido um mercado muito atractivo tanto na área do investimento
como das exportações, sendo ainda
um dos principais emissores de turistas
para o nosso país. É um mercado de
mais de 200.000 empresas e uma das
regiões com maior crescimento económico de Espanha. Destaca-se também
pelo seu enorme crescimento e desenvolvimento a nível das energias renováveis, sobretudo a eólica, das novas
tecnologias, no sector têxtil, no qual
é referência a nível mundial o grupo
INDITEX, detentor da cadeia de lojas
Zara, e ainda no sector das pescas e do
automóvel. As trocas comerciais entre
Portugal e esta região autónoma são
relevantes: a Galiza é o maior cliente e
o terceiro fornecedor do nosso país. E
Portugal é o segundo parceiro comercial mais importante da Galiza.
deste relacionamento económico transfronteiriço, e a consolidação desta eurorregião, a AICEP tem uma Representação
em Vigo desde 2006, que tem como
Para as empresas portu“guesas,
a Galiza tem sido
um mercado muito atractivo
tanto na área da internacionalização como das exportações, sendo ainda um
dos principais emissores de
turistas para o nosso país.
”
objectivo apoiar, dinamizar e ajudar a
criar novos relacionamentos comerciais
e institucionais entre as empresas e as
entidades dos dois países.
Comunidade
em crescimento
Embora em termos demográficos, a
Galiza represente apenas 6 por cento
do total da população espanhola –
2,8 milhões num total de 46 milhões
de habitantes – e o seu PIB per capita se situe ainda abaixo da média de
Espanha (20.619 euros, ou seja, 86
por cento da média nacional), esta
Comunidade foi uma das que registou maiores progressos nos últimos
20 anos, principalmente em termos de
produtividade do trabalho.
Em 2008, a Galiza, com cerca de 5,2 por
cento do total, foi, em termos absolutos,
a 7ª Comunidade que mais contribuiu
para o PIB espanhol, encontrando-se a
Catalunha em 1º lugar, com uma participação de 18,6 por cento.
No plano do comércio internacional, a
Galiza tem registado um crescimento
sustentado nos últimos anos, tendo, em
2008, exportado produtos no valor de
mais de 15,6 mil milhões de euros, enquanto as importações se ficaram pelos
15,4 mil milhões de euros. A França é o
principal cliente desta Comunidade, com
35,1 por cento do total, seguindo-se Portugal, com 15,6 por cento, e a Itália, com
6 por cento. Portugal é também o segundo maior fornecedor externo da Galiza
– 13,6 por cento do total –, ocupando
a França e o México, respectivamente, o
primeiro e o terceiro lugares neste domínio. Ainda de referir que os serviços são a
actividade que mais contribui para o VAB
(Valor Acrescentado Bruto) da Galiza,
com 62,5 por cento do total. Em 2008, o
sector primário representou 4,6 por cento do VAB desta Comunidade, a indústria
15,3 por cento, a construção 13,8 por
cento e a energia 3,8 por cento.
A Galiza é ainda uma região com boas
infra-estruturas rodoviárias, que ligam
as principais cidades galegas ao resto
de Espanha, dispondo também de três
Apesar do relacionamento económico
já existente com a Galiza, há ainda um
enorme potencial de crescimento e muitas oportunidades de negócio a explorar,
quer a nível das exportações quer do investimento. Tendo presente a importância
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 37
GALIZA
aeroportos (em Santiago de Compostela, na Corunha e em Vigo). Com
1.498 quilómetros de costa, a Galiza
conta com 12 portos de pesca, sendo o
porto de Berbés, em Vigo, o maior porto pesqueiro da Europa e um dos mais
importantes do mundo.
Finalmente, é de referir que pode
haver sinergias e complementaridade nas infra-estruturas de ambas as
regiões, nomeadamente ao nível dos
portos e dos aeroportos. Um exemplo
claro desta fluente relação é o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto,
que em 2008 teve cerca de 450 mil
passageiros galegos, segundo dados
da ANA, número que tem aumentado progressivamente nos últimos
anos. Esta situação é consequência
das melhorias das infra-estruturas do
aeroporto, da existência de voos internacionais directos e de haver mais
opções de destino como por exemplo
Brasil, Nova Iorque, Venezuela, Paris,
Roma e Londres. Também a pensar
nos clientes galegos, o Aeroporto do
Porto criou uma página da Internet
com informações, em espanhol, sobre
os voos, os acessos ao aeroporto e as
novas rotas (www.voyporoporto.com).
A futura linha de alta velocidade entre
o Porto e Vigo poderá gerar também
novas oportunidades. A existência da
linha do TGV, prevista para 2015, e que
terá uma estação no aeroporto, possibilitará a chegada de um milhão de
passageiros galegos, reforçando a aspiração desta infra-estrutura de converter-se no aeroporto de referência para
todo o noroeste peninsular.
Relações com Portugal
A balança comercial da Galiza com
Portugal, ainda deficitária para o nosso
país, tem, no entanto, evoluído favoravelmente nos últimos anos, tendo a
taxa de cobertura daquela Comunidade passado de valores superiores a 181
por cento, em 2000, para 116 por cen-
NORTE DE PORTUGAL CAPTA INVESTIMENTO GALEGO
No Norte de Portugal, principalmente os das zonas de
fronteira, há um número crescente de empresas galegas
instaladas em parques industriais devido à proximidade
geográfica das duas regiões. Esta região de Portugal desenvolveu igualmente uma agressiva política para captar o
investimento galego neste domínio, através da oferta de
terrenos industriais a preços competitivos e a incentivos
de natureza fiscal, com resultados muito positivos para a
região e para o tecido empresarial do país.
O Parque empresarial de Valença – Interminho (www.interminho.pt), de 90 hectares, é um exemplo desta situação: 40 por cento das empresas instaladas são de origem
galega, que, devido à sua dimensão, geram 95 por cento
dos postos de trabalho do parque.
A criação da nova Plataforma Logística de Valença – um
investimento privado português de 135 hectares, que permitirá criar entre 10 mil a 14 mil novos postos de trabalho
38 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
– irá também reforçar a estratégia de captação de empresas galegas na região. Há já várias empresas galegas interessadas em instalar-se no Parque Logístico, com destaque
para um importante grupo galego que ocuparia uma área
de 78 hectares e para a empresa Vasco Gallega, que terá
uma nave de logística dirigida ao sector automóvel.
Por seu lado, a rede de fornecedores da fábrica PSA Peugeot – Citroën de Vigo tem vindo a instalar-se em vários parques industriais da zona fronteiriça do Norte de
Portugal, estando já instaladas cerca de 30 empresas, o
que representa 27 por cento do total de fornecedores
da Citroën.
Segundo dados da Confederação de Empresários de Pontevedra (CEP), actualmente, são mais de 70 as empresas
instaladas nos parques industriais do Norte de Portugal,
fundamentalmente vocacionadas para abastecer o mercado industrial de Vigo, sobretudo o sector automóvel.
GALIZA
to em 2008. Nesse ano, as exportações
portuguesas para a Galiza ascenderam
2,107 mil milhões de euros, e as importações daquela Comunidade cifraramse em 2,439 mil milhões de euros.
Os dados disponíveis para este ano revelam, porém, uma inversão desta tendência, quer a nível das exportações quer
das importações, motivada pela actual
conjuntura económica e consequente
diminuição das exportações portuguesas para os seus principais clientes.
De acordo com a Secretaria de Estado
do Comércio Externo de Espanha, no
período de Janeiro a Agosto de 2009,
as exportações galegas para Portugal
diminuíram 19,6 por cento e as compras da Galiza a Portugal foram inferiores em 32,1 por cento, em relação
ao período homólogo do ano anterior.
Os produtos siderúrgicos foram, em
2008, os produtos mais vendidos por
Portugal à Galiza (511 milhões de euCOMUNIDADES
AUTÓNOMAS
Galiza
2008 (Jan/Ago)
ros, ou seja, 24,2 por cento do total),
seguindo-se os equipamentos, componentes e acessórios para automóvel
(11,4 porcento) e o vestuário feminino
(11,1 por cento).
trocas comerciais en“treAsPortugal
e esta região
autónoma são relevantes:
a Galiza é o maior cliente
e o terceiro fornecedor do
nosso país.
”
No domínio das importações, o vestuário feminino, 10,2 por cento do total,
foi o produto mais vendido pela Galiza
a Portugal, seguindo-se os produtos
siderúrgicos (9,4 por cento), os equipamentos, componentes e acessórios
para automóvel (7,7 por cento) e o
peixe congelado (6,4 por cento). No
período de 2004-2008, sublinhe-se, as
2009 (Jan/Ago)
Variação (%)
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
Exp.
Cheg.
1.570.831
1.372.621
1.263.547
932.018
-19,6%
-32,1%
Fonte: Comercio.es; Unid.: Milhares de euros
trocas comerciais bilaterais registaram
um crescimento sustentado, com as
exportações portuguesas para a Galiza
a aumentarem a um ritmo superior ao
das importações (12,3 por cento contra
7,8 por cento).
No domínio do investimento, e segundo dados do Ministério da Indústria,
Turismo e Comércio espanhol, a Galiza
surge no quarto lugar enquanto destino de IDPE (Investimento Directo de
Portugal no Exterior), com 4 milhões
de euros em 2008, que correspondem
a 0,6 por cento do total investido por
Portugal no país vizinho. A Comunidade Valenciana, com 340 milhões de
euros, foi aquela em se registou maior
fluxo do investimento português, seguindo-se Madrid (187 milhões de euros) e Catalunha (19 milhões de euros).
Em Julho de 2009, existiam 350 empresas espanholas com capitais portugueses
em Espanha, localizadas sobretudo nas
Comunidades de Madrid (165 empresas), Galiza (48 empresas) e Catalunha
(48 empresas), segundo apurou o Centro
de Negócios da AICEP no mercado.
No que se refere às recentes operações
de investimento, destaca-se a realizada
em 2008 pela BA Vidro, que comprou
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 39
GALIZA
a vidreira portuguesa Sotancro, que detinha uma fábrica em Xinzo de Límia,
na Galiza.
A Suavecel - Indústria Transformadora
de Papel anunciou em 2009 a construção de uma fábrica em Pontevedra, na Galiza, num investimento de
12,5 milhões de euros, que vai criar
70 postos de trabalho. Esta empresa, de Viana do Castelo, fabrica lenços de papel, guardanapos, toalhas e
papel higiénico, sendo detentora das
marcas Suavecel, Extracel e Nunex,
para além das marcas brancas para as
grandes superfícies.
Quanto ao investimento espanhol em
Portugal, as principais Comunidades investidoras em 2008 foram a Catalunha
(585 milhões de euros, ou seja, 50,3 por
cento do total) e Madrid (365 milhões de
euros), situando-se a Galiza na 6ª posição, com 29 milhões de euros investidos
no nosso país (2,5 por cento do total).
Turismo da Galiza
promove Portugal
A Galiza é já o 3º destino mais procurado pelos portugueses em Espanha
para viagens de turismo. Portugal é
actualmente o principal mercado emissor de turistas para esta Comunidade,
com cerca de 40 por cento do fluxo
total gerado (dados do FRONTUR). A
Galiza recolheu a preferência de 15,6
por cento dos portugueses que fizeram
turismo em Espanha em 2007, o que
traduz um acréscimo de 12,2 por cento
face ao ano anterior.
Madrid e Andaluzia são os primeiro e segundo destinos dos turistas
portugueses no país vizinho. Para os
galegos, a proximidade a Portugal e,
sobretudo, ao Norte de Portugal, reforçada pelas afinidades existentes
entre ambos os territórios, tem criado oportunidades que os operadores
turísticos locais têm vindo a aproveitar. Actualmente, o destino Portugal
é comercializado por dez operadores
turísticos da Galiza, sete dos quais
situados na província de Pontevedra.
O turista galego tem uma forte relação com os destinos Porto e Norte de
Portugal, pela proximidade geográfica mas também pela proximidade ao
aeroporto internacional Francisco Sá
Carneiro, havendo mesmo companhias aéreas com serviço de transfer
entre este aeroporto e as principais
cidades da Galiza.
O Algarve é outra das regiões portuguesas com procura por parte dos turistas da Galiza, devido não só à sua
oferta de Sol e Praia, mas também por
se encontrar na rota dos galegos que
se deslocam à Andaluzia. Quanto à
representatividade por áreas promocionais portuguesas nos operadores
turísticos galegos, verifica-se que a
região de Lisboa e Vale do Tejo marca
presença nos serviços oferecidos por
nove operadores, seguida do Porto e
Norte de Portugal e do Algarve.
Segundo dados do Instituto de Estudos Turísticos da Galicia (IET), o número de turistas portugueses nesta Comunidade espanhola cresceu sustentadamente entre 1999 e 2008. No ano
passado, as dormidas dos galegos em
estabelecimentos hoteleiros portugueses representaram mais de 29 por cento das dormidas totais de espanhóis,
tendo o consumidor galego gerado
7,53 por cento do total das receitas. O
turismo cultural e religioso, de negócios, de sol e praia e de saúde e bem-
estar são as principais motivações da
deslocação dos galegos ao nosso país.
Concluindo, a Galiza, como a Comunidade mais relevante no nosso relacionamento com Espanha, pode oferecer muitas possibilidades às empresas portuguesas. A positiva experiência de cooperação
com a região galega poderá ser alargada
a outras regiões de Portugal.
Podem surgir também interessantes
parcerias de empresas galegas e portuguesas em terceiros mercados, especialmente aqueles em que a presença de
empresários portugueses e galegos é relevante. Por exemplo, no México existe
uma importante colónia galega e as empresas galegas mostram cada vez mais
interesse no mercado angolano.
Representação
da AICEP/IAPMEI
em Vigo
Calle Marques de Valladares, 23 - 1º
36201 Vigo
ESPAÑA
Tel.: +34 986 226 803
[email protected]
Representante: Isabel Esteves
SALVADOR CAETANO E SUAVECEL
APOSTAM NA GALIZA
A Ibericar, filial espanhola do grupo português Salvador Caetano, adquiriu a
totalidade do capital dos concessionários Turbotracción em Vigo e em Ourense, distribuidores das marcas Chrysler, Jeep, Dodge y Ssangyong.
Com a compra da Turbotracción, a Salvador Caetano, através da sua filial espanhola, fica com o controlo do mercado da venda de veículos automóveis em
Vigo, que envolve a comercialização de 12 marcas de automóveis.
Há dois anos a Salvador Caetano tinha já adquirido o grupo de concessionários
Salfer, que agrupa as marcas Seat, Fiat Audi, Volkswagen, Lancia, Toyota, Lexus e
Hyundai. O grupo português também controla os concessionários Renault de Lugo.
Numa clara aposta nesta Comunidade espanhola, a empresa Suavecel (www.
suavecel.pt), com sede em Viana do Castelo, vai abrir uma fábrica de papel na
Galiza em 2010, num investimento de 14 milhões de euros, participado em 30
por cento pela Junta da Galiza. A empresa ficará instalada no Polígono Industrial de A Reigosa – Ponte de Caldelas, em Pontevedra.
Numa primeira fase, a fábrica terá uma superfície de 10.000 m2, na qual se
prevê uma produção mensal inicial aproximada de 2.000 toneladas de papel
tissue. A nova fábrica irá criar cerca de 50 postos de trabalho e será equipada
com tecnologia de ponta.
40 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
GALIZA
COOPERAÇÃO NORTE DE PORTUGAL-GALIZA
A região transfronteiriça Norte de Portugal – Galiza tem conhecido um forte
desenvolvimento motivado pelo sólido relacionamento económico entre Portugal e
esta Comunidade, mas também pelo aparecimento de novos projectos de cooperação
impulsionado pela nova programação dos Fundos europeus para 2007-2013.
A
Galiza e o Norte de Portugal há muito que iniciaram um percurso de
cooperação de vizinhança que a política
regional da União Europeia designa por
cooperação territorial transfronteiriça e
que foi reforçada com a nova programação para o período 2007-2013, o
POCTEP, cuja dotação financeira para as
cinco áreas transfronteiriças entre os dois
países ascende a 354 milhões de euros.
A Comunidade de Trabalho Galiza – Norte de Portugal foi pioneira neste domínio
e possibilitou a criação de outras entida-
des como o Eixo Atlântico do Noroeste
Peninsular – tido como um bom exemplo
de cooperação transfronteiriça – e, mais
recentemente, do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT)
para aquela eurorregião.
O AECT - Agrupamento Europeu de
Cooperação Territorial Galiza – Norte
de Portugal, que começará a funcionar
em 2010, terá a sede na cidade de Vigo
e cujo presidente será português, será
responsável pelos projectos estruturais
para a região, contribuirá para a exe-
cução de projectos co-financiados pela
União Europeia e impulsionará todas as
iniciativas que contribuam para consolidar esta eurorregião, nomeadamente
em áreas como a melhoria de infraestruturas de transporte, ordenamento
do território, desenvolvimento rural,
espaços naturais, eficiência energética,
património histórico, turismo e desenvolvimento empresarial.
Mas são vários os projectos de cooperação entre a Galiza e o Norte de Portugal, que aqui destacamos.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 41
GALIZA
PROJECTO REDE
INCOPYME
O Projecto Rede INCOPYME, programa
de cooperação transfronteiriço, é uma
iniciativa de cooperação entre Centros
de Investigação e pequenas e médias
empresas para a inovação e a melhoria
da competitividade da eurorregião Galiza
– Norte de Portugal. O objectivo é reforçar as relações económicas e as redes de
cooperação transfronteiriças e promover
a implementação de estruturas mistas
de desenvolvimento tecnológico, de
inovação e de cooperação efectiva entre
Centros de Investigação e Tecnológicos.
Pretende-se sobretudo uma cooperação
eficaz entre os Centros de Investigação e
as empresas em áreas como a formação
de agentes de inovação e auditores tecnológicos. Das actividades previstas no
projecto, destaca-se a análise da oferta e
da procura da Inovação entre as PME
da eurorregião, o que permitirá
adequar a informação sobre
I+D disponível nos Centros
de Investigação, organizando-a de uma forma
prática e atractiva. A
rede INCOPYME actuará também no apoio
à inovação empresarial através de campanhas de promoção
e fomento da cultura
inovadora, serviços de
consultadoria tecnológica, entre os quais estão
a assessoria, informação,
auditoria e acompanhamento na inovação ou a criação e
promoção de estruturas mistas de
inovação (marketplace).
CONSÓRCIO LUSO-GALAICO INVESTE
1,2 MILHÕES EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
PROJECTO
EUROCLUSTEX
Igualmente apoiado pelo POCTEP, o EUROclusTEX é o novo cluster transfronteiriço para a fileira dos têxteis, vestuário e
moda do Norte de Portugal e da Galiza.
Trata-se de um ambicioso projecto dinamizado em conjunto pela ATP (Associa-
O Instituto Politécnico de Viana do Castelo – IPVC (www.ipvc.pt) e o Instituto
Energético da Galiza (www.inega.es)
são os promotores do projecto ESOL Energia Sustentável Local para fomentar a utilização de energias renováveis
em edifícios e instalações públicas em
ambos os lados da fronteira. O objectivo é diminuir o consumo energético
através da diversificação das fontes
energéticas e contribuir para o desenvolvimento sustentável. O projecto,
apoiado pelo POCTEP para o período
2007-2013, envolve um investimento
inicial de 1,2 milhões de euros, co-financiados pelo FEDER, dos quais 924
mil euros serão aplicados na Galiza e o
restante no Norte de Portugal.
O projecto inclui ainda um curso de
e-learning (ensino à distância), durante 2010, sobre a gestão eficiente da
energia, para os 315 municípios da
Galiza e também para uma parte do
Norte de Portugal.
ção Têxtil e Vestuário de Portugal), pelo
CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e vestuário de Portugal) e pela
galega AICLOP (Asociación de Industrias
de Confección de Lugo, Ourense e Pontevedra) que terá a duração de dois anos. O
EUROclusTEX tem uma dotação de 580
mil euros e propõe-se desenvolver o importante capital de cooperação acumulado pelas empresas e agentes económicos
das duas regiões, fortalecendo a
complementaridade natural
das duas realidades sectoriais, mas com forte tradição têxtil,
que possibilitem
o incremento de fluxos
comerciais e
produtivos.
42 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
GALIZA
EMPRESÁRIOS DE PORTUGAL E DA GALIZA
UNEM-SE PARA MELHORAR A SUA COMPETITIVIDADE
A Associação Empresarial de Portugal
– AEP (www.aep.pt) e a Confederación de Empresarios de Pontevedra
(www.cep.pt) criaram uma Rede de
Empresas da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal para promover a cooperação transfronteiriça e fortalecer o
tecido produtivo e empresarial.
A plataforma empresarial vai ter personalidade jurídica própria e representará mais de 80.000 empresas da eurorregião, prevendo-se que entre em
funcionamento em Janeiro de 2010.
No espaço desta eurorregião existem
mais de 500.000 empresas, das quais
75.000 são sociedades que dão emprego a mais de dois milhões de
pessoas. A relação económica
entre Portugal e a Galiza é
muito forte, e até complementar, em sectores como
o automóvel, a construção e o têxtil.
PROJECTO IBERMOVILITAS –
COOPERAÇÃO PARA A MOBILIDADE
Na mesma linha de cooperação transfronteiriça é ainda de salientar o Projecto Ibermovilitas, recentemente apresentado, que tem como sócios Portugal
e as Comunidades da Galiza, Andaluzia, Castela e Leão e Extremadura. O
projecto destina-se a criar uma
rede de cooperação permanente
para fortalecer a mobilidade dos trabalhadores e assim ampliar o seu acesso a nichos de trabalho em ambos os
lados da fronteira.
PORTUGAL E A GALIZA PROMOVEM TIC
NAS ENERGIAS RENOVÁVEIS
Três organizações galegas e uma portuguesa criaram o projecto europeu de
inovação Er-Inova, que tem como principal objectivo melhorar a competitividade das pequenas e médias empresas
do sector das energias renováveis
através das Tecnologias da Informação e Comunicação.
É um projecto pioneiro na eurorregião Galiza – Norte de
Portugal e que, sob o lema
“A Energia das TIC”,
pretende
implementar
ferramentas tecnológicas em 100 PME
da região, especializadas nos sectores
da produção, engenharia e instalação.
O projecto é co-financiado pelo Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional –
FEDER e tem um investimento de cerca
de um milhão de euros.
Entre os sócios do projecto encontram-se o Parque Tecnológico da Galicia – Tecnópole; a Associación de
Empresas Galegas Adicadas a Internet e às Novas Tecnoloxias – Eganet;
a Fundación para o Fomento da Cali-
dade Industrial e o Desenvolvemento
Tecnolóxico da Galicia e o português
Net Novas Empresas Tecnológias, S.A.
– Business and Innovation Centre do
Porto (NET-BIC Porto).
O projecto visa ainda criar uma plataforma na Internet para a articulação
de projectos de colaboração na área
da investigação, do desenvolvimento
e da inovação, e para promover comunicações on-line entre os diferentes
agentes que operam no mercado das
energias renováveis.
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 43
GALIZA
GALIZA
IGAPE APOIA INSTALAÇÃO DE EMPRESAS
E INTERNACIONALIZAÇÃO
Na Galiza, cabe ao IGAPE – Instituto Galego de Promoção Económica apoiar a
instalação de empresas nesta Comunidade Autónoma, favorecer as actividades
geradoras de emprego, fomentar a internacionalização de empresas galegas e
promover a captação de investimento estrangeiro.
O
IGAPE, instituto tutelado pela Junta da Galiza, conta com uma vasta
experiência em actividades destinadas
ao fomento do investimento produtivo e ao desenvolvimento integrado
do tecido empresarial no seu território.
Além de ter delegações regionais nas
principais cidades da Galiza (Santiago de Compostela, Vigo, Pontevedra,
Ourense, Lugo, Corunha e Ferrol), o
IGAPE conta também com uma rede
de Centros de Promoção de Negócios
(CPN) no estrangeiro, que possibilitam
a sua presença em mercados emergentes como a China ou Polónia e noutros,
já consolidados, como a Alemanha, Japão e Estados Unidos. Os Centros de
Promoção de Negócios estão instalados em Miami (Estados Unidos), Dusseldorf (Alemanha), Varsóvia (Polónia),
Xangai (China) e Tóquio (Japão).
Esta rede de CPN tem duas vertentes:
por um lado, promover o território da
Galiza como região de excelência para
receber investimento do exterior, por
outro, apoiar as empresas galegas nas
suas estratégias de expansão e internacionalização para esses mercados.
A Galiza, região que integra o Objectivo
“Convergência” no âmbito da política
de coesão da UE, pode apoiar projectos
empresariais financiando até 30 por cento do investimento elegível. As empresas
que pretendam implantar-se na Galiza
dispõem, tal como as suas congéneres
galegas, de um conjunto de apoios e
serviços que fazem desta Comunidade
um lugar idóneo para implementar os
seus projectos de investimento.
No âmbito da sua actividade de captação de investidores externos, o IGAPE
desenvolve sobretudo a sua promoção
nos mercados onde se encontram os
seus CPN, mas estende-se também aos
países do norte da Europa, pelo elevado
empresas que preten“damAs implantar-se
na Galiza
dispõem, tal como as suas
congéneres galegas, de um
conjunto de apoios e serviços que fazem desta Comunidade um lugar idóneo
para desenvolver os seus
projectos de investimento.
”
números de multinacionais e desenvolvimentos tecnológicos nestes mercados. Portugal, pela existência de uma
boa relação a nível económico e empresarial é outro dos mercados visados.
44 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
Directamente, e ao abrigo dos convénios estabelecidos com outras entidades
ou através da sua sociedade capital de
risco, a Xesgalicia, o IGAPE dá apoio às
empresas galegas em processo de internacionalização e disponibiliza várias
linhas de apoio a nível empresarial, entre
as quais uma destinada ao investimento promovido por empresas galegas no
exterior. Além disso, favorece e apoia a
criação de agrupamentos de empresas
com ofertas complementares para implementação comercial conjunta no estrangeiro, sobretudo para mercados de
forte crescimento como a China, Rússia,
Índia, Brasil, México e os países que aderiram mais recentemente à UE.
IGAPE
Instituto Galego
de Promoción Económica
www.igape.es
GALIZA
GALIZA EM FICHA
CONTACTOS ÚTEIS
Xunta de Galicia
www.xunta.es
IGAPE – Instituto Gallego
de Promoción Económica
[email protected]
www.igape.es
Xesgalicia – Sociedad Gestora
de Entidades de Capital de
Riesgo
[email protected]
www.xesgalicia.org
Bic Galicia – Centro Europeo
de Empresas e Innovación
de Galicia, S.A.
www.bicgalicia.es
Consorcio de Zona Franca
de Vigo
[email protected]
www.zonafrancavigo.com
CEG - Confederación
de Empresarios de Galicia
[email protected]
www.ceg.es
Confederación de Empresarios
de La Coruña (CEC)
www.cec.es
Confederación Empresarial
de Ourense (CEO)
www.ceo.es
Galiza
Confederación de Empresarios
de Pontevedra (CEP)
www.cep.es
Espanha
Madrid
IFEVI – Instituto Ferial de Vigo
[email protected]
www.ifevi.es
Expocoruña – Fundación Instituto
Ferial de A Coruña
[email protected]
www.expocoruna.com
Área: 29.575 km2 (Portugal 92.090 km2)
População: 2,78 milhões, 6% total
nacional (2008) (Portugal: 10,6 milhões)
Distribuição do PIB: 5,2% do PIB espanhol
Feria Internacional de Galicia
[email protected]
PIB per capita: 20.619 euros, 85,8% da
média nacional, (Portugal 15.369 euros)
Competitividade: 14ª posição no ranking
espanhol
www.semanaverde.es
Expourense - Fundación Feiras
e Exposicións de Ourense
[email protected]
www.expourense.org
Relações Económicas com Portugal
Comércio Externo (2008)
Fexdega – Fundación Fexdega
[email protected]
www.fexdega.es
Confederación de Empresarios
de Lugo (CEL)
Fimo Ferrol – Feria Internacional
de Muestras del Noroeste
www.celugo.es
www.fimo-ferrol.org
Exportação para Portugal:
2.439 milhões de euros
Importação de Portugal:
2.107 milhões de euros
Cobertura:
116%
A Galiza é a 1ª Comunidade cliente de Portugal,
(22,9% do total das vendas a Espanha) e 3ª
comunidade fornecedora (14,7% do total).
Portugal é o 2º cliente da Galiza (quota de
15,6%) e o 2º fornecedor (quota de 13,6%).
Investimento (2008):
IDPE Investimento português bruto:
4 milhões de euros, 0,6% do total, 4ª
posição
IDE Investimento Directo bruto:
29 milhões de euros, 2,5% do total, 6ª
posição
48 empresas espanholas com capitais
portugueses, cerca de 13,5% do total
(Julho, 2009)
Fontes: INE Espanha
ICEX
Ministério da Industria, Comércio e
Turismo Espanha
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 45
EMPRESAS
EMPRESAS PORTUGUESAS
NAS COMUNIDADES
TRANSFRONTEIRIÇAS
São 96 as empresas portuguesas presentes nas Comunidades transfronteiriças
espanholas. Deste total, perto de 50 empresas estão na Galiza, como são os casos da
Cimpor, já com uma forte presença em Espanha, ou da Suavecel, num investimento
recente na região. Trata-se de uma presença empresarial bastante diversificada, em
termos sectoriais, mas merecem destaque os investimentos na área da construção
e materiais de construção (Mota Engil, Sonae, Ferpinta, Tafisa), cimento (Grupo
Cimpor), banca (Banco Espírito Santo, Banco Caixa Geral), alimentar (Leche Celta,
adquirida pela Lactogal), e vestuário (Bravotex, Flor da Moda).
Na Andaluzia há já cerca de duas dezenas de empresas de capitais portugueses, entre as quais se encontram a Cimpor, nos cimentos, a Sovena e a Delta
Cafés no ramo alimentar, a Tecnasol,
de fundações e geotecnia, ou a Ferpinta, no sector metalomecânico.
capitais portugueses, merecendo destaque a presença da Sonae Indústria
– um dos maiores produtores mundiais
de painéis derivados de madeira, com
quatro empresas na região (Aserraderos de Cuellar, S.A., Ramafosa, Tableros
Tradema,S.L., Tafibra) – e da BA Vidro.
A Comunidade de Castela e Leão conta com 15 empresas espanholas com
Na Extremadura são de referir os investimentos nos sectores da banca (Banco
46 // Número especial - Janeiro 10 // Portugalglobal
Espírito Santo, Banco Caixa Geral e BANIF), alimentar (Nutrinveste, Novadelta
e Rações Valouro), embalagens de vidro
(BA Vidro) e construção civil e materiais
de construção (Somague e Blocotelha).
Neste artigo, destacamos alguns investimentos de empresas e instituições
financeiras nestes mercados: Cimpor,
Delta Cafés, BA Vidros e Caixa Geral de
Depósitos.
EMPRESAS
CIMPOR
EXPANSÃO SÓLIDA A PARTIR DA GALIZA
O investimento da Cimpor – Cimentos de Portugal em Espanha remonta a 1992,
quando comprou a empresa galega Corporación Noroeste. Hoje é uma das cinco
maiores cimenteiras do país vizinho. Graças à sua expansão neste
mercado e à sua actividade em Portugal, a Cimpor é hoje a
segunda maior empresa do sector na Península Ibérica.
O
grupo português é hoje uma referência a nível mundial, desenvolvendo a sua actividade em vários
países, mas é em Portugal, Brasil e Espanha que a empresa obtém mais de
metade do seu volume de negócios e
do cash-flow operacional. Factos que
dão conta da forte presença da Cimpor
no mercado espanhol, onde o grupo
detém quatro fábricas de cimento – em
Oural, Toral de los Vados, Niebla e Córdova –, quatro moagens de cimento,
94 centrais de betão, 20 pedreiras e
seis unidades fabris de argamassas.
E embora a sua expansão em Espanha
tenha começado na Galiza – onde ainda hoje tem uma forte presença –, a
Cimpor tem também unidades
na Andaluzia, em Castela e
Leão e na Extremadura, estando assim presente nas
quatro regiões fronteiriças
de Portugal. Mais recentemente, chegou às Canárias através da aquisição de uma unidade de
cimentos em Tenerife.
Com uma capacidade
instalada de 3,2 milhões
de toneladas, o grupo Corporación Noroeste agrupa
numerosas companhias, que
desenvolvem a sua actividade
em quatro áreas distintas: cimento, argamassas, betão e agregados,
sendo hoje uma das cinco maiores cimenteiras de Espanha.
Além de Portugal e Espanha,
a Cimpor está presente
no Brasil – aqui também
com uma forte expansão e uma capacidade
de produção instalada
de 6,2 milhões de toneladas –, em Marrocos, na Tunísia, na
Turquia, na China,
no Egipto, na Índia,
na África do Sul, em
Moçambique, no Peru
e em Cabo Verde.
Assumindo-se como um
dos protagonistas, a nível
mundial, do movimento de
consolidação do sector, a em-
presa portuguesa vai prosseguir a sua
estratégia de crescimento e internacionalização, disse fonte da empresa,
acrescentando que o crescimento do
grupo passará pela realização de novas aquisições, “com prioridade para
as áreas geográficas dos mercados
emergentes em que a Cimpor já actua, mas mantendo o necessário equilíbrio com a presença em mercados
consolidados e maduros – como é o
caso de Espanha –, cujo menor potencial de crescimento é compensado por
níveis de risco inferiores”.
www.cimpor.es
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 47
EMPRESAS
DELTA
A RAIA DO CAFÉ
Desde os tempos do comércio “difícil”
que o café da família Nabeiro passa a raia
espanhola. Ainda hoje, o café torrado Camelo é
líder de mercado na vizinha Extremadura.
E
m todo o território espanhol, a Delta Cafés tem uma quota de mercado de 4 por cento, o que equivale a
quatro milhões de quilos de café por
ano. Na vizinha Extremadura, o café
torrado Camelo, a mais antiga marca
do universo de empresas do grupo Delta Cafés, é líder de mercado no segmento lar. Foi no aproveitamento da
curta distância entre Campo Maior e
a raia espanhola e na visão para o comércio transfronteiriço, controlado na
altura pelas autoridades, que a família
Nabeiro assentou a estratégia e fez do
café o ex-libris daquela região raiana.
Para o sucesso, o comendador Rui Nabeiro tem uma explicação prática: “nascemos na raia e tivemos a sorte do país,
noutros tempos, ter muito café de Angola para escoar e nós transportámo-lo
para os nossos vizinhos da Extremadura”. Desde aí, os extremenhos abriram
os braços ao café que foi chegando de
Campo Maior em quantidades cada vez
mais significativas. Por isso, situa-se em
Badajoz um dos pólos dinamizadores de
maior envergadura na estratégia para
o mercado vizinho: um grande centro
de distribuição. Boa parte da produção
da fábrica Novadelta é entregue nesta
cidade da Extremadura, onde a afinada
logística da empresa e os meios disponíveis na cidade fazem o resto.
Em 1961, Rui Nabeiro, conhecedor do
mercado do café por tradição familiar
e empreendedor por natureza, criou a
sua marca de cafés. Com duas bolas de
torra de 30 quilos de capacidade, nasce
a Delta Cafés, uma pequena unidade
na vila de Campo Maior. Desde os primeiros tempos, a empresa conquistou
a confiança do mercado e, na Extremadura, “de cada cliente fazia um amigo que não só se mantinha fiel como
recomendava a marca”, fazendo jus
à filosofia de gestão de Rui Nabeiro e
ajudando a criar, segundo as suas palavras, “uma marca de rosto humano”.
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Nos anos 70, a estrutura comercial da
Delta Cafés consolidou-se de forma
decisiva. Antecipou-se às exigências
do mercado, desenvolveu novos produtos e apostou num serviço global de
qualidade. Em 1984 fundou a fábrica
Novadelta e, em meados da década de
80, o processo de internacionalização
da Delta Cafés ganhou o impulso definitivo e deixou de olhar para o mercado espanhol como único alvo para a
expansão da marca. Fazem parte dos
destinos de exportação da empresa
os mercados francês, luxemburguês,
belga, inglês, suíço, canadiano, coreano e de Andorra, embora o mercado
espanhol continue a ser o espaço de
eleição. Em todos os países onde está
presente, a empresa dispõe de uma
rede de agentes/distribuidores que representam e comercializam a marca.
www.delta-cafes.pt
EMPRESAS
BA VIDRO
A BA Vidro SA é a maior fabricante portuguesa de embalagens para as indústrias de
alimentação e bebidas. Só na unidade da Extremadura espanhola, a empresa produz 400
toneladas de embalagem de vidro por dia. A empresa possui em Espanha outras duas
fábricas: uma em León, na Comunidade de Castela e Leão, e outra em Xinzo de Limia,
em Orense, na Galiza.
A
BA Vidro produz muitos milhões
de garrafas, frascos e boiões de
vidro por ano. Em 2008, o volume de
negócios global atingiu 325 milhões
de euros. Só no mercado espanhol a
empresa facturou 170 milhões, o que
corresponde a mais de 50 por cento
das vendas totais. O mercado interno
absorve cerca de 30 por cento da produção, sendo o restante exportado,
em pequenas quantidades, para vários
mercados fora da Península Ibérica.
A decisão, em 1997, de construir um
forno na Extremadura espanhola, na
aldeia de Villafranca de Los Barros, foi
crucial para a afirmação da BA como
segunda maior fornecedora ibérica
de embalagens de vidro. Na altura
em que o investimento foi decidido,
a BA não tinha presença industrial em
Espanha, apesar de para aí exportar
cerca de 50 por cento da produção
das fábricas de Avintes e da Marinha
Grande. A escolha da Extremadura
teve como factores essenciais a proximidade de um cliente muito importante, a cervejeira Cruzcampo, e as
condições oferecidas pelas autoridades daquela região, “um pacote de
incentivos muito atractivo que facilitou a instalação”, segundo uma
fonte da empresa.
Com a construção
do forno de Villafranca de Los
Barros, a empresa, além de
aumentar as
suas vendas
no país vizinho, deu uma
mensagem de
compromisso ao mercado e melhorou o
nível de serviço junto dos clientes aí
localizados. Porque o vidro é um
material de difícil transporte – o
peso e o volume das embalagens dificultam as deslocações e aguentam, no
máximo, mil quilómetros
sem sofrer danos – os
produtores têm muitas
vantagens em estar
próximo dos clientes.
De acordo com a mesma fonte, “por estas
razões, a Península Ibérica será sempre o nosso
espaço natural”.
Para além de três fábricas
em Portugal e da fábrica da
Extremadura, a BA Vidro tem,
desde 1999, uma unidade em
León, na Comunidade espanhola
de Castela e Leão, e, mais recentemente, uma outra em Xinzo de Limia,
em Orense, na Galiza, num total de 12
fornos, com 30 linhas de produção e
que produzem quase duas mil toneladas
de vidro por dia. Recentemente, a empresa anunciou um investimento de 20
milhões de euros na melhoria da estrutura produtiva localizada em León.
Este investimento destina-se
à reconstrução de um
dos fornos da fábrica,
prevendo-se também a remodelação do segundo
forno para breve, o que irá
representar um
investimento
adicional de 10
milhões de euros.
O modelo de negócio da BA assenta na
produção de grandes séries de produto
padronizado, trabalhando com muitas
empresas ligadas à indústria das águas,
sumos e cervejas. Entre os seus clientes
mais emblemáticos contam-se a Sociedade Central de Cervejas (Sagres, Heineken), a Unicer (Superbock, Carlsberg),
a Compal+Sumolis, a Sovena (Oliveira
da Serra), a Nestlé, a Sogrape e a Gallo,
assim como a generalidade dos utilizadores de embalagens de vidro em Espanha. A empresa emprega actualmente
cerca de 1.500 trabalhadores.
www.bavidros.pt
Portugalglobal // Número especial - Janeiro 10 // 49
EMPRESAS
BANCO CAIXA GERAL
SÓCIO ESTRATÉGICO NO MERCADO IBÉRICO
A presença da Caixa Geral de Depósitos em Espanha foi reforçada com a compra do
Banco Simeón na Galiza, em meados dos anos 90. Apostando na cooperação lusoespanhola e na promoção das relações empresariais entre os dois países, o actual
Banco Caixa Geral tem hoje 210 agências em Espanha, das quais 27 por cento na
Galiza. O objectivo é continuar a crescer.
A
actividade do Banco Caixa Geral
está fortemente ligada às relações
luso-espanholas, especialmente às Comunidades transfronteiriças. Tratandose de uma entidade espanhola com
sede social em Vigo, na Galiza, a região Norte de Portugal – Comunidade
galega surge como um dos mercados
naturais com maior operacionalidade
desta instituição.
O actual Banco Caixa Geral resulta da
fusão de três bancos tradicionais espanhóis – o Banco Simeón, da Galiza, o
Banco de Extremadura e o Banco Luso
Español –, sendo detido na totalidade
pelo grupo Caixa Geral de Depósitos, o
terceiro maior banco na Península Ibérica e primeiro em Portugal.
Actualmente, o Banco Caixa Geral
está em pleno processo de expansão,
com o objectivo de se tornar numa
instituição de referência no segmento
médio do mercado bancário espanhol,
nomeadamente nas regiões transfronteiriças onde a sua natureza lusoespanhola, bem como a experiência e
conhecimento dos dois mercados, se
traduz numa mais valia no apoio às
empresas de ambos os países.
As oportunidades criadas no âmbito
da cooperação luso-espanhola nas regiões transfronteiriças são essenciais
para o desenvolvimento da actividade
do Banco Caixa Geral, que lançou a
denominada “Oferta Ibérica”, com
soluções financeiras que facilitam as
operações bancárias aos empresários
que operem em ambos os lados da
fronteira. Por exemplo, adianta uma
fonte do banco, “através deste serviço
é possível abrir uma conta corrente em
Portugal a partir de qualquer agência
do Banco Caixa Geral em Espanha, assim como realizar transferências entre
contas do grupo no próprio dia”. A
instituição bancária disponibiliza ainda
relatórios comerciais aos seus clientes
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sempre que sejam solicitados, assim
como assessoria e financiamentos em
condições vantajosas, acrescenta.
Refira-se ainda que, em Novembro passado, a AICEP, a Junta da Extremadura e
a CGD promoveram o primeiro encontro empresarial Extremadura-Portugal,
dando início a um ciclo de encontros
subordinados ao tema “Portugal Inovador – o Mercado Ibérico”, fruto de um
acordo entre as duas instituições nacionais. Esta iniciativa conjunta pretende
estreitar as relações entre os dois países,
com especial destaque para os sectores
de interesse no mercado ibérico.
Para 2010, estão previstos encontros
idênticos em Madrid, Andaluzia, Castela
e Leão e Vigo, dedicados aos sectores do
turismo e ambiente, aeronáutica, tecnologias de informação e construção.
www.bancocaixageral.es
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