DIÁLISE PERITONEAL Marsha M. Lee, Annabelle N. Chua,Peter D. Yorgin NeoReviews 2005;6:e384 Apresentação:Marília Carolinna Milhomem R4 em Neonatologia do HRAS/HMIB Coordenação:Diogo Pedroso www.paulomargoto.com.br Brasília, 13 de agosto de 2015 INTRODUÇÃO • A diálise peritoneal (PD) é geralmente considerada a modalidade de diálise ideal para recém-nascidos. • DP permite a remoção lenta de fluidos e solutos, evitando instabilidade hemodinâmica . É tecnicamente simples e, quando necessário, pode ser realizada de forma contínua no recém-nascido internado na unidade de terapia intensiva neonatal. • Nesta revisão, discutimos as principais características da DP neonatal, incluindo a fundamentação e indicações , as suas vantagens e desvantagens, a prescrição de DP, condições nutricionais para o recém-nascido (RN) que passa por DP, bem como a gestão de peritonite. Fundamentação e indicações de diálise em RN • A insuficiência renal aguda é comum, ocorrendo em até 23% dos recém-nascidos internados em unidades de cuidados intensivos neonatais. • A decisão de iniciar a diálise geralmente é necessária em virtude do acúmulo de eletrólitos, agravamento da uremia , sobrecarga de líquidos, alterações ácido-básica persistentes, ou necessidade de aumento da ingestão de líquidos para alcançar uma nutrição adequada em um paciente que tem oligúria ou anúria. Fundamentação e indicações de diálise em RN • . Pode haver uma certa relutância em dar início à diálise devido à natureza transitória da falência renal aguda, a eficácia geral da conduta médica, e aos conhecidos riscos associados com a DP ou hemodiálise. • As vantagens e desvantagens da diferentes modalidades de diálise são revistos no Quadro 2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS DIFERENTES MODALIDADES DE DIÁLISE Fundamentação e indicações de diálise em RN • Para o RN que tem insuficiência renal aguda (IRA) e, normalmente, requer um diálise de duração relativamente breve , a decisão de efetuar a diálise é fortemente influenciada pelo tamanho do bebê. • Embora uma diálise efetiva e eficaz tenha sido relatada em crianças que pesem menos de 1 kg, estes casos são repleto de dificuldades. • A Tabela a seguir fornece uma lista de cateteres que podem ser usados para DP em recém-nascidos e lactentes. TIPOS DE CATETERES Fundamentação e indicações de diálise em RN • Quando gerida de forma adequada, a diálise é uma técnica SALVADORA em RN que têm falência renal aguda. • Estudos sobre os resultados têm relatado taxas de sobrevivência de 50% - 90%. • Os RN que têm IRA não oligúrica podem ter um prognóstico melhor. Muitos dos neonatos dialisados que morrem têm complicações não relacionadas com a sua diálise ou com a IRA. • Há preocupações de que o início da diálise possa levar à diminuição da produção de urina e diminuição do volume intravascular, o que afeta negativamente a recuperação renal. Por causa das dificuldades na regulação da quantidade de ultrafiltrado, é possível que o neonato recebendo DP pode cursar com diminuição do volume intravascular levando a hipotensão clinicamente significativa. • A decisão de iniciar ou continuar a diálise em RN que tem insuficiência renal crônica, muitas vezes é mais difícil do que a decisão de iniciar a diálise para o tratamento da insuficiência renal aguda. • Diálise crônica no neonato deve ser utilizada como uma "ponte" para transplante renal. • Diálise ao longo da vida não é uma opção para RN, devido a pior qualidade de vida , maior mortalidade, e perda constante de acesso vascular ou função peritoneal. • O risco de mortalidade para uma criança dialisada no primeiro ano após o nascimento é superior a 15%. • Curiosamente, algumas dessas mortes são caracterizados como mortes infantis súbitas. Outras crianças acabam morrendo devido à sepse ou às complicações de grave hipertensão. • A maioria dos centros de transplante efetuam o procedimento com órgão de doadores falecidos ou vivos aparentados quando a criança pesa cerca de 10 kg ou mais. • Desfechos em crianças que receberam transplantes renais têm melhorado dramaticamente ao longo dos últimos anos e agora podem ser caracterizados como sendo excelente. • A sobrevida dos pacientes se aproxima de 100% aos 2 anos pós-transplante e mais do que 80% após oito anos do transplante. • Em uma recente revisão de resultados de transplante renal em bebês, Sarwal et al, encontraram que receptores de rim de 05 anos, que receberam rins de tamanho adulto sem necrose tubular aguda tinham significativamente melhores taxas de sobrevivência do enxerto a longo prazo do que outros grupos etários. • Em lactentes de 0- 2,5 anos que receberam um transplante renal de doador aparentado sem necrose tubular aguda, a meia-vida do enxerto foi estimada em 26,3 (+/- 5 anos). • No entanto, apesar de excelentes resultados com transplante renal, algumas crianças que têm grave disfunção de órgãos (pulmão, cérebro, coração ou doença incurável/ malformação) não devem ser dialisadas e transplantadas se o único benefício é o de prolongar a vida. MODALIDADE DIALÍTICA IDEAL PARA NEONATOS • DP é considerada o melhor modalidade dialítica a longo prazo para RN. • É tecnicamente simples, pode ser realizada em casa, permite a remoção de fluido lentamente ( o que é melhor tolerado do ponto de vista hemodinâmico), e evita um problema-chave que ocorre com cateteres de hemodiálise - a esclerose ou trombose dos vasos sanguíneos que são susceptíveis de ser necessários para o transplante renal no futuro. DIÁLISE PERITONEAL • A membrana peritoneal, que sobrepõe os vasos em torno das • • • • superfícies visceral e parietal no abdômen, atua como uma membrana semi-permeável a fluido e solutos. Pesquisas recentes indicaram que há 3 tamanhos distintos de poros: ultrapequenos, pequenos e grandes. Estes poros desempenham um papel na regulação da permeabilidade do membrana. Embora poros ultrapequenos representem apenas 1% a 2% do total da área peritoneal, 40% do fluxo de água ocorre através desses poros. Sujeito a gradiente de concentração e gradiente osmótico, os pequenos poros são responsáveis pela maior parte do transporte de água e solutos através da membrana. Os poros grandes contabilizam de 5% a 7% da superfície total de poros, e permitem a circulação de proteínas grandes, incluindo a albumina e imunoglobulinas, em resposta à pressão hidrostática. Objetivos de qualquer modalidade de diálise • Em 1º lugar, os níveis elevados de compostos azotêmicos devem ser removidos mantendo a estabilidade eletrolítica e ácido-básica. • Em 2º lugar, deve ser removido o líquido acumulado que não está sendo eliminado pelos rins para que o RN possa receber alimentação suficiente. Este processo é chamado de ultrafiltração. • Na DP ocorre a remoção de fluidos e de solutos com a colocação e posterior remoção de uma solução hiperosmolar - composta de glicose, Na, Cl, Mg, Ca e lactato - no peritôneo(Tabela 4). • A remoção do líquido pode ser intensificada pelo aumento da concentração de glicose da solução dialítica , ou pela frequência de intercâmbios. SOLUÇÕES DIALÍTICAS DISPONÍVEIS COMERCIALMENTE • Concentrações de 1,5% de glicose (1500 mg / dL), • Concentrações de 2,5% de glicose (2500 mg / dL) • Concentrações de 4,25% de glicose (4,250 mg / dL). • Quanto maior a concentração de glicose, maior será a pressão osmótica de líquido. EXEMPLO • Solução dialítica a 1,5% de glicose tem uma osmolalidade de cerca de 347 mmol / L, enquanto que a 4,25% de glicose tem uma osmolalidade de aproximadamente 500 mmol / L. • A quantidade de fluido que pode ser removida a partir de uma criança correlaciona-se diretamente com a osmolaridade da solução de diálise. • Do ponto de vista prático, a concentração de glicose da solução de diálise pode ser ajustada mais finamente de acordo com a taxa de remoção de fluido que se deseja alcançar , sendo feita por razões de mistura de diferentes fluidos dialiticos contendo glicose. • Apesar da grande concentração de glicose , ela é facilmente absorvida a partir do peritôneo. Isto é particularmente um desafio para RN, que muitas vezes têm membrana peritoneal de alto transporte que facilita absorção rápida de glicose e rápida difusão de solutos, tais como uréia e creatinina. • Para muitos RN, a rápida absorção de glicose reduz a ultrafiltração em relação às crianças mais velhas, que têm transportes transmembranas comparativamente inferiores. Muitas vezes, isso significa que concentrações elevadas de glicose (2,5% a 4,25%) são usadas inicialmente para conseguir a remoção adequada de líquidos em RN , especialmente naqueles que recebem volumes de DP de menos de 10 ml / kg. • O uso de mais fluído de DP no abdômen se correlaciona com uma > ultrafiltração quanto mais membrana peritoneal estiver em contato com o fluido dialítico e nele haver uma > quantidade total de glicose para atingir a ultrafiltração. • No entanto, quando mais fluido de DP é colocado no abdômen, > é o risco de vazamento em torno de um cateter colocado recentemente. Contra-indicações de DP • Doença pulmonar importante quando a diálise pode piorar o estado respiratório ou parâmetros ventilatórios, devido à limitação de mobilização diafragmática quando existe uma quantidade significativa de líquido no abdômen. • Hérnia diafragmática que ocorrem tipicamente no lado esquerdo, podem permitir que quantidades significativas de fluido entrem no espaço pleural, comprometendo, assim o padrão respiratório. • O reconhecimento deste problema pode ser acelerado avaliando-se a concentração de glicose no fluido pleural. Contra-indicações de DP • Defeitos da parede abdominal, onfalocele ou gastrosquise, não são candidatos para DP. • Os bebês que foram submetidos a cirurgias abdominais extensas podem ter uma contra-indicação relativa para DP devido ao desenvolvimento de aderências que limitam o contacto do fluido de diálise com a superfície do peritôneo. • Outras contra-indicações relativas incluem : vesicostomias, colostomias, síndrome de prune belly, enterocolite necrosante e doenças malignas. CATETERES DE DP ESPECIAIS PARA RECÉM-NASCIDOS • Cateteres de DP fabricados pela soft Silastic®, são feitos de • • • • • polímeros de silicone e metil-silicato – eles são lisos , seja em configurações enroladas ou retas. A maior parte do cateteres têm orifícios laterais que permitem a fácil entrada do fluido egresso independentemente da posição do cateter no peritônio. Cateteres permanentes com lúmens, são tipicamente fabricados pela Dacron®. O balonete distal, que deve ser colocado a aproximadamente 2 cm do local de saída, atua como uma barreira antibacteriana ao longo do cateter. Cateteres em espiral (rabo de porco) e cateteres retos têm sido utilizados em neonatos que têm previsão de uso do acesso de DP por um breve período de tempo. Os cateteres podem ser inseridos tanto através da linha alba ou lateralmente ou paramedianamente através do músculo reto do abdômen diretamente no peritônio. • Para cateteres permanentes, o cateter é encapsulado sob a pele e deve sair virado para baixo (Caudal). • Para RNs muito pequenos, o cateter de DP é inserido diretamente através da parede abdominal, sem tunelamento. É desejável colocar o local de saída do cateter DP fora da área do tecido para diminuir o risco de imersão do cateter de DP nas vias urinárias ou contaminação com fezes. • Num esforço para alcançar uma ótima entrada de líquidos sem ter colonização bacteriana ao longo do Cateter DP, alguns programas colocam toda a porção externa do cateter dentro do túnel, durante 2 semanas, em seguida realizam um segundo procedimento para expor a parte externa do cateter. • A ponta do cateter DP é geralmente colocada na porção inferior da pelve. • Não pode haver dor durante os ciclos de preenchimento e de drenagem, se o cateter é adjacente ao reto. • Problemas significativos com formação de hidrocele em RNs que receberam DP têm sido relatados. Abordagem laparoscópica do hidrocele é possível no momento da colocação do cateter DP. • O cateter pode ser obstruído com fibrina ou intestino adjacente. • Prescrições iniciais de DP muitas vezes requerem o acréscimo de heparina (125-250 U / L) ao fluido de DP, pelo menos, nas primeiras 1 a 2 semanas . • Tratamento da constipação pode ser extremamente útil . • Profilaxia antimicrobiana prolongada após a inserção do cateter DP não é recomendada. PRESCRIÇÃO DA DIÁLISE • A prescrição de diálise é escrita com quatro parâmetros • • • • principais: 1) composição do fluido DP; 2) volume de fluido DP por troca; 3) a frequência e a duração dos intercâmbios, incluindo o tempo de enchimento, permanência e drenagem ; 4) monitoramento de peso do paciente e do fluido DP para vigiar sinais de peritonite. PRESCRIÇÃO DA DIÁLISE • Como mencionado anteriormente, fluídos de DP com concentrações de glicose de 2,5% a 4,25% é geralmente selecionado se o paciente está experimentando sobrecarga de líquidos ou se há necessidade de um volume alto EV ou alimentação é necessária. • A menos que os cirurgiões que colocaram o cateter DP tenham sugerido o contrário, o volume inicial do fluido colocado no abdômen deve ser de aproximadamente 10 ml / kg por vez. • Para reduzir o risco de perda em torno do cateter, o volume de fluido DP não é aumentado antes de 1 semana. • Nos pacientes que sofrem de IRA, pode ser necessário adicionar cloreto de potássio (1-4 mEq / L) no fluido de diálise para manter a homeostase de potássio. • O KCl não é adicionado ao fluido de DP para lactentes que têm doença renal em estágio final. Assim, pode-se fazer suplementação de K por via oral ou misturado nas mamadas (raramente). • A prescrição de DP geralmente começa com trocas por hora para 24 h / d. Depois de uma semana, uma vez que o risco de fuga em torno do cateter DP começa a diminuir, o volume de líquido DP é aumentado lentamente durante um decurso de semanas, até atingir o máximo de 35 a 40 ml / kg. • Como o volume é aumentado, a duração da DP é reduzida para 8 a 15 h / d. • Equações matemáticas foram desenvolvidas para avaliar a adequação do clearence para DP. • Equações mais comumente usadas para determinar a eficácia de DP são a equação Kt / V e de equilíbrio peritoneal teste (PET). • K clearance, t time, V volume de distribuição. • Kt / V determina a adequação do diálise por determinação da depuração da creatinina ou uréia em relação à água corporal total • Consensos indicam que um valor de A / V de 2 e Kt 2.2 podem ser ótimos para lactentes e crianças que recebem DP. • Embora não haja uma relação em direção a melhores resultados com maior diálise, os estudos CANUSA e ADAMEX , que eram estudos de adultos submetidos a diálise, não conseguiu demonstrar um benefício para pacientes que tiveram valores de A / V mais elevados Kt. Estudos semelhantes que avaliaram a adequação da diálise não foram realizados para neonatos. • PET tem sido utilizado extensivamente em pediatria doentes para determinar a permeabilidade da peritoneal membrana. Os pacientes são classificados em alta, alta grupos média-, média- baixa, e low-transporte. • Em geral, os pacientes em grupos de alto transporte têm excelente Valores Kt / V uréia e creatinina porque difundem bem, mas têm taxas de ultrafiltração pobres porque difunde glicose rapidamente através da membrana, assim, diminui rapidamente o gradiente de pressão osmótica necessária para ultrafiltração. Muitos recém-nascidos têm membranas de alto transporte. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS • A nutrição é uma consideração importante para RNs que precisam de diálise. • Vários estudos têm demonstrado excelente crescimento infantil, • • • • mesmo no contexto de função renal debilitada, quando a suplementação nutricional é fornecida. A meta de 100 a 140 kcal / kg por dia, muitas vezes é necessário para alcançar crescimento sustentado na faixa normal. Os pacientes podem receber até 20% de suas necessidades calóricas a partir da glicose absorvida na Fórmulas de baixo teor de P e de K , geralmente são escolhidas. A suplementação com carboidrato, proteína e gordura (triglicéridios de cadeia média ) mais frequentemente é necessária para atingir as quantidades adequadas de calorias e nutrientes. • Concentrações calóricas destes alimentos geralmente alcançam 1 kcal / mL ou mais. • Quase todos os RNs em diálise necessitarão de alimentação por SNG ou gastrostomia para receber quantidades adequadas de calorias. • A alimentação por SNG não requer cirurgia ou a interrupção transitória da DP. • No entanto, a longo prazo alimentação por sonda pode gerar trauma emocional e aversão infantil devido a repetidas inserções de SNG . • Por outro lado, alguns investigadores relataram que a colocação de uma gastrostomia no lactente que recebe DP está associada com um maior risco de peritonite fúngica. • As vitaminas e os minerais são essenciais para o crescimento e desenvolvimentos normais. • Suplementação com vitaminas e minerais é necessário para crianças em DP porque as deficiências de vitaminas solúveis em água e minerais pode ocorrer com a ingestão nutricional pobre, restrições dietéticas e aumento das perdas com diálise. • A necessidade pode ser aumentada devido ao metabolismo alterado de medicamentos, quando há uremia e comorbidades. • Um quarto de um comprimido multivitamínico projetado para pacientes em diálise pode ser esmagado e administrado diariamente ao neonato que receber DP para fornecer a suplementação de vitamina C, ácido fólico, niacina, tiamina, riboflavina, piridoxina, ácido pantotênico , biotina e cianocobalamina. • Tendo em conta as taxas de ultrafiltração relativamente elevadas • • • • • necessárias para manter o equilíbrio de fluidos, muitos RNs necessitam de suplementação de Na. Os valores de Na ultrafiltrado são aproximadamente 70 a 100 mEq / L (70 a 100 mmol / L). Se um RN de 3 kg tem 300 mL de ultrafiltrado por dia, as perdas de Na podem se aproximar de 10 mEq / kg por dia. A falta de adicionar NaCl na alimentação pode levar a hiponatremia catastrófica. Em alguns casos, Bic de Na é adicionado à alimentação para manter valores de Bic normais. Com diálise rigorosa, RN podem desenvolver hipofosfatemia devido à excessiva perda com diálise. • O fosfato de sódio pode ser adicionado as mamadas para manter um nível sérico de fósforo normal, o que é importante para a mineralização óssea normal. • Alguns RNs têm perdas extensivas de albumina e imunoglobulina com a DP. • Evitar overdialyzing pode reduzir as perdas destas proteínas • Baixos níveis de albumina sérica podem levar a diminuição da ultrafiltração devido à redução de pressão oncótica no espaço intravascular. • Em casos raros, os neonatos podem exigir infusões intravenosas de albumina para manter níveis de albumina entre 2,5 e 3 g / dL (25 e 30 g / G). • Aumento da proteína da dieta de 3 a 4 g / kg por dia pode ajudar a manter uma concentração de albumina de soro mais normal. • Como a deficiência de carnitina é comum em RNs submetidos a diálise, a suplementação dietética com carnitina também pode ser necessária. • A utilização de imunoglobulina intravenosa (IVIG) em neonatos é controversa. • Bouts et al descobriram que deficiências de imunoglobulinas ocorreram com maior frequência em crianças que faziam DP diálise provavelmente devido às perdas de proteínas no líquido efluente da DP , e que uma alta incidência de peritonite foi associado com Ig reduzida no soro. • No entanto, o uso de IVIG pode causar anafilaxia, hipotensão, febre ou hipertensão (devido um aumento no volume intravascular). • Uso IVIG devem ser desencorajado em RN que têm doença cardiopulmonar significativa , incluindo a hipertrofia ventricular esquerda, porque há uma baixa tolerância para eventos anafiláticos. PERITONITES:BACTERIANAS, FÚNGICAS E EOSINOFÍLICAS • Peritonite bacteriana é muitas vezes causada por uma infecção de catéter ou uma ruptura inadvertida na manipulação estéril do cateter de diálise . • Os sinais e sintomas de peritonite incluem : líquido peritoneal turvo , intolerância alimentar, irritabilidade, dor e febre. • No entanto, a falta de febre não exclui a possibilidade de peritonite. • A peritonite pode ser diagnosticada através da realização de uma contagem de células no líquido peritoneal, contagem diferencial, coloração de Gram e cultura. Um diagnóstico presuntivo de peritonite pode ser feito quando há mais do que 100 leucócitos / mm3 , com mais de 50% de células polimorfonucleares. Fluido peritoneal retirado após pausa da diálise por mais de 4 horas, se estiver com < 100 leuco / mm3 descarta peritonite . Nesta situação, a contagem diferencial deve ser normal e tratamento com antibióticos não é indicada. • O tratamento de peritonite em crianças tem sido bem definido. • Embora a terapia IV seja eficaz no tratamento de peritonites bacterianas , RNs são tratados empiricamente utilizando vancomicina e ceftazidima intraperitoneal. • Após a obtenção do líquido são feitos: contagem de células, contagem diferencial, coloração de Gram e cultura, 2-3 trocas rápidas de DP pode ser usada para reduzir a dor , seguida de uma dose de antibióticos intraperitoneal (Vancomicina 500 mg / L, Ceftazidima 250 mg / L) no abdômen durante 4 horas. • Heparina (125 a 250 U / L) é adicionado ao fluido de DP para reduzir os problemas relacionados com a fibrina, a qual é aumentada durante a peritonite. • Depois da dose de ataque de ATB intraperitoneais, as doses são reduzidas (Vancomicina 30 mg / L, Ceftazidima 125 mg / L), e o paciente é mantido em DP contínua (24 h / d) , muitas vezes com tempos de trocas mais longos. Devido ao risco aumentado de peritonite fúngica secundária, deve ser feito tratamento antifúngico profilático com Nistatina oral ou Fluconazol. Quando o Fluido de DP limpa e a contagem de leucócitos for inferior a 100 / mm3 , a prescrição de diálise anterior ao quadro de peritonite pode ser retomada, desde que antibióticos intraperitoneais permaneçam continuamente durante 2 a 3 semanas. • Os resultados dos pacientes após peritonite bacteriana são geralmente bons , e a maioria das crianças são capazes de continuar sem remoção do seu cateter de DP. • Peritonite fúngicas, geralmente causadas por Candida sp, são mais comum em RN dependente de DP que recentemente recebeu ATB. • O tratamento EV com anfotericina, anfotericina lipossomal, fluconazol, itraconazol, ou caspofungina raramente é suficiente para sanar a infecção. • Numa série coorte relatada, a remoção do cateter foi necessário em 90% das crianças que tinha peritonite fúngica, e 24% das crianças que tiveram um episódio de peritonite fúngica permaneceu em hemodiálise 6 meses mais tarde. • Ocasionalmente, as crianças apresentam fluido peritoneal turvo , mas não têm outros indicadores de infecção; exame do fluido peritoneal revela um grande número de eosinófilos. • Peritonite eosinofílica, diagnosticada quando eosinófilos representam mais de 10% do total do dialisado polymorphonuclear contagem de leucócitos, comumente é associada com o • desenvolvimento de efluente turvo numa novo paciente assintomático para PD. • Embora não seja conhecido o exato mecanismo de peritonite eosinofílica , acredita-se que seja resultado de uma reação alérgica ao material do cateter DP ou a componentes do líquido de diálise. • A redução das concentrações de glicose no fluidos de DP e o tempo em DP normalmente aumenta a velocidade de resolução espontânea do caso. • Vazamento de fluido peritoneal em torno do cateter de DP ao longo do túnel é um problema grave que pode aumentar o risco de peritonite bacteriana e fúngica.. • Pode ser confirmado o vazamento de líquido de diálise mergulhando-se uma tira de detecção de glicose no líquido e verificando-se uma alta concentração de glicose. • Estratégias de manejo incluem a interrupção da diálise em favor da hemodiálise, colocação de um cateter novo de diálise (raro), a interrupção temporária da DP, durante 2 a 7 dias, ou diminuição substancial do volume infundido na DP. HÉRNIAS DIAFRAGMÁTICAS • Extravasamento de líquido de DP através de uma hérnia diafragmática no espaço pleural é uma contra-indicação para a continuação da terapia. • Qualquer paciente que tenha uma hérnia diafragmática deve ser considerado para a conversão em hemodiálise. CONCLUSÃO • DP é um modo básico, racional e viável de diálise para RN que têm insuficiência renal. • Em casos agudos , DP contínua é um método tecnicamente simples realizado em UTIN em RN com IRA promovendo remoção de solutos e fluidos e realizando correção de distúrbios eletrolíticos com menos risco de instabilidade hemodinâmica. • Do lado de fora do hospital, DP é um modo prático de diálise para crianças que têm insuficiência renal crônica e permite uma terapia diária de substituição renal. Consultem também! Injúria renal aguda Autor(es): Paulo R. Margotto, Márcia Pimentel de Castro E mais... DISTÚRBIOS RENAIS